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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO TECNOLÓGICO

INVESTIGAÇÃO

DO

SUBSOLO

Reno Reine Castello

2015

NOTAS DE AULA DE MECÂNICA DOS SOLOS


ii

PÁGINA EM BRANCO
ÍNDICE

Títulos
página
I INTRODUÇÃO
II INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS
III ETAPAS DE UMA INVESTIGAÇÃO
IV RECONHECIMENTO
V EXPLORAÇÃO
V .1 Quantidade e Profundidade das Sondagens
V .2 Exploração por Trados
V .3 Perfuração por Simples Lavagem
V .4 Observação do Nível d’Água
V .5 SPT – Standard Penetration Test
V .6 SPT – Standard Penetration Test - Correções
V .7 Ensaios nas Amostras SPT
V .8 Correlações a partir das Amostras e NSPT
V .9 Perfis Geotécnicos dos Terrenos - Seções
V .10 O Ensaio SPT-T
V .11 O Ensaio SPT – Vantagens e Desvantagens
V .12 Investigação de Rocha – Sondagens Rotativas
V .13 Investigação de Rocha – Sondagens Marteletes
VI EXPLORAÇÃO COMPLEMENTAR
VI .1 Esaio de Penetração de Cone (CPT)
VI .2 Ensaios de Penetração de Cones Dinâmicos (PD)
VI .3 Ensaio Pressiométrico (Ménard)
VI .4 Ensaio De Dilatrômetro Plano De Marchetti - DMT
VI .5 Ensaio de Palheta ou Vane Test
VII EXPLORAÇÕES GEOFÍSICAS
VII .1 Sondagens Sísmicas
VII .2 Sondagens por Resistividade Elétrica
VIII ANÁLISE DAS EXPLORAÇÕES
.1 Ensaios nas Amostras e Correlalções
.2 Exemplo de Análise (Ante-Projeto)
IX INVESTIGAÇÃO DETALHADA
.1 Introdução
.2 Amostras Indeformadas em Poços
.3 Amostras Indeformadas em Sondagens
X EXERCÍCIOS
XI BIBLIOGRAFIA
Figuras
página

