Ano Litúrgico
Calendário
Out 7. 14. 21. 28
Nov 4. 11. 18. 25
Dez 2. 9. 16
Jan. 6. 13. 20. 27
(15 sessões, 30 horas lectivas)
Programa
Introdução
1. Tempo litúrgico e mistério de Cristo
2. O Domingo
3. Ciclo Pascal
1. Evolução nos 4 primeiros séculos
2. Tríduo Pascal
3. Tempo Pascal
4. Quaresma
4. Ciclo natalício
1. Tempo do Natal
2. Advento
5. Tempo Comum (e festas do Senhor)
6. O culto à Virgem Maria e aos Santos
7. Ano litúrgico e piedade popular
Bibliografia
Fontes
Antologia Litúrgica. Textos litúrgicos, patrísticos e canónicos do primeiro milénio, org. José de
Leão Cordeiro, Secretariado Nacional de Liturgia, Fátima s.d..
Enquirídio dos documentos da reforma litúrgica (EDREL), ed. Secretariado Nacional de Liturgia,
Fátima 1998. São particularmente importantes para os temas em estudo os seguintes
documentos:
- Normas Gerais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário
- CCD, Carta circular sobre a preparação e a celebração das festas pascais
- JOÃO PAULO II, Carta Apostólica «Dies Domini» sobre a santificação do Domingo.
Estudos
Anámnesis 5. O Ano Litúrgico: história, teologia e celebração, Paulinas, São Paulo 1991.
AUGÉ M., Liturgia. História, celebração, teologia, espiritualidade, (Dessedentar 3) Paulinas, Prior
Velho 2005.
BOROBIO D. (ed), La celebración en la Iglesia III. Ritmos y tiempos de la celebración, (Lux
Mundi 57-59) Sígueme, Salamanca 19942.
MARTIMORT A.-G. (ed.), A Igreja em Oração 4. A Liturgia e o tempo, Vozes, Petrópolis 1992.
ADAM A., O Ano Litúrgico. Sua história e seu significado segundo a renovação litúrgica,
Paulinas, São Paulo 19832.
AUGÉ M., Anno Liturgico. Storia, celebrazione, teologia, spiritualità, LEV, Roma 2009.
BERNAL J.M., Para viver o Ano Litúrgico. Uma perspectiva genética dos ciclos e das festas,
Gráfica de Coimbra, Assafarge [2001].
TALLEY T.J., Les origines de l’Année Liturgique, Cerf, Paris 1990.
RYAN V., O Domingo. História, espiritualidade, celebração, Paulus, São Paulo 1997.
BRAMBILLA F.G., Celebrar e viver o Dia do Senhor. Para uma comunidade eucarística em
estado de missão, Paulinas, Prior Velho 2004.
BASURKO X., Para viver o Domingo, Gráfica de Coimbra, Coimbra s.d..
Avaliação
A avaliação compreenderá aos seguintes elementos:
Assiduidade do aluno, bem como o seu interesse e participação.
Um trabalho escrito de apresentação dos conteúdos fundamentais da Carta Apostólica «Dies
Domini, de João Paulo II. Esta apresentação deve ter entre 3 e 5 páginas A4 (máximo) e a sua
entrega deve realizar-se até à última unidade lectiva (27 de Janeiro de 2011). Este trabalho valerá
40% da nota final.
Exame de síntese que compreenderá toda a matéria leccionada ao longo do semestre. O exame será
efectuado sem consulta, a não ser das obras indicadas como fontes. Esta prova valerá 60% da nota
final.
Introdução
Como todo e qualquer acto humano a celebração litúrgica desenvolve-se no tempo, contudo,
o “tempo da celebração” é um tempo significativo, é um tempo qualitativamente diferente.
Neste semestre de Formação Complementar, ocupamo-nos do Ano litúrgico enquanto forma
de santificação do tempo. Pretende-se chegar ao conhecimento da origem, sentido, teologia e
espiritualidade do Ano litúrgico.
