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A palavra “ministério” deve ser entendida como “exercício de um serviço religioso especial”. Assim
sendo, “ministério de música” é o serviço musical desenvolvido no culto por um grupo de pessoas
com habilidades musicais e conhecimentos teológicos sólidos, que permitam a ministração da
música na igreja. O ministério de música, representado por um diretor, é o órgão responsável por
toda a atividade de música da congregação (escolha de repertório, orientação e ensino),
implementando uma filosofia musical que atenda aos propósitos doutrinários e de proclamação da
Palavra de Deus.
No livro de I Crônicas 6.32, encontramos que o ministério de música desenvolvido pelos cantores
levitas foi uma ordem expressa de Deus. Diz o versículo 32: “Ministravam diante do tabernáculo
da tenda da congregação com cânticos, até que Salomão edificou a casa do Senhor em Jerusalém;
e exercitavam o seu ministério segundo a ordem prescrita.”[3] Outra passagem que menciona a
organização de um ministério de música, encontra-se também em I Crônicas 25.1, que diz:“Davi
juntamente com os chefes do serviço, separou para o ministério os filhos de Asafe, de Hemã e de
Jedutum, para profetizarem com harpas, alaúdes e címbalos...[4]”. Davi, obedecendo a uma ordem
divina, dividiu os músicos a partir de suas famílias: a família de Asafe, a família de Hemã e a
família de Jedutum. O texto diz que os filhos estavam sob a direção de seus respectivos patriarcas
(v.6) e que todos eles eram mestres (v.7). Desta passagem podemos abstrair algumas lições
importantes. Primeiramente, a evidência de uma hierarquia que se inicia em Deus para Davi, de
Davi para os três chefes de família e, em seguida, dos chefes para seus filhos. Segundo, eram
separados para o ministério. Terceiro, todos eram preparados tecnicamente para o serviço de louvor
a Deus. Disso concluímos que não basta o cristão ter boa vontade para participar do ministério de
música. Há alguns requisitos que devem ser observados para que o músico participe deste
ministério musical.
É interessante notar, que nesta passagem, os músicos “profetizaram com harpas...” O “canto dos
louvores a Deus é aqui chamado profecia[5].” Esta idéia dos levitas serem uma espécie de profeta é
também reforçada em Êxodo 15.20 (A profetisa Miriã, irmã de Arão, tomou um tamborim, e todas
as mulheres saíram atrás dela com tamborins e com danças...) e em I Samuel 10.5 (...encontrarás um
grupo de profetas que descem do alto, precedidos de saltérios e tambores e flautas e harpas, e eles
estarão profetizando).
Objetivo
O “Ministério da Música” tem como objetivo colaborar no crescimento espiritual da igreja e ajudá-
la a atingir um certo nível de sensibilidade musical, permitindo uma seleção consciente do melhor
estilo musical que venha atender às necessidades do povo de Deus, de maneira que todos possam
expressar a fé em Cristo de forma comunal.
Se perguntarmos a qualquer cristão sobre a finalidade da música no culto, a primeira resposta será:
para o louvor de Deus. Porém, ele não se dá conta de que há na música dois aspectos distintos: uma
melodia, que é a música propriamente dita e o texto. É através do texto que louvamos a Deus, pois
louvar implica tecer elogios e isto é mais bem compreendido por meio de palavras e não de sons, o
que não significa que a música sem palavra não possa comunicar emoções e idéias, pois ela tem seu
próprio vocabulário. Porém, é através dos sons que as palavras são mais bem memorizadas.
NOVA pesquisa 01
http://www.musicaeadoracao.com.br/artigos/adoracao/adoracao_igreja_evangelica.htm
A arquitetura é, em certo sentido, a mais importante das artes usadas ao serviço da religião, tanto por-
que um edifício para o culto é quase uma necessidade, quanto porque as belas criações arquitetônicas
têm uma permanência à qual nenhuma das outras artes pode aspirar. Mas em outro sentido também a
música tem a primazia, porque sendo imaterial (diferentemente da arquitetura), indiferente à expressão
dos objetos físicos (diferentemente da pintura), e desvinculada das idéias (diferentemente da poesia),
pode voar sem obstáculos à regiões muito mais altas. Quando, renunciando a esta independência, toma
sobre si o piedoso dever de expressar os pensamentos e as emoções que poderiam estar reservados à
palavra, são o pensamento e a emoção que se favorecem, já que algo lhes é dado por complemento.
A chama da emoção, avivada pela idéia da divindade, é captada e transportada às regiões do sublime
no Sanctus da Missa Papæ Marcelli de Palestrina, ou na Missa em Si Menor de Bach, ou na Missa em
Ré de Beethoven. O afastamento das coisas deste mundo e a conquista do sublime são umas das su-
premas finalidades do exercício religioso.
Esta diretriz de pensamento proporciona o motivo mais poderoso para exigir a música mais bela e a e-
xecução musical mais expressiva no culto. O caráter de “sacrifício” da expressão musical religiosa forta-
lece o motivo exposto: com efeito, muitos fiéis dirão que para eles a música do culto é, antes de tudo,
um oferecimento ao Ser adorado, e como tal deve ser da qualidade mais elevada. Ambos pontos de vis-
ta sobre o propósito primordial da música bela no culto estão estreitamente vinculados, e se confundem
a tal ponto que apenas importaria saber se os encarregados de sua execução consideram a música
como sua oferenda própria, ou se a enxergam como um meio de exaltar o ânimo do crente em direção a
uma devoção mais intensa, considerando este altruísmo como sua oferenda mais aceitável.
Mas deve-se recordar que as práticas musicais da religião têm outros propósitos que o de ajudar o cren-
te a sentir esses momentos de comunicação mística ou a render seu tributo de culto. Na música reside
o único meio efetivo de expressão da comunidade. As mais numerosas congregações de fiéis podem
reunir-se para expressar sua fé, sua esperança e sua caridade em um canto cuja necessária simplicida-
de não parece diminuir em nada sua força emocional quando se o entoa com unanimidade e fervor. O
dever derivado disto, para os encarregados em preparar a música para os serviços religiosos, é a provi-
são de um repertório amplo e variado de poesia religiosa e de acompanhamento musical, solene mas
simples.
De resto, em uma religião proselitista como o cristianismo, é de todo impossível descuidar de um tercei-
ro propósito, possivelmente menos nobre em si mesmo, mas de enorme importância do ponto de vista
prático – e se inscreve nos ensinos do cristianismo que a religião deve ser prática. O mundo exterior
deve ser evangelizado, e aqueles que não pertencem ao mundo exterior, mas cujo fervor devoto não
basta para arrastá-los às reuniões religiosas, devem também ser levados a elas. A música é uma das
atrações que impulsionam certas pessoas até a religião.
2. A questão do bom gosto.
Há quem sustente que a importância deste último objetivo fundamental justifica o emprego de qualquer
classe de música. Ao ouvido do músico, esta afirmação soa como a falsa doutrina que recomenda “fa-
zer o mal para que dele resulte o bem”, segundo o provérbio que diz que “o fim justifica os meios”.
É muito difícil discutir com aqueles que preconizam o emprego da má música para conduzir os homens
à senda do bem, pois tais pessoas, por natural inaptidão, ou por falta de um anterior cultivo musical, são
incapazes de sentir a diferença entre o bem e o mal em música, e às vezes nem se dão conta de que
existe o “mal”. Poderíamos nos aventurar em um argumento por analogia. Existe o bom e o mal em to-
das as outras coisas, e portanto é razoável supor que também exista na música. O vínculo com o “mal”
em qualquer ordem da vida tem, no mínimo, um efeito empobrecedor sobre o espírito, enquanto que o
vínculo com o “bom” o eleva. Por conseguinte, se duas peças musicais – uma boa e outra má – têm
qualidades de atração igualmente poderosas, o fim último se alcançará melhor pelo emprego da boa.
Por sorte, existe música que é ao mesmo tempo boa e atraente, e tem contribuído poderosamente para
o triunfo dos movimentos religiosos desde as origens do cristianismo até a atualidade. Os Laudi spiritua-
li cantados por congregações de piedosos crentes pelas ruas de Florença e outras cidades italianas
desde o século XIV até o XVIII, foram a expressão de um grande movimento popular e (ao menos em
princípio) parecem ter sido de alta qualidade musical e poética. Lutero, músico instruído, encontrou na
música uma de suas melhores armas, tanto defensivas quanto ofensivas, e as melodias que cantavam
seus adeptos figuram entre as mais apreciadas pelos músicos de hoje. John Wesley, que não tinha co-
nhecimentos musicais teóricos nem habilidade prática, apesar de proceder de uma família que se mos-
trou intensamente musical nas duas gerações seguintes, proporcionou, em seus numerosos livros de
hinos, música no mínimo tão boa como a que se usava ordinariamente nas congregações anglicanas de
seu tempo, o que quer dizer que não julgou necessário rebaixá-la. É possível assegurar que se alguns
líderes evangelistas tais como o general Booth e os senhores Moody e Sankey desfrutaram da vanta-
gem de possuir gosto musical e literário, tenham conquistado e conservado tantos conversos ardorosos
por meio do canto são, simples e popular, como o fizeram pela simples repetição de algum pensamento
religioso elementar, associado ao um ritmo “pegajoso”. Em todos os casos, tão condenáveis são os rit-
mos de baile, as melodias fáceis e as harmonias vulgares da música de rua e de salão de reuniões de
evangelismo, quanto o sentimentalismo barato dos lugares mais “respeitáveis” da atividade cristã. E
qualquer exame fortuito, mas realizado com escrupulosa amplitude de critério, de uns poucos livros de
hinos de diversas Igrejas, ou de uma seleção de antemas publicados por qualquer editor, revelará que
na música sagrada dos séculos XIX e XX o sentimentalismo quase sempre encobre a carência de um
autêntico sentimento piedoso. Como isto freqüentemente passa inadvertido, o primeiro dever de todo
músico de igreja deveria ser a aquisição de certo nível de gosto musical, o qual significa a cuidadosa
freqüência de um vasto e variado conjunto de música sancionada pelo tempo, único crítico infalível. De-
ve-se destacar que simplicidade e complicação não são necessariamente sinônimos de “bom” e “mal”. A
eleição entre a música simples ou a complicada na Igreja somente pode fazer-se em um terreno prático,
já que a escolha entre o bom e o mal é essencialmente uma questão ética. Grande parte da música
simples usada atualmente é perfeitamente boa e eficaz, e grande parte da música complicada é débil e
pobre ao extremo. Mas o contrário também é verdade. As tentativas para melhorar a música em qual-
quer igreja se têm realizado com demasiada freqüência complicando-a, ao invés de elevar sua qualida-
de.
“Uma música cerimonial muito elaborada somente pode considerar-se seriamente como um adorno da
mesma categoria que as belas esculturas, os quadros, ou as obras arquitetônicas, quando é ao mesmo
tempo música bela. Mas muito freqüentemente sua analogia nas artes decorativas a assemelha melhor
a um móvel talhado, a um púlpito lavrado ou a uma persiana de pinheiro pintada com faixas vermelhas,
brancas e azuis e rodeada de flores artificiais. Em vista da qualidade de mais de um terço dos cultos
mais populares e dos hinos mais populares, quanto menos insistam seus defensores sobre o valor de-
corativo de semelhante música, será melhor” (Harvey Grace).
Liebster1.mid Liebster2.mid
As convenções estabelecem que certos estilos (tanto em música quanto em arquitetura) devem ser
considerados “eclesiásticos”. Mas se tratam de meras convenções, as quais nem ao menos regulam
com alguma exatidão a escolha da música, até porque um estilo musical que na igreja dá a impressão
de ser eclesiástico, pode ser usado fora dela e não produzir o mesmo efeito. A boa música é boa dentro
e fora da igreja, e em qualquer lugar que se a escute se poderá apreciar sua sinceridade. Se a música
que se ouve na igreja é boa e sincera, e está de acordo com as palavras e com as idéias às quais se
vincula, e as expressa, então a associação de tempo e lugar a converterá em “música sacra”.
Acrescentaremos algumas palavras sobre o nível geral da execução. Este, é desnecessário dizer, deve
ser o mais elevado possível. É uma causa freqüente do baixo nível musical o fato de que as igrejas pe-
quenas, as quais contam com poucos recursos, pretendem oferecer a mesma classe de música que as
grandes e ricas. Não nos esqueçamos de que na simplicidade reside freqüentemente a beleza.
Não é possível seguir aqui a evolução das atividades musicais nas diversas religiões do mundo, nem
sequer estudá-la no judaísmo, e na religião cristã que dele surgiu, diversificando-se logo em caminhos
tão diferentes. Os documentos evidenciam que a religião judaica deu uma grande importância à expres-
são musical. A própria existência do livro dos Salmos é em si mesma prova suficiente. Os livros de Sa-
muel e Crônicas nos relatam que “E Davi, e toda a casa de Israel, tocavam perante o Senhor, com toda
sorte de instrumentos de pau de faia, como também com harpas, saltérios, tamboris, pandeiros e cím-
balos” (II Samuel 6:5). No templo de Salomão, a princípio, “quatro mil almas louvavam ao Senhor com
instrumentos” e “o número dos que eram instruídos... nos cantos do Senhor era de duzentos e oitenta e
oito“ [cf. II Crônicas 25:7]. Antes que fosse destruído o último templo de Jerusalém, depois de mil e du-
zentos anos de serviço musical, já se havia difundido o sistema das sinagogas, e com ele um serviço li-
túrgico com abundante uso do canto (embora não ainda dos instrumentos).
Quando surgiu o cristianismo, não houve, no início, ruptura com a igreja judaica; os cristãos continua-
ram assistindo no Templo de Jerusalém e em suas sinagogas (como fizera também Cristo), e nas reu-
niões exclusivamente cristãs continuavam a mesma tradição musical. De qualquer maneira, é surpreen-
dente que nem nos relatos das viagens de pregação de Cristo ou nos apóstolos se mencione o canto
em comum, salvo na última e solene reunião do Mestre com seus discípulos, antes da crucifixão (Ma-
teus 26:30: “E tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras”. Esse hino, segundo as auto-
ridades em matéria bíblica, deve ter sido o Hallel, o Salmo 113 ou 114, cantado pelos judeus durante a
festividade da Páscoa).
