Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
CURSO DE GEOGRAFIA
São Luís – MA
2019
LUCAS VINICIUS DE AGUIAR ALVES
Monografia apresentada
à Coordenação do curso
de Geografia da
Universidade Federal do
Maranhão, como
requisito parcial para
obtenção do grau de
Bacharel/Licenciatura em
Geografia.
Orientadora: Zulimar
Márita Ribeiro Rodrigues
São Luís – MA
2019
LUCAS VINICIUS DE AGUIAR ALVES
BANCA EXAMINADORA
Por fim, agradeço a todos que não foram mencionados aqui, mas que
me ajudaram direta ou indiretamente e participaram nesta jornada da graduação.
Feliz é o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire entendimento;
Porque é melhor a sua mercadoria do que artigos de prata, e maior o seu lucro
que o ouro mais fino.
Provérbios 3:13-14
RESUMO
This term paper has the objective to analyze the Social Disease Determinants
(DSS) in the Bequimão Sanitary District (DS), São Luís, Maranhão, at the year
2019. In this research, it's seek to demonstrate than the DSS may be basically
seen as the social causes of the health problems which need intervention to a
better public health framework. For the attainment of this objective, it was elected
as investigative method the paradigm of the social environmental geography and
the geographic conceptions of territory and territoriality. The methodological
procedures consisted in documental research of the report-sheet applied by the
Family Health Strategy (ESF) staff in the Bequimão DS. The collected data are
from two types: individual registering report and household and territorial report.
Later the computation of data, it was made the representation through graphics
and tables. The obtained result in the research demonstrate a diversity of data
that characterize the way of living of the dwellers of Bequimão DS, allowing a
better comprehension of the process health-disease in this territory. 12426
users/citizens were attended in the visits of the ESF. According to which is
demonstrated in the research, the ESF consist in an important tool to the
acknowledgment of the DSS. Important looked data in the report sheet are the
familial organization, schooling, income, habitation conditions, basic sanitation,
age, general situation of health and other types of data which are important for a
better acknowledgment of the DSS in the studied territory. The final
considerations bring the recognition about the importance of the study of DSS
and ESF as concepts of health that dialogue with the knowledge of Geography
and territoriality. These concepts are important to the local health care.
Keywords: São Luís. Bequimão DS. Social Determinants of Health. Family Health
Strategy.
LISTA DE SIGLAS
DS Distrito Sanitário
Figura 3: Divisão territorial dos Distritos Sanitários no município de São Luís ................ 38
GRÁFICOS
TABELAS
Tabela 1: Recenseamentos da população de São Luís entre os anos 1960 a 2010 ....... 20
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 14
2. METODOLOGIA.......................................................................................................... 16
2.1 Método ................................................................................................................ 16
2.2 Procedimentos Metodológicos ............................................................................ 16
3. LOCALIZAÇÃO E SITUAÇÃO GEOGRÁFICA DA CIDADE DE SÃO LUÍS .............. 18
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 54
ANEXOS ......................................................................................................................... 57
1. INTRODUÇÃO
A saúde humana está estritamente ligada ao conceito de qualidade de
vida, podendo serem conceituadas praticamente da mesma forma. A saúde é
definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “um estado de completo
bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e
enfermidades”. Para que o indivíduo seja considerado saudável de fato, ele precisa
se sentir bem em sua plenitude, haja vista que o ser humano é complexo (constituído
de diversas dimensões) (OMS, 1996).
Segundo a OMS (1996) este conceito é abrangente ao “incorporar de
maneira complexa a saúde física dos indivíduos, estado psicológico, nível de
independência, relações sociais, crenças pessoais e suas relações com
características marcantes do ambiente”. Todos estes aspectos, advindos de várias
esferas e constituídos no indivíduo, são mais facilmente entendidos se forem
estudados de forma separada e depois integrada, através de uma análise integrativa.
Para a compreensão do problema da saúde, entende-se como
necessária a análise de diversos aspectos possíveis como ambientais e sociais, que
podem manter influência no quadro de saúde. Neste sentido, para análise das
questões da saúde integrativa, a OMS propôs o entendimento dos Determinantes
Sociais de Saúde (DSS)
O tema “Determinantes Sociais da Saúde (DSS)” foi proposto
inicialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2005, quando da criação
da Comissão sobre DSS que projetou a discussão em escala global. O movimento
sobre DSS traz a tona o impacto das desigualdades socioeconômicas na saúde
pública; assim, os determinantes econômicos e sociais passam a investigados como
causas dos agravos que acometem as populações.