“A santa mãe Igreja considera seu dever celebrar, em determinados dias do ano, a memória
sagrada da obra de salvação do seu divino Esposo. Em cada semana, no dia a que chamou domingo,
celebra a da Ressurreição do Senhor, como a celebra também uma vez no ano na Páscoa, a maior
das solenidades, unida à memória da sua Paixão. Distribui todo o mistério de Cristo pelo correr do
ano, da Incarnação e Nascimento à Ascensão, ao Pentecostes, à expectativa da feliz esperança e da
vinda do Senhor. Com esta recordação dos mistérios da Redenção, a Igreja oferece aos fiéis as
riquezas das obras e merecimentos do seu Senhor, a ponto de os tornar como que presentes a todo o
tempo, para que os fiéis, em contacto com eles, se encham de graça.” (SC 102).
Premissa metodológica
O Ano litúrgico apresenta-se com uma estrutura fundamental de todo o edifício cultual
cristão. Não se trata de uma acção pontual ou de um conjunto de celebrações pontuais: todas as
celebrações litúrgicas são, de algum modo, “marcadas” pelo tempo litúrgico em que se realizam,
pelo momento do Ano litúrgico em que acontecem. Isto é particularmente evidente na celebração
eucarística e na Liturgia das Horas. Porque assim é, impõe-se dedicar toda esta atenção a essa
realidade designada por “Ano litúrgico”.
A bibliografia quer sobre o Ano litúrgico em geral, quer sobre cada um dos seus momentos,
é abundante. Uma primeira característa desta vasta produção é a clara opção por uma perspectiva
genética: só é possível conseguir uma compreensão profunda do Ano litúrgico, dos seus ciclos e
festas e da sua dinâmica profunda fazendo a sua história, percebendo como atingiu essa
configuração actual. No primeiro período da história da Igreja, a Páscoa foi o centro vital e único da
celebração cristã, pois o culto cristão nasceu da Páscoa e para celebrar a Páscoa. A liturgia cristã
nasceu com a ressurreição de Cristo, sua fonte inesgotável 1, e é sempre celebração do Mistério
Pascal, isto é, presença actuante de Cristo ressuscitado. Assim, no princípio da Liturgia cristã
encontramos o Domingo como única festa: a Páscoa semanal. Quase simultaneamente surgiu, em
cada ano, a celebração anual da Páscoa, como um “grande Domingo”, que se ampliará, constituindo
o Tríduo Pascal, com prolongamento nos cinquenta dias seguintes (tempo da Páscoa), que
terminavam com a celebração do Pentecostes. Já no início do século III, respondendo à necessidade
de um tempo de preparação mais intenso para o Baptismo e de penitência, em ordem à
reconciliação dos penitentes, começa a estruturar-se o tempo da Quaresma. O ciclo do Natal nasceu
a partir do século IV. Para criar certo paralelismo com o ciclo pascal, muito de pressa se começou a
fazer preceder as festividades natalícias (Natal, Epifania, Baptismo do Senhor) de um tempo
preparatório: o Advento. É tendo presente esta evolução, agora apenas esboçada nos seus momentos
fundamentais, que se compreende que o mistério pascal é a chave de leitura do Ano litúrgico, pois
“todo o culto cristão não é senão uma celebração contínua da Páscoa”2. “O Ano litúrgico é o
resultado de uma longa experiência de Igreja, de uma vivência comunitária constante e profunda do
mistério pascal e de uma necessidade irresistível de exprimir tal vivência em formas cultuais” 3.
Assim, a história, sem absorver todo o tempo, ocupará porém um lugar importante neste percurso.
1 Cf. J. CORBON, A fonte da liturgia, Paulinas, Lisboa 1999, 19-84 (especialmente 31-40).
2 L. BOUYER, Le Mystére Pascal, (Lex Orandi 4), Cerf, Paris 1950, 9.
3 J.M. BERNAL, Para viver o Ano Litúrgico. Uma perspectiva genética dos ciclos e das festas, Gráfica de Coimbra,
Assafarge [2001], 10.
4 Cf. AUF DER MAUR H., Feste del Signore, 311-313; M. AUGÉ, Anno Liturgico. Storia, celebrazione, teologia,
Uma outra questão preliminar é a do valor da expressão “Ano litúrgico”. Convém ter
presente que esta expressão é relativamente recente, que corresponde a uma preocupação de
organização conceptual típica dos tempos modernos. Até aos século XX, os livros litúrgicos
desconheciam uma designação para o conjunto das celebrações da Igreja ao longo do ano.