Ao organizar-se a cristandade em uma sociedade distinta, continuou com o amplo uso do canto: canta-
va-se em circunstâncias e lugares nos quais não era necessário realizar as reuniões secretamente, e
até nestes casos se cantava, quando havia garantias de segurança. Paulo exortava aos efésios e aos
colossenses a cantar salmos, hinos e canções religiosas (Efésios 5:19; Colossenses 3:16), referindo-
se, aparentemente, tanto às suas devoções particulares quanto públicas.
Plínio, o Jovem (c. 61 d. C. – c.113 d. C.), em carta dirigida ao imperador Trajano, pedindo instruções
sobre o grau de rigor com o qual deveria levar a perseguição aos cristãos em sua província de Bitínia,
os descreve como gente sem culpa alguma, mesmo que adeptos de uma superstição que se constituía
em uma reunião em dias marcados antes do amanhecer, e em repetir antifonalmente “um hino a Cristo
como Deus”. Deve-se recordar também o canto noturno de Paulo e Silas em sua prisão, anterior em
quase um século (Atos 16:25); segundo todas as possibilidades, cantavam também salmos antifonal-
mente.[2]
Provavelmente, elementos gregos e hebreus deveriam se mesclar na música de culto, a qual foi desen-
volvendo-se pouco a pouco em um corpo tradicional durante os três primeiros séculos do cristianismo e,
a partir de então, codificada de tempo em tempo. Parece-nos que o acompanhamento instrumental não
gozou de favorecimento. A despeito de seu prolongado emprego no Templo, talvez já houvessem se
associado ao teatro e a outras atividades indesejáveis, mesmo que, quem sabe, esta objeção somente
fosse aplicável a determinados instrumentos. Em fins do século IV ou em princípios do V, São Jerônimo
escrevia que uma donzela cristã não devia nem sequer saber o que é uma lira ou uma flauta, nem a que
uso se prestava. Diz-se que a introdução do órgão no culto cristão se deveu ao papa Vitaliano, no sécu-
lo VII.
Através das eras têm-se alternado na igreja cristã os processos de acumulação de práticas musicais in-
desejáveis e de subseqüentes reformas. Como se afirma no prefácio do Commom Prayer da Igreja An-
glicana, “jamais existiu coisa alguma tão bem planejada pela inteligência do homem, ou estabelecida
com tanta segurança, que, no transcurso do tempo não se tenha corrompido”. No caso da música sacra,
a „corrupção‟ tem geralmente se originado de certa tendência a dar ênfase demasiada aos puros atrati-
vos musicais do canto, tanto em proveito dos coristas profissionais, quanto na própria congregação. As
autoridades têm condenado reiteradamente esta tendência, e é de se presumir (dada a natureza huma-
na) que não o fizeram pela última vez. Assim, João XXII, nos alvores do século XIV, proibiu o emprego
de melodias seculares como base para a música harmonizada de diversas partes da missa, e, na reali-
dade, tratou de eliminar qualquer outra forma de harmonia. Do mesmo modo, o Concílio de Trento
(1545-1563) recomendava aos bispos a exclusão de “toda música na qual interviesse qualquer elemen-
to ímpio ou lascivo”. Pouco depois, Pio IV convocou aos cardeais para que as recomendações do Con-
cílio fossem cumpridas, e parece que a música harmonizada correu novamente o risco de ser proibida,
com o argumento de que as palavras eram inteligíveis devido ao entrelaçamento das vozes.
As igrejas reformadas têm também suas queixas e suas lutas. Em princípios do século XVII o arcebispo
Abbot se pronunciou contra os coros e o órgão. Quando, no início do Protetorado (1649-1660), se fez
sentir poderosamente primeiro a influência presbiteriana, depois a independente, os órgãos e os coros
foram desalojados das igrejas. Na Escócia, os órgãos foram considerados pecaminosos até meados do
século XIX, quando voltaram a aparecer gradualmente. A igreja grega, porém, proíbe todos os instru-
mentos.
A situação geral na Inglaterra contemporânea em matéria de música sacra é muito melhor na igreja An-
glicana do que nas não conformistas, já que aquela conta a seu favor com recursos, tradição musical,
uma liturgia que exige grande quantidade de música, magníficos edifícios antigos, e os resquícios de
um estado social que almejou fazer dela o lugar espiritual das classes mais cultas. As igrejas católicas
mais ricas também prestam grande atenção à música. Nos Estados Unidos da América, onde as tradi-
ções contam menos e não existem antigos compromissos, apenas desponta outra diferença, que é a-
quela derivada do fato de que os protestantes episcopais possuem liturgias que exigem mais recursos
musicais, organizados com eficácia.
Cabe agora uma referência sobre uma dificuldade especial do compositor de música religiosa nos dias
atuais. A extrema audácia experimental de nossa época tem engendrado novas modalidades – que o
público em geral, todavia, não aceita – e o compositor que encontra em uma delas seu meio natural de
expressão, fica excluído da composição de música religiosa, já que nenhum maestro de coro poderia
pensar, nem por um momento, em expor a congregação ao choque de uma experiência com aquilo que
é totalmente estranho. Os membros de idade mais avançada de qualquer congregação tendem a se
manter fiéis às melodias dos hinos e ao fundo musical dos serviços religiosos que lhes são familiares, o
que constitui em “uma poção sonífera ao invés de um alívio espiritual” para os jovens ouvintes. Pode-
mos, todavia, ir mais longe e dar como certo que as linguagens empregadas na música religiosa comum
têm, de modo geral, um atraso de várias gerações em comparação com as linguagens da música secu-
lar erudita. Um exame das publicações anuais de qualquer editor de música sacra revelará o fato de
que esta poderia ter sido escrita facilmente nos tempos de Mendelssohn ou de Brahms, no máximo. A
história dos últimos quinhentos anos parece indicar, como condição permanente para o compositor de
música religiosa, que a sua expressão desliza por caminhos já trilhados. Nos parece que a composição
profana deve abrir o caminho, e que somente quando o termo médio da congregação chega a aceitar
em certa medida as novidades harmônicas que cada época produz (isto é, quando deixam de ser novi-
dades), podem estas ser postas na boca do coro ou sob os dedos do organista. Se a aplicação deste
princípio tem sido levada longe demais, por causa da timidez dos que têm a seu cargo os serviços do
culto e daqueles que ministram a música, é um tema que pode servir a um interessante debate. Mas já
se vislumbram indícios de um espírito um tanto quanto mais audaz, e inclusive hinários (desde 1925,
mais ou menos) nos quais são incluídas algumas harmonias que não tinham podido figurar vinte anos
antes.
A Suíça nos apresenta o caso, sem dúvida único, de um depoimento em prol de uma melhor música sa-
cra vindo de um patíbulo [estrado ou lugar onde os condenados sofrem a pena capital (forca, guilhotina,
decapitação)]. Em 1723, o heróico e precipitado major Daniel Abraham Davel organizou em Lausanne
uma insurreição para libertar o Cantão de Vaud[3] do domínio a República de Berna. Fracassado em
seu intento, foi condenado a ser decapitado. Com toda calma ocupou seu lugar na procissão que saiu
da cidade a caminho do ponto onde deveria ser executada a sentença e, subindo de pronto ao patíbulo,
pronunciou um longo e meditado discurso de despedida. Em sua infância havia estudado música com o
praecentor, o chantre da catedral (seria o mesmo que o regente do canto dos salmos e simples ofícios
calvinistas), e atribuía uma grande importância ao exercício desta arte e sua relação com a atividade da
igreja. Em seu discurso proferido do patíbulo, e ao enumerar alguns dos males da vida contemporânea,
referiu-se primeiro aos contínuos litígios que tantas angústias causavam entre os camponeses; passou
logo a tratar da negligência de alguns pastores que não preparavam seus sermões adequadamente, e
por último se deteve a examinar a desordem reinante no serviço eclesiástico, dizendo:
“No que diz respeito aos louvores ao Senhor, de que modo se os cantam? Existe algum sentido de or-
dem, alguma música autêntica, algo de algum modo calculado para despertar e manter a devoção? E,
sem dúvida, esta parte do serviço divino é uma das mais importantes e a única que demonstra eficaz-
mente a devoção de nossos corações para com Deus... A importância desta parte do culto cristão é ta-
manha, que minha insistência em exortá-los a uma nova e séria atenção a este respeito, a fim de corri-
gir as faltas de que sois culpados no presente, nunca será o bastante.”
Passou então à questão da má administração dos fundos destinados à manutenção do edifício da Igreja
e à educação dos jovens, e em seguida se dirigiu aos estudantes de teologia, dizendo-lhes que muitos
deles, a julgar por sua conduta, não tinham vocação para o alto ofício ao qual aspiravam, e os instou a
uma maior aplicação em seus estudos:
“Descuidais de vossos estudos por causa do prazer mundano. Não vos esforçais em grau algum no a-
prendizado da música, que é tão necessária para cantar o louvor ao Senhor. Os cantos da Igreja consti-
tuem um elemento essencial do culto divino e têm um valor infinito para ajudarmos a elevar nossos co-
rações a Deus. Vos suplico, pois, que vos apliqueis com todo o zelo possível na preparação para o sa-
grado ministério”.
Depois de se referir a outros temas, se declarou pronto para morrer (C’est ici plus beau jour de ma vie)
[ou seja, “Eis o dia mais belo de minha vida”], escutou um longo e comovedor discurso de um dos pas-
tores da cidade, despediu-se dos outros pastores soluçantes que permaneciam a seu lado sobre o patí-
bulo, se desfez da jaqueta e colocou a cabeça sobre o talho.
Se este que aqui escreve não está equivocado, em nenhuma obra de música se fez antes referência a
este notável incidente, e é um prazer imenso trazê-lo ao conhecimento dos músicos de igreja e dos es-
tudantes de teologia.
NOVA pesquisa 02
Parcival Módolo
Quando Martinho Lutero referiu-se à música de boa qualidade como eficiente veículo para explicação do
texto, serva, portanto, e não espetáculo por si mesma, estava, na verdade, refletindo parte do pensa-
mento de sua época: música boa agradava a Deus, música má agradava a Satanás, independente de
ela estar associada ao culto ou não. Os critérios que definiam a qualidade e a conseqüente utilidade da
música eram absolutamente claros. Falava-se, assim, objetivamente, em música própria para adoração
a Deus e em música objetivamente imprópria para o serviço litúrgico.
Se Lutero enfatizava a importância da anunciação da Palavra de Deus através da prédica no culto, en-
tendia que boa música poderia fixar as verdades teológicas anunciadas. É neste contexto que deve-se
entender sua concessão: "Depois (ao lado) da teologia, à música o lugar mais próximo e a mais alta hon-
ra".(1) É que, para ele, teologia e música pertencem-se, relacionam-se estreitamente, já que música é
veículo apropriado para anunciar a Palavra de Deus, e o faz de forma especial, em sons. Entendeu Lute-
ro que do maravilhoso presente divino (donum divinum et excellentissimum) dado exclusivamente aos
homens, a união dos sons vocálicos (vox) à palavra (sermo), de música e canto, deviam ser corretamen-
te utilizados para que esses mesmos homens adorassem seu Deus.(2)
"As notas musicais vivificam o texto".(3) Elas intensificam a força da palavra. Na tradição musical refor-
mada luterana, a música revela o texto. Ela o explica (explicatio textus). Nesse sentido ela deverá ser
uma espécie de exegese, uma explanação do texto, um "sermão em sons" (prædicatio sonora). Segundo
Lutero, "Deus mesmo fez com que o evangelho fosse anunciado com música".(4) O cântico congrega-
cional só atingirá seu objetivo se a Palavra de Deus puder ser anunciada, absorvida e preservada pelo
povo por meio dele.(5) É este o "cântico popular" defendido por Lutero para o culto. Um cântico que ex-
plicasse o evangelho para o povo e o interiorizasse. "Cântico popular", neste contexto, não se refere à
música profana da época, se considerada música má, e portanto, agradável apenas aos ouvidos de Sa-
tanás. A música que se canta no culto deve "fortalecer e intensificar o Santo Evangelho e também impul-
sioná-lo".(6)
O conceito de "qualidade", ou a definição do que seria bom ou mau no que se referia à música, era, nos
séculos XVI a XVIII, bastante objetivo e claro. Falava-se em música boa e má usando-se parâmetros
muito bem determinados e que iam além da beleza do produto final, da intenção de quem o produzira e,
até mesmo, da finalidade da obra.
No ano de 1700 foi editado em Hamburgo uma espécie de método de estudo para o baixo-cifrado, técni-
ca musical bastante comum na época. O editor, Friedrich Erhard Niedt, escreveu no prefácio:
...a finalidade e a razão de toda música devem ser somente a glória de Deus e a recreação sadia da al-
ma. Onde isto não é levado em conta, não há música propriamente, e aqueles que abusam desta nobre
e divina arte são "musicantes" do demônio, pois Satanás tem seu prazer em ouvir tais coisas infamantes.
Para ele, tal música é boa o suficiente, mas para os ouvidos de Deus, são berros infamantes. Quem de-
seja, na sua profissão de músico, ter a graça de Deus e uma consciência limpa, não desonra esta gran-
de dádiva de Deus, pelo seu abuso.(7)
Niedt nos revela aqui parte do pensamento corrente do seu tempo e que, por sua vez, era uma síntese
do pensamento dos dois séculos anteriores. Seguindo-se seu raciocínio, toda música, mesmo a secular,
devia ser escrita "para a glória de Deus". Para isso, devia preencher, naturalmente, alguns requisitos. Se
o fizesse agradaria a Deus. Mas se não o fizesse, agradaria a Satanás, mesmo que houvesse sido com-
posta para agradar a Deus!
No período do barroco, "boa música" estava associada ao princípio da ordem e do número. Falava-se
em "harmonia sonora", uma arte baseada em regras bem determinadas. O princípio da ordem, musical
ou não, era divino. O princípio do caos, musical ou não, era satânico. Satanás era, aliás, o principal de-
sestruturador da ordem divina. A música que recebia aceitação e aprovação como "boa" era aquela pos-
sível de ser racional e intelectualmente decodificada. Devia "falar ao intelecto". Quando isto acontecia,
então podia-se falar em uma verdadeira Ars, ou seja, em Arte no sentido mais restrito da palavra. A Ars
Musica baseava-se no princípio da ordem e do número. Se não o fosse, era objetivamente má.