1 Gráfico para Determinação de Profundidade de Sondagens


2 Critério para Profundidade de Sondagens
3 Trados para Exploração ou Simples Perfuração
4 Esquema de Perfuração por Lavagem
5 Modelos de Trépano e “Baldinho”
6 Trenas (Hvorslev, 1949)
7 Operação do Ensaio SPT
8 Medição de NSPT
9 Boletim de Sondagem na forma de Relatório de Campo.
10 Boletim de Sondagem na forma de Relatório de Final (exceto pela escala que deveria ser 1:100)
11 NBR 6502/1995 – Rochas e Solos: Terminologia
12 Fator de Correção com Pressão para NSPT
13 Aumento da Resistência à Penetração após Densificação (Schmertmann, 1991)
14 Correlação NSPT e φ’ para Areias (Peck et al,1974)
15 Correlação entre φ’ e IP para Argilas Normalmente Adensadas (Bjerrun e Simons,1960)
16 Resistência não Drenada de Argilas Saturadas com base no Sistema Unificado de Classificação (Sowers, 1979)
17 Perfis com Dados de Sondagens SPT (Sowers, 1979)
18 Perfil Homogêneo de Sondagens SPT
19 Solo Marinho de Formação mais Conturbada e Recente
20 Variação de Terrenos Vizinhos
21 Investigação Balizada por Projeto em Paralelo
22 Provável Ocorrência de Bloco(s) de Rocha e Matacões
23 Ocorrência Mapeada de Bloco(s) de Rocha e Matacões
24 Barriletes Amostradores Rotativos Simples (a) e Duplo (b)
25 Equipamento de Sondagem Rotativa (Lima,1979)
26 Barrilete Simples, Coroas e Amostras de Rocha
27 Sondagem Rotativa Iniciada com Tamanho “N” e Reduzida até “E”.
28 Termos usados em mapas geológicos segundo ISMR (International Society of Rock Mechanics)
29 Cálculos de Recuperação e R.Q.D. (Sabatini et al. 2002)
30 Sondagem Mista – SPT – Rotativa – SPT - Rotativa
31 Sondagem Mista – Simples Lavagem – Rotativa
32 Elementos do Martelete (Perfuratriz) de Rocha
33 Boletim Típico de Sondagem a Martelete (Perfuratriz) de Rocha
34 Modelos de cones (CPT)
35 Sistemas de reação para o ensaio CPT
36 Sondagem CPTu
37 Gráfico de Tipos de Comportamento de Solos pelo CPT
38 Coeficiente de Adensamento, ch, pelo CPTu
39 Correlação do CPT, qc, com SPT, NSPT
40 Exemplos simplificados de perfis qc mostrando interpretações
41 Detalhes de Penetrômetros Dinâmicos (PD)
42 Exemplos de Boletins de Penetrômetros Dinâmicos
43 Ocorrência de Atrito / Aderência Lateral nos Ensaios de PD (Waschkowski, 1983)
44 Correlação entre qd e Resistência não Drenada, cU, de Argilas Siltosas (Waschowski, 1983)
45 Princípios Básicos do Pressiômetro (Baguelin et al, 1978)
46 Ensaio Dilatométrico de Marchetti (DMT) - Equipamento
47 Resultados do Ensaio DMT em Termos dos Índices Dilatométricos
48 Equipamento Palheta (Vane) (Bureau of Reclamation, 1974)
49 Esquema de Operação
50 Esquema de Interpretação do Ensaio
51 Distribuição de ondas de deslocamento de uma sapata circular num semi-espaço homogêneo,
isotrópico e elástico (Woods, 1968, apud Richart et al, 1970)
52 Equipamento e Esquema do Ensaio de Investigação Sísmica
53 Esquema do Ensaio de Investigação Sísmica
54 Interpretação do Ensaio de Investigação por Refração Sísmica
55 Lei de Snell e Situação Geométrica Considerada
56 Escarificabilidade de Vários Matertiais segundo a Caterpillar (apud Bison 1969)
57 Esquema de Ensaio Sísmico Cros-Hole
58 Definição de Resistividade
59 Cofiguração de Wenner para Medir Resistividade
60 Zonas de Influência na Sondagem por Resistividade (Soiltest, 1968)
61 Método Cumulativo de Moore para Interpretração de Sondagem Elétrica (Soiltest, 1968)
62 Determinação de Perfil de Solos e Rocha por Uso Simultâneo de Métodos Elétricos e Sísmicos
(Cambefort, 1971)
63 Variação do Coeficiente de Permeabilidade (Terzaghi e Peck, 1948)
64 Exemplo de Análise de Sondagem Exploratória
65 Bloco em Cilindro (Hvorslev 1949)
66 Bloco Cúbico (Hvorslev 1949)
67 Características de Amostreador de Paredes Finas
68 Cravação de Amostrador Shelby (Hvorslev, 1948)
69 Amostreador de Paredes Finas, Shelby (Hvorslev, 1948)
70 Amostreador de Paredes Finas, com Pistão Estacionário (Hvorslev, 1948)
71 Esquema do Amostrador Sherbrooke (Lefebvre e Poulin. 1979)
72 Barrilete Tipo Denison (Maquesonda, sem data)
73 Barrilete Tipo Denison (Lima 1979)