A primeira testemunho de um nome específico para designar a realidade a que chamamos
Ano litúrgico encontra-se na liturgia luterana, em âmbito germânico, nos finais do século XVI. O
nome era “Ano da Igreja” ou “Ano eclesiástico” (Kirchenjahr) e foi utilizado por J. Pomarius em
1589. A expressão utiliza-se ainda hoje nos países de língua alemã.
No século XVII, em França, surge a expressão “Ano cristão” (Année chrétienne) na obra de
Nicolas Letourneaux. No mesmo período, nos países de língua inglesa, começou a usar-se a
expressão Christian Year.
A expressão “Ano litúrgico” foi usada pela primeira vez no século XIX, por Prósper
Guéranger, abade de Solesme. Foi esse, de facto, o título que o abade beneditino deu à sua famosa
obra L'Année Liturgique (1841-1866). Progressivamente, a expressão foi adoptada pelos liturgistas
e, no século XX, entrou nos documentos Magisteriais, tornando-se uma designação “oficial”. A
primeira vez que a expressão aparece em documentos magisteriais é na Encíclica de Pio XII
Mediator Dei (1947).
Contudo, já no século XX, outras expressões equivalentes surgiram:
- Pius Parsch, em 1923, publicou o seu “Ano da salvação” (Das Jahr des Heiles);
- Aemiliana Löhr deu ao seu comentário ao Ano litúrgico o título de “Ano do Senhor” (Jahr des
Herrn);
- encontram-se ainda a designação “ano espiritual”...
Bibliografia:
– J. LÓPEZ MARTÍN, «En el Espiritu y la verdad» 2. Introducción antropológica a la liturgia, (Ágape
5/2) Secretariado Trinitario, Salamanca 1994, 252-295.
– J. LOPEZ MARTIN, La Liturgia de la Iglesia, (Sapientia Fidei 6) BAC, Madrid 1996, 153-162.
6 Cf. V. LOI, «Il 25 marzo data pasquale e la cronologia giovannea della passione in Età Patristica», Ephemerides
Liturgiche 85 (1971) 48-69.
– J. LOPEZ MARTIN, «Tiempo sagrado, tiempo liturgico y tiempo de Cristo», in La celebración en la
Iglesia III. Ritmos y tiempos de la celebración, ed. D. Borobio, (Lux Mundi 57-59) Sígueme, Salamanca
19942, 31-58.
– M. AUGÉ, Anno Liturgico. Storia, celebrazione, teologia, spiritualità, Roma 2006, 21-42.
O significado do tempo
O tempo é uma das noções mais complexas e difíceis de explicar. “O que é o tempo? Se
ninguém me pergunta, sei o que é; mas se o quero explicar a quem me interroga, então já não sei o
que é” [S. AGOSTINHO, Confissões XI, 14, 17: Quid est ergo tempus? Si nemo ex me quaerat,
scio; si quaerenti explicare velim, nescio]. Esta frase de S. Agostinho reflecte bem a complexidade
do problema.
a) O tempo cósmico. O tempo é uma grandeza das coisas quanto à sua duração. O ano, o
dia, as horas e qualquer outra divisão do tempo correspondem a cálculos que têm como base a
rotação da terra em volta do sol e de si mesma. Este é o tempo da cronologia, o tempo matemático,
que não é senão uma dimensão do tempo. Porque se calcula com base nos movimentos do universo,
chama-se tempo cósmico. Considerando o tempo desta maneira, todas as horas são iguais e não há
distinção entre uns dias e outros. Este tempo homogéneo não é mais que uma referência do
verdadeiro tempo, da duração das coisas. O homem tem uma autoconsciência do devir dos tempos,
que não coincide simplesmente e sem mais com este tempo cronometrado: cada tempo tem a sua
importância própria e reflecte uma etapa da existência humana e da vida das coisas (basta evocar a
nossa experiência de tempo psicológico para o comprovarmos). Ora, é das distinções qualitativas do
tempo que nos ocupamos: ao falarmos do tempo histórico-salvífico ou do tempo litúrgico, falamos
de distinções qualitativas, e não quantitativas ou cronológicas.
