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MATEMÁTICA

DISCRETA
TADS

PROFA. THILENE FALCÃO LUIZ

UEZO

1
EMENTA

1 TEORIA DOS CONJUNTOS


1.1 RELAÇÃO DE PERTINÊNCIA
1.2 ALGUNS CONJUNTOS IMPORTANTES
1.3 RELAÇÃO DE INCLUSÃO
1.4 IGUALDADE DE CONJUNTOS
1.5 PERTINÊNCIA X INCLUSÃO

2 INTRODUÇÃO À LÓGICA MATEMÁTICA


2.1 PROPOSIÇÕES E CONECTIVOS LÓGICOS
2.2 OPERAÇÕES LÓGICAS SOBRE PROPOSIÇÕES
2.3 CONSTRUÇÃO DE TABELAS-VERDADE
2.4 TAUTOLOGIAS, CONTRADIÇÒES E CONTINGÊNCIAS
2.5 EQUIVALÊNCIA LÓGICA
2.6 ÁLGEBRA DAS PROPOSIÇÕES
2.7 MÉTODO DEDUTIVO
2.8 QUANTIFICADORES

3 ÁLGEBRA DE CONJUNTOS
3.1 OPERAÇÃO DE UNIÃO
3.2 OPERAÇÃO DE INTERSEÇÃO
3.3 OPERAÇÃO COMPLEMENTO
3.3.1 Propriedades de DeMorgan
3.4 OPERAÇÃO DE DIFERENÇA
3.5 CONJUNTO DAS PARTES
3.6 PRODUTO CARTESIANO
3.7 UNIÃO DISJUNTA

4 RELAÇÕES
4.1 RELAÇÃO BINÁRIA
4.2 ENDORRELAÇÃO COMO GRAFO
4.3 RELAÇÃO COMO MATRIZ
4.4 PROPRIEDADES DAS RELAÇÕES
4.5 FECHOS DE RELAÇÕES
4.6 RELAÇÃO DE ORDEM
2
4.7 RELAÇÃO DE EQUIVALÊNCIA
4.8 RELAÇÃO INVERSA
4.9 COMPOSIÇÃO DE RELAÇÕES

5 TIPOS DE RELAÇÕES
5.1 RELAÇÃO FUNCIONAL
5.2 RELAÇÃO INJETORA
5.3 RELAÇÃO TOTAL
5.4 RELAÇÃO SOBREJETORA
5.5 MONOMORFISMO
5.6 EPIMORFISMO
5.7 ISOMORFISMO

6 FUNÇÕES PARCIAIS E TOTAIS


6.1 FUNÇÀO PARCIAL
6.2 FUNÇÃO TOTAL

7 CARDINALIDADE DE CONJUNTOS
7.1 CARDINALIDADE FINITA E INFINITA
7.2 CARDINALIDADE DE CONJUNTOS NÃO-CONTÁVEIS
7.3 CARDINAL

8 ESTRUTURAS ALGÉBRICAS
8.1 OPERAÇÕES
8.2 PROPRIEDADE DAS OPERAÇÕES BINÁRIAS
8.3 GRUPÓIDES
8.4 SEMIGRUPOS
8.5 MONÓIDES
8.6 GRUPOS

Referências:
1) P. B. Menezes, Matemática Discreta para Computação e Informática, Sagra.
2) E. A. Filho, Iniciação à Lógica Matemática, Nobel.
3) S. Lipschtz e M. Lipson, Matemática Discreta, Coleção Schaum, Bookman.
4) E. R. Scheinerman, Matemática Discreta: Uma Introdução, Cengage Learning.

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INTRODUÇÃO
Esta disciplina tem como objetivo principal apresentar e desenvolver conceitos fundamentais da lógica
matemática que servirão como ferramenta no emprego de linguagem de programação.
A disciplina contém uma seleção de tópicos de Matemática os quais são essenciais para o estudo de
Computação e Informática. Tal seleção é comumente chamada de Matemática Discreta.
Inicialmente, relembraremos sobre a teoria dos conjuntos e suas relações.

1 - TEORIA DOS CONJUNTOS


Definição de Conjunto: um conjunto é uma coleção de zero ou mais objetos distintos, chamados
elementos do conjunto, os quais não possuem qualquer ordem associada. Em outras palavras, é uma
coleção não-ordenada de objetos.
Exemplo: A = {branco, azul, amarelo}
Em um conjunto, a ordem dos elementos não importa e cada elemento deve ser listado apenas uma vez.
Podemos definir um conjunto de diferentes formas:
Denotação por Extensão: os elementos são listados exaustivamente. Separados por vírgulas e entre
chaves.
Exemplo: Vogais = {a, e, i, o, u}

Denotação por Compreensão: definição de um conjunto por propriedades comuns aos objetos.
De forma geral, escreve-se {x | P(x)}, onde P(x) representa a propriedade.
Exemplo: Pares = {n | n é par}, que representa o conjunto de todos os elementos n, tal que n é um
número par.

Ainda podemos especificar um conjunto omitindo alguns elementos que estão implícitos na notação
adotada. Veja exemplos:
Dígitos = {0, 1, 2, 3, ..., 9}
Pares = {0, 2, 4, 6, ...}

1.1 - Relação de Pertinência

Se a é elemento de um conjunto A, então podemos escrever: a A

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e dizemos que a pertence ao conjunto A.

Se a não é elemento de um conjunto A, então podemos escrever: a A


e dizemos que a não pertence ao conjunto A.

Exemplo: Considerando o conjunto Vogais = {a, e, i, o, u}, podemos dizer que:


- e Vogais
- m Vogais
Considerando o conjunto B = {x | x é brasileiro}, temos que:
- Pelé B
- Bill Gates B
1.2 - Alguns Conjuntos Importantes

O Conjunto Vazio é um conjunto que não possui elementos e pode ser denotado por ou { }.
O Conjunto Unitário é um conjunto constituído por um único elemento.
Ainda temos:
- N, que representa o conjunto dos números naturais;
- Z, que representa o conjunto dos números inteiros;
- Q, que representa o conjunto dos números racionais;
- I, que representa o conjunto dos números irracionais;
- R, que representa o conjunto dos números reais;
- C, que representa o conjunto dos números complexos.

Definição de Alfabeto: um alfabeto é um conjunto finito, ou seja, um conjunto que pode ser denotado
por extensão. Os elementos de um alfabeto são chamados de símbolos ou caracteres.

Definição de Palavra: uma palavra sobre um alfabeto é uma seqüência finita de símbolos do alfabeto,
justapostos.
 significa palavra vazia
 significa alfabeto
* significa conjunto de todas as palavras possíveis sobre o alfabeto 
Exemplos:
5
- é um alfabeto;
- {a, b, c, d} é um alfabeto;
- N não é um alfabeto;
- a, e, i, o ,u, ai, ou, ei, aeiou são exemplos de palavras sobre VOGAIS;

Aplicações na Computação

Chamamos de Linguagem Formal a um conjunto de palavras sobre um alfabeto. Portanto, podemos


entender que uma linguagem de programação é o conjunto de todos os seus possíveis programas e que
um programa é uma palavra da linguagem de programação.

1.3 - Relação de Inclusão

Se todos os elementos de um conjunto A são também elementos de um conjunto B, então dizemos que:
A B (A está contido em B)
ou que
B A (B contém A)
Neste caso, podemos dizer que A é um subconjunto de B.
Por outro lado, se A B e A B, ou seja, existe bB tal que bA, então dizemos que:
A B (contido propriamente)
ou que
B A (contém propriamente)

Neste caso, dizemos que A é um subconjunto próprio de B.


Exemplos:
- {1, 2, 3} {3, 2, 1}
- {1, 2} {1, 2, 3} ou {1, 2} {1, 2, 3}
Definição de Conjunto Universo: denotado por U, é o conjunto que contém todos os conjuntos que
estão sendo considerados, ou seja, define o contexto de discussão. Dessa forma, U não é um conjunto
fixo e, para qualquer conjunto A, temos que A U.

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1.4 - Igualdade de Conjuntos

Dois conjuntos A e B são ditos iguais se, e somente se, possuem os mesmos elementos, ou seja:
A B A B eB A
Exemplos:
- 0,1,2x x 0 ex 3
- x x 0
- {a, b, c} = {a, b, b, c, c, c} (não importa se houver repetições)

1.5 - Pertinência x Inclusão


Os elementos de um conjunto podem ser conjuntos. Portanto, preste atenção nos conceitos de
pertinência e inclusão.
Exemplos: Considere o conjunto S = {a, b, c, d, , {0}, {1, 2}}. Então:
- {a} S mas, a S
- {a} S
- S ou S
- {0} S
- {1,2} S
- {a, b, c, d} S
- {a, b, c, d} S

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2 – INTRODUÇÃO À LÓGICA MATEMÁTICA

2.1 – Proposições e Conectivos:

2.1.1. Conceito de proposição:


Def.: Chama-se sentença ou proposição todo conjunto de palavras ou símbolos que exprimem um
pensamento de sentido completo.

