Vous êtes sur la page 1sur 69

CADERNO DE ESTUDO

POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE


FICHA CATALOGRÁFICA

I59   Instituto Brasileiro de Administração Municipal

Caderno de estudo: política nacional de meio ambiente. / IBAM. – Rio de Janeiro:


IBAM, 2016.

69 p. : il. color.

(Série Programa de qualificação gestão ambiental)

Inclui Referências

1. Meio ambiente. 2. Política ambiental.  I. Instituto Brasileiro de Administração


Municipal. II. Título. III. Série.

CDU 32:502

2 | Página
INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL – IBAM

Superintendência Geral Paulo Timm

Coordenação Geral do PQGA Tereza Cristina Barwick Baratta

Coordenação da Capacitação Hélio Beiroz Imbrosio da Silva


Magnes Grael Silveira Maynard do Lago
Suzana dos Santos Barbosa
Tito Ricardo de Almeida Tortori

Supervisão Pedagógica Anna Maria Fontes Ribeiro


Dora Apelbaum

Consultoria Técnica Octávio da Costa Gomes Neto

Conteudistas Andrea Pitanguy de Romani


Bruna Roque Loureiro
Hélio Beiroz Imbrosio da Silva
Georgia Moutella Jordão
Iara Ferrugem Velasques
Iara Verocai
Jean Marc Weinberg Sasson
João Vicente Lagüéns
José Augusto Sapienza Ramos
Júlio César Gonçalves da Silva
Karin Schipper Segala
Leene Marques de Oliveira
Luis Mauro Sampaio Magalhães
Marcos Flávio R. Gonçalves
Nathália da Silva Braga
Paula Bernasconi
Rosan Valter Fernandes
Suzana dos Santos Barbosa

Desenho Instrucional Afrent Soluções Educacionais

Normalização Bibliográfica Cinthia Pestana

3 | Página
Sumário

APRESENTAÇÃO...........................................................................7

1.  BREVE HISTÓRICO DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DA


GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL..............................................9
1.1 Brasil Colônia: Temos Recursos para Dar e Vender!.......................................... 9
1.2 Brasil Império: O Progresso Chegou com a Independência............................ 10
1.3. Brasil República: Queremos um Brasil Moderno! .......................................... 11

2.  ESTRUTURA E DIRETRIZES DO SISNAMA


(SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE)........................18
2.1. CONAMA.................................................................................................................. 20
2.2. IBAMA e ICMBio.................................................................................................... 22
2.3. O Papel dos Municípios na Gestão Ambiental Local........................................ 23
2.4. SISMUMA (Sistema Municipal de Meio Ambiente)......................................... 25

3.  POLÍTICAS NACIONAIS DE MEIO AMBIENTE.................31


3.1.  Recursos Hídricos ................................................................................................ 32
3.2. Florestas ................................................................................................................. 34
3.3.  Clima (2009)............................................................................................................. 36
3.4.  Resíduos Sólidos (2010)........................................................................................ 40

4.  INSTRUMENTOS DE POLÍTICA E GESTÃO AMBIENTAL.43


4.1 Padrões de Qualidade Ambiental e Cadastro Técnico de Atividades ........... 44
4.2 Controle, Avaliação e Recuperação Ambiental.................................................. 48

4 | Página
4.3 Planejamento, Monitoramento e Proteção Socioambiental............................ 49
4.4 Incentivos Financeiros ........................................................................................... 54
4.5 Mudança de Cultura ............................................................................................... 55

CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................58

ANEXO I........................................................................................59

REFERÊNCIAS..............................................................................61

LEGISLAÇÃO CORRELACIONADA............................................64

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR............................................68

5 | Página
Política Nacional de Meio Ambiente
APRESENTAÇÃO
“Estamos diante de um momento orientar e regular o uso dos recursos naturais.
crítico na história da Terra, numa
época em que a humanidade deve Na unidade 01, (um) será feito um breve his-
escolher o seu futuro. À medida que tórico sobre a evolução no entendimento dos
o mundo torna-se cada vez mais in- recursos naturais como um bem estratégico
terdependente e frágil, o futuro en- para o Brasil e sobre como o país se organizou
frenta, ao mesmo tempo, grandes para gerir de forma sustentável seu patrimônio
perigos e grandes promessas. Para socioambiental.
seguir adiante, devemos reconhe-
cer que, no meio da uma magnífica Na unidade 02 (dois), serão abordados os sis-
diversidade de culturas e formas de temas SISNAMA (Sistema Nacional de Meio
vida, somos uma família humana Ambiente), responsável por organizar, produ-
e uma comunidade terrestre com zir e desdobrar as ações e políticas ambien-
um destino comum. Devemos so- tais nas instituições das respectivas esferas
mar forças para gerar uma socie- públicas da administração (municipal, estadu-
dade sustentável global baseada al e federal), e o SNUC (Sistema Nacional de
no respeito pela natureza, nos di- Unidades de Conservação), responsável por
reitos humanos universais, na jus- classificar, definir e gerir os usos do solo nas
tiça econômica e numa cultura da unidades de conservação brasileiras.
paz. Para chegar a este propósito,
é imperativo que nós, os povos da Na unidade 03 (três), serão destacadas as po-
Terra, declaremos nossa respon- líticas desenhadas para o clima, para os recur-
sabilidade uns para com os outros, sos hídricos, para os resíduos sólidos e para
com a grande comunidade da vida, os ambientes florestais. Será apresentado o
e com as futuras gerações.” contexto histórico do desenvolvimento de cada
política bem como seus pontos mais relevantes
Preâmbulo da Carta da Terra (2000). e suas diretrizes.

Por fim, na unidade 04 (quatro), os instrumen-


Por mais que a noção de sistema seja hoje tos de controle e monitoramento da gestão
em dia recorrente para apresentar a relação ambiental serão apresentados. De diferentes
entre sociedade e natureza, no Brasil, a dis- naturezas, essas ferramentas auxiliam as ins-
cussão e as primeiras tentativas de formalizar tituições competentes na implementação, no
a preservação do patrimônio natural são re- alinhamento e na fiscalização das ações am-
lativamente recentes. Houve algumas políti- bientais definidas nas diferentes esferas admi-
cas de proteção do ecossistema florestal na nistrativas de governo.
década de 1930, mas somente nos anos de
1970, pós-conferência de Estocolmo (1972), Para sermos cidadãos críticos e engajados na
que o país começou a desenhar um projeto agenda da sustentabilidade, faz-se fundamen-
de diretrizes ambientais orientadas para o de- tal entender a trajetória ambiental brasileira.
senvolvimento sustentável. É preciso conhecer as instituições, suas res-
ponsabilidades e atribuições assim como os
Os objetivos deste curso são apresentar o pro- instrumentos de que dispomos para proteger
cesso político e histórico que desencadeou a o meio ambiente e solucionar os problemas
atual organização político-administrativa do ambientais. Homem e meio são elementos
Governo Federal com relação à temática am- interdependentes e devem ser entendidos de
biental bem como apresentar aspectos rele- forma integrada.
vantes na legislação vigente, responsável por

7 | Página
1. Breve histórico da
institucionalização
da gestão
ambiental no Brasil

8 | Página
holística, ou seja, integrada e preocupada com
1.  BREVE HISTÓRICO DA as gerações futuras.

INSTITUCIONALIZAÇÃO Um breve histórico vai nos ajudar a compreen-


der a complexidade desse processo.
DA GESTÃO AMBIENTAL
NO BRASIL 1.1 Brasil Colônia: Temos Recursos
para Dar e Vender!
As atuais ferramentas para a gestão ambien-
tal no Brasil são produtos de um processo de Durante o período colonial, a economia era ba-
transformação socioeconômica e política que seada na exploração desenfreada de recursos
remete ao período colonial. florestais, madeireiros e minerais. Em função
da abundância e da existência de demanda por
Do século XVI até quase metade do século parte da metrópole Portugal e de mercados in-
XX, o Brasil foi considerado como uma fonte ternacionais, o extrativismo era feito sem preo-
inesgotável de recursos. A dominação por- cupação com o futuro da colônia.
tuguesa, os ciclos econômicos baseados na
extração de recursos naturais e no esgota- O pau-brasil presente no litoral brasilei-
mento do solo e as posteriores políticas de ro foi retirado tanto sob ordens da Coroa
crescimento econômico (1945 a 1980) pres- Portuguesa quanto de forma ilegal por piratas
sionaram os biomas que hoje configuram as franceses. A grande devastação da época e
paisagens brasileiras. os posteriores ciclos da cana-de-açúcar e do
café deixaram as suas marcas na paisagem. A
Foi só no século XXI, de forma contunden- monocultura extensiva em áreas desmatadas
te em meados dos anos 80, que essa visão por meio de queimadas e processos primiti-
de curto prazo foi substituída por uma visão vos causou a perda da produtividade do solo

9 | Página
e a desertificação de grandes áreas no bioma
Mata Atlântica.

Embora as Ordenações Manuelinas e


Filipinas estabelecessem limites à utilização
dos recursos florestais, à caça e à pesca,
esses regulamentos vigiavam com força re-
lativa o território da colônia, sendo comple-
mentadas e implementadas pelos governos
locais somente no sentido de proteger os in-
teresses da Metrópole.

A Mata Atlântica se estende por mais da me-


tade do nosso litoral, e hoje, em função dos
usos pretéritos, é o ecossistema mais devas-
tado do Brasil.

Saiba Mais!
Ainda no período colonial, destaca-se a
atuação de vanguarda de José Bonifácio
no que diz respeito à valorização do meio
ambiente e ao entendimento de sua cen-
tralidade para o desenvolvimento da so-
ciedade. O Patriarca da Independência,
em 1802, formalizou as primeiras instru- Página de rosto da edição princeps do Código Filipino
ções para reflorestar a costa brasileira. ou Ordenações Filipinas, de 1603 (Wikipedia, 2014)
Disponível no link <https://upload.wikimedia.org/
Já o regente D. João VI criou, em 1808, wikipedia/commons/f/f8/C%C3%B3digo_Filipino_
o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A (Ordena%C3%A7%C3%B5es_Filipinas).JPG>
área tinha como objetivo aclimatar es-
pécies e incentivar estudos na área da
botânica. O regente instituiu, em 9 de
agosto de1817, − em função da diminui- 1.2 Brasil Império: O Progresso
ção do volume de água na cidade do Rio Chegou com a Independência
de Janeiro associada ao desmatamen-
to − um decreto que proibia o corte de Após a Independência, em 1822, tanto o go-
árvores nas áreas circundantes do rio verno imperial quanto, mais tarde, a República
Carioca no Rio de Janeiro. preocuparam-se em consolidar a dominação
sobre o vasto território nacional.

A interiorização da ocupação continuou através


da expansão da rede de infraestrutura viária
(pontes, estradas, ferrovias) para o interior. O
meio ambiente era visto como um pano de fun-
do das atividades comerciais do país e a legis-
lação avançava somente quando os objetivos
econômicos do Império eram ameaçados.

10 | Página
Em 1850, foi lançado o primeiro Código 1934  ► o Código de Águas, o
Criminal que tipificou o crime de corte ilegal Código da Mineração e o primeiro
da madeira e a Lei nº 601, que discriminou a Código Florestal
ocupação do solo no que se refere a desma-
tamentos e incêndios criminosos. À época, a 1937  ►  a Lei de proteção do patri-
principal receita do país era a agricultura volta- mônio histórico e artístico nacional
da para a exportação. O açúcar, o algodão e o
café, cultivados em grandes latifúndios, eram 1938  ►  o Código da Pesca
os principais produtos exportados.
1943  ►  o Código da Caça (prote-
Atenção! ção da fauna)

As primeiras indústrias surgiram ainda


nesse período. Concentradas no sudeste, Nesse período foram criados os parques
elas eram ícones do progresso que seria nacionais de Itatiaia, em 1937, do Iguaçu,
concretizado via a abolição da escrava- em 1939, e da Serra dos Órgãos, em 1939
tura em 1988. Havia, no Brasil Imperial, a (MONOSOWSKI, 1989).
tendência de se associar a destruição da
natureza e a poluição ao progresso. A política ambiental preservacionista dos anos
30 foi deixada “de lado” nas décadas seguin-
tes, de 40 e 50, quando a prioridade passou a
ser a industrialização e o desenvolvimento ace-
Saiba Mais! lerado. Em vinte anos, nenhuma outra área de
preservação ambiental foi criada!
Para saber mais sobre esse tema, as-
sista ao filme “Mauá - o Imperador e o
Rei” (1999). Diretor: Sérgio Rezende.
Atenção!
Disponível em: https://www.youtube.
Até 1964, a proteção ao meio ambiente
com/watch?v=BcgoHAC-PBc
caracterizava se pela administração dos
recursos naturais, com a criação de ór-
gãos e instituições federais dedicados,
ao mesmo tempo, ao fomento da explo-
ração e à proteção desses recursos.
1.3. Brasil República: Queremos um
Brasil Moderno!
Ainda que por meio de ações isoladas e des-
1.3.1. De 1930 a 1970 coordenadas, as medidas de proteção e as
penalidades serviram para garantir a reserva
Nos anos de 1930, o Brasil inicia um período e a preservação. Em muitos casos, obser-
de investimentos públicos e privados em gran- vavam se a superposição e os conflitos de
des obras de infraestrutura. Nessa época, não competência.
se falava em desenvolvimento sustentável, po-
rém, já havia uma vertente de política ambien- A legislação básica sobre saúde pública fi-
tal orientada para a preservação. xou algumas disposições a respeito do con-
trole da poluição: a Lei nº 2.312/1954 e a
É sob essa perspectiva que o Governo Federal sua regulamentação através do Decreto nº
se preocupa em regulamentar a utilização de 49.974/1961 que recebeu o nome de Código
alguns recursos ambientais. A saber: Nacional de Saúde.

11 | Página
Atenção! 1.3.2. Década de 1970: Precisamos
Preservar! O Esboço de uma Política
O Código Nacional de Saúde estabele- Nacional para a Conservação e Regulação
ceu algumas normas de proteção ao meio do Meio Ambiente
ambiente, notadamente sobre as ativida-
des econômicas que viessem a lançar No começo da década de 70, foi realizada a
efluentes líquidos nos corpos d’água, Conferência de Estocolmo (1972). Na reunião,
tais como loteamentos e indústrias. o Brasil defendia a ideia de que o melhor instru-
mento para combater a poluição é o desenvol-
vimento econômico e social. Diante das pres-
Essa legislação previa, também, a obrigação sões internacionais geradas na conferência, foi
das indústrias instaladas de tomarem as medi- urgente a necessidade de se criar um projeto
das necessárias para corrigir os efeitos de po- ambiental nacional.
luição das águas e contaminação da atmosfera
resultantes da sua operação. Em 1973, o Governo Federal criou a
Secretaria Especial do Meio Ambiente
A promulgação do Estatuto da Terra, em 1965, (SEMA). A SEMA, a essa época vinculada ao
contribuiu com o avanço da legislação am- Ministério do Interior, recebeu a atribuição de
biental brasileira, ao criar condições do Poder coordenar as ações dos órgãos governamen-
Público passar a exercer, efetivamente, a de- tais relativas à proteção ambiental e ao uso
fesa do meio ambiente e o controle ambiental dos recursos naturais.
das atividades econômicas.
A emergente preocupação com os problemas
ambientais, resultantes da rápida industriali-
Atenção!
zação da década de 1960, continuava subor-
O Estatuto da Terra alterou o conceito le- dinada ao desenvolvimento econômico, prin-
gal de propriedade e introduziu a "função cipal agenda do governo. Os programas de
social da propriedade". controle ambiental e a complementação da
legislação federal, por meio de normas e pa-
drões de qualidade direcionados para o meio
A “função social da propriedade", descrita no ambiente, passaram a ser executados pela
art.2º do Estatuto da Terra, permitiu considerar SEMA e pelas entidades estaduais criadas a
a terra como bem de produção e determinou partir de 1974.
que o seu aproveitamento fosse feito de ma-
neira racional, de modo a obter a maior produ- A política e a gestão ambiental referiam-se ba-
tividade e condicionando seu uso ao bem-estar sicamente ao controle da poluição decorrente
da população. do desenvolvimento industrial e às questões
sociais, como o crescimento desordenado e o
O Estatuto da Terra "deu lugar à consciência descarte irregular de efluentes industriais que
de que qualquer recurso natural (...) consti- deteriorou as condições ambientais dos corpos
tui patrimônio coletivo da Nação" (OLIVEIRA, hídricos das principais cidades do País.
1984). Diversas leis e regulamentos, em ní-
vel federal, estadual, e mesmo em nível mu- Ainda em 1975, entrou em vigor o Decreto Lei
nicipal, foram gerados a partir de 1965, no no 1.413, de 14 de agosto, regulamentado pelo
sentido de regular alguns aspectos ambien- Decreto no 76.389, de 3 de outubro do mes-
tais, atribuindo a determinados órgãos públi- mo ano, que estabeleceu a obrigação de as
cos competências para atuar na proteção do indústrias instaladas no território nacional ado-
meio ambiente. tarem medidas preventivas e corretivas no que
concerne à contaminação do meio ambiente. A
legislação considerou como áreas críticas de

12 | Página
poluição algumas regiões metropolitanas e ba- construção de usinas hidrelétricas, da rodovia
cias hidrográficas das regiões de Cubatão e de Transamazônica, pela mineração e pelo uso de
Volta Redonda. defensivos agrícolas escapavam ao controle
da SEMA e das entidades estaduais de meio
O estabelecimento de áreas críticas de poluição ambiente. Nesse período, a gestão ambiental
desdobrou se em diretrizes de planejamento municipal se limitava a definir restrições à lo-
territorial das atividades industriais, que foram calização industrial como parte de seus planos
consolidadas na Lei no 6.803, de 2 de julho de diretores físico-territoriais.
1980. Essa lei define categorias e critérios de
uso do solo para a instalação de indústrias po- Saiba Mais!
luidoras. Assim, nas regiões metropolitanas de
São Paulo e do Rio de Janeiro e na bacia do Embora pontual, a organização social
Rio Paraíba do Sul, desenvolveram se proces- em defesa do meio ambiente ganha-
sos de ordenamento ambiental, institucionali- va força no Brasil. Liderado por José
zando-se os zoneamentos industriais. Lutzemberger, o movimento social gaú-
cho já vinha defendendo teses ecologis-
Como consequência do avanço na legislação, tas contra os agrotóxicos e a preserva-
foi implementado o sistema de licenciamento ção das águas no Rio Grande do Sul. No
ambiental. Esse mecanismo tinha como obje- Rio Janeiro, a preservação das dunas
tivo controlar as atividades industriais e o des- era a pauta na agenda ambiental.
pejo de efluentes, prevendo restrições, multas
e até a interdição da atividade. Em fins da década de 70, o retorno dos
exilados políticos contribuiu para o inter-
O campo de ação das entidades estaduais de câmbio dos ideais dos partidos verdes,
meio ambiente, que começavam a implemen- que cresciam em representatividade em
tar suas atividades, sofreu mais uma limitação todo o mundo.
com a edição do Decreto no 81.207, de 22 de
dezembro de 1977.