Nessa perspectiva, a OMS reconhece o papel dos Determinantes
Sociais em Saúde – DSS favorecendo ou desfavorecendo as formas de adoecimento
da população. Portanto, o acesso à moradia digna, a educação, aos serviços de
saúde, a segurança, ao emprego, ao lazer são exemplos dos DSS que devem ser
em considerados para avaliar a saúde das populações.
Os DSS podem ser avaliados em diferentes escalas, sobretudo, na
escala intraurbana, como os Distritos Sanitários, divisão adotada pelas secretarias
de saúde em diversas cidades, para monitorar as condições de saúde da população.
14
No caso de São Luís, capital do Maranhão, a Secretaria de Saúde do Município
(SEMUS) dividiu a cidade em sete distritos sanitários: Centro, Itaqui-Bacanga,
Coroadinho, Cohab, Bequimão, Tirirical e Vila Esperança.
Diferentes pesquisas, em São Luís-MA, já apontaram o Distrito Sanitário
do Bequimão, como uma área com problemas sérios relacionados á saúde. Estudo
realizado por Moreira em (2016), sobre dengue entre os anos de 2000 a 2011,
identificou que a área do Distrito Bequimão, apresentou o maior número de casos
durante o período de análise. Nunes em (2017) destacou a incidência das Doenças
Diarreicas Agudas nos sete distritos, com o maior numero de casos no Distrito
Sanitário do Bequimão. Araújo em (2018) realizou análise espacial de casos
prováveis de febre pelo vírus Zika, em 2015 e 2016, os casos ocorreram em todos
os distritos sanitários, sendo o Bequimão aquele que apresentou maior número
absoluto de casos (791), seguido da COHAB (620) e Tirirical (493).
Portanto, pode-se afirmar que o Distrito Sanitário (DS) do Bequimão
apresenta problemas recorrentes de saúde que têm relação com as condições
socioambientais e de infraestrutura urbana. Assim, a presente pesquisa justifica-se
para tentar compreender melhor o referido distrito, através da abordagem dos DSS.
Os DSS são analisados nesta pesquisa a partir do estudo sobre um
Território específico, o Distrito Sanitário (DS) Bequimão, no Município de São Luís,
Maranhão. Ao longo desta pesquisa, analisa-se que aspectos advindos da das
condições socioeconômicas podem influenciar na forma como os moradores estão
adoecendo.
O objetivo geral da pesquisa foi analisar os Determinantes Sociais de
Saúde no território da Estratégia Saúde da Família em São Luís- MA no DS
Bequimão entre os períodos de 2018 a 2019. Este objetivo é alcançado através da
consecução dos seguintes objetivos específicos:
a) Estudar os indicadores demográficos, socioeconômicos e ambientais da
população cadastrada pela ESF no Distrito Sanitário do Bequimão;
b) Correlacionar os determinantes sociais de saúde e os principais agravos
acompanhados pela ESF no Distrito Sanitários do Bequimão;
c) Representar espacialmente os territórios dos determinantes sociais de saúde.
15
2. METODOLOGIA
2.1 Método
O método que pauta este trabalho se baseia no paradigma da Geografia
socioambiental, elaborado por Monteiro (1984), o qual entende que [...] o maior ponto
de relevância epistemológica para a Geografia esteja na atitude fenomenológica de
não considerar nem a Natureza nem o Homem como ‘fundantes’. O paradigma
socioambiental pode ser percebido neste trabalho, a partir da abordagem dos
Determinantes sociais de saúde (DSS).
Levou-se em consideração ainda a triangulação de métodos, proposto
por Minayo, Assis e Souza (2005) como uma estratégia de diálogo entre áreas
distintas de conhecimento e na tríade Território-Ambiente-Saúde, vista como
necessária.
As desigualdades sociais na cidade, vistas a partir dos problemas
ambientais urbanos e falta de serviços e equipamentos públicos urbanos, consistem
em problemas sérios nas cidades que se expressam na saúde pública a partir dos
Determinantes Sociais de Saúde.