As proposições são geralmente representadas por letras minúsculas p, q, r, s...

Toda proposição apresenta duas características obrigatórias:


1ª) Sendo oração tem sujeito e predicado.
2ª) É declarativa (não é exclamativa, nem interrogativa).

A Lógica Matemática adota como regras fundamentais os dois seguintes princípios (ou axiomas):

Princípio da não contradição: uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo.
Princípio do terceiro excluído: toda proposição ou é verdadeira o é falsa (isto é, só observamos um
desses casos, nunca um terceiro).

Ex:
A lua é um satélite da Terra (V)
Recife é a capital de Pernambuco (V)
Z  R (V)

Não são consideradas proposições:


3 . 5 + 1 (falta o predicado)
2 Q ? (pois é interrogativa)
3x – 1 = 12 (pois não pode ser classificada em verdadeira ou falsa).

2.1.2. Valores lógicos das proposições:


Def.: Chama-se valores lógicos de uma proposição p a verdade se p é verdadeira e a falsidade se p
é falsa. Os valores lógicos verdade ou falsidade são representados por V ou F, ou também por 1 e 0
respectivamente.
Toda proposição tem um e somente um valor lógico V ou F.

2.1.3. Proposições simples e Proposições compostas:


As proposições classificam-se em proposições simples ou composta.
Def.1: Chama-se proposição simples aquela proposição que não contém nenhuma outra
proposição como parte integrante (ou seja, nos da apenas uma informação).
Def.2: Chama-se proposição composta aquela que é formada pela combinação de duas ou mais
proposições.

Ex: p: Carlos é alto. (prop. simples)


q: Pedro é baixo. (prop. simples)
r: Carlos é alto e Pedro é baixo. (prop. composta)
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s: Carlos é alto ou Pedro é baixo. (prop. composta)

2.1.4 Conectivos:
Def.: Chamamos de conectivos, palavras que se usam para formar novas proposições a partir de
outras.

Alguns Conectivos:
“… e …” (conjunção)
“… ou …” (disjunção)
“se … então …” (condicional)
“... se e somente se ...” (bicondicional)
“não” (negação)

2.1.5. Tabela-verdade:
O valor lógico de uma proposição composta depende dos valores lógicos das proposições
componentes, e se determina por um dispositivo denominado tabela-verdade na qual constam todos os
possíveis valores lógicos da proposição composta correspondentes a todas as possíveis combinações
dos valores lógicos das proposições componentes.
Com isso, observe que as possibilidades de uma proposição composta fornecida por p e q são:

1ª p: V q: V
2ª p: V q: F
3ª p: F q: V
4ª p: F q: F

2.2 – Operações Lógicas das Proposições

2.2.1. Negação de uma proposição:


Chamamos de negação de uma proposição p, a proposição representada por “não p”, cujo valor
lógico é V quando p é F e F quando p é V. Indicamos “não p” por “~p”.
Assim podemos montar a tabela-verdade da negação:

p ~p
V F
F V

Exemplos:
1) p: 2 + 3 = 5 (V) 2) q : 3 < 4 (V) 3) r : Z  Q (V)
~p: 2 + 3  5 (F) ~q : 3  4 (F) ~r : Z  Q (F)

2.2.2. Conjunção de duas proposições:


Chamamos de conjunção de duas proposições p e q a proposição representada por “p e q”, cujo
valor lógico será verdade se as proposições p e q forem ambas verdadeiras e falsidade nos demais
casos. Simbolicamente representamos por “p  q”.
Assim podemos montar a tabela-verdade:

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p q p  q
V V V
V F F
F V F
F F F

Ex1) p : 2 > 0 (V) Ex2) p : 3 < 5 (V)


q : 2  1 (V) q : 3 = 5 (F)
p  q : 2 > 0 e 2  1 (V) p  q : 3 < 5 e 3 = 5 (F)

2.2.3. Disjunção de duas proposições:


Chamamos disjunção de duas proposições p e q a proposição representada por “p ou q”, cujo
valor lógico será verdade se pelo menos uma das proposições forem verdadeiras, ou seja, só será falsa
se p e q forem falsas. Simbolicamente representamos por “p  q”.
Assim podemos montar a tabela-verdade:

p q p q
V V V
V F V
F V V
F F F

Ex1) p : 2 < 4 (V) Ex2) p : 3 | 4 (F)


q : 2 = 4 (F) q : 4 | 10 (F)
p  q : 2 < 4 ou 2 = 4 (V) p  q : 3 | 4 ou 4 | 10 (F)
p  q : 2  4 (V)

2.2.4. Condicional:
Chamamos proposição condicional uma proposição representada por “se p, então q”, cujo valor
lógico é a falsidade somente quando p verdadeira implicar q falsa, e verdadeira nos demais casos.
Simbolicamente, a condicional de p e q: “se p então q” é representado “p  q”, que se lê também:

1) p implica q;
2) p somente se q;
3) p é suficiente para q;
4) q é necessário para p;

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Assim podemos montar a tabela-verdade:

p q pq
V V V
V F F
F V V
F F V

2.2.5. Bicondicional:
Chamamos proposição bicondicional uma proposição representada “p se e somente se q”, cujo
valor lógico é verdade quando p e q são ambas verdadeiras ou ambas falsas. Simbolicamente
representamos por “p  q” que se lê também:

1) p é equivalente a q;
2) p é condição necessária e suficiente para q;
3) q é condição necessária e suficiente para p;

Assim montamos a tabela-verdade:

p q pq
V V V
V F F
F V F
F F V

2.2.6. Disjunção Exclusiva


Na linguagem comum a palavra “ou” tem dois sentidos. Considere os exemplos abaixo:
p : Carlos é médico ou professor.
q : Mario á alagoano ou gaúcho.

Na proposição p pode-se indicar que pelo menos uma das proposições “Carlos é médico”, “Carlos
é professor” é verdadeira. Mas na proposição q, pode-se indicar que uma e somente uma das
proposições “Mario é alagoano”, “Mario é gaúcho” é verdadeira, pois não é possível ocorrer “Mario é
alagoano e gaúcho”. Na proposição p dizemos que “ou” é inclusivo enquanto que, na proposição q,
dizemos que “ou” é exclusivo.
De um modo geral, chama-se disjunção exclusiva de duas proposições p e q, a proposição
representada por “p  q” que se lê “ou p ou q” ou “p ou q mas não ambos”, cujo valor lógico é verdade
somente quando p é verdadeira ou q é verdadeira, mas quando p e q são ambas verdadeiras ou ambas
falsas o valor lógico é a falsidade.

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Assim, a tabela-verdade de “p  q”, é:

p q p q
V V F
V F V
F V V
F F F

2.3 – Construção de Tabela-verdade de proposições compostas:

Dadas várias proposições simples p, q, r, s, ..., podemos combiná-las mediante o uso dos
conectivos: ~, , , , , 

E construir proposições compostas, tais como:

(p ^ (~q  p)) ^ ~ ((p  ~q)  (q  ~p))


(p  (q  ~r)) ^ ((~p  r)  ~q)

Então com o emprego das tabelas-verdade das operações lógicas:

~p , p  q , p  q , p  q , p  q , p  q

É possível construir a tabela-verdade de proposições compostas.

Exemplos:

1) Construir as tabelas-verdade das proposições abaixo:

a) ~(p  ~q)
b) ~(p  q)  ~(q  p)
c) [(p  q)  (q  r)]  (p  r)
d) (p  q)  (p  r)

Obs: O número de possibilidades da tabela-verdade de uma proposição composta é igual ao número de


arranjos com repetição de classe n dos dois elementos V e F.

(Ar) 2,n = 2n
Onde n é o número de proposições que formam a proposição composta.

a) ~(p  ~q)
p q ~q p  ~q ~ (p  ~q)
V V F F V
V F V V F
F V F F V
F F V F V
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b) ~(p  q)  ~(q  p)

p q p  q pq ~( p  q) ~( p  q) ~( p  q)  ~( p  q)
V V V V F F F
V F F F V V V
F V F F V V V
F F F V V F V

c) [(p  q)  (q  r)]  (p  r)

p q r pq q  r (p  q)  (q  r) p  r [(p  q)  (q  r)]  (p  r)


V V V V V V V V
V V F V F F F V
V F V F V F V V
V F F F V F F V
F V V V V V V V
F V F V F F V V
F F V V V V V V
F F F V V V V V

d) (p  q)  (p  r)

p q r p q p  r (p  q)  (p  r)
V V V V V V
V V F V F V
V F V F V V
V F F F F F
F V V F F F
F V F F F F
F F V F F F
F F F F F F

Outros símbolos para conectivos:

“  “ para negação (~)


“  “ para conjunção (  )
“  “ para a condicional ()

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2.4 – Tautologias, Contradições e Contingências:

2.4.1. Tautologia (Sentenças logicamente verdadeiras):

Chamamos de tautologia toda a proposição composta cuja última coluna de sua tabela-verdade
tem somente a letra V. Em outros termos, tautologia é toda proposição cujo valor lógico é V, quaisquer
que sejam os valores lógicos das proposições que a compõem.

