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Ocorre que, em decorrência de não ter atingido nota suficiente para aprovação,
a referida reprovou em algumas disciplinas, e não conseguiu se formar
juntamente com sua turma no primeiro semestre de 2019, ano da previsão de
conclusão do mesmo.
1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
2. DA TEMPESTIVIDADE
Segundo o art. 7º, III, da Lei 12.016/09, a tutela de provisória urgência será
concedida sempre que houver elementos capazes de evidenciar a probabilidade
do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
O art. 8º da Lei nº 13.146/2015 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência – estabelece que é dever do Estado assegurar à pessoa com
deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à educação, à
profissionalização e ao trabalho entre outros decorrentes da Constituição
Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar
pessoal, social e econômico.
A prova inequívoca do direito pleiteado ou requisito da probabilidade do direito –
fumus bonis juris – está consubstanciada nas disposições legais já expostas,
bem como dos documentos que seguem anexos como provas pré-constituídas
suficientes para sustentar a violação do direito líquido e certo aqui defendido.
Para tanto seguem anexos fazendo parte integrante deste mandado de
segurança, o edital publicado sem previsão de reserva de vagas para pessoas
com deficiência; laudo médico atestando a deficiência física da impetrante;
diploma de graduação da impetrante no curso de psicologia; classificação da
impetrante na primeira etapa do processo seletivo; e-mails enviados pela
impetrante questionando a violação legal, sem nenhuma resposta da
Administração Pública.
É evidente que o edital do processo seletivo municipal atacado viola diretamente
toda a construção constitucional para empregabilidade da pessoa com
deficiência no setor público, mitigando a garantia da reserva de vagas para
pessoas com deficiência, que deveria ser adotada em todo e qualquer concurso
público ou processo seletivo para provimento de cargos efetivos ou temporários.
O direito líquido e certo de participação isonômica da impetrante está sendo
violado por total ofensa ao artigo 27, “g)” da Convenção Internacional dos
Direitos das Pessoa com Deficiência (Decreto 6.949/2009), ao art. 37 VIII
CR/1988, bem como ao arcabouço protetivo de acesso ao trabalho da pessoa
com deficiência estabelecido pela Lei Brasileira de Inclusão da PcD (Lei
13.146/2015).
Ademais a ausência da reserva de vagas para pessoas com deficiência no edital
atacado, afronta diretamente as legislações específicas que fixam percentuais
mínimos para reserva de vagas das pessoas com deficiência em concursos
públicos e processos seletivos, quais sejam, o Decreto Federal 9.508/2018, a Lei
Estadual 11.867/1995, a Lei Municipal 9.078/2005 e Lei Municipal 7.863/99,
diplomas que assegura a isonomia e a garantia da máxima efetividade na
inclusão de pessoas com deficiência no setor público, nas três esferas, federal,
estadual e municipal.
O perigo de dano irreparável – periculum in mora – é patente uma vez que o
direito líquido e certo já foi violado dada à celeridade de realização de processos
seletivos dessa natureza, de modo que, a Administração Pública já concluiu as
etapas de análise curricular e entrevista individual, homologando o certame em
29/06/2019, antes mesmo que se esgotasse o prazo decadencial para a
impetração do presente mandado de segurança, sendo certo que a impetrante
foi aprovada na etapa de análise curricular, mas sequer foi convocada para
entrevista individual.
Cumpre esclarecer que a Administração Pública municipal já iniciou as primeiras
convocações para contratação imediata, sendo que, das 12 (doze) vagas
previstas no edital, ao menos 01 (uma), deveria estar reservada para pessoas
com deficiência, seguindo o raciocínio constitucional e legal já devidamente
fundamentado nesta exordial.
É inegável a real violação de direito líquido e certo já sofrida pela impetrante e
que carece da imediata segurança aqui pleiteada, a fim de que o processo
seletivo seja suspenso para que a Administração Pública municipal tome as
medidas necessárias para adequar o processo seletivo à política constitucional
da reserva de vagas para pessoas com deficiência.
Admitir que a Administração Pública municipal prossiga com as convocações
dando cabo ao processo seletivo na forma em que esta, seria o mesmo que se
institucionalizar a violação do direito de reserva de vagas para pessoas com
deficiência e negar as garantias constitucionais de inclusão da pessoa com
deficiência no trabalho em igualdade de oportunidades com os demais.
Não há outra saída senão a procedência do presente remédio constitucional para
assegurar a efetividade do direito líquido e certo da impetrante participar em
igualdade de oportunidades do processo seletivo atacado.
Se o processo seletivo não for suspenso no presente momento, corre-se o
risco de que todas vagas sejam providas SEM A GARANTIA
CONSTITUCIONAL DE ACESSO A NENHUM CANDIDATO COM
DEFICIÊNCIA, sobretudo em relação à impetrante que se inscreveu sem ter a
opção de declarar sua deficiência e ainda se encontra cerceada no que tange ao
direito de participar e avançar no certame em igualdade de oportunidades com
os demais, por ausência de tratamento isonômico.
Para tanto, estão preenchidos os requisitos e pressupostos legais da Lei nº
12.016/2009 para a concessão do pedido liminar, determinando a SUSPENSÃO
DO PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO SUGESP (EDITAL 01/2019), até
as autoridades impetradas tomem as providências necessárias para
assegurar a reserva de 10% das vagas para pessoas com deficiência no
certame; ou até que haja decisão definitiva no presente mandado de
segurança.