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Integração de RCD
Dezembro 2010
Júri
Palavras-chave:
Reciclagem; Resíduos de betão; Agregados reciclados; Argamassas de revestimento;
Desempenho.
i
Abstract
Construction has an important repercussion on the consumption of natural resources as well
as on the generation of environmental impact, and it is becoming very urgent to introduce
regulatory rules and regulations, which will allow the regulation of waste production and its
posterior recycling and reuse. In Portugal as in most countries in the world there is a growing
need to find an alternative to landfill of the growing bulk of this construction and demolition
waste.
Therefore, one of the potential ways of reusing would be to use recycled concrete aggregate,
namely its finer parcel, on the production of mortar. However, the insertion of fine recycled
aggregates on the production of new mortars faces problems related to the differences in
characteristics of these aggregates as compared with the original one (sand), causing
consequences to the mortar’s performance.
The main objective of this investigation is to evaluate the performance of mortars with the
inclusion of concrete waste instead of natural sand (with the same sand grading curve). Three
mixtures were then produced, with replacement rates of 20, 50 and 100% of natural sand by
the fine recycled aggregates, as well as a reference mixture without any recycled aggregate. At
the first stage the compression strength, the flexural strength, the capacity of water
absorption trhough capillarity and its drying, as well as it susceptibility to cracking, were
analyzed. At the second stage, after choosing the percentage of substitution based on the
better results at the first stage, the water retention capacity, the shrinkage, the support
adherence, the elasticity module and the permeability to water vapour were analyzed.
Contrary to initial expectations, the best results happened with mortars with substitution of 20
and 100%, so, at the second stage of the experiments, the mortar with incorporation of 20% of
concrete waste was studied in further detail. In general, this mortar presented an improved
performance, compared to the reference mortar, even though a lower performance regarding
support adherence and shrinkage susceptibility was found.
Key words:
Recycling; Concrete waste; Recycled aggregates; Coating mortars; Performance.
ii
Agradecimentos
A todos aqueles que contribuíram para a realização desta dissertação gostaria de expressar os
meus sinceros agradecimentos.
Ao Prof. Jorge de Brito, pela disponibilidade e incansável incentivo, pela exigência, análise
crítica e recomendações. Agradeço também pelo último esforço feito na revisão da
dissertação.
À Eng.ª Maria do Rosário Veiga, pela disponibilização das instalações laboratoriais no LNEC,
pelo apoio, pela sua disponibilidade no esclarecimento de dúvidas, e pelo seu enorme
contributo na parte experimental. Obrigado também pelo esforço final feito na revisão da
dissertação.
Ao Eng.º Luís Evangelista, por, gentilmente, me ter facultado o betão necessário no decorrer
da campanha experimental.
À Ana Maria e ao Bento, pelo auxílio e pela cooperação ao longo da fase experimental,
realizada no laboratório de ensaios de revestimento de paredes (LNEC-LeRevPa).
À Mariana Braga, não só pelo apoio admirável durante a fase de ensaios, mas também pelo
companheirismo e solidariedade demonstrados ao longo deste trabalho de investigação.
Aos meus pais, Teresa e José, e ao meu irmão Rodrigo, pela entrega e estímulo, pelo apoio,
confiança e compreensão revelados ao longo destes meses. Acima de tudo, o meu especial e
carinhoso agradecimento por nunca terem deixado de acreditar.
Aos meus padrinhos e grandes amigos, José Roberto e Mónica, pela amizade, o apoio, o
companheirismo e o espírito crítico que constituiu uma contribuição valiosa na escrita desta
dissertação. Agradeço também por sempre terem acreditado em mim, mesmo quando eu não
acreditava.
À Suzanne, pela amizade, pela disponibilidade e motivação, assim como pelo auxílio na revisão
da dissertação.
Por fim, mas não com menos importância, a todos os meus amigos e amigas que
acompanharam esta fase da minha vida e contribuíram para o meu desenvolvimento pessoal.
Obrigado pela amizade, pelos conselhos e pelo carinho demonstrados.
iii
iv
Índice geral
Resumo ......................................................................................................................... i
Abstract ........................................................................................................................ ii
Agradecimentos .......................................................................................................... iii
Índice ............................................................................................................................ v
Índice de figuras .......................................................................................................... ix
Índice de quadros ....................................................................................................... xv
v
2.3.3.6) Aderência ao suporte ............................................................................................ 17
2.3.3.7) Compatibilidade com o suporte ............................................................................. 18
2.3.3.8) Retracção .............................................................................................................. 18
2.3.3.9) Resistência à fendilhação ...................................................................................... 18
2.3.3.10) Resistência à flexão e à compressão .................................................................... 19
2.3.3.11) Módulo de elasticidade ....................................................................................... 19
2.3.3.12) Durabilidade........................................................................................................ 20
2.3.4) Rebocos tradicionais ou correntes em Portugal ........................................................ 20
2.3.4.1) Camadas constituintes .......................................................................................... 21
2.3.4.2) Aplicação............................................................................................................... 21
2.4) Argamassas modificadas .................................................................................................. 22
2.4.1) Descrição geral das campanhas experimentais ......................................................... 22
2.4.2) Propriedades afectadas pela integração de RCD ....................................................... 28
2.4.2.1) Exigências de água ................................................................................................ 28
2.4.2.2) Trabalhabilidade/consistência ............................................................................... 30
2.4.2.3) Massa volúmica..................................................................................................... 31
2.4.2.4) Retenção de água .................................................................................................. 33
2.4.2.5) Absorção de água por capilaridade ........................................................................ 36
2.4.2.6) Variação dimensional (retracção) .......................................................................... 38
2.4.2.7) Resistência à flexão ............................................................................................... 40
2.4.2.8) Resistência à compressão ...................................................................................... 42
2.4.2.9) Aderência ao suporte ............................................................................................ 47
2.4.2.10) Módulo de elasticidade ....................................................................................... 49
2.4.2.11) Conclusão............................................................................................................ 51
vi
3.3.4) Água......................................................................................................................... 58
3.4) Definições das formulações ............................................................................................. 58
3.4.1) Descrição geral ......................................................................................................... 58
3.4.2) Traços ...................................................................................................................... 59
3.5) Produção e preparação de provetes ................................................................................ 59
3.5.1) Amassadura ............................................................................................................. 59
3.5.2) Prismas .................................................................................................................... 60
3.5.3) Cilindros ................................................................................................................... 61
3.5.4) Aplicação em tijolo ................................................................................................... 61
3.6) Condições ambientais de cura ......................................................................................... 61
3.7) Ensaios aos constituintes ................................................................................................. 62
3.7.1) Massa volúmica aparente ......................................................................................... 62
3.7.2) Análise granulométrica............................................................................................. 64
3.8) Ensaios às argamassas no seu estado fresco .................................................................... 65
3.8.1) Consistência por espalhamento................................................................................ 65
3.8.2) Massa volúmica: argamassa em pasta ...................................................................... 68
3.8.3) Retenção de água ..................................................................................................... 70
3.9) Ensaios às argamassas no seu estado endurecido............................................................. 73
3.9.1) Massa volúmica aparente: argamassa no estado endurecido ................................... 73
3.9.2) Resistência à flexão e à compressão ......................................................................... 75
3.9.2.1) Resistência à flexão ............................................................................................... 75
3.9.2.2) Resistência à compressão ...................................................................................... 76
3.9.3) Absorção de água por capilaridade ........................................................................... 77
3.9.4) Ensaio de secagem ................................................................................................... 80
3.9.5) Susceptibilidade à fendilhação ................................................................................. 81
3.9.5.1) Aplicação em tijolo ................................................................................................ 81
3.9.5.2) Retracção restringida, resistência à tracção e alongamento na rotura ................... 83
3.9.5.2.1) Retracção restringida ......................................................................................... 83
3.9.5.2.2) Resistências à tracção e alongamento de rotura ................................................. 84
3.9.6) Variação dimensional (retracção) ............................................................................. 86
3.9.7) Aderência ao suporte ............................................................................................... 87
3.9.8) Módulo de elasticidade ............................................................................................ 90
3.9.9) Permeabilidade ao vapor de água ............................................................................ 91
vii
Capítulo 4 - Apresentação e análise de resultados .......................................................... 95
4.1) Introdução ....................................................................................................................... 95
4.2) Ensaios aos constituintes ................................................................................................. 95
4.2.1) Massa volúmica aparente ......................................................................................... 95
4.2.2) Análise granulométrica............................................................................................. 96
4.2) Ensaios às argamassas...................................................................................................... 97
4.2.1) Primeira fase ............................................................................................................ 97
4.2.1.1) Consistência por espalhamento ............................................................................. 97
4.2.1.2) Massa volúmica (argamassa em pasta) .................................................................. 99
4.2.1.3) Massa volúmica (argamassa no estado endurecido) ............................................ 100
4.2.1.4) Resistência à flexão e à compressão .................................................................... 101
4.2.1.5) Absorção de água por capilaridade ...................................................................... 103
4.2.1.6) Ensaio de secagem .............................................................................................. 105
4.2.1.7) Susceptibilidade à fendilhação ............................................................................ 105
4.2.2) Segunda fase .......................................................................................................... 107
4.2.2.1) Retenção de água ................................................................................................ 107
4.2.2.2) Variação dimensional (retracção) ........................................................................ 108
4.2.2.3) Aderência ao suporte .......................................................................................... 109
4.2.2.4) Módulo de elasticidade ....................................................................................... 110
4.2.2.5) Permeabilidade ao vapor de água........................................................................ 110
4.2.2.6) Retracção restringida, resistência à tracção e alongamento na rotura ................. 111
4.3) Análise global dos resultados ......................................................................................... 113
viii
Índice de figuras
Figura 1.1 - Aterro de RCD ......................................................................................................... 1
Figura 1.2 - Central de reciclagem de RCD ................................................................................. 2
Figura 2.1 - Média das composições...........................................................................................10
Figura 2.2 - Consumo de água ................................................................................................. 29
Figura 2.3 - Resultados do ensaio de consistência ................................................................... 30
Figura 2.4 - Resultados do ensaio de espalhamento ................................................................ 31
Figura 2.5 - Resultados do ensaio de espalhamento ................................................................ 31
Figura 2.6 - Resultados da massa volúmica .............................................................................. 32
Figura 2.7 - Resultados da massa volúmica .............................................................................. 32
Figura 2.8 - Resultados da massa volúmica .............................................................................. 33
Figura 2.9 - Resultados da retenção de água ........................................................................... 34
Figura 2.10 - Retenção de água em função do teor de argamassa moída na composição dos
RCD......................................................................................................................................... 34
Figura 2.11 - Resultados de retenção de água ......................................................................... 35
Figura 2.12 - Resultados de retenção de água ......................................................................... 35
Figura 2.13 - Resultados de retenção de água ......................................................................... 36
Figura 2.14 - Resultados de retenção de água ......................................................................... 36
Figura 2.15 - Resultados do ensaio de absorção de água ......................................................... 37
Figura 2.16 - Resultados do ensaio de absorção de água ......................................................... 38
Figura 2.17 - Resultados do ensaio de retracção por secagem de argamassas com RCD........... 38
Figura 2.18 - Resultados da variação dimensional.................................................................... 39
Figura 2.19 - Resultados da retracção livre por secagem ......................................................... 39
Figura 2.20 - Resultados da resistência à flexão ....................................................................... 40
Figura 2.21 - Resultados da resistência à flexão ....................................................................... 41
Figura 2.22 - Resultados do ensaio à flexão ............................................................................. 41
Figura 2.23 - Resultados do ensaio à flexão ............................................................................. 42
Figura 2.24 - Resultados do ensaio à compressão .................................................................... 42
Figura 2.25 - Resultados do ensaio à compressão .................................................................... 43
Figura 2.26 - Resultados do ensaio à compressão .................................................................... 43
Figura 2.27 - Resultados do ensaio à compressão .................................................................... 44
Figura 2.28 - Resultados do ensaio à compressão .................................................................... 44
Figura 2.29 - Resultados do ensaio à compressão .................................................................... 45
ix
Figura 2.30 - Resultados do ensaio à compressão .................................................................... 45
Figura 2.31 - Resultados do ensaio à compressão .................................................................... 46
Figura 2.32 - Resultados do ensaio à compressão .................................................................... 46
Figura 2.33 - Resultados do ensaio à compressão .................................................................... 47
Figura 2.34 - Resultados do ensaio de aderência ..................................................................... 47
Figura 2.35 - Resultados do ensaio de aderência ao suporte.................................................... 48
Figura 2.36 - Resultados do ensaio de aderência ..................................................................... 48
Figura 2.37 - Resultados do ensaio de aderência ..................................................................... 49
Figura 2.38 - Resultados do móulo de elasticidade .................................................................. 50
Figura 2.39 - Resultados do móulo de elasticidade .................................................................. 50
Figura 3.1 – Estufa.......................................................................................................................55
Figura 3.2 - Câmara ................................................................................................................. 55
Figura 3.3 - Areia do rio Tejo ................................................................................................... 56
Figura 3.4 - Blocos de betão para trituração ............................................................................ 57
Figura 3.5 - Inserção de betão na britadeira ............................................................................ 57
Figura 3.6 - Maxilas ................................................................................................................. 57
Figura 3.7 - Pormenor das placas............................................................................................. 57
Figura 3.8 - Colocação dos constituintes no recipiente ............................................................ 60
Figura 3.9 - Colocação da água no recipiente........................................................................... 60
Figura 3.10 - Aplicação do óleo descofrante ............................................................................ 60
Figura 3.11 - Molde para execução de provetes prismáticos .................................................... 60
Figura 3.12 - Colocação da argamassa no molde ..................................................................... 61
Figura 3.13 - Compactação da argmassa.................................................................................. 61
Figura 3.14 - Compactação da superfície da argamassa ........................................................... 61
Figura 3.15 - Alisamento da superfície do molde ..................................................................... 61
Figura 3.16 - Provetes dentro do saco de plástico.................................................................... 62
Figura 3.17 - Sala a 20 ±2°C ..................................................................................................... 62
Figura 3.18 - Provetes na sala de cura ..................................................................................... 62
Figura 3.19 - Sala a 23 ±2°C ..................................................................................................... 62
Figura 3.20 - Equipamento de ensaio ...................................................................................... 63
Figura 3.21 - Balança com precisão ±0,1 g ............................................................................... 63
Figura 3.22 - Material no molde tronco-cónico ........................................................................ 63
Figura 3.23 - Queda do material, por gravidade....................................................................... 63
Figura 3.24 - Alisamento da superfície do recipiente ............................................................... 63
Figura 3.25 - Pesagem do recipiente com o material ............................................................... 63
x
Figura 3.26 - Coluna de peneiros e respectivas granulometrias (em mm) ................................ 64
Figura 3.27 - Máquina de vibração horizontal .......................................................................... 64
Figura 3.28 - Molde tronco cónico sobre mesa de espalhamento ............................................ 66
Figura 3.29 - Craveira analógica............................................................................................... 66
Figura 3.30 - Representação esquemática da mesa de espalhamento ..................................... 66
Figura 3.31 - Argamassa a ser compactada pelo pilão .............................................................. 67
Figura 3.32 - Nivelamento da superfície do molde ................................................................... 67
Figura 3.33 - Limpeza da mesa de espalhamento .................................................................... 67
Figura 3.34 - Molde a ser retirado ........................................................................................... 68
Figura 3.35 - Pancadas na mesa de espalhamento ................................................................... 68
Figura 3.36 - Medição do diâmetro da amostra ....................................................................... 68
Figura 3.37 - Recipiente cilíndrico............................................................................................ 69
Figura 3.38 - Colocação da argamassa no recipiente cilíndrico ................................................. 69
Figura 3.39 - Compactação através de sacudidelas .................................................................. 69
Figura 3.40 - Nivelamento da superfície .................................................................................. 70
Figura 3.41 - Representação esquemática do método utilizado para a determinação da
retenção de água da argamassa em pasta ............................................................................... 71
Figura 3.42 - Superfície lisa..................................................................................................... 71
Figura 3.43 - Pesagem do provete ........................................................................................... 71
Figura 3.44 - Conjunto invertido .............................................................................................. 72
Figura 3.45 - Conjunto em posição invertida, com o peso por cima ......................................... 72
Figura 3.46 - Papel de filtro após o ensaio ............................................................................... 72
Figura 3.47 - Craveira digital.................................................................................................... 73
Figura 3.48 - Balança com precisão ±0,01g .............................................................................. 73
Figura 3.49 - Medição do comprimento do provete ................................................................. 74
Figura 3.50 - Medição da largura do provete ........................................................................... 74
Figura 3.51 - Medição da altura do provete ............................................................................. 74
Figura 3.52 - Máquina de ensaio à compressão e flexão .......................................................... 75
Figura 3.53 - Acessório para ensaio de resistência à flexão ...................................................... 76
Figura 3.54 - Ensaio de resistência à flexão.............................................................................. 76
Figura 3.55 - Acessório para ensaio de resistência à compressão............................................. 77
Figura 3.56 - Ensaio de resistência à compressão .................................................................... 77
Figura 3.57 - Rebarbadora ....................................................................................................... 78
Figura 3.58 - Pincel para aplicação da cera .............................................................................. 78
Figura 3.59 - Cera .................................................................................................................... 78
xi
Figura 3.60 - Tina com as tiras de suporte para os provetes..................................................... 78
Figura 3.61 - Marcação da divisão dos provetes ...................................................................... 78
Figura 3.62 - Corte a meio do provete ..................................................................................... 78
Figura 3.63 - Aplicação da cera no provete .............................................................................. 79