Quadros página
1 Espaçamento Típicos de Sondagens
2 Profundidades Típicas de Sondagens
3 Compacidade e Consistência dos Solos NBR-6484
4 Compacidade Relativa de Areias e outras Correlações com NSPT (Bowles, 1977)
5 Consistência de Argilas e outras Correlações com NSPT (Bowles, 1977)
6 Ensaios nas Amostras SPT e Correlações
7 Porosidade, Índice de Vazios e Massas Específicas de Solos Típicos (Terzaghi e Peck, 1948)
8 Valores Típicos de Índices de Vazios e Massas Específicas de Solos Granulares - (Sowers,
1979)
9 Taxas Admissíveis Básicas (NBR 6122, 1996)
10 Taxas Admissíveis Típicas para Projeto Preliminar (Sowers, 1979)
11 Limites de Profundidade Impenetrável na Execução de alguns Tipos de Estacas/Tubulões em
função do NSPT, considerando apenas o uso de Equipamentos Convencionais, sem a Adoção de
Recursos Especiais de Execução (Préfuro, Jato Água/Ar) (http://geotecniaefundacoes.blo-
gspot.com.br/ search/label/Tabelas em Junho 2012)
12 Valôres Usuais para Coeficiente de Poisson, m (Bowles, 1996)
13 Faixas de Valôres Usuais para Módulo de Deformação, E (Bowles, 1996)
14 Classificação dos Solos em Função do Índice de Torque (T/N) (Décourt,2002)
15 Valores do Índice de Torque (T/N) na Grande Vitória, ES (Hespanhol Neto, 2009)
16 Tamanhos de Revestimentos e Coroas Diamantadas (Lima, 1979 e Sowers, 1979)
17 Grau de Intemperismo das Amostras (ISRM, 1983)
18 Classificação do Espaçamento Médio das Descontinuidades (ISRM, 1983)
19 Grau de Fraturamento (Lima, 1979)
20 Qualidade da Rocha segundo RQD (Deere 1964)
21 Dimensões de Brocas da Série 12 (Ctálogo Sandvik-Coromant apud Ricardo e Catalani, 1981)
22 Valores Típicos de K da Correlação qc/pa = K x NSPT
23 Especificações de Equipamentos para Penetração Dinâmica
24 Resistência Dinâmica de Ponta, qd para Alguns Solos na França (Waschowski, 1983)
25 Razão de Atrito Dinâmico, fd/qd x 100 para Alguns Solos na França (adaptado de Waschowski,
1983)
26 Relação entre qd e qc para Alguns Solos na França (Waschowski, 1983)
27 Definições e Correlações Básicas do DMT (Marchetti et al, 2001)
28 Métodos de Sondagens Exploratórias (Sowers, 1979)
29 Velocidades de Ondas de Compressão P
30 Resistividades Elétricas de Solos e Rochas (Sowers, 1979)
31 Métodos Geofísicos para Engenharia Geotécnica (Sowers, 1970)
32 Testes de Laboratório na Investigações Exploratórias (Sowers, 1979)
33 Correlações para os Parâmetros dos Solos
34 Propriedades Típicas de Solos Marinhos da Baixada Santista (Massad, 2009)
35 Quantidades e Tamanhos de Amostras para Ensaios de Laboratório (Sowers 1979)
36 Métodos para Amostreamento Profundo(Sowers 1979)
37 Ensaios Diretos de Campo (Sowers 1979)
38 Ensaios Indiretos de Campo (Sowers 1979)

Fotos
página
1 Arranjo Caótico de Blocos de Rocha
2 Tripé de Sondagem - Lavagem
3 Rocha Conturbada de Apoio de Sapata e Martelete usado para Corte
4 Ponteira CPTu, da Gregg Drilling & Testing
5 Portabilidade de Penetrômetros Dinâmicos Manuais
6 Corte Exposto de Terreno da Formação Barreiras, Serra, ES
1

