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CADERNO REFLEXIVO 1

MATERIAL DE APOIO DA PRIMEIRA FORMAÇÃO


CONTINUADA DO PROGRAMA DE PROMOÇÃO DO
ACESSO PLENO À EDUCAÇÃO CIDADÃ
18 de outubro de 2010
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS DA EQUIPE PAPEC

Antes de tudo gostaríamos de agradecer à CASA DA MOEDA DO BRASIL que


acreditou em nossa proposta e está apostando nesta ação, e pela forma atenciosa
com que tem acompanhado a execução do Laboratório de Promoção do Acesso à
Pleno à Educação Cidadã. À Diretora Marisa Carvalho que cedeu espaço no Mini
Posto de Saúde Tinguazinho e depois foi se envolvendo tanto que acabou
contribuindo com muito mais do que apenas cuidar do espaço e de questões mais
gerais para as atividades do PAPEC. À Diretora Mariângela da Conceição (E.M. Profº
Márcio Caulino Soares) que colaborou para as nossas pesquisas preliminares e de
Bechmark, e está nos ajudando a entender profundamente, em suas origens, os
problemas de ordem humana e política na instituição escolar pública. Aos nossos
familiares que entendem nossa ausência, por perceberem que é necessária muita
dedicação para que este tipo de empreendimento social consiga cumprir sua
proposta de fato e com efeito. Reconhecemos que este é um trabalho que está
sendo feito a mil mãos, por isso se não citamos todos os colaboradores e
apoiadores é devido apenas a falta de espaço, pois estão sendo muitos e todos
dignos do nosso mais profundo agradecimento.

Neila Dutra – Coordenação Geral


Elizabeth dos Santos – Coordenação Didático-Pedagógica
Viviane Faria – Articulação Comunitária e Institucional
Andréia Tardit – Fonoaudióloga
Janaína Soares – Psicóloga
Simone Santos – Orientadora Social

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SUMÁRIO
Apresentação do Material de Apoio.......................................................................... 04
Dinâmica de Grupo..................................................................................................... 04
Apresentação do Programa PAPEC........................................................................... 05
Momento Reflexivo: ‘A visão Geral das dificuldades de aprendizagem e o Papel
da escola’..................................................................................................................... 06
Momento Reflexivo: ‘Lidar com a indisciplina dos alunos levando-os a ver as
regras como regulação e sustentação do convívio social’....................................... 10
Próximos Tópicos Abordados.................................................................................... 15
Espaço para suas Percepções e Observações........................................................... 15

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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DE APOIO


Este material foi pensado para que todo educador que esteja presente em
cada um de nossos encontros possa compartilhar os conteúdos que forem
discutidos com os outros educadores de sua unidade escolar. Por isso este Material
segue a política de reprodução CopyLeft, ou seja, é permitido a sua reprodução
desde que seja citada a fonte. Além deste material impresso este Caderno terá uma
versão em PDF que será disponibilizada pelo www.sociopolitico.org.
O 'Caderno Reflexivo 1' contém uma breve apresentação do Programa
PAPEC, e aborda sob a perspectiva de especialistas as dificuldades de aprendizagem
e de sociabilidade vistas entre os alunos que buscamos atender.

DINÂMICA DE GRUPO
A Dinâmica aplicada nesta primeira Formação Continuada não será
comentada ou explicada neste material que você tem em mãos, contudo é
inevitável que se aborde o valor de se iniciar este primeiro diálogo com este tipo de
atividade.
A Dinâmica de Grupo é uma atividade que em geral é usada para descontrair
e integrar o grupo de uma forma onde se perceba que a atuação do indivíduo (que
neste caso é o educador) deve ser uma ação conjunta e não individual, deve
possibilitar ao mesmo tempo introspecção e reflexão.
Esta dinâmica será exposta de forma descritiva no próximo Material de
Apoio do Programa, assim como as próximas dinâmicas somente serão esboçadas
nos materiais consecutivos.

