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08/03/2020 Antropologia, Ética e Cultura – Material Dinâmico On-line

ANTROPOLOGIA, ÉTICA E CULTURA

INTRODUÇÃO

Everton Luís Sanches

Para dar início ao estudo da disciplina Antropologia, Ética e Cultura, é imprescindível


lembrar a importância deste estudo para todos os cursos de graduação, em todas as
grandes áreas de formação, tais como a Saúde, Educação, Gestão e Administração,
Engenharias etc.

O Ensino Superior é o passo mais complexo na educação formal, possível somente diante
da conclusão da Educação Básica, que, no Brasil, abrange desde a Educação Infantil até o
Ensino Médio. Conforme a Base Nacional Comum Curricular (2018) define:

No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural,


comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo,
colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o
acúmulo de informações. Requer o desenvolvimento de competências para
aprender a aprender, saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar
com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar
conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser
proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e
aprender com as diferenças e as diversidades.

Assim, guiando-nos pela legislação brasileira e de acordo com os desafios humanos que
são reconhecidos mundialmente, o desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo pode
ser considerado o maior objetivo da Educação Básica, pela qual você passou para chegar
até aqui – isso tendo em vista tanto a sua participação responsável e cidadã quanto a
preparação para o mundo do trabalho.

Bom, mas quais são os objetivos da Educação Superior? E por que ela é chamada de
“superior”?

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O cenário descrito envolve inovação constante, o que requer ampla qualificação – plural e
dinâmica, de modo a alcançarmos o nível mais elevado, que é o da produção do
conhecimento. “Produção do conhecimento” refere-se às pesquisas científicas, que são
realizadas desde a graduação até o pós-doutorado, mas também diz respeito a produzir
soluções para o dia a dia. O profissional graduado será requisitado pela sociedade a ser
aquele que resolve: ou porque possui conhecimento prévio ou porque sabe onde e a quem
consultar para obter as respostas de que necessita. De maneira simples, podemos
considerar que, depois de formado, você ouvirá, várias vezes, as pessoas dizerem: “Você,
que estudou, dê um jeito nisso!”. Portanto, não é à toa que o aluno é tão cobrado e
estimulado, pois, se o ensino é superior, requer, também, uma dedicação superior!

A universidade, por analogia, abrange um universo de saberes e deve ser o lugar dinâmico
em que o conhecimento alcança o seu nível mais elevado em todas as áreas.
Diferentemente de um curso profissionalizante, o curso universitário – a graduação – deve
graduar seu aluno para superar o nível meramente técnico, desenvolvendo aprendizado
detalhado de sua área específica e também o conhecimento mais universal.

Comparativamente, assim como seria estranho um pedreiro executar o projeto de uma


casa sem levar em conta que ela será habitada por pessoas, também não é razoável
realizar um curso de graduação sem conhecer o ser humano sob diversos aspectos –
inclusive do ponto de vista da Antropologia. Afinal, somos seres humanos integrais e
precisamos de formação que permita nos reconhecermos enquanto tais.

Como defende a Missão do Claretiano – Rede de Educação:

Capacitar a pessoa humana para o exercício profissional e para o compromisso


com a vida, mediante a sua formação integral; missão essa que se caracteriza
pela investigação da verdade, pelo ensino e pela difusão da cultura, inspirada nos
valores éticos e cristãos e no carisma Claretiano que dão pleno significado à vida
humana (PEC, 2012, p. 17).

Ou seja: é desejado que os profissionais de nível superior sejam pessoas plenas, capazes
de propagar a plenitude da vida. Isso significa estabelecer-se no mercado de trabalho e na
vida em sociedade, mas mantendo e reforçando o compromisso humano e solidário.

Vale destacar que o princípio da solidariedade ofereceu a base para a construção de vários
instrumentos legislativos em todo o mundo ao longo da História Contemporânea – desde
as constituições da França, promulgadas após a Revolução Francesa (1789), a
Constituição do México de 1917, a Constituição da Alemanha de 1919 e a Constituição da
Itália de 1948.

Não obstante, a solidariedade entre pessoas de todos os povos se tornou um dos


principais objetivos de todos os seres humanos com a promulgação da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948.

A própria Constituição do Brasil de 1988 explicita este princípio, que orienta, em seu artigo
terceiro:

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Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II – garantir o desenvolvimento nacional;

III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e


regionais;

IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação (BRASIL, 1988).

Portanto, o estudo que realizaremos é de suma importância e se aplica a todos os


contextos possíveis da educação em nível superior.

Posto isso, gostaria de apresentar, de maneira resumida, algumas características desta


disciplina.

A Antropologia, assim como a Sociologia, é uma área do conhecimento que surgiu no


século 19, como resultado das grandes transformações que abalaram a Europa e o mundo
desde o início da Idade Moderna. Contudo, enquanto a Sociologia se preocupava com os
rumos da sociedade após a Revolução Industrial (século 18), a Antropologia preocupava-
se em estudar os agrupamentos humanos considerados “primitivos” ou “selvagens”, que
estavam cada vez mais escassos devido aos processos de colonização europeia no
continente americano e no continente africano.