Figura 3.64 - Provetes na tina .................................................................................................. 79
Figura 3.65 - Tina coberta........................................................................................................ 79
Figura 3.66 - Provetes sobre o papel absorvente ..................................................................... 79
Figura 3.67 - Pesagem do provete ........................................................................................... 79
Figura 3.68 - Provetes sobre as tiras de apoio ......................................................................... 80
Figura 3.69 - Tijolo utilizado no ensaio .................................................................................... 81
Figura 3.70 - Grampo em aço .................................................................................................. 81
Figura 3.71 - Régua graduada .................................................................................................. 81
Figura 3.72 - Molde obtido com as tábuas e os grampos ......................................................... 82
Figura 3.73 - Espessura de 2 cm .............................................................................................. 82
Figura 3.74 - Colocação da argamassa sobre o tijolo ................................................................ 82
Figura 3.75 - Sarrafamento da argamassa................................................................................ 82
Figura 3.76 - Tijolo pronto para a cura ..................................................................................... 82
Figura 3.77 - Aparelho que mede a retracção restringida ........................................................ 83
Figura 3.78 - Equipamento de aquisição de dados ................................................................... 83
Figura 3.79 - Geometria do provete ........................................................................................ 84
Figura 3. 80 - Colocação da argamassa no molde..................................................................... 84
Figura 3.81 - Aparelho com a argamassa colocado na vertical ................................................. 84
Figura 3.82 - Rotura do provete .............................................................................................. 85
Figura 3.83 - Instrumento de medição da variação dimensional .............................................. 86
Figura 3.84 - Colocação dos pernos no molde ......................................................................... 86
Figura 3.85 - Pesagem do provete ........................................................................................... 86
Figura 3.86 - Máquina caroteadora ......................................................................................... 87
Figura 3.87 – Pastilhas............................................................................................................. 87
Figura 3.88 - Acessório de arrancamento ................................................................................ 88
Figura 3.89 - Marcação dos entalhes ....................................................................................... 88
Figura 3.90 - Entalhes executados ........................................................................................... 88
Figura 3.91 - Colocação da cola nas zona de corte ................................................................... 89
Figura 3.92 - Acessório de arrancamento ................................................................................ 89
Figura 3.93 - Carote após o arrancamento............................................................................... 89
Figura 3.94 - Fractura de adesão ............................................................................................. 89
xii
Figura 3.95 - Fractura de coesão, pelo reboco ......................................................................... 90
Figura 3.96 - Fractura de coesão, pelo suporte ........................................................................ 90
Figura 3.97 - Aparelho de medição de frequências fundamentais ............................................ 90
Figura 3.98 - Leitura da frequência .......................................................................................... 91
Figura 3.99 - Colocação da água dentro do molde ................................................................... 92
Figura 3.100 - Colocação do provete no molde ........................................................................ 92
Figura 3.101 - Selagem do provete no molde .......................................................................... 92
Figura 3.102 - Pesagem do conjunto ....................................................................................... 92
Figura 4.1 - Massa volúmica aparente para as diferentes granulometrias dos resíduos de
betão...........................................................................................................................................96
Figura 4.2 - Curva granulométrica da areia do rio e dos RCD.................................................... 97
Figura 4.3 - Água necessária por dm3 de argamassa ................................................................ 98
Figura 4.4 - Massa volúmica em pasta para as diferentes percentagens de substituição
estudadas e respectivas interpolações a partir dos resultados obtidos .................................... 99
Figura 4.5 - Massa volúmica no estado endurecido para as diferentes percentagens de
substituição estudadas e respectivas interpolações a partir dos resultados obtidos .............. 100
Figura 4.6 - Resultados do ensaio de resistência à compressão para as diferentes percentagens
de substituição estudadas e respectivas interpolações a partir dos resultados obtidos.......... 101
Figura 4.7 - Resultados do ensaio de resistência à flexão para as diferentes percentagens de
substituição estudadas e respectivas interpolações a partir dos resultados obtidos .............. 102
Figura 4.8 - Resultados do ensaio de absorção de água por capilaridade para as diferentes
percentagens de substituição estudadas e respectivas interpolações a partir dos resultados
obtidos ................................................................................................................................. 103
Figura 4.9 - Resultados do ensaio de absorção por capilaridade para as diferentes percentagens
de substituição ..................................................................................................................... 104
Figura 4.10 - Relação entre a raiz quadrada do tempo e a água evaporada dos provetes ....... 105
Figura 4.11 - Argamassas aplicadas em tijolos após 7 meses de observação .......................... 106
Figura 4.12 - Relação entre o tempo e a variação dimensional dos provetes ......................... 109
Figura 4.13 - Extensão dos provetes em função da força de tracção ...................................... 111
Figura 4.14 - Força aplicada nos provetes da argamassa de referência em função do tempo . 112
Figura 4.15 - Força aplicada nos provetes da argamassa com 20% de substituição em função do
tempo ................................................................................................................................... 112
xiii
xiv
Índice de quadros
Quadro 2.1 - Estimativas de geração de RCD ............................................................................. 9
Quadro 2.2 - Organização dos RCD .......................................................................................... 11
Quadro 2.3 - Absorções de água das referências bibliográficas ................................................ 13
Quadro 2.4 - Absorção de água de agregado fino de diferentes composições.......................... 13
Quadro 2.5 - Composições das argamassas produzidas por Levy (1995) .................................. 22
Quadro 2.6 - Composições das argamassas produzidas por Levy (1997) .................................. 23
Quadro 2.7 - Traços das argamassas ensaiadas por Hamassaki et al. (1997) ............................ 23
Quadro 2.8 - Composições das argamassas produzidas por Miranda e Selmo (1999) ............... 24
Quadro 2.9 - Composições das argamassas produzidas por Miranda (2000) ............................ 24
Quadro 2.10 - Composição das argamassas produzidas por Bavaresco (2001) ......................... 25
Quadro 2.11 - Composição das argamassas produzidas por Silva (2006a) ................................ 25
Quadro 2.12 - Composição das argamassas produzidas por Pedrozo (2008) ............................ 26
Quadro 2.13 - Composição das argamassas produzidas por Topçu (2010) ............................... 26
Quadro 2.14 - Composição das argamassas produzidas por Corinaldesi & Moriconi (2007) ..... 27
Quadro 2.15 - Composição dos resíduos produzidas por Chen et al. (2002) ............................. 27
Quadro 2.16 - Composição das argamassas produzidas por Chen et al. (2002) ........................ 28
Quadro 2.17 - Composições dos resíduos produzidas por Pinto (1989) .................................... 28
Quadro 2.18 - Consumo de água ............................................................................................. 28
Quadro 2.19 - Consumo de água ............................................................................................. 29
Quadro 2.20 - Resultados das massas volúmicas ..................................................................... 31
Quadro 2.21 - Resultados da massa volúmica em pasta e no estado endurecido......................33
Quadro 2.22 - Absorção de água de argamassas aos 30 dias.................................................... 37
Quadro 2.23 - Resultados do módulo de elasticidade .............................................................. 49
Quadro 3.1 - Ensaios realizados em primeira fase......................................................................54
Quadro 3.2 - Ensaios realizados em segunda fase.................................................................... 54
Quadro 3.3 - Características químicas do cimento ................................................................... 55
Quadro 3.4 - Características mecânicas do cimento................................................................. 55
Quadro 3.5 - Características físicas do cimento ....................................................................... 55
Quadro 3.6 - Composição do betão utilizado ........................................................................... 56
Quadro 3.7 - Abertura das maxilas e combinações de placas ................................................... 57
Quadro 3.8 - Granulometrias .................................................................................................. 58
Quadro 3.9 - Identificação das argamassas a ensaiar ............................................................... 59
xv
Quadro 3.10 - Classificação quanto à susceptibilidade à fendilhação de argamassas de
revestimento .......................................................................................................................... 85
Quadro 4.1 - Massa volúmica aparente dos agregados..............................................................95
Quadro 4.2 - Valores de distribuição granulométrica parcial, em percentagem de peso total de
cada um .................................................................................................................................. 96
Quadro 4.3 - Água necessária para amassadura de modo a que cada argamassa fique com boa
trabalhabilidade e respectivos resultados do ensaio de espalhamento e de relação a/c .......... 98
Quadro 4.4 - Resultados do ensaio de massa volúmica em pasta............................................. 99
Quadro 4.5 - Resultados do ensaio de massa volúmica no estado endurecido ....................... 100
Quadro 4.6 - Resultados do ensaio de flexão e compressão .................................................. 101
Quadro 4.7 - Resultados do ensaio de absorção de água por capilaridade ............................. 103
Quadro 4.8 - Resultados do ensaio de retenção de água ....................................................... 107
Quadro 4.9 - Resultados do ensaio de variação dimensional ................................................. 108
Quadro 4.10 - Resultados do ensaio de aderência ao suporte ............................................... 109
Quadro 4.11 - Resultados do ensaio de módulo de elasticidade ............................................ 110
Quadro 4.12 - Resultados do ensaio de permeabilidade ao vapor de água ............................ 110
Quadro 4.13 - Resultados do ensaio de retracção restringida e respectiva classificação ........ 111
Quadro 4.14 - Funções dos rebocos para edifícios correntes e características das argamassas a
usar ...................................................................................................................................... 114
Quadro 5.1 - Resultados dos ensaios realizados na campanha experimental..........................117
xvi
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Capítulo 1 - Introdução
1.1) Considerações iniciais
1
Capítulo 1 - Introdução
2
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
A metodologia adoptada para escrita desta dissertação passou por várias etapas que se
apresentam em seguida.
Numa primeira fase, efectuou-se uma pesquisa bibliográfica sobre os temas de argamassas e
de reciclagem de betão, de maneira a reunir um conjunto de informações essenciais à
elaboração da presente dissertação. Recorreu-se à leitura e análise de dissertações sobre o
tema em questão, assim como a artigos de revistas e de congressos. À medida que o presente
trabalho de investigação foi evoluindo, os conteúdos foram sendo analisados de forma mais
precisa e circunscrita de maneira a permitir a comparação com outros estudos realizados.
Em seguida, passou-se ao planeamento dos ensaios laboratoriais, sendo nesta parte que se
procedu à definição dos ensaios a realizar, à definição dos parâmetros a variar e à planificação
dos ensaios, tendo em conta os objectivos da dissertação em causa - determinar a
percentagem de substituição óptima de RCD numa argamassa. Foi também nesta etapa que se
3
Capítulo 1 - Introdução
4
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Por fim, esta dissertação encerra com as referências bibliográficas e os anexos referenciados
ao longo do texto.
5
Capítulo 1 - Introdução
6
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Muitas cidades portuguesas têm sofrido com o grave problema que é o elevado volume de
resíduos gerado pela construção civil, tanto por obras novas como em reabilitações e
demolições. Várias são as fontes de geração de resíduos na construção civil. Entre elas,
7
Capítulo 2 - Estado da arte
encontra-se a falta de qualidade dos bens e serviços, que pode dar origem às perdas de
materiais que saem das obras em forma de entulho e que contribuem para o excesso de
volume de resíduos gerados.
Das várias perdas, directas e indirectas, identificadas no processo construtivo, a que mais
chama a atenção é a geração de resíduos. A quantidade de resíduos da construção, produzidos
mundialmente, é cerca de um bilião de toneladas (Butller, 2005).
O resíduo é geralmente o resultado da falta de controlo do processo construtivo. Uma grande
parte da geração desses resíduos poderia ser evitada durante a concepção e a execução do
projecto. No entanto, é importante lembrar que a etapa de demolição faz parte do processo
construtivo, gerando os chamados resíduos de construção e demolição (RCD) (Souza, 2005).
Souza et al. (1998), citados por Lima (1999), afirmam que o desperdício pode ocorrer em
diferentes fases de uma obra:
8
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
De acordo com Silva (2006a), mudanças tecnológicas podem reduzir as perdas e o entulho da
construção. Processos como a incorporação de instalações em paredes de alvenaria que
exigem a demolição parcial da parede recém-construída e a sua reconstrução com argamassa,
por exemplo, devem ser substituídos.
Os resíduos de construção civil talvez sejam os mais heterogéneos dentro do conjunto dos
resíduos industriais.
Estes resíduos são constituídos por restos de praticamente todos os materiais e componentes
utilizados pela indústria da construção civil, como: brita, areia, materiais cerâmicos,
argamassas, betão, madeira, entre outros, e sua composição química está associada à
estrutura de cada um desses seus constituintes. Usualmente apresentam-se na forma sólida,
com características físicas variáveis, podendo apresentar dimensões e geometria conhecidas
dos materiais de construção (como areia e brita) ou a formatos e dimensões irregulares:
pedaços de madeira, argamassas, betão, plástico, metais, entre outros (Pedrozo, 2008).
De acordo com Gonçalves (2007), a composição dos RCD é muito diversificada e varia com o
tipo de obra a ser demolida, a localização geográfica da obra, a época de construção e o tipo
de utilização que o edifício / obra matinha enquanto funcional. Quando se estuda a
composição média dos resíduos de construção, devem ser considerados factores como: a
tipologia construtiva utilizada, as técnicas construtivas existentes e os materiais disponíveis em
cada local (Souza, 2005; Leite, 2001). As instabilidades económicas ou o distanciamento das
minas fornecedoras de matérias-primas causam a substituição de alguns materiais, o que
também causa uma variação na composição do entulho de uma região para outra.
Gonçalves (2007), tendo em consideração várias estimativas e estatísticas, fez uma média de
todos os dados pelo autor registados e chegou a valores médios de composição dos RCD
(Figura 2.1).
9
Capítulo 2 - Estado da arte
23%
31% Material cerâmico
Betão
Argamassa
11% Madeira
Outros
10%
25%
Com base na Figura 2.1, e uma vez que existem outros estudos com valores semelhantes ao
supracitados, consegue-se perceber que a quantidade de betão como RCD é relevante,
merecendo deste modo especial atenção como potencial resíduo a submeter à prática da
reciclagem.
Em função da heterogeneidade dos resíduos de construção, a estratégia para o
desenvolvimento sustentável envolve além da minimização, a gestão desses resíduos, que
deve ser baseado no local onde é produzido (Souza, 2005).
Não se pode falar em preservação do meio ambiente sem se falar em reciclar. A necessidade
de reciclar não está baseada somente no facto de impedir a contaminação do solo ou da água,
mas na redução de energia e na preservação de minas para obtenção de materiais naturais.
O grande volume de resíduos provenientes das actividades de construção civil nem sempre
tem o seu destino final bem controlado. Como tal, a visão da construção civil tem que mudar,
não só por causa do elevado desperdício de materiais e do indesejado impacte nos custos
finais, mas também porque as áreas urbanas, disponíveis para a desposição final de resíduos,
estão a escassear. A reutilização dos RCD tem como vantagens principais a redução do volume
de resíduos em aterro e a diminuição do consumo de materiais naturais não renováveis. Assim
sendo, a reciclagem dos RCD é uma alternativa bastante vantajosa em termos económicos,
pricipalmente em países onde os recursos naturais são cada vez mais escassos.
Segundo Rao et al. (2007), citados por Pedrozo (2008), a primeira utilização significativa de
resíduos de construção e demolição foi registada após o fim da Segunda Grande Guerra, onde
milhões de toneladas de escombros ficaram espalhados pelas cidades. A necessidade de
matéria-prima para reconstrução e a falta de local de destino dos grandes volumes de resíduos
fizeram com que estes materiais fossem reaproveitados.
Conhecendo o potencial de reciclagem desses resíduos, vários países têm procurado incentivar
a reciclagem desses resíduos. No Quadro 2.2, encontram-se estatísticas da quantidade de
resíduos gerados e a parcela reciclada que foram adoptadas por alguns países europeus.
10
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
11
Capítulo 2 - Estado da arte
Uma das características em que o agregado reciclado mais difere dos agregados convencionais
é na absorção de água. Por ser composto por materiais porosos como argamassas (que
aderem ao agregado natural), componentes de alvenaria, entre outros, o agregado reciclado
apresenta taxas de absorção significativas (mesmo os reciclados de betão estrutural),
afectando principalmente a trabalhabilidade da mistura e a durabilidade da argamassa.
De acordo com Tam et al. (2006), a absorção de água encontra-se aproximadamente entre 3 e
10% para os agregados reciclados e entre menos de 1 e 5% para os agregados naturais. Esses
valores de absorção podem variar de acordo com o tipo de agregado utilizado e o tempo de
ensaio da absorção dos agregados. Assim sendo, é necessário que se utilize maior quantidade
de água nas argamassas com este mesmo material, para que se alcance a trabalhabilidade
adequada. Esta situação é verificada por vários autores, em várias pesquisas realizadas nas
últimas décadas, sobre agregados reciclados de betão. No Quadro 2.3, compilado por Fonseca
(2009), é exposto o resumo do levantamento bibliográfico realizado pelo autor, relativamente
à absorção de água de alguns agregados.
Mellman et al. (1999) referem que 70 a 95% da absorção de água dos agregados reciclados
ocorre durante os primeiros 10 minutos de imersão. Os resultados obtidos por Sanchez (2004),
Bairagi et al. (1993) vão ao encontro destes valores, tendo estes investigadores chegado a
absorções, após 10 minutos de imersão em água, de 90 e 76%, respectivamente. De modo a
evitar que a relação a/c da mistura seja afectada, alguns autores recomendam recorrer-se à
pré-saturação dos agregados, ou acrescentar uma quantidade extra de água durante a
amassadura, compensando deste modo a que será absorvida pelos agregados reciclados.
12
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Legenda:
AGRB agregados grossos reciclados de betão
AFR agregados finos reciclados
AGP agregados grossos naturais
É amplamente aceite na comunidade científica que a massa volúmica dos agregados reciclados
é menor, comparativamente aos seus homólogos pétreos. Tal deve-se à argamassa que se
13
Capítulo 2 - Estado da arte
encontra aderida aos agregados reciclados de betão, que possui uma porosidade superior à da
rocha (Hansen, 1992).
Segundo Lima (1999), agregados reciclados de betão apresentam massa volúmica maior do
que os de alvenaria e a fracção grossa de reciclados de betão apresenta menor diferença em
relação ao agregado convencional do que a parcela fina, devido ao menor teor de argamassa
aderida.
Este facto é comprovado por vários autores, nomeadamente Hansen (1992), que em algumas
pesquisas determinou massas volúmicas de agregados e pôde observar que a massa volúmica
dos reciclados é em média 10% menor do que a de agregado convencionais (ambos no estado
seco).
No estudo de Fonseca (2009), sobre betões com agregados grossos reciclados, a conclusão é a
mesma, ou seja, a massa volúmica dos agregados reciclados de betão no estado seco é
substancialmente inferior à registada nos agregados naturais.
De uma maneira geral, pode-se afirmar que a massa volúmica do agregado reciclado é menor
do que a de agregados convencionais, que esta depende da ganulometria do próprio agregado
e que é directamente proporcional à porosidade do material reciclado.
2.3.1) Introdução
2.3.2) Conceito
A argamassa, segundo Sabbatini (1986), citado em Silva (2006b), pode ser denominada como
um material complexo, constituído essencialmente de materiais inertes de baixa granulometria
(agregados finos) e uma pasta com propriedades aglomerantes, composta por minerais e água
(materiais activos). Conforme as características que se pretende dar à argamassa, podem ser
introduzidas pozolanas, adições ou adjuvantes. Todos estes constituintes das argamassas têm
influência no seu comportamento na fase de pasta e endurecida (Margalha, 2010).
A formulação das argamassas é uma tarefa complexa que depende de variados factores. Os
revestimentos têm que ser capazes de aderir ao suporte, resistir bem aos movimentos destes,
aos seus próprios movimentos internos decorrentes da secagem e processo de
14
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
endurecimento, bem como às solicitações exteriores. Devem permitir ainda que ocorram as
necessárias trocas de vapor entre o interior e o exterior dos edifícios e ter capacidade para
expulsar a água infiltrada. Os factores mencionados encontram-se correlacionados entre si,
pelo que a melhoria de alguns aspectos pode influenciar negativamente outras características.
De facto, são necessárias escolhas adequadas e dosagens equilibradas das matérias-primas
para que os requisitos pré-definidos sejam cumpridos. Mas há factores de grande importância
no comportamento das argamassas, tais como a natureza do suporte ou das camadas
subjacentes, a metodologia de execução e de aplicação que influenciam directamente o
comportamento da argamassa (Margalha, 2010).
Resumidamente, os requisitos mais importantes a ter em consideração na escolha de um
revestimento deverão ser (Veiga, 2005):
aderir ao suporte;
resistir à fendilhação;
ter capacidade de impermeabilização em zona não fendilhada (no caso dos revestimentos
exteriores);
ter capacidade de promover a expulsão do vapor de água formado no interior e da água
infiltrada, por evaporação;
manter o aspecto estético;
ser durável face às acções externas, nomeadamente às acções climáticas (no caso dos
revestimentos exteriores).
Em primeiro lugar, é necessário diferenciar estes dois conceitos, na medida em que são
frequentemente confundidos. Segundo Cruz (2008), a trabalhabilidade das argamassas está
directamente relacionada com o seu uso ou finalidade, enquanto que a consistência é apenas
15
Capítulo 2 - Estado da arte
16
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Para o bom desempenho dos revestimentos, é importante que estes estejam bem aderentes
ao suporte, o qual é constituído, em grande parte dos casos, por materiais de características
diferentes, nomeadamente betão e alvenaria (Miranda, 2004).
A aderência entre a argamassa e o suporte condiciona a reversibilidade, a capacidade de
impermeabilização, a distribuição de tensões do revestimento e a durabilidade. Uma aderência
relativamente baixa favorece a remoção do revestimento sem provocar o risco de danificação
do suporte, possibilitando a reversibilidade da solução. Ao invés, o valor da aderência não
deve ser demasiado baixo de modo a não possibilitar o destacamento do revestimento, que
por sua vez favorece a infiltração de água, afectando a capacidade de impermeabilização do
revestimento. A aderência influencia ainda a distribuição das tensões geradas por movimentos
diferenciais entre a argamassa e o suporte, afectando a resistência à fendilhação do
revestimento (Veiga, 1998).
Segundo Rodrigues (2004), para além do estado do suporte, a aderência ao suporte depende
também da preparação a que este foi submetido, do seu teor em água e ainda das condições
atmosféricas que ocorrem durante a aplicação e secagem da argamassa. Relativamente ao
revestimento, este deverá ser aderente ao suporte de modo a não se descolar sob o efeito de
tracções e compressões desenvolvidas por variações dimensionais diferenciais entre o suporte
e o revestimento, de choques ou de pressões de vapor, e não conduzir a concentrações de
tensões em pontos localizados.
17
Capítulo 2 - Estado da arte
2.3.3.8) Retracção
Segundo Miranda (2000), no caso das argamassas simples ou mistas de cimento portland, o
fenómeno da retracção pode ser classificado em retracção plástica, retracção hidráulica ou por
secagem, retracção autógena e retracção por carbonatação. No presente estudo, apenas serão
relevantes a retracção plástica e a retracção por secagem.