Por meio desse Decreto, declarou-se como de 1.3.3. A Partir de 1980: Precisamos Pensar
segurança nacional e, portanto, de expressa no Futuro. Queremos um Desenvolvimento
competência do Governo Federal, o controle Sustentável!
ambiental das empresas públicas, das indús-
trias de armamento, das indústrias químicas e A década de 80 é considerada como um pe-
petroquímicas, das indústrias de cimento, de ríodo de grande avanço na política ambiental
materiais de transporte, de celulose, de fertili- brasileira. A Comissão Brundtland − criada
zantes e defensivos agrícolas e das refinarias pela Organização das Nações Unidas em 1983
de petróleo. − divulga o conceito de “desenvolvimento sus-
tentável”, fortalecendo, nas esferas nacional e
As diretrizes contidas nesse decreto orienta- internacional, a perspectiva de integrar meio
ram os programas de gestão ambiental para as ambiente, sociedade e economia.
áreas urbanas mais desenvolvidas, nas quais
a população detinha maiores informações e se Os protestos contra projetos nucleares, des-
mobilizava contra as consequências da polui- matamentos, agrotóxicos e poluição hídrica ga-
ção sobre a saúde e a qualidade de vida. nham visibilidade e pressões de todo o mundo
direcionam países desenvolvidos e em desen-
A preocupação com o setor industrial ofuscou volvimento a criarem uma agenda ambiental.
a degradação causada pelas grandes obras
de infraestrutura do governo. O desmatamen- No Brasil, pode-se dizer que houve dois mo-
to e a perda da biodiversidade gerados pela mentos-chave para a transformação no olhar

13 | Página
sobre o meio ambiente: a) o lançamento da Atenção!
Lei no 6.938 (1981), conhecida como Lei de
Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA); Com a promulgação da Lei no
e b) a edição da Constituição Federal de 1988, 6.938/1981, o meio ambiente passou a
que deu autonomia aos Estados e Municípios ser considerado como patrimônio públi-
na formulação de políticas ambientais e in- co a ser protegido, tendo em vista o uso
cluiu a sociedade civil como interlocutora das racional dos recursos ambientais.
políticas do governo.

A PNMA é um marco em nossa história am- A convergência dos interesses do Estado e da


biental, pois possui uma visão ampla e integral sociedade civil emergiu na ampliação da pauta
do meio ambiente, considerando sociedade ambiental, fortalecendo os interesses de con-
e natureza como elementos primordiais de servação do meio ambiente.
uma construção conjunta nos processos de
desenvolvimento e fazendo com que diversos 1.3.4. A Década de 1990 e o Século XX: A ECO
campos dos saberes (científicos, tecnológicos, 92 e a Globalização da Questão Ambiental
econômicos etc.) dialoguem em uma perspec-
tiva interdisciplinar. Essa visão rompe com o Nessa década, a política ambiental deixa de
paradigma do meio ambiente como repositório atender exclusivamente à política econômica e
de recursos naturais. ganha autonomia para refletir e traçar estraté-
gias de ação articuladas à agenda ambiental
A PNMA instituiu a criação de instrumentos global. É necessário pensar em um modelo de
de planejamento (zoneamento ambiental) e desenvolvimento ambiental e socialmente sus-
de política ambiental (padrões de qualidade, tentável em escala planetária.
avaliação de impactos, áreas protegidas etc.)
fundamentais para uma política comprometi- Um divisor de águas nesse processo foi a re-
da com a preservação do patrimônio ambien- alização da ECO-92. A Conferência Mundial
tal brasileiro. das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, sediada no Rio de Janeiro,
Essa lei é responsável por criar instâncias, reuniu 179 Chefes de Estado e de Governo,
como o CONAMA (Conselho Nacional de Meio empresários e contou com uma inédita parti-
Ambiente), e instrumentos que materializam cipação da sociedade civil por meio do Fórum
seus princípios e diretrizes. Dessa forma, ao das ONGs.
instituir o SISNAMA (Sistema Nacional de Meio
Ambiente), a PNMA garante uma estrutura es- Na ECO-92 foram criados documentos impor-
pecifica e bem definida para a gestão ambien- tantes visando à produção de propostas para
tal descentralizada. o desenvolvimento sustentável. Entre eles,
destacam-se a “Carta da Terra” (Declaração
Na esfera institucional, o Governo Federal do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente
criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e e Desenvolvimento), a Convenção sobre
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) Diversidade Biológica, a Convenção Marco so-
em 1989, e, em 1992, o Ministério do Meio bre Mudanças Climáticas, a Declaração sobre
Ambiente (MMA). O MMA é responsável por Florestas e a Agenda 21.
formular a Política de Meio Ambiente para todo
o Brasil e o IBAMA por atuar na fiscalização e A proposta da Agenda 21 tem caráter partici-
monitoramento da mesma. Veremos mais so- pativo e é uma ferramenta de planejamento de
bre o processo de descentralização e dos ins- um determinado território implementada como
trumentos de política ambiental nas unidades forma de priorizar questões socioambientais,
dois (02) e três (03). definir planos de resposta (de curto, médio e
longo prazo), bem como reorientar atividades

14 | Página
no sentido de ressignificar a relação homem e das ações para um desenvolvimento sustentá-
meio ambiente. vel. O projeto Agenda 21 Brasil foi precedido
por ampla consulta à população brasileira, às
O fortalecimento de instituições para o desen- universidades, às organizações não governa-
volvimento de tecnologias “limpas”, ou seja, mentais e aos órgãos públicos dos diversos
com menores emissões de gases de efeito entes federativos.
estufa e menor degradação de áreas (constru-
ção de grandes barragens, agricultura inten- Saiba Mais!
siva, etc.) também foi uma das prioridades da
conferência. A Agenda 21 local pode ser construí-
da e implementada em nível Municipal,
Destaca-se que a ECO 92 trouxe ao debate bem como em outros arranjos territoriais
instituições do terceiro setor (por ex: ONGs, como bacias hidrográficas, regiões me-
fundações, OSCIPs etc.) e empresas, inaugu- tropolitanas e consórcios intermunici-
rando uma relação de parceria entre governo, pais. É imperativo que a sociedade e o
terceiro setor e iniciativa privada no que diz governo participem de sua construção.
respeito a questões socioambientais. Embora O Programa Agenda 21 do MMA publi-
os compromissos assumidos na conferência cou um roteiro organizado em seis eta-
tenham ficado com o Estado, após o evento, pas para a construção de Agendas 21
houve uma maior conscientização da popula- locais. Para saber detalhes, acesse:
ção brasileira sobre o tema. http://www.mma.gov.br/legislacao/item/
724-passo-a-passo-da-agenda-21-local-
O Estado brasileiro, por sua vez, reforçou a vers%C3%A3o-completa-em-html
estrutura dos órgãos ambientais e aprovou leis
como: a) a Lei da Natureza nº 9.605/98 (tam-
bém chamada de Lei de Crimes Ambientais); Ainda na década de 2000, outras políticas am-
b) a Lei nº 9985/2000, que instituiu o Sistema bientais que têm grande participação popular,
Nacional de Unidade de Conservação da seja através de assento ou obrigatoriedade de
Natureza (SNUC), que classifica e define o tipo consulta, foram editadas. A saber:
de uso das áreas protegidas.

É importante destacar que a Lei de Crimes • Conselho de Gestão do Patrimô-


Ambientais representa um avanço na crimina- nio Genético (CGEN) em 2001;
lização das ações de degradação do meio am-
biente, pois permite que não apenas pessoas • Comissão Nacional de Biodiversi-
físicas sejam penalizadas, mas também pes- dade (CONABIO) em 2003;
soas de natureza jurídica. Dessa forma, as em-
presas, que são grandes atores no processo • Comissão Nacional de Florestas
de utilização dos recursos naturais e geradoras (CONAFLOR) em 2003;
de algum tipo de poluição, também possuem
responsabilidade penal. Isso não seria possí- • Comissão de Gestão de Florestas
vel através do Direito Tradicional, que conside- Públicas (CGFLOP) em 2006.
ra apenas a pessoa física no que se refere à
responsabilidade penal.
A importância da participação social corrobora-
A Agenda 21 brasileira, lançada em 2002, foi se através da realização bienal da Conferência
uma ferramenta que teve como objetivo sensi- Nacional do Meio Ambiente, fórum que agrega
bilizar os governos Estaduais e Municipais a de- a sociedade civil, representantes do governo
finirem estratégias de ação participativas bem e do terceiro setor. A conferência é um instru-
como responsabilidades para a implementação mento de consulta, proposição e avaliação da

15 | Página
política ambiental brasileira e, através dela, já
foram definidas ações, como por exemplo: o
Plano de Ação para a Prevenção e Controle do
Desmatamento da Amazônia e a sanção da Lei
de Gestão de Florestas Públicas.

Em 2007, foi criado o Instituto Chico Medes de


Conservação da Biodiversidade (ICMbio), que
ficou responsável exclusivamente pela gestão
e proteção de Unidades de Conservação.

Por ser um país no qual a biodiversidade tem


grande potencial em função do que ainda não
foi descoberto, o Brasil deve, em permanente
diálogo do governo com a sociedade e outras
partes interessadas, continuar aperfeiçoan-
do suas estratégias de preservação e contro-
le ambiental. Por mais que sofra pressões da
economia de mercado, faz-se imperativo aper-
feiçoar os mecanismos de fiscalização e moni-
toramento dos recursos socioambientais.

16 | Página
2. Estrutura e
Diretrizes do
SISNAMA
(Sistema Nacional
de Meio Ambiente)

17 | Página
2.  ESTRUTURA E DIRETRIZES • Formulação de políticas públicas
de meio ambiente.
DO SISNAMA (SISTEMA
• Articulação entre as instituições
NACIONAL DE MEIO componentes do sistema em âmbi-
tos federal, estadual e municipal.
AMBIENTE)
• Execução dessas políticas por
A evolução da legislação ambiental brasilei- meio dos órgãos ambientais nos di-
ra foi acompanhada pela criação de órgãos ferentes âmbitos.
de governo responsáveis por definir diretrizes
de conduta para o meio ambiente, bem como
por desdobrá-las e monitorá-las nas diferen- De maneira complementar à PNMA de 1981, a
tes esferas administrativas, a saber: Federal, Constituição Federal de 1988 foi um marco para
Estadual e Municipal. a temática ambiental. Fortemente marcada pe-
los princípios da descentralização, a nova cons-
O SISNAMA, criado no âmbito da lei de Política tituição trouxe para os Estados e, especialmente
Nacional do Meio Ambiente em 1981, foi o mo- para os Municípios, maior autonomia na defini-
delo de gestão que o governo federal desenhou ção de suas agendas prioritárias. O instrumento
para acolher todos esses órgãos. O sistema ratifica a importância da gestão ambiental local
tem braços de atuação que vão da assessoria bem como amplia e incentiva a participação da
da Presidência da República ao controle e à sociedade na construção de políticas públicas.
fiscalização ambiental nos Municípios.
Nesse sentido, no âmbito da descentralização, o
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2006), SISEMA (Sistema Estadual de Meio Ambiente)
o SISNAMA atua na proteção do meio ambien- e o SISMUMA (Sistema Municipal de Meio
te através de três grandes linhas de ação: ambiente) integram o modelo de estruturação

18 | Página
federal para a gestão ambiental. Esses siste-
mas, assim como o SISNAMA, são compostos
Atenção!
pelos órgãos e pelas instituições responsáveis Ao tratarmos sobre a estrutura do
pela proteção do meio ambiente, como pode- Munícipio para a gestão ambiental, vere-
mos observar no organograma a seguir. mos que a composição do SISMUMA se
dá de acordo com o porte do Município,
Posto que cada Estado e cada Município pos- que pode ser pequeno, médio ou grande.
suem estruturas específicas, este organogra-
ma apresenta um modelo geral que reflete o
aspecto complementar na competência legis- Cabem aos órgãos estaduais as mesmas atri-
lativa dos entes representados, ou seja, os buições dadas aos órgãos federais, só que no
Estados e os Municípios devem observar a âmbito do estado: criação de leis e normas
legislação federal, assim como os Municípios complementares (podendo ser mais restritivas)
devem observar também a dos Estados. às existentes em nível federal; estímulo ao
crescimento da consciência ambiental; fiscali-
zação e licenciamento de obras que possam
ESFERA causar impacto em dois ou mais Municípios.
ESTRUTURA DO SISNAMA
FEDERAL
Os órgãos estaduais (Secretaria/Departamento/
ÓRGÃO SUPERIOR (CONSELHO DO
Fundação) se formam por meio de arranjos ins-
GOVERNO
titucionais diferentes; porém, observa-se a ten-
dência de se adotar um modelo semelhante ao
ÓRGÃO CONSULTIVO DELIBERATIVO
(CONAMA - CONSELHO NACIONAL DE estabelecido no nível federal.
MEIO AMBIENTE)
As instituições estaduais, como estrutura de
ÓRGÃO CENTRAL (MMA - MINISTÉRIO
apoio, podem contar com órgãos técnicos exe-
DO MEIO AMBIENTE) cutivos (controle e monitoramento) e conselhos
consultivos e deliberativos (apoiados frequen-
ÓRGÃO EXECUTOR (IBAMA - temente por câmaras técnicas especializadas).
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS RENOVÁVEIS) A seguir, trataremos, de forma específica, das
atribuições dos Municípios no âmbito da ges-
ESFERA tão ambiental e da composição do SISMUMA
SISEMA
ESTADUAL (Sistema Municipal de Meio Ambiente).

ÓRGÃOS SECCIONAIS (SEMA - Sobre a estrutura do SISNAMA, o quadro-resu-


SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO
AMBIENTE) mo abaixo ajuda no esclarecimento das suas
funções e dos níveis de articulação institucional:
ÓRGÃO CONSULTIVO DELIBERATIVO
(CONEMA - CONSELHO ESTADUAL DE
MEIO AMBIENTE)

ESFERA SISMUMA
MUNICIPAL

ÓRGÃOS LOCAIS (SMMA - SECRETAR-


IAS MUNICIPAIS DE MEIO AMBIENTE)

ÓRGÃO CONSULTIVO DELIBERATIVO


(CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO
AMBIENTE)

19 | Página
Nível de ad-
Órgão Denominação Função ou Finalidade
ministração

Assessorar o Presidente da
República na formulação da
Órgão Superior Conselho de Governo política nacional e das dire-
trizes governamentais para o
meio ambiente.

Propor ao Conselho de
Conselho Nacional
Órgão Consultivo Governo e deliberar sobre nor-
de Meio Ambiente
e Deliberativo mas e padrões de proteção do
(CONAMA)
meio ambiente.

Planejar, coordenar, super-


FEDERAL visionar e controlar a política
Ministério do Meio
Órgão Central nacional e as diretrizes gover-
Ambiente (MMA)
namentais fixadas para o meio
ambiente.

Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Executar e fazer executar, na
Recursos Naturais esfera federal, as políticas e as
Órgãos Renováveis (IBAMA) diretrizes governamentais para
Executores a proteção do meio ambiente;
Instituto Chico Mendes são vinculados ao Ministério
de Conservação da do Meio Ambiente (MMA).
Biodiversidade (ICMBio)

Responder por programas am-


Órgãos Órgãos e entidades esta- bientais e pelo controle das ati-
ESTADUAL
Seccionais duais de meio ambiente vidades modificadoras do meio
ambiente.

Responder pelo controle e


Órgãos e entidades pela fiscalização dessas ativi-
MUNICIPAL Órgãos Locais
municipais dades, nas suas respectivas
jurisdições.

Saiba Mais! 2.1. CONAMA

Saiba mais sobre o SISNAMA, lendo o O CONAMA (Conselho Nacional de Meio


capítulo 3 “SISNAMA: Gestão Ambiental Ambiente) tem um papel de destaque na es-
Descentralizada e Integrada” do docu- trutura do SISNAMA. Inaugurado em 1984, o
mento “Cadernos de Formação – Volume conselho é composto por câmaras técnicas
1: Política Nacional do Meio Ambiente” do cujas responsabilidades são desenvolver,
Programa de Capacitação de Gestores examinar e relatar ao Plenário os assuntos
Ambientais. Disponível em: http://www. de competência do CONAMA. O Plenário é
mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_publica- presidido pelo Ministro e o secretariado pelo
cao/76_publicacao19042011105939.pdf. Secretário Executivo do Ministério do Meio
Ambiente - MMA.

20 | Página
Atualmente, operam no CONAMA sete (07) câmaras técnicas:

Câmaras Técnicas (CT) Grupos de Trabalho (GT)

Assuntos Jurídicos Não possui GTs relacionados

Biodiversidade Não possui GTs relacionados

Controle Ambiental Não possui GTs relacionados

Educação Ambiental e Desenvolvimento


Não possui GTs relacionados
Sustentável

Florestas e Demais Formações Vegetais Não possui GTs relacionados

GT Acompanhamento, monitoramento e avaliação


Gestão Territorial, Unidades de Conservação e das Unidades de Conservação
Demais Áreas Protegidas
GT Capacidade de suporte ambiental

GT Ozônio

Qualidade Ambiental e Gestão de Resíduos GT Qualidade do ar

GT Recuperação de ambientes hídricos

Desde a criação do CONAMA, o Plenário se re- oito representantes de entidades empresariais


úne a cada três meses em caráter ordinário, po- e um membro honorário indicado pelo Plenário.
dendo ser convocado extraordinariamente por
seu presidente ou por 2/3 de seus membros. Além do trabalho nas câmaras técnicas e no
Plenário, o CONAMA tem como atividades:
A composição do Plenário inclui represen-
tantes de órgãos federais, estaduais e muni-
cipais, setor empresarial e sociedade civil, a • O acompanhamento e a imple-
saber: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e mentação do Sistema Nacional
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), de Unidades de Conservação da
Agência Nacional de Águas (ANA), cada um Natureza (SNUC).
dos ministérios e secretarias da Presidência
da República e dos comandos militares do • O estabelecimento de critérios
Ministério da Defesa, cada um dos governos e normas de licenciamento am-
estaduais e do Distrito Federal. biental, de padrões de qualidade
ambiental e das áreas críticas de
Também fazem parte do Conselho oito repre- poluição, além do controle da polui-
sentantes de governos municipais (um de cada ção por veículos automotores.
região geográfica do País, um da Associação
Nacional de Municípios e Meio Ambiente • A determinação de estudos sobre
(ANAMMA) e dois de entidades municipalistas as alternativas e as consequências
de âmbito nacional), vinte e dois representantes ambientais de projetos públicos
de entidades de trabalhadores e da sociedade, e privados, podendo apreciar os

21 | Página
estudos e os relatórios de impacto autarquia federal com personalidade jurídica
ambiental no caso de atividades de de direito público vinculada ao Ministério do
significativa degradação ambiental. Meio Ambiente, o IBAMA pode usar sua auto-
nomia administrativa e financeira para cumprir
• A gestão sobre a degradação as seguintes atribuições:
ambiental, especialmente em áre-
as consideradas do patrimônio
nacional. • Exercer o poder de polícia
ambiental.
• A gestão sobre as penalidades
impostas pelo IBAMA, em grau de • Executar as políticas de meio
recurso. ambiente referentes às atribuições
federais relativas ao licenciamento
• A gestão sobre a perda, pelos in- ambiental, ao controle da qualida-
fratores da legislação ambiental, de de ambiental, à autorização de uso
benefícios fiscais e incentivos de dos recursos naturais e à fiscaliza-
crédito. ção, ao monitoramento e ao contro-
le ambiental.

• Executar as ações supletivas de


Saiba Mais! competência da União.

Conheça as Resoluções vigentes do • Gerar e disseminar informações


CONAMA publicadas entre setembro relativas ao meio ambiente.
de 1984 e janeiro de 2012. Disponível
em:<http://www.mma.gov.br/port/conama/ • Executar o monitoramento refe-
processos/61AA3835/LivroConama.pdf> rente à prevenção e ao controle de
desmatamento, queimadas e in-
cêndios florestais.

