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Cálcio + Vitamina D3
+ Vitamina K2-7
Referências ............................................................................................................ 9
Suplementação com cálcio, vitamina D3 e vitamina K2-7: otimizando a saúde óssea ... 11
Introdução ............................................................................................................... 11
Referências .............................................................................................................. 17
As vitaminas são substâncias orgânicas pre- e arroz. Tubérculos e bulbos, tais como batata,
sentes em pequena quantidade nos alimentos rabanete e cebola, contêm traços de vitamina
e participam como cofatores em várias reações K e, entre as raízes, somente a cenoura con-
metabólicas controladas por enzimas e coenzi- tém teor maior ou igual a 8,3 µg/100 g. Frutas
mas. A vitamina K é uma família de substâncias cítricas contêm baixos teores, exceto kiwi, aba-
lipossolúveis, com estruturas semelhantes entre cate, ameixa seca, figo, amora silvestre e uvas.
si, diferindo apenas na composição da cadeia Sucos de frutas não são fontes de vitamina K e
lateral alifática ligada ao anel de naftoquinona alimentos cozidos e processados contêm mo-
metilada. Essas vitaminas são classificadas em derada ou elevada quantidade de vitamina K.
quatro tipos: filoquinona, di-hidrofiloquinona Derivados do tomate que contêm salsa, óleos
(dK), menaquinona e menadiona; apenas a filo- ou ingredientes como ervas em sua composi-
quinona e a menaquinona são naturais. ção possuem maiores teores de vitamina K que
A filoquinona, ou vitamina K1, é uma molécu- os demais. Folhas de chá e grãos de café pos-
la composta por uma única cadeia lateral alifáti- suem quantidades significativas de filoquinona.
ca. Na natureza, ela está presente em vegetais, Por causa da forte ligação da filoquinona ao
hortaliças e óleos vegetais. Aproximadamente cloroplasto da membrana, apenas 10% a 20%
100 mL de leite contêm 1 µg, e 100 g de hor- da vitamina K1 derivada dos vegetais entra na
taliças contêm 400 µg de vitamina K. Sopas e circulação sanguínea. A ingestão concomitante
carnes são fontes pobres e, dependendo dos de alimentos contendo gordura aumenta a ab-
ingredientes utilizados na preparação, como sorção da vitamina K.
queijos e carnes processadas, esses pratos A dK resulta da hidrogenação comercial de
podem ter seus teores de vitamina K eleva- óleos comestíveis.
dos. Peixes, cereais e grãos contêm pequenas As menaquinonas ou vitamina K2, sintetiza-
quantidades de vitamina K e seu teor pode das por bactérias, têm várias formas molecu-
ser elevado com adição de óleos. A farinha de lares e diferem entre si quanto à estrutura de
aveia crua contém maior concentração de vita- suas cadeias laterais denominadas isoprenoi-
mina K1 do que a farinha de aveia cozida, pães des1. O tamanho e a lipofilicidade dessas ca-
de no cérebro, nos rins e no pulmão, quando encontrada nos vasos sanguíneos, principal-
comparada com a filoquinona; ambas foram mente nas placas ateroscleróticas. Nesses te-
identificadas nos ossos. Em condições fisioló- cidos, a proteína matriz Gla liga-se ao cálcio,
gicas, o pico de concentração plasmática pós- sequestrando e inibindo sua incorporação na
-prandial da filoquinona ocorre após seis horas, matriz extracelular. Em estudos experimentais
retornando à linha de base após 24 horas. Para em ratos, a deleção dos genes da proteína
as menaquinonas de cadeia longa, a concen- matriz Gla foi responsável por intensa calcifi-
tração plasmática se mantém elevada por até cação arterial da aorta, das artérias coronárias
72 horas4, a fração excretada independente da e da mortalidade precoce6-8. Nesses animais
dose administrada e a reserva corporal total de a inibição da proteína matriz Gla aumentou
vitamina K é muito pequena. a calcificação das cartilagens, as epífises
ósseas e o depósito de cálcio no tecido
Proteínas dependentes de vitamina K vascular. Resumindo, os efeitos das proteínas
A principal função das vitaminas K é ativar as dependentes de vitamina K incluem: proteínas
proteínas dependentes de vitamina K (VKDPs) de coagulação, proteínas anticoagulantes, os-
produzidas em vários órgãos. Em adição, a vi- teocalcina ou proteína de ação no tecido ósseo
tamina K tem importante papel na coagulação e proteína matriz Gla.