“A leitura, assim como a comida, não alimenta senão digerida.”


[ Marquês de Maricá ]

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APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA PAPEC


As dificuldades de aprendizagem podem ser um produto das mais variadas
questões ou aspectos que envolvem o desenvolvimento de uma criança. Algumas
crianças podem apresentar dificuldades cognitivas ou psicológicas, outras têm
distúrbios de cunho neurológico e fonoaudiológico que as impede de evoluir no
caminho do conhecimento, algumas crianças sofrem implicações no meio em que
vive, o que se constitui em uma questão social e familiar, e todas elas merecem ter a
atenção e o atendimento que possa ampará-las na luta por se superar tais
dificuldades.
As políticas públicas educacionais, bem como os livros didáticos e a formação
acadêmica nem sempre contemplam estes aspectos, e também não contemplam
peculiaridades de cada região, por isso acabam por não representar uma boa
condução na forma de construção de conhecimento para todas as escolas,
sobretudo escolas públicas localizadas em espaços periféricos que agregam alunos
que além das citadas dificuldades ainda se encontram em muitos dos casos em
situação de sócio-vulnerabilidade.
Neste sentido o Laboratório de PROMOÇÃO DO ACESSO PLENO À
EDUCAÇÃO CIDADÃ (PAPEC) é um programa-piloto que visa contribuir para a
melhora no desempenho escolar e na qualidade de vida destas crianças através de
oferecer atendimento especializado nas áreas Fonoaudiológica, Psicológica e de
Assistência Social, e ainda por oferecer ao professor um espaço para diálogos sobre
metodologias e práticas pedagógicas através de Formações Continuadas. Este
laboratório é promovido pelo INSTITUTO DE ESTUDOS SÓCIO-POLÍTICOS (IESP),
também conhecido como PROJETO SOMOS UM, em uma parceria com o MINI
POSTO DE SAÚDE TINGUAZINHO, patrocinado pela CASA DA MOEDA DO BRASIL, e
apoiado pela SEMED/NI (Secretaria Municipal de Educação de Nova Iguaçu).

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A VISÃO GERAL DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E O PAPEL DA ESCOLA


* Dra. Andrea Tardit
** Viviane Faria

1. Conceito de Aprendizagem

É importante para o educador entender como identificar os distúrbios de


aprendizagem em suas múltiplas formas, principalmente por ser através dessa
identificação que se torna possível saber o que deve ser tratado por um especialista
e o que pode ser amenizado com as metodologias e as práticas pedagógicas, e
ainda com o suporte da instituição escolar e da própria família.

Nesta linha de apreciação definir alguns termos é preponderante não apenas


dentro da lógica dos diálogos PAPEC, mas especificamente dentro da lógica de
atuação pedagógica. Podemos começar, definindo o que é 'Aprendizagem' segundo
Poppovic (1968) e Traivers (1977) consecutivamente:

Processo evolutivo e constante, que implica uma seqüência de


modificações no comportamento do indivíduo de forma global e do meio
que o rodeia, traduzido pelo aparecimento de novas formas de
comportamento.

Mudança permanente de comportamento, resultado de exposição a


condições do meio ambiente.

Além destas duas definições que servem como a base desta primeira discussão,
outros autores apresentam significados ainda mais amplos para o termo. Que
também podem trazer maior clareza e sentido para o universo discursivo do
educador:

*Dra. Andrea Tardit se Graduou em Fonoaudióloga e Pós-Graduou em Fonoaudiologia Hospitalar, conta


com uma trajetória de busca por se especializar cada vez mais no tratamento infantil de disfunções da
fala e neurológicas. Atuou pelo Instituto Amigos de Sempre e pelo Núcleo de Educação Especial do
Município de Mesquita, além da experiência docente em diversas instituições entre as quais se inclui a
Sociedade de Ensino Superior de Nova Iguaçu.