I. INTRODUÇÃO

Na etapa de investigação do solo é que se obtém o modelo de perfil do solo para projeto. Será o
“retrato” do terreno abaixo de sua superfície. Serão identificadas as camadas de solo e suas propriedades
até a profundidade de interesse.
Enquanto, por exemplo, no cálulo estrutural de concreto armado o material a se usar é manufatu-
rado com especificações detalhadas e rigorosas para se obter propriedades ideais, em Geotecnia o material
a se usar é o existente “in situ”. E o Criador desse material provavelmente não estava preocupado com
suas propriedades de engenharia. Além disso tal material, com uma infinidade de combinações naturais
possíveis, não terá suas propriedades “tabeladas”. Elas terão de ser identificadas e determinadas, caso a
caso.
Para se ter uma idéia da dificuldade da “empreitada” suba-se num lugar alto em algum local natu-
ral e de lá escolha-se um área de 20 m x 30 m. Agora cubra-se tal área com uma camada de solo (com os
caprichos que quiser) e chame outra pessoa para, com apenas três pontos, desenhar a área enterrada. Se a
área escolhida tiver conformação simples talvez os 3 pontos dêem uma boa imagem, em caso contrário o
resultado poderá ser desalentador. Mais pontos serão necessários, mas a quantidade pode ser impossível
de se prever. Esta segunda situação é mais comum do que se imagina ao se fazer a programação de inves-
tigação de um terreno. E isto pode criar situações de constrangimento e problemas se o “dono” do empre-
endimento não for esclarecido quanto a tal situação.
Com a dificuldade que se desenha essa etapa era de se esperar que apenas empresas de grande ex-
periência e altas qualificações atuassem nessa área. Em alguns casos isso pode ser verdade, mas em ou-
tros, parece que as dificuldades inerentes ao processo podem mascarar as deficiências da empresa e aven-
tureiros de pouco preparo também se aventuram nesse mercado. É alarmante como assunto de tão alta
responsabilidade, econômica e de segurança, seja tratado com tanta irreverência.
Segundo Sowers (1979) o custo total de uma investigação adequada oscila (sondagens no campo e
ensaios de laboratório) entre 0,05 a 0,2% do custo total do empreendimento. Em situações extremamente
adversas tais custos podem subir para 0,5 a 1%. O custo de uma investigação inadequada é muito maior.
Tanto pode redundar em soluções mais onerosas do que a necessária como podem redundar em problemas
de estabilidade e segurança da obra.

II. INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS

As informações necessárias numa investigação são aquelas que propiciem os dados, de boa qualidade,
para desenvolvimento de um dado projeto e de uma dada obra. Tais dados podem variar para cada caso e pode
ser necessário que sejam especificados. Existem alguns dados que são rotineiros em uma dada região do pla-
neta e ignorados em outros (dados relativos a sismicidade, a expansilidade, etc). Também podem representar o
primeiro contato com o local do empreendimento e algumas informações, por mais óbvias que pareceçam, de-
vem (ou deveriam) ser incluidas na investigação. Aqui é importante lembrar que existem firmas especializa-
das em execução de parte das investigações (usualmente perfurações no terreno, ensaios específicos, coleta de
amostras, etc.). Essas firmas não executam necessáriamente, toda a investigação do terreno.
Segundo Sowers (1979) um investigação completa abrangeria, de uma forma geral:
1) Natureza do depósito de solo (geologia, aterros, escavações, inundações, exploração mineral);
2) Profundidade, espessura e composição de cada estrato (perfil do solo e de rochas);
3) Profundidade do nível d’água e suas características;
4) As propriedades de engenharia dos estratos de solo e rocha que influenciam o comportamento da estrutura:
resistência, compressibilidade, expansão, permeabilidade, etc.
No quadro acima, não se deve ser radical. Por ecemplo a Formação Bareeiras, que se extende por todo
o litoral brasileiro, acima do Rio de Janeiro, é formada por argilitos, folhelhos, arenitos e os materiais origina-
dos de sua intemperização. Definir a trasição de material intemperizado ou não é difícil. Como consequência,
para construção difícil, é praticamente impossível alcançar-se a “rocha”.