A retracção plástica inicia-se logo após a aplicação da argamassa sobre o suporte, pela
movimentação de pasta de cimento e água de amassadura da argamassa para os poros da
base e, também, pela perda da sua humidade para o ambiente, em função das condições
climatéricas locais. Por outro lado, a retracção por secagem inicia-se só após as primeiras
horas de presa da argamassa. O grau de tensão desenvolvida durante a retracção por secagem
do revestimento depende da combinação dos seguintes factores: magnitude da retracção,
grau de restrição, módulo de elasticidade e relaxação da argamassa (Miranda, 2000).
Segundo Rodrigues (2004), a amplitude dos movimentos de retracção da argamassa depende
do tipo de constituintes, da proporção em que entram na formulação e dos cuidados tidos em
conta no momento da aplicação e subsequente cura. Se se mantiverem constantes todos os
restantes factores, a retracção linear aumenta com a quantidade de água de amassadura da
argamassa.
18
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
A tendência para a fendilhação será assim tanto menor quanto mais reduzida for a retracção e
menor for o quociente entre o módulo de elasticidade e a resistência à tracção, pelo que uma
retracção reduzida e um módulo de elasticidade baixo são aconselháveis numa argamassa.
Uma boa aderência ao suporte contribui também para melhorar o comportamento à
fendilhação, por possibilitar uma melhor distribuição de tensões pela argamassa.
De acordo com Veiga et al. (1994), citada por Rodrigues (2004), um quociente mais elevado
entre as resistências à tracção e à compressão traduz um comportamento mais dúctil da
argamassa, permitindo optimizar a sua resistência às tensões de tracção criadas
(essencialmente pela retracção restringida) sem transmitir esforços muito elevados ao
suporte.
19
Capítulo 2 - Estado da arte
devido à sua baixa espessura, é mais susceptível a fenómenos de encurvadura que podem
provocar descolamentos localizados ou generalizados (Veiga, 1997).
Segundo Rodrigues (2004), o módulo de elasticidade deverá ser menor ou igual ao do suporte,
decrescendo do interior para o exterior nas várias camadas que constituem o reboco. Quando
se diminui o módulo de elasticidade, o revestimento fica mais deformável, sendo capaz de
aliviar parte ou toda a tensão do revestimento originada na sua secagem (Silva, 2006a).
Contudo, o módulo de elasticidade não deve ser demasiado baixo para evitar que as
deformações do suporte danifiquem o próprio revestimento (Penas, 2008; Cavaco, 2005;
Gaspar, 2002; Veiga, 1997).
Apesar de o módulo de elasticidade poder influenciar o surgimento de fissuras por retracção,
segundo Miranda e Selmo (2003), citado em Silva (2006a), é necessário que outros parâmetros
sejam analisados em simultâneo, como o nível de tensão desenvolvido pelo grau de restrição
do revestimento, a resistência à tracção da argamassa e a distribuição do tamanho dos poros -
esta afectada pela natureza e teor dos materiais constituintes e da água de amassadura.
2.3.3.12) Durabilidade
20
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
geralmente areias naturais, extraídas do leito dos rios, ou de areeiros, de natureza siliciosa ou
calcária, com granulometrias muito variáveis.
salpisco (chapisco, crespido ou camada de aderência) - bastante fluida, rugosa, com elevada
dosagem de ligante; destinada a homogeneizar a absorção do suporte e a estabelecer a ligação
com a alvenaria;
base (reboco) - camada mais espessa, com a função de regularização e impermeabilização;
pode ser composta por mais do que uma camada; não pode ser muito lisa para dar aderência à
camada de acabamento;
acabamento (esboço) - determina o aspecto final (cor e textura); com granulometria mais
fina da areia ou menor quantidade de ligante; esta camada deve ser muito apertada para
evitar o aparecimento de fissuração.
No que diz respeito à aplicação de cada camada, deverá haver um tempo de espera entre as
aplicações das camadas, de modo a que em cada uma delas se dê uma boa parte da retracção
antes da aplicação da seguinte.
2.3.4.2) Aplicação
21
Capítulo 2 - Estado da arte
Levy (1995) realizou estudos com argamassas produzidas com entulho reciclado, com o intuito
de avaliar de que forma os vários componentes de RCD contribuem para o desempenho dos
revestimentos, tanto no estado fresco como no estado endurecido.
O cimento utilizado neste estudo foi o cimento portland CP II E - 32 e as a argamassas foram
produzidas procurando manter a consistência entre 150 e 310 mm, sendo assim a relação a/c
variável. Apenas foi utilizada a parcela de RCD com dimensão menor do que 4,8 mm.
No Quadro 2.5, apresenta-se a percentagem de RCD utilizada na produção das argamassas,
assim como os respectivos traços.
M1 100% - - - 1:2,81:8,16
M2 67% 33% - - 1:2,88:8,16
M3 50% 50% - - 1:2,91:8,16
M4 33% 67% - - 1:2,95:8,16
M5 - 100% - - 1:3:8,16
M6 - - 100% - 1:4,92:7
M7 - - 67% 33% 1:4,66:7
M8 - - 50% 50% 1:4,56:7
Em 1997, Levy estudou a influência que as argamassas, produzidas com materiais provenientes
de RCD finamente triturados, exercem nas propriedades das argamassas. Para tal, foram
produzidas 8 argamassas diferentes, utilizando-se cimento, resíduos triturados e areia lavada.
22
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Quadro 2.7 - Traços das argamassas ensaiadas por Hamassaki et al. (1997)
Designação
Materiais constituintes
I II III IV V VI VII
Cimento 1 1 1 1 1 1 1
Cal (série 3) 1 1 1 1 1 1 1
Areia natural 6 4 4 4 4 2
23
Capítulo 2 - Estado da arte
e à sua natureza, o que para uma trabalhabilidade adequada, requerem maior quantidade de
água de amassadura, originando maior retração e fissuração, o que compromete a
durabilidade dos revestimentos.
Neste estudo, os autores utilizaram cimento portland CP II E - 32 e areia fina de rio como
agregado fino principal. Os materiais constituintes originaram-se da moagem a seco de
materiais cerâmicos, de betão e de argamassa de cimento, cal e areia.
As composições estão apresentadas em detalhe no Quadro 2.8.
Quadro 2.8 - Composições das argamassas produzidas por Miranda e Selmo (1999)
Designação Materiais
Argamassa Betão
cerâmicos
T1 75% 25% -
T2 55% 45% -
T3 35% 65% -
T4 - 100% -
T5 - 65% 35%
T6 - 45% 55%
T7 - 25% 75%
Miranda (2000) realizou um trabalho experimental com o objectivo de propor parâmetros que
possam prevenir a fissuração de revestimentos de argamassas com inclusão de RCD. Este
estudo veio dar continuidade ao seu trabalho anterior, Miranda e Selmo (1999), e, como tal,
foram produzidas apenas 3 (três) argamassas (T2, T4 e T6), em que o critério de escolha teve
origem nas composições que mais poderiam se aproximar das geradas por alvenarias
demolidas (Quadro 2.9).
As argamassas foram produzidas com um traço 1:9 (cim:areia ou RCD) e com um teor de finos
igual a 25%. O cimento utilizado foi o portland CP II E - 32 e o agregado fino principal utilizado
foi a areia fina de rio. Os agregados reciclados provieram de materiais novos, que foram
posteriormente triturados e peneirados, de maneira a obter-se apenas a parcela inferior a 4,8
mm.
Designação Materiais
Argamassa Betão Areia natural
cerâmicos
24
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Bavaresco (2001) realizou um estudo sobre argamassas produzidas com agregados reciclados
em substituição de areia. Os resíduos utilizados nesta campanha provieram de demolições e
reabilitações e sofreram uma triagem, a fim de separá-los em duas composições diferentes,
uma composta por materiais com predominância de material cerâmico (AGRI) e outra com
materiais constituídos por rebocos e betão endurecidos (AGRII) (Quadro 2.10). Todo os
resíduos foram previamente triturados e utilizou-se apenas a parcela com dimensão de
partículas menor do que 4,8 mm. O cimento utilizado foi o cimento portland CP II F - 32.
O comportamento das argamassas com agregados reciclados foi comparado com o das
argamassas de referência, produzidas com areia da região de Florianópolis, nos traços 1:1:6 e
1:2:9 (cim:cal:areia).
0%
20%
(III)
50%
100%
25
Capítulo 2 - Estado da arte
Pedrozo (2008) levou a cabo uma campanha experimental com o objectivo de avaliar a
influência da substituição do agregado fino natural por agregado reciclado fino nas
propriedades de argamassas e betões. Foram produzidas argamassas com diferentes teores de
substituição do agregado natural (0, 25, 50, 75 e 100%) pelo agregado reciclado. Para além de
ter variado a percentagem de substituição, o autor variou também, em cada uma das
percentagens, a dimensão das partículas de RCD utilizadas, como se pode ver pelo Quadro
2.12. Os agregados reciclados, provenientes da construção e demolição, foram recolhidos na
central de reciclagem de Belo Horizonte e apenas foram utilizadas as parcelas com dimensão
menor do que 4,8 mm. O autor utilizou cimento portland CP II F - 32 e uma areia quartoza da
região de Tijucas. Para as misturas, considerou uma relação a/c constante de 0,66 e um traço
de 1:3 (cim:areia).
Quadro 2.12 - Composição das argamassas produzidas por Pedrozo (2008)
Dimensão das partículas
Designação Tipo de agregado
(mm)
M1 Agregado fino bruto de RCD < 4,8
M2 Agregado fino bruto de RCD 0,15 < 4,8
M3 Agregado fino calcinado de RCD < 4,8
Topçu (2010) realizou uma investigação experimental sobre retracção por secagem livre de
argamassas com incorporação de azulejo triturado (CT) como agregado fino, aplicado ao uso
de betões. O agregado fino reciclado proveio de resíduos de uma fábrica de telhas localizada
no Eskisehir. O azulejo foi triturado e em seguida peneirado de maneira a utilizar-se apenas as
partículas com dimensão inferior a 4 mm. Mesmo sendo considerados a areia natural e os
azulejos triturados como agregados finos, os azulejos triturados foram considerados mais
grossos do que a areia natural de referência.
Foi utilizado cimento CEM II - B-M 32,5, superplastificante e areia natural. A areia natural foi
substituída pelos azulejos triturados, em diferentes percentagens de substituição (Quadro
2.13), com uma relação a/c constante de 0,5 e um traço 1:3,2 (cim:areia ou CT).
Quadro 2.13 - Composição das argamassas produzidas por Topçu (2010)
26
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Corinaldesi & Moriconi (2007) realizaram um estudo que teve como objectivo avaliar tanto o
comportamento mecânico como o reológico de argamassas cimentícias preparadas com três
diferentes tipos de agregado reciclado: uma com resíduos de betão (CON), outra baseada em
tijolos triturados (BRI) e outra com resíduos de demolição (REC). Os resíduos “CON” utilizados
foram obtidos de sobras de produção de elementos de betão pré-fabricados, para as misturas
com tijolos triturados “BRI” foram utilizados tijolos novos e os resíduos “REC” provieram da
demolição de um edifício. Os resíduos “REC” foram adequadamente tratados numa fábrica de
reciclagem e são compostos por 72% de betão, 25% de alvenaria e 3% de betume.
O traço manteve-se constante com o valor de 1:3 (cim:areia ou RCD) e o cimento utilizado foi o
CEM II - BL 32,5 R. A areia utilizada foi uma areia quartoza natural e neste estudo utilizou-se
apenas a parcela com dimensão menor do que 0,15 mm. Além de se ter variado o tipo de RCD,
variou-se também a relação a/c, como se pode ver pelo Quadro 2.14.
Quadro 2.14 - Composição das argamassas produzidas por Corinaldesi & Moriconi (2007)
Materiais constituintes (g)
Designação Relação a/c
Areia natural CON BRI REC
REF 0,6 135 - - -
CON 0,71 - 108 - -
BRI 0,91 - - 270 -
REC 0,78 - - - 108
Quadro 2.15 - Composição dos resíduos produzidas por Chen et al. (2002)
Materiais constituintes (%)
Tipo de resíduos
Betão Tijolos Telhas Outros
A 67,55 18,68 13,32 0,45
B 75,37 19,91 4,30 0,42
Para cada tipo de agregado, foram utilizadas diferentes relações a/c, assim como diferentes
traços, como se pode ver pelo Quadro 2.16. Estas argamassas foram efectuadas apenas com as
parcelas com dimensão inferior a 4 mm.
Pinto (1989) realizou um trabalho experimental em que foram ensaiadas argamassas
convencionais (CONV.), argamassas com RCD composto por resíduos do tipo 1 (RES.1) e por
RCD composto por resíduos do tipo 2 (RES.2). Os traços utilizados foram de 1:1:6, 1:2:12,
1:2:18 e 1:2:24 (cim:cal:areia ou RCD). As composições dos resíduos do tipo 1 e 2 são
apresentadas no Quadro 2.17.
27
Capítulo 2 - Estado da arte
Quadro 2.16 - Composição das argamassas produzidas por Chen et al. (2002)
No estudo de Miranda (2000), o autor concluiu que, para argamassas com inclusão de material
cerâmico, o consumo de água é superior ao que ocorre em argamassas com resíduos de betão
(Quadro 2.18). Este elevado consumo foi atribuído à alta absorção dos resíduos cerâmicos.
28
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Bavaresco (2001) observou que as argamassas com agregados reciclados consumiram quase
75% a mais de água, quando comparados com a areia natural, e que as argamassas com maior
consumo de água foram as produzidas com agregado composto com 100% de material
cerâmico (AGRI) seguidas pelas produzidas com agregado composto com 100% de RCD (AGRII)
(Figura 2.2). A argamassa de referência foi a que menos consumo de água obteve. Esta
situação deve-se ao facto dos agregados reciclados absorverem bastante mais água do que a
areia natural. No entanto, se se saturarem previamente os agregados antes da adição do
cimento, consegue-se uma argamassa com características próximas das que apresentam as
misturas correntes, preparadas com relações a/c semelhantes. Esta medida é dispensada na
parte experimental desta dissertação, optando-se, ao invés, pela adição, durante a
amassadura, da água total necessária, tanto para o processo de saturação dos agregados,
como para a hidratação do ligante.
1400
1200
Quantidade de água (g)
1000
800
AGRI
600
AGRII
400
Natural
200
0
0% 50% 70% 100%
% de substituição
No trabalho experimental desenvolvido por Silva (2006a), verificou-se que, quanto maior a
integração de resíduos de tijolo, maior é a quantidade de água a adicionar à argamassa
(Quadro 2.19).
Quadro 2.19 - Consumo de água (Silva, 2006a)
Designação Água (ml)
Portanto, em relação a argamassas correntes, na maior parte dos casos, é necessária uma
maior quantidade de água para produzir argamassa com agregados reciclados com
trabalhabilidade satisfatória. Porém, devido à absorção de parte dessa água pelos agregados
porosos, o conteúdo efectivo em água na pasta de cimento é inferior à quantidade total de
água na argamassa. Assim, em argamassas com agregados reciclados, deverá ser feita a
distinção entre razão a/c total e efectiva (Desmyter et al., 1999).
29
Capítulo 2 - Estado da arte
2.4.2.2) Trabalhabilidade/consistência
No estudo de Miranda e Selmo (1999), verificou-se que as argamassas que tinham agregados
cerâmicos incorporados apresentavam menor consistência do que outras argamassas com os
mesmos constituintes, mas com agregados reciclados provenientes de rebocos e betão (Figura
2.3). No entanto, neste estudo, todas as argamassas feitas com incorporação de RCD foram
consideradas dentro dos limites aceitáveis de trabalhabilidade.
310
Índice de consistência (mm)
300
30
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
250
240
Espalhamento (mm)
230
220
AGRII - 100%
210
200 AGRII - 70%
190 AGRII - 50%
180
Natural
170
0 15 30 45 60 75 90 105 120
Tempo (min)
Figura 2.4 - Resultados do ensaio de espalhamento (adaptado de Bavaresco, 2001) (ver Quadro 2.10)
350
Espalhamento (mm)
300
250 0%
25%
200
50%
150
75%
100 100%
0 5 10 15
Pancadas
No que diz respeito à massa volúmica das argamassas com integração de agregado reciclado,
os estudos efectuados encontram-se em conformidade, verificando em todos os casos uma
diminuição desta mesma massa volúmica, relativamente à argamassa com agregado natural
(nomeadamente areia).
No estudo de Levy (1997), observou-se que as argamassas com material cerâmico
apresentarem maiores massas volúmicas em comparação com as argamassas com resíduo de
argamassa endurecida (Quadro 2.20), devido à maior absorção de água do reciclado e ao seu
maior teor de finos.
31
Capítulo 2 - Estado da arte
No trabalho experimental de Miranda e Selmo (1999), verificou-se que a massa volúmica das
argamassas com inclusão de agregado fino proveniente de betão triturado era superior à dos
outros tipos de RCD, e que esta vai decrescendo conforme se aumenta a percentagem de
argamassa triturada na composição.
Miranda (2000), comparando as argamassas com o mesmo teor de finos, obteve maiores
massas volúmicas para aquelas com elevadas proporções de resíduo de betão (T6) e as
menores massas volúmicas para aquelas com elevadas proporções de resíduos cerâmicos (T2)
(Figura 2.6).
1915
1909
1910
Massa volúmica (kg/m3)
1905
1900 1898
1895
1890
1890
1885
1880
T2 T4 T6
Argamassas
Figura 2.6 - Resultados da massa volúmica (adaptado de Miranda, 2000) (ver Quadro 2.9)
A mesma situação é verificada por Bavaresco (2001), em que é possível observar que a massa
volúmica das argamassas produzida com RCD aumentou, quando foram sendo substituídos por
areia, sendo que, na argamassa com inclusão de betão, obteve uma massa volúmica superior à
da argamassa com resíduos cerâmicos (Figura 2.7). As argamassas produzidas com areia
natural apresentaram a maior massa volúmica.
2,1
Massa volúmica (kg/m3)
2
1,9
1,8
1,7 AGRI
1,6 AGRII
1,5 Natural
1,4
0% 50% 70% 100%
% de substituição
Figura 2.7 - Resultados da massa volúmica (adaptado de Bavaresco, 2001) (ver Quadro 2.10)
No estudo de Silva (2006a), verificou-se que a massa volúmica da argamassa, tanto em pasta
como no seu estado endurecido, foi decrescendo substancialmente à medida que se substitui
32
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
o agregado primário (areia) por resíduos de tijolo (Quadro 2.21). O autor justifica esta situação
com o facto de a massa volúmica dos agregados reciclados de tijolo ser menor do que a massa
volúmica da areia.
Quadro 2.21 - Resultados da massa volúmica em pasta e no estado endurecido (Silva, 2006a)
Massa volúmica no estado Massa volúmica em
Designação
endurecido (kg/m3) pasta (kg/m3)
1846,69 2066
1746,40 1967,5
(III)
1692,78 1881,8
1530,28 1756,9
Pedrozo (2008) verificou, também, uma redução da massa específica da argamassa, com o
aumento do teor de substituição do agregado fino natural pelo agregado fino reciclado (M1)
(Figura 2.8). Segundo o autor, essa redução da massa volúmica da argamassa deveu-se
principalmente à incorporação de ar na mistura. Os agregados reciclados possuem uma massa
volúmica menor em comparação com os agregados naturais, interferindo também na massa
volúmica da mistura.
2,1
Massa volúmica no estado fresco
2,08
2,06
2,04
(kg/dm3)
2,02
2 M1
1,98
1,96
1,94
0% 25% 50% 75% 100%
% de substituição
Figura 2.8 - Resultados da massa volúmica (adaptado de Pedrozo, 2008) (ver Quadro 2.12)
33
Capítulo 2 - Estado da arte
RCD. Já no traço 1:10, observa-se que a argamassa com resíduos de betão obteve resultados
mais baixos do que a argamassa com material cerâmico (Figura 2.10).
60
48,5 50
50
Retenção de água (%)
38,5 38 38 38 38
40
30
20
10
0
I II III IV V VI VII
Argamassas
Figura 2.9 - Resultados da retenção de água (adaptado de Hamassaki et al., 1997) (ver Quadro 2.7)
91
90
Retenção de água (%)
85
Resíduos de betão
84 (1:10)
25% 45% 65% 100%
% de argamassa moída na composição dos RCD
Levy (1995) destaca que, nas misturas M5 a M8, incorporando resíduos de betão, a retenção
de água foi inferior à das misturas M1a M4, as quais contêm maior percentagem de material
cerâmico (Figura 2.11). Assim, os resíduos de betão tendem a baixar a capacidade de retenção
de água da mistura.
