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Martim Codax [= Tav 91]

Biografia. O primeiro problema com que nos encontramos ao tratar deste trovador é o
da forma exacta do seu sobrenome (e, simultaneamente, o do significado de tal
sobrenome, qualquer que seja a forma para ele adoptada). Nos manuscritos
trovadorescos aparece sob duas formas: Codax (4 vezes) e Codaz (uma vez).

A forma Codax ocorre tanto nos três manuscritos coloccianos (uma vez em cada um,
portanto três vezes em total) como no Pergaminho Vindel (uma vez): nessas quatro
ocorrências aparece o nome completo do trovador sempre sob a mesma forma: Martin
Codax. O testemunho do Pergaminho Vindel é particularmente valioso a esse respeito,
por causa da sua antiguidade: enquanto os cancioneiros coloccianos são cópias
realizadas na Itália na primeira metade do século XVI por amanuenses que não
conheciam bem a nossa língua (e nos quais poderíamos portanto suspeitar alguma
confusão gráfica), o Pergaminho Vindel procede da época trovadoresca e mostra que a
grafia Codax não responde a um erro de cópia mas que devia de ser habitual no tempo
dos trovadores.

A segunda forma, Codaz, ocorre só uma vez, numa rubrica do cancioneiro V que parece
referir-se à música: "Martim Codaz esta nom acho pontada". Ainda que tal rubrica se
acha fora de lugar (pois a cantiga V [882] em que se inclui é obra do trovador Martim de
Gĩizo: cant. 1293), poucas dúvidas podem existir de que se refere ao nosso trovador,
cujas cantigas começam pouco depois no cancioneiro.

Nenhuma das duas formas Codax ou Codaz se documenta em outros textos medievais.
No que diz respeito à grafia Codax, não parece admissível para a época uma
pronúncia /'kodaks/, como se vem fazendo, pois nem a tonicidade na sílaba inicial nem
o grupo /ks/ final seriam normais no sistema fonológico da língua naquela altura.
Tampouco há fundamento para supor que fosse uma palavra aguda terminada em -x
palatal. Parece antes que deveremos interpretá-la como uma grafia imperfeita de uma
pronúncia diferente dessas duas. Mas qual pronúncia? À vista da forma Codaz, talvez
deva ser esta a correspondência fonética (como vocábulo agudo, portanto: /ko'dadz/), já
que, embora se trate de forma não documentada, corresponde bem tanto ao sistema
fonológico da época como ao mecanismo de formação de adjectivos e substantivos
mediante o sufixo -az, especialmente de alcunhas. No entanto, não é esta a única
interpretação possível das grafias trovadorescas Codax / Codaz. De resto, supondo que
devesse ser Codaz, ficam em dúvida a origem e o significado deste vocábulo, para o
qual tem sido propostas diversas explicações.

Não temos outros dados biográficos sobre o nosso trovador que os que podem deduzir-
se das suas cantigas e do lugar que elas ocupam nos cancioneiros da nossa poesia
trovadoresca. Começando por este último aspecto, visto que se encontram nos
cancioneiros fazendo parte da série que parece constituir um (hipotético) "Cancioneiro
de jograis galegos", podemos conjecturar que seria jogral de profissão, e originário da
Galiza. Nas cantigas o trovador faz alusão repetidamente a um topónimo Vigo; embora
sejam abundantes os lugares que levam este nome na Galiza, tudo induz a pensar que
deve de tratar-se da actual cidade de Vigo, pois os textos fazem referência a uma igreja
(portanto paroquial, não uma simples ermida rural) na beira do mar, e estas
circunstâncias não convêm a nenhum dos outros lugares galegos que levam o nome
Vigo.
Como os restantes trovadores do hipotético cancioneiro jogralesco, Martim Codax teria
vivido numa época indeterminada dentro do período que compreende a segunda metade
do século XIII e talvez também os inícios do XIV. Da segunda das suas cantigas, em
que a rapariga manifesta saber que o seu amigo retorna vivo e são e "del-rei amigo",
parece deduzir-se que o trovador (que suporemos se identifica a si mesmo com o amigo)
andou na corte e talvez em tempo de guerra: estaria pois na corte de algum dos reis
castelhano-leoneses desse período, permanentemente em guerra contra os mouros na
Andaluzia.

É de notar que, graças ao Pergaminho Vindel, conservamos a melodia de seis das sete
cantigas de Martim Codax, facto infelizmente anómalo no nosso trovadorismo profano,
por causa de que nem os manuscritos coloccianos (que nos conservaram a maior parte
da nossa poesia trovadoresca profana) nem o Cancioneiro de Ajuda nos transmitiram as
partituras musicais.

Obra poética: 7 cantigas (cc. 1295-1301 [amigo])

Martim Codax - Quantas sabedes amar amigo


[Cantiga de amigo; de refrão.
A rapariga convida as suas companheiras para irem banhar-se ao mar de Vigo, onde
ela poderá ver o seu amigo].

I 1 Quantas sabedes amar amigo,


treides comig' a-lo mar de Vigo,
3 e banhar-nos-emos nas ondas.

II 4 Quantas sabedes amar amado,


treides comig' a-lo mar levado,
6 e banhar-nos-emos nas ondas.

III 7 Treides comig' a-lo mar de Vigo,


e veeremo-lo meu amigo,
9 e banhar-nos-emos nas ondas.

IV 10 Treides comig' a-lo mar levado,


e veeremo-lo meu amado,
12 e banhar-nos-emos nas ondas.

1.º Conquista do namorado; 2.º Uma entrevista; 3.º Horas tristes; 4.º A boa nova e 5.º
Dia feliz, incluindo no 1.º a cantiga VIª, entendendo que uma donzelinha dos arredores
de Vigo, andando a dançar e a cantar com outras raparigas no adro da igreja, encontra o
seu primeiro amor; pertencendo ao 2.º a IIIª, que se referiria ao encontro dela com êle
no mesmo lugar onde pela primeira vez se haviam visto, encontro que ela própria teria
aprazado, mas dando como pretexto à irmã, para que a acompanhasse, o desejo de gozar
o formoso espectáculo das águas da baía e confessando à mãe, só depois de lá chegar, o
verdadeiro motivo que ali a levava; no 3.º metendo a IVª, Iª e VIIª, persuadido de que
elas se referem às saüdades que a devoram durante a ausência dêle, fazendo entrar no
4.º a IIª, que exprimiria a imensa satisfação que lhe trouxera a notícia, acabada de
receber, que o seu amigo estará de volta muito em breve, e o seu intento de ir esperá-lo
ao pôrto de Vigo, pondo finalmente no 5.º a Vª, por ver nela um convite às amigas a que
a acompanhassem à chegada do amigo e ao banho de amor nas águas da ria, faltando só,
para remate do pequenino poema, que êle baptiza de A Enamorada de Vigo, uma
cantiga referente às bodas dos dois amantes.

Os trovadores descrevem uma mulher que ama e não é


correspondida ou que talvez o seja até ser abandonada.
Martim Codax retrata uma mulher que chama, que propõe,
mas que não recebe resposta: “ Quantas sabedes amar
amigo/treides comig’a lo mar de Vigo/e banhar-nos-emos
nas ondas.” (VIERA, 1987: 108) O ser amado é mudo e não
ouvimos sua resposta.

UMA ESTRUTURA DE DIÁLOGO, quando há presença de


amigas, mães, enfim, confidentes

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