III. ETAPAS DE UMA INVESTIGAÇÃO

A literatura especializada é praticamente unânime em identificar, ao menos conceitualmente três eta-


pas numa investigação:
1) Reconhecimento (item 1 das informações necessárias).
2

2) Investigação exploratória (itens 2, 3, 4 e 5).


3) Investigação detalhada (item 5 nos estratos críticos).
Essas etapas, na sua mais completa acepção, somente seriam executadas para obras de grande porte,
como por exemplo, o complexo da Hidrelétrica de Itaipu. Para obras rotineiras, como edifícios nas cidades, é
provável que apenas a etapa 2 fique nítida. As etapas 1 e 3 podem já fazer parte da experiência dos engenhei-
ros locais, com base em obras vizinhas.

IV. RECONHECIMENTO

Nssa etsps destaca-se a “investigação de escritório”. Os dados já existentes são pesquisados e coleta-
dos. As fontes de maior divulgação talvez sejam o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a
EMPRABA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o DNPM (Departamento Nacional de Produção
Mineral) e, é claro, o Google. Nessas fontes as informações principais referem-se à topografia, hidrologia, pedo-
logia e geologia. Nesta etapa os dados são, basicamente, de natureza qualitativa e estão mais ligados à Geolo-
gia. Nas universidades, principalmente nas que que oferecem cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado)
também pode-se obter boas informações.
Dados específicos de geotecnia podem ser conseguidos em publicações de congressos e revistas especia-
lizadas. As principais patrocinadoras brasileiras de publicações geotécnicas são a ABMS (Associação Brasilei-
ra de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica) e a ABGE (Associação Brasileira de Geologia de Engenha-
ria e Ambiental) e seus núcleos regionais.
Os pricipais tipos de informações a se obter são:
a) Nos estudo geológico e pedológicos(Geólogo):
 Natureza das camadas de solo a serem encontradas: solos residuais, marinhos, orgânicos, coluviais, etc.;
 Tipo de rocha a se esperar: ígneas (granito , basalto, etc.), metamórficas (gnaiss, xistos, etc.), ou sedimen-
tares (arenito, argilito, calcáreas, etc.)
 Ocorrência de jazidas. Em certas regiões da Inglaterra e Estados Unidos são freqüentes os casos de túneis
abandonados de exploração de minas, principalmente de carvão.
 Defeitos da rocha (falhas, cavernas, etc). As cavernas desenvolvem-se principalmente nas rochas calcá-
reas. As rochas sedimentares argílicas (argilitos, folhelhos, etc) tem, em alguns casos, se expandido e
amolecido, causando graves problemas em barragens. A princípio são consideradas auspeitas;
 Tipos de minerais
b) Potencialidade sísmica (possibilidades de abalos, terremotos):
 Para os edifícios tal fator é usualmente ignorado. No entanto em obras com normas de segurança mais
rigorosas como usinas nucleares, grandes barragens, etc. estes dados são considerados (dados geralmente
obtidos através de agências do Governo Federal).
c) Inspeção do local: Este procedimento, em obra pequena ou grande, cedo ou tarde, pelo engenheiro geotécnico
ou outro, terá que ser feito. Quanto mais cedo melhor. Esta inspeção permite visualização principalmente de
detalhes, a identificação de de facilidades e dificuldades propiciadas pelo local (para a obra em si e para a in-
vestigação), condições de vizinhanças e outras condições.
 Topografia. Este levantamento usualmente já é, pelo menos em parte, requisitado pela Arquitetura. No
entanto como os objetivos são diferentes, nem sempre é completo. Ao engenheiro geotécnico pode interes-
sar muito a vizinhança, externa à obra. Por exemplo, no caso de subsolos e/ou cortes e aterros na obra, o
terreno a ser considerado/contido é o EXTERNO. Outros fatos podem ser de interesse, por exemplo um
terreno plano mas em sopé de morro levanta a suspeita de colúvio, matacões, etc.
 Drenagem: A drenagem superficial vai afetar visivelmente a obra e terá de ser considerada na própria
arquitetura do empreendimento, no entanto se for subterrânea pode alterar o nível d’água subterrâneo e
os empuxos sobre obras enterradas. Por exemplo numa dada escavação de subsolo observou-se que se in-
terceptava uma pequena nascente, a qual foi barrada pela parede diafragma do subsolo. Isto começou, lo-
calizadamente, a causar elevação preocupante do lençol freático, que teve que ser drenado por dentro do
subsolo;
 Erosão:Talvez o fator mais freqüente de queda de pontes seja a erosão de suas fundações, descalçando-as.
As fundações em si criam um obstáculo às águas, aumentando a turbulência e o poder erosivo das águas;
 Tipo de vegetação: Um conhecimento de plantas permite relaciona-las com o terreno e a umidade, mas
até para o leigo uma mancha de vegetação de um verde exuberante cercada de mato ressequido é sinal de
maior umidade. Num dado caso, em estudos de estabilidade de taludes, uma tal mancha permitiu identi-
ficar um “olho d’água” que, drenado, propiciou a estabilização da encosta;
 “Experiência do Vizinho”: Nesta categoria pode-se incluir toda a experiência da engenharia no mundo to-
do, mas quanto mais perto da obra melhor. Esta experiência é tão importante que em todas as obras e
projetos é de bom alvitre ter-se o apoio de um engenheiro geotécnico local. Isto pode impedir que se come-
tam os mesmos erros do passado. De uma forma geral o ser humano fica condicionado por sua própria ex-
periência, e cada local específico pode apresentar peculariedades. Os tipos de fundações usados nas vizi-
3