Ex1) A proposição p  ~p é uma tautologia, pois:

p ~p p  ~p
V F V
F V V

Portanto dizer que uma proposição ou é verdadeira ou é falsa é sempre verdadeira (Princípio do
terceiro excluído).

Ex2) (p  ~p)  (q  p) é uma tautologia.


Ex3) p  ~(p  q) é uma tautologia.
Ex4) ~(p  ~p) é uma tautologia.

Chamamos também as tautologias de Proposições Tautológicas.

2.4.2. Contradições (Sentenças logicamente falsas):

Chamamos de contradição toda proposição cuja última coluna de sua tabela-verdade tem somente
a letra F. Em outros termos, contradição é toda proposição cujo valor lógico é sempre a falsidade (F),
quaisquer que sejam os valores lógicos das proposições que a compõem.

Ex1) A proposição p  ~p é uma contradição.


Ex2) (p  q)  ~(p  q) é uma contradição.

2.4.3. Contingência:

Chamamos de contingência toda proposição composta que na última coluna de sua tabela-verdade
tenham valores V e F pelo menos uma vez cada. Ou seja, contingência são proposições que não são
tautologias e nem contradições, chamada também de proposições indeterminadas.

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Ex1: “x = 3  (x  y  x  3)” é uma contingência.

x=3 x=y xy x3 xyx3 x = 3  (x  y  x  3)


V V F F V V
V F V F F F
F V F V V F
F F V V V F

2.5 – Implicação Lógica:

2.5.1. Implicação Lógica:


Dizemos que uma proposição p implica logicamente ou apenas implica uma proposição q, se q é
verdadeira todas as vezes que p é verdadeira, ou seja, não ocorre p e q com valores lógicos simultâneos
respectivamente V e F, em nenhuma linha da tabela-verdade. Em particular toda tautologia implica
uma tautologia e somente uma contradição implica uma contradição. Implicamos a implicação como:
p  q.

Propriedades da Implicação Lógica:


1) Reflexiva: p  p;
2) Transitiva: Se p  q e q  r então p r

Exemplos:
1) p  q ; p  q ; p  q

p q p  q p q pq
V V V V V
V F F V F
F V F V F
F F F F V

p  q  p q e p q  p  q

Regras de Inferência:
i) p  p  q e q  p  q (adição)
ii) p  q  p e p  q  q (simplificação)

2) p  q , p  q, q  p

p q pq pq qp


V V V V V
V F F F V
F V F V F
F F V V V
pqpqepqqp

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3) (p  q)  ~p
(p  q)  ~p  q (Regra de Silogismo Disjuntivo)
(p  q)  ~q  p

p q ~p p q (p  q)  ~p
V V F V F
V F F V F
F V V V V
F F V F F

4) (p  q)  p
(p  q)  p  q (Regra de Modus Ponens)

5) (p  q)  ~q e ~p
(p  q)  ~q  ~p (Regra de Modus Tollens)

Tautologias e Implicação Lógica:


Teorema: A proposição p implica a proposição q, isto é, p  q
se e somente se a condicional p  q é tautológica.

Obs.: Os símbolos  e  são distintos, pois  é de operação lógica e  é de relação lógica.

Ex1) [(p  q)  (q  r)]  (p  r) é uma tautologia.


Assim temos: (p  q)  (q  r)  (p  r)

Ex2) [(p  q)  p]  q é uma tautologia.


Assim temos: (p  q)  p  q

2.6 – Equivalência lógica

2.6.1. Equivalência lógica:


Duas proposições p e q dizem-se logicamente equivalente ou simplesmente equivalente, se têm
tabelas-verdade idênticas. Indicamos a equivalência como p  q. Em particular se p e q são ambas
tautologias ou são ambas contradições, então são equivalentes.

Propriedades da Equivalência Lógica:


1) Reflexiva: p  p
2) Simétrica: Se p  q então q  p
3) Transitiva: Se p  q e q  r então p  r.

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Exemplos:

1) ~~p  p (Regra da dupla negação)

2) p  p  q  p  q (Regra da absorção)

3) p  q  ~p  q

4) p  q  (p  q)  (q  p)

5) p  q  (p  q)  (~p  ~q)

6) ~(p  q)  ~p  ~q (Regra de De Morgan)

7) ~(p  q)  ~p  ~q (Regra de De Morgan)

Tautologias e Equivalência Lógica:

Teorema: A proposição p é equivalente a proposição q, isto é, p  q, se e somente se a


bicondicional , p  q é tautológica.

Exemplos:
1) (p  ~q  c)  (p  q) é uma tautologia, onde c tem valor lógico F. Assim:
p  ~q  c  p  q

p q c ~q p  ~q p  ~q  c pq (p  ~q  c)  (p  q)
V V F F F V V V
V F F V V F F V
F V F F F V V V
F F F V F V V V

2) p  q  r  p  (q  r)

p q r p  q p q  r qr p  (q  r)
V V V V V V V
V V F V F F F
V F V F V V V
V F F F V V V
F V V F V V V
F V F F V F V
F F V F V V V
F F F F V V V

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3) x = 1  x  3 não é equivalente a ~(x < 3  x =1).

2.6.2. Proposições Associadas a uma Condicional:


Dada a condicional p  q, chama-se proposições associadas a p  q as seguintes proposições:

1) Proposição Recíproca de p  q:

qp

2) Proposição Contrária de p  q:
~p  ~q

3) Proposição Contrapositiva de p  q:

~q  ~p

Ex1) 1) p  q  ~q  ~p
2) q  p  ~p  ~q

Ou seja, a condicional é equivalente a sua contrapositiva.

Exemplos:

1) Seja T um triângulo:

p  q: Se T é equilátero então T é isósceles, é verdadeira. A recíproca q  p: Se T é isósceles então T


é eqüilátero é falsa.

2) Achar a contrapositiva da condiconal:


“Se x é menor que zero, então x não é positivo”.
Sejam as proposições:
p: x é menor que zero.
q: x é positivo
A condicional na forma simbólica é: p  ~q, e assim a sua contrapositiva será:
~~q  ~p
q  ~p
“Se x é positivo então é maior ou igual a zero” ou “Se x é positivo então x não é menor que
zero”.

2.6.3. Negação Conjunta de duas Proposições:

Def.: Chama-se negação conjunta de duas proposições p e q a proposição:


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“não p e não q” simbolicamente “~p  ~q”

A negação conjunta de duas proposições é indicada pela notação “p  q” é:

p q pq p q ~p ~q ~p  ~q ~p  ~q
V V F V V F F F F
V F F V F F V F V
F V F F V V F F V
F F V F F V V V V

p  q  ~p  ~q

2.6.4. Negação Disjunta de duas Proposições:

Def.: Chama-se negação disjunta de duas proposições p e q a proposição “não p ou não q”,
simbolicamente “~p  ~q”.

A negação disjunta de duas proposições é indicada pela notação “p  q”.

Assim a tabela-verdade de p  q é:

p q pq
V V F
V F V
F V V
F F V

p  q  ~p  ~q
Obs.: Os conectivos “  ” e “  ”, são chamados
conectivos de SCHEFFER.

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2.7 – Álgebra das Proposições

Seja p, q e r proposições simples e t e c proposições simples também com valores lógicos V e F


respectivamente.

2.7.1. Propriedades da Conjunção:

a) Idempotente
p  pp
b) Comutativa
p  q  q p
c) Associativa
p  (q  r)  (p  q)  r
d) Identidade
p  t  p (t é o elemento neutro)
p  c  c (c é elemento absorvente)
2.7.2 Propriedades da Disjunção:

e) Idempotente
p  pp
f) Comutativa
p  q  q p
g) Associativa
p  (q  r)  (p  q)  r
h) Identidade
p  t  t (t é o elemento absorvente)
p  c  p (c é o elemento neutro)
Verificação: t=V
c=F
p  tp p  cc
p t p  t p c p  c
V V V V F F
F V F F F F

20
p  tt p  cp
p t p t p c p c
V V V V F V
F V V F F F

2.7.3 Propriedades da Conjunção e da Disjunção:

i) Distributiva
p  (q  r)  (p  q)  (p  r)
p  (q  r)  (p  q)  (p  r)
j) Absorção
p  (p  q)  p
p  (p  q)  p

p q p q p  (p  q) p q p  (p  q)
V V V V V V
V F V V F V
F V V F F F
F F F F F F

k) Regras de DeMorgan
~ (p  q)  ~p  ~q
~ (p  q)  ~p  ~q

Ex.1: p  q: Ele é médico e professor.


~ (p  q): Ele não é médico ou não é professor.

p  q: Ele é médico ou é professor.