16
Território-distrito são: Unidade Mista do Bequimão (A), Centro de Saúde AMAR (B),
Unidade de Saúde Vila Radional (C) e Unidade de Saúde Vila Lobão (D). Com base
nesta informação, foi realizado o georreferenciamento das unidades de saúde
através do Google Earth e posteriormente representadas espacialmente no software
ArcGis 10.4. Os resultados foram analisados e discutidos para redação final da
pesquisa, com a confecção dos mapas, gráficos e tabelas.
17
3. LOCALIZAÇÃO E SITUAÇÃO GEOGRÁFICA DA CIDADE DE SÃO LUÍS
São Luís é uma cidade maranhense situada na mesorregião Norte do
Maranhão (figura 1), microrregião da Aglomeração Metropolitana da Grande São
Luís. O município é banhado pela baía de São Marcos ao Oeste, Oceano atlântico
ao Norte e a baía de São José ao Sul, limita-se a leste com o município de São José
de Ribamar e ao Sul se separa do continente pelo Estreito dos Mosquitos.
Diniz (2017), observa que em São Luís, [...] a partir do período que
compreende o final do século XIX e início do século XX, o grande centro maranhense
conheceu um surto industrial considerável, notadamente as indústrias têxteis e de
babaçu. Este fato contribuiu para que houvesse grande crescimento urbano no
município já naquela época.
18
No entanto, a atividade industrial do tipo agroexportadora sofreu grande
declínio a partir dos anos 1950, fazendo com que o município viesse a buscar “[...]
novas perspectivas econômicas, que viriam a alterar significativamente o panorama
socioeconômico da cidade” (DINIZ, 2017, p. 173). Estas mudanças começaram a ser
observadas a partir das décadas de 1970 a 1980, período que foi marcado pela
renovação econômica.
19
problemas esses que tem evoluído consideravelmente, à medida que a urbanização
cresce” (DINIZ, 2017, p. 173).
Pereira (2013, p. 41) reitera este argumento dizendo que na cidade de São Luís:
A problemática discorrida até aqui, pode ser mais bem ilustrada a partir de
dados demográficos. Os dados da (Tabela 1) ajudam a elucidar o fenômeno da
urbanização, que se consolidou cada vez mais ao longo das décadas.
População
Ano Urbana Rural Total
1960 137.820 20.472 158.292
1970 205.413 60.073 265.486
1980 247.288 202.144 449.432
1991 246.213 448.986 691.596
2000 837.584 32.444 870.028
2010 958.522 56.315 1.014.537
Fonte: Adaptado de SÃO LUÍS (2006); IBGE (2014).
20
No entanto, segundo Diniz (2017), é preciso esclarecer o fato de que na
época do recenseamento de 1991, alguns locais de São Luís, a exemplo do Anil,
foram considerados como zona rural, muito embora estes lugares “tratarem-se de
população eminentemente urbana”. Este novo contingente populacional, certamente
naquela época, já se assentava em locais desprovidos de serviços de saneamento
básico, acirrando a problemática urbana.
21
4. OS DETERMINANTES SOCIAIS DE SAÚDE
A preocupação do estado brasileiro com esta realidade foi tão séria que
foi criada a Comissão Nacional para Determinantes sociais de Saúde (CNDSS),
organização destinada à investigação dos DSS no Brasil e que é homônima a
organização da OMS para este assunto. Buss e Pelereni Filho (2007) reiteram que
a definição da definição da OMS e da CNDSS para DSS é a mais curta, mas possui
o mesmo sentido semântico: “os DSS são as condições sociais em que as pessoas
vivem e trabalham”.
22
demandaria uma grande reforma social. Na verdade, no contexto das DSS, é
buscada a equidade na saúde, não a igualdade.
23
Obviamente, os fatores inerentes ao indivíduo (idade, sexo e fatores
hereditários) atuam de forma imediata em sua condição de saúde. A partir das
condições externas a diante, desde os níveis imediatamente posteriores ao
indivíduo até os níveis mais distantes, são vistas as relações sociais que compõem
os DSS.
24
A partir desta explicação, é possível estabelecer comparações entre a
atuação da Estratégia da Saúde da Família (ESF) que atua no DS do Bequimão e
este tipo de intervenção preconizado pelos DSS. Ações de acompanhamento da
saúde comunitária, feitas com a participação dos próprios moradores da
comunidade visando os grupos mais vulneráveis, ajudam no melhor enfrentamento
dos DSS.
25
5. A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA E TERRITORIALIZAÇÃO DA
SAÚDE
5.1 A Política Nacional de Atenção Básica
26
partir da adscrição), remonta-se a uma abordagem territorial horizontal da saúde.
