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Arte e Ilusão

Por Mauro Andriole

A relação entre a Arte e a Ilusão é absolutamente indissolúvel.


Somos criadores de símbolos, autores de uma ação natural que se confunde com
nossa própria identidade, presente desde que nascemos e que jamais abandonamos
durante toda nossa vida. Ernst Cassirer, filósofo contemporâneo, nascido em 1874 na
Alemanha, define o homem como um ser simbólico, tal a importância que o símbolo
exerce em nosso modo de ser.
Neste artigo, examinaremos as relações que envolvem a criação de símbolos na
arte e um estado peculiar da consciência: o da ilusão.
Qual a origem da ação criadora do artista?
Se o artista, em um dado momento, é tomado pelo desejo de realização da obra,
de pôr-se em correspondência com o Belo, trazendo-o à visibilidade na matéria, ele o
faz a partir da apreensão simbólica de um dado que ocorre em sua interioridade.
Nela, em sua consciência, algo se ilumina, um objeto se eleva dentre todos os
outros , e move-se para uma região distinta, distanciando-se da esfera ordinária onde
permanecem os outros objetos do mundo. Da mera aparência vulgar, que anteriormente
o igualava a todos os outros objetos, este em especial isola-se para assumir um valor
paradigmático, encarnando a essência da Beleza. Ou em outras palavras ele se
assemelha ao objeto de onde teve sua origem, por reter sua aparência, mas na verdade
ele é outra coisa da mesma coisa, isto é, um símbolo.
O artista não encontra nenhum freio durante esta experiência, nenhum limite,
seja ele de qualquer espécie, que o impeça de reter em si as qualidades significantes
que iluminam o objeto.
Agora durante sua observação o artista funde-se ao objeto, apreende dele
aspectos antes invisíveis, e forja-os em novas cores e formas em sua imaginação, sendo
um com ele numa experimentação criativa, vívida. Isto é o que ocorre no ato da reflexão
artística em si: um fenômeno da projeção da imagem - do objeto no artista e do artista
para o objeto em sua consciência.
Decorre desta relação reflexiva a via para movimentar o processo do vir a ser
da obra e também o do ser artista.
Este processo criativo está inteiramente banhado pelas luzes da ilusão – pois,
embora o objeto na consciência tenha se transformado e assumido as vestes da beleza,
nenhuma alteração ocorreu de fato no objeto a que se refere, assim, fora da experiência
estética ele permanece integralmente como era antes em sua aparência e matéria.
Por outro lado, a despeito disto ser um fenômeno mental, nada impede o artista
de justificar uma verdade que traz de sua experiência estética – a obra - e o valor real de
seu propósito artístico: ampliar a consciência sobre aquele objeto. Ampliação esta, que
se estende para o público, que a partir da contemplação da obra de arte, entra em contato
com a imaginação do artista, iniciando também um processo de imaginação quanto ao
objeto referido.
Deste modo, devido a complexidade que envolve compreender o processo em
sua grandeza, nenhuma explicação conceitual, seja de ordem psicológica, filosófica ou
sociológica poderia ser completa para abranger todas as facetas desta relação entre o
artista, o objeto, a obra de arte e o público. Nenhum argumento científico, mesmo a
metafísica não poderá dissuadir a consciência de que por um intervalo de tempo ela
envolveu o objeto belo em si e se relacionou com ele acima das noções discursivas,
pois a prova disto é que desta experimentação nasce uma nova consciência sobre a
própria natureza humana: a capacidade de transcender a razão e manter relações reais
com algo claramente irreal

Quando um objeto, flores ou um animal, uma paisagem ou um corpo humano são vistos
pelo artista, nesse mesmo instante, através da imaginação transformam-se numa outra
coisa. São agora objetos da ilusão, paradoxalmente reais para ele, são agora mais do que
eram simplesmente, porque revestem-se de outra matéria luminosa, estranhamente
imaterial, e assumem simbologia num contexto extraordinário, íntimo, que dialoga com
seu imaginário de artista.
Assim, o processo do vir a ser belo , seja o da flor, da paisagem, do corpo
humano - no curso livre de sua efetivação estética, tornam-se um outro objeto – exposto
na obra- encerrando a potência de uma ilusão encantadora.
E assim, ainda que ela, a obra, retenha em si a aparência de uma flor, de uma
paisagem ou de um corpo humano, ela é em verdade apenas representação, a ilusão de
ser o objeto da experimentação do artista. Isto porque ela dissimula materialmente ser o
que de fato era imaterial e portanto, não passa de um simulacro ilusório, um
encantamento luminoso capaz de evocar na imaginação do público formas emocionais
semelhantes as que sentiu o artista.

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