~ (p  q): Ele não médico e não é professor.

Ex.2: p: m.m.c (2 ,3) = 6 ou 2 . 3 = 6


~p: m.m.c (2 , 3)  6 e 2 .3  6

21
Assim as regras de DeMorgan afirmam:

1) Negar que 02 (duas) proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivale afirmar que pelo
menos 01 (uma) é falsa;

2) Negar que pelo menos 01 (uma) de 02 (duas) proposições é verdadeira equivale a afirmar que
ambas são falsas.

Obs: As regras de De Morgan dizem que é possível exprimir a conjunção e a disjunção como:
p  q  ~ (~ p  ~ q)
p  q  ~ (~ p ~ q)

2.7.4 Negação da Condicional:

Como p  q  ~ p  q , temos:
~ ( p  q)  ~ (~ p  q)  ~~ p  ~ q
Ou seja:

~ ( p  q)  p  ~ q

2.7.5 Negação da Bicondicional:

Como p  q  ( p  q)  (q  p) , temos:
~ ( p  q) ~ (( p  q)  (q  p))
~ ( p  q )  ~ ( p  q)  ~ ( q  p) .
Ou seja:
~ ( p  q )  ( p  ~ q)  ( q  ~ p)

22
2.8 – Método Dedutivo

Até aqui todas as implicações e equivalências foram demonstradas através das Tabelas-verdade.
Agora vamos conhecer um método para fazer estas demonstrações mais eficiente, chamado “Método
Dedutivo”, neste método é de grande importância as equivalências vistas na “Álgebra das
Proposições”.

2.8.1. Algumas equivalências importantes:

i) Idempotente
p  pp
p  pp
ii) Comutativa
p  q  q p
p  q  q p
iii) Associativa
p  (q  r)  (p  q)  r
p  (q  r)  (p  q)  r
iv) Identidade
p  tp p  tt t - verdadeiro
p c  c p c  p c – falso
v) Regras de DeMorgan
~ (p  q)  ~p  ~q
~ (p  q)  ~p  ~q

p  q  ~ (~ p  ~ q)
p  q  ~ (~ p ~ q)

vi) p  q  ~p  ~q
p  q  ~p  ~q

vii) p  q  ~ p  q

23
viii) Distributiva
p  (q  r)  (p  q)  (p  r)
p  (q  r)  (p  q)  (p  r)
ix) Absorção
p  (p  q)  p
p  (p  q)  p

Exemplos: Utilizando o Método Dedutivo, prove as implicações e as equivalências abaixo:

1) c  p pt (onde c é Falsidade e t é Verdadeiro)


2) p  q  p (Simplificação)
3) p  p  q (Adição)
4) ( p  q)  p  q (Modus Ponens)
5) ( p  q) ~ q ~ p (Modus Tollens)
6) ( p  q) ~ p  q (Silogismo Disjuntivo)
7) p  q  p  q
8) p  q  p
9) p ~ p  q
10) p  q  ( p  r )  q
11) p  q  p  ~ q  c c = falso
12) p  q  ( p  q)  q
13) ( p  q)  ( p ~ q) ~ p
14) p  q  r  p  (q  r )
15) ( p  r )  (q  r )  ( p  q)  r
16) ( p  q)  ( p  r )  p  (q  r )
17) ( p  r )  (q  s)  ( p  q)  (r  s)

18) ~ p  p  p

19) p  q  ( p  p)  (q  q)

20) p  q  ( p  q)  ( p  q)

24
21) p  q  (( p  p)  q)  (( p  p)  q)

22) ~ p  p  p

23) p  q  ( p  q)  ( p  q)

24) p  q  ( p  p)  (q  q)

25) p  q  p  (q  q)

2.8.2. Redução do Número de Conectivos

Teorema: Entre os cinco conectivos fundamentais (~, , , ,  ) três exprimem-se em termos


de apenas dois dos pares:
(1) ~ e  (2) ~ e  (3) ~ e 
Dem:
(1) , ,  exprimem-se em termos de ~ e 
p  q ~~ p  ~~ q ~ (~ p ~ q)
p  q ~ p  q
p  q  ( p  q)  (q  p)  (~ p  q)  (~ q  p)  ~ (~ (~ p  q) ~ (~ q  p))

(2) , ,  exprimem-se em termos de ~ e 


p  q ~~ p ~~ q ~ (~ p  ~ q)
p  q  ~ p  q  ~ ( p  ~ q)
p  q  ( p  q )  ( q  p )  ~ ( p  ~ q)  ~ ( q  ~ p)

(3) , ,  exprimem-se em termos de ~ e 


p  q ~ (~ p ~ q) ~ ( p ~ q)
p  q  ~~ p  q  ~ p  q
p  q  ( p  q)  (q  p) ~ (( p  q) ~ (q  p))

Obs: 1) Os conectivos , ,  exprimem-se em termos de ~ e  .


2) O conectivo  exprime-se em função de  unicamente por p  q  ( p  q)  q .

3) Todos os conectivos exprimem-se em termos de um único:  ou  .


25
2.8.3. Forma Normal das Proposições

Def: dizemos que uma proposição está na Forma Normal (FN) se e somente se, quando muito,
contém os conectivos ~, ,  .
Ex: Estão na Forma Normal (FN) as seguintes proposições:
~ p ~ q ; ~ (~ p  ~ q) ; ( p  q)  (~ q  r )

Toda proposição pode ser levada para uma FN equivalente pela eliminação dos conectivos  e
 , pelas substituições:
p  q ~ p  q
p  q  (~ p  q)  (~ q  p)

Forma Normal Conjuntiva


Existem duas espécies de FN 
 Forma Normal Disjuntiva

Forma Normal Conjuntiva e Forma Normal Disjuntiva

Dizemos que uma proposição está na Forma Normal Conjuntiva (FNC) e na forma Normal
Disjuntiva (FND), se e somente se, são verificadas as condições:
1) Contém, quando muito, os conectivos ~,  e  .
2) ~ não aparece repetido (como ~ ~)
3) ~ não tem alcance sobre  e  (só incide sobre proposições)

E mais:
- Para ser uma FNC:
 não tem alcance sobre  , ou seja, não podemos ter componentes do tipo p  (q  r ) .
- Para ser uma FND:
 não tem alcance sobre  , ou seja, não podemos ter componentes do tipo p  (q  r ) .

26
Para podermos determinar uma FNC ou uma FND de qualquer proposição, fazemos as seguintes
transformações:
1) eliminamos  e  com as equivalências:
p  q ~ p  q
p  q  (~ p  q)  (~ q  p)
2) eliminamos negações repetidas pela regra da dupla negação
~~ p  p
3) eliminamos parênteses precedidos de ~ utilizando as Regras de De Morgan
~ (p  q)  ~p  ~q
~ (p  q)  ~p  ~q
4) eliminamos proposições dos tipos p  (q  r ) e p  (q  r ) utilizando a propriedade
distributiva
p  (q  r)  (p  q)  (p  r)
p  (q  r)  (p  q)  (p  r)

2.9 - Quantificadores

As sentenças formadas apenas pelos cinco operadores lógicos () têm possibilidade limitada
de expressões. Por exemplo, não conseguiríamos simbolizar a sentença "Para todo x, x > 0" como
sendo uma proposição verdadeira sobre os inteiros positivos. Portanto novos conceitos, como o de
quantificador, deve ser introduzido.
Quantificadores são frases do tipo para todo, para cada ou para algum, isto é, frases que dizem
"quantos objetos" apresentam determinada propriedade.

Quantificador Universal: é simbolizado por e lê-se para todo, para qualquer ou para cada.
Assim, a sentença acima pode ser simbolizada por:

O valor lógico da expressão (x)(x > 0) depende do domínio dos objetos sobre os quais estamos nos
referindo, que chamamos de conjunto universo. Qual seria o valor lógico da expressão (x)P(x) em
cada uma das seguintes interpretações?
27
- P(x) é a propriedade que x é amarelo e o conjunto universo é o conjunto de todos os botões de ouro.
- P(x) é a propriedade que x é amarelo e o conjunto universo é o conjunto de todas as flores.
- P(x) é a propriedade que x é positivo ou negativo e o conjunto universo é conjunto de todos os
inteiros.
Quantificador Existencial: é simbolizado por e lê-se existe, existe algum, para pelo menos um, para
algum. Assim, a expressão

pode ser lida como "existe um x tal que x é maior do que zero".
A expressão (x)(y)Q(x, y) é lida como "para todo x existe um y tal que Q(x, y)". Considerando que
o conjunto universo é conjuntos dos números inteiros e que Q(x, y) é a propriedade x < y, a expressão
diz que para todo inteiro x existe um inteiro maior. Esta expressão é verdadeira. Entretanto, se
invertermos a ordem dos quantificadores escrevendo (y)(x)Q(x, y), a mesma interpretação diz que
existe um inteiro y que é maior que qualquer outro inteiro x. Neste caso, o valor lógico da expressão é
falso. Isto ressalta o fato de que a ordem dos quantificadores é importante!