Levy (1997), nas suas pesquisas, determinou a percentagem de retenção de água para as
argamassas preparadas, onde os melhores resultados foram obtidos com a utilização de RCD
composto por material cerâmico e argamassas endurecidas (Ca) (Figura 2.12). A argamassa
34
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
composta apenas por argamassas endurecidas (A) obteve, novamente, os valores mais baixos
de taxa de retenção de água.
90 82
80
69
70 66 65
Retenção de água (%)
60
50 45 46 47
44
40
30
20
10
0
M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8
Tipos de argamassas
Figura 2.11 - Resultados de retenção de água (adaptado de Levy, 1995) (ver Quadro 2.5)
60
50
Retenção de água (%)
40
30
Traço 1:3:8
20 Traço 11,5:6
10
0
c Ca cA A
Argamassas
Figura 2.12 - Resultados de retenção de água (adaptado de Levy, 1997) (ver Quadro 2.6)
No estudo de Bavaresco (2001), verificou-se que as argamassas com AGRII (resíduos de betão)
tiveram novamente uma ligeira redução na capacidade de retenção de água,
comparativamente com argamassas com AGRI (material cerâmico) (Figura 2.13). Todas as
argamassas produzidas com RCD apresentaram uma boa capacidade de retenção de água.
No trabalho de Silva (2006a), verificou-se que a retenção de água para a argamassa com areia
substituída por resíduos de tijolo (50% de substituição) é a que melhores desempenhos atinge
(maior retenção) (Figura 2.14).
35
Capítulo 2 - Estado da arte
99
98
97
Figura 2.13 - Resultados de retenção de água (adaptado de Bavaresco, 2001) (ver Quadro 2.10)
79
78
77
Retenção de água (%)
76
75
74
73
72
71
70
69
0% 50%
% de substituição
36
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
No estudo de Silva (2006a), verificou-se que a substituição da areia por resíduos de tijolo
diminui a absorção por capilaridade das argamassas em causa, até valores de 20 a 30%.
Entretanto, para teores maiores de substituição, esta parece originar um aumento
aproximadamente linear da absorção por capilaridade (Figura 2.15).
O autor justifica a melhor performance inicial com a combinação do (ainda que reduzido)
efeito pozolânico destes finos cerâmicos com o próprio efeito de fíler, ainda que a quantidade
de muito finos de cerâmico introduzidos seja apenas ligeiramente superior à existente na areia
substituída. Por outro lado, a diminuição da qualidade do desempenho a partir destes valores
(20 a 30% de substituição), segundo o autor, parece dever-se a uma quantidade demasiada de
reciclados cerâmicos, que absorvem muita água, o que não compensa uma hipotética
combinação do efeito pozolânico com o efeito de fíler, que prevalece até então.
0,95
Absorção capilar (kg/(m2.min0,5))
0,9
0,85
0,8
0,75
0,7
0,65
0,6
0% 20% 50% 100%
% de substituição
No estudo de Pedrozo (2008), notou-se um aumento na absorção capilar das argamassas com
o acréscimo do teor de substituição do agregado fino reciclado na mistura (Figura 2.16). Até
25% de substituição, praticamente não houve variação na absorção de água em relação à
argamassa de referência. O autor afirma que não se pode concluir que o aumento da absorção
capilar sofrida pelas argamassas, com agregado fino reciclado incorporado em relação à
argamassa de referência, deveu-se unicamente à presença de agregados reciclados na mistura.
O que existiu, realmente, foi uma mudança na estrutura interna com a adição desses
agregados reciclados.
37
Capítulo 2 - Estado da arte
Segundo Selmo (1986), a granulometria dos agregados para argamassas deve ser
preferencialmente contínua, o que conduz a uma melhor trabalhabilidade e a uma redução do
volume de pasta e dos efeitos da retracção por secagem dos revestimentos, como
consequência do menor consumo nas argamassas.
No estudo de Hamassaki et al. (1997), pode-se observar que as argamassas que apresentaram
maiores retracções por secagem foram aquelas com maior teor de resíduos de betão (VII) e
aquelas contendo tijolos cerâmicos maciços (III) (Figura 2.17). No caso de argamassas
contendo resíduos de betão, a retracção relativamente alta era de se esperar, já que este tipo
de resíduo apresenta absorção significativa. A retracção observada em alguns casos é bem
superior à das argamassas convencionais. Nas argamassas com mistura de areia natural e
agregados reciclados, os valores são muitas vezes próximos dos da argamassa convencional,
confirmando, pelos resultados desta pesquisa, os benefícios de se aplicar argamassas com
mistura de areia convencional e agregados reciclados, como realizado na prática.
0
-0,02 I II III IV V VI VII
-0,04
Retracção (%)
-0,06
-0,08
-0,1
-0,12
-0,14
Argamassas
Figura 2.17 - Resultados do ensaio de retracção por secagem de argamassas com RCD (adaptado de Hamassaki et
al., 1997) Fonte: Lima (1999) (ver Quadro 2.7)
38
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Devido ao nível relativamente elevado de água exigido pelos agregados reciclados, a retracção
aumenta com a sua adição (Kikuchi et al., 1998). Deste modo, a retracção depende da
densidade dos agregados, da porosidade do cimento aderente aos agregados e da sua
saturação (Mellman et al., 1999; Silva, 2005). Nos resultados obtidos por Silva (2006a), verifica-
se que as argamassas com incorporação de resíduo de tijolo reciclado retraem
substancialmente mais do que a argamassa de referência, sem qualquer incorporação de
reciclado (III(0)), como se pode observar na Figura 2.18. No entanto, entre as 3 argamassas
com incorporação de reciclado (20, 50 e 100%) não existe uma diferença tão substancial,
aumentando a retracção aos 80 dias de todas elas entre 33 e 43% face à argamassa
convencional, de referência.
Topçu (2010), na sua investigação experimental, verificou que a retracção aumenta com o
aumento de agregado reciclado (Figura 2.19), justificando o facto com a elevada absorção de
água do agregado reciclado, assim como o aumento da porosidade da argamassa. No entanto,
a largura das fissuras apresentou uma tendência decrescente em relação à série de referência,
devido à maior resistência à flexão e ao menor módulo de elasticidade das argamassas com
inserção de CT (azulejo triturado). O autor verificou também que o desenvolvimento da
fissuração é retardado e a fissuração inicial ocorre mais tarde.
0
-0,01 0 20 40 60 80
Variação dimensional (%)
-0,02
0%
-0,03
20%
-0,04
50%
-0,05 100%
-0,06
-0,07
Tempo (dias)
Tempo (dias)
Figura 2.19 - Resultados da retracção livre por secagem (adaptado de Topçu, 2010)
39
Capítulo 2 - Estado da arte
Segundo Dillman (1998), citado por Silva (2006a), a resistência mecânica (aos 28 dias)
depende, em primeiro lugar, do cimento contido e da relação a/c. Depende também da
qualidade do agregado reciclado e da taxa de substituição do agregado convencional pelo
agregado reciclado.
Silva (2006a) verificou que a resistência à flexão cresceu à medida que se substituiu a areia por
resíduos de tijolo até cerca de 20% de substituição. Daí em diante, para substituições de
quantidades superiores, a resistência decrescem (Figura 2.20). O autor justifica o acréscimo
inicial com a combinação do efeito pozolânico destes finos cerâmicos com o próprio efeito de
fíler, já mencionado anteriormente para a absorção de capilaridade. Outro facto é a
pozolanicidade poder dar-se também para partículas menos finas, se o material tiver essa
capacidade reactiva. Simplesmente, a maior finura e a consequente maior superfície específica
aumentam o potencial reactivo. Outra justificação plausível será algum efeito de pregagem da
pasta de cimento nos agregados (devido à sua maior porosidade e angulosidade). Por outro
lado, é possível que existam ainda outras ligações químicas (além da pozolanicidade) e físicas
(absorção, forma, rugosidade, entre outras) entre os materiais a contribuir para este
melhoramento das resistências.
No estudo de Pedrozo (2008), em comparação com a argamassa de referência, praticamente
todas as misturas tiveram uma resistência à flexão maior, devido principalmente, segundo o
autor, à redução da relação a/c livre nas misturas (Figura 2.21).
2,4
2,35
Tensão de rotura à flexão (MPa)
2,3
2,25
2,2
2,15
2,1
2,05
2
1,95
0% 20% 40% 60% 80% 100%
% de substituição
Uma das conclusões do estudo de Topçu (2010) foi que a argamassa com inserção de RCD
obteve maior resistência à flexão do que a argamassa de referência (Figura 2.22). A resistência
à flexão aumentou com o aumento de percentagem de substituição até 30%, decresceu até
60%, para 70% aumentou ligeiramente e voltou a decrescer até 100%, onde atingiu o seu valor
mínimo. Além disso, a resistência à flexão com 100% de agregado reciclado foi ainda maior do
40
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
que a argamassa de referência, nomeadamente para a resistência à flexão aos 28 dias. A razão
para isso, segundo o autor, poderá ser a superfície irregular dos grãos de agregado reciclado e
o maior vínculo entre a pasta de cimento e estes mesmos agregados reciclados, já
anteriormente referidos.
8,5
Tensão de rotura à flexão (MPa)
8
7,5
7
6,5
6
5,5
5
4,5
4
0% 20% 40% 60% 80% 100%
% de substituição
12
Tensão de rotura à flexão (MPa)
10
4 7 dias
2 28 dias
% de substituição
O estudo de Corinaldesi & Moriconi (2007) não está em conformidade com os autores citados
anteriormente, pois estes resultados mostram que as argamassas contendo RCD (REC, BRI e
CON) tiveram resultados mais baixos na resistência à flexão, particularmente com a inserção
de tijolo (BRI) (Figura 2.23). Os autores justificam este facto com base na menor massa
volúmica e maior absorção de água do agregado reciclado, em comparação com a areia
natural, sendo de esperar que as argamassas com inserção de RCD tenham tendência a
desenvolver menor resistência à flexão, particularmente no caso do RCD composto por
material cerâmico.
41
Capítulo 2 - Estado da arte
2 BRI
1 CON
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (dias)
Figura 2.23 - Resultados do ensaio à flexão (adaptado de Corinaldesi & Moriconi, 2007) (ver Quadro 2.14)
70
Resistência à compressão (kgf/cm2)
60
50
40 Traço 1:1:6
30 Traço 1:2:12
20 Traço 1:2:18
10 Traço 1:2:24
0
CONV RES. 1 RES. 2
Argamassas
Figura 2.24 - Resultados do ensaio à compressão (adaptado de Pinto, 1989) (ver Quadro 2.17)
Hamassaki et al. (1997) verificaram, no seu trabalho, que as resistências das argamassas
aumentaram com o acréscimo de teor de substituição de resíduos. Aos 7 dias, praticamente
todas as argamassas com reciclado atingiram resistências à compressão semelhantes à da
argamassa convencional e, aos 28 dias, as resistências foram superiores em relação à de
referência, como se pode verificar pela Figura 2.25. A argamassa com maior resistência à
compressão foi a composta por maior quantidade de resíduos de betão (VII).
Através da Figura 2.25, verifica-se que nas argamassas com inclusão de resíduos de betão (V,
VI e VII) há um crescimento de resistência à compressão.
42
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Figura 2.25 - Resultados do ensaio à compressão (Hamassaki et al., 1997) (ver Quadro 2.7)
Relativamente aos estudos efectuados por Levy (1995 e 1997), o autor observou que as
argamassas produzidas com RCD apresentaram um ganho de resistência de 20 a 100%
conforme o traço utilizado (Figura 2.26 e Figura 2.27). Particularmente as argamassas com
maiores conteúdos de material cerâmico, apresentam maiores resistências à compressão (M1,
M2 e M3). De acordo com o autor, isto pode ser explicado pela actividade pozolânica da
parcela cerâmica do resíduo e pelo alto conteúdo de finos, que funcionam como fíler na
mistura.
6
Resistência à compressão (MPa)
0
M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8
Argamassas
Figura 2.26 - Resultados do ensaio à compressão (adaptado de Levy, 1995) (ver Quadro 2.5)
Na Figura 2.28, pode-se observar os resultados obtidos por Bavaresco (2001), em que
novamente é demonstrado que as argamassas produzidas com RCD obtém valores mais altos
para a resistência à compressão.
Nas argamassas produzidas com o AGR II (resíduos de betão), verifica-se que as que
alcançaram maior resistência foram as com 70% de resíduo e que as argamassas com 100% de
43
Capítulo 2 - Estado da arte
Figura 2.27 - Resultados do ensaio à compressão (adaptado de Levy, 1997) (ver Quadro 2.6)
10
Resistência à compressão (MPa)
9
8
7
6
5 AGRI
4
AGRII
3
2 Natural
1
0
0% 50% 70% 100%
% de substituição
Figura 2.28 - Resultados do ensaio à compressão (adaptado de Bavaresco, 2001) (ver Quadro 2.10)
Assim como nos resultados da resistência à flexão de Silva (2006a), a resistência à compressão
cresce à medida que se substitui a areia por resíduos de tijolo até cerca de 40% de
substituição. A partir deste ponto, para substituições de quantidades superiores, a resistência
à compressão decresce (Figura 2.29). A justificação para esta situação, segundo o autor, é a
mesma que a dada no aumento da resistência à flexão, ou seja, o ainda que reduzido efeito
pozolânico.
44
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
9,5
8,5
7,5
6,5
6
0% 20% 40% 60% 80% 100%
% de substituição
Nos estudos realizados mais recentemente, os resultados não parecem estar em conformidade
com os autores supracitados.
Pedrozo (2008) verificou, no seu estudo, que houve uma diminuição na resistência à
compressão das argamassas com o aumento do teor de substituição dos agregados finos
reciclados. Essa diferença pode chegar a 18% para M1 para uma substituição de 100%. Aos 28
dias, até 50% de substituição houve uma diferença na resistência à compressão na ordem de
20% em relação à da argamassa de referência (Figura 2.30). Este autor utilizou um traço de
argamassa de 1:3 (cim:areia ou RCD), o que faz com que, para a argamassa de referência (0%),
o valor da resistência à compressão seja bastante elevado.
30
Resistência à compressão (MPa)
28
26
24
22
20
18
16
14
0% 20% 40% 60% 80% 100%
% de substituição
No estudo de Corinaldesi & Moriconi (2007), a resistência à compressão das argamassas com
incorporação de RCD resultaram mais baixas do que a da argamassa de referência (REF),
particularmente a argamassa com RCD composto por tijolo (BRI) (Figura 2.31). Só para a
argamassa produzida com RCD do tipo “CON” (resíduos de betão) é que o valor da força de
45
Capítulo 2 - Estado da arte
compressão aos 28 dias foi superior a 20 MPa. Neste caso, segundo os autores, a forma das
partículas (com arestas mais afiadas) desempenha um papel positivo na melhoria da ligação da
interface do agregado e a pasta de cimento circundante.
30
Resistência à compressão (MPa)
25
20
REF
15
REC
10
BRI
5 CON
0
0 5 10 15 20 25 30
Tempo (dias)
Figura 2.31 - Resultados do ensaio à compressão (adaptado de Corinaldesi & Moriconi, 2007) (ver Quadro 2.14)
Outro trabalho experimental, que é concordante com os de Corinaldesi & Moriconi (2007) e
Pedrozo (2008), é o de Topçu (2010), em que o autor também verifica que a resistência à
compressão decresce com o aumento de percentagem de substituição de RCD, tanto aos 7
como aos 28 dias (Figura 2.32). O autor justifica este facto com o aumento da porosidade da
argamassa, causada pela inserção do RCD.
45
Resistência à compressão (MPa)
40
35
30
25
20
15 7 dias
10 28 dias
5
0
% de substituição
Chen et al. (2002) obtiveram também argamassas com agregados reciclados (MA e MB) com
resultados de resistência à compressão mais baixos do que para a argamassa de referência
46
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
(MN), para a mesma relação a/c (Figura 2.33). Estes resultados mostram que a relação entre a
resistência à compressão e a relação a/c, nas três argamassas ensaiadas, segue uma certa
tendência (decrescente). A diferença entre a resistência da argamassa de referência para as
argamassas com agregados reciclados não depende da percentagem de a/c da mistura, mas
aumenta com o aumento da quantidade de agregado fino.
100
Resistência à compressão (MPa)
90
80
70
60
50 MA
40
30 MB
20 MN
10
0
0,38 0,46 0,6 0,67 0,8
Relação a/c
Figura 2.33 - Resultados do ensaio à compressão (adaptado de Chen et al., 2002) (ver Quadro 2.15)
Levy (1995) verificou que as argamassas produzidas com material cerâmico (M1 a M5)
apresentaram desempenho superior às argamassas produzidas com agregado reciclado de
betão (M6 e M7), ficando evidente a influência dos materiais cerâmicos reciclados na
capacidade de retenção de água e no aumento da resistência ao arrancamento. Relativamente
à argamassa com resíduos de betão, a diferença de capacidade resistente, comparativamente
à da argamassa de referência, não é considerada significativa (Figura 2.34).
0,6
0,5
Resistência (MPa)
0,4
0,3
0,2
0,1
0
M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7
Tipos de argamassas
Figura 2.34 - Resultados do ensaio de aderência (adaptado de Levy, 1995) (ver Quadro 2.5)
47
Capítulo 2 - Estado da arte
Nos estudos de Silva (2006a) e Bavaresco (2001), as argamassas que apresentaram maiores
resistências ao arrancamento foram as produzidas com material cerâmico (Figura 2.35 e Figura
2.36).
0,41
0,4
0,39
Resistência (MPa)
0,38
0,37
0,36
0,35
0,34
0,33
0,32
0,31
0,3
0% 50%
% de substituição
No caso de Bavaresco (2001), a argamassa convencional foi a que teve resultados de aderência
mais baixos (Figura 2.36). Segundo o autor, esta situação deve-se ao facto de as argamassas
com inserção de RCD apresentarem maior consumo de água. Como estas argamassas foram
aplicadas em paredes secas, a sucção da água pelo tijolo promove a penetração das
argamassas nos poros o que contribui para aumentar a resistência de aderência. No caso das
argamassas com areia natural, com consumo de água menor, poderá ter faltado água para
concluir a hidratação do cimento. As argamassas produzidas com RCD apresentaram boa
retenção de água e isto, segundo Pinto (1986), aumenta a resistência à aderência.
0,4
0,35
Resistência (MPa)
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
AGRI AGRII Natural
Argamassas
Figura 2.36 - Resultados do ensaio de aderência (adaptado de Bavaresco, 2001) (ver Quadro 2.10)
Corinaldesi & Moriconi (2007) obtiveram valores mais elevados de força de união entre a
argamassa e o suporte (neste caso tijolo) para argamassas preparadas com agregados
48
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
1,4
1,2
1
Resitência (MPa)
0,8
0,6
0,4
0,2
0
REF REC BRI CON
Argamassas
Figura 2.37 - Resultados do ensaio de aderência (adaptado de Corinaldesi & Moriconi, 2007) (ver Quadro 2.14)
Quadro 2.23 - Resultados do módulo de elasticidade (Levy, 1997) (ver Quadro 2.6)
Módulo de elasticidade (GPa)
49
Capítulo 2 - Estado da arte
Estes resultados coincidem com a conclusão retirada por Mellman et al. (1999), onde se refere
que o módulo de elasticidade tende a ser inferior com a inclusão de agregados reciclados,
comparativamente com os naturais. Segundo estes autores, citados em Silva (2006a), o
módulo de elasticidade tende a ser inferior em argamassas com inclusão de agregados
reciclados, comparativamente com as argamassas com agregados naturais. Ainda mais notável
é a diferença se os agregados reciclados forem derivados de alvenaria, em que a argamassa
apresenta módulo de elasticidade entre 10 a 30% inferior.
O mesmo aconteceu no trabalho experimental de Topçu (2010), onde os módulos de
elasticidade das argamassas com agregado reciclado resultaram muito menores do que o da
argamassa de referência (Figura 2.39). O valor máximo é obtido com percentagem de
substituição de 20% e o mínimo com 90%. A razão para isso, segundo o autor, poderá ser a
estrutura porosa e o menor módulo de elasticidade, do agregado reciclado, comparativamente
ao da areia natural.
16
Módulo de elasticidade (GPa)
14
12
10
8
6 2 meses
4 5 meses
2
0
0% 50%
% de substituição
70
Módulo de elasticidade (GPa)
60
50
40
30
20
10
0
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
% de substituição
50
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
2.4.2.11) Conclusão
51
Capítulo 2 - Estado da arte
52
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
A campanha experimental encontra-se dividida em duas fases distintas que passam a ser
descritas.