sanguínea: controlar o metabolismo do cálcio As vitaminas A e D3 também podem influen-
nos ossos e inibir o cálcio nas artérias. As pro- ciar a função da MGP9. Normalmente, a vita-
teínas coagulantes dependentes de vitamina K, mina D3 produzida nas zonas mais profundas
sintetizadas e carboxiladas no fígado, incluem da pele é incapaz de se ligar aos receptores
os fatores II, VII, IX e X, essenciais para a co- específicos. A partir dos alimentos, apenas
agulação sanguínea. Seus efeitos são antago- a vitamina D32 (ergocalciferol) e a vitamina
nizados pela proteína C e S e por alguns anti- D3 (colecalciferol) são absorvidas e entram
coagulantes. No fígado, a vitamina K participa na circulação sanguínea. Após sua absor-
como cofator na reação de carboxilação do ção, essas vitaminas são convertidas em
glutamato. O μ-carboxiglutamato ativa os fa- 25-hidroxivitamina D32 e D3 – 25(OH)D2
tores de coagulação (II, VII, X), possibilita suas 25(OH)D3 – e, ao passar pelos rins sob a
adesões aos fosfolípides de superfície e acelera ação de um citocromo, produzem a 25-di-
a coagulação sanguínea. Nessa reação, a vita- -hidroxivitamina D3 ou calcitriol 10 . Pró-hor-
mina K é oxidada transformando-se em epóxi- mônios, vitamina D3/colecalciferol e vitami-
-vitamina K e, em seguida, é reduzida sob a na D32/ergocalciferol são hidrofóbicos de
ação de duas redutases, completando o ciclo difícil mensuração, enquanto os níveis séricos
da vitamina K. A varfarina inibe a ação das re- de vitamina 1,25D são pouco discriminativos. A
dutases, diminuindo a quantidade de vitamina maioria dos estudos considera os níveis séricos
K reduzida e, consequentemente, limitando a da 25D como o melhor indicador sistêmico da
carboxilação do glutamato. Além dessas, ou- vitamina D3. De acordo com os níveis séricos,
tras proteínas dependentes de vitamina K fo- os valores da 25D são considerados deficien-
ram identificadas em tecidos extra-hepáticos5. tes (níveis séricos entre 10 ng/mL e 12 ng/mL),
A proteína matriz Gla (MGP), identificada em insuficientes (níveis séricos entre 20 ng/mL e 30
ossos, cartilagens, rins e pulmões, também foi ng/mL) e suficientes (níveis séricos > 30 ng/mL).
estudos confirmou que a menaquinona MK-4 sos normais, devendo ser utilizada por perío
reduzia a perda óssea e, consequentemente, a dos prolongados e, principalmente, nas mulhe-
incidência de fraturas ósseas. Em 2007, um es- res no período pós-menopausa.
tudo randomizado conduzido na Holanda tes-
tou os efeitos da menaquinona MK-4 na dose Vitamina K e vitamina D3: essenciais
de 45 mg/dia. Foram selecionadas 325 mulhe- para a saúde cardiovascular
res saudáveis, no período pós-menopausa. Os A disponibilidade de vitamina K2-7 pode estar
autores concluíram que a MK-4 não melhorou a associada à integridade vascular e a doenças
qualidade de todos os segmentos ósseos, ex- cardiovasculares e, até o presente momento,
ceto no colo de fêmur. Contudo, após três anos cresce o número de evidências da relação entre
de seguimento, a perda óssea nos demais seg- doença cardiovascular e osteoporose11-13. Com
mentos foi significativamente menor. base nos estudos epidemiológicos, o aumento
A diversidade dos resultados sobre os ver- de calcificação arterial é frequentemente ob-
dadeiros benefícios da MK-4 foi motivo de no- servado na população com importante perda
vas pesquisas que incluíram outra vitamina K2 óssea14,15. O Estudo de Rotterdam (The Rotter-
de cadeia longa (MK-7), em baixas dosagens dam Study)16 avaliou o consumo dietético da
e que poderiam trazer melhores resultados. menaquinona e sua relação com a redução do
O primeiro estudo incluiu mulheres saudáveis, risco de doença arterial coronária. Nesse estu-
no período pós-menopausa, que receberam a do observacional, multicêntrico e prospectivo,
vitamina MK-7 na dose de 180 µ/dia. A den- foram selecionadas 4.807 pessoas entre 1990
sidade óssea da coluna lombar e do colo de e 1993, de ambos os sexos, com idades aci-
fêmur e a incidência de fraturas vertebrais fo- ma de 55 anos, sem antecedentes de infarto
ram avaliadas ao final do estudo. A dosagem do miocárdio. Após sete a dez anos de segui-
de osteocalcina subcarboxilada foi realizada mento, o risco de doença cardiocirculatória,
após os primeiro, segundo e terceiro anos de mortalidade de todas as causas e aterosclero-
tratamento. Nesse estudo, a vitamina K2 (MK- se de aorta foi correlacionado com os tercis de
7) reduziu o declínio da densidade óssea na consumo de vitamina K, após ajuste da idade,
coluna lombar, no colo de fêmur e, a curto pra- gênero, índice de massa corpórea, tabagismo,
zo, esses benefícios não foram observados no diabetes, nível educacional e fatores dietéticos.