As raízes desta concepção vão até a Idade Média, ou ainda mais longe. Não só a música, como também
outras formas de expressão artística, pareciam tentar refletir essa dualidade quase maniqueísta do bem
e do mal, do bom e do ruim. Obras da pintura, escultura, relatos de visões que se conservaram escritas,
mitos e lendas a partir de figuras bíblicas, nos revelam sempre um universo bipolarizado. Se os templos
abrigam imagens de santos e anjos em seu interior, admitem também dragões, górgones e demônios
esculpidos no seu exterior. Se as telas, afrescos e retábulos retratam coros de anjos tocando belos ins-
trumentos nos céus, retratam também o lamento e o ranger caótico da música do diabo em esferas mais
baixas.
Por causa da sua estrutura ordenada numericamente, a música era apropriada para refletir e até mesmo
para representar o cosmos, o universo, a criação divina, que, da mesma forma, estavam ordenados à
partir do número. Já no tratado anônimo de música, surgido antes do ano 900, Musica Enchiriadis, en-
contra-se o princípio: "Na formação da melodia, o que é gracioso e gentil será determinado pelo número,
aos quais os tons se condicionam. O que a música oferece [...], tudo é formado a partir do número. Os
tons passam rapidamente, mas os números [...], esses permanecem".(8) Em 1538 escreveu Lutero em
seu "Encomion musices": "Nada há sem [...] o número sonoro".(9)
Quase dois séculos mais tarde, em 1707, na época de J. S. Bach, Andreas Werckmeister escreveu: "As
proporções musicais são coisas perfeitas que o intelecto pode compreender. Por isso são agradáveis.
Mas o que o intelecto não compreende, o que confunde e perturba, isso o ser humano abomina".(10)
Eis aí, em todos esses registros, de diferentes períodos históricos, a definição de boa música e de músi-
ca má. Era a essa boa música que Lutero se referia quando dizia querer vê-la "explicando o texto" e
"pregando através de sons".
Johann Gottfried Walther, em seu Praecepta der Musicalischen Composition de 1708, afirma que se um
compositor quiser "...compor música para um texto específico", deve representar "...não só a idéia geral
do mesmo mas também representar musicalmente o significado e a expressão de cada palavra específi-
ca".(11)
Walther não estava dizendo nada novo. Estava, antes, refletindo o pensamento de sua época, que en-
tendia boa música como aquela que, organizada numericamente, representasse o texto da qual devia
ser serva. Só assim agradaria a Deus.
É assim que deve ser entendida, por exemplo, toda a obra de J. S. Bach. Toda ela é "boa música", toda
ela escrita para agradar a Deus, sempre baseada no princípio do número, sempre representando cada
palavra do texto, quando música vocal. Por isso "S. D. G." (Soli Deo Gloria), expressão que Bach invari-
avelmente assinalava no final das suas obras, mesmo daquelas que não eram escritas para o serviço
litúrgico.
Bach era amigo e parente de Walther: o avô de Walther era meio irmão da mãe de Bach. Tornaram-se
amigos em Weimar, onde ambos trabalharam na mesma época, Walther como organista, Bach como
músico de orquestra, e mais tarde Mestre de Capela. Bach foi padrinho de batismo do primeiro filho de
Walther. Foi em Weimar, por essa época, que Walther escreveu seu tratado de composição musical.
Bach conhecia o conteúdo do volume e certamente trabalhou com Walther na sua elaboração.
Representar cada palavra do texto era preocupação antiga, anterior a Bach e a Walther. Ali pelo ano de
1606, um grupo de compositores, regentes e teóricos de Hamburgo, reuniu-se para elaborar uma espé-
cie de catálogo de figuras retórico-musicais. Eram cinco músicos conceituados: Nikolaus Listenius, Hein-
rich Faber, Johann Andreas Herbst, Joachim Burmeister e Christoph Bernhard. O volume produzido
chamou-se Musica Poetica e utilizava-se de expressões gregas para classificar diferentes figuras musi-
cais. Assim, por exemplo, expressões no texto como "Ele ressuscitou" deveriam ser representadas por
uma Anabasis (em grego "subida", "ascensão"), uma linha melódica de muitas notas ascendentes. Se o
texto, ao contrário, trouxesse palavras que falassem em descida, o Advento, por exemplo, ou quem sabe
a palavra "inferno", o compositor deveria utilizar-se de uma Katabasis (em grego "descida"), representa-
da musicalmente por uma longa figura de notas descendentes.(12)
Essa música agradava a Deus. Essa música era feita na igreja e servia de modelo para a música secular
praticada nas cortes da época. Compositores não sacros viajavam distâncias enormes para aprenderem
com os músicos sacros, imitarem seu estilo, copiarem suas formas musicais. E é essa a tradição musical
reformada. É dessa música que somos herdeiros.
Entretanto, deixamos de ser "referência" há muito tempo. A música secular não mais se espelha na nos-
sa. Os músicos seculares não mais procuram imitar nosso estilo. Ao contrário, nós é que corremos de-
sesperadamente atrás da secularização de nossa música. Nós evangélicos é que buscamos mais e mais
modelos seculares para a música do nosso culto a Deus. Não falamos mais em "boa música" e em "mú-
sica má". Não mais pensamos em música objetivamente boa para agradar a Deus, nem entendemos seu
polo contrário como música que agrada a Satanás. Não temos mais critérios objetivos que nos ajudem a
falar de um tipo de música verdadeiramente sacra.
Além disso, música não tem mais sido serva da Palavra de Deus, mas sim espetáculo nos nossos cul-
tos. Não mais cantamos teologia: cantamos aquilo que agrada a um ou a outro grupo da igreja. Aliás,
música, que sempre foi o elo de ligação entre diferentes gerações, hoje tornou-se o principal fator de
discórdia, quando não de separação "intra ou extra-muros" em nossas igrejas. Não mais cantamos nos-
sa fé reformada, não mais cantamos aquilo em que cremos, da forma como cremos. É por este motivo
que tanto faz cantarmos os hinos dos nossos hinários ou qualquer outro cântico, de qualquer outra seita,
que diga qualquer coisa, desde que nos deixe felizes ou emocionados. E é também por esta razão que
tanto faz freqüentar a nossa igreja ou a do vizinho, ou qualquer nova seita que vier.
Não acredito, como músico, que o problema seja, todo ele, causado pela música. Penso que ela é ape-
nas sintoma, reflexo. Temo que haja muito mais a considerar. Mas é também como músico que acredito
que a música verdadeiramente sacra poderá nos ajudar a reencontrar caminhos porventura perdidos, a
falar da nossa identidade e, certamente, proclamar o nome daquele em quem cremos, por que cremos e
como cremos. Nossa música poderá ser novamente explicatio textus, praedicatio sonora.
NOVA pesquisa 03
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PONTO DE REFLEXÃO
U m dos assuntos mais quentes no atual cristandade tem a ver com música nas igrejas. Al-
guns, particularmente os jovens e as de persuasão Carismática, dizer que a música é neutra e
que não existe tal coisa como música boa ou música ruim. Mas o que a Bíblia ensina? Talvez
devêssemos nos perguntar: "O que constitui uma boa e aceitável Música Cristã? É possível
ofender a Deus com nosso louvor e adoração se for acompanhada com um determinado tipo
de música?" Pelo que eu li nas Escrituras, bem como pelo que eu li das penas dos piedosos e
bons professores Bíblia, eu acredito que nós precisamos de ser cautelosos que não somos cul-
pados de chamar o mal de bem, eo bem de mal?
"Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem mal, que mudam as trevas em luz ea luz por tre-
vas, do amargo doce e do doce amargo! Que Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e
prudentes em seu próprios olhos! " (Isaías 5:20-21).
PONTO DE REFLEXÃO
Notamos ao início que música é como um prisma de vidro através do qual brilham as verdades eter-
nas de Deus. Através da música da igreja pode ser proclamado todo um espectro de verdades Bíbli-
cas. Por toda a história da igreja as pessoas aprenderam através da música as grandes verdades da fé
cristã e os reclamos de Deus sobre suas vidas.
Em sua tentativa de trazer uma renovação espiritual, muitas igrejas evangélicas hoje estão adotando
canções de rock religioso com base no gosto pessoal e nas tendências culturais, em vez de claras
convicções teológicas. O resultado é que algumas canções populares cantadas durante o culto na
igreja têm uma teologia inadequada ou mesmo herética, orientada para a satisfação própria.
A escolha de música apropriada para a igreja é crucial, especialmente para a Igreja Adventista do
Sétimo Dia, porque através de sua música ela ensina e proclama as verdades finais a ela confiadas.
Infelizmente o estilo de música e de adoração da maior parte das igrejas Adventistas é baseado
grandemente na aceitação sem críticas do estilo de adoração de outras igrejas.
Para promover uma base teológica para a escolha e execução da música durante o culto de adoração
nas igrejas Adventistas, temos considerado neste capítulo as implicações do Sábado, do ministério
de Cristo no santuário celestial e a Segunda Vinda. Temos visto que cada uma destas três crenças
Adventistas distintivas contribuem de maneiras próprias ímpares para definir como deveria ser a
boa música na igreja.
O Sábado nos ensina a respeitar a distinção entre o sagrado e o secular, não apenas no tempo, mas
também em áreas como a musica na igreja e a adoração. Em uma época em que o relativismo cultu-
ral obscurece a distinção entre a música sacra e secular, o sábado nos ensina a respeitar esta distin-
ção em todas as facetas da vida cristã incluindo a musica na igreja e a adoração. Usar música secu-
lar para o culto na igreja no Sábado significa tratar o sábado como um dia secular e a igreja como
um local secular.
O estudo da música e da liturgia do Templo de Jerusalém, bem como do santuário celestial, foi mui-
to instrutivo. Vimos que, por respeito pela presença de Deus, instrumentos de percussão e música
de entretenimento que estimula as pessoas fisicamente, não eram permitidos nos serviços do Tem-
plo, nem são usados na liturgia do santuário celestial. Para a mesma razão, instrumentos rítmicos e
música que estimula as pessoas fisicamente em vez de eleva-las espiritualmente, está fora de lugar
na igreja hoje.
A adoração nos dois Templos, terrestre e celestial, também nos ensina que Deus deve ser adorado
com grande reverência e respeito. Música na igreja não pode tratar Deus com frivolidade e irreve-
rência. Deveria ajudar aquietar nossas almas e a responder a Ele em reverência.
A convicção da certeza e iminência da vinda de Cristo deveria ser a força motriz do estilo adventis-
ta de vida e da música na igreja. O breve aparecimento da Pedra Angular, com a maior orquestra de
anjos que este mundo jamais viu, pode incendiar a imaginação dos músicos atuais para comporem
novas canções que apelem a estes que estão procurando significando e esperança para suas vidas.
No limiar de um milênio novo, a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem diante de si um desafio e
uma oportunidade sem precedentes para reexaminar a base teológica para a escolha e execução de
sua música. Esperamos e oramos para que a igreja responda a este desafio, não pela aceitação sem
questionamentos da musica popular contemporânea, que é estranha à missão e mensagem da igreja,
mas pela promoção da composição e cântico de músicas que expressem adequadamente a esperança
que arde em nossos corações (I Pedro 3:15).
PONTO DE REFLEXÃO
A procura por uma maneira eficaz de alcançar as pessoas de mente secularizada com o
evangelho, tem levado muitos líderes da igreja e músicos a adotarem várias versões de música para
comunicarem a mensagem cristã. Nós louvamos os motivos destas pessoas, mas questionamos a
legitimidade de seu método por várias razões.
A música rock não é um veículo neutro para letras cristãs. A música em si mesma é uma
linguagem poderosa. A música rock no evangelismo trabalha na imaginação, em associações mentais,
como qualquer música. Mas a música rock representa mal o evangelho ao encorajar valores mundanos.
Leva as pessoas crerem que está tudo bem com elas, quando na realidade elas precisam
desesperadamente de uma mudança radical em suas vidas – uma experiência de conversão. Sendo um
meio que promove a satisfação imediata, violência, drogas, sexo e uma auto-redenção panteísta, a
música rock perverte a mensagem do evangelho, simplesmente porque o meio afeta a mensagem.
A música rock no evangelismo arruína o esforço para construir uma base moral forte na juventude.
Em vez de promover autocontrole, temperança, respeito pela autoridade, e pureza, ensina a indulgência,
a intemperança, a desobediência, a busca do prazer, e um comportamento imaturo.
A música rock prejudica o senso distintivo do certo e errado edificado dentro de nossa consciência.
O incitamento constante das emoções destrói as barreiras de culpa. Envolve as pessoas numa
satisfação pessoal sem culpas e sem vergonhas que, no final, torna impossível o reconhecimento do
mal. Cristo apela ao reconhecimento de nossa perdição para que possamos receber Sua provisão
gratuita de salvação. Os ouvintes deveriam captar um relance do temor divino de modo a sentirem o
chamado de Deus para um compromisso completo, para uma mudança no estilo de vida, inclusive nos
hábitos de música.
O rock no evangelismo confirma a “religião do rock” a qual nutre uma mistura de sentimentos
religiosos meio-conscientes e comportamentos que tendem ao êxtase e ao oculto. É imperativo para os
cristãos manterem uma distância segura de tais práticas idólatras.
A música rock também tem um forte impacto físico, principalmente através de seu volume e
intensa batida. A música precisa ser alta para ser “sentida” pelos ouvintes. A intensa batida do rock leva
à dança, ao bater de pés, ou aos golpes de cabeça. O resultado desta carga pesada de energia sonora é
que a mente se apaga e deixa o campo livre para que as emoções assumam o controle. Os cristãos não
deveriam permitir que suas mentes fossem prejudicadas por sons ou drogas, porque é através de suas
mentes que eles honram a Deus vivendo sobriamente e com mente sã.
O método aprovado por Deus para o evangelismo é a „estupidez da pregação‟ (I Coríntios 1:21).
Ele nos deu o ministério da reconciliação. (II Coríntios 5:18). Nossa responsabilidade é não contaminar
esta mensagem com linguagens mundanas, como a música rock. Não há nenhuma necessidade da
manipulação e excitação da música rock para salvar as pessoas. O evangelismo tem sido grandemente
auxiliado por uma música semelhante a Cristo apresentada por executantes semelhantes a Cristo, mas
no final das contas é a proclamação da Palavra de Deus, acompanhado pelo poder convincente do
Espírito Santo que traz as pessoas para uma relação de salvação com Jesus Cristo. Que nossos
esforços evangelísticos sejam centrados na Rocha Eterna, em lugar da música rock de nossa época.