Este tipo de abordagem é essencial para que se alcancem objetivos apregoados
pela saúde pública no Brasil: resolutividade ao se resolver os problemas de saúde
e longitudinalidade ao se dar mais atenção aos cuidados de saúde da população.
27
amplie a coesão da sociedade civil, a serviço do interesse coletivo”. Estes valores
são indispensáveis para uma boa administração da saúde.
28
É preciso esclarecer o fato de que em muitas situações, antes do estado
empreender seus próprios projetos de territorialização sobre algum espaço, este já
encontra territorializado. Dada a sua presença humana, certamente já desenvolveu
um nível de territorialidade significativo neste espaço, pois já se fizeram ações sobre
o mesmo e, consequentemente, se estabeleceram relações sociais. Sob esta
perspectiva, é preciso que haja a compreensão de que todas as ações do estado
devem favorecer os grupos humanos presentes neste território, levando em conta a
sua realidade social.
5.3 Territorialidade em Saúde
29
Diferentemente da territorialidade vertical, a territorialidade horizontal é
caracterizada pelo nivelamento relativo de seus atores no território, já que os
indivíduos vivem no mesmo espaço. Em tais circunstâncias pode-se dizer que a partir
do espaço geográfico cria-se uma solidariedade orgânica, o conjunto sendo formado
pela existência comum dos agentes exercendo-se sobre o território comum
(SANTOS, 2011).
30
Segundo os autores, os princípios estabelecidos pelo SUS no Brasil, só puderam ser
assegurados através de sua reorganização territorial da saúde.
5.4 Território, Ambiente e Saúde
31
(BARCELLOS, p. 313, 2010). Estes aspectos estão relacionados muitas vezes as
condições de vida observadas em um local.
32
Esta abordagem territorial é vista como recente na história dos cuidados
em saúde brasileira e rompe com a abordagem tradicional clínica predominante no
passado, a qual não se levava em consideração a realidade vivida pela família em
seu território. A este respeito pode se afirmar:
33
Diante deste quadro – sobreposição das verticalidades nos territórios e
lugares –, Santos (2012) oferece uma proposta de fortalecimento dos lugares,
através da ‘especialização funcional’, uma forma de valorização dos anseios locais
na gestão do espaço, a exemplo da ESF e da Divisão de Distritos Sanitários em um
município. Para o autor:
34
6. SÃO LUÍS E O TERRITÓRIO EM SAÚDE
6.1 A Estratégia da Saúde da Família em São Luís
36
constituir um território, é elaborado um sistema territorial, onde a divisão da superfície
é constituída de malhas, nós e redes.
37
Figura 3: Divisão territorial dos Distritos Sanitários no município de São Luís
38
Distritos Sanitários como Centro, Cohab e Bequimão, encontram-se
exclusivamente na zona urbana do município, onde há uma grande concentração
habitacional, bem como uma maior disponibilidade de equipamentos urbanos
(sobretudo serviços de saúde) em detrimento da porção Sul, onde apesar de suas
grandes dimensões espaciais, há uma menor densidade habitacional, bem como
menor disponibilidade de equipamentos e serviços urbanos.
39
Figura 4: Divisão de localidades do DS Bequimão
40
Figura 5: Tipos de paisagem encontradas no DS Bequimão. A: Vista panorâmica
de edifícios na Ponta D'Areia; B: Elevado da Cohama; C: Residencial no Angelim;
D: Casas de Palafita no manguezal, Alemanha
A B
C D
41
7. OS DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE NO DISTRITO SANITÁRIO DO
BEQUIMÃO
42
• Centro de Saúde/Unidade Básica de Saúde: Unidade de saúde básica
destinada à prestação de atendimento em atenção básica e integral à saúde,
de forma programada ou não, nas especialidades básicas, podendo oferecer
assistência odontológica e de outros profissionais [...].
Gráfico 1: Sexo
(70,14%)
43
O gráfico 3 traz informações relacionadas faixa etária dos indivíduos
conforme o sexo.
44
para jovens e adultos, Educação Especial, Programas de alfabetização, etc. 2098
indivíduos não foram informados ou foram preenchidos como ‘nenhum’.