7 G. VAN DER LEEUW, Fenomenologia de la religión, citado por LOPEZ MARTIN, La Liturgia de la Iglesia, 155.
Deus. Assim, não só comemora e recorda os factos passados, mas também e principalmente de
algum modo os torna presentes e actuais. O tempo litúrgico adquire então dimensões de verdadeiro
acontecimento salvífico, de novo kairos, que prolonga a história da salvação no tempo presente.
O mistério pascal aconteceu “de uma vez por todas” (ephápax) e para sempre. Porém, o
ephápax dos kairoi bíblicos acontece agora no osákis (“todas as vezes que”) das acções litúrgicas.
Esta nova categoria temporal (osákis) está relacionada precisamente com o kairós definitivo, como
afirma S. Paulo aos Coríntios: “Todas as vezes que (osákis) comerdes deste pão e beberdes deste
cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha” (1 Cor 11, 26). É isso mesmo que sublinha,
de forma sintética, o Catecismo:
“A Liturgia cristã não se limita a recordar os acontecimentos que nos salvam:
actualiza-os, torna-os presentes. O mistério pascal de Cristo [ephápax] celebra-
se, não se repete; as celebrações é que se repetem [osákis]. Mas em cada
uma delas sobrevem a infusão do Espírito Santo, que actualiza o único
mistério” (n.º 1104).
b) Mês. O mês corresponde a um curso completo das fases lunares (trata-se, pois, de um
ritmo do calendário lunar, depois adaptado ao calendário solar). Na Bíblia, o ritmo mensal não era
fundamental, mas tinha importância sobretudo a nível da religiosidade popular (celebrações das
neomédias = luas novas). A Liturgia cristã nunca assumiu este ritmo, mas ele tem grande relevo na
religiosidade popular.
d) Dia. Outro grande ritmo temporal da Liturgia é o dia: “cada dia é santificado com as
celebrações litúrgicas do povo de Deus, de modo particular com o Sacrifício Eucarístico e o Ofício
Divino” (NGALC 3). O dia mede-se da meia-noite à meia-noite seguinte, excepto os domingos e
solenidades em que a celebração começa na tarde do dia precedente, seguindo a tradição judaica.
e) Hora. A hora é a mais pequena repartição temporal com importância teológica, na Bíblia.
Na linguagem litúrgica, a palavra “hora” reserva-se para as horas diurnas; as horas nocturnas são
denominadas “vigílias” ou “nocturnos”. O centro do dia é ocupado pela celebração eucarística,
embora não se fixe nenhuma hora concreta para a sua celebração.
O Calendário litúrgico8
Chama-se “calendário” ao sistema que organiza e distribui as divisões do tempo de acordo
com um princípio não só cósmico, mas também significativo. O “calendário litúrgico” é, pois, o
sistema que coordena os tempos da celebração estabelecidos pela liturgia. É uma estrutura
organizativa, ao serviço da celebração do mistério de Cristo e da obra da redenção no ciclo anual
(cf. SC 102-104). A liturgia romana, como toda a sociedade ocidental, segue o chamado calendário
juliano (estabelecido por Júlio César no ano 45 a.C.), com a reforma realizada em 1582 por
Gregório XIII (daí a designação de calendário gregoriano). Efectivamente, em 1582, o Papa
Gregório XIII, com a bula Inter gravissimas, decretou a supressão de 10 dias no calendário (ao dia
4 de Outubro desse ano suguiu-se o dia 15 de Outubro), para corrigir o erro do calendário Juliano.
Os cálculos modernos dizem-nos que o calendário gregoriano tem um erro anual de 19,45 segundos,
ou seja, um erro de um dia em cada 4.442 anos. Como a generalidade das Igrejas Orientais não
aceitaram esta correcção, continuando a seguir o calendário juliano, essa diferença mantém-se e
tem-se alargado, já que o calendário juliano tem um erro de cálculo que aumenta mais um dia cada
128 anos. Note-se que a Igreja Ortodoxa finlandesa assumiu completamente o calendário
gregoriano; outras Igrejas orientais assumiram o calendário gregoriano paulatinamente, mas para a
fização da data da Páscoa continuam a reger-se pelo calendário juliano.