quadril. Houve também redução dos níveis de A detecção do depósito de cálcio na aorta in-
osteocalcina subcarboxilada. Diante desses re- cluiu os raios X e a tomografia computadori-
sultados, os autores concluíram que a vitamina zada; ambos os exames foram concordantes
K2-7 poderia ser utilizada em outras popula- nos resultados e preditivos para a mortalidade
ções; crianças e homens, entretanto, necessi- cardiocirculatória. Não houve associação con-
tariam de novas investigações. Os benefícios sistente entre consumo de filoquinona, doença
foram maiores quando a suplementação da cardiocirculatória e aterosclerose de aorta. Em
K2-7 ocorreu por períodos prolongados. A vez disso, o consumo dietético de menaquino-
Autoridade Europeia de Segurança Alimentar na foi inversamente associado com mortalidade
(European Food Safety Authorities – EFSA) cardiocirculatória, todas as causas de mortalida-
propõe que a reposição da vitamina K tenha de e calcificação de aorta. A redução do risco
um importante papel na manutenção de os- relativo de todas as causas de mortalidade
lência de doença arterial coronária, insuficiên- 5. Triplett DA. Current recommendation for warfarin therapy – use
cia cardíaca e doença vascular periférica. and monitoring. Med Clin of North Am. 1998;82:601-11.
Evidências epidemiológicas sugerem que níveis 6. Price PA, Urist MR, Otawara Y. Matrix Gla protein, a new
séricos elevados de vitamina D3 (25D) estão as- gammacarboxyglutamic acid-containing protein which is
sociados à redução de mortalidade cardiocir- associated with the organic matrix of bone. Biochem Biophys
culatória. No Health Professionals Follow-up Res Commun. 1982;117(3):765-71.
Study21, os autores analisaram 18.225 homens 7. Shanahan CM N, Cary R, Metcalfe JC, Weissberg PL.
saudáveis e concluíram que o risco de infarto High expression of genes for calcification-regulating
do miocárdio aumentava em 2,4 vezes em indi- proteins in human atherosclerotic plaques. J Clin Invest.
víduos com níveis séricos de 25D < 15 ng/mL, 1994;93:2393-2402.
quando comparados com aqueles cujos níveis 8. Fraser JD, Price PA. Lung, heart, and kidney express high levels
de 25D eram > 30 ng/mL (95% CI 1.53-3.84). of mRNA for vitamin K-dependent-matrix protein and for the
Pilz et al., durante um seguimento de sete anos, tissue distribution of the gamma-carboxylase. J Bio Chem.
avaliaram a evolução de 3.299 pacientes sub- 1998;263:11033-36.
metidos à cinecoronariografia22. Nos pacientes 9. Cancela MI, Price PA. Retinoic acid induces matrix Gla
com níveis séricos de 25D < 10 ng/mL, os riscos protein gene expression in human cells. Enocrinology.
relativos de mortalidade por insuficiência cardíaca 1992;130:102-8.
e mortalidade cardíaca foi de 5,05 (95% CI 2,13- 10. Parris M. Kidd. Vitamins D and K as Pleiotropic Nutrients:
11,97) e nos indivíduos com níveis séricos de 25D Clinical Importance to the Skeletal and Cardiovascular
> 30 ng/mL, o risco relativo foi de 2,84 (95% CI Systems and Preliminary Evidence for Synergy Altern Med Rev.
1,20-6,74). Além disso, níveis séricos de vitamina 2010:15(3):199-222.
D3 podem estar associados a um maior risco de 11. Kiel DP, Kauppila LI, Hannan MT, Cupples LA, O’Donnell CJ,
hipertensão arterial. Wilson PW. Bone loss and the progressions of abdominal aortic
A trilogia inovadora de duas vitaminas e mi- calcification over a 25-year period: Framingham Heart Study.