PESQUISA 01
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INTRODUÇÃO
Quando falamos de música hoje na igreja o assunto é bem diferente de duas ou três décadas atrás. O
discurso não é mais se pode ter ou não bateria na igreja, se as mulheres podem ou não cantar de
calça jeans, se pode ou não subir no púlpito para cantar. Hoje creio que a discursão tem três frentes
-- o que cantar? Qual a forma de cantar? E qual é o propósito de cantar? O texto básico da nossa
lição, lança luz no tema em pauta chamando a nossa atenção para cuidar do nosso andar,
procurando conhecer a vontade do Senhor e buscando uma vida na plenitude do Espírito.
A hermenêutica do louvor
Com a expressão cheio do Espírito o apóstolo Paulo quer dizer o seguinte “eu me encho e deixo-me
encher’ e esta vida completa no Espírito nos habilita a ter uma correta interpretação da música ao
nosso Deus, pois a mesma louvará ao Senhor com hinos e cânticos espirituais. Nos nossos dias
temos vivenciado um problema na igreja -- o que cantar? Percebemos que o conteúdo dos cânticos
estão mais voltados para aquilo que Deus pode me dar, aquilo que é meu por direito, esquecendo
que cânticos de louvor a Deus significa formar com a voz sons ritmados e musicais que venham a
elogiar, bendizer, glorificar e exaltar a Deus. Vemos muitas gritarias, falatórios, mas pouco
conteúdo, pouca qualidade. Parece que não estamos preocupados com as letras e sim com os ritmos,
não importa o que cantamos o que realmente importa é se o cântico anima o povo, se faz a “galera”
ficar de pé, ou se produz na platéia um sentimentalismo. Precisamos trazer um resgate ao
verdadeiro louvor a Deus praticado em nossas igrejas, precisamos nos preocupar se a letra é
genuinamente bíblica, se realmente o Senhor está sendo o objeto do louvor (pois há quem faca
louvor para a namorada, esposa e incluem no período de louvor etc..)
Os critérios na escolha do repertório feito pelos ministérios ou grupos de louvor não deve ser qual
música vai alegrar mais o povo, ou qual criará um sentimentalismo na igreja e sim o que Deus quer
ouvir do seu povo hoje? Como se isso não bastasse ainda temos muitas vezes os desleixes nos
ensaios sob a bandeira -- é pra Deus! ele se importa com a sinceridade do coração! sem contar que
frequentemente não temos o devido compromisso com a letra que entoamos. O mercado evangélico
se tornou muito lucrativo (música S/A) produzindo letras que vendem e defasando a qualidade da
mesma. Aqueles que selecionam os cânticos nas igrejas devem tomar o cuidado de se perguntarem -
- o que vamos cantar? Não podemos selecionar os cânticos pelo ritmo, por vir acompanhado de
palmas ou choro ou muito menos rifa-los devido a falta de tempo para ensaiar, devemos selecionar
os cânticos de baixo de oração, contendo letras que façam apologia ao Senhor e principalmente
estar certo de que ele queira ouvir tais cânticos neste culto, pois os louvores são dirigidos a ele e pra
mais ninguém.
Um resgate a espontaneidade
A pessoa que dirige o louvor deve ficar atenta para não violentar a espontaneidade de um irmão
adorar. Cada pessoa tem suas maneiras, suas formas peculiares de expressar o cântico ao Senhor, e
não poucas vezes presenciamos os dirigentes de louvor constrangendo o público com sua ingênua
vontade de “animar” o culto quando usa expressões do tipo “fique de pé!” “levanta a mão!” “cante
mais alto!” “batam palmas!” tudo isso é muito bom e legal, mas as vezes alguns não querem,
querem cultuar do seu jeito, querem levantar as mãos porque sentem o desejo de fazerem e não
porque alguém insiste, querem bater palmas porque uma alegria imensa invadiu seu coração e não
porque outros bateram, essa espontaneidade nos cultos na hora de louvar deve ser respeitada, porém
alguns dirigentes de louvor ficam irritados, incomodados quando não são atendidos e acham que os
que não o atendem estão de rebeldia, de implicância de má vontade, entretanto o mesmo não leva
em conta que o jeito de adorar e louvar do próximo é diferente do dele e com isso constrange a
igreja com palavras do tipo “é pro Senhor!” “a igreja precisa acordar!” “hoje os irmãos estão
desanimados!” etc...
A espontaneidade tem haver com algo que brota do coração, são atitudes sinceras de um coração
sincero. As Escrituras Sagradas afirma isso quando diz “louvarte-ei de todo coração” (Sl 9.1) ou
seja, é muito mais do que sons emitidos pelas cordas vocais, é depositar os sentimentos no cântico.
Paulo reafirma em Efésios 5.19 que o louvor a Deus deve ser entoado e cantado com o coração e
deixa expressado em 1ª Co. 14.15 sua firme decisão que este louvor do coração envolve a alma e o
intelecto.
A finalidade da música
O propósito da música na igreja não é animar o culto, não é transformar o período de louvor num
entretenimento. Podemos perceber nas Escrituras Sagradas dois objetivos principais da música na
igreja, os quais são: declarar e refletir a glória de Deus, ou seja, adorá-lo dizendo o que ele é para
nós, o segundo é demonstrar nossa gratidão por ele, isto é, o que ele tem feito por nós.
Quando louvamos ao Senhor com ações de graça e com uma genuína adoração podemos dizer que
atingimos o verdadeiro objetivo da música na igreja. Qualquer tentativa de desviar deste propósito,
ou seja, quando o Senhor deixa de ser o centro, o alvo e o objeto do louvor teremos uma mera
caricatura da música na igreja.
Um bom exemplo desta finalidade musical é visto na história bélica de Israel contra os moabitas e
amalequitas, na ocasião Josafá convoca todo povo para louvar ao Senhor num momento muito
delicado do seu reinado. No verso 18 de 2º Crônicas capítulo 20 percebemos que todo povo se
prostrou e adorou e em seguida vemos que os cantores estavam à frente do exército louvando a
Deus e o teor da música era justamente este: gratidão -- rendei graças -- e adoração -- ele é
misericordioso sempre. Deus havia se agradado tanto deste louvor que o próprio colocou
emboscadas contra os inimigos de Israel. Precisamos resgatar este tipo de louvor em nossas Igrejas
-- louvores que demonstrem um coração agradecido e uma adoração genuína, cantados não de vez
em quando, mas sempre.
Conclusão
Amados, vamos ser rigorosos na seleção dos cânticos para o período de louvor, vamos observar se
realmente a letra é cristocêntrica e bíblica, vamos explorar e promover a espontaneidade nos cultos,
pois cada um tem o direito de cultuar a Deus a seu modo, vamos averiguar se realmente o objetivo
com o qual cantamos é promover a glória de Deus ou retribuir gratidão pelos benefícios que ele nos
tem feito. Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único de receber música na igreja, honra e
glória pelos séculos dos séculos. Amém!
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PESQUISA 02
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Adoração na Igreja Evangélica Contemporânea
Osmar Ludovico da Silva
Há dois tipos de música, a boa e a ruim — seja ela erudita, MPB, sertaneja, reggae, rap, rock ou
gospel. O que me surpreende é a capacidade de o mercado absorver a música ruim. Com a
proliferação de compositores, intérpretes, bandas e gravadoras, o cenário evangélico não poderia ser
diferente. Tem música boa, mas também tem muita música ruim.
Passamos séculos louvando a Deus com hinos históricos da Reforma. Bastava um hinário, e
tínhamos músicas com letras densas, boa teologia e linha melódica harmoniosa.
Nos últimos anos surgiu o que chamamos de louvorzão. Jogamos fora os hinários, a liturgia,
aposentamos o piano e o coral e introduzimos a guitarra, a bateria, o data-show, as coreografias e a
aeróbica. Surgiu também a figura do dirigente de louvor, responsável por animar a congregação.
Daí para a frente há muito barulho, muitas palmas, muitas mãos levantadas, muitos abraços, muitas
caretas e cenho franzido. Mas a pergunta que fica é: temos adoração?
O lado positivo do louvorzão é o interesse e a integração na igreja de milhares de jovens. Trata-se
de uma oportunidade única para ensinar estes jovens, através do exemplo e da Palavra, o caminho
do discipulado de Cristo. Mas fica a pergunta: estarão estes jovens crescendo na santidade e no
serviço?
Alguns cultos se tornaram verdadeiras produções dignas da Broadway. Músicos profissionais,
cenários, bailarinos e iluminação. Mas fica uma pergunta: toda esta parafernália cênica tem levado o
povo de Deus a uma genuína adoração?
A história da Igreja é rica em manifestações artísticas. Ao longo do tempo o louvor foi expresso
através de várias expressões musicais. O canto gregoriano, o barroco, os hinos da Reforma, o negro
espiritual e os cânticos contemporâneos deixaram sua contribuição à boa música ao longo destes
últimos séculos.
Trata-se, portanto, de um equívoco jogar fora toda a herança histórica e achar que esta geração
descobriu a forma certa de louvar. Se olharmos do ponto de vista musical veremos que a história
nos legou uma herança preciosa. Na cultura gospel do louvorzão tem muita música ruim, muita letra
questionável e muito dirigente de louvor que mais parece um animador de auditório.
A igreja pode ser a ponte entre as gerações, entre o antigo e o novo e integrar na adoração tudo o
que há de bom na sua herança histórica. Tem muita gente cansada do louvorzão barulhento de letras
rasas, de bandas que tocam no último volume, de coreografias esvoaçantes e de ordens do dirigente
para abraçar o irmão da frente, de trás e do lado dizendo que o amamos. É constrangedor abraçar
alguém e dizer que o amamos quando nem sequer o conhecemos.
A igreja perde quando a ênfase do louvor se desloca da congregação para o palco. Com raras
exceções a música é ruim, a letra não tem nada a ver com a realidade do cotidiano ou a teologia
reformada e a performance no palco é apelativa.
A igreja perde quando se torna parecida com um programa de auditório e já não cultiva a boa
música com cordas, sopros, bons arranjos, corais, quartetos. E perde muito mais quando a adoração
se torna um evento estimulado sensorialmente e não uma melodia que emerge de um coração
quebrantado e temente a Deus. Adoração é sempre uma resposta humilde, alegre, reverente àquilo
que Deus é e faz. Adoramos porque algo aconteceu, algo nos foi revelado, e não o contrário, como
pensam alguns, que recebemos a revelação e as coisas acontecem porque adoramos.
A igreja perde quando não há reverência ou temor. O que resta é euforia, excitação e sensações
prazerosas. O que é bom em si mesmo, mas não é necessariamente adoração.
É um equívoco pensar que Deus se impressiona com nossos cultos de domingo. Antes, ele acolhe
muito mais nossos gestos simples do cotidiano, fruto de um coração humilde e quebrantado, que
busca se desprender de ambições e serve ao próximo com alegria. Adoração não é um evento
domingueiro bem produzido, mas um estilo de vida que glorifica ao Senhor.
Durante séculos a arquitetura das igrejas e das catedrais destinou o balcão posterior ao coro, ao
órgão e à orquestra. Na igreja da Reforma os músicos e o coro se posicionavam na parte da frente
da nave, mas sempre ao lado. Mesmo o púlpito não estava no centro, mas ao lado. No centro havia,
quando muito, alguns símbolos da fé, que ajudam a despertar a consciência para a experiência do
sagrado, com destaque para a mesa do Senhor. A congregação ficava em face ao altar de Deus, sem
que nada se interpusesse entre a Santa Presença e a congregação. Este lugar só pode ser ocupado
por Jesus Cristo. Ele é o único mediador, ele é o único que pode dirigir o louvor.
Hoje o que se vê é o apóstolo, o bispo, o pastor, o dirigente de louvor e a banda ocupando este
lugar, nos levando de volta à Antiga Aliança, quando sacerdotes e levitas eram mediadores entre
Deus e os homens. A conseqüência é uma geração de crentes que dependem de homens,
coreografias e data-shows para adorar e para ouvir a voz de Deus.
O verdadeiro pastoreio consiste em ajudar homens e mulheres a dependerem do Espírito Santo para
seguirem a Cristo, que os leva ao seio do Pai. Ajudar homens e mulheres a crescerem e
amadurecerem na fé, na esperança e no amor, integrando adoração, oração e leitura das Escrituras
no seu cotidiano.
A contextualização se tornou uma armadilha na qual a igreja caiu. Na tentativa de se identificar com
o mundo ela ficou cada vez mais parecida com ele. A cultura gospel é autocentrada, materialista,
acha-se dona da verdade, tornou-se uma religião que nos faz prosperar, que não nos pede para
renunciar a nada e que resolve todos os nossos problemas. Há um abismo colossal entre a cultura
gospel e o evangelho de Jesus Cristo, que nos chama a amar sacrificalmente o nosso próximo, a
cultivar um estilo de vida simples, a integrar o sofrimento na experiência existencial e a ter a
humildade de ser um eterno aprendiz.
Fonte: Revista Ultimato
PESQUISA 03
Qualidades da Música-de-Igreja
Rolando de Nassau
Há quem fale e escreva que não existe tal coisa chamada música cristã; existem apenas letras
cristãs; qualquer e toda música é aceitável no culto, desde que a letra seja cristã. Quem usa este
argumento ignora mais de dois mil anos de história da música sacra. Por outro lado, letras cristãs
têm sido aplicadas a músicas profanas; tanto as letras quanto as músicas tornam-se, assim,
impróprias e inconvenientes ao culto cristão (O Jornal Batista (OJB), 06 jul 2003).
Se for tocado um hino, sem ser cantada a sua letra, desde logo percebemos, pelo seu estilo, que
pertence ao gênero sacro; se for executada uma das formas de música erudita, uma marcha, uma
dança, uma parte instrumental de ópera ou uma sinfonia, pode-se saber que pertence ao profano.
Preservar o estilo musical sagrado é o verdadeiro propósito do culto cristão; usar o estilo profano é
idolatria (Amós 5:23).
Quem doutrina deve ter identidade. O que falta, a certos oradores e escritores que tratam da escolha
da música na igreja e no culto, é identidade; essas pessoas são tão individualistas que não se
identificam; suas reuniões não pretendem ser cultos e sua música não se compromete com a
tradição denominacional; por isso mesmo, suas igrejas não se intitulam como batistas.