**Viviane Faria cursou Comunicação Social, com habilitação Publicitária UCB, no momento está pós-
graduando em Sociologia Urbana pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Fundadora do
Instituto de Estudos Sócio-Políticos (IESP) e Coordenadora do Grupo de Discussão Sobre Desigualdades e
Urbanidades (GDDUrb) atua com mobilização e politização de jovens, buscando desenvolver um
ambiente de protagonismo juvenil na Baixada Fluminense por meio de fóruns sócio-políticos e
ferramentas artístico-culturais diversas. Entre 2007 e início de 2010 atuou como Project Officer pelo
Centro de Excelência em Segurança Pública do ICOS (International Council on Security and
Development).

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Aprendizagem é uma atividade individual que se desenvolve dentro de


um sistema único e contínuo, operando sobre todos os dados recebidos e
tornando-os revestidos de significado. (Pfromm, 1987)

Aprendizagem é um processo que se cumpre no Sistema Nervoso Central,


em que se produzem modificações mais ou menos permanentes que se
traduzem por uma modificação funcional ou condutual que permite maior
adaptação do individuo ao seu meio. (Rebollo, 2004)

Este processo ou atividade descrita acima vai variar de uma pessoa para outra
por vários motivos, mas nem sempre por fatores neurológicos ou disfunções
patológicas. Segundo o Neurologista Infantil Dr. Jair Luiz de Moraes cada indivíduo
tem um 'Estilo de Aprendizagem', que se define como sendo em suas próprias
palavras “Um método que o indivíduo usa para adquirir conhecimento. Cada indivíduo
aprende do seu modo pessoal e único”. A diversidade destes estilos não deve ser
incluída e categorizada entre as dificuldades de aprendizagem, porque o educador
deve entender que cada criança tem seu próprio ritmo e isso deve ser respeitado.
Até aqui se apresentou o que não é novidade para o educador: o fato de que
tendo bem definido até onde as diferenças de ritmo de aprendizagem são
determinadas por um 'Estilo de Aprendizagem' ou um por 'Distúrbio Cognitivo' fica
mais fácil de conduzir com a devida atenção a tarefa de educar. Encaminhando para
um especialista quando necessário e quando possível se utilizando de mecanismos e
ferramentas adequadas para ajudar seu aluno. Daqui em diante vamos entender um
pouco sobre os 'Distúrbios de Aprendizagem' para que possamos ter embasamento
para tal análise e tais distinções.

2. Distúrbio de Aprendizagem

Transtornos ou distúrbios de aprendizagem são dificuldades específicas que se


distinguem dos estilos de aprendizagem.

De acordo com a Lei Pública Americana, (PL. 94. 142), dificuldade de


aprendizagem específica significa uma perturbação em um ou mais
processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou utilização
da Linguagem falada ou escrita, que pode manifestar-se por uma aptidão
imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever, soletrar ou realizar cálculos
matemáticos. O termo inclui condições como deficiências perceptivas,
lesão cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia e afasia de
desenvolvimento. No entanto, o termo exclui as crianças portadoras de
problemas de aprendizagem decorrente de deficiência visual auditiva e
motora; deficiência mental oriundas de problemas emocionais ou
1
relacionadas a um deficitário ambiente sócio cultural econômico.

1
SOARES SILVEIRA, Mara Musa. Considerações sobre o aprender e o não aprender. Revista Pedago
Brasil.

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Nesta citação se aborda também o fato de que problemas emocionais ou


relacionadas a um ambiente sócio cultural deficitário também implicam de forma
negativa no processo de aprendizagem da criança, no entanto, não são
considerados como Dificuldades de Aprendizagem.
Há ainda que se ressaltar que existem duas definições distintas sobre as
dificuldades relacionadas ao aprendizado: Dificuldade de Aprendizagem (DA) e
Dificuldade Escolar (DE). Recorremos novamente às definições oferecidas pelo Dr.
Jair Luiz:

Dificuldade de Aprendizagem (DA): É uma disfunção SNC, relacionada a uma “falha


no” processo de aquisição ou do desenvolvimento, tendo, portanto, caráter
funcional (disfunção neurológica).