nhanças, oscilações do lençol d’água ou sua profundidade típica e outras informações podem evitar muitos
erros. É tão importante que alguns empresários até cogitam de “copiar” as investigações e soluções dos vi-
zinhos sem maiores estudos. Isto evidentemente é um despropósito. Às vezes os terrenos são tão hetero-
gêneos que mais de uma solução tem de ser usada num mesmo terreno. O que se dizer de terrenos dife-
rentes. Até para casas baixas, onde essa prática parece ser disseminada, existem casos de problemas gra-
ves. A experiência dos vizinhos deve servir como orientação para investigações e até para soluções ape-
nas.
d) Reconhecimento aéreo do local: Na inspeção local pode-se observar os detalhes. Para análise do conjunto e
macroscópica do terreno precisa-se de uma visão do alto. E nada mais alto do que um avião. Nesta visão pode-
se ter uma melhor idéia do relevo e de algum padrão que indique feituras gerais da geologia. Muitos morros,
montes e montanhas são identificados por nomes que suas silhuetas, ao longe, sugerem. Ao se caminhar sobre
os mesmos nada disso é enxergado. A forma mais simples é um sobrevôo sobrea a área. Uma forma mais sofis-
ticada, mas ainda usual, é a Aerofotogrametria que fornece uma idéia do terreno em três dimensões (Estereos-
cópio). Existem ainda processos mais sofisticados e especializados, com imagens obtidas por diferentes proces-
sos e por satélites, que geralmente são conduzidos por governos.
Pode-se identificar através de fotografias os seguintes ele-
mentos:
ÁREA DE EROSÃO

- Geomorfologia
- Topografia
- Erosão
- Tipo de vegetação ÁREA DE REMANSO
- Tonalidade ou cor do solo superficial
- Construções existentes
RIO
- Outros
Uma ferramenta gratuita e muito útil é o Google Earth. Em suas imagens pode-se, por exemplo, identificar
antigas linhas de praias ao longo do litoral.