2.2. IBAMA e ICMBio • Dar apoio a emergências ambien-


tais; desenvolver programas de
Submetidos ao Ministério do Meio Ambiente, o educação ambiental.
IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis) e o ICMBio • Estabelecer critérios de gestão do
(Instituto Chico Mendes de Conservação da uso dos recursos faunísticos, pes-
Biodiversidade) são atores fundamentais na queiros e florestais.
estrutura do SISNAMA. Ambos são respon-
sáveis pela execução, na escala federal, das
políticas e diretrizes governamentais para a Em 2007, com os objetivos de dar visibilidade
proteção do meio ambiente. As áreas de atu- e garantir a conservação socioambiental das
ação dos institutos são, no entanto, diferentes, Unidades de Conservação em todas as esfe-
sendo o ICMBio responsável por executar as ras administrativas, criou-se o Instituto Chico
políticas e diretrizes ambientais somente no Mendes de Conservação da Biodiversidade
âmbito das Unidades de Conservação. (ICMBio). Esse órgão surgiu do próprio IBAMA,
a partir do desmembramento do setor responsá-
O IBAMA foi criado em 1989 a partir da ex- vel pela gestão das Unidades de Conservação.
tinção da SEMA (Secretaria Especial do Meio
Ambiente) e da SUDEPE (Superintendência O ICMBio encarrega-se de executar as ações
do Desenvolvimento da Pesca). Enquanto uma específicas do Sistema Nacional de Unidades

22 | Página
de Conservação (SNUC) instituídas pela Isso quer dizer que, para o tratamento das
União. Também é responsável por fomentar questões ambientais, a União, os estados e os
e executar programas de pesquisa, proteção, Municípios devem atuar cooperativamente atra-
preservação e conservação da biodiversidade vés de uma Gestão Ambiental Compartilhada.
e exercer o poder de polícia ambiental para
a proteção das Unidades de Conservação A autonomia municipal viabilizada pela
Federais. Dessa forma, o ICMBio possui como Constituição Federal de 1988 (CF88) tem esti-
atribuições criar e implantar novas Unidades mulado os Municípios a gerirem suas pautas de
de Conservação, gerir, proteger, fiscalizar e interesse. No que diz respeito às questões am-
monitorar essas Unidades. bientais, nota-se, em todo o Brasil, o amadure-
cimento das estruturas que atendem à questão
ambiental bem como o aumento do número de
Saiba Mais! conselhos e secretarias de Meio Ambiente.
Para conhecer a legislação relacionada
Segundo o IBGE, em 2012, 63% dos Municípios
ao ICMBio, acesse o volume 1 da série
já contavam com conselhos de meio ambiente.
Legislação ICMBio, “Sistema Nacional de
Tal registro indica não só a melhoria na capaci-
Unidades de Conservação”, disponível em:
dade de diálogo com os governos estaduais e
http://www.icmbio.gov.br/portal/images/sto-
federais na área ambiental, mas um processo
ries/comunicacao/legislacaoambientalvo-
de conscientização por parte da população lo-
lume1.pdf. Acesso em: 30 out 2015.
cal (que quer voz ativa nesse processo) e da
administração pública.
O volume 2, “Proteção em Unidades de
Conservação”, está disponível em: http://
Tal fortalecimento dos Municípios rebate em
www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/
todo o SISNAMA, aumentando a influência da
comunicacao/legislacaoambientalvolu-
escala municipal na definição de políticas pú-
me2.pdf. Acesso em: 30 out 2015.
blicas ambientais.

Depois da CF/88, quando se definiu a corres-


ponsabilidade entre as escalas administrativas
2.3. O Papel dos Municípios na da federação na gestão compartilhada do meio
Gestão Ambiental Local ambiente, pouco se evoluiu na definição de ins-
trumentos que viabilizassem esse processo.
A Constituição Federal de 1988 (CF/88) con-
siderou os Municípios como integrantes da Somente em 2011, a Lei Complementar nº 140
Federação, atribuindo como competências co- (LC 140/11) regulamentou o art. 23 da CF/88,
muns da União, dos estados e dos Municípios: estabelecendo os instrumentos de cooperação
administrativa. Além disso, houve um avanço
no esclarecimento das competências de cada
• Defender o meio ambiente, com- esfera governamental de poder em “ações ad-
bater a poluição e preservar as flo- ministrativas decorrentes do exercício da com-
restas, a fauna e a flora (Art. 23). petência comum relativas à proteção das pai-
sagens naturais notáveis, à proteção do meio
• Legislar sobre assuntos de in- ambiente, ao combate à poluição em qualquer
teresse local, suplementando a de suas formas e à preservação das florestas,
legislação federal e estadual, pro- da fauna e da flora”.
mover o ordenamento territorial
e proteger o patrimônio histórico- Os instrumentos de cooperação, contidos
cultural (Art. 30). no art. 4o da Lei Complementar nº 140/2011,
compreendem:

23 | Página
• os consórcios públicos; técnica entre os entes federativos, desde que
o ente favorecido disponha de conselho de
• os convênios, acordos de coope- meio ambiente e órgão ambiental com capa-
ração técnica e outros similares, cidade técnica, isto é, uma equipe habilitada
firmados por órgãos e entidades com quantidade suficiente de servidores para
do Poder Público, que poderão ter executar as ações administrativas delegadas.
prazo de duração indeterminado;
Nesse sentido, os Municípios, além da formu-
• a Comissão Tripartite Nacional, lação e da execução de suas políticas, de-
as Comissões Tripartites Estaduais vem executar e monitorar o cumprimento da
e a Comissão Bipartite do Distrito Política Nacional de Meio Ambiente, a política
Federal, formadas com o objetivo ambiental do respectivo estado e as demais
de fomentar a gestão ambiental políticas nacionais e estaduais relacionadas à
compartilhada e descentralizada; proteção ambiental.

• os fundos públicos e privados e Entre as competências municipais, indicadas


outros instrumentos econômicos; no art. 9° da LC 140/11, destacam-se:

• a delegação de atribuições e da
execução de ações administrativas • A integração dos programas e
de um ente federativo a outro, res- ações de proteção e gestão am-
peitados os requisitos previstos na biental de órgãos e entidades da
Lei Complementar nº 140/2011. administração pública federal, es-
tadual e municipal.

Saiba Mais! • A organização de sistema muni-


cipal de informação sobre o meio
Desde 2003, uma portaria do MMA criou
ambiente e a colaboração com os
as bases para a instalação das comis-
estados e a União para a atualiza-
sões tripartites federais e estaduais,
ção dos respectivos sistemas de
com os mesmos objetivos. Ao final de
informação ambiental.
2005, tais comissões haviam sido insta-
ladas na União, no Distrito Federal e em
• Definição de unidades de conser-
todos os estados.
vação em seus espaços territoriais.
Para conhecer mais sobre essas comis-
Observadas as atribuições dos de-
sões, acesse a Portaria n° 473/2003, do
mais entes federativos, também,
Ministério do Meio Ambiente, disponível
incluem-se:
em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/
DAI/_arquivos/portaria_473_2003.pdf>
• O controle, o licenciamento, a au-
torização e a fiscalização das ativi-
Acesse também artigo do Governo do
dades e empreendimentos de im-
Paraná, disponível em: <http://www.
pacto local ou cuja atribuição tenha
meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/
sido delegada ao Município.
outros/o_que_sao_comissoes_tecni-
cas_tripartite_.pdf>
• A aprovação de supressão e ma-
nejo de vegetação, florestas e for-
Importante destacar que a LC 140/11 torna mações sucessoras em florestas
possível realizar convênios para cooperação municipais (exceto em APA).

24 | Página
• A aprovação de supressão e ma- Os Municípios também são aptos a editar leis
nejo de vegetação, florestas e for- e normas ambientais no que concerne aos as-
mações sucessoras em empreendi- suntos de interesse local.
mentos licenciados pelo Município.

Atenção!
Para as questões de licenciamento ambiental
local, caso a prefeitura não tenha órgão capa- A legislação dos estados deve ser sempre
citado/competente, a entidade estadual deve mais rigorosa que a federal, assim como
se responsabilizar pelo processo, em atuação a legislação municipal não deve contrariar
supletiva. os dispositivos legais federais e estaduais.

Muitos casos de conflito de competência têm


sido observados, envolvendo entidades fede-
rais, estaduais e municipais, principalmente Saiba Mais!
quanto ao controle da poluição e à prevenção
Os principais documentos legais que re-
dos impactos de obras de infraestrutura e pro-
gem a gestão ambiental foram reunidos
jetos de desenvolvimento. Contudo, a prática
em um Quadro Sintético que identifica a
deve atender à necessidade de se aprimorar a
Legislação, a data, a ementa e algumas
coordenação das ações dos três níveis de go-
das responsabilidades institucionais de
verno com vistas a uma gestão ambiental com-
implementação.
partilhada, como determina a legislação.

Nesse contexto, é importante destacar que os


Municípios são importantes agentes para a efe- 2.4. SISMUMA (Sistema Municipal de
tividade das ações de gestão ambiental, uma Meio Ambiente)
vez que muitos dos problemas ambientais são
de âmbito local. Assim, a população e as auto- A estruturação do SISNAMA (1981) e a publi-
ridades municipais são os primeiros a perceber cação da Lei Complementar no140 (2011) in-
e a sofrer as consequências da degradação do cumbiram os Municípios de organizarem suas
meio ambiente. ferramentas para a gestão ambiental local. A
definição de ações prioritárias, dos órgãos res-
ponsáveis pela execução/monitoramento des-
Saiba Mais! sas ações e a criação de um canal de diálogo
com a comunidade devem compor o SISMUMA.
Muitas vezes, atividades triviais de ges-
tão municipal são incluídas no rol das
ações de proteção do meio ambiente,
como a manutenção de praças e par-
ques urbanos, a limpeza de vias e o ma-
nejo de resíduos sólidos.

Tratando da atividade legislativa, no campo da


gestão ambiental, a União detém competên-
cia exclusiva para legislar sobre alguns temas,
como os povos indígenas e o controle ambien- Esse sistema funciona como uma estrutura po-
tal das atividades nucleares. Para os demais lítico-administrativa descentralizada e integra-
assuntos, tanto a União como os estados têm da ao SISNAMA que visa a incorporar o meio
competência para legislar.

25 | Página
ambiente como aspecto relevante e integrado ambiente, as partes interessadas, tais quais:
a outros temas da gestão local. O tamanho e poder público, setores empresariais e organi-
a complexidade da estrutura necessária para zações da sociedade civil. Através de fóruns, o
a implantação do Sistema Municipal de Meio coletivo debate sobre o uso dos recursos am-
Ambiente deve considerar: bientais e assessora o poder executivo munici-
pal (prefeituras, secretarias e órgão ambiental
municipal) nas questões ambientais.
a) a área do Município;
Nas funções que são de sua alçada, os conse-
b) sua população; e lhos têm caráter deliberativo, consultivo e nor-
mativo. Além disso, devem ser criados por lei
c) seus principais problemas municipal específica. Sua constituição poderá
ambientais. ser paritária, isto é, em igual número de inte-
grantes de cada setor representado e envolver
o maior número possível de entidades repre-
Para fazer parte do sistema, os Municípios sentativas da sociedade civil. Seus conselheiros
devem criar uma base institucional e uma es- deverão ter mandato de, no mínimo, dois anos.
trutura administrativa que possam colocar em
prática. A saber: Já os Fundos Municipais de Meio Ambiente
são criados para captar recursos oriundos de
multas e de atividades relativas à gestão am-
• Legislação própria sobre a política biental em âmbito municipal. A gestão do fundo
de meio ambiente capaz de gerar deve garantir a permanência dos recursos no
normas e procedimentos do licen- Município e direcioná-los a programas e proje-
ciamento e da fiscalização de em- tos locais de meio ambiente.
preendimentos ou atividades de im-
pacto local. As normas devem estar A depender do porte do Município (pequeno,
alinhadas às diretrizes do Estado e médio ou grande), a Confederação Nacional
da União, podendo ser mais rigoro- dos Municípios (CNM) propõe diferentes estru-
sas (específicas) em sua aplicação. turações dos órgãos ambientais no organogra-
ma das prefeituras. Em cada arranjo, variam as
• Estrutura administrativa (secreta- atribuições, as responsabilidades e a relação
ria, diretoria, departamento ou sec- entre os órgãos municipais com o Prefeito e
ção) com capacidade técnica para com as outras secretarias que compõem a ad-
o licenciamento, o controle, a fisca- ministração municipal.
lização e a implementação das po-
líticas de planejamento territoriais. 2.4.1. Municípios de Pequeno Porte

• Conselho Municipal de Meio Aqueles com população até 5 mil habitantes,


Ambiente. com oferta restrita de recursos naturais, caracte-
rísticas agropastoris, áreas litorâneas de peque-
• Fundo Municipal de Meio no porte e com potencial turístico. Nesse perfil
Ambiente, órgão de captação e de Município, o Conselho e a Assessoria de Meio
de gerenciamento de recursos fi- Ambiente são diretamente ligados ao Prefeito. A
nanceiros alocados para a área de Assessoria de Meio Ambiente só existe nessa
meio ambiente. escala, exercendo a função de capacitar, ou seja,
fornecer insumos ao Prefeito para a tomada de
decisão no que diz respeito às ações ambientais
O Conselho Municipal de Meio Ambiente é da Prefeitura. O Fundo de Meio Ambiente é geri-
um órgão que possibilita reunir, no mesmo do pela Secretaria de Administração e Finanças.

26 | Página
PREFEITO

CONSELHO DE ASSESSORIA DE
MEIO AMBIENTE MEIO AMBIENTE

SAÚDE OBRAS ADMINISTRAÇÃO EDUCAÇÃO TURISMO SERVIÇOS


E FINANÇAS MUNICIPAIS

FUNDO
MUNICIPAL DE
MEIO AMBIENTE

Organograma para Municípios de pequeno porte. Fonte: Programa Nacional de Capacitação de Gestores
Ambientais. Cadernos de Formação. Volume 1: Política Nacional de Meio Ambiente. 2006, Brasília.

2.4.2. Municípios de Médio Porte

Aqueles com população até 50 mil habitantes, área territorial média e grande, razoável oferta de
recursos naturais, características agroindustriais, industriais médias, portuárias e de cidades-dormi-
tório. Nesse perfil de Município, o Conselho de Meio Ambiente é ligado diretamente ao Prefeito. As
questões do meio ambiente estão inseridas e relacionadas às secretarias de Turismo e Agricultura.
O Fundo de Meio Ambiente também é gerido pela Secretaria de Administração e Finanças.

PREFEITO

CONSELHO DE
MEIO AMBIENTE

ADMINISTRAÇÃO TURISMO E AGRICULTURA E


SAÚDE OBRAS EDUCAÇÃO
E FINANÇAS MEIO AMBIENTE MEIO AMBIENTE

FUNDO
MUNICIPAL DE
MEIO AMBIENTE

Organograma para Municípios de médio porte (IBAMA, 2006, p.49).

27 | Página
2.4.3. Municípios de Grande Porte

Aqueles com população acima de 50 mil habitantes, área territorial média e grande, razoável oferta
de recursos naturais, características agroindustriais, mineradoras, industriais, portuárias, grandes
zonas urbanas ou regiões metropolitanas.

PREFEITO

CONSELHO DE
MEIO AMBIENTE

MEIO
OBRAS FINANÇAS EDUCAÇÃO ADMINISTRAÇÃO SAÚDE
AMBIENTE

FUNDO
MUNICIPAL DE
MEIO AMBIENTE

URBANIZAÇÃO
PLANEJAMENTO SISTEMAS DE FISCALIZAÇÃO EDUCAÇÃO
JURÍDICA E ÁREAS
AMBIENTAL INFORMAÇÃO E CONTROLE AMBIENTAL
VERDES

Organograma para Municípios de grande porte (IBAMA, 2006, p.50).

Nesses Municípios, o meio ambiente é visto desenvolver a estrutura organizacional e o mo-


como um elemento estruturador das outras po- delo de gestão previstos no SISMUMA.
líticas. A área conta com secretaria e equipe
técnica próprias e os recursos do Fundo são
geridos de forma conjunta pelas secretarias de
Atenção!
Meio Ambiente e Finanças. A Secretaria de Meio
Os Municípios de todos os portes têm
Ambiente tem uma estrutura mais madura e con-
condições de exercer poder de polí-
ta com uma assessoria jurídica e setores respon-
cia no que diz respeito à Lei de Crimes
sáveis por definir o planejamento das questões
Ambientais, fazendo-se essencial que os
prioritárias, fiscalizar e controlar atividades que
Municípios estejam estruturados e sua
causam degradação ambiental, promover a edu-
equipe técnica devidamente capacitada.
cação ambiental, manter e viabilizar áreas verdes
e registrar informações ambientais do Município.
Nas questões de licenciamento ambien-
tal, o empreendedor deve seguir as nor-
Como os Municípios são responsáveis por
mas e os termos de referência produzi-
seguir as orientações da Política Nacional do
dos pelo órgão ambiental municipal bem
Meio Ambiente e têm autonomia na definição
como obter da equipe técnica do órgão
de meios próprios para lidar com questões
os pareceres técnicos correspondentes.
locais (em “legislar”), faz-se imprescindível

28 | Página
A crescente organização dessa estrutura traz
visibilidade aos Municípios no cenário nacio-
nal. A institucionalização do SISMUMA dá
peso ao Município como interlocutor qualifica-
do, reafirma sua autonomia política e contribui
para a necessária descentralização da gestão
ambiental.

Sua estruturação não cabe exclusivamente ao


Poder Executivo Municipal, que precisa cum-
prir exigências legais em relação ao meio am-
biente. É algo que transcende o poder público
e envolve a sociedade civil.

A escala do Município, ou seja, a reflexão a


partir deste lugar, permite a aproximação com
temas geradores de danos ambientais ao mes-
mo tempo em que convida a uma gestão coleti-
va, consciente, crítica e sustentável dos recur-
sos naturais, base material e simbólica da vida.

29 | Página
3. Políticas Nacionais
de Meio Ambiente

30 | Página
poluição do ar pelos sistemas de transportes
3.  POLÍTICAS NACIONAIS movidos a combustíveis fósseis e pelas in-
dústrias e a necessidade de remover e tratar
DE MEIO AMBIENTE o lixo foram questões que, na segunda meta-
de dos anos 60, geraram problemas severos
Os avanços técnico-científicos nos anos de nos países desenvolvidos.
1960 transformaram a relação entre o homem
e a natureza. O processo de industrialização e No Brasil, as ações para mitigar esses efei-
as máquinas movidas a combustíveis fósseis tos colaterais chegaram a reboque da indus-
aumentaram a eficiência da produção, do tra- trialização nos anos de 1950. Como já vimos
balho, da velocidade dos deslocamentos, mas na Unidade 01, só na década de 1980 que o
também ocultaram os efeitos secundários que Governo Federal se posiciona de maneira con-
a revolução tecnológica gerou para a natureza. tundente e organiza mecanismos e instituições
para regular o uso dos recursos naturais.
A relação que antes era limitada, porém orgâ-
nica (o tempo de produção/consumo das socie- O grande guarda-chuva para a definição das
dades respeitava os ciclos da natureza), ago- linhas de ação para o meio ambiente foi a
ra segue o ritmo acelerado das demandas de Política Nacional para o Meio Ambiente de
uma população que cresceu rapidamente nos 1981. A partir dela, contextos político-econômi-
séculos XX e XXI. cos específicos e a sociedade civil organizada
pressionaram o governo na construção de uma
O intenso processo de urbanização, ou seja, agenda prioritária.
de crescimento das cidades pela atração da
população rural, começou a dar maior visibi- Nesta unidade, apesar de não esgotarmos as
lidade à degradação ambiental gerada pelo políticas setoriais, falaremos de como surgiram
descuido com a natureza. Dificuldades no as linhas de ação voltadas para a proteção e a
fornecimento de água potável para grandes conservação da água, das florestas e do clima.
contingentes populacionais, poluição dos rios Também abordaremos a recente política do go-
e lagos por esgotos domésticos e industriais, verno voltada ao tratamento do lixo.