A elaboração de calendários litúrgicos surgiu muito cedo, com o desenvolvimento do
próprio ano litúrgico, sobretudo a partir do século IV. Nesses antigos calendários se encontra a
origem do actual calendário romano. Alguns dos mais antigos calendários que chegaram até nós:
– Cronógrafo filocaliano (354), assim chamado por ter tido como autor Furio Dionísio
Filocalo (+ 382). Este calendário apresenta 2 listas de aniversários celebrados pelos
cristãos: a Depositio episcoporum (lista dos Papas não mártires, seguindo a ordem pela qual
eram celebrados) e a Depositio martyrum (inicia com o Natal do Senhor e apresenta a lista
das celebrações dos mártires, indicando a data do martírio e o lugar da sepultura). Cf. AL
1355-1375.
– No Oriente, na mesma época, encontramos o calendário do Martirológio siriaco ou
Martirológio de Nicomédia (362). Apresenta as celebrações dos mártires, mas igualmente a
festa da Epifania e uma memória de todos os confessores da fé, na sexta-feira depois da
8 Além da bibliografia já indicada, cf. AUGÉ, Anno Liturgico, 61-69.
Páscoa.
– O calendário do Martirológio Jeronimiano, que foi composto no século V-VI. Cf. AL 5367.
Durante a Alta Idade Média assistiu-se a uma enorme proliferação de calendários litúrgicos,
que assinalam as celebrações dos santos e as festividades do próprio do tempo ou temporal.
O final do século XII marcou um ponto de viragem na história do calendário litúrgico
romano: além dos mártires e santos dos primeiros séculos, começa a incluir os santos
contemporâneos, prática que se manteve até à actualidade. Por esse motivo, as celebrações dos
santos tornam-se cada vez mais numerosas e obrigam a sucessivas reformas do calendário. Esta foi
uma preocupação do Papa Pio V, que, na reforma dos livros litúrgicos determinada pelo Concílio de
Trento, reduziu drasticamente as festas de devoção, e reduziu as celebrações de santos a cerca de
120. Contudo, o número destas celebrações foi progressivamente aumentando, sobretudo a partir do
século XVII. No século XVIII, as festas de santos eram já 228. Por este motivo, no pontificado de
Bento XIV (1740-1758) a questão assume contornos particularmente graves e preocupantes,
levando o Papa a projectar a reforma do calendário, para o expurgar de tão grande número de
celebrações do santoral; porém, tal reforma não chegou a realizar-se. Uma verdadeira revisão do
calendário só foi feita por Pio X, em 1913, reduzindo o peso do santoral no calendário; seguiu-se
uma outra, por Pio XII e por João XXIII. Ainda assim, de Pio V a 1960, o Calendário romano
acolheu 145 novas celebrações de santos.
Nas sucessivas edições do Missal, o Santoral conheceu sempre novos desenvolvimentos; por
exemplo, na 3ª edição típica do Missal Romano (2002), o Próprio dos Santos foi aumentado com 3
memórias obrigatórias e 16 memórias facultativas. Na reunião plenária da Congregação do Culto
Divino e Disciplina dos Sacramentos, realizada de 26 a 29 de Setembro de 2001, o Secretário,
9 Para a reforma do Calendário, cf. A. BUGNINI, La reforma de la Liturgia (1948-1975), (BAC Maior 62) BAC,
Madrid 1999, 267-285.
Francesco Pio Tamburrino, apresentou estas novas celebrações, não deixando de alertar para o
perigo de um “crescente congestionamento no Calendário que exigiria logicamente algum
aligeiramento futuro”10. Posteriormente, já foi introduzida uma outra memória facultativa no
Calendário: Nossa Senhora de Guadalupe, 12 de Dezembro.
10 «Relazione dell’Ecc.mo Mons. Francesco Pio Tamburrino Arcivescovo Segretario», Notitiae 37 (2001) 412.
11 Instructio de calendariis particularibus atque officiorum et missarum propriis recognoscendis, Notitiae 6 (1970)
348-370.