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BRASIL
PANDEMIA DE CORONAVÍRUS
Passageiros usando máscaras no Aeroporto Internacional de Guarulhos, São Paulo. AMANDA PEROBELLI / REUTERS
(REUTERS)
BEATRIZ JUCÁ
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13/03/2020 Governo evita medidas mais restritivas contra coronavírus e foca na preparação do SUS | Brasil | EL PAÍS Brasil
pessoas por conta da expansão do coronavírus no Brasil, o poder público ainda não
considera a adoção de medidas de distanciamento social para conter a incidência da covid-
19. A avaliação do Governo Federal é de que o país ―com mais de 100 casos confirmados, se
considerado o balanço oficial da pasta, mas também a confirmação de hospitais― enfrenta
um cenário ainda controlado, embora admita que ações mais enérgicas podem ser adotadas
caso haja um aumento exponencial no número de infectados, o que poderia sobrecarregar
rapidamente o sistema de saúde. Por ora, o Governo decidiu obrigar que pacientes com a
doença (assim como pessoas que tiveram contato prolongado com infectados) fiquem em
isolamento domiciliar. E determina que, num cenário onde não se sabe muitos detalhes
sobre o comportamento do vírus em clima tropical e diante das características assimétricas
das regiões de um país continental como o Brasil, caberá aos próprios Estados e municípios
decretarem quarentena, um ato formal para impedir o trânsito de pessoas quando a
capacidade de assistência aos pacientes estiver comprometida. Especialistas avaliam que o
Brasil está na iminência de entrar na fase de transmissão sustentada da doença, com casos
que não têm relação com viagens ao exterior e cuja velocidade de contágio é mais aguda, e
defendem que Governo precisa estar preparado para impor medidas mais restritivas antes
que o sistema de saúde comece a se esgotar.
BRASIL
“Não existe nenhuma orientação do Ministério da Saúde nesse sentido. setores
ASSINE de
serviço no Brasil
Pode vir a acontecer? Não sei”, afirma. O Brasil publicou uma portaria que
obriga infectados e pessoas que tiveram contato prolongado com eles,
como quem vive na mesma casa, permaneçam em isolamento por 14 dias. Caso apresentem
sintomas da doença após esse prazo, o isolamento pode ser prolongado por mais 14 dias.
Apesar de ser obrigatório, Gabbardo diz que a permanência dessas pessoas em casa é um
“contrato social, de civilidade”. Caso seja identificado o descumprimento, medidas punitivas
podem ser determinadas na esfera judicial. Nesta quinta-feira, o ministro da Justiça Sergio
Moro pediu “autorresponsabilidade” da população, mas destacou que isolamento e
quarentena podem ser impostos compulsoriamente no Brasil. “No isolamento não vai ter
ninguém na casa da pessoa dizendo ‘olha, você não pode sair’. É um contrato social, de
civilidade. A quarentena é um ato de restrição. É um guarda que vai monitorar a saída.
Quando eu restrinjo o ir e vir das pessoas, tenho uma série de medidas a garantir: água,
comida, energia", explicou Gabbardo.
Hora de agir?
A avaliação é que o Brasil ainda não está nessa fase, embora especialistas venham alertando
a iminência de o país enfrentar uma fase mais aguda da doença. E a necessidade de
respostas rápidas. O virologista Paolo Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP,
considera que o prognóstico da pandemia é “tenebroso”. Em artigo publicado na Folha de S.
Paulo, ele diz que o coronavírus tem o potencial para matar até 15 milhões de pessoas no
mundo (e 257.000 no Brasil) caso não seja contido, segundo um estudo da Universidade
Nacional da Austrália. Zanotto avalia que o Brasil tem perdido tempo e vê no distanciamento
social o único caminho para evitar a propagação rápida da doença, a exemplo do que outros
países vem fazendo.
Ele diz que reduzir o número de infectados é positivo num primeiro momento, porque a ação
ajuda a evitar uma grande quantidade de casos graves da doença ao mesmo tempo, o que
contribui para um colapso na capacidade de assistência como o da Itália. No entanto,
pondera que medidas como esta devem ser avaliadas com cautela. “Se a gente recomenda
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medidas mais drásticas quando não são necessárias, não consegue conterASSINE
o virus e só
alimenta pânico e incertezas”, diz. O infectologista também acrescenta que há um efeito
colateral de aumentar o tempo de transmissibilidade do vírus, já que a população segue sem
contato com ele e não cria defesas naturais. Isso significa que o vírus pode continuar
contaminando durante um período maior, ainda que de forma mais lenta. “De qualquer
forma, é muito melhor você ter 150 mil casos graves de UTI ao longo de um ano do que em
um único mês em termos de saúde pública”, analisa.
Henn afirma que há varios estudos com projeção de contaminação e propagação da doença,
mas considera que as estimativas são “grosseiras”, já que se baseiam na experiência
internacional e não há muitas respostas sobre o comportamento do coronavírus em clima
tropical. O clima ainda é uma aposta para uma disseminação mais lenta da doença no país,
mas especialistas e autoridades já começam a se preocupar com um possível agravamento
diante da chegada do outono, no final deste mês. “A evolução da epidemia é tão dinâmica
que as autoridades precisam estar atentas para agir assim que os casos evoluírem”, afirma o
infectologista. Para ele, as características climáticas de cada região também deverão
influenciar no enfrentamento sobre o coronavírus. Henn diz que o aumento exponencial em
locais específicos nos últimos dias, como aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro, não
são indicativos de o país inteiro precisa adotar medidas que essas regiões venham adotar.
Já o infectologista Juvêncio Furtado avalia que o Governo age certo ao analisar primeiro o
tamanho do problema para depois adotar medidas mais restritivas. Ele avalia que o SUS tem
condições de responder rapidamente ao tratamento de infectados pela sua ampla
capilaridade, com ressalvas ao caso de a propagação atingir uma “proporção absurda”, o
que ele diz que não está previsto. “Se houver bom uso, sem alarme e fluxo de pessoas em
grande escala nas unidades de emergência, acho que a rede tem essa capacidade”, defende.
A orientação é de que pessoas que apresentem sintomas procurem os postos de saúde para
orientações. Os hospitais deverão receber apenas casos mais graves da doença. Nesta
sexta-feira, o Ministério da Saúde discute ações para fortalecer a rede de média e alta
complexidade.
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