31 | Página
3.1.  Recursos Hídricos que as águas devem ser geridas de modo a
atender os múltiplos interesses que envolvem
A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), o uso desse recurso e de maneira geografica-
estabelecida pela Lei nº 9.433/97, é o principal mente delimitada. A bacia hidrográfica seria a
marco legal/institucional que orienta a gestão própria unidade territorial de planejamento e
das águas no Brasil. De maneira geral, o princi- gestão. Isso conduz diretamente ao conceito
pal objetivo da Lei das Águas é garantir a dis- de Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH).
ponibilidade de águas, em padrões de qualidade
adequados, bem como promover uma utilização
Saiba Mais!
racional e integrada dos recursos hídricos. São
seis os fundamentos da PNRH (Art. 1°), a saber: No Canal da Agência Nacional de Águas
(ANA), na plataforma YouTube, é possí-
(i) a água é um bem de domínio público, isto vel acessar vídeos didáticos sobre a Lei
é, um bem de uso comum do povo. Não per- das Águas no Brasil e sobre os Comitês
tence ao Estado, mas a toda coletividade, sem de Bacias. Para entender um pouco mais,
uma destinação específica. Inclui-se nesse acesse o material nos endereços abaixo:
fundamento a ideia de que a água não pode
ser privatizada; A Lei das Águas
http://youtu.be/bH08pGb50-k

(ii) a água é um recurso natural li- Comitês de Bacia


mitado, dotado de valor econômico; http://youtu.be/uRzt9tv0EJU

(iii) em situações de escassez, o


uso prioritário dos recursos hídri- 3.1.1.  Comitês de Bacias Hidrográficas
cos é o consumo humano e a des-
sedentação de animais; Conforme dito, os agentes interessados no uso
da água são os mais diversos com motivações
(iv) a gestão dos recursos hídricos distintas, muitas vezes conflitantes. Nesse sen-
deve sempre proporcionar o uso tido, os Comitês de Bacias Hidrográficas sur-
múltiplo das águas, incluindo-se gem como um arranjo institucional potencial-
abastecimento, energia, irrigação, mente capaz de permitir a conciliação desses
indústria etc.; múltiplos interesses.

(v) a bacia hidrográfica é a unida- Os Comitês de Bacias Hidrográficas são os fó-


de territorial para implementação runs nos quais um grupo de pessoas se reúne
da Política Nacional de Recursos para discutir o uso da água, um bem comum.
Hídricos e atuação do Sistema Os CBHs são organismos colegiados compos-
Nacional de Gerenciamento de tos de forma plural e democrática, de modo a
Recursos Hídricos; e se tentar dar voz a todos os setores da socie-
dade na “disputa” pelo uso da água.
(vi) a gestão dos recursos hídri-
cos deve ser descentralizada Os membros que compõem os CBHs são es-
e contar com a participação do colhidos entre seus pares, dentro dos diversos
Poder Público, dos usuários e das setores usuários de água, incluindo-se tanto
comunidades. organizações da sociedade civil quanto os po-
deres públicos. As principais competências dos
CBHs são arbitrar conflitos pelo uso da água e
Esses últimos três fundamentos, se pensados estabelecer mecanismos e sugerir os valores
de maneira conjunta, estabelecem a ideia de de cobrança pelo uso da água.

32 | Página
Uma diferença central entre os CBHs e outras a bacia compreende o território de mais de um
formas de participação previstas em outros tipos estado. Hoje, existem no Brasil, mais de 160
de políticas públicas é que os CBHs têm poder CBHs, que são diferentes na dimensão da área
de Estado, ou seja, podem tomar decisões so- de atuação, na representação e com experiên-
bre o uso da água, que devem ser cumpridas. cias muito particulares.

A Lei das Águas define que quem dá o supor-


te técnico aos CBHs são as suas Agências de Atenção!
Águas. As Agências de Águas (não confundir
com a ANA – Agência Nacional das Águas) Pelo fato dos recursos hídricos não res-
cumprem a função de secretaria-executiva, peitarem limites políticos, quase sempre
auxiliando técnica e administrativamente seus ultrapassando a escala do Município, a
respectivos comitês. questão das águas exige que a gestão
seja integrada e participativa.
OS CBHs podem ser estaduais ou interestadu-
ais, sendo que estes últimos ocorrem quando

Figura 1: Evolução da criação de Comitês de Bacias Hidrográficas no Brasil no período de


1988 a 2010.

Fonte: Cadernos de Capacitação em Recursos Hídricos. Volume 1: Comitê de Bacias Hidrográficas, o que é
e o que faz? Agência Nacional de Águas. MMA. Brasília, 2011.

Destaca-se que esse indicador está diretamen- públicos e ao interesse e à participação cres-
te relacionado à evolução da governança am- centes da sociedade civil e dos movimentos
biental no Brasil, à capacitação dos gestores sociais na regulação dos usos da água.

33 | Página
3.2. Florestas (iii) recuperar florestas de preserva-
ção permanente, de reserva legal e
As florestas estão entre os principais patrimô- áreas alteradas;
nios do Brasil, seja pela sua importância no
equilíbrio climático global, seja por sua relação (iv) apoiar as iniciativas econômi-
com as bacias hidrográficas. Pelas inúmeras cas e sociais das populações que
possibilidades associadas à riqueza de seus vivem em florestas;
biomas, a preservação das florestas é questão
central nas perspectivas de desenvolvimen- (v) reprimir desmatamentos ilegais
to do país. Nesse sentido, “manter a floresta e a extração predatória de produ-
em pé” é uma prioridade do Ministério do Meio tos e subprodutos florestais, conter
Ambiente (MMA). queimadas acidentais e prevenir in-
cêndios florestais;
3.2.1.  Gestão e Manejo – Programa Nacional
de Florestas (vi) promover o uso sustentável
das florestas de produção, sejam
Os principais instrumentos criados pelo MMA nacionais, estaduais, distrital ou
para proteção das florestas são os Planos de municipais;
Controle e Prevenção do Desmatamento, o
Serviço Florestal Brasileiro (responsável por (vii) apoiar o desenvolvimento das
atividades como concessão e manejo susten- indústrias de base florestal;
tável nos biomas), os projetos de Redução de
Emissões por Desmatamento e Degradação (viii) ampliar os mercados interno e
Florestal (REDD+) e o Programa Nacional de externo de produtos e subprodutos
Florestas. florestais;

O Programa Nacional de Florestas (PNF) foi (ix) valorizar os aspectos ambien-


criado pelo Decreto nº 3.420, de 20 de abril de tais, sociais e econômicos dos
2000, com o objetivo de articular as políticas serviços e dos benefícios propor-
públicas setoriais para promover o desenvol- cionados pelas florestas públicas e
vimento sustentável, conciliando o uso com a privadas; e
conservação das florestas brasileiras.
(x) estimular a proteção da bio-
É constituído de projetos que são concebidos e diversidade e dos ecossistemas
executados de forma participativa e integrada florestais.
pelos governos federal, estadual, municipal e a
sociedade civil organizada. Essa articulação é
feita pelo Ministério do Meio Ambiente. A partir da publicação do Decreto nº 6.101,
de 26 de abril de 2007, que definiu a nova
De maneira mais específica, o Decreto enume- estrutura regimental do Ministério do Meio
ra os seguintes objetivos para o PNF (Art. 2°): Ambiente, o PNF passou a ser coordenado
pelo Departamento de Florestas (DFLOR).
Para efeitos práticos, no entanto, é a Comissão
(i) estimular o uso sustentável de Nacional de Florestas - CONAFLOR - a maior
florestas nativas e plantadas; interlocutora do PNF.

(ii) fomentar as atividades de reflo- A CONAFLOR é um órgão colegiado, de ca-


restamento, notadamente em pe- ráter consultivo, composto por entidades dos
quenas propriedades rurais; governos federais e estaduais, industriais, em-
presariais, sindicatos, associações estudantis,

34 | Página
confederações de trabalhadores, entidades in- devessem manter 25% da área de seus imó-
dígenas e ONGs. veis com a cobertura de mata original ou com
replantio (Lei da “quarta parte”). Nesse sentido,
Os principais objetivos da CONAFLOR asso- não importava a espécie e nem a variedade de
ciados ao PNF são: árvores, mas apenas a garantia de produção
de madeira para lenha e carvão.

(i) propor recomendações ao pla- Atenção!


nejamento das ações do PNF;
O Código de 1934 criou a figura da
(ii) propor medidas de articulação Floresta Protetora, que serviria para ga-
entre programas, projetos e ativi- rantir a saúde de rios, lagos e áreas de
dades de implementação dos obje- risco (encostas íngremes e dunas). Mais
tivos do PNF bem como promover tarde, esse conceito deu origem às Áreas
a integração de políticas setoriais; de Preservação Permanente (APPs).

(iii) propor, apoiar e acompanhar a


execução dos objetivos previstos À medida que a lenha perdia relevância econô-
no PNF e identificar demandas e mica e aumentava a consciência sobre o papel
fontes de recursos financeiros; e do meio ambiente e das florestas, emergia a
necessidade de se rever o Código Florestal.
(iv) sugerir critérios gerais de sele-
ção de projetos no âmbito do PNF Em 1965, foi criado o "novo" Código Florestal
relacionados à proteção e ao uso (Lei 4.771/65) que estabeleceu restrições à ex-
sustentável das florestas. ploração das florestas de domínio privado, com
a finalidade de preservar os diferentes biomas.
Essas restrições se referiam à porção da pro-
priedade em que a cobertura arbórea deveria
Atenção! ser mantida, sendo no mínimo de 20% e o má-
ximo de 50%, dependendo da região do país.
Note-se que, diferentemente dos CBHs, Na Amazônia, o texto original da lei, em seu
a CONAFLOR é um órgão de caráter artigo 15, instituía que:
consultivo. Portanto, suas atribuições são
mais de caráter propositivo e de acompa-
nhamento/monitoramento dos recursos. Fica proibida a exploração sob for-
ma empírica das florestas primitivas
da bacia amazônica que só pode-
3.2.2. Código Florestal: 1934,1965 e 2012 rão ser utilizadas em observância
a planos técnicos de condução e
Ao longo do século XX, foram editados três manejo a serem estabelecidos por
Códigos Florestais no Brasil, a saber: em 1934, ato do Poder Público, a ser baixado
1965 e 2012. A distância temporal entre os dentro do prazo de um ano.
Códigos implica diferenças significativas quan-
to às suas características.
Note-se, porém, que, mesmo com o código de
O Código de 1934, no contexto da expansão 1965, 100% da floresta poderia ser desmata-
cafeeira no Sudeste, surgiu como um meio de da, desde que fosse replantada. Esse replantio
se conservar o fornecimento de lenha, prin- não estabelecia nenhuma obrigatoriedade de
cipal fonte energética da época. O Decreto respeito ao bioma original.
23.793/34 estabelecia que os donos de terra

35 | Página
No intervalo entre a edição dos Códigos de O CAR deverá reunir todas as informações de
1965 e 2012, houve avanços contínuos, porém gestão ambiental das propriedades rurais (es-
não no formato de Código Florestal. Destaca- tudos de topografia, cursos d’água, nascentes,
se a década de 1980 como período de inflexão, olhos d’água, veredas, topos de morros, áreas
ou seja, transformação na relação do homem íngremes etc.).
com o meio ambiente.
Como já reforçado ao longo das unidades an-
Em 1986, por exemplo, aprovou-se a Lei teriores, a gestão dos recursos florestais, em-
7.511/86, que impede o desmatamento das bora tenha sido a primeira preocupação de um
áreas nativas, mesmo com a recuperação da governo com o meio ambiente, ainda enfrenta
vegetação original. muitos problemas em função da dificuldade
na fiscalização do recurso. A precariedade de
Outro exemplo é a destinação de um capítulo recursos técnicos e o número escasso de fun-
inteiro da Constituição Federal de 1988 para a cionários são aspectos recorrentes na opera-
discussão do meio ambiente e sua relação com cionalização das políticas voltadas à proteção
o homem. das florestas.

Nas décadas de 1990 e 2000, como já visto na


Unidade 1, ocorreram, simultaneamente, um 3.3.  Clima (2009)
fortalecimento da legislação de meio ambien-
te por meio de medidas provisórias, decretos e A crescente preocupação com o aumento ex-
leis e, em contrapartida, a expansão das fron- ponencial de emissões de gases de efeito
teiras agrícolas em direção ao Oeste (as princi- estufa e as consequentes mudanças climáti-
pais culturas nesse processo de expansão são: cas provocaram, na década de 1990, um es-
soja, laranja, milho e agropecuárias). forço internacional no sentido de se desenhar
e implementar políticas contra o aquecimento
Esse processo aumentou a tensão e a discor- global.
dância entre os legisladores/órgãos de contro-
le e fiscalização e os agricultores/produtores. A Em dois momentos diferentes, na ECO 92, com
situação tornou-se crítica quando, em julho de a criação da Convenção-Quadro das Nações
2008, um decreto presidencial regulamentou a Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), e,
Lei de Crimes Ambientais, prevendo sanções em 1997, com o Protocolo de Kyoto, algumas
penais e administrativas imediatas. políticas foram desenhadas para estabilizar as
concentrações de gases de efeito estufa na
No Código Florestal de 2012 (Lei n° 12.561/12), atmosfera.
considera-se como uma das principais mudan-
ças a criação do Cadastro Ambiental Rural No Brasil, em resposta a esse movimento, a
(CAR). E, segundo Barros (2012): Política Nacional sobre Mudança do Clima
(PNMC), instituída pela Lei nº 12.187, de 2009,
constituiu-se como principal instrumento de po-
O legislativo enfatizou a instituição lítica climática. A partir dessa lei, o Ministério do
de áreas de proteção no interior de Meio Ambiente (MMA) executa medidas como
propriedades rurais, tais como a os planos de mitigação e adaptação, a criação
Área de Preservação Permanente de inventários e o incentivo à pesquisa para
(APP) e Reserva Legal (RL), além que o país alcance as metas voluntárias de re-
da regulação da exploração de pro- dução de emissões de gases de efeito estufa.
dutos florestais e o trato especial à Na figura abaixo, pode ser observada a evolu-
agricultura familiar, considerados ção dos mecanismos de controle e monitora-
ambiental e socialmente importan- mento das mudanças climáticas.
tes para o país.

36 | Página
Figura 2: Evolução das políticas de controle das mudanças climáticas

Fonte: Facebook MMA. Acessado em 20/10/2015.


Disponível em https://www.facebook.com/ministeriomeioambiente?fref=ts

3.3.1. Convenção-Quadro das Nações ressaltou a correlação do aumento da tempera-


Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) tura da terra com emissões de gases de efeito
estufa (GEE) geradas por atividades humanas.
O objetivo da ECO 92 era ampliar o debate so-
bre as questões ambientais em escala global. O tratado teve adesão instantânea de 154 países
Contudo, as mudanças climáticas ganharam durante o encontro e estipulou compromissos
papel de destaque. A criação da Convenção- e obrigações para os países signatários. Cabe
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do destacar que os compromissos variam de acor-
Clima (UNFCCC) ratificou a preocupação inter- do com as circunstâncias de cada país, como o
nacional com o aquecimento global bem como nível de desenvolvimento e o grau de emissão

37 | Página
de gases de efeito estufa. Por mais que as taxas balizador das ações climáticas. A governança da
de emissão desses gases (GEE) não tenham PNMC ficou a cargo do Comitê Interministerial
sido fixadas por país, foram definidas obriga- sobre Mudança do Clima (CIM) e seu Grupo
ções, tais quais: a) a realização de inventários Executivo (GEx), sendo o primeiro coordenado
nacionais de GEE gerados por atividades huma- pela Casa Civil e o segundo pelo próprio MMA.
nas; b) a formulação, implementação e atualiza-
ção dos programas nacionais de mitigação das O GEx reúne-se mensalmente e é o principal
mudanças climáticas; e c) o desenvolvimento de fórum de articulação institucional da Política
tecnologias e pesquisa científica no tema. Nacional sobre Mudança de Clima. Há, ainda,
outros fóruns mais específicos/técnicos, que
Por fim, foi definido que as taxas de emissão são orientados pelo CIM e pelo GEx, a saber:
de GEE seriam discutidas em encontros peri-
ódicos e acordadas no formato de protocolos,
como o de Kyoto, apresentado em seguida. • Fórum Brasileiro de Mudança do
Destaca-se que, em termos de cooperação Clima.
global, deu-se um grande passo para a prote-
ção do clima na ECO 92. • Rede Brasileira de Pesquisas so-
bre Mudanças Climáticas Globais-
3.3.2. Protocolo de Kyoto (1997) Rede Clima.

O Protocolo de Kyoto tem como principal ob- • Comissão de Coordenação


jetivo a redução dos gases que agravam o das Atividades de Meteorologia,
efeito estufa. Ele estabelece a implementação Climatologia e Hidrologia.
de medidas que vão desde o aumento da efi-
ciência energética em setores relevantes da
economia nacional até a promoção de formas 3.3.4. Redução de Emissões – REDD+
sustentáveis de agricultura. Relatórios

Os países desenvolvidos se comprometeram a No Brasil, o desmatamento e as queimadas estão


reduzir suas emissões totais de gases de efeito entre os principais responsáveis pela emissão de
estufa em, no mínimo, 5% abaixo dos níveis de CO2. É nesse contexto que se insere o programa
1990, no período compreendido entre 2008 e de Redução de Emissões por Desmatamento e
2012. Para os países “não desenvolvidos”, in- Degradação Florestal (REDD+).
cluindo o Brasil, foram estabelecidas medidas
para que o crescimento necessário de suas A rigor, o REDD+ é um instrumento de incentivo
emissões fosse limitado de maneira apropriada, para recompensar financeiramente países em
contando, para isso, com recursos financeiros e desenvolvimento por seus resultados no comba-
acesso à tecnologia dos países industrializados. te ao desmatamento e à degradação florestal e
na promoção do aumento de cobertura florestal.
O Brasil ratificou o documento em 23 de agosto
de 2002, tendo sua aprovação interna por meio Por meio desse instrumento, países em de-
do Decreto Legislativo nº 144 de 2002. No caso senvolvimento que apresentarem reduções de
brasileiro, o Protocolo de Kyoto foi um marco emissões de gases de efeito estufa e aumen-
legal, ou seja, o documento que normatizou a to de estoques de carbono serão elegíveis a
preocupação com o clima. receber “pagamentos por resultados”. Note-
se, portanto, que a lógica de compensação do
3.3.3. Instrumentos Institucionais REDD+ é sobre resultados já atingidos.

Conforme dito, a Política Nacional sobre Mudança O país em desenvolvimento interessado em ob-
do Clima (PNMC) foi o principal instrumento ter o reconhecimento de suas ações nacionais

38 | Página
e as compensações correspondentes deve pro- A redução do desmatamento na Amazônia
duzir um relatório e submetê-lo ao Secretariado também é decorrência do fortalecimento ins-
da Convenção Quadro das Nações Unidas. titucional e da evolução técnica de diferentes
Dois especialistas do secretariado desenvol- órgãos públicos que, direta ou indiretamente,
verão um relatório final, analisando o Anexo influenciam nas políticas de redução de des-
REDD+ e confirmando ou não se o país está matamento. A capacidade técnica do INPE é
apto a receber as compensações financeiras. essencial para o monitoramento; a capacidade
Os recursos das compensações vêm, princi- operacional do IBAMA e da Polícia Federal é
palmente, de países desenvolvidos, mas tam- fundamental para a fiscalização; e a capacida-
bém de empresas e doadores do setor privado. de de ação dos estados é decisiva para o ca-
dastro ambiental das propriedades rurais.
Saiba Mais!
Atenção!
A Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima (UNFCCC) tem A experiência na Amazônia tem servido
o objetivo de estabelecer a base para a de modelo para a redução do desma-
cooperação internacional sobre as ques- tamento em outros biomas. Um exem-
tões técnicas e políticas relacionadas ao plo disso foi o lançamento, em 2010,
aquecimento global. do PPCerrado, um plano de redução
do desmatamento organizado em torno
Em 1992, a Convenção-Quadro das dos mesmos eixos do PPCDAm. Ainda
Nações Unidas sobre Mudança do Clima em 2010, foi lançado um documento
foi assinada e ratificada por mais de 175 com subsídios para a elaboração do
países com o objetivo de estabilizar a PPCaatinga, voltado à prevenção e ao
emissão de gases de efeito estufa, preve- controle do desmatamento na Caatinga.
nindo, assim, uma interferência humana
perigosa para o clima de nosso planeta.
Em seu texto, a convenção reconhece as
Saiba Mais!
mudanças climáticas globais como uma
questão que requer o esforço de todos os Para criar mais pontos de vista sobre o
países para ser tratada de forma efetiva. tema, assista:

Filme: Uma verdade inconveniente


3.3.5. Amazônia
(2006). Diretor: Al Gore.
O principal instrumento de combate ao des-
No documentário, o ex vice-presidente
matamento associado ao REDD+ é o Plano de
dos Estados Unidos (Al Gore), derrotado
Prevenção e Controle do Desmatamento na
por Bush nas eleições presidenciais dos
Amazônia Legal (PPCDAm), lançado em 2004.
EUA em 2000, apresenta uma análise da
O PPCDAm é dividido em três eixos, cada um
questão do aquecimento global desde a
abrangendo as seguintes ações:
década de 70, os mitos e os equívocos
existentes em torno do tema e também
possíveis saídas para que o planeta não
(i) Ordenamento Fundiário e Territorial.
passe por uma catástrofe climática nas
próximas décadas.
(ii) Monitoramento e Controle
Ambiental.