28
3 - ÁLGEBRA DE CONJUNTOS

Entendemos que uma álgebra é constituída de operações definidas sobre um conjunto. Dessa forma,
uma Álgebra de Conjuntos é constituída por operações definidas para todos os conjuntos.
Podemos representar conjuntos e suas operações através de figuras geométricas, como elipses e
retângulos, chamados Diagramas de Venn. Usualmente, os retângulos são utilizados para representar o
conjunto universo e as elipses para representar os demais conjuntos.
Por exemplo, as figuras abaixo representam:

A relação de inclusão é transitiva, ou seja:

Prova: Suponha A, B e C conjuntos quaisquer tal que A B e B C.


Seja a A. Então, temos que
a A
a B pela definição de subconjunto (A B)
a C pela definição de subconjunto (B C)
Logo, para qualquer elemento a A , temos que a C. Assim, pela definição de subconjunto,
temos que A C.

29
3.1 Operação de União
Sejam A e B conjuntos. A união dos conjuntos A e B, denotada por A B , é como segue:

Em outras palavras, a união de dois conjuntos A e B considera todos os elementos que pertencem ao
conjunto A ou ao conjunto B, ou seja, resulta em um conjunto cujos elementos pertencem a pelo menos
um dos dois conjuntos.
A operação de união pode ser visualizada através de um diagrama de Venn, como mostrado a seguir.

Exemplos:
- Dados os conjuntos D = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9} e V = {a, e, i, o, u}, temos que
D V = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, a, e, i, o, u}
- Dados os conjuntos A = {x | x > 2} e B = { x | x2= x}, temos que
A B = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, ...}
- Considere R, Q e I. Temos que
R Q = R
R I = R
Q I = R
- Para qualquer conjunto universo U e qualquer A U, temos que
= 
U = U
U A = U
U U = U

3.1.1 - Propriedades da União

Elemento Neutro: A = A = A


Idempotência: A A = A

30
Comutatividade: A B = B A
Associatividade: A (B C) = (A B) C

3.2 - Operação de Interseção

Sejam A e B conjuntos. A interseção dos conjuntos A e B, denotada por A B , é como segue:

Em outras palavras, a interseção de dois conjuntos A e B considera todos os elementos que pertencem
ao conjunto A e ao conjunto B, ou seja, resulta em um conjunto cujos elementos pertencem aos
conjuntos A e B, simultaneamente.
A operação de interseção pode ser visualizada através de um diagrama de Venn, como mostrado a
seguir.

Exemplos:

- Dados os conjuntos D = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}, V = {a, e, i, o, u} e P = {0, 2, 4, 6, 8,...}, temos


que
D P = {0, 2, 4, 6, 8}
D V = 
Chamamos conjuntos cuja interseção é o conjunto vazio de conjuntos disjuntos.

- Dados os conjuntos A = {x | x > 2} e B = { x | x2 = x}, temos que


A B = (conjuntos disjuntos)
- Considere R, Q e I. Temos que:
R Q = Q
R I = I
Q I = 
31
- Para qualquer conjunto universo U e qualquer conjunto A U, temos que
= 
U A = A
U = 
U U = U
3.2.1 - Propriedades da Interseção

Elemento Neutro: A U = U A = A


Idempotência: A A = A
Comutatividade: A B = B A
Associatividade: A (B C) = (A B) C
Propriedades que envolvem União e Interseção
a) Distributividade da Interseção sobre a União: A (B C) = (A B) (A C)
b) Distributividade da União sobre a Interseção: A (B C) = (A B) (A C)

3.3 - Operação Complemento

Suponha o conjunto universo U. O complemento de um conjunto A U, denotado por ~ A, é como


segue:

A operação complemento pode ser visualizada através de um diagrama de Venn, como mostrado a
seguir.

Exemplos:
- Dados o conjunto universo U = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9} e o conjunto A = {0, 1, 2}, temos
que
~A = {3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}
32
- Dados o conjunto universo U = N e o conjunto A = {0, 1, 2}, temos que
~A = {x N | x > 2}

- Para qualquer conjuntos universo U, temos que


~= U
~U = 
- Considerando R como conjunto universo, temos que
~Q = I
~I = Q
- Suponha U qualquer. Então para qualquer conjunto A U, temos que
A ~A = U
A ~A = 
~ ~A = A
3.3.1 - Propriedades de DeMorgan

a) ~(A B) = ~A ~B A B = ~(~A ~B)


b) ~(A B) = ~A ~B A B = ~(~A ~B)
3.4 - Operação de Diferença

Sejam A e B conjuntos. A diferença entre os conjuntos A e B, denotada por A B , é como


segue:

Em outras palavras, a diferença entre dois conjuntos A e B considera todos os elementos que
pertencem ao conjunto A e que não pertencem ao conjunto B.
A operação de diferença pode ser visualizada através de um diagrama de Venn, como mostrado
a seguir.

33
Exemplos:
- Dados os conjuntos D = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 ,7 , 8, 9}, V = {a, e, i, o, u} e
P = {0, 2, 4, 6, 8,...}, temos que
D-V=D
D - P = {1, 3, 5, 7, 9}
- Dados os conjuntos A = {x N | x > 2} e B = {x N | x = x2}, temos que
A - B = {3, 4, 5, 6, 7, ...}
B - A = {0, 1}
- Dados os conjuntos R, Q e I, temos que
R-Q=I
R-I=Q
Q-I=Q
- Para qualquer conjunto universo U e qualquer conjunto A U, temos que
- = 
U - = U
U - A = ~A
U - U = 
3.5 - Conjunto das Partes

Dado conjunto A, temos que:


- A A
- A
- Se x A, então {x} A
A operação unária, que aplicada a um conjunto A, resulta num conjunto constituído de todos os
subconjuntos de A é denominada conjunto das partes de A e é denotada por:

Exemplo: Dados os conjuntos A = {a}, B = {a, b} e C = {a, b, c}, temos que


- P() = {}
- P(A) = {, {a}}
- P(B) = {, {a}, {b}, {a, b}}
- P(C) = {, {a}, {b}, {c}, {a, b}, {a, c}, {b, c}, {a, b, c}}
34
Se o número de elementos de um conjunto X é n, então o números de elementos de P(X) é 2n.

3.6 - Produto Cartesiano

Antes de definirmos a operação produto cartesiano, vamos definir uma seqüência: uma seqüência de n
elementos é definida como sendo uma n-upla ordenada, ou seja, n objetos em ordem fixa.
Particularmente, dizemos que uma 2-upla é uma par ordenado e é representada por

x, y ou x, y.

Observação: A ordem dos elementos é importante! Logo, x, y y, x .


Sejam A e B conjuntos. O produto cartesiano de A por B é como segue:

Denotamos o produto cartesiano de um conjunto A por ele mesmo como AA A2.
Exemplos: Dados os conjuntos A = {a}, B = {a, b} e C = {0, 1, 2}, temos que:

Observações:
- Não-comutatividade: A C C A

- Não-associatividade: A BC A B C

35
Propriedades que envolvem Produto Cartesiano, União e Interseção

a) Distributividade sobre a União: A B CA BA C

b) Distributividade sobre a Interseção: A B CA BA C

3.7 União Disjunta


Sejam A e B conjuntos. A união disjunta dos conjuntos A e B, denotada por A B , é como
segue:

onde os pares ordenados representam elemento,identificação .


Também podemos denotar a união disjunta da seguinte forma:

Exemplos: Dados os conjuntos D = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}, V = {a, e, i, o, u},


P = {0, 2, 4, 6,...} e A = {a, b, c}, temos que:

36
4 - RELAÇÕES

4.1 Relação Binária

Dados dois conjuntos A e B, uma relação binária R de A em B é um subconjunto de um produto


cartesiano AB , ou seja R AB , onde:
- A é o domínio, origem ou conjunto de partida de R;
- B é o contra-domínio, destino ou conjunto de chegada de R.
Para R AB , se a,b R , então afirmamos que "a relaciona-se com b". Podemos denotar uma
relação R da seguinte forma: R : AB e, para um elemento a,b R , podemos denotá-lo como aRb.

Exemplos: Sejam A = {a}, B = {a, b} e C = {0, 1, 2}. São exemplos de relações:

- é uma relação de A em B;


- AB a, a > , < a, b > é uma relação de A em B;
- Relação de Igualdade de A em A: a, a > 
- Relação "menor" de C em C: 0,1 > , < 0,2 > , < 1,2 > 
- Relação de C em B: 0, a > , < 1,b > 
- : P(B) P(B);
- : C C;
- : AA.