V. EXPLORAÇÃO

Nesta etapa da investigação o objetivo, através principalmente de perfurações do solo, é definir-se no


local da obra prevista: a sequência exata de camadas do solo, sua classificação, suas propriedades de enge-
nharia (eventualmente de rochas) e a posição do lençol d’água. Usualmente tais propriedades de engenharia
são obtidas por correlações (desenvolvidas a partir de experiência e experimentos) e a favor da segurança. São
estimativas aproximadas, o que na maioria das obras de pequeno e médio porte (às vezes até grande porte) é
suficiente para desenvolvimento do projeto. De uma forma geral os solos são variáveis e heterogêneos, o que se
torna impraticável extrapolar para a massa toda as propriedades de um ou mais pontos investigados com ex-
tremo rigor.
Não existe rigor na definição de quais sondagens integram esta etapa. Isto vai depender do tipo e
grandeza da obra e da região ou país. São os métodos tradicionalmente usados em cada região. Por exemplo
aqui no Brasil a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) através da NBR-6122 (fundações de estru-
turas da engenharia civil) estipula uma “investigação geotécnica preliminar” para qualquer obra constando no
mínimo por sondagens a percussão (com SPT). Assim neste item o critério usado para inclusão de métodos e
equipamentos foi: os mais usados, os mais divulgados e os mais baratos.
V.1. Quantidade e Profundidade das Sondagens
Quantidade das Sondagens
A foto 1 a seguir mostra um aglomerado caótico de blocos de rocha. Agora suponha-se que esta forma-
ção foi soterrada por sedimentos e esteja no subsolo do terreno que será usado para uma obra. Imagine-se
“desenhar” esta formação com sondagens. Quantas sondagens seriam necessárias? Esta situação não é a “pa-
drão” mas às vezes acontece. E isto somente será descoberto após iniciadas as sondagens.
Esta situação ilustra o dilema dos engenheiros geotécnicos. Definir de antemão quantas sondagens se-
rão necessárias a se executar num terreno desconhecido. Ora só se saberia realmente a quantidade se o subso-
lo do terreno fosse conhecido. Mas se ele fosse conhecido não haveria necessidade de sondagens. Então o que
se faz é, através de experiência ou de normas, especificar-se uma quantidade MÍNIMA de investigações. Com
base nesta quantidade mínima de sondagens vai-se saber se ela é suficiente ou não. Infelizmente nem todos os
clientes estão cientes dessa limitação. E daí podem resultar conflitos.
Inicialmente vamos considerar a “programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos”
(SPT que será visto adiante) ”para fundações de edifícios”. A norma brasileira que trata do assunto é a NBR
8036. Reafirmando a inceteza inerente ao processo a norma inicia-se com uma ressalva “O número de sonda-
gens deve ser suficiente para fornecer um quadro, o melhor possível, da provável variação das camadas do
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subsolo do local em estudo”. E aí passa a definir quantidades MÍNIMAS de sondagens (não necessariamente A
TOTAL):
a) 2 para área de projeção em planta do edifício até 200 m²;
b) 3 para área entre 200 e 400 m²;
c) 1 para cada 200 m² (ou fração) para área de 400 m² até 1.200 m²;
d) 6 sondagens + 1 para cada 400 m² (ou fração) que exceder 1.200 m² para área de 1.200 m² até 2.400
m²;
e) Acima de 2.400 m² não existe orientação. Parece que a norma supõe que o engenheiro encarregado
de obra de tal porte tenha conhecimento suficiente para decidir por si só.
Os exemplos a seguir ilustram a aplicação dos critérios.
Em estudos preliminares, quando ainda não se dispõe do projeto de implantação do empreendimento a
norma estabelece uma distância máxima de sondagens de 100 m e um número mínimo de 3 sondagens. Uma
vez definido o projeto pressupõe-se que que os quantitativos antes definidos devam ser atendidos.