(iii) Fomento às Atividades Produtivas


Sustentáveis.

39 | Página
3.4.  Resíduos Sólidos (2010) Atenção!
A Lei nº 12.305/10, que institui a Política De acordo com a premissa da respon-
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), é bas- sabilidade compartilhada, cada agente é
tante atual e contém instrumentos importantes responsável pelos resíduos que produz.
para o enfrentamento dos principais problemas
ambientais, sociais e econômicos decorrentes
do manejo inadequado dos resíduos sólidos. A logística reversa é, assim, um dos instru-
mentos para a aplicação da responsabilidade
A PNRS prevê a redução na geração de resí- compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
duos, propondo a prática de hábitos de consu- A PNRS (Art. 3°, inciso XII) define a logística
mo sustentáveis e um conjunto de instrumen- reversa como:
tos para propiciar o aumento da reciclagem
e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo Instrumento de desenvolvimento econômico e
que tem valor econômico e pode ser reciclado social caracterizado por um conjunto de ações,
ou reaproveitado) e a destinação ambiental- procedimentos e meios destinados a viabilizar
mente adequada dos rejeitos (aquilo que não a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao
pode ser reciclado ou reutilizado). Trataremos setor empresarial, para reaproveitamento, em
a seguir de alguns desses elementos presen- seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou ou-
tes no plano. tra destinação final ambientalmente adequada.

3.4.1. Responsabilidade Compartilhada Esse instrumento obriga a empresa produto-


entre Produtor e Consumidor ra a desenvolver soluções para os resíduos
que gera ao mesmo tempo em que estimula a
Entre outros princípios e instrumentos intro- pesquisa por tecnologias mais sustentáveis. A
duzidos pela Política Nacional de Resíduos responsabilidade pelo encaminhamento do re-
Sólidos destacam-se a responsabilidade com- síduo é compartilhada com o consumidor, evi-
partilhada pelo ciclo de vida dos produtos e a tando assim o descarte equivocado e a conse-
logística reversa. quente poluição/contaminação de solos, rios,
mares e outros ambientes.
Nos termos da PNRS (Art. 3°, inciso XVII), a
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
Atenção!
vida dos produtos é o:
Principais produtos do sistema de logísti-
ca reversa: pneus; pilhas e baterias; em-
Conjunto de atribuições individuali- balagens e resíduos de agrotóxicos; lâm-
zadas e encadeadas dos fabrican- padas fluorescentes, de mercúrio e vapor
tes, importadores, distribuidores e de sódio; óleos lubrificantes automotivos;
comerciantes, dos consumidores e peças e equipamentos eletrônicos e de
dos titulares dos serviços públicos informática; eletrodomésticos (geladei-
de limpeza urbana e de manejo dos ras, fogões, micro-ondas, freezers etc.).
resíduos sólidos, para minimizar o
volume de resíduos sólidos e rejei-
tos gerados, bem como para redu- 3.4.2.  A Gestão Municipal e o Fim dos Lixões
zir os impactos causados à saúde
humana e à qualidade ambiental O fim dos lixões tem relação direta com os
decorrentes do ciclo de vida dos Municípios na medida em que essa forma de
produtos, nos termos desta Lei. lidar com os resíduos ainda é regra em mui-
tas cidades do Brasil. De acordo com a Lei
12.305/2010, os Municípios teriam quatro anos

40 | Página
para migrar para um sistema mais sustentável, na implementação da Política Nacional de
a saber: os aterros sanitários. Resíduos Sólidos (PNRS), com destaque para
a gestão integrada desses resíduos. De modo
A PNRS determina que essa transição seja geral, atuam nas atividades de coleta seletiva,
desenhada através de um plano de gestão de triagem, classificação, processamento e co-
resíduos sólidos, através do qual os Municípios mercialização dos resíduos reutilizáveis e reci-
teriam acesso a recursos financeiros do gover- cláveis, contribuindo de forma significativa para
no federal e investimento no setor. a cadeia produtiva da reciclagem.

Ao fim do ano de 2014, pouquíssimos Saiba Mais!


Municípios conseguiram implementar a nova
gestão de resíduos. De acordo com o IPEA Para entender mais sobre a importância
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), dos catadores na gestão de resíduos,
em 2014, do total de Municípios no país, mais acesse:
da metade não trata o lixo devidamente ou tem
lixões. Ainda segundo o IPEA, 2.810 Municípios Movimento Nacional dos Catadores:
brasileiros não tratam o lixo, enquanto 2.906 http://www.mncr.org.br/
ainda possuem lixões em funcionamento. Em
geral, as prefeituras alegam falta de recursos e Programa Pró-Catador: iniciativa do go-
capacitação técnica. verno federal que visa a promover ações
voltadas aos catadores. Disponível
Saiba Mais! em: http://www.secretariageral.gov.br/
atuacao/pro-catador/pro-catador
Mas qual a diferença entre os lixões e
os aterros sanitários?
Atualmente, pode-se dizer que as principais
Para saber sobre essa diferença, aces- metas da PNRS são: a eliminação e a recupe-
se o site: http://www.lixo.com.br/content/ ração de lixões e a inclusão social/econômica
view/144/251/ de catadores de materiais recicláveis.

Outro aspecto a ser destacado na PNRS é a Saiba Mais!


linha de ação voltada para os catadores, traba-
lhadores que têm papel central na reciclagem Para criar mais pontos de vista sobre o
dos resíduos. Esses trabalhadores tiram do lixo tema, assista:
o seu sustento e, em condições precárias de
trabalho, coletam dos depósitos (lixões) e de Filme: Estamira (2006). Diretor: Marcos
lixeiras materiais que tenham algum valor agre- Prado. O documentário aborda a vida de
gado, como papelão, alumínio e cobre. uma catadora que mora em um lixão.

Segundo estimativas de 2014 do Movimento Filme: Lixo Extraordinário (2009). Diretor:


Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis Lucy Walker. O documentário retrata o
(MNCR), há 800 mil trabalhadores em atividade processo criativo do artista plástico Vik
no Brasil. Desse universo, 70% são mulheres Muniz e seu envolvimento com catado-
que, na maioria dos casos, realizam a atividade res do lixão de Jardim Gramacho no Rio
como forma de complementar a renda. de Janeiro.

Nesse sentindo, cabe ressaltar que os ca-


tadores de matérias reutilizáveis e reci-
cláveis desempenham papel fundamental

41 | Página
4. Instrumentos de
Política e Gestão
Ambiental

42 | Página
III  a avaliação de impactos
4.  INSTRUMENTOS DE ambientais;

POLÍTICA E GESTÃO IV  o licenciamento e a revisão de


atividades efetiva ou potencialmente
AMBIENTAL poluidoras;

Os instrumentos de gestão ambiental são V  os incentivos à produção e insta-


considerados mecanismos utilizados pela lação de equipamentos e a criação
Administração Pública para implementar e al- ou absorção de tecnologia, volta-
cançar os objetivos de uma determinada polí- dos para a melhoria da qualidade
tica. Tais mecanismos têm caráter informativo, ambiental;
normativo, corretivo e preventivo e podem se
apresentar sob a forma de ações administra- VI  a criação de espaços territo-
tivas, sistemas de informação, licenças e au- riais especialmente protegidos pelo
torizações, pesquisas e métodos científicos, Poder Público federal, estadual e
técnicas educativas, relatórios informativos, municipal, tais como áreas de prote-
incentivos fiscais etc. ção ambiental, de relevante interes-
se ecológico e reservas extrativistas;
No Brasil, a definição das ferramentas para
a gestão ambiental veio através da PNMA VII  o sistema nacional de informa-
em 1981, que prevê no art. 9º os seguintes ções sobre o meio ambiente;
instrumentos:
VIII  o Cadastro Técnico Federal de
Atividades e Instrumentos de Defesa
I  o estabelecimento de padrões de Ambiental;
qualidade ambiental;
IX  as penalidades disciplinares ou
II  o zoneamento ambiental; compensatórias ao não cumprimento

43 | Página
das medidas necessárias à preser- necessidades das novas diretrizes de desen-
vação ou correção da degradação volvimento sustentável e aperfeiçoamento da
ambiental; gestão ambiental quanto às situações advin-
das do crescimento econômico e de reivindica-
X  a instituição do Relatório de ções da sociedade civil organizada.
Qualidade do Meio Ambiente, a
ser divulgado anualmente pelo A seguir, trataremos de alguns instrumentos
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente sistematizados pela PNMA.
e Recursos Naturais Renováveis
- IBAMA;
4.1 Padrões de Qualidade Ambiental e
XI  a garantia da prestação de infor- Cadastro Técnico de Atividades
mações relativas ao Meio Ambiente,
obrigando-se o Poder Público a pro- Esses instrumentos têm caráter informativo e
duzi-las quando inexistentes; normativo, ou seja, têm o objetivo de: a) divulgar
as ações desenvolvidas para a melhoria do meio
XII  o Cadastro Técnico Federal de ambiente no Brasil através de relatórios públicos;
atividades potencialmente poluido- b) identificar instituições, empresas, pessoas e
ras e/ou utilizadoras dos recursos produtos que atuam na proteção do meio am-
ambientais; biente; c) emitir padrões de qualidade, a saber,
e definir regulações para a qualidade da água,
XIII  instrumentos econômicos, como do ar e para a emissão de ruídos; d) formatar os
concessão florestal, servidão am- critérios que serão utilizados para avaliar os pa-
biental, seguro ambiental e outros. drões ambientais para cada sistema ambiental.

4.1.1. Relatório de Qualidade do Meio


Esses instrumentos têm sido objeto de aplica- Ambiente (RQMA)
ção e regulamentação no Brasil, sendo alguns
já mais consolidados, como os padrões de qua- A Lei Nº 6.938/1981 instituiu o Relatório de
lidade ambiental, o licenciamento e a avaliação Qualidade do Meio Ambiente (RQMA) e deter-
de impacto ambiental. A auditoria ambiental, a minou sua produção e divulgação anual pelo
avaliação ambiental estratégica e alguns ins- IBAMA. O primeiro RQMA editado foi produzido
trumentos econômicos, como o ICMS ecológi- em 1984 e, apenas em 2013, foi produzido outro
co, começaram a ser adotados por lei somente relatório. Contudo, o portal do IBAMA informa que
na década de 1990. foram produzidos, nas últimas duas décadas, do-
cumentos semelhantes ao RQMA. A saber:
Atenção!
A educação ambiental e o monitoramento, • 1992 – Relatório do Brasil para
embora não expressos em lei, são consi- a Conferência das Nações Unidas
derados como importantes instrumentos sobre Meio Ambiente.
operacionais da gestão ambiental.
• 1997 – Relatório sobre
Ecossistemas Brasileiros e os
Os instrumentos de política ambiental são in- Principais Macrovetores de
terdependentes e complementares, desempe- Desenvolvimento.
nhando cada um deles um papel específico
na busca dos objetivos de proteção ambiental. • 2002– Relatório sobre
De natureza flexível, eles têm sido constan- Perspectivas do Meio Ambiente no
temente ampliados para responder tanto às Brasil GEO-Brasil.

44 | Página
Saiba Mais! ecológicos e a estudos ambientais de um modo
geral ou à fabricação, comercialização, instala-
Para ter acesso ao Relatório de ção ou manutenção de equipamentos, aparelhos
Qualidade do Meio Ambiente de 2013, e instrumentos de controle de poluição.
produzido pelo IBAMA, acesse o site:
http://www.ibama.gov.br/phocadownload/ Foi regulamentado pela Resolução CONAMA
rqma/RQMA_2013.pdf. Acesso em: 05 nº 001, de 16.03.88, e tem sido mantido com
nov. de 2015. regularidade.

Além deste, estão em implantação no MMA ou-


4.1.2. Cadastro Nacional das Entidades tros instrumentos de caráter informativo:
Ambientais não Governamentais (CNEA)

O Cadastro Nacional das Entidades Ambientais • Sistema Nacional de Informações


não Governamentais (CNEA) foi criado pela sobre a Gestão dos Resíduos
Resolução CONAMA Nº 006/89 com o ob- Sólidos (SINIR), criado em 2010.
jetivo de manter o registro das Entidades
Ambientalistas não Governamentais atuantes • Cadastro Ambiental Rural (CAR),
no Brasil cuja atividade fundamental seja a de- que é um registro eletrônico cuja fi-
fesa do meio ambiente. nalidade é integrar as informações
ambientais referentes à situação de
O cadastro fornece informações para o esta- áreas de preservação permanente,
belecimento de parcerias, habilitação em pro- áreas de reserva legal, florestas e
jetos, convênios e divulgações em geral para remanescentes de vegetação na-
inúmeros organismos governamentais e não tiva, áreas de uso restrito e áreas
governamentais, nacionais e internacionais, consolidadas das propriedades e
que acessam seus dados. posses rurais do país.

Segundo o portal do MMA:


Saiba Mais!
O Conselho Nacional do Meio O CAR (Cadastro Ambiental Rural) foi
Ambiente - CONAMA, em particular, criado pela Lei nº 12.651/2012, Código
o utiliza como pré-requisito para a Florestal, e se destina a formar a base
eleição dos representantes das cin- estratégica de dados para controle, moni-
co regiões geográficas que ocupam toramento e combate ao desmatamento
a vaga de Conselheiro representante das florestas e demais formas de vege-
das Entidades Ambientalistas Civis no tação nativa bem como serve para o pla-
Plenário do CONAMA pelo período de nejamento ambiental e econômico dos
dois anos, sendo que as Entidades imóveis rurais.
candidatas e votantes deverão estar
inscritas no CNEA por igual período.
Na esfera das Unidades da Federação, algu-
mas entidades de meio ambiente mantêm seus
4.1.3.  Cadastro Técnico Federal de Atividades respectivos cadastros de atividades poluidoras
e Instrumentos de Defesa Ambiental ou de atividades sujeitas ao sistema de licen-
ciamento ambiental, publicando esporadica-
Esse cadastro constitui o registro obrigatório de mente relatórios de qualidade de componen-
pessoas físicas e jurídicas que se dedicam à pres- tes do meio ambiente (ar, água, qualidade de
tação de serviços de consultoria sobre problemas praias) ou diagnósticos ambientais integrados.

45 | Página
4.1.4. Padrões de Qualidade Os padrões de potabilidade nacionais são de-
finidos como o conjunto de valores permitidos
Esses instrumentos consistem em normas téc- como parâmetro da qualidade da água para con-
nicas que têm por objetivo definir e controlar os sumo humano, conforme definido na Portaria
níveis aceitáveis de elementos com potencial MS Nº 2914/2011 do Ministério da Saúde.
poluente no que diz respeito:
Padrões de balneabilidade

• ao uso da água (consumo, abas- São as condições limitantes estabelecidas


tecimento, descarte, lazer, ativida- para a qualidade das águas doces, salobras e
des produtivas); salinas destinadas à recreação de contato pri-
mário (banho público).
• à emissão de poluentes
atmosféricos; Os padrões nacionais de balneabilidade encon-
tram-se na Resolução CONAMA nº 274/2000.
• aos níveis de ruído (para evitar
problemas de saúde associados à Padrões de qualidade da água
poluição sonora).
Contemplam:

Atenção!
• Os diferentes usos da água (re-
No Brasil, os padrões de qualidade am- creação, abastecimento humano,
biental e os padrões de emissão de preservação e proteção das comuni-
poluentes podem ser criados por nor- dades aquáticas, industrial, agrícola
mas federais, estaduais ou municipais. – irrigação, aquicultura, pesca, nave-
O Poder Público estadual e o municipal gação, dessedentação de animais).
também podem instituir padrões de quali-
dade ambiental, válidos para os seus res- • Os critérios para a proteção des-
pectivos territórios, porém sempre mais ses usos.
restritivos que os padrões nacionais.
• Os planos de tratamento (para o
necessário melhoramento dos sis-
São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de temas de esgotamento urbano e
Janeiro dispõem de alguns padrões baixados industrial).
especificamente para a gestão de problemas
peculiares a suas áreas de jurisdição. Não há • A legislação antipoluição para
informação sobre a vigência de padrões muni- proteger a água de boa qualidade
cipais de qualidade ambiental. existente.

Estão em vigor os seguintes padrões de quali-


dade ambiental baixados no âmbito do Governo Os padrões nacionais de qualidade da água,
Federal: segundo as diferentes classes, foram baixados
pelo CONAMA, por meio da Resolução nº 357,
Padrões de potabilidade da água de 17.03.2005.

São as quantidades limites que, com relação Padrões de efluentes (líquidos)


aos diversos elementos, podem ser toleradas
nas águas de abastecimento. Padrões a serem obedecidos pelos lançamen-
tos diretos e indiretos de efluentes líquidos

46 | Página
provenientes de atividades poluidoras, em Padrões de emissão de poluentes atmosféricos
águas interiores ou costeiras, superficiais ou
subterrâneas. Correspondem às quantidades máximas de
poluentes que se permite legalmente despejar
Os padrões nacionais de efluentes líquidos no ar por uma única fonte.
foram também estabelecidos por meio da
Resolução CONAMA nº 357, de 17.03.2005, Foram estabelecidos pelas resoluções nº
modificada pela Resolução nº 430, de 8, de 06.12.1990, e nº 382, de 26.12.2006,
13.05.2011. complementadas pela Resolução nº 426, de
22.12.2011.
Padrões de qualidade do ar
Normas e padrões referentes à emissão de
São os níveis de poluente prescritos para o ruídos
ar exterior, que, por lei, não podem ser exce-
didos em um tempo e uma área geográfica Usadas para o controle da poluição sonora,
determinados. essas normas foram baixadas pela Portaria n◦
092, de 19 de junho de 1980, do Ministério do
Os padrões nacionais de qualidade do ar fa- Interior, e revistas pelo CONAMA, que instituiu
zem parte do PRONAR (Resolução nº 05, de o Programa Nacional de Educação e Controle
15.06.89, do CONAMA), que os divide em: da Poluição Sonora "Silêncio" (Resolução n◦
2, de 8.03.1990) e ratificou os critérios e pa-
drões estabelecidos pela Associação Brasileira
• Padrões primários de qualidade de Normas Técnicas (ABNT) (Resolução n° 1,
do ar: concentrações de poluentes de mesma data).
que, ultrapassadas, poderão afetar
a saúde da população. Podem ser Os limites máximos de ruído de automóveis,
entendidos como níveis máximos ônibus e caminhões foram regulamentados pe-
toleráveis de concentração de po- las Resoluções CONAMA n◦ 01, de 11.11.1993,
luentes atmosféricos, constituin- n◦ 17, de 13.12.1995, e n◦ 252, de 29.01.1999.
do-se em metas de curto e médio
prazo. 4.1.5.  Critérios de Qualidade Ambiental

• Padrões secundários de qualida- Integrando e complementando os padrões


de do ar: concentrações de poluen- ambientais, os critérios de qualidade ambien-
tes atmosféricos abaixo das quais tal são o conjunto de princípios, normas e pa-
se prevê o mínimo efeito adverso drões (quando couber) que serve de base para
sobre o bem-estar da população, a apreciação, a formação ou a confirmação
assim como o mínimo dano à fau- de julgamentos quanto à qualidade do meio
na e flora, aos materiais e meio ambiente.
ambiente em geral. Podem ser en-
tendidos como níveis desejados de Os critérios de qualidade ambiental são formu-
concentração de poluentes, consti- lados com base em conhecimento científico e
tuindo-se em metas de longo prazo. informação sobre o comportamento dos siste-
mas ambientais.