Quem fala ou escreve, para selecionar a música da igreja, deve mostrar integridade. Eles aceitam
qualquer e toda música profana, por isso falta-lhes integridade, que se manifesta na sinuosidade de
seus argumentos e na despreocupação com a pureza da execução musical na igreja e no culto. A
integridade guia os que pensam, falam e escrevem com retidão; ela também revela a natureza
religiosa de uma obra musical.
Dizer ou escrever que a música não é nada mais do que um arranjo de notas e ritmos, é a maneira
simplista de considerá-la mero conjunto de sons. Mas a música sacra é muito mais do que combinar
sons para louvar a Deus; a música não pode ser tratada com displicência ou irreverência.
Há quem acredite que a música é amoral, isto é, não é boa nem má, porque aceitam a noção
humanista de que não há absolutos, nem distinções morais, nem diferenças objetivas. Segundo essas
pessoas, o compositor e o executante atendem a exigências concretas: o gosto musical do público-
alvo e o interesse econômico do mercado são os fatores que valorizam a música na igreja e no culto;
se os crentes gostam e compram, a música é aceitável; para desencargo de consciência, dizem:
desde que a letra seja cristã. Por isso, eles preferem sugerir que as igrejas experimentem música
moderna (que apelidaram de "música cristã contemporânea"), sem a preocupação com os estilos, os
ritmos e os instrumentos. Eles repetem: "experimenta...".
Entretanto, é fato incontrastável: a música é um esforço e um produto do compositor e do
executante, que acaba sendo verdadeiro ou falso, íntegro ou iníquo, moral ou imoral, sacro ou
profano.
O problema é que muitos dirigentes musicais não sabem discernir entre a música sacra e a profana
(Levítico 10:10); (Ezequiel 44:23).
Sabemos que o gosto musical de muitos crentes é influenciado pela música divulgada por meio das
emissoras de rádio e televisão, nos cinemas, nos discos e na Internet; eles acabam sucumbindo aos
apelos do "marketing", aos quais não estão infensos os músicos batistas em todos os lugares.
A ignorância, a preguiça intelectual e o pragmatismo de certos dirigentes musicais cooperam no
sentido de as igrejas aceitarem a idéia de que "não existe música sacra". Que fazem os cursos nos
seminários?
Dizer ou escrever que música sem letra é amoral, é como dizer que ela não pode comover a
sensibilidade humana (somente os insensíveis não se comovem, seja a música erudita, folclórica ou
popular) e não pode mexer com o corpo humano (somente os que sofrem deficiência física grave,
talvez não possam movimentar alguma parte do seu corpo); o propósito e o resultado podem ser
espiritual ou sensual.
Misturar letra religiosa e música profana deveria deixar confuso, tanto o crente como o incrédulo;
pior ainda, quando são acompanhadas por gestos de uma dança, mesmo que não atenda à orientação
de uma coreografia. Lamentavelmente, em certas igrejas, os assistentes do culto transformado em
"show" já não ficam escandalizados com os "mantras" cantados.
A música-de-igreja, diferentemente da música-na-igreja, deve adotar "uma concepção estética
consentânea com a tradição eclesiástica e o princípio ético" (OJB, 18 jul e 15 ago 1982). De acordo
com essa concepção, a genuína música-de-igreja promove a identidade, a integridade, a
consonância e a claridade. A mistura de letra religiosa e música profana certamente não contribui
para a harmonia espiritual durante o culto divino; com efeito, neste caso, não existe consonância de
pensamentos. A música, sendo de má qualidade artística e espiritual (opaca, turva e repetitiva) não
possui a qualidade da claridade dos sons.
Afinal, o belo é o triunfo do espírito humano, inspirado por Deus, sobre a matéria sonora.
Textos Bíblicos:
(Amós 5:23) - Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas
liras.(voltar)
(Levítico 10:10) - (...)não somente para fazer separação entre o santo e o profano, e entre o imundo
e o limpo,(...)(voltar)
(Ezequiel 44:23) - E a meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano, e o farão discernir
entre o impuro e o puro.(voltar)
Rolando de Nassau é organizador do "Dicionário de Música Evangélica" e tem sido, por vários
anos, colunista de O Jornal Batista, atuando como um perspicaz comentarista dos rumos que a
música evangélica tem tomado. Informações mais detalhadas sobre o autor poderão ser encontradas
em http://www.abordo.com.br/nassau/
Fonte: O presente artigo foi diretamente entregue pelo autor aos editores do Música Sacra e
Adoração. Agradecemos muito ao Rolando de Nassau por esta iniciativa.
Joêzer Mendonça
Não é difícil perceber que o debate em torno da música sacra tem tomado duas vertentes bem dicotô-
micas: ou é isso ou é aquilo, esse instrumento pode vs. aquele não pode, o gosto “jovem” vs. o gosto
“maduro”, o clássico vs. o contemporâneo.
Insisto em dizer, todavia, que o problema não é a música nem o instrumento nem a dinâmica mutante
da cultura musical. A discussão não deveria estar situada na oposição entre os pólos. Aliás, essa é uma
oposição em que as opiniões pré-formadas de ambos os lados tem somente eclipsado o que deveria
estar no centro do debate: o referencial bíblico que estabelece a adoração. Eu disse, referenciais de
adoração, e não princípios musicais. Não há regras de elaboração musical da Antiguidade que devam
ser obedecidas hoje. Há, de fato, princípios centrais teológicos que podem orientar o modo de adora-
ção.
Sem um modelo biblicamente referenciado, corremos o risco de produzir uma música de louvor desarti-
culada e orientada por tendências culturais, pela última moda musical das mídias ou por algum artista
popular. Note o que disse Harold Best, presidente emérito da Associação Nacional das Escolas de Mú-
sica (EUA): “A música de igreja por excelência [...] deve estar embasada, não primordialmente na natu-
reza da música e em estilos musicais, modelos de práticas ou perfeição acadêmica, mas em uma bem
fundamentada perspectiva teológica”.
Traduzindo, a música de adoração é guiada por princípios teológicos e não pelo gosto dos mais tradi-
cionais ou dos mais liberais.
A música pode ser vista como um ato de experiência humana. Coletiva ou individual, sua prática é ge-
ralmente dependente a) da cultura local, b) da finalidade, e c) da subjetividade do praticante. A essência
da prática musical estaria relacionada, portanto, aos moldes culturais, funcionais e idiossincráticos de
determinado grupo social e de sua música. Sacra ou secular, a música é sempre um ato de experiência.
Por outro lado, a adoração não se reduz a uma experiência sensível. Adoração é, antes da experiência,
um ato de obediência. Coletivo ou individual, o ato de adorar é geralmente dependente a) da natureza
da igreja, b) da natureza da missão, e c) da cultura do adorador. A essência da adoração estaria rela-
cionada, portanto, aos modelos de interpretação bíblico-doutrinária. A natureza da música, por sua vez,
depende da igreja e da sua missão.
A igreja que apresenta um culto bíblico entende que a adoração é uma resposta da criatura humana aos
atos de Deus. Ou seja, ao contrário de cultos que buscam o favor de Deus por meio de rituais e músi-
cas, a igreja não louva a Deus para garantir a salvação. Louva-se o Deus cujos atos salvíficos redimem
o ser humano. Na Bíblia, são relatados diversos atos de adoração feitos logo em seguida a uma pro-
messa revelada ou a uma intervenção salvadora de Deus. A adoração também não se restringe à parti-
cipação no culto, mas é estendida ao cotidiano do adorador, que demonstra uma vida de adoração ou
uma vida em adoração. Desse modo, a adoração é um ato de obediência.
Uma sugestão de referencial bíblico para a adoração é encontrada em Atos 2: 42: “Eles eram devotados
ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações”.
Comunhão, Partilha: participação, fraternidade, exercício dos dons para a edificação da comuni-
dade (KOINONIA)
O texto bíblico citado não relaciona instrumentos ou estilos para a igreja. Alguns registros históricos in-
dicam o predomínio do canto a capella e a ausência de instrumentos musicais no espaço cúltico apostó-
lico, seja porque estes despertavam associações culturais indesejáveis seja porque poderiam ser ouvi-
dos pelos perseguidores dos cristãos ou por causa de outro motivo. Se tomássemos o texto e o contex-
to daquela época e daquele lugar e o transplantássemos sem adaptações, tal ação seria apenas um
pretexto para a exclusão autoritária dos instrumentos da prática musical religiosa.
A igreja que reflete em sua adoração os três modos/atitudes de sua missão deve procurar fazê-lo de
forma regular, criativa, sistemática e cuidadosa. Quando isto não ocorre, há um desequilíbrio que tende
a sobrepor um dos três modos sobre o outro. A fraternidade sem a doutrina faz da igreja um mero clube
social. Onde a liturgia é sobreposta à comunhão dos leigos e ao ensino haverá um culto baseado na in-
tenção subjetiva e na emoção do relacionamento pessoal com Cristo, e não na explanação objetiva e na
pregação do evangelho.
Algumas comunidades religiosas têm empregado a música para estimular experiências sensíveis e e-
mocionalistas por parte do adorador. A cruz e a graça de Cristo são pontos que certamente merecem a
contrição e as lágrimas de gratidão. Entretanto, a adoração contemporânea referenda duas horas de
louvor e quinze minutos de edificação doutrinária, concedendo à “liturgia gospel” o papel central em um
culto que favorece o extravasar das emoções reprimidas e que, supostamente, permitiria ao adorador
uma satisfação pessoal e uma transcendência espiritual inquestionáveis.
Em sua bem-sucedida operação espiritual-musical, o louvor contemporâneo está atento às últimas ten-
dências musicais da mídia secular, o que pode estar na adoção de uma forma sensacionalista de cantar
ou de um novo ritmo do verão. Porém, como escreve Ralph Martin, o ser humano adora “não simples-
mente para satisfazer suas necessidades ou para sentir-se melhor, mas para expressar a dignidade de
Deus” (The Worship of God, p. 27).
O adorador precisa, sim, de hinos e canções modernas que tornem o ato de cantar uma atividade agra-
dável e prazerosa, balanceando o uso da linguagem do relacionamento pessoal com a linguagem que
se dirige à soberania e à majestade divinas. Apesar de não haver nenhum referencial doutrinário ou ins-
titucional que assinale o uso exclusivo do hinário para o louvor congregacional, penso que a música es-
colhida deve representar a identidade litúrgico-musical da igreja, buscando equilibrar formas históricas e
recursos musicais da modernidade.
Por outro lado, nota-se que os ministérios de louvor que abdicam da tradição musical de sua igreja es-
tão muitas vezes transplantando não somente o estilo musical, mas também as estratégias de adoração
dos grupos neopentecostais, em que o louvor tem mais importância que a doutrina e qualquer forma
musical é valorizada pelo seu impacto emocional e utilitário.
Joêzer Mendonça é Mestre em música pela UNESP. Escreve sobre atualidades e antigüidades relacio-
nadas à música, mídia, religião e cultura no blog Nota na Pauta.
Este texto é um resumo da primeira parte da palestra "Música no Culto: doxologia, adoração, mensa-
gem" proferida no Encontro de Músicos da ASP. Citações e referências indiretas extraídas do sexto ca-
pítulo do livro The Message in the Music (Woods & Walrath, eds).
Fonte: http://notanapauta.blogspot.com:80/2009/07/musica-no-culto-experiencia-obediencia.html
PESQUISA 03
http://www.verdade-viva.net/doutrina/141-a-musica-na-igreja.html
A Música na Igreja
Autoria / Fonte: Luiz Soares
Não se pode negar o papel destacado que a música tem na vida humana. Ela é uma atração presente
em todas as atividades do homem. Em toda a história da humanidade tem ele se expressado através
da música. O povo de Deus também sempre se comunicou musicalmente em expressões de júbilo,
louvor, gratidão e adoração a Deus.
Exemplos bíblicos:
No Velho Testamento:
No Novo Testamento:
• Adoração e louvor a Deus. Para isto devem ser entoados “hinos e cânticos espirituais” (Ef
5:19; Cl 3:16);
• Edificação, instrução e encorajamento do povo de Deus. Hinos que apresentam doutrina
correta atingem este objetivo;
• Testemunho da fé cristã e divulgação do Evangelho. Muitas pessoas têm sido atraídas a
Cristo através da mensagem de um cântico;
• O canto na igreja deve ser “com a mente” (I Cor 14:15), ou seja, com o entendimento. Sem
isto, o objetivo não será alcançado.
• Gloriar-se com a própria voz. Não devemos cantar somente porque gostamos de cantar, mas
porque queremos louvar a Deus;
• Exibir o talento musical. A igreja não é auditório de televisão, nem palco de teatro;
• Comparar a própria voz à voz dos outros. Cada um de nós deve cantar o melhor possível,
mas nosso objetivo não deve ser superioridade sobre os demais. Se a voz do nosso irmão ou
irmã é superior ou inferior à nossa, isso não importa. O que importa é que estejamos
louvando “de todo coração como para o Senhor, e não para os homens” (Cl 3:23).
4. CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES
É muito comum no Velho Testamento e está intimamente relacionada ao culto judaico. Neste, além
do canto, encontramos harpas, alaúdes e címbalos (I Cr 25:1), trombetas e outros diversos
instrumentos (II Cr 5:12-14). E assim por diante...
Não é mencionado, porém, em relação à igreja. Sempre que o assunto é mencionado com relação à
comunidade cristã a referência é ao canto e, não, a instrumentos. Paulo em I Cor 14:6-9, menciona
a flauta e a citara, como também a trombeta usada nas operações militares, mas é claro que o que
ele tem em vista é ilustrar a sua argumentação sobre o uso indevido de línguas na igreja. È claro
que ele não está se tratando do uso de instrumentos na igreja. Ouvimos também o tanger de harpas
em Apocalipse, mas ali será em ocasião posterior à dispensação da Igreja.
Visto que nas instruções dadas pelo Espírito Santo à igreja de Deus é tão notável a ausência de
instrumentais musicais, embora não haja proibição, devemos tomar cuidado para não exagerarmos
nessa área, pelo uso excessivo de instrumentos, de modo que o canto de louvor que deseja ouvir
seja sufocado.