Inicialmente, os antropólogos preocuparam-se em legitimar os massacres ocasionados


pelo colonialismo e imperialismo europeu. Analisando os povos “exóticos”, de acordo com
a metodologia oferecida pelo positivismo e pelo evolucionismo, suas concepções eram
voltadas para “conhecer, estudar, transformar, cristianizar e dominar os povos colonizados”
(COLAÇO, 2011, p. 20). Ou seja, o principal objetivo era tornar os povos colonizados “mais
evoluídos”, de acordo com as concepções europeias de progresso, deixando para trás
aqueles que não se adaptassem. O intuito era contribuir para a evolução natural da
espécie humana. Desse modo, foram realizadas classificações de acordo com
características biológicas/raciais, assim como de seus padrões de comportamento social.

De acordo com Copans (1971, p. 18-20 apud COLAÇO, 2011, p. 21):

Neste contexto, as sociedades “primitivas” são consideradas os antepassados da


sociedade ocidental contemporânea. Há uma classificação dos diversos estágios
que obrigatoriamente todas as sociedades passariam, verificadas nas formas de
produção (Marx e Engels), nas formas de parentesco (Morgan, Banchofen) e nas
formas de Direito (Sumner Maine).

Nesse sentido, considerando, resumidamente, Henry Lewis Morgan (1818-1881) defendeu


que o desenvolvimento das sociedades acontece em três níveis ou etapas: selvageria,
barbárie e civilização. Já James Frazer (1854-1941) acreditou que o desenvolvimento das
sociedades acontece a partir das seguintes fases: da magia, da religião e da ciência. E Sir
H. Sumner-Maine (1822-1888) mostrou que as sociedades vão de um estágio arcaico (sem
Direito), passando pelo tribal (surge o Direito) e, saindo da condição nômade para a
sedentária, desenvolve a noção do pertencimento a um território e as primeiras
codificações do Direito escrito (COLAÇO, 2011, p. 22).

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Contudo, com o passar do tempo, no século 20, os antropólogos tornaram-se defensores


da diversidade cultural, livrando-se do juízo de valores estabelecido dentro do processo de
colonização. Assim, foi considerada a noção de etnocentrismo, que define o
comportamento de quem toma a própria etnia e cultura como superiores às demais. Em
contraposição a essa forma etnocêntrica de ser e agir, temos a compreensão da
pluralidade cultural, que consiste no reconhecimento da diferença entre diversas formas
culturais, sem estabelecer distinção hierárquica entre elas, julgamento ou juízo de valor.
Trata-se, apenas, de situar cada qual em seu contexto.

Nesse sentido, Franz Boas (1858-1942) opôs-se ao evolucionismo e valorizou a cultura


desenvolvida e aplicada na vida cotidiana em relação a uma cultura oficial e que era
considerada superior. Em sua obra A mente do ser humano primitivo:

Boas desmonta definitivamente o conceito de raça e evolução ontogênica como


paradigma do pensamento antropológico e estabelece os métodos e os critérios
para o trabalho de campo que até hoje ajudam a guiar os antropólogos. Ele
consegue reunir nesta obra os principais temas da Antropologia e traz para a
discussão afirmações como, por exemplo, a não existência de raças humanas
totalmente definidas, demonstrando que nenhum grupo humano é biologicamente
superior a outro (PEREIRA, 2011, p. 104).

A partir dos estudos de Bronislaw Malinowski (1884-1942), o trabalho de pesquisa de


campo torna-se essencial para o antropólogo. Assim, propunha a alteridade (colocar-se no
lugar do outro) como um elemento basilar para o estudo antropológico e para o
entendimento da sociedade na qual aquele que pesquisa vive. Em seu livro Crime e
Costume na Sociedade Selvagem, ele reforça a necessidade de uma “jurisprudência
antropológica” nascida do contato com os “selvagens”, tratando dos problemas, dos
costumes, família, posses, ou seja, das questões básicas em que se assenta o Direito.

Alfred Radcliffe-Brown (1881-1955), por sua vez, relata que nem todas as sociedades se
organizam com uma relação passado e presente, ou seja, tomando uma história linear para
pensar a própria existência. Assim, a sociedade do outro deve ser pensada de acordo com
os termos do outro, com observação direta das ações cotidianas, descrição e comparação
(COLAÇO, 2011, p. 23-24).