Os padrões de qualidade do ar foram esta- Estabelecidos para um sistema ambiental


belecidos pela Resolução CONAMA nº 3, de como um todo, ou para cada um de seus com-
26.06.1990. ponentes, os critérios de qualidade ambiental
servem como referencial para o controle da de-
gradação ambiental e da poluição.

47 | Página
Do mesmo modo, podem sem estabelecidos Saiba Mais!
critérios (princípios, normas, restrições) para
as diferentes formas de uso e a conservação Mesmo antes, ou logo após, a regula-
dos recursos ambientais. São exemplos disso mentação da Lei de Política Nacional do
as regras de compensação pelo corte de árvo- Meio Ambiente, as entidades ambientais
res com a plantação de certo número de ou- dos estados costumavam melhorar o de-
tras, em locais determinados. sempenho das indústrias poluidoras que
ameaçavam a saúde por meio de fiscali-
Atenção! zação, do monitoramento e da exigência
de adoção de equipamentos de controle
Os Municípios da Amazônia têm auto- da poluição. Isso aconteceu em algumas
nomia e fariam bem em determinar cri- áreas consideradas críticas de poluição
térios para os usos e serviços ambien- nas regiões industrializadas do país, como
tais das florestas e a conservação da Cubatão, regiões metropolitanas de São
biodiversidade. Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

4.2.2.  Auditoria Ambiental


4.2 Controle, Avaliação e
Recuperação Ambiental A auditoria ambiental consiste na avaliação do-
cumentada e sistemática das instalações e das
Esses instrumentos têm a finalidade de regu- práticas operacionais e de manutenção de uma
lamentar ou corrigir casos correntes de degra- atividade poluidora, com o objetivo de verificar:
dação ambiental, compreendendo desde os
investimentos em pesquisa, equipamento e
obras até o controle ambiental, a auditoria am- • a obediência aos padrões de con-
biental e os planos de recuperação da quali- trole e qualidade ambiental;
dade de sistemas ambientais (baías, restingas,
bacias hidrográficas). • os riscos de poluição acidental e
a eficiência das respectivas medi-
4.2.1.  Controle Ambiental das preventivas;

O controle ambiental define-se como a faculda- • o desempenho dos gerentes e


de de a Administração Pública orientar, corri- operários nas ações referentes ao
gir, fiscalizar e monitorar as ações referentes à controle ambiental;
utilização dos recursos ambientais, de acordo
com as diretrizes técnicas e as leis em vigor. • a pertinência dos programas
Serve para o disciplinamento de atividades de gestão ambiental interna ao
econômicas instaladas sem as devidas medi- empreendimento.
das de proteção do meio ambiente.

Prevista pela legislação de diversos países, a


auditoria ambiental pode ser voluntária, isto é,
realizada por iniciativa das próprias empresas
com o objetivo de controle interno de suas dife-
rentes unidades de produção e processos, ou
compulsória, por força de demandas específi-
cas da legislação.

48 | Página
Atenção! Exemplo
A Resolução CONAMA no 306, de Plano de Recuperação da Qualidade
05.07.2002, estabeleceu os requisitos Ambiental:
mínimos e o conteúdo da auditoria am-
biental de atividades ligadas a refinarias, O Programa de Despoluição da Baía de
instalações portuárias e de exploração Guanabara estabelece, progressivamen-
de petróleo no mar. te, desde a década de 1970, as metas am-
bientais a serem alcançadas para recupe-
rar suas águas para diversos usos. Para
Saiba Mais! isso, são promovidas ações de diversos
tipos (controle de indústrias, saneamento
Na escala das Unidades da Federação, básico, gestão de resíduos sólidos, moni-
cita-se a Constituição do Estado do Rio toramento, educação ambiental) de modo
de Janeiro, que determinou a realização a reverter a situação de degradação da
periódica, preferencialmente por institui- qualidade ambiental na bacia contribuinte
ções sem fins lucrativos, de auditorias e nas águas dessa baía.
nos sistemas de controle de poluição e
prevenção de riscos de acidentes das ati-
vidades de alto potencial poluidor.
4.3 Planejamento, Monitoramento e
Outros estados, como o Paraná e Proteção Socioambiental
Pernambuco, também adotaram a audi-
toria ambiental compulsória. Esses instrumentos visam a potencializar as
vocações dos territórios a partir de análises
sociais, ambientais e econômicas integradas e
4.2.3. Planos de Recuperação da Qualidade em sinergia com o meio ambiente. As ações
Ambiental têm caráter preventivo e buscam uma reavalia-
ção constante da interface entre atividades hu-
Os planos e os programas de recuperação da manas (sociais, produtivas, simbólicas) e meio
qualidade ambiental, por sua vez, conformam- ambiente.
se como planos ou programas integrados de
gestão ambiental, quase sempre continuados, As ações compreendem: a) o licenciamento
que têm por finalidade a correção dos danos ambiental; b) a Avaliação de Impacto Ambiental
e problemas ambientais causados pela ativi- (AIA); c) a Avaliação Ambiental Estratégica
dade humana nos sistemas ambientais a que (AAE); d) os planos diretores de uso de recur-
se aplicam. sos ambientais e; e) a criação de áreas prote-
gidas (Unidades de Conservação da natureza).
O objetivo é corrigir e melhorar a situação de
qualidade dos sistemas ambientais, prevenin-
do a ocorrência de novas formas de degrada-
ção ambiental por meio da regulação do uso
futuro dos recursos ambientais.

De acordo com o grau de complexidade dos


problemas e da dinâmica social desses siste-
mas, a implementação dos planos e programas
pode prever o emprego de dois ou mais instru-
mentos de gestão ambiental.

49 | Página
4.3.1. Licenciamento Ambiental O licenciamento inclui, ainda, rotinas de acom-
panhamento das licenças concedidas (vincula-
O licenciamento ambiental é definido pela das ao monitoramento dos efeitos ambientais
Resolução CONAMA n° 237/1997(Art. 1°, inci- do empreendimento) e das normas técnicas e
so I) como: administrativas que o regulam.

Atenção!
Procedimento administrativo pelo
qual o órgão ambiental competente Esse processo pode ser considerado
licencia a localização, instalação, um dos instrumentos mais importante da
ampliação e a operação de empre- PNMA, haja vista que consiste em uma
endimentos e atividades utilizado- autorização governamental para a reali-
ras de recursos ambientais, consi- zação de atividades que utilizam recur-
deradas efetiva ou potencialmente sos ambientais ou que tenham potencial
poluidoras ou daquelas que, sob de causar degradação.
qualquer forma, possam causar de-
gradação ambiental, considerando
as disposições legais e regulamen- 4.3.2. Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)
tares e as normas técnicas aplicá-
veis ao caso. A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) tem
como objetivo identificar, prever (antecipar) e
analisar os principais impactos de um empre-
Os empreendimentos sujeitos ao licenciamen- endimento que possam comprometer a quali-
to são aqueles capazes de modificar o meio dade do meio ambiente.
ambiente, isto é, aqueles que, potencial ou
efetivamente, afetem a qualidade ambiental, O processo de avaliação é feito durante a ela-
causem qualquer forma de poluição ou utilizem boração do EIA (Estudo de Impacto Ambiental)
recursos ambientais. Os projetos podem ser e é constituído por um conjunto de procedimen-
desenvolvidos por pessoas físicas ou empre- tos que faz com que os impactos ambientais
sas, inclusive entidades da administração pú- relevantes sejam sistematicamente previstos e
blica que se instalem no território nacional. analisados. Tais procedimentos devem garantir
que os resultados desse estudo sejam comu-
O processo de licenciamento começa nas eta- nicados a todos os interessados na realização
pas iniciais do planejamento da atividade e pre- do projeto e na proteção do meio ambiente, de
vê a emissão de três licenças ambientais: modo a influenciar a decisão quanto à conces-
são da licença ambiental.

• A licença prévia (LP). Atenção!


• A licença de instalação (LI). O documento que se encarrega da co-
municação com as partes interessa-
• A licença de operação (LO). das é o Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA), que deve informar sobre o pro-
jeto, seus impactos e medidas de con-
Essas licenças correspondem às três principais trole em linguagem acessível a todos os
etapas de implantação de uma atividade. Cada interessados.
uma delas contém restrições estabelecidas
pela autoridade ambiental que condicionam
sua execução bem como medidas de controle Se a decisão de realizar o projeto for positiva,
ambiental a serem obrigatoriamente adotadas. ou seja, caso o órgão responsável conceda

50 | Página
a licença ambiental para o projeto, além das Banco Mundial para a avaliação
ações presentes nas licenças, o empreendi- das implicações ambientais e so-
mento deve realizar o controle e o monitora- ciais de propostas de desenvolvi-
mento dos impactos ambientais previstos (no mento de diversos setores de go-
EIA/RIMA) ao longo da construção e da vida verno, numa dada área geográfica
útil (operação) do empreendimento. e durante um período determinado;

4.3.3. Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) • Avaliação Ambiental Setorial


– tipo de AAE estabelecido pelo
Prática recente no campo da avaliação am- Banco Mundial para a avaliação
biental, a AAE tem como principal objetivo de políticas e de programas de
aperfeiçoar decisões, principalmente as que investimento de um mesmo setor
dizem respeito a estratégias de ação na forma de governo, envolvendo múltiplos
de políticas, planos e programas de governo. projetos;

A avaliação ambiental aplicada a políticas, planos • Avaliação Ambiental Programática


e programas foi mencionada pela primeira vez – avaliação ambiental de progra-
na lei que introduziu a avaliação de impacto am- mas em forma de grupos de proje-
biental na política de meio ambiente dos Estados tos numa mesma área geográfica
Unidos da América, em dezembro de 1969. Foi ou que guardam similaridades em
somente nos últimos anos que, em diferentes for- termos de tecnologia.
mas, passou a ser empregada em países como
o Canadá, a Nova Zelândia e a Austrália, assim
como nos países da União Europeia. No Brasil, a AAE tem sido aplicada desde 1995
por iniciativa dos bancos internacionais de de-
A Avaliação ambiental estratégica é o proce- senvolvimento ou por decisão de entidades de
dimento sistemático e contínuo de avaliação meio ambiente responsáveis pelo licenciamen-
das consequências ambientais decorrentes de to de projetos estruturantes, quer dizer, proje-
caminhos alternativos para o desenvolvimento, tos ou grupos de projetos que induzem trans-
incorporados em iniciativas como a formulação formações expressivas nas regiões em que
de políticas, planos e programas, de modo a se pretendem instalar. Alguns estados (Minas
assegurar a integração efetiva dos aspectos Gerais, Bahia) preveem o uso da AAE em seus
ambientais biofísicos, econômicos, sociais e processos de decisão.
políticos, o mais cedo possível, aos processos
públicos de planejamento e tomada de decisão.
Exemplos
Dependendo do país e do tipo de processo
de planejamento a que se aplica, a avaliação Algumas decisões estratégicas submeti-
ambiental estratégica assume, entre outras, as das à AAE:
seguintes denominações:
•  Gasoduto Bolívia-Brasil.

• Avaliação Ambiental Estratégica •  Plano Rodoviário de Minas Gerais.


(AAE) – termo genérico que iden-
tifica o processo de avaliação dos •  Programas Prioritários de Desenvolvi-
impactos ambientais de políticas, mento da Baía de Todos os Santos.
planos e programas (PPP);

• Avaliação Ambiental Regional


– tipo de AAE estabelecido pelo

51 | Página
4.3.4. Ordenamento Territorial e Ambiental O zoneamento, produto da aplicação desse ins-
trumento, deve ser respeitado na implantação de
O plano de ordenamento ambiental identifica planos, obras e atividades públicas e privadas.
potencialidades, estabelece restrições e orga-
niza as atividades econômicas em um dado Atenção!
território.
No âmbito do meio ambiente urbano, os
Também chamado de ordenamento ecológico, principais instrumentos de planejamento
é o processo de planejamento formado por um ambiental são o Zoneamento Ecológico-
conjunto de metas, diretrizes, ações e disposi- Econômico (ZEE), o Plano Diretor
ções coordenadas destinado a organizar, em Municipal, o Plano de Bacia Hidrográfica,
certo território, o uso dos recursos ambientais o Plano Ambiental Municipal, a Agenda
e de outras atividades humanas, de modo a 21 Local e o Plano de Gestão Integrada
atender aos objetivos de políticas ambientais. da Orla.

Um dos resultados do ordenamento ambien-


tal, o zoneamento ambiental define-se como Em 1991, criou-se o Programa de Zoneamento
a destinação, factual ou jurídica, dos recursos Ecológico-Econômico para a Amazônia Legal
ambientais a diversas modalidades de uso hu- (PZEEAL). Esse instrumento tem sido obje-
mano, por meio do estabelecimento de zonas to de legislação específica, destacando-se
e seus respectivos critérios de aproveitamento o Decreto nº 4.297, de 10 de junho de 2002,
e conservação. complementado pelo Decreto nº 6.288, de 06
de dezembro de 2007, que atribuiu ao Poder
O zoneamento ambiental, declarado como Público a competência para desenvolver os
um dos instrumentos da Política Nacional do ZEEs nos três níveis de governo.
Meio Ambiente (inciso II, artigo 9º, da Lei nº
6.938/1981), faz parte dos preceitos constitu- Os decretos estabelecem os princípios e os
cionais, na maioria dos estados brasileiros. Ele critérios mínimos de aplicação do zoneamento
tem sido utilizado como parte dos planos direto- na escala municipal. Entre os princípios, des-
res de manejo de Áreas de Proteção Ambiental taca-se o de ampla participação das entidades
(APA), criadas a partir de 1981. públicas e da sociedade.

Já o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) Saiba Mais!


é uma expressão criada em 1990, quando foi
instituído, por decreto, um grupo de trabalho Quando da instituição do Plano Nacional
encarregado de examinar o zoneamento eco- de Gestão Costeira e de seu regulamen-
lógico econômico da Amazônia Legal, realiza- to em 2004, o Zoneamento Econômico-
do por iniciativa do Programa Nossa Natureza, Ecológico da Gestão Costeira (ZEEC) foi
em 1988. incorporado ao conjunto de instrumentos
na forma de mecanismo de apoio ao mo-
A construção do ZEE requer diagnósticos es- nitoramento, ao sistema de licenciamen-
pecíficos dos meios físico, socioeconômico e to e à avaliação ambiental.
jurídico-institucional bem como a produção
de cenários para a avaliação de vulnerabili-
dades e potencialidades da unidade sob aná- Em conformidade com o Sistema Nacional do
lise. Através do ZEE, podem ser definidas Meio Ambiente (SISNAMA), o ZEE é executado
diretrizes legais para as unidades territoriais de forma compartilhada entre a União, os Estados
identificadas assim como ações voltadas à e os Municípios. Na prática, é a União quem ela-
mitigação ou correção de impactos ambien- bora o ZEE de âmbito nacional e regional e aos
tais negativos. estados cabe a responsabilidade de elaborar o

52 | Página
ZEE de âmbito estadual. Em conformidade com De acordo com suas características, as
os zoneamentos de âmbito nacional e regional, Unidades de Conservação se classificam em
cabe aos Municípios, à luz do que foi feito nos dois grupos:
ZEEs, a elaboração do Plano Diretor Municipal.

Saiba Mais! • Unidades de Proteção Integral:


Nessas unidades, não se admite uso
O Macrozoneamento da Amazônia Legal direto dos recursos naturais. São
é considerado um grande avanço no pla- permitidas apenas atividades edu-
nejamento do desenvolvimento regional cativas, de cunho científico e outras
da Amazônia, tendo sido construído de que não impliquem consumo, dano
forma participativa e em diálogo com ou destruição de recursos naturais.
boas práticas já existentes para a região.
Exemplos: Estação Ecológica;
Consulte a caracterização e as estra- Reserva Biológica; Parque Nacional;
tégias definidas para cada unidade Monumento Natural; Refúgio de Vida
territorial em: http://www.mma.gov.br/ Silvestre.
gestao-territorial/zoneamento-territorial/
macrozee-da-amaz%C3%B4nia-legal. • Unidades de Uso Sustentável:
Acesso em: 07 nov. de 2015. Nesse grupo de UC, o objetivo é har-
monizar a conservação com o uso
sustentável dos recursos. Nelas, se
4.3.5. Criação de Unidades de Conservação admite atividade econômica, desde
que seja desenvolvida segundo re-
A criação de Unidades de Conservação (UC) gras de utilização dos recursos que
pressupõe delimitações de espaços do territó- permitam o nível de conservação de-
rio em que a ocupação e o uso dos recursos sejado, prevenindo-se a degradação
naturais estão sujeitos a diferentes graus de ambiental e mantendo-se a biodiver-
restrição e controle por parte dos distintos âm- sidade e seus atributos ecológicos.
bitos de governo, de acordo com objetivos de
proteção ambiental. Exemplos: Área de Proteção Am-
biental (APA); Área de Relevante
A Lei nº 9.985, de 18.07.2000, ao criar o Interesse Ecológico (ARIE); Floresta
Sistema Nacional de Unidades de Conservação Nacional (FLONA); Reserva Extrati-
(SNUC), consolidou a legislação sobre o as- vista (RESEX); Reserva de Fauna;
sunto que vinha sendo editada desde 1980. Reserva de Desenvolvimento Sus-
tentável (RDS); e Reserva Particular
Segundo o SNUC (Art. 2°, inciso I), define-se do Patrimônio Natural (RPPN).
Unidade de Conservação como:

Espaço territorial e seus recursos Saiba Mais!


ambientais, incluindo as águas ju-
Exceto em caso de APA e RPPNs, as
risdicionais, com características
áreas em torno dos limites das UC são
naturais relevantes, legalmente
consideradas como zonas de amorteci-
instituído pelo Poder Público, com
mento, nas quais as atividades humanas
objetivos de conservação e limites
devem obedecer a restrições específi-
definidos, sob regime especial de
cas, de modo a prevenir impactos negati-
administração, ao qual se aplicam
vos que afetem as respectivas áreas.
garantias adequadas de proteção.

53 | Página
Segundo o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC) do MMA em 2015, há no
Brasil, na categoria de Proteção Integral, 143 UC federais, 329 estaduais e 114 municipais, resul-
tando em 528.007 km² de áreas protegidas, ou seja, 6,2 % do território nacional está destinado a
atividades de pesquisa e educação e 12,01% são áreas de proteção com uso restrito.

Na tabela abaixo, podem ser observadas as tipologias de UCs existentes nas diferentes esferas admi-
nistrativas. De antemão, destaca-se o reduzido número de UCs na escala do Município.