53
Capítulo 3 - Campanha Experimental
no estado fresco, como no seu estado endurecido. Esta primeira fase possui um carácter
selectivo, pois é ensaiada em segunda fase a argamassa que melhores resultados apresentar
nesta primeira. Os ensaios realizados são os apresentados no Quadro 3.1.
54
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
(cimento portland), dois agregados (areia do rio Tejo e resíduos de betão reciclado) e água da
rede pública.
Como tal, é de extrema importância conhecer as características individuais destes
constituintes, para posteriormente se poder analisar de uma maneira precisa, as
características das argamassas resultantes.
Todos os constituintes granulares foram inicialmente secos numa estufa (Figura 3.1), a uma
temperatura de 110 ± 5°C, durante aproximadamente 24 horas. Foram em seguida
armazenados numa câmara, devidamente isolados do ambiente exterior, até ao momento da
sua utilização (Figura 3.2).
3.3.1) Cimento
55
Capítulo 3 - Campanha Experimental
3.3.2) Areia
A areia utilizada foi a areia do rio Tejo (Figura 3.3), justamente por ser a mais utilizada na zona
de Lisboa. É uma areia bastante siliciosa, que reduz os factores secundários de variação, o que
permite analisar melhor a influência da inserção de RCD na mistura.
3.3.3) RCD
Os resíduos de betão utilizados foram obtidos por trituração de blocos de betão (classe
C30/37) com a composição apresentada no Quadro 3.6.
Para se obter betão como agregado fino, é necessário proceder à sua trituração (britagem).
Esta britagem realiza-se por um processo mecânico, com recurso a uma britadeira de maxilas
(Figura 3.5), no Laboratório de Construção existente no Departamento de Engenharia Civil e
Arquitectura (DECivil) do Instituto Superior Técnico (IST).
Segundo Fonseca (2009), a dimensão dos agregados britados resulta da regulação da abertura
entre maxilas (Figura 3.6), sendo esta conseguida através da inserção de placas de diferentes
espessuras que fixam as maxilas (Figura 3.7), consoante a espessura total de placas inseridas,
mais afastadas ou mais próximas entre si. Como o objectivo desta britagem é a aquisição da
parcela mais fina do betão triturado, será importante que a abertura escolhida minimize a
quantidade de desperdício, que neste caso é todo o material grosso (acima de 5 mm).
Com base nos trabalhos experimentais de Matias (2005) sobre diferentes aberturas e
correspondentes combinações de placas, e na dissertação de Fonseca (2009) sobre betão
56
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
estrutural com a incorporação de agregados grossos reciclados de betão, optou-se por regular
as maxilas para a abertura nº4, equivalente a 29 mm.
Através do Quadro 3.7, pode-se concluir que quanto maior for a espessura total das chapas
inseridas, menor será a abertura entre as maxilas, pelo que menor será a dimensão do
agregado triturado obtido.
Quadro 3.7 - Abertura das maxilas e combinações de placas de Matias (2006a), citado por Fonseca (2009)
Espessura das placas Espessura total Valor da abertura
Abertura
(mm) (mm) (mm)
1 25+8+8 41 0
2 25+6+4 35 5
3 25+6 31 8
4 25+4 29 9,5
5 25 25 12,5
6 8+8+6 22 15
7 8+8+4 20 16,5
Figura 3.4 - Blocos de betão para trituração Figura 3.5 - Inserção de betão na britadeira
57
Capítulo 3 - Campanha Experimental
Obtido o material triturado, realiza-se uma separação por fracções granulométricas, de modo
a obterem-se as granulometrias correspondentes à da areia.
Esta separação foi efectuada na máquina de vibração horizontal utilizada para fazer a análise
granulométrica da areia, com os mesmos peneiros, para se obterem precisamente as mesmas
granulometrias da areia.
Após o tempo de vibração adoptado, 2 minutos, os resíduos de cada peneiro são recolhidos
para um saco destinado a cada uma das diferentes granulometrias obtidas. Repete-se este
procedimento até que se obtenha a quantidade de resíduos de betão necessária. São
apresentadas no Quadro 3.5 as figuras correspondentes a cada uma das granulometrias
obtidas.
0,297 < # < 0,59 0,149 < # < 0,297 # < 0,149
3.3.4) Água
Relativamente à água, foi utilizada água da rede pública, e para se obter a melhor
trabalhabilidade, a sua quantidade foi ajustada especificamente para cada argamassa, através
do ensaio de consistência por espalhamento.
A argamassa é uma mistura ponderada de areia, ligante (neste caso cimento) e água, com ou
sem a inclusão de resíduos reciclados, sendo que as suas propriedades se desenvolvem
aquando da hidratação do cimento (vulgarmente designado por presa). Dependendo dos
materiais, e da ponderação utilizada na mistura, bem como da técnica de execução da mesma,
é possível obter-se uma diversidade de argamassas com diferentes níveis de desempenho e
durabilidade.
58
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
3.4.2) Traços
No que diz respeito ao traço, adoptou-se, para todas as argamassas, um traço em volume de
1:4, de acordo com outros estudos recentemente desenvolvidos, nomeadamente por Silva
(2006a) e Rodrigues (2004), que adoptam este valor por se tratar do traço mais utilizado em
argamassas de revestimento cimentícias.
Para além de ser um traço comum em argamassa cimentícias, considera-se que o traço 1:4,
comparativamente ao traço 1:3, pode apresentar, para a mesma trabalhabilidade, uma maior
economia de ligante, evitando, também, alguma retracção resultante deste excesso de ligante.
Com o objectivo de tornar mais rigorosa a produção das amassaduras, utilizaram-se traços em
massa obtidos a partir do traço em volume, baseando-se nos valores e no conceito de
baridade obtidos pelo processo descrito em 3.9.9.
Para além de questões relativas aos constituintes das argamassas, assim como aos traços
adoptados, são de extrema importância os procedimentos seguidos para a produção e
preparação dos provetes.
Pretende-se que as etapas descritas neste capítulo, sejam sempre realizadas com particular
rigor e sob as mesmas condições já que da sua correcta execução depende o sucesso da
campanha experimental.
3.5.1) Amassadura
59
Capítulo 3 - Campanha Experimental
raspadas as paredes do recipiente, de maneira a que o material entre todo na mistura. Por fim,
é ligado novamente o misturador, na mesma velocidade, durante mais 30 segundos.
Figura 3.8 - Colocação dos constituintes no recipiente Figura 3.9 - Colocação da água no recipiente
3.5.2) Prismas
Figura 3.10 - Aplicação do óleo descofrante Figura 3.11 - Molde para execução de provetes
prismáticos
60
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Figura 3.14 - Compactação da superfície da argamassa Figura 3.15 - Alisamento da superfície do molde
3.5.3) Cilindros
A aplicação da argamassa em tijolo é descrita ao longo dos ensaios onde a sua aplicação é
necessária.
Para cada ensaio existe um tipo de cura específico, que se passa a descrever:
tipo A - consta na colocação do molde num saco de plástico de polietileno (Figura 3.16),
criando uma humidade relativa de 95 ± 5%, durante 2 dias, numa sala à temperatura de 20 ± 2°
C (Figura 3.17); segue-se a desmoldagem e a manutenção dos provetes nas condições
referidas, durante 5 dias; após este período, são retirados os provetes do saco e deixados
permanecer na mesma sala, durante 21 dias, a uma humidade relativa de 65 ± 5% (Figura 3.8);
tipo B - consta da colocação do molde numa sala à temperatura de 23 ± 2 ºC (Figura 3.20) e
humidade relativa de 50 ± 5% durante 2 dias, seguindo-se a desmoldagem e a manutenção nas
condições referidas, durante os restantes 26 dias de cura;
61
Capítulo 3 - Campanha Experimental
tipo C - consta da colocação do molde num saco de plástico de polietileno, criando uma
humidade relativa de 95 ± 5%, durante 2 dias, numa sala à temperatura de 23 ±2°C; segue-se a
desmoldagem e a colocação dos provetes, durante os 26 dias restantes de cura, na mesma
sala, a uma humidade relativa de 50 ± 5%.
Figura 3.16 - Provetes dentro do saco de plástico Figura 3.17 - Sala a 20 ±2°C
equipamento em aço que inclui base com haste, molde tronco-cónico e recipiente
cilíndrico (Figura 3.20);
colher-concha;
62
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
tabuleiros;
espátula;
balança com precisão ±0,1 g (Figura 3.22).
Figura 3.20 - Equipamento de ensaio Figura 3.21 - Balança com precisão ±0,1 g
Procedimento:
Figura 3.22 - Material no molde tronco-cónico Figura 3.23 - Queda do material, por gravidade
Figura 3.24 - Alisamento da superfície do recipiente Figura 3.25 - Pesagem do recipiente com o material
63
Capítulo 3 - Campanha Experimental
Resultados:
(3.1)
em que,
- massa volúmica do material [g/dm3];
- massa do recipiente com a amostra [g];
- massa do recipiente [g];
- volume do recipiente, previamente conhecido [dm3].
Neste trabalho experimental, pretende-se efectuar uma substituição minuciosa (grão a grão)
da areia por resíduos de betão. Para melhor cumprir esta tarefa, realiza-se uma análise
granulométrica a uma amostra de areia, quantificando e caracterizando assim o material a
substituir na mistura. Desta análise, resultam curvas granulométricas que servem de base à
dosagem dos resíduos de betão. Foi também efectuada uma análise granulométrica aos
resíduos de betão, não sendo esta completamente necessária, dado que para a realização das
argamassas optou-se por manter a curva granulométrica da areia, como referido.
Devido à baixa dimensão das partículas da areia, foram apenas utilizados os peneiros com
dimensão igual ou inferior a 4,76 mm.
A metodologia de ensaio é fixada pela norma europeia EN 1015-1 (1998).
O equipamento utilizado neste ensaio é:
4,76
2,38
1,17
0,59
0,297
0,149
64
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Procedimento:
Resultados:
(3.2)
em que,
- percentagem retida em determinado peneiro [%];
- massa do material retido em determinado peneiro [g];
- massa total da amostra [g].
Este ensaio é executado sobre a argamassa em pasta, e tem por objectivo avaliar a
trabalhabilidade de cada argamassa.
Segundo a norma referida, o valor da consistência por espalhamento é uma quantificação da
65
Capítulo 3 - Campanha Experimental
fluidez e fornece uma indicação sobre a deformabilidade das argamassas quando submetidas a
determinada tensão.
Numa primeira fase, realizaram-se algumas argamassas de teste, com o objectivo de se poder
avaliar e corrigir a composição de cada uma das argamassas. Com isto, pretendia-se
determinar a quantidade óptima de água a utilizar em cada argamassa, optimizando a sua
trabalhabilidade.
Optou-se então por estipular que o resultado do espalhamento seria 175 ± 10 mm, tendo em
conta a trabalhabilidade obtida.
A metodologia de ensaio é fixada pela norma europeia EN 1015- 3 (1999).
O equipamento utilizado neste ensaio é:
Figura 3.28 - Molde tronco cónico sobre mesa de Figura 3.29 - Craveira analógica
espalhamento
66
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Legenda:
1 suporte
2 haste rotativa com manípulo
3 acessório de levantamento
4 molde cónico truncado
5 disco
6 mesa de prato rígida
7 câmara de levantamento
Procedimento:
Em primeiro lugar, são limpos a mesa de espalhamento, assim como o molde, com um pano
humedecido e deixa-se secar. Caso a mesa não tenha sido utilizada nas 24 horas anteriores ao
ensaio, deverão ser dadas 10 pancadas rodando a manivela da mesa, antes da realização do
ensaio.
De seguida, o molde na mesa de espalhamento é centrado e a argamassa é introduzida em
duas camadas. Em cada uma das duas camadas, são dadas 10 pancadas com o pilão, de
maneira a compactar a argamassa dentro do molde. Estas pancadas são efectuadas com uma
das mãos firmes na parte superior do molde, de maneira a este não se poder deslocar com a
força das pancadas (Figura 3.31).
Após o molde estar praticamente preenchido, o excesso de argamassa é retirado com a ajuda
da espátula (Figura 3.32) e é limpa a mesa de espalhamento, com especial cuidado em retirar
toda a água junto do molde (Figura 3.33).
Figura 3.31 - Argamassa a ser compactada pelo pilão Figura 3.32 - Nivelamento da superfície do molde
67
Capítulo 3 - Campanha Experimental
Figura 3.35 - Pancadas na mesa de espalhamento Figura 3.36 - Medição do diâmetro da amostra
Resultados:
Para cada argamassa, são efectuados dois ensaios de consistência por espalhamento, sendo
que a consistência resultante para cada argamassa é dada pela média das duas medições
diametrais.
Se os valores das duas medições não divergirem da sua média em mais de 10%, utiliza-se esta
média como o valor da consistência da argamassa. Caso contrário, repete-se o ensaio,
utilizando a mesma amostra e, se os novos resultados voltarem a divergir da média em mais de
10%, refaz-se a amassadura e repete-se o ensaio.
Com este ensaio, pretende-se avaliar a influência dos resíduos de betão na massa volúmica da
argamassa. É um ensaio simples e que, de uma maneira rápida, permite determinar a massa
volúmica da argamassa.
A metodologia de ensaio é fixada pela norma europeia EN 1015-6 (1998).
O equipamento utilizado neste ensaio é:
68
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Procedimento:
Figura 3.38 - Colocação da argamassa no recipiente Figura 3.39 - Compactação através de sacudidelas
cilíndrico
69
Capítulo 3 - Campanha Experimental
Resultados:
(3.3)
em que,
- massa volúmica da argamassa no estado fresco [g/dm3];
- massa do recipiente com a amostra [g];
- massa do recipiente [g];
- volume do recipiente, previamente conhecido [dm3].
A execução deste ensaio tem particular importância, dado que possibilita a averiguação das
consequências que a inserção de resíduos de betão tem na capacidade de retenção de água da
argamassa.
Este ensaio baseia-se na avaliação da retenção de água, através de um procedimento de
sucção, determinando-se assim a quantidade de água retida na argamassa após o referido
procedimento, sendo o resultado indicado em percentagem da água inicial retida na
argamassa.
A metodologia de ensaio é fixada pela norma europeia prEN 1015- 8 (1998).
O equipamento utilizado neste ensaio é:
70
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
a)
Legenda:
Procedimento:
Em seguida, a superfície da argamassa é coberta com gaze, e o papel de filtro é colocado por
cima. Imediatamente a seguir, o conjunto é colocado numa posição invertida sobre uma
superfície não absorvente (Figura 3.44). Após isto, um peso de 2kg é colocado por cima do
conjunto (na parte de trás do molde), e deixado permanecer nesta posição durante 5 min ±10
s (Figura 3.45). No final o conjunto é colocado na posição inicial e o papel de filtro é retirado,
sendo o primeiro novamente pesado na balança ( ) (Figura 3.46).
71
Capítulo 3 - Campanha Experimental
Figura 3.45 - Conjunto em posição invertida, com o Figura 3.46 - Papel de filtro após o ensaio
peso por cima
Caso a massa absorvida pelo papel de filtro exceder o valor de 10 g, o ensaio é repetido
usando mais quantidade de papel de filtro, respeitando sempre que o rácio entre a massa
absorvida pelo papel de filtro e o número de folhas seja inferior a 10 g por folha.
Resultados:
(3.4)
em que,
- retenção de água [%];
- perda relativa de água pela argamassa [%], que é dada pela seguinte fórmula:
(3.5)
em que,
- massa de água absorvida pelo papel de filtro [g], que é dada pela seguinte fórmula:
(3.6)
em que,
- massa final do papel de filtro [g];
- água contida na argamassa no molde [g].
72
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
- massa de água contida na argamassa no molde [g], que é dada pela seguinte fórmula:
(3.7)
em que,
- diferença entre a massa do molde com a argamassa e sem [g];
- água total contida na argamassa [g], que é dada pela seguinte fórmula:
(3.8)
em que,
- massa da água contida na preparação da argamassa total [g];
- massa da argamassa total [g].
Figura 3.47 - Craveira digital Figura 3.48 - Balança com precisão ±0,01g
73
Capítulo 3 - Campanha Experimental
Procedimento:
Figura 3.49 - Medição do comprimento do provete Figura 3.50 - Medição da largura do provete
Resultados:
Através das medições efectuadas aos provetes prismáticos, determina-se o volume de cada
provete, utilizando a seguinte fórmula:
(3.9)
em que,
(3.10)
74
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
em que,
As medições são efectuadas em 3 provetes de cada argamassa, com 28 dias em cura de tipo A,
considerando-se para efeitos de análise, o seu valor médio.
Procedimento:
Cada provete prismático é colocado sobre a base do suporte para ensaio de flexão (Figura
3.53), cujos pontos de apoio distam 100 mm, com as faces de moldagem em contacto com as
superfícies que transmitem a carga, para melhor contacto e perfeita perpendicularidade
relativamente aos pontos de apoio, como se pode ver na Figura 3.54. A carga é aplicada a meio
75
Capítulo 3 - Campanha Experimental
vão, através de um ponto de apoio superior, impondo uma força com um aumento uniforme
entre 10 e 50 N/s, ocorrendo a rotura num período entre 30 e 90 s.
Figura 3.53 - Acessório para ensaio de resistência à Figura 3.54 - Ensaio de resistência à flexão
flexão
Resultados:
(3.11)
em que,
- resistência à flexão [N/mm2];
- carga de rotura à flexão [N];
- distância entre apoios [mm];
- largura do provete [mm];
- espessura do provete [mm].
O ensaio é efectuado a 3 provetes de cada argamassa, com 28 dias de idade, em tipo de cura
A, considerando-se, para efeitos de análise, que o resultado final é dado pelo seu valor médio,
arredondado às décimas (0,1 N/mm2).
Procedimento:
76
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Figura 3.55 - Acessório para ensaio de resistência à Figura 3.56 - Ensaio de resistência à compressão
compressão
Resultados:
(3.12)
em que,
- resistência à compressão [N/mm2];
- carga de rotura à compressão [N];
- área da secção comprimida [mm2].
Este ensaio tem por objectivo avaliar a influência dos resíduos de betão na capacidade de
absorção de água por capilaridade da argamassa.
Neste procedimento, pretende-se medir o acréscimo de massa de água que ascende por
capilaridade, pela secção do provete prismático em contacto com a superfície da água. Quanto
menor o coeficiente de absorção, menor a velocidade de absorção dos fluidos,
particularmente de água e, por consequência, maior qualidade da argamassa.
Esta propriedade é deveras importante, já que dela depende a durabilidade das argamassas e,
como consequência, o seu comportamento ao longo da sua vida útil.
A metodologia de ensaio é fixada pela norma europeia EN 1015-18 (2002).
O equipamento utilizado neste ensaio é:
77
Capítulo 3 - Campanha Experimental
papel absorvente.
Figura 3.59 - Cera Figura 3.60 - Tina com as tiras de suporte para os
provetes
Procedimento:
Figura 3.61 - Marcação da divisão dos provetes Figura 3.62 - Corte a meio do provete
78
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Em seguida, o provete é retirado, a sua base imersa é brevemente passada com papel
absorvente (Figura 3.66) e é medida a sua massa na balança (Figura 3.67), voltando, depois, a
ser colocado na tina. Este procedimento é realizado 10, 30, 60, 90, 180, 300, 480 e 1440
minutos após a imersão inicial.
Figura 3.65 - Tina coberta Figura 3.66 - Provetes sobre o papel absorvente
Resultados:
(3.13)
em que,
- coeficiente de absorção de água por capilaridade [kg/m2.min0,5];
- massa do provete aos 90 minutos [g];
79
Capítulo 3 - Campanha Experimental
Este ensaio é efectuado a 3 provetes (semi-prismas) de cada argamassa, com 28 dias de idade,
em tipo de cura A, utilizando-se o valor médio para construir o gráfico que relaciona a massa
do provete com o tempo de imersão do mesmo.
Com este ensaio, pretende-se avaliar a influência dos resíduos de betão na rapidez de secagem
da argamassa de revestimento. Segundo Veiga (1998), a capacidade de impermeabilização do
reboco é determinada, por um lado, pela capacidade de resistir à penetração da água até ao
suporte (coeficiente de capilaridade baixo) e, por outro, pela capacidade de permitir a
eliminação rápida, por secagem, da água em excesso, logo que surjam condições atmosféricas
que o permitam.