45
Fonte: SEMUS/SÃO LUÍS, 2019
Nas fichas-relatório, foram feitas perguntas sobre a situação geral de saúde dos
moradores (Tabela 5). As doenças do tipo cardíaca, respiratória e nefrológica podem
46
estar relacionadas ao estilo de vida do indivíduo, um aspecto que no âmbito das
discussões sobre iniquidades em saúde, está situado nos macrodeterminantes
sociais de saúde.
Outro aspecto social ligado que pode estar relacionado tanto aos
macrodeterminantes aos microdeterminantes e é investigado pelas equipes de
saúde, é a questão do peso dos usuários. Nesta pergunta (gráfico 7), a informação
sobre 4598 indivíduos foi preenchida.
47
observada devido ao estilo de vida urbano, o qual nos últimos tempos, não vem
adotando uma alimentação saudável.
Descrição N° de indivíduos
Está acamado 19
Está com hanseníase 3
Está com tuberculose 2
Está domiciliado 132
Está fumante 293
Está gestante 57
Faz uso de álcool 906
Faz uso de outras drogas 88
PIC* 22
Tem diabetes 293
Tem hipertensão arterial 750
Tem ou teve câncer 23
Teve AVC / derrame 73
Teve diagnóstico de algum problema de saúde mental
por profissional de saúde 7
Teve infarto 40
Teve internação nos últimos 12 meses? 89
Usa plantas medicinais 186
Total 2983
*Práticas Integrativas e Complementares em saúde: As Práticas Integrativas e Complementares (PICS)
consistem em tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais,
voltados para prevenir diversas doenças como depressão e hipertensão. Em alguns casos, também podem
ser usadas como tratamentos paliativos em algumas doenças crônicas (MS/BRASIL, 2019).
Nas visitas das equipes da ESF, foi feita a cobertura de 3852 domicílios.
Em relação à condição de moradia, dos domicílios visitados, 3290 são imóveis
próprios dos moradores responsáveis (85%). O restante, 562 domicílios, é composto
48
por outros domicílios na condição de financiados, alugados, cedidos, ocupação,
outros e não informados. Quanto ao tipo de domicílio, as respostas foram: a) Casa:
3523 domicílios; b) Apartamento: 14 domicílios; c) Cômodo: 113 domicílios; d) Outro:
168 domicílios; e) Não informado: 168 domicílios.
O tipo de via acesso às moradias também diz muito sobre a qualidade de vida dos
moradores em um local, pois fornece informações o acesso a políticas públicas
49
básicas. Dos 3852 domicílios registrados, neste aspecto, as respostas válidas foram
2872, registradas no gráfico 9.
De acordo com o gráfico, 211 Domicílios não possuem via de acesso mais
adequada possível (pavimentada), implicando dessa forma em alguns riscos a
saúde. Vias sem cobertura asfáltica não possuem drenagem adequada, acumulando
água corrente e resíduos sólidos durante enchentes urbanas, o que representa risco
a saúde humana. As vias fluviais podem estar relacionadas aos canais de
manguezal, ambientes naturais bastante presentes na parte Sul do DS Bequimão.
O abastecimento de água é uma condição de moradia que pode vir influir como
determinante social da saúde. Nas fichas-relatório, 2908 domicílios tiveram esta
informação atendida, onde: 96% dos domicílios possuem abastecimento de água
encanada, enquanto o restante do abastecimento de água é feito através de outras
formas como "Poço/Nascente no domicílio", "Cisterna" e "Carro Pipa".
50
avaliação dos Determinantes sociais de saúde. 2901 domicílios tiveram esta
informação atendida nas fichas-relatório.
De acordo com os dados, cerca de 80% dos domicílios levantados são atendidos
pelo serviço de coleta de lixo da cidade. O restante dos domicílios descarta seus
resíduos sólidos de forma inadequada como: Descarte a céu aberto, Queimando ou
enterrando o lixo e outras formas.
51
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
52
a) Na pesquisa, foi possível observar minimamente a relação entre as
desigualdades sociais e o quadro de saúde. O Território-Ambiente-Saúde é uma
abordagem obrigatória para a compreensão do processo saúde-doença e também
constitui uma ferramenta para compreensão dos DSS.
b) Os indicadores demográficos vistos a partir das fichas de saúde da população
cadastrada no DS Bequimão constituíram dados satisfatórios para a análise dos
DSS.
c) Os principais agravos em saúde podem ser relacionados aos macrodeterminates
e microdeterminantes em saúde, sendo essa uma realidade passível de mudança
por parte das políticas públicas.
d) O Território-Distrito do Bequimão e as informações sociodemográficas,
fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde foram representados espacialmente
neste trabalho, auxiliando na compreensão da dinâmica territorial do DS Bequimão.