Esfera
Tipo / Categoria Total
Federal Estadual Municipal
Proteção integral N° Área (Km2) N° Área (Km2) N° Área (Km2) N° Área (Km2)
Estação Ecológica 32 74691 58 47513 1 9 91 122213
Monumento Natural 3 443 28 892 11 73 42 1407
Parque Nacional / Estadual / Municipal 71 252978 195 94889 95 221 361 348088
Refúgio de Vida Silvestre 7 2017 24 1729 1 22 32 3768
Reserva Biológica 30 39034 24 13449 6 48 60 52531
Total Proteção Integral 143 369164 329 158472 114 372 586 528007

Uso Sustentável N° Área (Km2) N° Área (Km2) N° Área (Km2) N° Área (Km2)
Floresta Nacional / Estadual / Municipal 65 163913 39 136053 0 0 104 299966
Reserva Extrativista 62 124362 28 20208 0 0 90 144570
Reserva de Desenvolvimento Sustentável 2 1026 29 110090 5 176 36 111293
Reserva de Fauna 0 0 0 0 0 0 0 0
Área de Proteção Ambiental 32 100101 185 334898 77 25922 294 460922
Área de Relevante Interesse Ecológico 16 447 24 443 8 32 48 921
RPPN 634 4832 147 686 1 0 782 5517
Total Uso Sustentável 811 394681 452 602377 91 26131 1354 1023189

Total Geral 954 763845 781 760848 205 26503 1940 1551196

Fonte: CNUC/MMA - www.mma.gov.br/cadastro_uc - 02/2015.

4.4 Incentivos Financeiros


Os instrumentos econômicos de política e ges- a modificar seus processos com o objetivo
tão ambiental têm a função de influenciar os de reduzir a geração de poluentes. Elas po-
consumidores, os produtores e os investidores dem tomar a forma de subvenções diretas,
por meio da aplicação de incentivos econômi- créditos, impostos (isenções ou deduções),
cos ou estímulos de mercado que são capazes ou ainda, de vantagens fiscais para investi-
de impulsionar a atitude e o comportamento mentos em atividades pouco poluidoras. Os
dessas pessoas na direção de opções mais incentivos fiscais influenciam diretamente
sustentáveis ou socialmente mais desejáveis, no lucro, enquanto que a diferenciação pelo
em termos de proteção ambiental. imposto (taxas) se reflete no preço dos pro-
dutos e pode se traduzir em preços mais ou
As incitações fiscais, por exemplo, visam a menos favoráveis para os produtos que res-
estimular atividades com potencial poluidor peitam o meio ambiente.

54 | Página
Os empréstimos com juros preferenciais po-
dem ser considerados como uma forma de in- Exemplos
centivo financeiro, visto que as taxas de juros
são fixadas abaixo do valor de mercado. Alguns critérios para o cálculo do ICMS
ambiental:

Saiba Mais! •  Estado de São Paulo: 0,5% do tributo


arrecadado é compartilhado pelos 148
Os Princípios do Equador são um con-
Municípios em cujos territórios se en-
junto de diretrizes que instituições fi-
contrem Unidades de Conservação de
nanceiras priorizam para conceder fi-
uso restrito.
nanciamentos de grandes projetos com
juros especiais. As diretrizes são ba-
•  Estado de Pernambuco: o ICMS tem ca-
seadas em padrões de desempenho do
ráter socioambiental, considerando critérios
IFC (International Finance Corporation/
de boa gestão de resíduos sólidos urbanos
Corporação Financeira Internacional) e
e presença de Unidades de Conservação,
consideram aspectos como a proteção
além de outros critérios sociais.
dos Direitos Humanos, saúde pública,
impactos às comunidades do entorno, as-
pectos de saúde e segurança ocupacional
e danos à biodiversidade que podem ser
4.5 Mudança de Cultura
causados pelo projeto. Essa avaliação in-
clui a análise de documentos, conversas
Por fim, mas não menos importantes, os ins-
com o cliente e auditorias.
trumentos de mudança de cultura são aque-
les de caráter transformador e educativo,
fundamentais para promover um novo olhar
4.4.1. ICMS Ambiental sobre o meio ambiente e para as práticas de
sustentabilidade.
O ICMS ambiental, também chamado de ICMS
ecológico ou social, é um instrumento econô- São ações que podem ser consideradas como
mico de incentivo, dado por parte dos governos práticas de prevenção a novos danos ao am-
estaduais brasileiros aos Municípios para que biente e implicam na alteração das formas tra-
estes cuidem do meio ambiente. Esse instru- dicionais (inclusive através de inovação tecno-
mento também pode ser usado como forma lógica) de utilizar os recursos em benefício do
de compensação dos efeitos de medidas de desenvolvimento sustentável. Como exemplo,
proteção ambiental que beneficiem outras uni- podem ser citados a reciclagem de rejeitos
dades administrativas, como a criação de UCs (plásticos, madeira, papel, lixo urbano, resídu-
de proteção integral que compreendam parte os industriais etc.), a economia e a eficiência
significativa do território do Município. do uso de água, energia elétrica e combustí-
veis, o aproveitamento de fontes não conven-
Do montante arrecadado do ICMS, que é um cionais de energia (sol, ventos, marés) e o de-
imposto estadual, cerca de 25% são destina- senvolvimento de tecnologias limpas.
dos aos Municípios. Três quartos dessa parce-
la retornam aos Municípios geradores do valor No que diz respeito à mudança de compor-
agregado sobre o qual incidiu o imposto. tamento da sociedade no sentido de melhor
harmonizar suas atividades cotidianas com o
No ICMS ambiental, o quarto restante, que é meio ambiente, destacam-se as diversas for-
distribuído segundo critérios de prioridade do mas de educação ambiental, formal e não for-
governo do estado, considera, entre outros, al- mal (que pode ser realizada fora do ambiente
guns critérios ambientais. escolar e com grupos heterogêneos). Educar

55 | Página
para a transformação no entendimento sobre
a relação homem-meio é criar cidadãos críti-
cos e empoderados sobre seu lugar no mundo
e sobre a importância da natureza como con-
dição e reflexo da vida humana.

Atualmente, tem sido pauta de inúmeros de-


bates e motivação para avanços na legislação
a preocupação da sociedade com a qualidade
da comida que “chega à mesa” (intenso uso de
agrotóxicos); com o uso da água (situação de
“stress hídrico”, “falta d’água”); com a explora-
ção dos recursos estratégicos (concessões de
exploração no campo de Libra, área de pré-sal)
etc. O discernimento e a capacidade de partici-
par e influenciar nesses debates tem na educa-
ção a sua origem.

56 | Página
Síntese dos Principais Instrumentos de Política e Gestão Ambiental

Categoria Instrumentos

•  Relatório de Qualidade do Meio Ambiente (RQMA)


•  Cadastro Nacional das Entidades Ambientais não Governamentais (CNEA)
Informativos •  Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental
•  Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos
(SINIR), Cadastro Ambiental Rural (CAR)

•  Padrões ambientais
•  Potabilidade
•  Balneabilidade
•  Qualidade da água
Normativos •  Efluentes líquidos
•  Qualidade do ar
•  Emissões
•  Ruído
•  Critérios de qualidade ambiental

•  Controle ambiental
Corretivos •  Auditoria ambiental
•  Plano de recuperação da qualidade ambiental

•  Licenciamento Ambiental
•  Avaliação de Impacto Ambiental
Preventivos •  Avaliação Ambiental Estratégica
•  Plano Diretor de uso de recursos ambientais
•  Unidades de Conservação

•  Incitações fiscais
•  Tratamento fiscal diferenciado
•  Incentivos fiscais
Econômicos
•  Diferenciação pelo imposto
•  Empréstimos a juros subsidiados
•  ICMS ambiental ou ecológico

•  Reciclagem de rejeitos
Potencialização do •  Eficiência do uso de água, energia elétrica e combustíveis
Uso dos Recursos •  Fontes não convencionais de energia
•  Desenvolvimento de tecnologias limpas

Instrumentos de •  Educação ambiental


Persuasão •  Adoção de práticas ambientalmente sustentáveis

57 | Página
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Refletir nos dias de hoje sobre a gestão am- digitais vem ganhando força e a possibilidade
biental brasileira é conhecer os mecanismos de se conectar ao mundo com “um click” dá
que regulam o uso dos nossos recursos natu- visibilidade aos temas mais diversos, como a
rais bem como os meios que viabilizam a par- situação dos lixões, a contaminação de bacias
ticipação da sociedade na tomada de decisões hidrográficas, a diminuição de áreas floresta-
fundamentais ao desenvolvimento sustentável. das, o stress hídrico, o aquecimento global, os
acidentes socioambientais etc. A organização
Pode-se dizer que, embora o desafio ambiental via rede mundial de computadores amplifica a
brasileiro seja relativamente recente (o contex- questão ambiental para além dos muros das
to histórico do desenvolvimento dessas políti- instituições ambientais formais e leva a pauta
cas ocorreu nos últimos trinta anos), as ques- da sustentabilidade para a microescala. A so-
tões ambientais têm uma complexidade que ciedade civil se articula na escala global, age
exige uma atuação intersetorial e integrada dos na escala local e exige voz na gestão do meio
órgãos de governo, pois são também questões ambiente.
de qualidade de vida e estão inseridas em
questões sociais e econômicas. A consulta à sociedade civil no desenho das
leis ambientais brasileiras é condição indis-
Por mais que haja um modelo para centralizar pensável para a definição de uma gestão par-
a gestão ambiental (SISNUMA), as diretrizes ticipativa e transparente capaz de conciliar os
de ação temáticas, os instrumentos de fiscali- interesses das gerações presentes e futuras.
zação, de registro de informações e de incenti- Cabe ao cidadão se conscientizar de seus di-
vo financeiro à gestão do patrimônio ambiental, reitos e deveres, educando a si mesmo e sua
o engajamento e a capacitação do corpo técni- comunidade para a construção de uma agen-
co das instituições públicas e organizações do da prioritária para a sustentabilidade. A edu-
terceiro setor ainda estão aquém das possibili- cação transforma e liberta e é através dela
dades que a lei oferece e permite. Como vimos que são construídos espaços de democracia
neste material, existem macrodirecionamentos sustentáveis.
definidos no âmbito do governo federal, mas
não há ou há um desdobramento limitado das
diretrizes nacionais na escala local.

Tal falta de alinhamento entre as esferas admi-


nistrativas de governo agrava o quadro de de-
gradação ambiental no Brasil, em especial pro-
cessos já conhecidos, como o desmatamento
florestal, o extrativismo ilegal de minerais (pe-
dras preciosas, por exemplo) e a biopirataria. A
falta de recursos técnicos e humanos impede
a fiscalização sistemática e é comum o fato de
denúncias de crime ambiental não desenca-
dearem investigações, multas ou o julgamento
dos responsáveis.

Há ainda muita impunidade e negligência na


preservação e no uso dos recursos naturais,
mas pode-se dizer também que os pontos de
vista vêm se multiplicando com a inclusão di-
gital da sociedade civil. O papel das mídias

58 | Página
ANEXO I

LEGISLAÇÃO FEDERAL

Quadro Sintético dos Principais Instrumentos Legais

Dispositivo Data da Responsabilidade


Ementa
Legal sanção de implementação

31 de agosto de
Estabelece toda a
1981 Dispõe sobre a Política Nacional
base institucional
(Modificada do Meio Ambiente, seus fins e me-
Lei nº 6.938 da gestão ambiental
pelas Leis no canismos de formulação e aplica-
do país, criando o
8.028/1990 e no ção e dá outras providências.
SISNAMA.
12.651/2012)

1º de junho de
Os órgãos e entida-
Decreto nº 1983 (Modificado Regulamenta a Lei de Política
des de meio ambien-
88.351 pelo Decreto no Nacional do Meio Ambiente.
te do SISNAMA.
99.274/1990)

Estabelece definições, respon- Define atribuições


sabilidades, critérios básicos dos órgãos licencia-
e diretrizes gerais para uso e dores do SISNAMA
Resolução 23 de janeiro de
implementação da Avaliação de nos casos de proje-
CONAMA nº 01 1986
Impacto Ambiental como um dos tos sujeitos à ava-
instrumentos da Política Nacional liação de impacto
do Meio Ambiente. ambiental.

Os órgãos do
SISNAMA e a
Dispõe sobre as sanções penais e Capitania dos Portos
12 de fevereiro administrativas derivadas de con- são mencionados
Lei nº 9.605
de 1998 dutas e atividades lesivas ao meio como órgãos respon-
ambiente e dá outras providências. sáveis pela aplicação
das penalidades
administrativas.

Regulamenta o art. 225, §


1º, incisos I, II, III e VII da MMA, ICMBio, en-
18 de julho de Constituição Federal, institui o tidades estaduais e
Lei nº 9.985
2000 Sistema Nacional de Unidades de municipais de meio
Conservação da Natureza e dá ambiente.
outras providências.

59 | Página
LEGISLAÇÃO FEDERAL

Quadro Sintético dos Principais Instrumentos Legais

Dispositivo Data da Responsabilidade


Ementa
Legal sanção de implementação

Fixa normas, nos termos dos


incisos III, VI e VII do caput e
do parágrafo único do art. 23
da Constituição Federal, para a
cooperação entre a União, os
Estados, o Distrito Federal e os
Órgãos do SISNAMA
Municípios nas ações administra-
Lei (MMA, ICMBio,
08 de dezembro tivas decorrentes do exercício da
Complementar IBAMA, entida-
de 2011 competência comum relativas à
nº 140 des estaduais e
proteção das paisagens naturais
municipais).
notáveis, à proteção do meio am-
biente, ao combate à poluição em
qualquer de suas formas e à pre-
servação das florestas, da fauna e
da flora; e altera a Lei no 6.938, de
31 de agosto de 1981.

Dispõe sobre a proteção da ve-


getação nativa; altera as Leis nos
25 de maio de
6.938, de 31 de agosto de 1981,
2012 MMA, IBAMA,
9.393, de 19 de dezembro de
Código Florestal ICMBio, SFB, enti-
1996, e 11.428, de 22 de dezem-
Lei nº 12.651 (Modificada dades estaduais e
bro de 2006; revoga as Leis nos
pela Lei municipais de meio
4.771, de 15 de setembro de 1965,
no12.727/2012) ambiente.
e 7.754, de 14 de abril de 1989, e
a Medida Provisória no 2.166-67,
de 24 de agosto de 2001.

60 | Página
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). O BRASIL. Lei n° 9.433, de 08 de janei-
Comitê de Bacias Hidrográficas: O que é e o que ro de 1997. Institui a Política Nacional de
faz? Cadernos de capacitação em recursos hídri- Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de
cos. Volume 1. Brasília, 2011. Disponível em: http:// Gerenciamento de Recursos Hídricos, regula-
arquivos.ana.gov.br/institucional/sge/CEDOC/ menta o inciso XIX do art. 21 da Constituição
Catalogo/2012/CadernosDeCapacitacao1.pdf. Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de
Acesso em: 03 dez 2015. 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº
7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). O em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
que é um Comitê de Bacia Hidrográfica? l9433.htm. Acesso em: 16 abr. 2015.
Disponível em: http://www.cbh.gov.br/
GestaoComites.aspx. Acesso em: 03 dez 2015. BRASIL. Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000.
Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e
ANTUNES, P. de B. Direito Ambiental, 14a. VII da Constituição Federal, institui o Sistema
Edição. São Paulo, Editora Atlas S.A. 2012. Nacional de Unidades de Conservação da
1150 pp. Natureza e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
ÁVILA, R. e MALHEIROS, T. O sistema muni- l9985.htm. Acesso em: 08 abr. 2015
cipal de meio ambiente no Brasil: avanços e
desafios. Saúde e Sociedade. Volume 21. São BRASIL. Lei nº 12.651/2012 de 25 de maio de
Paulo, 2012. 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa; altera as Leis n°s 6.938, de 31 de agos-
BARROS, D.; BORGES, L.; NASCIMENTO, G.; to de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996,
PEREIRA, J.; REZENDE, J.; SILVA, R.; Breve e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga
análise dos instrumentos da política de ges- as Leis n°s 4.771, de 15 de setembro de 1965,
tão ambiental brasileira. Política & Sociedade e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida
- Florianópolis - Vol. 11 - No 22. 2012. Provisória n° 2.166-67, de 24 de agosto de
2001; e dá outras providências. Disponível em:
BRASIL. Decreto n° 3.420, de 20 de abril de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2000. Dispõe sobre a criação do Programa 2014/2012/lei/l12651.htm. Acesso em: 27 jan.
Nacional de Florestas - PNF, e dá outras pro- de 2015.
vidências. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto/D3420.htm. Acesso CARVALHO, P.; BARELLOS, F.; de OLIVEIRA,
em: 03 dez 2015. S. e ASSIS, J. Gestão Local e Meio Ambiente.
Trabalho apresentado no II Encontro Anual
BRASIL. Lei n° 12.187, de 29 de dezembro da Associação Nacional de Pós-Graduação
de 2009. Institui a Política Nacional sobre e Pesquisa em Ambiente e Sociedade –
Mudança do Clima - PNMC e dá outras pro- ANPPAS. Campinas, SP. 2004.
vidências. Disponível em: http://www.planal-
to.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/ FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE
l12187.htm. Acesso em: 03 dez 2015. (FEEMA). Vocabulário Básico de Meio
Ambiente. Rio de Janeiro. 1990. 246pp.
BRASIL. Lei n° 12.305, de 02 de agosto de
2010. Institui a Política Nacional de Resíduos ICMS ECOLÓGICO. Pernambuco: Histórico
Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fe- e perspectivas. Disponível em: http://www.
vereiro de 1998; e dá outras providências. icmsecologico.org.br/site/index.php?option=-
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ com_content&view=article&id=75%3Aper-
ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. nambuco&catid=46%3Aestados&Itemid=74.
Acesso em: 03 dez 2015. Acesso em: 03 dez 2015.

61 | Página
ICMS ECOLÓGICO. São Paulo: Histórico Brasília 2006. Disponível em: <http://www.
e perspectivas. Disponível em: http://www. meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/coea/pn-
icmsecologico.org.br/site/index.php?option=- cpr/volume5.pdf>. Acesso em: 03 dez 2015.
com_content&view=article&id=63&Itemid=77.
Acesso em: 03 dez 2015. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E RENOVÁVEIS (IBAMA). Relatório de
ESTATÍSTICA (IBGE). Perfil dos Municípios Qualidade do Meio Ambiente (RQMA):
brasileiros – Meio Ambiente. Brasília, Histórico. Disponível: http://www.ibama.gov.br/
IBGE/MMA/ Secretaria de Planejamento e rqma/historico. Acesso em: 03 dez 2015.
Orçamento. 2002. 387 pp. Anexos.
MAGRINI, A. Política e Gestão Ambiental:
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO Conceitos e Instrumentos. Revista Brasileira
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS de Energia Vol. 8 | Nº 2. 2001. Disponível em:
RENOVÁVEIS (IBAMA). Política Nacional < http://www.sbpe.org.br/socios/download.
de Meio Ambiente. Caderno de Formação. php?id=156>. Acesso em: 03 dez 2015.
Volume 1. Programa Nacional de Capacitação
de Gestores Ambientais. MMA, Brasília 2006. MILARÉ, E. Sistema Municipal do Meio
Disponível em:<http://www.mma.gov.br/es- Ambiente: SISNUMA: Instrumentos legais e
truturas/dai_pnc/_arquivos/volume1.pdf> . econômicos. Revista de Direito Ambiental no
Acesso em: 03 dez 2015. 14. Página 38. 1999.