Dificuldade Escolar (DE): está vinculada a um outro problema, que pode ser de
origem acadêmica, motivacional, emocional, e ambiental.

3. Crianças que não aprendem

Muitas possibilidades e aspectos devem ser considerados quando se busca


reposta para os motivos das dificuldades de aprendizagem ou escolar, levando em
consideração as dificuldades individuais e coletivas.

Há um déficit de aprendizagem observado entre crianças que aparentemente


não apresentam qualquer problema relativo aos processos necessários a aquisição.
E isso pode ter os motivos mais diversos. Alguns são realmente quadros patológicos
e outros são simplesmente pendências intrínsecas da criança que por serem mal
resolvidas geram prejuízos para seu desenvolvimento:

Lesões ou disfunções cerebrais DM


Epilepsias;
Uso de medicamentos psicoativos, tranquilizantes, anticonvulsivantes,
estimulantes etc...);
Distúrbios sensoriais (visão / audição);
Doenças crônicas debilitantes (verminoses, anemias, cardiopatias);
Fatores pedagógicos;
Formação do professor;
Fatores de ordem social e cultural;
Exposição precoce da criança na escola;
Material e método didático utilizado;
Problemas emocionais (baixa auto-estima, fobia escolar);
TDAH;
Imaturidade.

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O que temos visto como resultado destes transtornos são as reações mais
variadas entre as crianças. Estas reações podem servir como indicador destes
problemas. E com estas pistas o educador pode buscar detectar, com mais
exatidão, o problema com a ajuda da família e de um especialista.

Birras;
Dificuldade de contato e de sociabilidade;
Dificuldades em seu nível de compreensão;
Hiper ou Hipoatividade;
Dificuldades de relacionamentos;
Apatia e falta de iniciativa;
Problemas emocionais (ansiedade, depressão).

Uma questão importante em relação a estes sinais é que no geral o educador


não percebe estes traços em seus alunos quando este se apresenta como uma
criança “quieta”. A criança Hipoativa pode acabar por ficar relegada. Por exemplo, a
criança que tem uma dificuldade de sociabilidade, e que com isso gera conflitos em
sala de aula, sendo agressiva, se torna alvo da atenção de todos os olhares. Para
bem ou para mal, o educador mais tradicional vai considerá-lo um indisciplinado, o
Profissional de Educação mais atualizado entende de cara que ele precisa de um
acompanhamento, que está passando por algum problema. Mesmo que não saiba
identificar se é de ordem neurológica, psicológica ou social. Mas o quietinho é um
“doce”, é um “amorzinho”, então deixamos ele em paz no cantinho dele, e ninguém
percebe que ele também pode estar apresentando algum problema.

Vale a Pena refletir:

Como educadores devemos saber diferenciar entre uma dificuldade de


aprendizagem causada por lesões cerebrais e por falhas no processamento das
informações, nos permitindo observar e admitir quando as dificuldades não são
deles. A respeito de nossa forma de encarar as dificuldades de aprendizagem e a
heterogeneidade na sala de aula vale a pena refletir:

Será que estamos realmente nos qualificando para lidar também com as outras
dificuldades que não são relacionadas disfunções neurológicas, e sim à nossa
forma de apresentar os conteúdos, aos fatores pedagógicos e métodos didáticos?