Este trabalho deixa conclusão a importância dos conhecimentos geográficos
sobre território, ambiente e saúde, questões que cada vez mais vem ganhando
reconhecimento devido sua necessidade para os melhores cuidados em saúde. O
acesso digno a saúde é um direito garantido pela constituição para todos os cidadãos
brasileiros. Portanto, todos os conceitos discutidos nesta pesquisa são importantes
para a conquista do direito a saúde.
53
REFERÊNCIAS
54
__________. PNAB - Política Nacional de Atenção Básica. Disponível
em:<http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf>. Acesso em 20 jun.
2019.
___________. Anexo do manual técnico do CNES tabelas atualizadas. Disponível
em:<http://portal.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/10_02_2010_9.51.16.41f407d
83e652672c75ce698959edca9.pdf>.
MINAYO, M. C. S., Assis SG, Souza E. R. (orgs). Avaliação por triangulação de
métodos: abordagem de programas sociais. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz;
2005.
___________. Práticas Integrativas Complementares (PIC): Quais são e pra que servem?
Disponível em:<http://saude.gov.br/saude-de-a-z/praticas-integrativas-e-
complementares>. Acesso em 16 out. 2019.
MOREIRA, Emnielle Pinto Borges. Análise Espaço-temporal de casos de
dengue por distrito sanitário, São Luís, Maranhão, Brasil. Dissertação
(Mestrado em Saúde e Ambiente) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís,
2016.
MONTEIRO, Carlos A. de F. Geografia & ambiente. Orientação, n. 5, USP, 1984,
p. 19-28.
NUNES, Ana Tereza de Sousa. Incidência de Doenças Diarreicas Agudas no
município de São Luís, Maranhão, Brasil. Dissertação (Mestrado em Saúde e
Ambiente) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2017.
PEREIRA, Paulo Roberto Mendes. Qualidade ambiental de São Luís –
MA: indicadores de saneamento ambiental e habitação. 2013. 64 f. Monografia
(graduação em Geografia) – Departamento de Geociências – DEGEO,
Universidade Federal do Maranhão, São Luís. 2013.
PEREIRA, A. M. R; RODRIGUES, Z. M. R; AQUINO JÚNIOR, J. Spatial
reorganization of health micro-areas with the use of geoprocessing. Journal of
Geospatial Modelling, São Luís. n. 4, v. 2, n4, 2017, p. 45-53.
RAFFESTIN, C. Por uma Geografia do poder. Maria Cecília França (Trad). 3 ed.
São Paulo: Editora Ática, 1993.
SANTOS, Milton. Horizontalidades e Verticalidades. In: Milton Santos. A natureza
do espaço. 4 ed. São Paulo: Edusp, cap. 12, p. 281-288.
_______. Configuração territorial e espaço. In: Milton Santos. Metamorfose do
espaço habitado. 6 ed. São Paulo: Edusp, 2008. cap. 6. p. 83-94.
_______. O espaço geográfico: compartimentação e fragmentação. In: Milton
Santos. Por uma outra globalização: do pensamento único a consciência
universal. 20 ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2011. cap. 13. p. 79-87.
SÃO LUÍS. São Luís: Uma leitura da cidade. Disponível em:<
http://www.saoluis.ma.gov.br/midias/anexos/1442_sao_luis_uma_leitura_da_cidade
_parte2_pag28a47-.pdf>. Acesso 11 abr. 2019.
________. Implantação da gestão estratégica orientada para resultados na cidade
de São Luís. Disponível
em:<https://www.saoluis.ma.gov.br/midias/anexos/1734_estrategia_de_longo_praz
o_2033_-_produto_1.pdf>. Acesso 27 nov. 2019.
55
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE. Relação de Localidades por Zona
Urbana e Rural. Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Sanitária
Coordenação de Vigilância Epidemiológica – Controle de Endemias. SEMUS: São
Luís, 2017.
________________. Relatório de cadastro individual – Unidade de saúde do
Bequimão. Secretaria municipal de Saúde: SÃO LUÍS, 2019.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. The World Health Organization Quality of
life Assessment (WHOQOL): position paper from the World Health Organization.
In: Elsevier Science. v. 41, n. 10, p. 1403 1409, 1996.
56
ANEXOS
57
58
59