Este ensaio é realizado logo após o término do ensaio de absorção de água por capilaridade,
utilizando-se os semi-prismas resultantes do mesmo ensaio.
O equipamento utilizado neste ensaio é o mesmo do que no ensaio de absorção de água por
capilaridade, descrito em 3.9.3.
Procedimento:
Após a última medição do ensaio de absorção de água por capilaridade, os provetes são
retirados da tina e colocados sobre tiras de apoio, numa sala à mesma temperatura, de
maneira a permitir a sua completa secagem (Figura 3.68).
No próprio dia, são efectuadas pesagens 30, 60, 90, 270 e 450 minutos após a pesagem inicial
e, nos dias seguintes, em intervalos de 24 horas, até se atingir um regime de massa constante.
Resultados:
80
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Uma das propriedades críticas do desempenho das argamassas, que deve ser controlada e
minimizada, é a sua susceptibilidade à fendilhação.
Este ensaio não está normalizado, pelo que é baseado na experiência anterior e no carácter
eliminatório do mesmo. É um ensaio simples e que, sem muito rigor, consegue detectar se a
argamassa é muito susceptível à fendilhação.
O equipamento utilizado neste ensaio é:
Procedimento:
Inicialmente, são colocadas tábuas nas faces laterais menores do tijolo, com a ajuda dos
grampos (um em cada extremidade), de modo a limitar a argamassa à área do tijolo (Figura
3.72). Seguidamente, é borrifada a face maior do tijolo (face virada para cima), pois, caso
81
Capítulo 3 - Campanha Experimental
contrário, a água destinada à hidratação da argamassa poderia ser absorvida pela superfície do
tijolo e provocar a dessecação da mesma.
Em seguida, a argamassa em pasta é colocada em toda a extensão da face, com uma espessura
de 2 cm, medida através da régua (Figuras 3.73 e 3.74). Procede-se, então, ao seu alisamento e
sarrafamento até a superfície ficar totalmente lisa (Figura 3.75).
Passados alguns minutos, quando a argamassa tiver ganho alguma presa, são retiradas as
tábuas e é colocado o tijolo no tipo de cura B (Figura 3.76).
Resultados:
Este ensaio é efectuado a 3 provetes de cada argamassa, com 28 dias de idade, em tipo de
cura B, e os resultados registados ao longo do tempo, através da observação dos tijolos e da
verificação da existência, ou não, de fissuração.
Figura 3.75 - Sarrafamento da argamassa Figura 3.76 - Tijolo pronto para a cura
82
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Este ensaio consiste na determinação das forças desenvolvidas por retracção restringida num
provete de revestimento, desde a moldagem, até aos 7 dias de idade, na determinação da
resistência à tracção ao fim do mesmo período de tempo e na determinação da curva força-
deslocamento durante o ensaio de tracção.
O ensaio em questão baseia-se numa técnica desenvolvida e validada por Veiga (1997), no
laboratório de ensaios de revestimento de paredes do LNEC (LNEC-LeRevPa) e descrita na ficha
de ensaio FE-Pa37.
O equipamento utilizado neste ensaio é:
Figura 3.77 - Aparelho que mede a retracção restringida Figura 3.78 - Equipamento de aquisição de dados
Procedimento:
Em primeiro lugar, os aparelhos são montados de forma a que a cabeça superior fique
imobilizada pelo parafuso, ligado ao transdutor de força.
Com os aparelhos na posição horizontal, a argamassa em pasta é colocada directamente no
aparelho (Figura 3.80), usando como base do molde placas de material acrílico (previamente
pinceladas com óleo lubrificante) e, como paredes do molde, as cabeças superiores e
inferiores e as varetas, também de material acrílico, fixas entre elas, criando um provete em
forma de osso (Figura 3.79).
Em seguida, as estruturas de suporte dos transdutores de deslocamento são aparafusadas e
iniciam-se as medições e os respectivos registos. Passadas duas horas as varetas laterais são
extraídas. Quando a argamassa atingir cerca de 18 horas de idade, os aparelhos são colocados
na vertical (Figura 3.81) e são extraídas as bases de material acrílico, de maneira a criar
condições de secagem idênticas nas duas faces.
Continua-se com o registo de forças, até à idade prevista para o ensaio de tracção.
83
Capítulo 3 - Campanha Experimental
Procedimento:
84
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Resultados:
Considera-se que a rotura se inicia com a abertura da 1ª fenda - detectável pela brusca
redução da força - e que termina com a anulação total da força. A resistência à tracção é dada
pela força máxima atingida no ensaio de tracção e verifica-se, em geral, imediatamente antes
da abertura da 1ª fenda.
O coeficiente de segurança à abertura da 1ª fenda ( ), é dado pela seguinte
fórmula:
(3.14)
em que,
- resistência à tracção [N];
- força máxima medida durante o ensaio de retracção restringida [N].
(3.15)
em que,
- energia de rotura no ensaio de tracção [N.mm].
85
Capítulo 3 - Campanha Experimental
Procedimento:
Inicialmente, são colocados pernos nas extremidades dos provetes, no momento da sua
moldagem (ainda com a argamassa em pasta) (Figura 3.84).
Após o tempo de cura, os provetes são pesados com os pernos integrados e é medido o seu
comprimento. Em seguida, são colocados os provetes no instrumento de medição apropriado,
com o eixo longitudinal na vertical, suspendidos apenas pelo perno (Figura 3.85).
Por fim, anota-se o seu peso e comprimento ao longo do tempo, ou seja, passadas
3,6,7,10,14,21,28,40,56,70,80 e 90 dias de medição inicial.
Figura 3.84 - Colocação dos pernos no molde Figura 3.85 - Pesagem do provete
86
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Resultados:
(3.16)
em que,
- variação específica de comprimento [%];
- diferença entre o comprimento final e o inicial do provete [mm];
- comprimento inicial do provete [mm].
O ensaio realiza-se a 3 provetes de cada argamassa, com 28 dias de idade, em tipo de cura B,
considerando-se, para efeitos de análise, o seu valor médio.
Este é um ensaio com extrema relevância, pois possibilita a análise de uma das componentes
mais relevantes numa argamassa de revestimento: a sua aderência ao suporte.
Adoptou-se uma metodologia que determina a força necessária para provocar o
arrancamento, por tracção, de uma área de argamassa aplicada sobre um suporte, ao qual se
pretende avaliar a aderência da argamassa.
A metodologia de ensaio é fixada pela norma europeia EN 1015-12 (1999)
O equipamento utilizado neste ensaio é:
87
Capítulo 3 - Campanha Experimental
Procedimento:
Inicialmente, são colocadas as tábuas nas faces laterais menores do tijolo, com a ajuda dos
grampos, e é borrifado o suporte ao longo da sua maior superfície. Em seguida, a argamassa
em pasta é colocada em toda a extensão da superfície, com uma espessura de 2 cm. Procede-
se, então, ao seu alisamento e sarrafamento, até a superfície ficar totalmente lisa.
Após a cura do provete, são feitas as marcações dos locais de entalhe, com aproximadamente
50 mm de diâmetro (Figura 3.89). Para efectuar estes entalhes, é utilizado um berbequim
munido de broca craniana diamantada, montado numa coluna vertical, de maneira a descer
sobre o provete e efectuar os entalhes circulares (Figura 3.90). Este entalhe é realizado com 2
cm de espessura, até atingir a superfície do tijolo.
Em seguida, são coladas as pastilhas aderentes com resina epóxida nas áreas de teste (Figura
3.91), evitando que qualquer excesso de cola flua para a zona de corte. Aplica-se uma força
ortogonal à pastilha, através do acessório de arrancamento, impondo uma força com um
aumento uniforme entre 0,003 e 0,1 (N/ mm2.s) e ocorrendo rotura num período entre 20 a 60
s após o início do carregamento (Figuras 3.92 e 3.93). Qualquer ensaio no qual a cedência
tenha ocorrido na zona de transição, de colagem entre a pastilha e a argamassa, é rejeitado.
88
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Figura 3.91 - Colocação da cola nas zona de corte Figura 3.92 - Acessório de arrancamento
Resultados:
A tensão obtida no ensaio representa a tensão de aderência ou um seu limite inferior. Este
valor é dado em função do tipo de rotura podendo obter-se, num ensaio válido, uma fractura
do tipo coesiva ou adesiva.
Caso a rotura seja adesiva, esta ocorre na interface entre o reboco e o suporte, sendo o valor
de ensaio igual à força de aderência (Figura 3.90). Por outro lado, se se obtiver rotura coesiva,
esta ocorre algures no reboco ou no suporte, sendo a força adesiva maior do que a registada
no ensaio (Figuras 3.91 e 3.92).
Legenda:
1 cabeça de arrancamento
2 película adesiva
3 argamassa
4 suporte
89
Capítulo 3 - Campanha Experimental
Figura 3.95 - Fractura de coesão, pelo reboco Figura 3.96 - Fractura de coesão, pelo suporte
(3.17)
em que,
- tensão de aderência [N/mm2];
- carga de rotura [N];
- área de contacto da pastilha com a argamassa [mm2].
O ensaio realiza-se a 3 provetes de cada argamassa, com 28 dias de idade, em tipo de cura A,
considerando-se, para efeitos de análise, o seu valor médio.
90
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Procedimento:
Após uma pesagem prévia, o provete é colocado com uma das suas faces maiores e menos
rugosas, sobre um suporte adequado (Figura 3.90). Em seguida, aproximam-se de cada uma
das extremidades do provete, a fonte emissora e a unidade de recepção (Figura 3.91). Liga-se
então o oscilador de frequência variável, que alimenta o vibrador, registando as amplitudes
das vibrações correspondentes. As condições de ressonância estabelecem-se quando se obtém
amplitudes máximas e a frequência de ressonância fundamental longitudinal corresponde à
frequência mais alta, para a qual se obtém uma amplitude máxima.
Resultados:
(3.18)
em que,
- tensão de aderência [MPa];
- comprimento longitudinal do provete [m];
- frequência da ressonância longitudinal [Hz];
- massa volúmica do provete [kg/m3].
O ensaio é efectuado a 3 provetes de cada argamassa, com 28 dias de idade, em tipo de cura
A, considerando-se, para efeitos de análise, o seu valor médio.
91
Capítulo 3 - Campanha Experimental
Procedimento:
Figura 3.99 - Colocação da água dentro do molde Figura 3.100 - Colocação do provete no molde
Resultados:
92
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
(3.19)
em que,
- permeabilidade ao vapor de água [kg/m2.s.Pa];
- área do disco [m2];
- diferença de pressão entre a água no interior e o ambiente exterior [Pa];
- fluxo do vapor de água [kg/s];
- coeficiente de resistência ao vapor de água da caixa de ar [0,048 x 109
Pa.m2.s/kg por cada 10 mm de caixa de ar].
O ensaio é efectuado a 5 provetes de cada argamassa, com 28 dias de idade, em tipo de cura
C, considerando-se, para efeitos de análise, o seu valor médio.
93
Capítulo 3 - Campanha Experimental
94
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Neste capítulo, são apresentados os resultados obtidos através dos ensaios efectuados na
campanha experimental, tanto os ensaios aos constituintes como às argamassas, descritos no
capítulo 3. Analisam-se todos os resultados, recorrendo-se para tal a representações gráficas,
quadros simplificados e comparações com outros estudos. Apresentam-se ainda, em anexo, os
quadros com os resultados detalhados (individuais) de cada ensaio.
2,38 1074,47
1,19 1063,73
Resíduos de betão
retidos no peneiro (mm)
0,59 1049,73
0,297 992,47
0,149 842,00
Areia 1432,53
Cimento 1035,40
Como se pode verificar através da Figura 4.1, a massa volúmica aparente dos resíduos de
betão apresenta uma tendência decrescente em função da diminuição da granulometria
destes mesmos resíduos. Esta tendência já era prevista, dado que os resíduos com menor
95
Capítulo 4 - Apresentação e análise dos resultados
dimensão são constituídos maioritariamente por pasta cimentícia, que possui uma massa
volúmica substancialmente inferior à dos agregados (mais precisamente 1035,40 kg/dm 3).
Quanto menor a dimensão das partículas, maior a quantidade de pasta cimentícia,
comparativamente à quantidade de agregado, assim como quanto mais pequenas forem estas
partículas, mais vazios possuem entre si. Logo, mesmo que a massa volúmica real fosse
idêntica, a massa volúmica aparente seria sempre menor.
Estes resultados estão em conformidade com o estudo de Silva (2006a), em que a massa
volúmica aparente dos resíduos de tijolo foi decrescendo com a diminuição do tamanho das
partículas, mesmo sendo estas de tijolo, ao invés de betão.
1100,0
Massa volúmica aparente
1050,0
1000,0
(kg/dm3)
950,0
900,0
850,0
800,0
750,0
Refugo 0,149 0,297 0,59 1,19 2,38
Granulometria (mm)
Figura 4.1 - Massa volúmica aparente para as diferentes granulometrias dos resíduos de betão
Como descrito no subcapítulo 3.7.2, a análise granulométrica dos resíduos de betão, assim
como a da areia, seguiu a metodologia e princípios expostos na norma europeia EN 1015-1
(1998). No Quadro 4.2, são apresentados os dados de base para a elaboração das curvas
granulométricas da areia e dos RCD (Figura 4.2).
Quadro 4.2 - Valores de distribuição granulométrica parcial, em percentagem de peso total de cada um
Granulometria da Granulometria
Abertura do peneiro (mm)
areia (%) dos RCD (%)(1)
4,76 0,01 22,45
2,38 0,64 21,84
1,19 8,27 20,83
0,59 36,57 16,83
0,297 34,89 8,64
0,149 18,97 8,34
Refugo 0,64 1,08
(1) Em todas as composições, a parcela de RCD utilizada tinha exactamente a mesma
granulometria do que a da areia.
96
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
120,0
80,0
60,0
0,0
Esta fase tem como objectivo apresentar e analisar os resultados dos ensaios de caracterização
e de comportamento, conseguindo assim, fazer uma selecção correcta da argamassa a ensaiar
em segunda fase.
97
Capítulo 4 - Apresentação e análise dos resultados
Os resultados da consistência por espalhamento são apresentados no Quadro 4.3, assim como
a quantidade de água necessária na amassadura e a relação a/c de cada uma das argamassas.
Quadro 4.3 - Água necessária para amassadura de modo a que cada argamassa fique com boa trabalhabilidade e
respectivos resultados do ensaio de espalhamento e de relação a/c
Água necessária por dm3 de Espalhamento
Designação Relação a/c
argamassa (ml) (mm)
Como se pode verificar através da Figura 4.3, a argamassa com menor quantidade de água na
sua composição foi a de referência (0%). A explicação para tal prende-se com o facto de os
resíduos de betão serem bastante mais porosos e, como consequência, possuírem uma
capacidade de absorção de água maior do que a da areia natural. Estes resultados estão de
acordo com a bibliografia consultada, destacando-se os estudos de Bavaresco (2001) e Silva
(2006a) (Figura 2.3 e Quadro 2.19), em que as argamassas com agregados reciclados, tanto as
com inclusão de material cerâmico como de betão, tiveram consumos de água superiores, na
altura da amassadura, comparativamente às argamassas convencionais.
520
Quantidade de água (ml/dm3)
510
500
490
480
470
460
450
0% 20% 50% 100%
Percentagem de RCD na argamassa
3
Figura 4.3 - Água necessária por dm de argamassa
Relativamente à quantidade de água das misturas com RCD (20, 50 e 100%), observou-se que,
à medida que se aumentou a percentagem de substituição de RCD, a quantidade de água na
amassadura foi diminuindo, quase linearmente. Mesmo que se esteja a substituir a areia por
resíduos de betão triturados exactamente na mesma quantidade, no último peneiro (com
dimensão inferior a 0,149 mm) não se limitou a dimensão menor das partículas, sendo natural
que ficassem retidas partículas muito mais finas nos resíduos de betão, comparativamente
com a parcela corresponde de areia. Assim sendo, estas partículas mais finas presentes nos
98
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
RCD vão acabar por produzir um efeito de fíler e melhorar a trabalhabilidade da mistura. Esta
melhoria de trabalhabilidade foi notória na altura da amassadura, pois a mistura foi ficando
cada vez mais trabalhável (à medida que se aumentava a percentagem de RCD), além de se
terem obtido pastas mais homogéneas e com menor efeito de segregação. Através do Quadro
4.3, verifica-se que a relação a/c entre as argamassas com inserção de RCD (20, 50 e 100%),
não apresenta diferenças significativas (cerca de 1% em 30% de adição de RCD).
Esta situação não é verificada em todos os estudos anteriores, nomeadamente em Silva
(2006a) e Bavaresco (2001), em que, à medida que se aumenta a quantidade de agregados
reciclados, a quantidade de água também aumenta (Figura 2.2 e Quadro 2.19). No caso de
Silva (2006a), o agregado reciclado utilizado é composto por resíduos de tijolo, que é um
material mais poroso do que os resíduos de betão, obrigando a um maior consumo de água.
Bavaresco (2001) optou por introduzir cal na mistura, na mesma quantidade do cimento,
provocando assim o aumento de ligante e, como tal, o maior consumo de água na mistura.
0% 1923,35 8,23
1940
1920 1923,35
Massa volúmica (kg/m3)
1909,85
1900
1880
1860 1862,5
1840
R² = 0,9907
1820 1791,7
1800
1780
0 20 40 60 80 100
% de substituição
Figura 4.4 - Massa volúmica em pasta para as diferentes percentagens de substituição estudadas e respectivas
interpolações a partir dos resultados obtidos
99
Capítulo 4 - Apresentação e análise dos resultados
Como se pode verificar, os valores da massa volúmica em pasta decrescem, de forma linear, à
medida que se aumenta a quantidade de resíduos de betão. Esta situação pode ser explicada
pelo facto de a massa volúmica dos resíduos de betão ser substancialmente menor do que a
massa volúmica da areia, como se pode constatar pelo Quadro 4.1. Estes valores vão ao
encontro dos estudos até então efectuados, constatando-se que em todos os casos a massa
volúmica diminui, relativamente à argamassa de referência.
Os resultados vão ao encontro dos estudos já efectuados, nomeadamente Silva (2006a) e
Pedrozo (2008), em que a massa volúmica apresentou um comportamento decrescente com o
aumento de resíduos de betão na sua composição (Quadro 2.21 e Figura 2.8). No estudo de
Bavaresco (2001), a massa volúmica da argamassa de referência também resultou superior às
das argamassas com agregado reciclado, tanto de materiais cerâmicos, como de resíduos de
betão (Figura 2.7).
0% 1725,84 15,32
1760
1740 1746,82
1725,84
Massa volúmica (kg/m3)
1720
1700
1689,56
1680
1660
1640
1620
1600 1569,51
1580
1560
0 20 40 60 80 100
% de substituição
Figura 4.5 - Massa volúmica no estado endurecido para as diferentes percentagens de substituição estudadas e
respectivas interpolações a partir dos resultados obtidos
100
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
A justificação para tal é a mesma que a dada para a diminuição da massa volúmica das
argamassas em pasta.
O ligeiro acréscimo inicial da massa volúmica prende-se com a possível diminuição de vazios,
devido ao efeito de fíler que se espera que esta argamassa tenha sofrido, fazendo, assim, com
que a sua massa volúmica aumente (maior massa para o mesmo volume). A partir de 20% de
substituição, o efeito de fíler deixará de ser preponderante, dado que a quantidade de
resíduos de betão vai aumentando em percentagem e a sua influência começa a ser mais
significantiva que o efeito de fíler que a parcela mais fina possa provocar.
Estes valores estão de acordo com a bibliografia consultada, dando especial destaque ao
estudo de Silva (2006a), em que a massa volúmica das argamassas no estado endurecido teve
o mesmo tipo de comportamento (linearmente decrescente).
8
7,38
Resistência à compressão (MPa)
7,5
7
6,5
6
5,5
5,34
5 5,15
4,5
4 3,91
3,5
3
0 20 40 60 80 100
% de substituição
Figura 4.6 - Resultados do ensaio de resistência à compressão para as diferentes percentagens de substituição
estudadas e respectivas interpolações a partir dos resultados obtidos
101
Capítulo 4 - Apresentação e análise dos resultados
2,5
2,15
0,5
0
0 20 40 60 80 100
% de substituição
Figura 4.7 - Resultados do ensaio de resistência à flexão para as diferentes percentagens de substituição
estudadas e respectivas interpolações a partir dos resultados obtidos
Como se pode verificar, através das Figuras 4.6 e 4.7, a tensão de rotura apresentou um
comportamento semelhante à flexão e à compressão. As resistências à flexão e compressão
apresentam um comportamento crescente até 20% de substituição, decrescem ligeiramente
para 50% e voltam a crescer até atingir o seu valor máximo, com a percentagem de
substituição de 100%.