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LIDAR COM A INDISCIPLINA DOS ALUNOS LEVANDO-OS A VER AS REGRAS COMO


REGULAÇÃO E SUSTENTAÇÃO DO CONVÍVIO SOCIAL
* Simone Santos
** Viviane Faria

1. A Disciplina e o Processo de Aprendizagem


O desenvolvimento da criança e seu desempenho escolar, como já foi dito no
artigo anterior, depende de vários fatores, e entre estes fatores está a forma de
sociabilidade que cerceia esta criança. A questão da disciplina escolar é importante
neste caso, porque ao se impor regras o que se busca é construir um ambiente onde
se possa desenvolver e apresentar as informações para os alunos. É neste ambiente
coeso e equilibrado que se pode deixar que a autonomia e criatividade natural da
criança a conduza pelas veredas do conhecimento. Contudo o conceito de disciplina
tem sido mal interpretado algumas vezes pelos pais e outras por alguns
educadores. E esta má-interpretação acaba por atrapalhar a construção do
ambiente que se espera que seja a escola: um espaço de aprendizagem e
desenvolvimento da criança como 'Ser' autônomo e criativo.
No dicionário Aurélio, o termo Disciplina é definido como: Regime, ordem
imposta ou livremente consentida, que convém ao funcionamento regular
de uma organização (militar, escolar). Relações de subordinação do aluno ao
mestre ou ao instrutor. Observância de preceitos ou normas sob um
regulamento. Disciplinar é o ato de sujeitar ou submeter à disciplina:
disciplinar uma tropa. Fazer obedecer ou ceder, acomodar, sujeitar, corrigir.

Muitos educadores e pais entendem disciplina exatamente assim, como


sujeição, exercício de poder “sobre” aquele que está “debaixo” de sua autoridade.
A criança neste caso é considerada disciplinada quando adéqua seu
comportamento àquilo que o professor ou pais desejam, e é considerada
indisciplinada quando questiona e quer ser ouvida.
Parece muito sutil o delinear entre disciplina e indisciplina, mas quando
refletimos sobre estes dois conceitos se torna claro e muito bem sublinhado a
diferença entre dois outros conceitos que se vinculam intimamente aos primeiros:
autoritarismo e autoridade.

*Simone Santos é Formada em Serviço Social pela UCB, tem uma extensa experiência em ação social, já
tendo desenvolvido oficinas sobre temas transversais pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
(PETI), e tendo coordenado ações comunitárias pela ONG Liberdade em parceria com o CRAS e pela
Associação de Moradores da Vila Vintém (AMVV) entre várias outras atuações.

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Muitos autores do âmbito da educação se debruçam sobre esta temática. A


Revista Escola em março de 1999, abordou este tema de uma maneira que ainda
hoje, alguns anos após, é válido trazer para o nosso meio, pois aponta minudências
que podem dar um novo contorno entre o que é disciplina e o que é indisciplina
dentro do ambiente escolar. Este artigo ao se utilizar de vários textos propõe uma
reflexão sobre a diferença entre o ato de disciplinar e o autoritarismo.
A forma como vemos a disciplina, as regras e nossa posição de autoridade vai
definir a nossa postura e nossa responsabilidade em relação a forma como estas
regras vão ser construídas. E acima de tudo vai influenciar na forma como vamos
transmitir códigos e regulamentos para as crianças que estamos educando. Nos
ajudando a ver quais destes códigos são realmente necessários e quais são apenas
convencionismos e tradicionalismos que não se enquadram mais no espaço escolar,
dentro das novas configurações em que vivemos hoje.
Os tópicos 2 e 3 deste artigo reproduzem vários trechos da matéria vista
nesta edição citada da Revista Escola e de outros artigos encontrados sobre a
temática para convidar à reflexão, e para suscitar o diálogo fundamentado, sobre as
questões da sociabilidade da criança na escola e a forma como isto pode ter
implicações em seu processo de aprendizagem e em seu interesse pela escola e
seus conteúdos. O tópico 4 retoma a palavra para chamar a um momento sintético
de toda a discussão.
2. Disciplina é a educação para a liberdade e responsabilidade:

De acordo com Chagas (2001), devem coexistir na escola, a disciplina e a


educação para a liberdade e responsabilidade. A liberdade não é o direito de fazer o
que se quer, mas sim, fazer o que se deve.