Há um tipo de música que o mundo aprecia, mas será esta a música que deus aprecia? Quando
cantamos em nossas reuniões dá para os de fora saberem que não se trata de um baile, de ruído de
roqueiros, mas de um grupo de cristãos que está louvando a Deus? Muitos dos “cânticos”
modernos contêm verdadeiras aberrações doutrinárias, como, por exemplo, orar ao Espírito Santo,
pedir o Espírito Santo, admitir a possibilidade de perder a salvação, afirmar que Canaã é o céu,
afirmar que Cristo é um mártir, e muitos outros. Não devemos entoar estes cânticos, nem permitir
que eles sejam entoados entre nós.
O excesso de repetições, quantas vezes sem sentido, as palmas, os gemidos (Huuum, Aaaa, Oooo)
será que agradam a Deus? São para o Seu louvor ou para agrado do nosso ego? Edifica alguém?
Instrui alguém? Inspira à fé, ao amor, à santidade? Glorifica a Cristo? Parece que o mundo está
impondo em nosso meio o seu ritmo frívolo e irreverente, o seu palavreado oco e sem sentido. É
um recurso Satanás para destruir o nosso louvor. Devemos permitir-lhe isso?
Concluindo, a música tem o seu lugar nos ajuntamentos do povo de Deus. Mas esse lugar é de
serva, não de senhora! Infelizmente, esta ordem está sendo invertida, com incalculável prejuízo. O
que deve predominar em todas as nossas reuniões é a Palavra de Deus e se dermos ao livro sagrado
a preeminência devida, a música será uma excelente assessora, trazendo bênção e alegria genuínas,
honra e louvor ao Senhor.
Que sejamos iluminados pelo Seu Espírito Santo nesta área tão importante!
PESQUISA 04
http://www.teuministerio.com.br
Por meio dessas palavras, Agostinho expressa seu temor de cometer erros com o uso da música. Na
verdade, existe uma tênue linha que separa os benefícios da música na igreja dos perigos de seu
mau uso. Tendo em vista a corruptibilidade humana e a nossa susceptibilidade aos enganos dos
sentidos, torna-se fundamental uma constante análise de como temos utilizado a música em nossos
cultos e reuniões eclesiásticas. Assim como é necessária uma luta por uma vida santa, é necessário
um esforço desmedido para se utilizar a música convenientemente no meio do povo de Deus.
I. O QUE É MÚSICA?
A música tem sido definida como a “arte e ciência de combinar os sons de modo agradável ao
ouvido”. Só por este conceito, já se tem uma noção da complexidade do assunto; pois o que é
realmente agradável ao ouvido? Esta pergunta encontra respostas completamente subjetivas, uma
vez que o que é agradável ao ouvido de um não é necessariamente agradável ao de outro.
Poderíamos ainda definir música como uma seqüência (artistica-mente criada e cientificamente
pesquisável), de sons e silêncios que formam um todo coerente.
A igreja freqüentemente considera a música como um dom. Porém, ela não é um dom. Em
nenhuma das listas de dons espirituais no Novo Testamento há a menção da música. Seria mais
próprio se sempre a referíssemos como um talento, dentro do seguinte critério: os dons são dados
pelo Espírito Santo aos crentes para a edificação do corpo de Cristo (Ef 4.11,12). Somente os
salvos pela obra redentora de Cristo recebem esses dons. Já os talentos, que também são dádivas
divinas, são confiados também aos ímpios como fruto da graça comum.
A música deve ser encarada como um meio e não como um fim. Ela conduz a algum objetivo ou
alvo, que pode variar desde a glória de Deus até à glória do próprio homem ou do diabo. Os
objetivos também podem ser entretenimento, aprendizado, crítica, elogio, desabafo, terror, etc. É
como uma chave de fenda que, nas mãos de um mecânico, serve para ajustar e consertar um motor;
nas mãos de um ortopedista, auxilia na fixação de pinos metálicos no tratamento de fraturas ósseas;
nas mãos de um marceneiro, serve para montar um armário que ele acabou de fazer; nas mãos de
um assassino psicopata, serve para tirar a vida. Nesse exemplo, há uma série de alvos a serem
alcançados, sejam eles bons ou ruins. O meio para se atingir esses alvos foi o mesmo (a chave de
fenda), mas os objetivos foram os mais diferentes: desde um ajuste num motor a um homicídio.
Assim também é a música: ela tanto poderá servir para a glória de Deus, como para outros
objetivos; dependerá de quem a utiliza e de como ela é utilizada.
II. ONDE A MÚSICA SE ENCAIXA NA IGREJA?
Se perguntássemos a um auditório: “para quê Jesus nos salvou?” Alguém poderia responder: “para
desfrutarmos da glória eterna”. “Então, por que ainda estamos aqui neste mundo?”,
perguntaríamos. O que acontece é que nos esquecemos do propósito fundamental para o qual Deus
nos criou: para o louvor da sua glória (Is 43.7; Rm 11.36). No Breve Catecismo de Westminster, a
primeira pergunta é: “Qual o fim principal do homem?” A resposta é: “Glorificar a Deus e gozá-lo
para sempre”. A questão é: como glorificamos a Deus? Segundo o autor reformado John
MacArthur Jr., podemos glorificar a Deus:confessando a Cristo como Senhor; priorizando a Sua
glória como lema de vida; confessando o nosso pecado; confiando nEle; dando frutos; sofrendo por
Ele; estando contentes com o que Ele nos dá; orando; pregando a Palavra; levando outros a Cristo;
mantendo a pureza sexual; mantendo a unidade; louvando-O.
Poderíamos resumir as funções da igreja em apenas três frases:
- Ministramos a Deus com louvor e adoração, de lábios e de coração.
- Ministrarmos uns aos outros com dons e talentos, numa atmosfera de amor.
- Ministrarmos à sociedade com evangelização e serviço, boas novas e boas obras.
A música serve como meio para se atingir cada um desses alvos da igreja. Ela pode ser um
instrumento de adoração a Deus (veja o exemplo do Salmo 96 ou do mavioso hino “Santo, Santo,
Santo!”). De acordo com o maestro Parcival Módolo, a música tem duas tarefas importantes no
culto: a de impressão, que visa a gerar uma atmosfera propícia ao culto, à adoração, à contrição e à
edificação, o que só com o instrumental ela já faz; e a expressão, que é a principal, e tem por
objetivo subsidiar o texto, transmitir uma mensagem. O importante, porém difícil, é encontrar uma
fórmula ideal que combine coerentemente a impressão e a expressão que uma música deve
proporcionar.
A música pode servir de auxílio no exercício de dons espirituais. Um compositor que possui o dom
de exortação poderá compor canções que exortem os crentes a uma vida santa; o que possui o dom
do ensino poderá ensinar doutrina através da música. Por exemplo, o hino “Amor Perene” fala do
amor soberano, salvífico e gracioso de Deus manifestado pela Trindade: o Pai, nos escolhendo
antes da fundação do mundo; o Filho, fazendo a redenção objetiva na cruz do calvário; o Espírito
Santo interiorizando em nosso coração a obra do Pai e do Filho. Depois encerra afirmando a
doutrina da Perseverança dos Santos:
“E sempre me amarás, porque jamais inferno
Ou mundo poderão ao teu querer se opor,
Ao teu decreto, ó Deus, ao teu decreto eterno,
Ao teu amor, ó Pai, ao teu amor superno.
Meu Deus que amor! És sempre e todo amor!”
A música ainda auxilia na evangelização. Quantas pessoas chegaram a Cristo ouvindo uma música!
De vez em quando ouvimos alguém dizer: “estava passando em frente à igreja e entrei para ouvir a
música que estava sendo cantada. De repente, aquelas palavras entraram em meu coração e então
cri no Senhor Jesus e ele me redimiu!”
Um bom exemplo de uma música como meio de evangelização é o hino “Salvação Graciosa”, ou a
canção “Você Pode Ter”, de Sérgio Pimenta, cuja letra afirma que, tendo a pessoa muitos bens ou
sen-do ela pobre, será sempre como folhas ao vento, esperando o momento de cair; só terá alguém
a verdadeira paz, se tiver um encontro com Cristo.
III. TENDÊNCIAS MODERNAS
Não se crê mais em verdades absolutas; o relativismo tomou conta dos principais círculos
acadêmicos do mundo ocidental. Não há setor de nossa sociedade que não tenha sofrido influências
desse sistema: a ciência, a ética, a arte e, como uma subdivisão desta última, a música. Diz Os
Guiness, em sua famosa palestra “Cuidado com a Jibóia!”, que a mo-dernidade (ou “Pós-
modernidade”) é marcada por três fenômenos, pluralização, privatização e secularização.
A)Pluralização: A sociedade atual valoriza a multiplicidade de opções, objetos da escolha humana
que vão desde produtos de consumo a valores éticos e comportamentais. Por exemplo, a
homosexualidade não é vista como uma perversão sexual moral; é apenas uma opção, assim como
o heterossexualismo.
B)Privatização: As pessoas, depois de fazerem sua opção, trancam-se numa espécie de jaula aberta,
onde ninguém tem o direito de interferir em suas decisões, nem de recriminar ou reprovar seu
comportamento. Por isso há tantas campanhas em prol de minorias como os homossexuais.
C)Secularização: Como resultado dos dois fenômenos acima, a sociedade mergulha cada vez mais
num universo de impiedade e indiferença para com as coisas de Deus. A Bíblia não tem crédito
porque não se acredita mais em um padrão objetivo a ser seguido.
O que tudo isso tem a ver com música? Muita coisa. A pluralização fez com que hoje não haja mais
referência do que seja boa música. Aliás, não se fala mais em boa música porque, na concepção
pós-moderna, todas as músicas são boas! “Música boa” é relativo. O importante é você escolher o
seu estilo preferido e não se discute mais nada. Cada um faz sua opção musical e o outro deve
apenas respeitar (privatização).
Por causa da pluralização, igrejas têm adotado costumes nada convencionais a fim de atenderem a
qualquer gosto musical ou estilo de vida. Já existem igrejas para surfistas, onde predomina o
reggae; outras para roqueiros, onde só se toca rock’n roll; igrejas só de homossexuais (“gay
churches”), onde a motivação não é agradar a Deus ou buscar a sua glória, mas a satisfação pessoal
e o “sentir-se bem”. Observe que a impressão que estas músicas causam não está voltada à
majestade gloriosa de Deus, mas a uma atmosfera ligada ao gosto pessoal e deleite dos próprios
membros.
Existem igrejas que realizam até três cultos dominicais, cada um voltado a um tipo diferente de
pessoa. O primeiro é tradicional e utiliza somente hinos como cânticos congregacionais,
freqüentado apenas por idosos. O segundo é de liturgia mais informal, com um longo “período de
louvor”, e é freqüentado por jovens e pessoas de idade mais madura, porém ainda não idosos. O
terceiro culto é completamente “alternativo” e barulhento, fre-qüentado apenas por adolescentes e
alguns jovens. É frustrante ver "três igrejas” dentro da mesma. Quando a pluralização exerce sua
terrível ditadura, torna-se necessário fornecer opções de estilos cúlticos que agradem aos diversos
gostos.
A secularização ganha terreno dentro das igrejas à medida que elas deixam de lado o padrão bíblico
de nos apresentarmos diante de Deus com mãos limpas, sem qualquer associação com o que é
pecaminoso, oferecendo o nosso próprio corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: o culto
racional (Rm 12.1). Em lugar desse padrão, abrem espaço para cultos absolutamente intuitivos
onde se valoriza o que se sente. O apelo emocional faz com que todos passem por verdadeiras
sessões de catarse norteadas pelo hedonismo, enquanto gastam-se até quinze minutos em uma
mesma música que se repete várias vezes numa espécie de lavagem cerebral.
A pregação da palavra, na maioria das igrejas, não contempla o real ensino das Escrituras. O
método de interpretação preferido é o antigo alexandrino, de pura alegoria. Com isso, a pregação
expositiva, que procura expor a mensagem simples e direta do texto, perde seu lugar para uma
alegórica, que é inteiramente subjetiva, não contemplando o real ensino bíblico, acabando por
simplesmente agradar os ouvintes. Isso porque esse tipo de prédica não segue um padrão
homilético que visa à apreensão da mensagem escriturística, mas um massagear dos ouvidos e um
intenso estímulo às emoções através de gritos frenéticos comunicando frases prontas de extremo
impacto. O resultado disso é a superficialidade.
Algumas composições recentes têm acompanhado essa tendência e se revelado igualmente
superficiais em suas respectivas letras. Portanto, na função musical de subsidiar o texto, expressão,
deixam a desejar. Fala-se muito em “poder”, apela-se às emoções, declaram-se coisas, ordena-se,
mas não se fala da pessoa e obra de Cristo, dos atributos de Deus, muito menos das doutrinas da
graça. Parece que os ideais da Reforma, que incluem a necessidade de cantarmos a nossa fé, foram
abandonados. É difícil encontrar profundidade no conhecimento de Deus e de Sua vontade por
meio das letras. Não se fala em mudança de vida, em verdadeiro arrependimento, em obediência,
em fazer a vontade do Pai. O importante é sentir-se bem. Assim caminham as igrejas secularizadas
onde os membros se sentem bem.
Calvino, ainda no século 16, já havia percebido os perigos de secularização oferecidos pelo uso da
música na igreja: “Há sempre a considerar-se que o canto não seja frívolo e leviano; pelo contrário,
tenha peso e majestade, como diz Santo Agostinho. E, assim, haja grande diferença entre música
feita para alegrar os homens à mesa ou em casa e os salmos que se cantam na igreja, na presença de
Deus e de seus anjos.” Aí, sim, a música cumprirá bem o seu dúplice papel de impressão e
expressão no culto.
IV. CRISE DE IDENTIDADE
O processo de secularização vem impingindo sobre a igreja uma verdadeira crise de identidade.
Hoje é possível confundir cultos dominicais com shows onde os popstars desfilam roupas
extravagantes e são utilizados recursos de ponta em iluminação e jogos de luzes coloridas. As
máquinas de fumaça tornam o cenário opaco e acentuam ainda mais as cores vivas dos holofotes. A
impressão que isso causa não é de adoração a Deus, mas de entretenimento e, por que não dizer,
carnalidade.