Endorrelação ou Auto-Relação: dado um conjunto A, uma relação do tipo R : AA é dita


uma Endorrelação ou Auto-Relação. Assim, temos que origem e destino são o mesmo conjunto
e podemos denota-la por < A, R >.
Exemplos: Seja A um conjunto. Então, são endorrelações:
- < , 
- < , 
- < Q, 
- < P(A), 
- < P(R), 

37
Uma relação binária pode ser representada no diagrama de Venn, como mostram as figuras abaixo.

A seguir, algumas definições referentes ao conceito de relação:


a) < a,b > R : dizemos que R está definida para a e que b é a imagem de a.
b) Domínio de definição: é o conjunto de todos os elementos de A para os quais R está definida.
c) Conjunto imagem: conjunto de todos os elementos de B que estão relacionados com algum elemento
de A.
Exemplos: Dados os conjuntos A = {a}, B = {a, b} e C = {0, 1, 2}, temos que:
- para a endorelação < C,, o domínio de definição é o conjunto {0, 1} e o conjunto imagem
é o conjuto {1, 2};
- para a relação : AB , o domínio de definição é o conjunto {a} e o conjunto imagem também é o
conjunto {a}.

4.2 Endorrelação como Grafo


Toda endorrelação R : AA pode ser representada como um grafo, onde:
a) cada elemento do conjunto A é representado como um nodo do grafo;
b) cada par < a,b > da relação é representada como uma aresta do grafo, com origem em a e destino em b.
Exemplos:

38
4.3 Relação como Matriz
Sejam A = {a1, a2, ..., an} e B = {b1, b2, ..., bm} dois conjuntos finitos. A representação da relação R :
AB como matriz é como segue:
a) o número de linhas é n (número de elementos do domínio);
b) o número de colunas é m (número de elementos da imagem);
c) a matriz resultante possui m x n células;
d) cada uma das m x n células possuem um valor lógico associado;
e) se < ai, bi >  R, então a posição determinada pela linha i e pela coluna j da matriz contém
valor verdadeiro (1); caso contrário, seu valor será falso (0).
Exemplo: Dados os conjuntos A = {a}, B = {a, b} e C = {0, 1, 2}, temos que:

39
4.4 Propriedades das Relações
Uma endorrelação binária em um conjunto A pode ter determinadas propriedades. A seguir serão
apresentadas as propriedades que envolvem as endorrelações.

4.4.1 Relação Reflexiva


Sejam A um conjunto e R uma endorrelação em A. R é uma relação reflexiva se:

A negação da propriedade reflexiva é como segue:

Exemplos: Dado o conjunto A = {0, 1, 2}, temos que as seguintes relações são reflexivas
- < ,, pois todo elemento é igual a si mesmo;

- < P(A),, pois todo conjunto está contido em si mesmo;


- A2 : AA, pois esta relação contém os pares < 0,0 > , < 1,1 > e < 2,2 >;

- < A,, pois todo elemento é igual a si mesmo.


A matriz e o grafo de uma relação reflexiva apresentam uma característica especial: a diagonal principal da
matriz contém somente valores lógicos verdadeiro (1) e qualquer nodo do grafo possui uma aresta com origem e
destino nele mesmo. Veja as matrizes e grafos referentes a alguns dos exemplos apresentados acima.

4.4.2 Relação Irreflexiva


Sejam A um conjunto e R uma endorrelação em A. R é uma relação irreflexiva se:

40
Exemplos: Dado o conjunto A = {0, 1, 2}, temos que as seguintes relações são irreflexivas:

- < ,, pois não elemento diferente de si mesmo;


- < P(A),, pois para a relação "está contido propriamente" os conjunto precisam se diferentes;
- : A A, pois não há nenhum elemento do tipo a,a;

- < A, R > , se R 0,1 , 1,2 , 2,1 , pois não há nenhum elemento do tipo a,a;
Exemplo de relação nem reflexiva, nem irreflexiva:

- A, S  , se S 0,2 , 2,0 , 2,2 


A matriz e o grafo de uma relação irreflexiva apresentam uma característica especial: a diagonal principal da
matriz contém somente valores lógicos falso (0), e qualquer nodo do grafo não possui aresta com origem e
destino nele mesmo. Veja as matrizes e grafos referentes a alguns dos exemplos apresentados acima.

4.4.3 Relação Simétrica


Sejam A um conjunto e R uma endorrelação. R é uma relação simétrica se:

Exemplos: Dados o conjunto A = {0, 1, 2} e X um conjunto qualquer, temos que as seguintes relações são
simétricas.


- X 2: X X; - P(X ),
- : X X.
- X,
- X,

41
A matriz e o grafo de uma relação simétrica apresentam uma característica especial: na matriz, a metade acima
da diagonal principal é a imagem espelhada da metade de baixo, e, no grafo, entre dois nodos quaisquer, ou não
existe aresta, ou existem duas arestas, uma em cada sentido. Veja as matrizes e grafos referentes a alguns dos
exemplos apresentados acima.

4.4.4 Relação Anti-Simétrica


Sejam A um conjunto e R uma endorrelação em A. R é uma relação anti-simétrica se:

Exemplos: Dados o conjunto A = {0, 1, 2} e X um conjunto qualquer, temos que as seguintes relações são anti-
simétricas:

Exemplo de relação nem simétrica, nem anti-simétrica:

A matriz e o grafo de uma relação anti-simétrica apresentam uma característica especial: na matriz, para
qualquer célula verdadeira (1) em uma das metades da matriz, a correspondente célula na outra metade é falsa
(0); no grafo, entre dois nodos quaisquer, existe no máximo uma aresta. Veja a matriz e o grafo referentes a um
dos exemplos apresentado acima.
44
4.4.5 Relação Transitiva
Sejam A um conjunto e R uma endorrelação em A. R é uma relação transitiva se:

Exemplos: Dado um conjunto X qualquer, temos que as seguintes relações são transitivas:

Exemplos: Dado um conjunto X qualquer, temos que as seguintes relações não são transitivas:

4.5 Fechos de Relações


Sejam R: A A uma endorrelação e P um conjunto de propriedades. Então, o fecho de R em relação a P é a
menor endorrelação em A que contém R e que satisfaz as propriedades de P. Se a relação R já contém as
propriedades de P, então ela é a seu próprio fecho em relação a P.

4.5.1 Fecho Reflexivo


Suponha R: A A uma endorrelação. Então o fecho reflexivo de R é definido como segue:

45
Exemplo: Dados o conjunto A = {1, 2, 3, 4, 5} e R: A A uma endorrelação, tal que

R 1,2  , 1,5  , 2,3  , 3,4  , temos que:

4.5.2 Fecho Simétrico


Suponha R: A A uma endorrelação. Então o fecho simétrico de R é definido como segue:

Exemplo: Dados o conjunto A = {1, 2, 3, 4, 5} e R: A A uma endorrelação, tal que

R 1,2  , 1,5  , 2,3  , 3,4  , temos que:

4.5.3 Fecho Transitivo


Suponha R: A A uma endorrelação. Então o fecho transitivo de R é definido como segue:

a) se a,b  R , então a,b Fecho transitivaR;

b) se a,b  Fecho transitivaRe

b,c  Fecho transitivaR, então


a,c  Fecho transitivaR.
Exemplo: Dados o conjunto A = {1, 2, 3, 4, 5} e R: A A uma endorrelação, tal que

R 1,2  , 1,5  , 2,3  , 3,4  , temos que:

Algumas notações são importantes e podem ser utilizadas para simplificar e representar as
seguintes relações:

a) R+Fecho transitivaR

b) R* Fecho reflexiva,transitivaR

46
Portanto, considerando o exemplo acima, temos que:

4.6 Relação de Ordem


Intuitivamente, podemos pensar numa relação de ordem quando lembramos de uma fila no banco, de uma fila de
alunos dispostos numa sala de aula, na relação "menor ou igual" no números naturais, etc.

Ordem parcial: é toda relação binária em um conjunto A que é, simultaneamente, reflexiva, anti-simétrica e
transitiva. São exemplos de relação de ordem parcial:

Se R é uma relação de ordem parcial em A, então dizemos que A, R  é um conjunto parcialmente ordenado.
Se A é um conjunto finito, então podemos representar visualmente um conjunto parcialmente ordenado em A por
um diagrama de Hasse. Cada elemento de A é representado por um ponto (vértice) do diagrama. O diagrama de
Hasse pode ser construído com base num grafo, onde as arestas que representam as relações reflexivas e
transitivas ficam implícitas no diagrama. Veja o exemplo a seguir.

Exemplo: Dados o conjunto A = {1, 2, 3} e a relação de ordem  A,, temos seus respectivos grafo e
diagrama de Hasse representados abaixo.

Observe que os elementos da relação são representados no diagrama em ordem crescente de baixo para cima, ou
seja, como 1 2, então o elemento 1 aparece abaixo do elemento 2. As orientação das arestas torna-se, dessa
forma, desnecessária, já que a disposição dos elementos no diagrama preserva essa informação.
Exemplos:

- Dada a relação de ordem P1,2,, seu diagrama de Hasse está representado abaixo.
47
- Dados o conjunto A = {1, 2, 3, 6, 12, 18} e a relação de ordem "x divide y", o diagrama de Hasse está
representado abaixo.