A autora entende que a liberdade de um indivíduo não deve ser usada em


prejuízo do bem estar da comunidade, pois ninguém tem o direito de ferir a
liberdade do concidadão. O que deve existir é um ajustamento entre a
personalidade do aluno e a organização educacional. “A disciplina escolar não deve
ser um conjunto de regras negativas: é preciso fazer isto”, ‘é proibido fazer aquilo’.
Ao contrário, a disciplina deve ser funcional dinâmica e realizadora, isto é, derivar
espontânea e funcionalmente da atividade escolar e do bom funcionamento da
Instituição.

Rejeitados os métodos antigos e autoritários, surgiram o que a literatura


específica chama de educadores progressistas: evitam uma intervenção autoritária
na vida dos educandos, procuram orientar, dialogar e apelar para um
comportamento racional. Abrem mão de toda autoridade e pedem aos alunos
compreensão e cooperação.

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Neste sentido fica patente a importância de se distinguir a disciplina interna e


externa e se discutir as diversas perspectivas sobre o conceito de 'Disciplina'.

3. Disciplina: Interna e Externa

Há dois aspectos importantes no conceito de disciplina:


a) A disciplina interna, pessoal, no campo da consciência e da moral,
relacionada com atitudes interiores: É composta de decisões, propósitos, hábitos
mentais e morais orientados reflexivamente para a ordem escolar, reconhecendo
seu valor intrínseco. Se deduz que a disciplina não consiste apenas numa
acomodação exterior e formalística às diretrizes e normas de um regulamento
escolar. É necessário que se fundamente na disciplina interna para que não se
desvirtue e conserve seu caráter de meio educativo.

b) A disciplina externa, de caráter social, que preside e constitui as atitudes e


comportamentos externos: No meio de um grupo ou comunidade. Deduz-se que a
disciplina não consiste apenas numa acomodação exterior e formalística às
diretrizes e normas de um regulamento escolar. A disciplina supõe uma adesão
interior, isto é, numa certa orientação consciente da vontade com relação aos
hábitos individuais e coletivos como válidos para qualquer atividade, principalmente
a escolar. De outra forma a disciplina torna-se inautêntica, precária e muitas vezes
explosiva. Pode-se encarar assim a disciplina educacional como sendo o
acontecimento da aprendizagem em sua plenitude, dentro de uma dinâmica
organizada e orientada pelo professor, cujo desenvolvimento não depende de um
padrão pré estabelecido. Ao contrário da indisciplina, que é percebida como um
estado gerado pela ociosidade dos e alunos e seu desencanto na escola.

4. Considerações Para Não Finalizar a Discussão

Há de fato um grande desencanto pela escola e não é apenas por parte do


aluno, mas principalmente por parte do professor. Durante o momento desta
pesquisa preliminar foi possível perceber que as escolas estão de certa forma em
mudança, porém se percebe também que muito desta mudança não tem sido
positiva. A escola tem deixado de ser um espaço prazeroso como era antes, para ser
visto somente como um ambiente de aprendizagem de conteúdos, aonde vem
sendo massacrada cada vez mais a figura do professor e a do aluno, pois ambos
tornam-se vítimas do sistema, que só visa o que quer e da forma que quer.

O Professor vira uma vítima, pois tem o dever de fazer o repasse do


conteúdo exigido, sem poder parar para adequar à sua realidade e se preparar de
fato para levar estes conteúdos de acordo com a demanda de seus alunos. Ele tem

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que aplicar provas e ter domínio da turma, a criança em si tem o dever de estudar,
acatar os conteúdos e passar de série.

O aluno vira uma vítima, pois sua forma e ritmo de aquisição do


conhecimento não são levados em consideração, suas perspectivas e anseios não
são apreciados e parecem não ter importância alguma neste universo de exigências
que são os parâmetros curriculares.

