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TATÁ, O TRAVESSEIRO

(POESIA EM FORMA DE TEATROINFANTOJUVENIL.


ou COMO LIDAR, NATURALMENTE,
COM TABUS. Ou SONHAR SÓ CUSTA UM DESEJO.)

É sempre uma imensa alegria poder ver uma nova produção de ARTESANAL CIA.
DE TEATRO. Tive a grata oportunidade e o prazer de ter assistido, numa sessão às 11h
da manhã, numa Sexta-Feira Santa, no Teatro do SESI – São Paulo, à mais
recente montagem da CIA., que, como eu já esperava, me encantou numa intensidade
tal, que, embora em recesso temporário, na escritura de novas críticas, para atender a
um projeto particular, não poderia deixar de escrever sobre o espetáculo “TATÁ – O
TRAVESSEIRO” (VER SERVIÇO.).
Divertido, lindo - esteticamente falando -, comovente e didático, nas entrelinhas e nas
intenções e comportamentos dos personagens, o texto aborda, de uma forma muito
profunda, sutil, delicada e natural, ao mesmo tempo, temas que nos dizem respeito, com
os quais lidamos, no nosso dia a dia, alguns, ainda, infelizmente, cercados por
preconceitos, chegando, por vezes, às raias dos tabus, como a adoção. LIPE é negro
e adotado por um casal azul, que é como o menino enxerga o mundo

Não é, explicitamente, levantada nenhuma bandeira, pelos autores do texto,


mas o simples fato de uma criança negra ser adotada por um casal atípico, o qual lhe
dedica todo amor e atenção, como se filho legítimo fosse, já é um aspecto positivo
da dramaturgia e pode servir de exemplo, para que todos encarem qualquer tipo de
adoção com naturalidade, visto que amor não tem cor, amor não vê cor; amor, ainda
mais entre pais e filhos, quando pleno e verdadeiro, como deve ser, não enxerga nada,
no ser amado, além de alguém que lhe proporciona a oportunidade e o prazer de poder
exercitar o sublime sentimento de amar. Assim acontece na história, com aquela
família.

A peça pode ser considerada um poema em forma de TEATRO


INFANTOJUVENIL, não especificamente voltado para os pequenos e adolescentes, já
que a linguagem da peça não é infantilizada; trata as crianças como seres pensantes,
atingindo, dessa forma, um público-alvo de uma faixa etária que vai dos 8 aos 80 anos.

Nesta produção, a ARTESANAL contou, na escritura do texto, com a colaboração


de ANDREA BATITUCCI e PATRÍCIA VON STUDNITZ, as quais se juntaram
a GUSTAVO BICALHO, que, via de regra, é quem assina os textos da CIA. Um trio
criador e criativo, teoricamente, pesa e vale mais que uma única cabeça; aqui, na
prática, também.

Esta encantadora e fascinante montagem também inaugura uma experiência


nova da CIA., que existe, com estupendo sucesso, há 24 anos, sempre pronta a se
dedicar a um trabalho de “pesquisa de convergência de linguagens”. Aqui, ela
mergulha numa “linguagem do teatro de animação, usando apenas bonecos,
máscara e teatro de sombras”. Outra novidade é que o texto é quase que totalmente
narrado em “off”, com pouquíssimos diálogos. Assim se dá a narrativa, bem linear e
simples, para atingir qualquer tipo de público. É uma peça de sons e silêncios, sendo
que estes, por vezes, falam mais do que mil palavras. São hiatos muito significativos,
que passam mensagens facilmente assimiláveis. Um grande acerto!!!

Intencionalmente, os diretores do espetáculo, GUSTAVO


BICALHO e HENRIQUE GONÇALVES, fizeram questão de assumir essa nova estética
e explorá-la ao máximo, sabendo, evidentemente, que poderiam contar com o suporte
de ótimos atores/manipuladores e uma equipe técnica, de criação, da maior
competência, com os quais já vêm trabalhando em outras vitoriosas produções.

Extraído do “release” da peça, que me foi enviado por HENRIQUE


GONÇALVES: “(...) são escolhas estéticas, que guiaram todo o pensamento e
construção artística da peça. Também buscamos a simplicidade, reduzindo, ao
mínimo necessário, os elementos de cena. Dessa forma, conseguimos colocar
uma lente de aumento nas relações entre pais e filho, sem usar de efeitos que
visam muito mais a ludibriar a audiência do que jogar uma luz sobre a urdidura
dramática da trama”, diz o próprio HENRIQUE.