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a absorção do cálcio e a integridade óssea, 12. McFarlane SI, Muniyappa R, Shin JJ, et al. Osteoporosis and
consequentemente, reduzindo a incidência de Cardiovascular Disease. Endocrine. 2004;23(1):1-10.
fraturas e osteoporose. A ativação da MGP 13. Choi SH, An JH, Lim S, Koo BK, Park SE, Chang HJ, et al.
previne a deposição e pode reduzir o cálcio no Lower bone mineral density is associated with higher
sistema cardiocirculatório. coronary calcification and coronary plaque burdens by
multidetector row coronary computed tomography in
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Bernardo Stolnicki
CRM-RJ 52 38653-0
Presidente do Comitê de Doenças Osteometabólicas da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.
Coordenador do Programa de Prevenção a Refraturas (PrevRefrat) do Serviço de Ortopedia do Hospital
Federal de Ipanema.
Introdução
A crescente conscientização da relação entre ali- introduzir baixas doses de vitamina K2-7 na su-
mentação e saúde tem levado a um aumento da plementação utilizada rotineiramente, visando a
demanda por suplementos funcionais, produtos uma melhor qualidade da saúde óssea.
capazes de melhorar a saúde, além da nutrição A saúde esquelética é vital para nosso bem-es-
básica. tar, reduzindo o risco de fraturas que podem ter
Na saúde óssea não é diferente. A suplemen- um impacto grave na qualidade de vida. Sabe-se
tação de cálcio e vitamina D3 é unânime, seja que a saúde dos ossos depende de uma dieta
para manutenção do metabolismo adequado ou saudável, incluindo a referida suplementação su-
como coadjuvante fundamental nos casos em ficiente de cálcio e vitamina D3.
que seja requerido o uso de fármacos modifica- Estudos científicos mais recentes têm revelado
dores do metabolismo ósseo (antirreabsortivos o papel central da vitamina K2-7 – tradicional-
ou formadores). mente reconhecida por sua contribuição para a
Estudos recentes têm evidenciado que a vi- coagulação sanguínea – em construir e manter
tamina K2-7, especialmente quando associada os ossos saudáveis1-3. Além disso, a suplemen-
ao cálcio e à vitamina D3 na suplementação, tação com vitamina K2-7 mostrou efeitos positi-
demonstrou superioridade em relação aos su- vos cardiovasculares especialmente no tocante
plementos de cálcio e vitamina D3, isolados ou às calcificações em coronárias e aorta4-6.
combinados. Recentemente foi introduzido para A determinação médica sobre a necessidade
comercialização no Brasil o suplemento alimen- de suplementação com vitamina K é rara, visto
tar Oste K2. que os níveis de vitamina K têm sido tradicio-
Composição por cápsula do Oste K2: Cálcio nalmente vinculados à coagulação, em vez das
(500 mg), vitamina D3 (200 UI) e vitamina K2-7 necessidades ósseas ou vasculares. Porém,
(50 mcg). A dose diária recomendada é de uma ou é bem documentado que as dietas ociden-
duas cápsulas ao dia, a critério médico. tais geralmente contêm um teor muito baixo
O objetivo desta separata é informar aos co- de MK-7 (vitamina K2), abaixo do ideal para a
legas médicos a importância e as vantagens de saúde óssea ou vascular7,8.
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A suplementação com vitamina K2-7 mostrou vitamina K. Estudos têm mostrado que a vita-
efeitos positivos cardiovasculares, especialmen- mina K2, consumida como MK-7 ou como natto,
te no tocante às calcificações em coronárias e é eficaz na melhoria da saúde óssea. Populações
aorta4-6. ocidentais têm uma dieta geralmente deficien-
Proteínas dependentes da vitamina K, incluin- te em vitamina K2-7, por isso a suplementação
do a matriz proteína Gla (MGP), são importantes adequada é recomendada.
para inibir a calcificação vascular. A ativação des- O osso é um tecido vivo e sofre um contínuo
sas proteínas por meio de carboxilação depende processo de formação e reabsorção. Esse pro-
da disponibilidade de vitamina K. cesso é chamado de remodelação. Enquanto
O Estudo de Rotterdam é um estudo prospec- a atividade dos osteoblastos (formação óssea)
tivo, de base populacional, para avaliar a ocor- estiver em equilíbrio com a ação dos osteoclas-
rência de doenças em idosos e esclarecer seus tos (reabsorção), uma estrutura óssea saudável
determinantes. Compreendeu 7.983 homens é mantida. A remodelação é necessária para a
e mulheres com idades a partir de 55 anos, de manutenção e a integridade da estrutura óssea,
agosto de 1990 a junho de 1993. reparando os chamados microdanos por liberar
Na base populacional do Estudo de Rotterdam o cálcio na corrente sanguínea para necessida-
foi avaliado se a ingestão de filoquinona (vitamina des metabólicas do organismo.