Comparando os resultados obtidos com os de Silva (2006a), os resultados de resistência, tanto
à flexão como a compressão, até 50% de substituição, apresentaram uma tendência
semelhante, exceptuando o acréscimo final para a argamassa com 100% de substituição.
Esta situação pode ter como causas vários factores. Em primeiro lugar, as partículas de betão
possuem uma superfície específica maior e são mais angulosas e porosas do que a areia,
criando assim uma ligação melhorada com o cimento existente na mistura. Para além disso,
estes resíduos contêm possivelmente alguma pasta de cimento ainda não hidratada que, ao
entrar em contacto com a água da nova amassadura, passa a completar as suas reacções
hidráulicas e concluir a presa, fazendo assim com que haja mais coesão e resistência entre as
partículas.
A argamassa com 100% de RCD é aquela que, de entre as argamassas com integração de
resíduos de betão, menos água possui na sua composição, ou seja, para a mesma quantidade
de cimento, esta mistura contém menos água, reduzindo-se assim o volume de vazios e
criando mais coesão entre as partículas e maior resistência à argamassa.
Estes resultados estão de acordo com vários autores, nomeadamente Hamassaki et al. (1997),
que, das várias argamassas que ensaiou, obteve melhores resultados de resistência à
compressão na mistura com 100% de resíduos de betão (Figura 2.27). Nos estudos de Levy
(1995 e 1997), de Bavaresco (2001) e de Corinaldesi & Moriconi (2007), a resistência à
compressão das argamassas com resíduos de betão também foi superior à das argamassas de
referência ou de argamassas com outros tipos de agregado reciclado (nomeadamente
materiais cerâmicos).
Relativamente a outros estudos, em que a resistência à compressão resultou inferior para as
argamassas com agregados reciclados, mais precisamente no estudo de Pedrozo (2008), além
102
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
de o autor ter utilizado um traço de 1:3 (cim:areia), estes agregados foram compostos por
agregados reciclados de vários tipos, diminuindo assim a ligação entre as partículas.
No que diz respeito à resistência à flexão (Figura 4.7), os resultados obtidos estão novamente
de acordo com os estudos realizados, como no estudo de Pedrozo (2008), em que a argamassa
com 100% de substituição por agregado reciclado obteve a máxima resistência à flexão (Figura
2.23). Em Corinaldesi & Moriconi (2007), embora a argamassa de referência tenha obtido
valores de resistência superiores aos das argamassas com agregados reciclados de tijolos (BRI)
e de uma mistura de RCD (REC), a argamassa com resíduos de betão (CON) foi a que, aos 28
dias de idade, obteve melhores resultados de resistência à flexão (Figura 2.23).
No estudo de Topçu (2010), com a inserção de azulejos triturados, a argamassa de referência
obteve os resultados mais baixos no ensaio de resistência à flexão, tendo-se atingido o valor
máximo de resistência para a substituição de 30% de RCD. Com 100% de substituição, o autor
obteve resultados superiores aos das misturas com outras percentagens de agregado
reciclado, embora superiores aos da argamassa de referência (Figura 2.24). Estes resultados
assemelham-se aos de Silva (2006a), em que o agregado reciclado utilizado foi resíduos de
tijolo.
1,4
Coeficiente de capilaridade
0,8 0,957
0,6
0,4
0,2
0
0 20 40 60 80 100
% de substituição
Figura 4.8 - Resultados do ensaio de absorção de água por capilaridade para as diferentes percentagens de
substituição estudadas e respectivas interpolações a partir dos resultados obtidos
103
Capítulo 4 - Apresentação e análise dos resultados
265
260
230 50%
225 100%
220
215
0 500 1000 1500
Tempo (min)
Figura 4.9 - Resultados do ensaio de absorção por capilaridade para as diferentes percentagens de substituição
104
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
24,0
22,0
20,0
18,0
Água evaporada (g/mm2)
16,0
14,0
0%
12,0
10,0 20%
8,0 50%
6,0 100%
4,0
2,0
0,0
0 20 40 60 80 100 120 140
Tempo (min0,5)
Figura 4.10 - Relação entre a raiz quadrada do tempo e a água evaporada dos provetes
105
Capítulo 4 - Apresentação e análise dos resultados
106
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
0% 63,81 0,032
20% 89,26 0,022
Tendo em conta os resultados apresentados, pode-se afirmar que a argamassa com inserção
de resíduos de betão (20%) apresenta maior retenção de água, em comparação com a
argamassa de referência (0%). Esta retenção de água parece ser um factor bastante positivo,
na medida em que, quanto mais água a argamassa retiver, mais provável será a hidratação do
cimento presente na mistura, promovendo um endurecimento adequado da argamassa e,
consequentemente, um ganho de resistência mecânica e de aderência (Resende, 2001).
Segundo Silva (2006a), a retenção de água é vantajosa para evitar a sucção rápida por parte do
suporte e a evaporação, que dessecam a argamassa e impedem a hidratação completa do
cimento, caso em que parte do cimento passa a funcionar apenas como fíler.
Deste modo, pode-se concluir que a maior retenção de água da argamassa com 20% de
substituição face à argamassa de referência implica uma melhoria da argamassa, uma vez que
se estará assim a tirar um melhor partido das propriedades ligantes do cimento, que terá
maior probabilidade de atingir a hidratação completa, desde que isso não implique um
significativo decréscimo da qualidade das argamassas face a outras propriedades.
Estes resultados não estão em conformidade com alguns estudos efectuados até à data. No
estudo de Hamassaki et al. (1997), a retenção de água para argamassas com inserção de
resíduos de betão resultou bastante menor do que tanto a argamassa de referência como as
argamassas com materiais cerâmicos (em que esta obteve a melhor percentagem de retenção
de água) (Quadro 2.10). Neste caso, as argamassas com resíduos de betão continham também
resíduos de outros tipos, nomeadamente de materiais cerâmicos, o que faz com que a mistura
possua mais vazios (dado que a forma das partículas difere de resíduo para resíduo) e que
permita, assim, mais facilmente, perda de água.
107
Capítulo 4 - Apresentação e análise dos resultados
Em Silva (2006a), a argamassa com inserção de resíduos de tijolo foi a que obteve maior
capacidade de retenção de água (Figura 2.14), estando em conformidade com estes
resultados, mesmo sendo um agregado de natureza diferente e com maior absorção de água.
2 0,0000 0,0000
3 - -0,0031
6 -0,0034 -
7 -0,0037 -
8 - -0,0080
10 -0,0042 -0,0090
14 -0,0048 -0,0097
21 -0,0052 -0,0107
28 -0,0058 -0,0112
34 -0,0060 -
41 -0,0064 -
42 - -0,0119
56 -0,0065 -0,0123
70 -0,0069 -0,0129
80 -0,0071 -
86 -0,0072 -
90 -0,0073 -
91 - -0,0134
108
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
-0,002
Variação dimensional (%)
-0,004
-0,006
-0,008 20%
0%
-0,01
-0,012
-0,014
-0,016
Tempo (dias)
Estes resultados estão de acordo com a bibliografia consultada, tanto no estudo de Silva
(2006a), como no de Topçu (2010), em que os agregados reciclados utilizados foram materiais
cerâmicos e azulejos. Nestes estudos, as argamassas com este tipo de reciclados retraíram
bastante mais do que as respectivas argamassas de referência (Figuras 2.18 e 2.19). No estudo
de Hamassaki et al. (1997), as argamassas que apresentaram maiores retracções por secagem
foram aquelas com maior quantidade de resíduos, tanto de material cerâmico como de betão
(Figura 2.19), estando assim em conformidade com os resultados obtidos.
109
Capítulo 4 - Apresentação e análise dos resultados
110
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
350
300
250
Força (N)
200
150 0%
20%
100
50
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
Deslocamento (mm)
111
Capítulo 4 - Apresentação e análise dos resultados
Argamassa - 0%
400
350
300
250
200
Força (N)
1
150
2
100
50 3
0
-50 0 50 100 150 200
-100
Tempo (horas)
Figura 4.14 - Força aplicada nos provetes da argamassa de referência em função do tempo
Argamassa - 20%
350
300
250
200
Força (N)
150 1
100 2
50 3
0
-50 0 50 100 150 200
-100
Tempo (horas)
Figura 4.15 - Força aplicada nos provetes da argamassa com 20% de substituição em função do tempo
112
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
energia de rotura, dada pelo valor do parâmetro CREF (coeficiente de resistência à evolução da
fendilhação - Quadro 3.10), este resultou ligeiramente inferior, aumentando assim a sua
susceptibilidade à fendilhação.
113
Capítulo 4 - Apresentação e análise dos resultados
com RCD na capacidade de aderência ao suporte, este resultou ligeiramente pior do que o da
argamassa de referência, mas dentro dos limites estipulados em Veiga (2005) (Quadro 4.14).
Em relação à permeabilidade ao vapor de água, pode-se afirmar que o comportamento da
argamassa com inclusão de RCD foi ligeiramente superior ao da argamassa de referência. Logo,
pode-se concluir que esta argamassa apresenta um desempenho melhorado face à capacidade
de permitir a libertação do vapor de água, facilitando assim a secagem do próprio
revestimento. Estes valores estão, novamente, dentro do estipulado em Veiga (2005) (Quadro
4.14).
No que diz respeito à susceptibilidade à fendilhação, pode-se afirmar que os resultados foram,
em geral, ligeiramente inferiores aos da argamassa de referência. Além de os resultados da
variação dimensional terem resultado superiores para a argamassa com RCD, o módulo de
elasticidade também foi superior, resultando assim num pior desempenho desta argamassa no
que diz respeito à susceptibilidade de fendilhação. Este ligeiro decréscimo de desempenho
veio a ser confirmado pelo ensaio de retracção restringida realizado, em que para a argamassa
com RCD se obteve uma susceptibilidade à fendilhação média, comparativamente à argamassa
de referência que obteve uma susceptibilidade fraca. Mesmo que estes resultados tenham
dado inferiores aos da argamassa de referência, estão dentro dos limites recomendados em
Veiga (2005), como se pode ver pelo Quadro 4.14.
Quadro 4.14 - Funções dos rebocos para edifícios correntes e características das argamassas a usar (adaptado de
Veiga, 2005)
Resultados
Exigência Especificação ou obtidos para a
Característica Base da exigência
funcional recomendação argamassa com
RCD
Módulo de
E ≤ 10 000 MPa 8250 MPa
elasticidade
114
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
O elevado consumo de recursos naturais, induzido em especial pelo sector da construção, não
é, neste momento, uma situação sustentável causando, a médio / longo prazo, o esgotamento
destes. Pode-se afirmar que a indústria da construção, nas suas diversas fases, é uma das
actividades que consome grande parte destes recursos e promove a deposição e tratamento
dos resíduos inerentes aos seus processos e que acarretam graves consequências ambientais e
económicas.
De modo a minimizar esta situação, surge a necessidade de se encontrarem soluções que
proporcionem o reaproveitamento destes RCD. A reciclagem torna-se, assim, a melhor
alternativa para combater este impacte que o ambiente pode sofrer com o elevado consumo
de matéria-prima e a geração excessiva de resíduos.
Como referido no capítulo 2, a maior parcela da composição destes RCD é constítuida por
betão e argamassas fazendo, assim, com que a reciclagem e reaproveitamento destes
materiais seja uma das áreas promissoras da reciclagem dos RCD. Deste modo, uma boa
solução para este problema será a reutilização destes agregados reciclados, nomeadamente os
resíduos de betão, na produção de argamassas, de maneira a aumentar o seu potencial de
utilização.
A aplicação deste tipo de tecnologia já se sente em alguns países, por exemplo no Japão,
Estados Unidos da América e alguns países da União Europeia. No entanto, a resistência por
parte deste sector a uma mudança que leve ao aproveitamento deste RCD, ainda é notória. Em
Portugal, o mercado destinado ao reaproveitamento de RCD é praticamente inexistente. Para
que esta situação seja invertida, é necessária a criação de um quadro legislativo eficiente, não
só ao nível da gestão dos resíduos, como no que diz respeito à existência de normas que
permitam a aplicação dos mesmos. Os trabalhos de investigação que têm vindo a ser
efectuados permitem um aprofundamento do conhecimento técnico na temática da utilização
destes agregados reciclados, com o objectivo de promover a aplicação desta tecnologia.
Em termos de desempenho do produto final, mais precisamente de argamassas, a integração
de resíduos de betão atinge, na sua generalidade, resultados, bastante satisfatórios, como
constatado na presente dissertação. Com esta investigação, espera-se ter contribuído para o
aprofundamento do conhecimento das propriedades das argamassas com incorporação de
agregados finos de betão, apoiando a elaboração de normas e documentos técnicos que
estabeleçam condições de utilização destes agregados finos na produção de argamassas.
Resumindo, pretende-se garantir o sucesso da inserção dos agregados finos reciclados de
betão no mercado e diminuir a utilização de importantes recursos naturais.
Com o levantamento do estado da arte, que serviu de base para a definição da campanha
experimental e posteriormente para a análise dos resultados, ficou patente a urgência em
reutilizar os RCD, provenientes do sector da construção civil, que além de consumir uma
115
Capítulo 5 - Conclusão e desenvolvimentos futuros
enorme quantidade de recursos naturais, gera e descarta toneladas de RCD, causando, assim,
graves problemas ambientais. Deste modo, é imprescindível dar uma utilização diferente a
estes RCD, de preferência reutilizando-os em novas construções.
Assim sendo, a presente investigação visou averiguar a viabilidade da incorporação de
agregados finos provenientes da reciclagem de betão, em argamassas cimentícias, como
substituto da areia (mantendo a curva granulométrica da areia). Foram, assim, realizados
ensaios experimentais em laboratório a quatro argamassas com taxas de substituição de 0, 20,
50 e 100% de areia natural pelos agregados finos reciclados de betão, com o objectivo de
conhecer propriedades determinantes para um bom desempenho de uma argamassa de
revestimento.
Além dos ensaios realizados aos constituintes, mais concretamente a análise granulométrica e
a determinação da massa volúmica aparente de cada agregado, numa primeira fase de
ensaios, procedeu-se à determinação da consistência por espalhamento, da massa volúmica da
argamassa em pasta e no estado endurecido, à análise da resistência à compressão, da
resistência à flexão, da capacidade de absorção de água por capilaridade e respectiva secagem,
e da susceptibilidade à fendilhação. Numa segunda fase, depois de escolhida a percentagem
de substituição com resultados mais satisfatórios na primeira fase, procedeu-se à análise da
capacidade de retenção de água, retracção, aderência ao suporte, módulo de elasticidade e
permeabilidade ao vapor de água. Os resultados obtidos para estes ensaios são apresentados
no Quadro 5.1.
Relativamente aos resultados dos ensaios efectuados aos constituintes, pode-se dizer que
estão em concordância com o que foi inicialmente assinalado no levantamento do estado do
conhecimento. Através do ensaio de determinação da massa volúmica aparente de cada uma
das fracções de resíduos de betão, verificou-se que esta foi decrescendo à medida que se foi
diminuindo o tamanho das partículas, o que já era expectado, uma vez que quanto menor o
tamanho das partículas, maior a quantidade de pasta cimentícia nos resíduos, assim como
maior a quantidade de vazios.
No que diz respeito à trabalhabilidade das argamassas, verificou-se que, para a argamassa com
inclusão de RCD, foi necessária maior quantidade de água, na altura da amassadura,
relativamente à da argamassa de referência, o que já era esperado dado que os resíduos de
betão apresentam maior porosidade. Entre as diferentes substituições estudadas (20, 50 e
100%), verificou-se que a quantidade de água de amassadura foi diminuindo à medida que se
aumentava a quantidade de resíduos de betão, o que significa que as argamassas com maior
percentagem de RCD, possuem menos água na sua composição, face às das outras
percentagens de substituição, melhorando assim, possivelmente, o seu desempenho.
Relativamente à massa volúmica no estado fresco, registou-se uma diminuição desta com o
aumento da taxa de incorporação de RCD, facto este que se deve à menor massa volúmica
destes resíduos, comparativamente com a areia natural, assim como à diminuição da
quantidade de água de amassadura, referido anteriormente.
Relativamente à resistência mecânica, tanto à compressão como a flexão, os resultados
obtidos para as argamassas com RCD foram bastante superiores face aos da argamassa de
referência, tendo-se obtido valores máximos de resistência para a argamassa com 100% de
substituição, em cerca de 35% para a resistência à compressão e 45% para a resistência à
flexão. Com isto, conclui-se que a menor quantidade de água presente nesta argamassa,
116
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
originou uma redução de volume de vazios, criando assim uma maior coesão entre as
partículas e tornando a argamassa mais resistente.
117
Capítulo 5 - Conclusão e desenvolvimentos futuros
118
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
por outros que venham a identificar com maior precisão as vantagens e desvantagens da
integração de RCD, nomeadamente de resíduos de betão.