O volume do som é altíssimo; quase comparado ao ruído que produz uma turbina de avião. Por
quê? Porque as batidas de uma música em alto volume estimulam a produção de adrenalina, um
hormônio que é extremamente estimulante e que encoraja a tomar certas atitudes que não tomaria
em condições normais. É por essa razão que o volume do som numa pista de dança é tão alto.
Agora algumas igrejas compartilham do mesmo princípio que o mundo: precisam de som alto para
que os crentes sejam estimulados e estejam “livres” para adorar ou “liberem o louvor”. E ainda
atribuem essa “liberação” ao Espírito Santo.
Creio que uma frase que ouvi de uma jovem que freqüenta cultos “alternativos”, que mais parecem
uma “festa bate-cabeça”, segundo suas próprias palavras, ilustra bem a crise de identidade da igreja
moderna: “eu acho que o louvor tem que ser assim mesmo, senão ninguém sente vontade de entrar
na igreja para assistir a um culto”. Se o propósito da igreja fosse atrair curiosos e carentes de
diversão, tudo bem; mas a Bíblia nos ensina diferente: “vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio
real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9). Nosso propósito maior é
glorificar a Deus e isso fazemos cultuando com ordem e decência (1Co 14.40) e manifestando a
glória de Deus ao mundo por meio de uma vida santa e da pregação da Palavra (Sl 96.1-3).
Para muitos líderes, é melhor que os jovens dancem, pulem e batam cabeça na igreja do que num
salão de baile. E assim a igreja vai perdendo cada vez mais sua identidade e sua voz profética.
Como condenar o comportamento mundano dos incrédulos, se dentro da igreja se faz o mesmo?
“Somos livres para fazermos o que quisermos”, alegam uns, mas a Palavra de Deus encerra a
questão: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar
ocasião à carne” (Gl 5.13).
V. MÚSICA E ESPIRITUALIDADE
O cristianismo é um só e os mandamentos de Deus são para todos. Mas, a despeito disso, muitos
músicos cristãos têm vivido um cristianismo diferente do que cantam em suas músicas e isso é um
problema sério que deve ser encarado. Quando eu estava começando a ter acesso ao meio artístico
musical cristão, ao fazer parte da 54ª Equipe de Vencedores Por Cristo, ouvi dizer que eu
perceberia atos e hábitos polutos no meio musical, por parte de músicos cristãos. Será que existem
dois cristianismos, um para os músicos e outro para os leigos em música? O cristianismo para os
músicos seria mais complacente e, para os leigos, mais severo? É claro que não!
Algumas conseqüências seguem os músicos que não primam por uma vida limpa. Primeiro, diante
de Deus, sua música não faz sentido, pois Deus vê o coração; todas as nossas motivações e
intimidades estão perante Ele como um livro aberto. Segundo, diante do público, sua imagem fica
manchada, pois, mais cedo ou mais tarde, o que está oculto por trás de palavras bonitas, lindíssimas
metáforas, melodias magníficas e acordes geniais, é descoberto ou evidenciado num deslize
inevitável. Terceiro, falta autoridade em quem fala e canta mas não vive o que diz. Foi talvez
pensando nisso que o saudoso Sérgio Pimenta escreveu e cantou: “As palavras não dizem tudo,
mesmo que o tudo seja fácil de dizer; com certeza, fala bem melhor o mudo, se sua atitude
manifesta o que crê”.
Vivemos dias difíceis. Parece que não está na moda falar em vida com Deus para se lidar com
música na igreja ou em outros locais, mas o cristianismo é o mesmo de 20 séculos atrás. As
palavras de Paulo ecoam hoje: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo
digno da vocação a que fostes chamados…” (Ef 4.1). Sempre que participo de algum seminário de
música, alguém lê Efésios 5.19: “falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao
Senhor com hinos e cânticos espirituais”. No entanto, nunca vi alguém fazer uma conexão com o
contexto próximo anterior, como Efésios 4.24: “e vos revistais do novo homem, criado segundo
Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade”. Para Paulo, revestir-se do novo homem em
justiça e retidão é cumprir as ordens expressas de Efésios 4.25-5.5: deixar a mentira, a ira
descontrolada, o furto, as palavras torpes, a amargura e as paixões sexuais desenfreadas. Em seus
respectivos lugares devem entrar: a verdade, o autocontrole, o trabalho honesto, a linguagem que
edifica, o amor que perdoa e as ações de graças. Isso é espiritualidade!
É extremamente árduo preparar-se musicalmente para fazer um trabalho musical de alto nível,
porém, o mais difícil é preparar-se como músico servo de Deus. É preciso muita oração, leitura da
Palavra, leitura de bons livros, acompanhamento pastoral e aproveitamento dos momentos de
aprendizado na sua própria igreja, pois o músico cristão precisa renovar sempre sua mente, a fim de
ter o que dizer e mostrar aos que o ouvem. Como seria bom se, ao invés de ouvir falar que muitos
músicos cristãos exibem costumes e hábitos antiéticos, ouvíssemos alguém dizer: “é
impressionante como os músicos cristãos têm se comprometido em unir música com
espiritualidade”.
CONCLUSÃO
Eis a grande problemática litúrgica enfrentada pela igreja: precisamos encontrar o equilíbrio que
envolve o uso da música “com arte e com júbilo” (Sl 33.3): impressão; e, ao mesmo tempo, com a
devida expressão (“cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente”, 1 Co 14.15),
concentrando-nos nas letras e harmonizando-as com melodias coerentes com a mensagem cantada
e que para ela apontem. Lembremos-nos de que a adoração em espírito e em verdade (Jo 4.23)
envolve uma apresentação tanto entusiástica diante do Senhor, com espírito adorador, quanto
embasada na verdade da sua Palavra, que contrasta com tudo o que é falso.
E que Deus seja servido em despertar na igreja músicos que levem a sério a busca por uma
musicalidade que alie arte e espiritualidade, sem perder a identidade, para a honra, glória e louvor
do nosso Deus Altíssimo. Soli Deo gloria.
Autor: Rev. Charles Melo de Oliveira, presidente do Conselho de Hinologia, Hinódia e Música da
IPB
Fonte: Portal IPB (data 08.11.2007)- www.ipb.org.br
PESQUISA 05
http://www.luz.eti.br/es_amusicanaigreja.html
Os Instrumentos
Por si só nenhum instrumento musical traz em si qualquer mau. Os problemas começam com a
simbologia à qual o instrumento está ligado. Por exemplo, o atabaque está ligado diretamente a
cultos satânicos africanos, logo seu uso em um culto a Deus trará em si uma carga totalmente
indesejável. Devemos nos ater ao uso de instrumentos que não tragam, dentro da cultura local,
indicação de uso que afronte a Deus, como a idolatria, o satanismo, o paganismo, etc.. E devemos
utilizá-los como meio de nos aproximarmos de Deus com reverência e piedade:
"Por isso, tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual
sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e piedade;" (Hebreus 12:28 ACF)
Sem leviandade:
"E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário e puseram neles fogo, e
colocaram incenso sobre ele, e ofereceram fogo estranho perante o SENHOR, o que não lhes
ordenara. (2) Então saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o
SENHOR. (3) E disse Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR falou, dizendo: Serei santificado
naqueles que se chegarem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão calou-se."
(Levítico 10:1-3 ACF)
E sem carnalidade:
"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.
(32) Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de
Deus." (I Coríntios 10:31-32 ACF)
A dança
Na Palavra de Deus há referências a danças folclóricas puras e inocentes:
"Então disseram: Eis que de ano em ano há solenidade do SENHOR em Siló, que se celebra para o
norte de Betel do lado do nascente do sol, pelo caminho alto que sobe de Betel a Siquém, e para o
sul de Lebona... (21) E olhai, e eis aí as filhas de Siló a dançar em rodas, saí vós das vinhas, e
arrebatai cada um sua mulher das filhas de Siló, e ide-vos à terra de Benjamim... (23) E os filhos de
Benjamim o fizeram assim, e levaram mulheres conforme ao número deles, das que arrebataram
das rodas que dançavam; e foram-se, e voltaram à sua herança, e reedificaram as cidades, e
habitaram nelas." (Juizes 21:19,21,23 ACF)
Bem como também há referências a danças sensuais e carnais:
"E aconteceu que, chegando Moisés ao arraial, e vendo o bezerro e as danças, acendeu-se-lhe o
furor, e arremessou as tábuas das suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte;" (Êxodo 32:19 ACF)
Mas, em cada caso os seus efeitos e conseqüências estão claramente apresentados.
Vemos também em ocasião única e sem qualquer conotação de mandamento ou indicação de que
deva ser imitada, Davi sendo retratado a saltar diante do Senhor:
"E Davi saltava com todas as suas forças diante do SENHOR; e estava Davi cingido de um éfode
de linho." (II Samuel 6:14 ACF)
Comparemos com:
"E Davi ia vestido de um manto de linho fino, como também todos os levitas que levavam a arca, e
os cantores, e Quenanias, mestre dos cantores; também Davi levava sobre si um éfode de linho...
(29) E sucedeu que, chegando a arca da aliança do SENHOR à cidade de Davi, Mical, a filha de
Saul, olhou de uma janela, e, vendo a Davi dançar e tocar, o desprezou no seu coração." (I Crônicas
15:27,29 ACF)
Contudo, independente de qualquer outra avaliação, em momento algum Davi realizou dança com
conotação sensual ou carnal, como muitas que podem ser vistas em algumas Igrejas tidas como
"modernas".
"Louvai ao SENHOR. Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento do seu poder. (2)
Louvai-o pelos seus atos poderosos; louvai-o conforme a excelência da sua grandeza. (3) Louvai-o
com o som de trombeta; louvai-o com o saltério e a harpa. (4) Louvai-o com o tamborim e a dança,
louvai-o com instrumentos de cordas e com órgãos." (Salmo 150:1-4 ACF)
Nesta passagem temos que a palavra traduzida aqui por dança, pode também significar flauta (ver
tradução Almeida Revista e Corrigida), o que parece fazer sentido em meio a tantos outros
instrumentos. Contudo, mesmo com o significando de dança, não é de modo algum dança sensual
ou carnal, mas pura e inocente como uma dança de roda.
1. Sua melodia fala ao nosso espírito, nos eleva, como o hino 1 do Cantor Cristão2? Ou nos
traz à mente coisas que não estão ligadas a Deus, como é o caso das músicas mundanas com
letras trocadas cantadas em algumas igrejas?
2. Seu ritmo não deve dar margem a danças sensuais ou carnais. A forma de saber é imaginar
se o ritmo da música poderia levar alguma pessoa a ficar tentada a balancear seus quadris,
da mesma forma que ritmos como o samba ou o rock poderiam fazer:
"Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em
verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. (24) Deus é Espírito, e importa que os
que o adoram o adorem em espírito e em verdade." (João 4:23-24 ACF)
3. A letra da música fala da sã doutrina cristã de forma plena, como é o caso da letra do hino 9
do Cantor Cristão3, ou traz em si heresias? Pois, se houver heresias não devemos cantá-la:
"Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o
poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a
glória e poder para todo o sempre. Amém." (I Pedro 4:11 ACF)
4. Existe a menor dúvida quanto à música? Se sim, não devemos cantá-la:
"Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si
mesmo naquilo que aprova. (23) Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque não
come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado." (Romanos 14:22-23 ACF)
5. Se houver qualquer possibilidade da música ser pedra de tropeço para alguém, não devemos
cantá-la:
"Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou
se escandalize, ou se enfraqueça". (Romanos 14:21 ACF)
"Por isso, se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão
não se escandalize." (I Coríntios 8:13 ACF)
Conclusão
"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus."
(I Coríntios 10:31 ACF)
"E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens"
(Colossenses 3:23 ACF)
"Abstende-vos de toda a aparência do mal." (I Tessalonicenses 5:22 ACF)
"A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e
admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com
graça em vosso coração. (17) E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do
Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai." (Colossenses 3:16-17 ACF)
1 Todos os textos bíblicos citados neste estudo foram extraídos da tradução de João Ferreira de
Almeida - Corrigida e Revisada Fiel ao Texto Original (ACF), editada pela Sociedade Bíblica
Trinitariana do Brasil, exceto quando houver sido especificado em contrário.
2 Hino intitulado "Antífona". Em sua primeira estrofe traz: "A Ti, ó Deus, fiel e bom Senhor,
Eterno Pai, supremo Benfeitor, Nós, os teus servos, vimos dar louvor, Aleluia! Aleluia!"
3 Hino intitulado "Santo". Em sua primeira estrofe traz: "Santo! Santo! Santo! Deus onipotente!
Cedo de manhã cantaremos teu louvor. Santo! Santo! Santo! Deus Jeová triúno! És um só Deus,
excelso Criador"
[1]
Não é apenas a mídia que está usando a palavra show para se referir a alguns cultos. Nós mesmos
usamos esse termo em nosso meio. Uma de nossas revistas chama-se Show da Fé. As missas celebradas
pelo padre Marcelo Rossi são usualmente denominadas de “showmissas”.
As palavras culto e show não combinam, a não ser que lhes demos significados modernos. O dicionário
Aurélio define show como “um espetáculo de teatro, rádio, televisão etc., geralmente de grande
montagem, que se destina à diversão, e com a atuação de vários artistas de larga popularidade, ou às
vezes de um só”. Ora, nessa definição, nada combina com o significado de culto, que o mesmo
dicionarista diz ser “adoração ou homenagem à divindade em qualquer de suas formas, e em qualquer
religião”. “A igreja existe, não para oferecer entretenimento, encorajar vulnerabilidade, melhorar auto-
estima ou facilitar amizades, mas para adorar a Deus. Se falharmos nisso”, conclui Philip Yancey, “a igreja
fracassa” (Igreja: Por Que me Importar, p. 25)
Outro dia, Silas Tostes, um dos organizadores do 4º Congresso Brasileiro de Missões, mostrou-se
inseguro quanto ao número de participantes, por ser um congresso de missões e não um show de música
gospel.
De fato, em muitas igrejas, o tempo destinado à exposição da Palavra é cada vez menor e o tempo
reservado aos cânticos é cada vez maior. Em alguns cultos já não há lugar para o antigo sermão, nem
para algum substituto dele. Assim como há geléia light, maionese light e pão light, temos o culto light
(leve, ligeiro, alegre, jocoso etc.). Embora a música de adoração seja de suma importância e de
fundamento bíblico (basta recordar o desempenho dos cantores e instrumentistas levitas), o papel da
música religiosa hoje em dia não implica, obrigatoriamente, uma elevação da qualidade dos adoradores e
do culto. A decadência do culto transformado em show leva obrigatoriamente a outros absurdos: certo
“levita” explicou que o ministro de música (no caso, o tal artista de larga popularidade, da definição do
Aurélio) “deve andar de carro novo e vestir-se elegantemente porque, afinal de contas, tem a
responsabilidade de conduzir o povo ao trono de Deus em adoração”.