Uma das principais características da ARTESANAL, o que pode ser considerado


um diferencial, em relação a tantas outras boas companhias brasileiras que se dedicam
ao público infantojuvenil, é a mistura de linguagens inovadoras e contemporâneas,
bem criativas e, melhor ainda, executadas, sempre aplicadas a trabalhos autorais.
Num só espetáculo, são capazes de juntar o TEATRO de animação (bonecos,
sombras e máscaras), canto, cinema e videografismo, “explorando a relação do
ator - que é o principal elemento da encenação - com esses elementos”. Além
disso, merece relevo a informação de que a ARTESANAL CIA. DE TEATRO é tanto
uma referência nacional como internacional, com passagens em diversos festivais
de TEATRO pelo Brasil, China e uma residência artística na Alemanha.

“A história é narrada através do jogo entre bonecos de manipulação direta,


bonecos híbridos ou siameses – técnica em que parte do boneco é “vestida” pelo
ator/manipulador –, máscaras, objetos e teatro de sombras”. Tudo contribui para a
criação de um universo onírico, capaz de “hipnotizar” o espectador mais sensível.
“TATÁ - O TRAVESSEIRO” é um espetáculo de dificílima realização, em
função do trabalho de cada ator/atriz, os quais têm de sincronizar, com perfeição, todos
os movimentos dos bonecos (E são perfeitos mesmo!!!) com o que dizem ou é
narrado, em “off”, até “dando vida” a um travesseiro de verdade. Todos do elenco,
sem exceção, estão de parabéns, por suas brilhantes atuações, entretanto não
posso deixar de jogar mais luz sobre TATÁ OLIVEIRA, responsável por “fazer viver”
oLIPE, que manipula o melhor amigo do protagonista da história, praticamente – tenho
quase certeza - sem sair de cena, durante toda a peça, e assumindo uma postura
corporal cansativa e difícil de ser mantida.

A plasticidade do espetáculo é de uma riqueza estética deslumbrante,


graças, dentre outros fatores, aos bonecos, confeccionados por alguém que não
considero, apenas, um “bonequeiro”, mas, sim, um fantástico artista plástico, que
éBRUNO DANTE. Todos os trabalhos de BRUNO ganham destaque
pela beleza, criatividade e acabamento, o que contribui, sobremaneira, para o
sucesso daspeças de cujos projetos ele faz parte.

O cenário, assinado por KARLLA DE LUCA, também responsável pelos


muitos adereços e objetos de cena, praticamente, se resume a uma cama do
menino LIPE, à qual está acoplado um dossel. É nela que a maioria das aventuras
acontece.

Os figurinos, criados por FERNANDA SABINO e HENRIQUE GONÇALVES, à


exceção dos que vestem os bonecos, estes sob a responsabilidade de BRUNO
DANTE, são especialmente confeccionados, de modo a permitir uma liberdade para que
os atores/manipuladores realizem seu trabalho. São práticos e, além disso, muito
criativos e interessantes.
POLIANA PINHEIRO e RODRIGO BELAY são responsáveis por um desenho
de luz irretocável, totalmente necessário, para que os efeitos desejados pela direçãoe
uma atmosfera lúdica e poética sejam passados ao público, isso associado a
uma trilha sonora meticulosamente escolhida, a cargo de GUSTAVO BICALHO.

Cabe a LUCIANO SIQUEIRA a tarefa de fazer com que todos os sons cheguem,
nítida e claramente, ao público, por meio de um bem elaborado trabalho de desenho
se som.

Os elementos técnicos, um apoiado no outro, contribuem para um “up”,


no espetáculo, valorizando-o ao extremo, e, neles, ainda merecem uma citação positiva
todo o trabalho de direção de movimento dos bonecos e preparação técnica
(MÁRCIO NASCIMENTO), direção de movimento dos atores e preparação corporal
(PAULO MAZZONI), preparação técnica da máscara teatral e manipulação de
objetos (MARISE NOGUEIRA) e preparação vocal (VERÔNICA MACHADO). É todo
esse conjunto de profissionais de mãos dadas, com um objetivo comum: criar um lindo
espetáculo de TEATRO.

GUSTAVO BICALHO, no “release”, afirma que “Apesar do universo lúdico


no qual a história é inserida, o texto lida com questões muito profundas, que,
certamente, irão despertar, no público, uma identificação com o personagem
principal”. Mais do que isso, GUSTAVO, o texto provoca reflexões, a partir das quais
ficamos com a esperança de que ainda é possível tocar os corações mais empedernidos
e transformar, para melhor, o mundo em que vivemos.

Vida longa ao espetáculo, o que, certamente, ocorrerá, e que ele chegue ao Rio
de Janeiro, para receber o carinho e a aprovação dos cariocas, que nunca negaram
aplausos aos trabalhos da ARTESANAL CIA. DE TEATRO!

RECOMENDO, COM MUITO EMPENHO, O ESPETÁCULO e não vejo a hora


de poder revê-lo.

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