O elo que antes existia entre os dois já não existe mais devido às cobranças
diárias que ao invés de contribuir e aproximá-los, tem cada vez mais sobrecarregado
o dia a dia de cada um, deixando os sempre na defensiva, onde cada qual acha que
faz a sua parte e o outro recebe a culpa do fracasso.

Este distanciamento entre o educador e a criança traz implicações negativas


para a construção de um espaço onde a disciplina seja norteadora das relações. E
isso conseqüentemente implica na forma de se encarar a educação por ambas as
partes e compromete o desenvolvimento e desempenho desta criança. E ainda tem
gerado conflitos e dificuldades de sociabilidade que são em geral considerados
indisciplina.

Pela leitura apresentada se nota que as dificuldades de sociabilidade levam o


aluno a se desestimular de estar na escola e este desestímulo faz com que, por se
tratar de um ambiente desagradável para a criança, também se crie dificuldade de
adesão aos seus conteúdos.
Em suma, não é uma conclusão de uma equipe em particular lidando com as
questões da escola pública municipal em Austin, e sim, um quadro visto e exposto
por educadores de vários lugares e contextos, de que a educação sem imposições,
onde o educando é um protagonista, é muito mais efetiva no que se refere a gerar
indivíduos mais responsáveis e disciplinados.
Quando impomos regras sem explicá-las e sem mostrarmos o real valor
destas regras estamos desconstruindo a capacidade de análise sobre o que é bom e
o que é mau em nossas crianças. Acabamos tendendo a fazer com que as crianças
sejam repetidores, apenas reproduzam e sigam o que foi dito, ou ordenado sem
entender o sentido desta ordem.
Os assuntos aqui discutidos não se esgotam facilmente, e por isso lançamos
observações, categorizamos e apresentamos várias perspectivas. Se não podemos
dar por encerrado o assunto, ao menos podemos dizer que temos proporcionado
um espaço para se analisar algumas das muitas concepções sobre as temáticas das
dificuldades de aprendizagem, tanto as ligadas à sociabilidade quanto aquelas
ligadas aos aspectos cognitivos, e sobre o papel da instituição escolar e do
educador na busca por superação destas dificuldades.

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Vale a pena Refletir:

O filósofo e matemático britânico Bertrand Russell (1872-1970) defendia que a


escola deveria ensinar o aluno a avaliar argumentos e evidências para pensar por si
mesmo. A respeito de suas concepções de como educar vale a pena refletir:

Um dos alvos prediletos do autor de Educação e Ordem Social eram as


doutrinas intransigentes, que ele considerava "o túmulo da inteligência".

Em sua experiência de educador, você já percebeu nas escolas


tendências de infundir idéias preconcebidas em vez de estimular a
capacidade de análise dos alunos? e você já avaliou sua prática
profissional desse ponto de vista?

"Com os métodos modernos de educação e propaganda, tornou-se possível


doutrinar toda uma população com uma filosofia que não tem bases
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racionais para ser verdadeira".

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FERRARI, Márcio. Um lógico na Educação. Revista Escola. Edição 193. Jun. de 2006

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PRÓXIMOS TÓPICOS ABORDADOS

Entre os tópicos que deverão ser discutidos em nosso próximo diálogo:

O Bulling na Escola e a Questão do Respeito à Diversidade;

Metodologia GEEMPA e suas aplicações;

Lidando com as Dificuldades Cognitivas com uso de Brincadeiras.

ESPAÇO PARA SUAS PERCEPÇÕES E OBSERVAÇÕES

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Realização:

Instituto de Estudos Sócio-Políticos


CNPJ: 07.527.569/0001-59
Est. Do Tinguazinho, 601, Austin
Telefone: 2763-9652
somosumps1@yahoo.com.br

Patrocínio

Parceria:

Mini Posto de Saúde Tinguazinho

Apoio:

Secretaria de Educação de Nova Iguaçu (SEMED)

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