Por ocasião do avivamento acontecido em Jerusalém sob a liderança de Esdras e Neemias, logo após o
retorno dos exilados, gastavam-se três horas para a leitura da Lei do Senhor e mais três horas para a
confissão de pecados e adoração (Ne 9.1-5)
Antigamente, por exemplo, apenas a filosofia e a teologia lidavam com o tema da espiritualidade. Hoje, a
espiritualidade tem um alcance bem maior. A neurobiologia, a medicina, a psicologia, a sociologia e até a
economia estão se valendo dela. Descoberto o valor emocional da oração, muitos passaram a recomen-
dar a prece como instrumento de tranqüilidade, segurança, sucesso profissional, cura e enriquecimento.
Antes mais ou menos rivais, agora a medicina se associa à religião em busca de cura, a ponto de os mé-
dicos recomendarem: “Faça sempre uma oração ao tomar o seu medicamento”.
Todavia, se há uma influência da religião na sociedade, a influência da sociedade sobre a religião é muito
maior, como o leitor poderá ver na matéria de capa desta edição de Ultimato: transformações de ontem e
de hoje roubam a beleza e a autoridade da igreja. Está acontecendo um casamento misto entre a igreja e
a sociedade divorciada de Deus, tal qual o de Salomão com a filha do faraó do Egito (1 Rs 3.1) e com
muitas outras mulheres estrangeiras (1 Rs 11.1), o que o levou a construir altares para os deuses delas
em Jerusalém, a única capital monoteísta do mundo de então (1 Rs 11.7-8).
À vista desse estranho conluio, é fácil chegar à conclusão de que o que ocorre hoje é a secularização do
sagrado e a espiritualização do secular. Nós exportamos o que temos de mais precioso e importamos o
que não tem valor algum. Em outras palavras, o secular assume alguma coisa do sagrado e o sagrado
assume alguma coisa do secular.
Esse estranho fenômeno está provocando o congelamento da água quente e o aquecimento da água fria,
em favor da globalização da água nem quente, nem fria, mas morna. É um filme muito antigo, rodado
em Laodicéia, na Ásia Menor, na segunda metade do primeiro século da era cristã. Nele o Senhor explica
ao pastor daquela comunidade: “Assim, porque você é morno, não é frio nem quente, estou a ponto de
vomitá-lo da minha boca” (Ap 3.16).
TEXTO PR.AGUIAR
A Igreja precisa passar por uma total reforma. Antes de indicar ao mundo o caminho, a Igreja deve
reencontrar o seu. Um estudioso da Universidade de Fuller, Califórnia, disse que "quando a frieza e o
mundanismo, junto com o comodismo, começam a penetrar na Igreja, Deus sempre levantará um
LUTERO". Precisamos de pregadores que clamem como o profeta Habacuque – AVIVA, SENHOR, A TUA OBRA.
Precisamos de pregadores como Wesley. Precisamos dizer de novo: "Dá-me homens que nada temam a não
ser o pecado, e eu mudarei o mundo". É preciso deixar de lado o modernismo teológico, a teologia
dogmática, estática, e partir para o pragmatismo bíblico. A ausência disto tem gerado este aborto
teológico chamado teologia da prosperidade, cai-cai, entre outras teologias em vigência nestes dias. Uma
revolução de santidade geraria: púlpitos santos, pastores santos, diáconos santos, professores santos,
membros santos, bem como filhos santos. Uma revolução de santidade geraria uma igreja que sai de si e
de dentro de si. E enviaria homens como Silas e Paulo. Uma revolução de santidade geraria família com
valores bíblicos, tais como: o marido como cabeça do lar; a mulher saberia o seu papel de mãe; os filhos
saberiam obedecer aos pais no Senhor. Esta é a hora. Que Deus nos ajude!
TEXTO PR.AGUIAR
É fato que desejamos um profundo despertamento religioso. Ninguém pode chamar esta geração de
indiferente. Há insatisfação! Estão buscando algo! Querem luz. Atrás da contestação há corações com
fome! Precisamos falar de Cristo, não de credos. Da cruz, não de costumes. Da esperança, não do eu. Da
fé, não da filosofia. Falemos de Cristo!
Isto explica a má porque o critério na escolha do repertório feito pelos ministérios ou grupos
de louvor foca qual música vai alegrar mais o povo ou qual música criará um
sentimentalismo na igreja, quando deveria priorizar que Deus quer ouvir do seu povo hoje.
?
Como se isso não bastasse ainda temos muitas vezes os desleixes nos ensaios sob a bandeira
-- é pra Deus! ele se importa com a sinceridade do coração! sem contar que frequentemente
não temos o devido compromisso com a letra que entoamos. O mercado evangélico se
tornou muito lucrativo (música S/A) produzindo letras que vendem e defasando a qualidade
da mesma. Aqueles que selecionam os cânticos nas igrejas devem tomar o cuidado de se
perguntarem -- o que vamos cantar? Não podemos selecionar os cânticos pelo ritmo, por vir
acompanhado de palmas ou choro ou muito menos rifa-los devido a falta de tempo para
ensaiar, devemos selecionar os cânticos de baixo de oração, contendo letras que façam
apologia ao Senhor e principalmente estar certo de que ele queira ouvir tais cânticos neste
culto, pois os louvores são dirigidos a ele e pra mais ninguém.
Adoração ou show traz um fórum sobre seis proeminentes estilos de adoração e suas respectivas apresentações,
críticas e defesas:
Litúrgica formal
Tradicional com hinos
Contemporânea
Carismática
Combinada
Emergente
Este formato único de debate teológico permite que o leitor compreenda as várias abordagens, avalie os pontos fortes e
fracos de cada uma, compare as diferentes perspectivas e chegue a suas próprias conclusões sobre esse tema
palpitante.
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A MÚSICA NA ADORAÇÃO
A Música é uma das muitas maravilhas que Deus, o Criador de todas as coisas, nos permitiu conhecer. Em
Sua soberania, aprouve ao Senhor dar aos homens a capacidade de desenvolver novos sons e novas me-
lodias. Nestes termos, cada raça, região ou país expressa-se através de uma linguagem musical que, curio-
samente, pode ser apreciada pelas demais raças e nações. Assim sendo, temos o direito de não gostar,
mas também temos o dever de respeitar por tratar-se de um símbolo universal e cultural de expressão.
No meio evangélico, entretanto, parece que a utilização e o desenvolvimento da Música, como um dos mei-
os de adoração ao Senhor ou como meio de evangelização, tem sido motivo de polêmica, radicalização e
polarização, principalmente no que tange à modernização.
Alguns mais afoitos e exaltados, apressam-se a execrar certos ritmos, procurando descobrir em suas ori-
gens, ligações demoníacas. O próximo passo, então, é a generalização, abominando tudo o que "novo"
como sendo uma ameaça aos melhores padrões cristãos. De outro lado, estão os que não menos radicais,
desejam "implodir" o nosso passado musical. "Mordidos" por uma xenofobia absurda, tentando implantar
"no peito e na raça" suas idéias, mas sem o ingrediente principal que mantém o Corpo de Cristo unido: o
amor (1 Co 13).
Nestas horas é que muitos pensam: ¾ "Que confusão! Quem afinal está com a razão? Por que Deus não
nos deixou uma Bíblia Musical, com todas as notinhas que determinassem qual é a música do céu e a do
inferno, juntamente com uma relação de instrumentos sacros e outra de profanos?"
Arrisco-me a sugerir que o Senhor não nos deixou a tal Bíblia Musical, justamente para que de todas as
raças, povos, tribos e nações surgissem louvores sinceros, exaltação verdadeiras, todas impregnadas de
criatividade cultural, peculiar a cada região do planeta. O Senhor quer a adoração que traduza o sentimento
e a decisão do mais profundo de nosso ser, feita em Espírito e em Verdade.
Como agimos, então? Não há parâmetros para a música como meio de adoração? Claro que há! Se Deus
não nos deixou uma Bíblia Musical, é porque nossa informação e parâmetro virão da carta que Ele nos dei-
xou: A BÍBLIA SAGRADA.
Há tanto o que aprender com a música e a adoração no Velho e Novo Testamento (mesmo sem notas mu-
sicais). Posso destacar que a música é encontrada desde o Gênesis, sendo que percebemos, com a pro-
gressão da revelação de Deus, que a música e os músicos vão se organizando. O número de instrumentos
relacionados é crescente. Não estagna, nem decresce. Até o ponto do salmista declarar explosivamente
"todo ser que respira, louve ao Senhor", exatamente após uma das maiores relações de instrumentos de
sua época.
A base para o nosso louvor e adoração está na Bíblia, no entanto, aprendemos sobre a música, como veí-
culo deste louvor, através de toda História da Igreja Cristã.
Destacamos a música na época das perseguições, onde o louvor era levantado em meio às dentadas dos
famintos leões das arenas romanas. Aprendemos também com a música anterior à Reforma, executada,
principalmente pelo clero (destacando-se o canto Gregoriano); a popularização musical incentivada por
Lutero, que foi buscar na cultura secular subsídios para suas composições sob o princípio de que "não se
deve deixar que o diabo tenha todas as boas melodias".
Aprendemos com o progresso da música erudita, com a música européia e americana. Vibramos com a
música trazida pelos primeiros missionários chegados ao Brasil e com a confecção dos cancioneiros evan-
gélicos.
Todo este processo de aprendizagem, ocorrido na História da Igreja tem duas características:
a. É um processo acumulativo, ou seja, o conhecimento anterior é básico para o que vem adiante.
b. É um processo aberto para o novo, que sempre retira da modernização (novos estilos, instrumen-
tos, harmonias, etc.) o que há de melhor, pois o nosso Deus não merece menos que isso. Um e-
xemplo positivo disto foi Martinho Lutero.
Como podemos ver, a música é uma arte que não envelheceu, justamente porque não anula o seu passa-
do, que é a base para o seu futuro. Ao mesmo tempo, é sempre atual, pois retrata o conhecimento, as ten-
dências e a cultura do seu tempo, numa reciclagem permanente.
Qual deve ser o nosso posicionamento como membros do Corpo de Cristo e filhos de um mesmo Pai? Pre-
cisamos fazer uma auto-avaliação para que verifiquemos se há radicalismos em nosso meio, seja pró-
modernização, seja pró-estilo do passado, pois não há base bíblica para nenhum deles. A base de todo
radicalismo não é, positivamente, o amor, que é o vínculo da perfeição e muito menos a paz de Cristo que
deve ser o árbitro nos corações (Cl 3:12-17).
Devemos, então, exercitar uma flexibilidade bilateral, baseada no amor, onde não apenas o jovem ceda,
para evitar discussões desagradáveis e divisão na Igreja, mas onde também os mais velhos compreendam
o desejo dos jovens em traduzir o seu louvor em sons que caracterizem os dias de hoje, sempre utillizando
tudo o que temos de bom do passado e do presente. Afinal, não temos um Deus que aceita o louvor dos
mais velhos e outro Deus que aceita o louvor dos jovens. Nosso Deus é um, e Ele quer que nós, como Igre-
ja, busquemos ardentemente, viver em unidade e amor para o louvor da Sua Glória (Ef 1:12; 4:1-3; Fp 4:2-
5; Jo 17:20-21).
1. Qualidade do dirigente
a. Dirigir o louvor é um ministério específico. Nem todos têm esta habilidade. Em geral, alguns pasto-
res não têm esta capacidade específica. Sendo assim, eles deveriam encontrar alguém na congre-
gação, que possua este dom e deixarem a liderança desta área com esta pessoa.
b. Ser um adorador. É necessário que alguém que leve outros à adoração tenha anteriormente exerci-
do a prática da adoração em toso os seus requisitos. Sua vida pessoal deve ser coerente com o que
ele fala e prega nos momentos de louvor congregacional.
c. Maturidade espiritual. É preciso ser uma pessoa equilibrada emocional e espiritualmente. Tenha
uma vida comprometida com Deus, mantendo a leitura da Bíblia e a oração práticas regulares em
sua vida. A sua comunhão com Deus, o ajudará a discernir o que o Espírito Santo quer que ele
transmita à congregação. Ele deve ser um exortador, alguém que possa motivar e animar os cren-
tes.
d. Humildade genuína. Um bom dirigente sempre busca "esconder-se atrás da cruz". O centro do lou-
vor é Cristo. Ao invés de focalizar a atenção das pessoas em si mesmo, o dirigente do louvor deve
sempre buscar focalizar a atenção na pessoa de Cristo.
e. Preparação em oração. Antes do culto, o dirigente deve passar algum tempo sozinho em oração.
Durante a semana deve estar em oração, para receber a orientação do Espírito Santo sobre qual
tema abordar no louvor.
2. Preparando o louvor
a. Se possível, entrar em contato com o pregador para verificar o tema da pregação. Ex.: Ansiedade,
Graça de Deus, Perdão, etc.
b. Decidir se o louvor terá como tema o mesmo assunto da pregação ou outro tema paralelo.
c. Escolher as músicas de acordo com o tema pré-estabelecido. Num tempo de aproximadamente 30
minutos de louvor não colocar mais do que duas músicas desconhecidas. Variar os tipos de músi-
cas. Usar salmos, hinos e cânticos.
d. Dosar músicas lentas e rápidas.
e. Se possível, abrir espaço para compartilhar e orar.
f. Não confundir ministração com pregação. Fale pouco.
g. Dirigir o louvor, é como se fossemos um guia turístico. Levamos o povo a experimentar o gozo da
ante-sala dos céus. É preciso levar o povo a meditar sobre as letras das músicas. Enfatizar que o
louvor não se limita a um tempo de música, mas sim, a um estilo de vida diário.
h. Louvor sem unidade não existe. Devemos toma cuidado com a maneira de conduzir o louvor, de
acordo com a igreja e com o público presente.
i. Ensine todas as maneiras e formas de expressão que a Bíblia nos autoriza usar. Não manipule o
povo à alguma delas.
Fim