- Dado o diagrama de Hasse a seguir,

temos que o conjunto dado pela relação de ordem é:

4.6.1 Elemento Mínimo

Suponha A um conjunto e A, R  uma relação de ordem. Dizemos que m é elemento mínimo de R se

4.6.2 Elemento Minimal

Suponha A um conjunto e A, R  uma relação de ordem. Dizemos que m é elemento minimal de R se

48
4.6.3 Elemento Máximo

Suponha A um conjunto e A, R  uma relação de ordem. Dizemos que m é elemento máximo de R se

4.6.4 Elemento Maximal

Suponha A um conjunto e A, R  uma relação de ordem. Dizemos que m é elemento maximal de R se

Exemplo: Dados o conjunto A = {1, 2, 3, 6, 12, 18} e a relação de ordem "x divide y", cujo diagrama de Hasse já
foi apresentado anteriormente, temos que:
- 1 é elemento mínimo, pois está relacionado com todos os outros elementos de A;
- 1 é elemento minimal, pois não há elemento que relaciona-se com ele;
- 12 e 18 são elementos maximais, pois não existem elementos com os quais eles relacionam-se;
- não há elemento máximo, pois não há elemento que se relaciona com todos os outros
elementos de A.
Exemplo: Desenhe um diagrama de Hasse para um conjunto parcialmente ordenado com quatro elementos, tais
que existam dois elementos minimais, dois elementos maximais, não existam elementos mínimo e máximo e
cada elemento está relacionado com dois outros elementos.
Um possível diagrama é o apresentado a seguir:

4.7 Relação de Equivalência


A relação de equivalência nos dá a noção de igualdade semântica, ou seja, de elementos que apresentam um
mesmo significado.
Relação de Equivalência: é toda relação binária em um conjunto A que é, simultaneamente, reflexiva, simétrica
e transitiva. São exemplos de relações de equivalência:

Partição de um Conjunto: uma partição de um conjunto A é um conjunto de subconjuntos disjuntos não-vazios


cuja união é igual ao conjunto A.

49
Para visualizar uma partição, suponha um conjunto A = {x /x é aluno de Matemática Discreta} e a relação xRy
A, x _ sen ta _ na _ mesma _ fila _ que _ y . Ao agruparmos todos os alunos do conjunto A que estão
relacionados entre si, obtemos a figura abaixo. Observe que o conjunto A foi divido em subconjuntos tais que
todos os alunos da turma pertencem a um, e somente um, subconjunto.

Qualquer relação de equivalência divide o conjunto onde está definida em uma partição. Os subconjuntos que
compõem a partição são formados agrupando-se os elementos relacionados, como no caso dos alunos da turma
de Matemática Discreta.

Classes de Equivalência: se R é uma relação de equivalência em um conjunto A e se a A, denotamos por [a]
o conjunto de todos os elementos relacionados a a em A e o chamamos de classe de equivalência de a. Dessa
forma, podemos escrever que:

Teorema: uma relação de equivalência R em um conjunto A determina uma partição de A e uma partição de A
determina uma relação de equivalência em A.

Exemplo: Considere o conjunto dos números naturais e a relação de equivalência ," x y _ é _ par" . Tal
relação divide o conjunto N em duas partes, ou seja, em duas classes de equivalências. Se x é par, então x + y é
par, para todo número par; se x é ímpar, então x + y é ímpar para todo número ímpar. Assim, todos os números
pares formam uma classe de equivalência e todos os números ímpares formam uma segunda classe de
equivalência. Podemos representar essa partição de N como mostra figura abaixo.

Observe que as classes de equivalência podem ser representadas por qualquer objeto pertencente à ela:
- classe dos pares: [2] = [6] = [1034] = {0, 2, 4, 6, ...}
- classe dos ímpares: [1] = [11] = [2451] = {1, 3, 5, 7, ...}

50
Exemplo: Em A = {1, 2, 3} e R  1,1> , 2,2> , 3,3> , 1,2> , 2,1> As classes de
equivalência são as seguintes:
[1] = {1, 2} = [2]
[3] = {3}

4.7.1 Congruência
Considere o conjunto dos números inteiros Z e um número inteiro m 1. Dizemos que x é congruente a y
módulo m, denotada por:

se x y é divisível por m, ou seja, se x y km para algum inteiro k.

4.8 Relação Inversa


Seja uma relação R: A B. Então, a relação inversa é como segue:

Exemplos:

- Dados os conjuntos A = {a, b} e B = {2, 3, 4} e a relação R : B A  2,a  , 3,b ,


temos que a relação inversa de R, R-1 é dada por

R-1 : AB a,2  , b,3  

- Dados o conjunto C = {2, 3, 4} e a relação C,, a relação inversa pode ser visualizada no
diagrama a seguir:

51
4.9 Composição de Relações
Sejam A, B e C conjuntos, e R: A B e S: B C relações. A composição de R e S, denotada por R ᵒ S : AC,
é tal que

Ou seja,

Exemplo: Dados os conjuntos A = {a, b, c, d}, B = {1, 2, 3, 4, 5} e C = {x, y, z} e as relações

R : AB a,1  , b,3  , b,4  , d,5  e

S : B C 1, x  , 2, y  , 5, y  , 5, z  , temos que a composição de R e S é como segue

R ᵒ S a, x  , d, y  , d, z  

e pode ser visualizada no diagrama a seguir:

A composição de relações é associativa, ou seja:


Sejam as relações R: A B, S: B C e T: C D. Então, temos que:

4.9.1 Composição de Relações como Produto de Matrizes

A composição de relações pode ser vista como o produto de matrizes. Veja o exemplo a seguir.

Exemplo: Sejam R e S relações em X = {a, b, c} definidas por R  a,b  , a,c  , b,a  e
52
S a,c  , b,a  , b,b  , c,a  . Determinaremos a composição de R e S através da

multiplicação das correspondentes matrizes. Abaixo, temos as correspondentes matrizes que


representam as relações R e S.

A multiplicação das matrizes R e S é dada como segue:

Assim, temos que a composição R ᵒ S é dada pela matriz R S , ou seja,

53
5 - TIPOS DE RELAÇÕES

5.1 Relação Funcional


Uma relação binária R: A B é uma relação funcional se, e somente se:

Em outras palavras, temos que para uma relação ser funcional, cada elemento do conjunto origem deve estar
relacionado a, no máximo, um elemento do conjunto destino.

Exemplo: Dada a relação X2: Z Z, tal que X2  x, y > / y x2, temos que, para cada inteiro x,
existe no máximo um inteiro y tal que y x2.
A matriz de uma relação funcional tem uma característica particular: cada linha da matriz pode conter no
máximo um valor lógico verdadeiro (1).
Podemos também visualizar uma relação funcional no diagrama de Venn. Considerando a relação R: A A, tal

que R  a,a > , b,c > e A = {a, b, c}, temos que o correspondente diagrama é como segue:

Observe que, de fato, cada elemento do conjunto origem está relacionado a, no máximo, um elemento do
conjunto destino (o que significa que podem haver elementos da origem não relacionados a algum elemento do
destino).

5.2 Relação Injetora

Relação injetora é o conceito inverso de relação funcional.


Uma relação binária R: A B é uma relação injetora se, e somente se:

Em outra palavras, temos que, para um relação ser injetora, cada elemento do conjunto destino deve estar
relacionado a, no máximo, um elemento do conjunto origem.

54
A matriz de uma relação injetora tem uma característica particular: existe no máximo um valor lógico verdadeiro
(1) em cada coluna.


Exemplo: Dada a relação R: A B, tal que A = {1, 2}, B = {1, 2, 3} e R  1,1 , 1,2 , 2,3 ,
temos que cada elemento de B está relacionado a, no máximo, um elemento de A. Veja a seguir
o diagrama que representa a relação R.

5.3 Relação Total


Uma relação binária R: A B é uma relação total se, e somente se:

Em outras palavras, temos que para uma relação ser total, todos os elementos do conjunto origem devem estar
relacionados a algum elemento do conjunto destino. O domínio de definição é o próprio conjunto A.
Na matriz de uma relação total, deve existir pelo menos um valor lógico verdadeiro em cada linha.

Exemplo: Dada a relação R: A B, tal que A = {1, 2}, B = {1, 2, 3} e

R 1,1 > , 2,2 > , 2,3 > , temos que cada elemento de A está relacionado a algum elemento de

B. Veja a seguir o diagrama que representa a relação R.

5.4 Relação Sobrejetora

Relação sobrejetora é o conceito dual (inverso) de relação total.