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). A


AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS Carta da Terra. 2000. Disponível em: http://
RENOVÁVEIS (IBAMA). Como estruturar www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arqui-
o Sistema Municipal de Meio Ambiente. vos/carta_terra.pdf. Acesso em: 03 dez 2015.
Caderno de Formação. Volume 2. Programa
Nacional de Capacitação de Gestores MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA).
Ambientais. MMA, Brasília 2006. Disponível em: Comissões Tripartites Estaduais. Disponível
<http://www.mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_ em: <http://www.mma.gov.br/governanca-am-
publicacao/76_publicacao19042011110048. biental/sistema-nacional-do-meio-ambiente/
pdf>. Acesso em: 03 dez 2015. comissão-tripartite-nacional/comissões-triparti-
tes-estaduais>. Acesso em: 28 nov. 2014
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
RENOVÁVEIS (IBAMA). Instrumentos de (MMA). Plano de Prevenção e Controle
Gestão Ambiental Municipal. Caderno de do Desmatamento na Amazônia Legal
Formação. Volume 4. Programa Nacional (PPCDAM). Disponível em: http://redd.mma.
de Capacitação de Gestores Ambientais. gov.br/index.php/pt/2013-04-01-14-41-18/na-
MMA, Brasília 2006. Disponível em: <http:// cional/ppcdam. Acesso em: 03 dez 2015.
www.mma.gov.br/estruturas/dai_pnc/_publi-
cacao/76_publicacao19042011110127.pdf>. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA).
Acesso em: 03 dez 2015. Plano Nacional de Recursos Hídricos.
Disponível em: http://www.mma.gov.br/agua/
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO recursos-hidricos/plano-nacional-de-recursos
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS -hidricos. Acesso em: 03 dez 2015.
RENOVÁVEIS (IBAMA). Recursos para a
Gestão Ambiental Municipal. Caderno de MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA).
Formação. Volume 5. Programa Nacional de Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Capacitação de Gestores Ambientais. MMA, Disponível em: http://www.mma.gov.br/

62 | Página
cidades-sustentaveis/residuos-solidos/politica- THE WORLD BANK. Environmental conside-
nacional-de-residuos-solidos. Acesso em: 03 rations for the industrial development sector.
dez 2015. Washington D.C., The World Bank, 1978. 86 p.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). VIEIRA, L. e CADER, R. A política ambiental


Política Nacional sobre Mudança do Clima. do Brasil ontem e hoje. Revista Eco 21. Rio
Disponível em: http://www.mma.gov.br/clima/ de Janeiro, 2007. Disponível em: http://www.
politica-nacional-sobre-mudanca-do-clima. eco21.com.br/textos/textos.asp?ID=1601.
Acesso em: 03 dez 2015. Acesso em: 03 dez 2015.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA).


Programa Nacional de Florestas. Disponível
em: http://www.mma.gov.br/florestas/programa-
nacional-de-florestas. Acesso em: 03 dez 2015.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA).


Sistema Nacional do Meio Ambiente.
Disponível em: < http://www.mma.gov.br/go-
vernanca-ambiental/sistema-nacional-do-meio
-ambiente>. Acesso em: 05 jan 2015

MONOSOWSKI, E. Políticas ambientais e de-


senvolvimento no Brasil. Cadernos FUNDAP,
São Paulo, ano 9, n. 16, p. 15-24, jun. 1989

OLIVEIRA, A. I. A. Legislação federal sobre o


meio ambiente. In: Relatório de Qualidade
do Meio Ambiente. 11-26, Brasília. Secretaria
Especial de Meio Ambiente, pp 11 – 26. 1984

PRESTES, V. Instrumentos legais e norma-


tivos de competência municipal em matéria
ambiental. Disponível em: http://www.amd-
jus.com.br/doutrina/administrativo/117.htm.
Acesso em: 03 dez 2015.

SABBAGH, R. Gestão Ambiental. Cadernos


de Educação Ambiental. Governo do Estado
de São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente.
2011. Disponível em: http://www.ambiente.
sp.gov.br/wp-content/uploads/2011/10/16-Ges-
taoAmbiental.pdf. Acesso em: 03 dez 2015.

SCARDUA, F. e BURSZTYN, M.A.


Descentralização da política ambiental no
Brasil. Revista Sociedade e Estado. Vol.18.
Brasília, 2003. Disponível em: < http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0102-69922003000100014 >. Acesso em:
03 dez 2015.

63 | Página
LEGISLAÇÃO CORRELACIONADA

BRASIL. Constituição da República BRASIL. Decreto no 6.288, de 06 de de-


Federativa de 1988. (CF). Disponível em: zembro de 2007. Dá nova redação ao art. 6o
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constitui- e acresce os arts. 6-A, 6-B, 6-C, 13-A e 21-A
cao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 09 ao Decreto no 4.297, de 10 de julho de 2002.
abr. 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6288.
BRASIL. Decreto n° 49.974, de 21 de janei- htm. Acesso em: 03 dez 2015.
ro de 1961. Regulamenta, sob a denominação
de Código Nacional de Saúde, a Lei nº 2.312, BRASIL. Decreto nº 5.300, de 07 de maio de
de 3 de setembro de 1954, de normas gerais 2004. Regulamenta a Lei no 7.661, de 16 de
sobre defesa e proteção da saúde. Disponível maio de 1988, que institui o Plano Nacional de
em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/de- Gerenciamento Costeiro - PNGC, dispõe sobre
cret/1960-1969/decreto-49974-a-21-janeiro- regras de uso e ocupação da zona costeira e
1961-333333-publicacaooriginal-1-pe.html. estabelece critérios de gestão da orla maríti-
Acesso em: 03 dez 2015. ma, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
BRASIL. Decreto n° 76.389, de 3 de outubro 2006/2004/decreto/D5300.htm. Acesso em: 03
de 1975. Dispõe sobre as medidas de preven- dez 2015.
ção e controle da poluição industrial, de que
trata o Decreto-Lei nº 1.413, de 14 de agosto BRASIL. Decreto Lei n° 1.413, de 14 de agos-
de 1975, e dá outras providências. Disponível to de 1975. Dispõe sobre o controle da poluição
em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/de- do meio ambiente provocada por atividades in-
cret/1970-1979/decreto-76389-3-outubro- dustriais. Disponível em: http://www2.camara.
1975-424990-publicacaooriginal-1-pe.html. leg.br/legin/fed/declei/1970-1979/decreto-lei-
Acesso em: 03 dez 2015. 1413-14-agosto-1975-378171-publicacaoorigi-
nal-1-pe.html. Acesso em: 03 dez 2015.
BRASIL. Decreto n° 99.274, de 06 de junho
de 1990. Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de BRASIL. Lei Complementar n° 140, de 8 de
abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos
de 1981, que dispõem, respectivamente sobre dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo
a criação de Estações Ecológicas e Áreas de único do art. 23 da Constituição Federal, para
Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional a cooperação entre a União, os Estados, o
do Meio Ambiente, e dá outras providências. Distrito Federal e os Municípios nas ações ad-
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci- ministrativas decorrentes do exercício da com-
vil_03/decreto/antigos/d99274.htm. Acesso petência comum relativas à proteção das pai-
em: 03 dez 2015. sagens naturais notáveis, à proteção do meio
ambiente, ao combate à poluição em qualquer
BRASIL. Decreto no 4.297, de 10 de julho de suas formas e à preservação das florestas,
de 2002. Regulamenta o art. 9o, inciso II, da da fauna e da flora; e altera a Lei n° 6.938, de
Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, es- 31 de agosto de 1981. Disponível em: http://
tabelecendo critérios para o Zoneamento www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp140.
Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, e dá ou- htm. Acesso em: 09 abr. 2015.
tras providências. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4297. BRASIL. Lei n° 2.132, de 3 de setembro de
htm. Acesso em: 03 dez 2015. 1954. Código Nacional de Saúde. Define as
Normas Gerais sobre Defesa e Proteção da

64 | Página
Saúde. Disponível em: http://www2.camara. dezembro 1987. Dispõe sobre a realização
leg.br/legin/fed/lei/1950-1959/lei-2312-3-se- de audiências públicas. Disponível em: http://
tembro-1954-355129-publicacaooriginal-1-pl. www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?-
html. Acesso em: 03 dez. 2015. codlegi=60. Acesso em: 03 dez 2015.

BRASIL. Lei n° 6.938, de 31 de agosto de CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE


1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio (CONAMA). Resoluções nº 09, de 06 de de-
Ambiente, seus fins e mecanismos de formu- zembro de 1990. Dispõe sobre o licenciamen-
lação e aplicação, e dá outras providências. to de atividades de mineração. Disponível em:
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci- http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res90/
vil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 16 abr. 2015. res0990.html. Acesso em: 03 dez 2015.

BRASIL. Lei no 11.284, de 2 de março de CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE


2006. Dispõe sobre a gestão de florestas pú- (CONAMA). Resoluções nº 10, de 06 de de-
blicas para a produção sustentável, e dá outras zembro de 1990. Dispõe sobre normas espe-
providências. Disponível em: http://www.pla- cíficas para o licenciamento ambiental de ex-
nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/ tração mineral, classe II. Disponível em: http://
l11284.htm. Acesso em: 03 dez 2015. www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?-
codlegi=107. Acesso em: 03 dez 2015.
BRASIL. Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988.
Institui o Plano Nacional de Gerenciamento CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
Costeiro e dá outras providências. Disponível (CONAMA). Resolução nº 08, de 6 de dezem-
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/ bro de 1990. Padrões de emissão atmosférica.
L7661.htm. Acesso em: 03 dez 2015. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/co-
nama/res/res90/res0890.html. Acesso em: 03
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE dez 2015.
(CONAMA). Resolução n° 001, de 23 de ja-
neiro de 1986. Avaliação de impacto ambien- CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
tal. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/ (CONAMA). Resolução nº 23, de 27 de de-
conama/res/res86/res0186.html. Acesso em: zembro de 1994. Sobre o licenciamento das ati-
17 abr. 2015. vidades de exploração e produção de petróleo
e gás natural. Disponível em: http://www.mma.
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_
(CONAMA). Resolução n.º 006, de 24 de ja- RES_CONS_1996_023.pdf. Acesso em: 03
neiro de 1986. Dispõe sobre a aprovação de dez 2015.
modelos para publicação de pedidos de licen-
ciamento. Disponível em: http://www.mma. CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=29. (CONAMA). Resolução nº 264, de 26 de agos-
Acesso em: 03 dez 2015. to de 1999. Licenciamento de fornos rotativos
de produção de clínquer para atividades de co
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE -processamento de resíduos. Disponível em:
(CONAMA). Resolução nº 006, de 16 de se- http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
tembro de 1987. Dispõe sobre o licenciamen- cfm?codlegi=262. Acesso em: 03 dez 2015.
to ambiental de obras do setor de geração de
energia elétrica. Disponível em: http://www. CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codle- (CONAMA). Resolução nº 273, de 29 de no-
gi=57. Acesso em: 03 dez 2015. vembro de 2000. Licenciamento de Postos
de combustível e serviços. Disponível em:
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res00/
(CONAMA). Resolução n.º 09, de 03 de res27300.html. Acesso em: 03 dez 2015.

65 | Página
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE de 2011. Dispõe sobre condições e padrões de
(CONAMA). Resolução nº 274, de 29 de no- lançamento de efluentes, complementa e al-
vembro de 2000. Padrões de balneabilidade. tera a Resolução no 357, de 17 de março de
Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/co- 2005. Disponível: http://www.mma.gov.br/port/
nama/res/res00/res27400.html. Acesso em: 03 conama/legiabre.cfm?codlegi=646. Acesso
dez 2015. em: 03 dez 2015.

CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE


(CONAMA). Resolução nº 279, de 27 de ju- (CONAMA). Resolução nº 001, de 16 de mar-
nho de 2001. Licenciamento simplificado de ço de 1988. Estabelece critérios e procedimen-
empreendimentos do setor elétrico de pe- tos básicos para implementação do Cadastro
queno potencial de impacto. Disponível em: Técnico Federal de Atividades e Instrumentos
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res01/ de Defesa Ambiental.
res27901.html. Acesso em: 03 dez 2015.
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução nº 5, de 15 de junho
(CONAMA). Resolução nº 284, de 30 de de 1988. Dispõe sobre o licenciamento de
agosto de 2001. Licenciamento de empreendi- obras de saneamento básico. Disponível em:
mentos de irrigação. Disponível em: http://www. http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
mma.gov.br/port/conama/res/res01/res28401. cfm?codlegi=69. Acesso em: 07 dez 2015.
html. Acesso em: 03 dez 2015.
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução nº 5, de 15 de junho
(CONAMA). Resolução no 306, de 05 de ju- de 1989. Dispõe sobre o Programa Nacional
lho de 2002. Estabelece os requisitos mínimos de Controle da Poluição do Ar (PRONAR).
e o termo de referência para realização de au- Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/co-
ditorias ambientais. Disponível em: http://www. nama/legiabre.cfm?codlegi=81. Acesso em: 07
mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codle- dez 2015.
gi=306. Acesso em: 03 dez 2015.
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resoluções n° 1, de 08 de mar-
(CONAMA). Resolução nº 357, de 17 de mar- ço de 1990. Dispõe sobre critérios e padrões
ço de 2005. Dispõe sobre a classificação dos de emissão de ruídos, das atividades indus-
corpos de água e diretrizes ambientais para o triais. Disponível em: http://www.mma.gov.br/
seu enquadramento, bem como estabelece as port/conama/legiabre.cfm?codlegi=98. Acesso
condições e padrões de lançamento de efluen- em: 07 dez 2015.
tes, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/ CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
res35705.pdf. Acesso em: 03 dez 2015. (CONAMA). Resoluções n° 2, de 08 de março
de 1990. Dispõe sobre o Programa Nacional
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE de Educação e Controle da Poluição Sonora
(CONAMA). Resolução nº 382, de 26 de de- – SILÊNCIO. Disponível em: http://www.mma.
zembro de 2006. Estabelece os limites má- gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=99.
ximos de emissão de poluentes atmosféricos Acesso em: 07 dez 2015.
para fontes fixas. Disponível em: http://www.
mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codle- CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
gi=520. Acesso em: 03 dez 2015. (CONAMA). Resolução nº 426, de 22 de de-
zembro de 2011. Estabelece os limites má-
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE ximos de emissão de poluentes atmosféricos
(CONAMA). Resolução nº 430, de 13 de maio para fontes fixas instaladas ou com pedido de

66 | Página
licença de instalação anteriores a 02 de janei-
ro de 2007. Disponível em: http://www.mma.
gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=660.
Acesso em: 07 dez 2015.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n° 2.914,


de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre
os procedimentos de controle e de vigilância
da qualidade da água para consumo huma-
no e seu padrão de potabilidade. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2011/prt2914_12_12_2011.html. Acesso
em: 03 dez 2015.

67 | Página
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

ABEMA. Novas propostas para o licen- php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_


ciamento ambiental no Brasil. Brasília, id=1447. Acesso em: 04 dez 2015.
Associação Brasileira de Entidades de Meio
Ambiente. 2013. 88pp. Ministério do Meio Ambiente. Florestas.
Disponível em: http://www.mma.gov.br/flores-
KRONEMBERGER, D. Desenvolvimento tas. Acesso em: 04 dez 2015.
Local Sustentável. Uma abordagem prática.
São Paulo, Editora SENAC. 2011. 277pp. Ministério do Meio Ambiente. Regimento in-
terno. Disponível em: http://www.mma.gov.br/
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. florestas/comissao-nacional-de-florestas/regi-
Protocolo de Quioto. Disponível em: http:// mento-interno. Acesso em: 04 dez 2015.
www.mct.gov.br/upd_blob/0012/12425.pdf.
Acesso em: 04 dez 2015. Portal: Em discussão. Evolução da lei am-
biental brasileira. Disponível em: http://www.
OLIVEIRA, I.S.D. et alii. Avaliação ambien- senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/
tal estratégica. São Carlos, Editora Suprema, codigo-florestal/senado-oferece-um-projeto-e-
2009.206pp. quilibrado-para-o-novo-codigo-florestal-brasi-
leiro/evolucao-da-lei-ambiental-brasileira.aspx.
SÁNCHEZ, L.H. Avaliação de impacto am- Acesso em: 04 dez 2015.
biental. Conceitos e métodos. São Paulo,
Oficina de Textos, 2006. 495pp. Portal: Em discussão. Código florestal de
1934. Disponível em: http://www.senado.gov.
THEODORO, S.H.(org.) Os 30 anos da br/noticias/Jornal/emdiscussao/codigo-flores-
Política Nacional do Meio Ambiente. Rio de tal/senado-oferece-um-projeto-equilibrado-pa-
Janeiro, Garamond, 2011.352pp. ra-o-novo-codigo-florestal-brasileiro/codigo-flo-
restal-de-1934.aspx. Acesso em: 04 dez 2015.

Sites Consultados - Bibliografia Portal: Em discussão. Código florestal de


Complementar 1965. Disponível em: http://www.senado.gov.
br/noticias/Jornal/emdiscussao/codigo-flores-
Portal Brasil. Plano Nacional de Recursos tal/senado-oferece-um-projeto-equilibrado-pa-
Hídricos foi o primeiro da América Latina. ra-o-novo-codigo-florestal-brasileiro/codigo-flo-
Disponível em: http://www.brasil.gov.br/meio restal-de-1965.aspx. Acesso em: 04 dez 2015.
-ambiente/2012/04/plano-nacional-de-recur-
sos-hidricos-foi-o-primeiro-da-america-latina. Notícias Agrícolas. O novo código flores-
Acesso em: 04 dez 2015. tal: entenda ponto-aponto, na análise do es-
critório CSMG. Disponível em: http://www.
Portal Brasil. Lei das Águas assegura a dis- noticiasagricolas.com.br/noticias/agronego-
ponibilidade do recurso no País. Disponível cio/106770-o-novo-codigo-florestal--entenda
em: http://www.brasil.gov.br/meio-ambien- -ponto-aponto--na-analise-do-escritorio-csmg.
te/2010/10/lei-das-aguas-assegura-a-dispo- html#.Vivwtc4nVFU. Acesso em: 04 dez 2015.
nibilidade-do-recurso-no-pais. Acesso em: 04
dez 2015. Ministério do Meio Ambiente. Clima. Disponível
em: http://www.mma.gov.br/clima. Acesso em:
Ambiente Jurídico. Direito Administrativo 04 dez 2015.
e o domínio público. Disponível em: http://
w w w. a m b i t o j u r i d i c o . c o m . b r / s i t e / i n d e x . Ministério do Meio Ambiente. Protocolo de

68 | Página
Quioto. Disponível em: http://www.mma.gov.
br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/proto-
colo-de-quioto. Acesso em: 04 dez 2015.

Ministério do Meio Ambiente. Foros estratégi-


cos. Disponível em: http://www.mma.gov.br/cli-
ma/energia/foros-estrat%C3%A9gicos. Acesso
em: 04 dez 2015.

REDD+ Brasil, Desmatamento e emissões


brasileiras. Disponível em: http://redd.mma.
gov.br/index.php/pt/2013-03-26-20-02-39/
apresenta%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 04
dez 2015.

REDD+ Brasil. O que é REED+? Passo a


passo. Disponível em: http://redd.mma.gov.br/
index.php/pt/redd/passo-a-passo. Acesso em:
04 dez 2015.

REDD+ Brasil, Plano de Ação de Prevenção


e Controle do Desmatamento na Amazônia
(PPCDAM). Disponível em: http://redd.mma.
gov.br/index.php/pt/2013-04-01-14-41-18/na-
cional/ppcdam. Acesso em: 04 dez 2015.

Ministério do Meio Ambiente, Instrumentos da


Política de Resíduos. Disponível em: http://
www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residu-
os-solidos/instrumentos-da-politica-de-residu-
os. Acesso em: 04 dez 2015.

Ministério do Meio Ambiente, Catadores de


materiais recicláveis. Disponível em: http://
www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residu-
os-solidos/catadores-de-materiais-reciclaveis.
Acesso em: 04 dez 2015.

Ministério do Meio Ambiente, Logística re-


versa. Disponível em: http://www.mma.gov.br/
cidades-sustentaveis/residuos-solidos/log%-
C3%ADstica-reversa. Acesso em: 04 dez 2015.

69 | Página

Vous aimerez peut-être aussi