Como tal, apresentam-se em seguida algumas propostas para um futuro desenvolvimento
deste tema:
119
120
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
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Referências bibliográficas
128
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Análise granulométrica
Granulometria parcial
Granulometria dos resíduos
Abertura do peneiro (mm) Granulometria da areia (%)
de betão (%)
# > 4,76 mm 0,01 22,45
2,38 < # < 4,76 0,64 21,84
1,19 < # < 2,38 8,27 20,83
0,59 < # < 1,19 36,57 16,83
0,297 < # < 0,59 34,89 8,64
0,149 < # < 0,297 18,97 8,34
# < 0,149 0,64 1,08
Granulometria acumulada
Granulometria dos resíduos
Abertura do peneiro (mm) Granulometria da areia (%)
de betão (%)
# > 4,76 mm 0,64 0
2,38 < # < 4,76 19,61 10,49
1,19 < # < 2,38 54,50 18,05
0,59 < # < 1,19 91,07 34,88
0,297 < # < 0,59 99,34 55,71
0,149 < # < 0,297 99,98 77,55
# < 0,149 99,99 100
120,0
100,0
% de material retido (%)
80,0
60,0
0,0
A-i
ANEXOS - Resultados individuais da campanha experimental
A-ii
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
A-iii
ANEXOS - Resultados individuais da campanha experimental
A-iv
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Ensaio de compressão
A-v
ANEXOS - Resultados individuais da campanha experimental
Massa (g)
imersa (mm2) 250
Coeficiente de
capilaridade 1,241 1,294 1,276 1,27 0,027 240
(kg/(m2.min0,5))
230
220
0 500 1000 1500
Tempo (min)
1 2 3
A-vi
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Argamassa (20%)
Provete
1 2 3
Tempo de
imersão (min) Água Absorção Água Absorção Água Absorção
Massa Massa Massa
absorvida capilar absorvida capilar absorvida capilar
2 2 2
M (g) ΔM (g) ΔM/S (gmm ) M(g) ΔM (g) ΔM/S (gmm ) M (g) ΔM (g) ΔM/S (gmm )
0 217,65 0 0 214,14 0 0 221,55 0 0
10 223,36 5,71 0,0036479 219,36 5,22 0,0033310 226,93 5,38 0,00342225
30 227,43 4,07 0,0026001 222,86 3,5 0,0022334 230,41 3,48 0,00221365
60 231,19 3,76 0,0024021 226,12 3,26 0,0020803 233,62 3,21 0,00204190
90 233,98 2,79 0,0017824 228,47 2,35 0,0014996 235,9 2,28 0,00145032
180 240,14 6,16 0,0039354 233,69 5,22 0,0033310 240,96 5,06 0,00321870
300 246,42 6,28 0,0040120 239,08 5,39 0,0034394 246,00 5,04 0,00320597
480 250,99 4,57 0,0029196 243,81 4,73 0,0030183 250,51 4,51 0,00286884
1440 252,01 1,02 0,0006516 248,03 4,22 0,0026928 256,78 6,27 0,00398838
Massa (g)
250
Coeficiente de
245
capilaridade 1,263 1,217 1,246 1,242 0,0233
2 0,5
(kg/(m .min )) 240
235
230
225
0 500 1000 1500
Tempo (min)
1 2 3
A-vii
ANEXOS - Resultados individuais da campanha experimental
Argamassa (50%)
Provete
1 2 3
Tempo de
imersão (min) Água Absorção Água Absorção Água Absorção
Massa Massa Massa
absorvida capilar absorvida capilar absorvida capilar
2 2 2
M (g) ΔM (g) ΔM/S (gmm ) M(g) ΔM (g) ΔM/S (gmm ) M (g) ΔM (g) ΔM/S (gmm )
0 222,58 0 0 227,19 0 0 226,04 0 0
10 229,55 6,97 0,0042811 234,64 7,45 0,0046749 233,1 7,06 0,00441581
30 234,27 4,72 0,0028991 239,58 4,94 0,0030999 237,77 4,67 0,00292094
60 238,65 4,38 0,0026903 244,35 4,77 0,0029932 242,13 4,36 0,00272705
90 241,8 3,15 0,0019348 247,8 3,45 0,0021649 245,32 3,19 0,00199525
180 248,34 6,54 0,0040170 255,05 7,25 0,0045494 252,09 6,77 0,00423443
300 253,65 5,31 0,0032615 260,43 5,38 0,0033760 257,83 5,74 0,00359019
480 254,74 1,09 0,0006695 260,94 0,51 0,0003200 259,28 1,45 0,00090693
1440 255,23 0,49 0,0003010 261,37 0,43 0,0002698 259,79 0,51 0,00031899
Massa (g)
Coeficiente de 245
capilaridade 1,225 1,316 1,222 1,254 0,0534 240
2 0,5
(kg/(m .min ))
235
230
225
220
-100 100 300 500 700 900 1100 1300 1500
Tempo (min)
1 2 3
A-viii
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Argamassa (100%)
Provete
1 2 3
Tempo de
imersão (min) Água Absorção Água Absorção Água Absorção
Massa Massa Massa
absorvida capilar absorvida capilar absorvida capilar
2 2 2
M (g) ΔM (g) ΔM/S (gmm ) M(g) ΔM (g) ΔM/S (gmm ) M (g) ΔM (g) ΔM/S (gmm )
0 217,65 0 0 214,14 0 0 221,55 0 0
10 223,36 5,71 0,0036479 219,36 5,22 0,0033310 226,93 5,38 0,00342225
30 227,43 4,07 0,0026001 222,86 3,5 0,0022334 230,41 3,48 0,00221365
60 231,19 3,76 0,0024021 226,12 3,26 0,0020803 233,62 3,21 0,00204190
90 233,98 2,79 0,0017824 228,47 2,35 0,0014996 235,9 2,28 0,00145032
180 240,14 6,16 0,0039354 233,69 5,22 0,0033310 240,96 5,06 0,00321870
300 246,42 6,28 0,0040120 239,08 5,39 0,0034394 246 5,04 0,00320597
480 250,99 4,57 0,0029196 243,81 4,73 0,0030183 250,51 4,51 0,00286884
1440 252,01 1,02 0,0006516 248,03 4,22 0,0026928 256,78 6,27 0,00398838
Massa (g)
capilaridade 1,062 0,911 0,897 0,957 0,091 240
(kg/(m2.min0,5))
230
220
210
-100 100 300 500 700 900 1100 1300 1500
Tempo (min)
1 2 3
A-ix
ANEXOS - Resultados individuais da campanha experimental
Ensaio de secagem
Argamassa (0%)
Provete
T
1/2
Tempo 1 2 3 Média
1/2 2
(min ) (min) Água Capacidade Água Capacidade Água Capacidade (g/mm )
Massa (g) evaporada de secagem Massa (g) evaporada de secagem Massa (g) evaporada de secagem
2 2 2
(g) (g/mm ) (g) (g/mm ) (g) (g/mm )
0,00 0 261,80 28,55 18,24 266,20 28,79 18,37 253,96 26,83 17,07 17,89
5,48 30 261,66 28,41 18,15 266,04 28,63 18,27 253,76 26,63 16,94 17,79
7,75 60 261,52 28,27 18,06 265,89 28,48 18,17 253,55 26,42 16,81 17,68
9,49 90 261,34 28,09 17,95 265,72 28,31 18,07 253,34 26,21 16,67 17,56
16,43 270 260,38 27,13 17,33 264,64 27,23 17,38 252,03 24,90 15,84 16,85
21,21 450 259,51 26,26 16,78 263,64 26,23 16,74 250,86 23,73 15,09 16,20
37,95 1440 254,64 21,39 13,67 258,24 20,83 13,29 244,61 17,48 11,12 12,69
53,67 2880 243,89 10,64 6,80 247,50 10,09 6,44 235,93 8,80 5,60 6,28
65,73 4320 243,06 9,81 6,27 246,77 9,36 5,97 235,31 8,18 5,20 5,81
75,89 5760 242,27 9,02 5,76 246,05 8,64 5,51 234,78 7,65 4,87 5,38
113,84 12960 240,36 7,11 4,54 244,31 6,90 4,40 233,25 6,12 3,89 4,28
120,00 14400 240,15 6,90 4,41 244,09 6,68 4,26 233,08 5,95 3,78 4,15
125,86 15840 239,92 6,67 4,26 243,9 6,49 4,14 232,91 5,78 3,68 4,03
A-x
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Argamassa (20%)
Provete
1/2
T Tempo 1 2 3 Média
1/2 2
(min ) (min) Água Capacidade Água Capacidade Água Capacidade (g/mm )
Massa (g) evaporada de secagem Massa (g) evaporada de secagem Massa (g) evaporada de secagem
2 2 2
(g) (g/mm ) (g) (g/mm ) (g) (g/mm )
0,00 0 260,06 29,31 18,72 257,96 28,46 18,16 256,64 29,01 18,45 18,45
5,48 30 259,91 29,16 18,63 257,78 28,28 18,05 256,48 28,85 18,35 18,34
7,75 60 259,81 29,06 18,57 257,68 28,18 17,98 256,36 28,73 18,28 18,27
9,49 90 259,60 28,85 18,43 257,58 28,08 17,92 256,2 28,57 18,17 18,17
16,43 270 258,80 28,05 17,92 256,75 27,25 17,39 255,28 27,65 17,59 17,63
21,21 450 258,06 27,31 17,45 256,05 26,55 16,94 254,44 26,81 17,05 17,15
37,95 1440 244,50 13,75 8,78 242,76 13,26 8,46 240,5 12,87 8,19 8,48
53,67 2880 242,91 12,16 7,77 241,16 11,66 7,44 239,23 11,6 7,38 7,53
65,73 4320 241,85 11,10 7,09 240,15 10,65 6,80 238,35 10,72 6,82 6,90
75,89 5760 241,04 10,29 6,57 239,38 9,88 6,30 237,64 10,01 6,37 6,42
113,84 12960 240,40 9,65 6,16 238,78 9,28 5,92 237,08 9,45 6,01 6,03
120,00 14400 239,08 8,33 5,32 237,49 7,99 5,10 235,84 8,21 5,22 5,21
125,86 15840 238,77 8,02 5,12 237,19 7,69 4,91 235,53 7,9 5,03 5,02
A-xi
ANEXOS - Resultados individuais da campanha experimental
Argamassa (50%)
Provete
T
1/2
Tempo 1 2 3 Média
1/2 2
(min ) (min) Água Capacidade Água Capacidade Água Capacidade (g/mm )
Massa (g) evaporada de secagem Massa (g) evaporada de secagem Massa (g) evaporada de secagem
2 2 2
(g) (g/mm ) (g) (g/mm ) (g) (g/mm )
0,00 0 253,52 31,41 19,70 257,13 32,69 20,71 253,79 33,75 21,57 20,66
5,48 30 253,36 31,25 19,60 257,01 32,57 20,63 253,64 33,6 21,48 20,57
7,75 60 253,27 31,16 19,54 256,89 32,45 20,56 252,56 32,52 20,79 20,30
9,49 90 253,11 31,00 19,44 256,74 32,3 20,46 252,4 32,36 20,68 20,20
16,43 270 252,34 30,23 18,96 256,01 31,57 20,00 251,56 31,52 20,15 19,70
21,21 450 251,63 29,52 18,51 255,3 30,86 19,55 250,8 30,76 19,66 19,24
37,95 1440 238,20 16,09 10,09 242,63 18,19 11,52 236,79 16,75 10,71 10,77
53,67 2880 236,28 14,17 8,89 240,17 15,73 9,97 234,81 14,77 9,44 9,43
65,73 4320 235,02 12,91 8,10 238,66 14,22 9,01 233,54 13,5 8,63 8,58
75,89 5760 234,06 11,95 7,49 237,59 13,15 8,33 232,59 12,55 8,02 7,95
113,84 12960 233,34 11,23 7,04 236,76 12,32 7,81 231,79 11,75 7,51 7,45
120,00 14400 232,86 10,75 6,74 235,12 10,68 6,77 230,26 10,22 6,53 6,68
125,86 15840 231,50 9,39 5,89 234,72 10,28 6,51 229,88 9,84 6,29 6,23
A-xii
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Argamassa (100%)
Provete
1/2
T Tempo 1 2 3 Média
1/2 2
(min ) (min) Água Capacidade Água Capacidade Água Capacidade (g/mm )
Massa (g) evaporada de secagem Massa (g) evaporada de secagem Massa (g) evaporada de secagem
2 2 2
(g) (g/mm ) (g) (g/mm ) (g) (g/mm )
0,00 0 245,23 34,87 22,277 249,44 35,44 22,615 249,4 35,33 22,474 22,46
5,48 30 245,08 34,72 22,181 249,3 35,3 22,525 249,25 35,18 22,378 22,36
7,75 60 244,97 34,61 22,111 249,19 35,19 22,455 249,14 35,07 22,308 22,29
9,49 90 244,84 34,48 22,028 249,05 35,05 22,366 249,01 34,94 22,226 22,21
16,43 270 244,04 33,68 21,517 248,28 34,28 21,875 248,22 34,15 21,723 21,70
21,21 450 243,26 32,90 21,018 247,57 33,57 21,421 247,49 33,42 21,259 21,23
37,95 1440 230,19 19,83 12,669 234,68 20,68 13,196 234,86 20,79 13,225 13,03
53,67 2880 228,18 17,82 11,384 232,6 18,6 11,869 232,92 18,85 11,991 11,75
65,73 4320 226,83 16,47 10,522 231,29 17,29 11,033 231,57 17,5 11,132 10,90
75,89 5760 225,84 15,48 9,890 230,23 16,23 10,357 230,51 16,44 10,458 10,23
113,84 12960 225,04 14,68 9,378 229,35 15,35 9,795 229,64 15,57 9,904 9,69
120,00 14400 223,34 12,98 8,292 227,61 13,61 8,685 227,89 13,82 8,791 8,59
125,86 15840 222,92 12,56 8,024 227,16 13,16 8,398 227,43 13,36 8,498 8,31
A-xiii
ANEXOS - Resultados individuais da campanha experimental
1 1
10,0 10,0
2 2
5,0 3 5,0 3
Média Média
0,0 0,0
0,00 50,00 100,00 150,00 0 50 100 150 200
Tempo (min0,5) Tempo (min0,5)
Evaporação de água em função do tempo - 50% Evaporação de água em função do tempo - 100%
25,0 25,0
20,0 20,0
15,0 15,0
1 1
10,0 2 10,0 2
3 3
5,0 5,0
Média Média
0,0 0,0
0 50 100 150 200 0 50 100 150 200
A-xiv
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Argamassa (0%)
Provete
Idade 1 2 3 Ԑ médio
(dias) (%)
Leitura ΔL Massa Leitura ΔL Massa Leitura ΔL
Massa (g) Ԑ (%) Ԑ (%) Ԑ (%)
(µm) (mm) (g) (µm) (mm) (g) (µm) (mm)
Desmolde 451,56 7718 0 0,0000 455,82 7836 0 0,0000 453,53 7190 0 0,0000 0
6 430,87 7678 -40 -0,0052 433,09 7625 -211 -0,0277 435,16 7155 -35 -0,0049 -0,0034
7 430,88 7674 -44 -0,0057 433,05 7620 -216 -0,0283 435,05 7152 -38 -0,0053 -0,0037
10 430,8 7668 -50 -0,0065 432,89 7609 -227 -0,0298 434,93 7146 -44 -0,0062 -0,0042
14 430,95 7662 -56 -0,0073 433,02 7600 -236 -0,0311 435,03 7140 -50 -0,0070 -0,0048
21 431,35 7657 -61 -0,0080 433,45 7594 -242 -0,0319 435,5 7136 -54 -0,0076 -0,0052
28 431,55 7649 -69 -0,0090 433,63 7587 -249 -0,0328 435,66 7130 -60 -0,0084 -0,0058
34 431,6 7646 -72 -0,0094 433,69 7583 -253 -0,0334 435,71 7128 -62 -0,0087 -0,0060
41 431,73 7640 -78 -0,0102 433,81 7579 -257 -0,0339 435,86 7126 -64 -0,0090 -0,0064
56 431,75 7638 -80 -0,0105 433,87 7578 -258 -0,0340 435,9 7125 -65 -0,0091 -0,0065
70 432,83 7635 -83 -0,0109 433,94 7573 -263 -0,0347 435,97 7121 -69 -0,0097 -0,0069
80 431,77 7631 -87 -0,0114 433,87 7571 -265 -0,0350 435,88 7120 -70 -0,0098 -0,0071
86 431,78 7629 -89 -0,0117 433,9 7566 -270 -0,0357 435,91 7119 -71 -0,0100 -0,0072
90 431,8 7627 -91 -0,0119 433,87 7565 -271 -0,0358 435,9 7119 -71 -0,0100 -0,0073
Desvio padrão 0,002
A-xv
ANEXOS - Resultados individuais da campanha experimental
Argamassa (20%)
Provete
Idade 1 2 3 Ԑ médio
(dias) (%)
Leitura ΔL Massa Leitura ΔL Massa Leitura ΔL
Massa (g) Ԑ (%) Ԑ (%) Ԑ (%)
(µm) (mm) (g) (µm) (mm) (g) (µm) (mm)
Desmolde 450,74 7074 0 0,0000 455,72 7660 0 0,0000 456,19 7055 0 0,0000 0
6 437,36 7051 -23 -0,0033 440,84 7640 -20 -0,0026 438,51 7031 -24 -0,0034 -0,0031
7 434,24 7018 -56 -0,0080 436,88 7603 -57 -0,0075 434,91 6996 -59 -0,0084 -0,0080
10 434,24 7011 -63 -0,0090 436,9 7597 -63 -0,0083 434,92 6988 -67 -0,0096 -0,0090
14 434,33 7005 -69 -0,0099 437 7592 -68 -0,0090 435 6984 -71 -0,0102 -0,0097
21 434,51 6997 -77 -0,0110 437,15 7583 -77 -0,0102 435,15 6978 -77 -0,0110 -0,0107
28 434,7 6993 -81 -0,0116 437,41 7579 -81 -0,0107 435,43 6976 -79 -0,0113 -0,0112
34 434,88 6987 -87 -0,0125 437,6 7573 -87 -0,0115 435,52 6973 -82 -0,0118 -0,0119
41 434,87 6984 -90 -0,0129 437,7 7571 -89 -0,0118 435,61 6970 -85 -0,0122 -0,0123
56 434,85 6980 -94 -0,0135 437,7 7567 -93 -0,0123 435,6 6965 -90 -0,0129 -0,0129
70 434,93 6975 -99 -0,0142 437,73 7563 -97 -0,0128 435,6 6964 -91 -0,0131 -0,0134
80 450,74 7074 0 0,0000 455,72 7660 0 0,0000 456,19 7055 0 0,0000 0
86 437,36 7051 -23 -0,0033 440,84 7640 -20 -0,0026 438,51 7031 -24 -0,0034 -0,0031
90 434,24 7018 -56 -0,0080 436,88 7603 -57 -0,0075 434,91 6996 -59 -0,0084 -0,0080
Desvio padrão 0,004
A-xvi
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Argamassa (20%)
Carote Força de arrancamento (N)
Provete Tensão (MPa) Tipologia de rotura
N.º φ (mm) S (mm2) Corrigida
1 50 1963,5 550 0,280 A/B
1 2 50 1963,5 700 0,357 B
3 50 1963,5 500 0,255 A/B
4 50 1963,5 450 0,229 A/B
2
5 50 1963,5 450 0,229 A/B
Média 0,270
Desvio padrão 0,053
A-xvii
ANEXOS - Resultados individuais da campanha experimental
Argamassa (20%)
Provete
Desvio padrão
1 2 3 Ed médio (GPa)
(GPa)
Massa (g) Frequência (Hz) Ed (GPa) Massa (g) Frequência (Hz) Ed (GPa) Massa (g) Frequência (Hz) Ed (GPa)
429 6738 8,0638 429 6721,2 7,9928 438 6951,4 8,6849 8,247 0,38
A-xviii
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Argamassa (20%)
Provete
Média (%)
1 2 3
A-xix
ANEXOS - Resultados individuais da campanha experimental
Argamassa (0%)
Provete
Tempo (dias) 1 2 3
Massa (g) ΔM (g) Massa (g) ΔM (g) Massa (g) ΔM (g)
0 2316,72 0 2304,82 0 2324,01 0
1 2314,95 1,77 2302,8 2,02 2321,86 2,15
2 2313,06 1,89 2300,74 2,06 2319,75 2,11
3 2310,35 2,71 2297,8 2,94 2316,77 2,98
6 2304,12 2,08 2290,9 2,30 2310,07 2,23
7 2301,67 2,45 2288,21 2,69 2306,31 3,76
8 2298,83 2,84 2285,16 3,05 2302,52 3,79
9 2296,27 2,56 2282,41 2,75 2299,28 3,24
10 2293,9 2,37 2279,88 2,53 2296,5 2,78
13 2287,16 2,25 2272,42 2,49 2288,09 2,80
15 2282,53 2,31 2267,45 2,49 2282,87 2,61
17 2278,71 1,91 2263,53 1,96 2276,37 3,25
20 2272,12 2,20 2256,46 2,36 2268 2,79
21 2270,13 1,99 2254,46 2 2265,75 2,25
22 2268,01 2,12 2252,08 2,38 2263,23 2,52
23 2265,35 2,66 2249,08 3 2260,31 2,92
24 2263,04 2,31 2246,53 2,55 2257,66 2,65
27 2257,25 1,93 2240,07 2,15 2250,38 2,43
A-xx
Desempenho de argamassas com incorporação de finos provenientes da trituração do betão - Integração de RCD
Argamassa (20%)
Provete
Tempo (dias) 1 2 3
Massa (g) ΔM (g) Massa (g) ΔM (g) Massa (g) ΔM (g)
0 2273,88 0,00 2281,18 0 2289,65 0
1 2271,68 2,20 2278,81 2,37 2287,6 2,05
2 2269,61 2,07 2276,52 2,29 2285,57 2,03
3 2266,5 3,11 2273,47 3,05 2282,55 3,02
6 2259,69 2,27 2266,67 2,27 2275,84 2,24
7 2256,14 3,55 2263,25 3,42 2273,28 2,56
8 2252,42 3,72 2259,59 3,66 2270,26 3,02
9 2249,3 3,12 2256,39 3,2 2267,43 2,83
10 2246,45 2,85 2253,54 2,85 2264,92 2,51
13 2238,63 2,61 2245,7 2,61 2257,83 2,36
15 2233,4 2,62 2240,29 2,70 2252,99 2,42
17 2229,01 2,19 2235,86 2,21 2248,58 2,20
20 2221,53 2,49 2228,28 2,53 2241,31 2,42
21 2219,34 2,19 2226,04 2,24 2239,16 2,15
22 2216,85 2,49 2223,6 2,44 2236,78 2,38
23 2213,52 3,33 2220,08 3,52 2233,08 3,7
24 2210,87 2,65 2217,2 2,88 2231 2,08
27 2273,88 0,00 2281,18 0 2289,65 0
A-xxi
ANEXOS - Resultados individuais da campanha experimental
3
ΔM (g)
1
2
2
1 3
0
0 1 2 3 6 7 8 9 10 13 15 17 20 21 22 23 24 27
Tempo (dias)
4,00
3,00
ΔM (g)
1
2,00
2
1,00 3
0,00
0 1 2 3 6 7 8 9 10 13 15 17 20 21 22 23 24
Tempo (dias)
A-xxii