No Brasil, podemos destacar o trabalho de Darcy Ribeiro (1922-1997), elucidando as


diversas matrizes culturais que compõem a população brasileira, estabelecendo a
diversidade como característica que a define de maneira singular. Sem dúvida, trata-se de
um dos maiores intelectuais do País. Em seu estudo da cultura brasileira, procura
estabelecer critérios que identifiquem esse povo. Nas palavras do prefácio de seu livro O
povo brasileiro (1995, p. 16):

Nos faltava, por igual, uma tipologia das formas de exercício do poder e de
militância política, seja conservadora, seja reordenadora ou insurgente. Toda
politicologia copiosíssima de que se dispõe é feita de análises irrelevantes ou de
especulações filosofantes que nos deixam mais perplexos do que explicados.
Efetivamente, falar de liberais, conservadores, radicais, ou de democracia e
liberalismo e até revolução social e política pode ter sentido de definição concreta
em outros contextos; no nosso não significa nada, tal a ambiguidade com que
essas expressões se aplicam aos agentes mais diferentes e às orientações mais
desconexas.

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Dito de outro modo, diante da grandiosidade territorial e da diversidade humana que há no


Brasil, diversas definições que figuram claras na política europeia e mesmo norte-
americana não se aplicam da mesma maneira ao nosso País. Esquerda e direita,
progressista, liberal e conservador, entre outros termos da política, precisam ser
repensados de acordo com o contexto brasileiro, para, então, podermos entender um
pouco do que se passa no cenário político nacional.

O mesmo acontece no que diz respeito à cultura:

Faltava ainda uma teoria da cultura, capaz de dar conta da nossa realidade, em
que o saber erudito é tantas vezes espúrio e o não‐saber popular alcança,
contrastantemente, atitudes críticas, mobilizando consciências para movimentos
profundos de reordenação social. Como estabelecer a forma e o papel da nossa
cultura erudita, feita de transplante, regida pelo modismo europeu, frente à
criatividade popular, que mescla as tradições mais díspares para compreender
essa nossa nova versão do mundo e de nós mesmos? Para dar conta dessa
necessidade é que escrevi O Dilema da América Latina. Ali, proponho novos
esquemas das classes sociais, dos desempenhos políticos, situando‐os debaixo
da pressão hegemônica norte-americana em que existimos, sem nos ser, para
sermos o que lhes convém a eles (RIBEIRO, 1995, p. 16).

Desse modo, mesmo no Brasil, a Antropologia debruçou-se sobre a definição de critérios


hábeis para permitir entender a produção cultural e as soluções para o cotidiano – neste
caso, muitas vezes, produzidas fora das universidades, nos saberes populares e cotidianos
dentro do processo histórico. Contudo, isso não diminui ou invalida a importância do
conhecimento científico no País; apenas o diferencia daquele produzido nas demais
nações da Europa e do mundo.

Tais pensamentos e pensadores da Antropologia animam nossos estudos e ensejam um


tipo de atitude que é essencial ao educador e ao estudante, ao profissional e ao cidadão.
Enfim, permitem reafirmar, de maneira mais qualificada e consciente, nossos
compromissos como seres humanos.

A partir da Antropologia e dessa atitude solidária, realizaremos um estudo interdisciplinar,


que se propõe a ancorar nossos entendimentos na ética, no respeito aos outros e a nós
mesmos.

Se o conjunto de disciplinas específicas de cada curso remete ao fazer altamente


qualificado, nesta disciplina institucional, temos o desafio do aprimoramento do ser: sermos
melhores – esse é o resultado almejado. Mais que conteúdos programáticos a serem
comprovados por meio de instrumentos avaliativos, a proposta é que o aluno se aproprie
de tais conhecimentos, seja desafiado pelas atividades e consiga gradativamente compor
uma sabedoria de mundo útil para a vida.

Assim sendo, desejamos excelentes estudos!

INFORMAÇÕES DA DISCIPLINA

Ementa

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A Antropologia, Ética e Cultura, no contexto das disciplinas institucionais, ofertada


nos cursos de graduação do Claretiano – Rede de Educação, tem o propósito de
subsidiar o corpo discente quanto à importância da formação integral do ser humano
na sua relação consigo mesmo, com o outro, com a natureza e com o transcendente.
A disciplina propõe a reflexão sobre o ser humano como ser finito e, ao mesmo
tempo, como ser de liberdade, de consciência e de amor. Para isso, é discutido o
conceito de pessoa, numa perspectiva sincrônica e diacrônica, entendido nas suas
dimensões biológica, psicológica, social e espiritual. Os temas, tais como imanência,
transcendência, alteridade, multiculturalidade, ética, moral, cidadania, entre outros,
serão apresentados dentro da área específica vinculada ao curso em que a disciplina
está alocada. E serão tratados, também, nessa mesma perspectiva, alguns temas
transversais, como os direitos humanos, as histórias e culturas afrodescendentes e
indígenas, as questões de gênero, sexualidade e família, as políticas afirmativas,
inclusão e acessibilidade e a educação ambiental numa dimensão ético-planetária. A
proposta, no seu conjunto, está fundamentada no Carisma Claretiano, no Projeto
Educativo e nos Princípios estabelecidos pela Instituição, visando uma educação
pautada em valores éticos e cristãos, aberta ao diálogo e crítica a toda forma de
preconceito e fundamentalismo.

Objetivos Gerais

Objetivos Especí cos

TRILHA DE APRENDIZAGEM

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