Uma relação binária R: A B é uma relação sobrejetora se, e somente se:

Em outras palavras, temos que para uma relação ser sobrejetora, todos os elementos do conjunto destino devem
estar relacionados a algum elemento do conjunto origem. O conjunto imagem é o próprio conjunto B.
Na matriz de uma relação sobrejetora, deve existir pelo menos um valor lógico verdadeiro em cada coluna.

Exemplo: Dada a relação R: A B, tal que A = {a, b, c}, B = {a, b} e R  a,b > , c,a > ,
55
temos que cada elemento de B está relacionado a algum elemento de A. Veja a seguir o diagrama que representa
a relação R.

5.5 Monomorfismo

Uma relação R: A B é um monomorfismo se, e somente se, for simultaneamente uma relação total e
injetora.
Dessa forma, o domínio de definição é o próprio conjunto A e cada elemento de B está relacionado com no
máximo um elemento de A.
A matriz de um monomorfismo tem a seguinte característica: existe pelo menos um valor verdadeiro em cada
linha da matriz (o que carateriza a relação total) e existe no máximo um valor lógico verdadeiro em cada coluna
(o que carateriza a relação injetora).

Exemplo: A relação : AB , onde A = {a} e B = {a, b}, é um monomorfismo.

5.6 Epimorfismo

Epimorfismo é o conceito inverso de monomorfismo.


Uma relação R: A B é um epimorfismo se, e somente se, for simultaneamente uma relação funcional e
sobrejetora.
Dessa forma, o conjunto imagem é o próprio conjunto B e cada elemento de A está relacionado com no máximo
um elemento de B.
A matriz de um epimorfismo tem a seguinte característica: existe pelo menos um valor verdadeiro em cada
coluna da matriz (o que carateriza a relação sobrejetora) e existe no máximo um valor lógico verdadeiro em cada
linha (o que carateriza a relação funcional).

Exemplo: São exemplos epimorfismo, sendo que onde A = {a}, B = {a, b} e C = {0, 1, 2}:

56
5.7 Isomorfismo
Uma relação R: A B é um isomorfismo se, e somente se, existe uma relação S: B A tal que:

R ᵒ S idA
R ᵒ S idB

onde idA é uma endorrelação de igualdade em A < A,e id B é uma endorrelação de igualdade em B

< B,, chamadas de relação identidade.


Assim, se R ᵒ S idA e R ᵒ S idB, podemos afirmar que a relação R possui inversa. Ainda, se existe um
isomorfismo entre dois conjuntos, podemos chamá-los de conjuntos isomorfos.

Exemplo: Dados os conjuntos A = {a, b, c} e B = {e, f, g} e a relação R: A B tal que

R a,e > , b, f , c, g . R é um isomorfismo, pois considerando a relação inversa de R,


R1 : B A e,a > , f ,b > , g,c > , temos que

R R1 a,a > , b,b > , c,c > idA

R1 R e,e > , f , f > , g, g >  idB

Logo, a relação R possui inversa e os conjuntos A e B são conjuntos isomorfos.

Teorema: Seja R: A B uma relação. Então R é um isomorfismo se, e somente se, R for simultaneamente um
monomorfismo e um epimorfismo.
Dessa forma, uma relação é um isomorfismo se, e somente se, for simultaneamente uma relação total, injetora,
funcional e sobrejetora.

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6 - FUNÇÕES PARCIAIS E TOTAIS
Uma função parcial nada mais é do que um relação que é funcional. Se a relação funcional for também total,
então a denominamos de função total. Portanto, podemos dizer que toda função total é uma função parcial e que
toda função parcial é uma relação. Entretanto, nem toda relação é uma função parcial, assim como nem toda
função parcial é uma função total.

6.1 Função Parcial

Uma função parcial é uma relação funcional, ou seja, cada elemento do domínio está relacionado a no máximo
um elemento do contra-domínio.

Um elemento pertencente à função parcial a,b f pode ser representado por f ab .

Exemplo: Dados os conjuntos A = {a} e B = {x, y} temos que as seguintes relações são funções parcias:

- R : B A  x,a> , y, a> 


- : B B
Vale observar que a relação inversa de uma função parcial não necessariamente é uma função parcial. Se

considerarmos o conjunto A = {0, 1, 2} e a função parcial f: A A tal que f  0,1> , 2,1> , temos
1,0> , 1,2> não é uma relação funcional e, consequentemente, não é
que a relação inversa de f, f- -1 

uma função parcial.


Para que a relação inversa de uma relação funcional seja uma função parcial, ela deve ser também injetora (que é
o dual de funcional).

6.2 Função Total

Uma função total é uma função parcial que é total. Em outras palavras, é uma função parcial definida para todos
os elementos do domínio. Se uma função é total, dizemos apenas que é uma função, ou seja, sempre que
mencionarmos apenas função, estamos nos referindo a funções totais. Assim, podemos verificar as seguintes
propriedades:
- Função Injetora = monomorfismo
- Função Sobrejetora = epimorfismo
- Função Bijetora = isomorfismo
Ou seja, uma função bijetora é uma função injetora e sobrejetora.

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Da mesma forma que para funções parciais, a relação inversa de uma função não necessariamente é uma função.

Considerando os conjuntos A = {0, 1} e B = {0, 1, 2} e a função f : B A  0,0> , 1,1> , 2,0> ,
temos que a relação inversa de f, f
-1
0,0> , 1,1> , 0,2> não é uma relação funcional e, portanto,

não é uma função.

Podemos considerar também a função g: A B, tal que g  0,0> , 1,1> .


0,0> , 1,1> não é uma relação total e, portanto, não é uma função. Para que a
A inversa de g, g -1 

relação inversa de uma função f seja uma função, f deve ser uma função bijetora.

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7 CARDINALIDADE DE CONJUNTOS
A cardinalidade de um conjunto nada mais é do que a medida de seu tamanho. Dois conjuntos A e B possuem o
mesmo número de elementos ou a mesma cardinalidade, ou ainda são ditos equipotentes, denotado por

se existe uma correspondência um-para-um f : AB .


O conceito de cardinalidade permite definir conjuntos finitos e infinitos.

7.1 Cardinalidade Finita e Infinita

A cardinalidade de um conjunto A, representada por #A é:


- Finita: se existe uma bijeção entre A e o conjunto {1, 2, 3, ..., n}, para algum n. Neste caso, #A = n.
- Infinita: se existe uma bijeção entre A e um subconjunto próprio de A, ou seja, se conseguimos "tirar" alguns
elementos de A e ainda assim podemos estabelecer uma bijeção com A.

Exemplo: Mostre que o conjunto dos números inteiros Z é um conjunto infinito.


Para mostrar que Z é um conjunto infinito, precisamos mostrar que existe uma bijeção entre ele e um
subconjunto próprio dele, como por exemplo, o conjunto dos números naturais N.
Portanto, precisamos encontrar uma função bijetora f : . Suponha f : , tal que:

- se a 0 , então f a2a

- se a 0 , então f a2a 1

A tabela abaixo mostra os valores de f(a) e sugere o relacionamento um-para-um entre Z e N.

Temos que f é uma função bijetora e sabemos que N é um subconjunto próprio de Z. Portanto, Z é um conjunto
infinito, como queríamos mostrar.
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Vale ressaltar que nem todos os conjuntos infinitos possuem a mesma cardinalidade. Podemos dizer que um
conjunto infinito A é dito:
- Contável: se existe um bijeção entre A e um subconjunto infinito de N.
- Não-Contável: caso contrário.
A bijeção que define o conjunto A como conjunto contável é dita enumeração de A.
Exemplo: Os conjuntos Z (inteiros) e Q (racionais) são conjuntos contáveis e os conjuntos I (irracionais) e R
(reais) são conjuntos não-contáveis.

7.2 Cardinalidade dos Conjuntos Não-Contáveis

Todos os conjuntos contáveis possuem mesma cardinalidade. Entretanto, nem todos os conjuntos não-contáveis
possuem a mesma cardinalidade.
Dizemos que um conjunto A tem tantos elementos quanto um conjunto B, ou seja:

quando existe uma função injetora f : AB .


Conjuntos Equipotentes: Dois conjuntos A e B são ditos equipotentes quando existe uma bijeção entre eles.
Logo, podemos dizer que os conjuntos A e B possuem a mesma cardinalidade.
Pela definição de conjuntos equipotentes, podemos afirmar que todos os conjuntos contáveis são equipotentes.

7.3 Cardinal

A relação estabelecida entre conjuntos equipotentes é uma relação de equivalência. Assim, podemos considerar o
cardinal como uma classe de equivalência dos conjuntos equipotentes.
O cardinal do conjunto dos números naturais é representado por (aleph-zero). Como qualquer conjunto
infinito contável possui mesma cardinalidade que o conjunto dos números naturais, então representa o
cardinal de qualquer conjunto infinito contável e é o menor cardinal dos conjuntos infinitos.

Teorema de Cantor: o conjunto das partes de um conjunto tem sempre cardinalidade maior que este. Seja A
conjunto e 2A o conjunto das partes de A, então #A < #2A.

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