K1) e menaquinona (vitamina K2-7) estaria rela- Os osteoblastos produzem uma proteína de-
cionada à calcificação da aorta e à doença arte- pendente de vitamina K chamada osteocalcina
rial coronariana. No início do estudo (1990-1993), (OC), que ajuda a fixar o cálcio na matriz óssea.
a análise incluiu 4.807 indivíduos com dados die- A OC eleva o conteúdo mineral ósseo, aumentan-
téticos e sem história de infarto do miocárdio, os do a resistência do esqueleto e tornando-o me-
quais foram seguidos até 1o de janeiro de 2000. nos suscetível a fraturas15-17. Entretanto, a OC é
O risco de doença arterial coronariana incidente, a produzida inativa. Ela precisa de vitamina K2-7
mortalidade por todas as causas e a aterosclerose a fim de se tornar plenamente ativada (carboxila-
aórtica foram estudados após o ajuste para idade, ção) para ser capaz de se ligar ao cálcio. Um es-
sexo, índice de massa corporal (IMC), tabagismo, tudo realizado em crianças pré-púberes saudáveis
diabetes, educação, ingestão de vitamina K e ou- demonstrou que uma pequena suplementação com
tros fatores dietéticos. O risco relativo de mortalida- MK-7 aumentou a carboxilação da OC18. Efeito se-
de por doença coronária foi reduzido nos grupos melhante foi demonstrado com natto19.
de dieta com menaquinona em comparação com A importância da vitamina D3 na saúde óssea é
os outros. A ingestão de menaquinona também foi bem estabelecida. Existe relação sinérgica entre a vi-
inversamente relacionada com todas as causas de tamina D3 e a vitamina K2-7. A vitamina D3, obtida
mortalidade e calcificação aórtica grave. A ingestão a partir de exposição solar, via alimentar ou suple-
de filoquinona não alterou os resultados. mentos, é a princípio biologicamente inativa, sendo
Em conclusão, esses resultados sugerem um convertida no metabólito ativo 1,25-hidroxivitamina
efeito protetor da ingestão de menaquinona D3, também chamado calcitrol. As principais fun-
combatendo a doença coronariana, o qual seria ções do calcitriol no metabolismo ósseo são pro-
mediado pela inibição da calcificação arterial. mover a absorção de cálcio no intestino, contribuir
Em relação à saúde óssea, a vitamina K2 na mineralização e na remodelação óssea, além
(MK-7) é a forma mais biodisponível e ativa de de estimular a síntese de OC e ajudar a manter
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Deve-se manter quantidade consistente de vi- 13. Stenflo J, Fernlund P, Egan W, Roepstorff P. Vitamin K dependent
modifications of glutamic acid residues in prothrombin. Proc
tamina K na dieta. Se o paciente costuma comer Natl Acad Sci USA. 1974;71(7):2730-3.
duas porções por dia de alimento que é rico em 14. Nelsestuen GL, Zytkovicz TH, Howard JB. The mode of action of vitamin
vitamina K, por exemplo, deve continuar esse pa- K. Identification of gamma-carboxyglutamic acid as a component of
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drão a cada dia. Se normalmente não come ali- 15. Szulc P, Chapuy MC, Meunier PJ, Delmas PD. Serum
mentos que são ricos em vitamina K, não comer undercarboxylated osteocalcin is a marker of the risk of hip
de repente uma grande quantidade deles41,42. fracture: a three year follow-up study. Bone. 1996;18:487-8.
16. O’Connor E, Mølgaard C, Michaelsen KF, Jakobsen J, Lamberg-
A Autoridade Europeia de Segurança Alimen- Allardt CJ, Cashman KD. Serum percentage undercarboxylated
tar (European Food Safety Authorities – EFSA) osteocalcin, a sensitive measure of vitamin K status, and its
relationship to bone health indices in Danish girls. Br J Nutr.
concluiu que uma relação de causa e efeito foi
2007;97(4):661-6.
estabelecida entre a ingestão de vitamina K e 17. Van Summeren MJH, Van Coeverden SC, Schurgers LJ, Braam
a manutenção do osso e a coagulação sanguí- LA, Noirt F, Uiterwaal CS, et al. Vitamin K status is associated with
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O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es). Produzido por Segmento Farma Editores Ltda., sob encomenda da Nova Química, em maio de 2014.
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