Exemplos:
Ítem Área de Projeção Observação Quantidade de Sondagens
em Planta do Edifício (m²)
a 187 Área < 200 m² 2
b 394 200 m²<área<400 m² 3
c 801 801 ÷ 200 > 4 5
d 1.540 1.200÷200+340÷400= 6+1 = 7
e 3.456 1.200÷200+1.200÷400+1.056÷X= 6+3+ 2 = 11

Quanto à distribuição das sondagens no terreno o caráter subjetivo da escolha é maior, mas existem
duas condicionantes básicas usuais: 1º) Ter-se uma boa caracterização geral do terreno, o que redunda numa
distribuição mais ou menos uniforme de todo o terreno; 2º) Dar-se prioridade à regiões da obra ou terreno,
mais importantes. Quanto à obra em si a região mais importante é usualmente ligada a detalhes estruturais,
como a região de pilares mais carregados (usualmente a região de elevadores). Mas em regiões onde existe
histórico de feituras geológicas conturbadas, como por exemplo antigos leitos de rios e / ou lagoas (hoje subter-
râneos e ocultos), blocos de rocha, matacões e outras feituras de pequena extensão e grande importância geo-
técnica, parece ser mais sensato dar-se mais importância a tais eventualidades, ou seja priorizar-se a distri-
buição mais uniforme no terreno. De qualquer forma, como se lida com a Natureza, a ocorrência de imprevis-
tos é uma possibilidade sempre presente. Se tais imprevistos ocorrerem (em qualquer fase da obra) haverá
necessidade de complementação de sondagens, até que se eliminem os riscos evidenciados.
A NBR-8036 especifica que quando a quantidade de sondagens for superior a 3 os furos NÃO devem
ser alinhados. Esta disposição, não alinhada, é que permitirá determinar planos subterrâneos como, por
exemplo, superfícies rochosas inclinadas.
Para investigação de rodovias existem normas do DNIT como mostrado no capítulo sobre “Obras de Terra”.
A prática internacional de sondagens para diversos tipos de obras é, segundo Sowers (1979), mostrada
no quadro 1 a seguir como primeira aproximação. Para condições de solos regulares e uniformes até dobra-se o
espaçamento. Em condições irregulares reduz-se à metade.

Quadro 1 – Espaçamento Típicos de Sondagens (Sowers, 1979)


ESPAÇAMENTO (m)
PROJETO
Estradas 60 - 600
Barragens de terra, diques 15 - 60
Jazida de empréstimo 30 - 120
Edifícios (vários andares) 15 - 30
Galpões, fábricas 30 - 90

Profundidade das Sondagens


Onde presentes, as rochas ígneas ocorrem a profundidades típicas máximas da ordem de 20 a 30 me-
tros, que são profundidades facilmente alcançadas pelas sondagens convencionais. Enquanto um concreto
apresenta uma resistência à compressão da ordem de 25 / 30 MPa um granito apresenta resistências de 80 /
120 MPa. As rochas são os materiais naturais de fundação de maior resistência e menor compressibilidade.
Não há melhor material a se procurar. E este é o limite usual máximo das sondagens (às vezes avança-se um
pouco na rocha para se garantir sua continuidade – pode ser um matacão – e integridade). Também estas são
as profundidades típicas máximas das fundações (estacas) da maioria das edificações no mundo todo.
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Foto 1 - Arranjo Caótico de Blocos de Rocha

Com base no pressuposto acima (existência de rochas ígneas ou de elevadas resistências) as profundi-
dades que as sondagens devam atingir tipicamente são no máximo até o “impenetrável” (ou seja a rocha) e
esta é a especificação mais simples a ser feita. No caso de estruturas pesadas, como pontes e edifícios altos, a
especificação típica é que as sondagens avancem até a rocha e até penetrem um pouco nas mesmas.
No entanto em alguns locais as rochas duras (elevada resistência) encontram-se a profundidades im-
praticáveis. Enquanto a profundidade de 50 metros é muito difícil para as sondagens usadas em construção
civil a Formação São Paulo (solos e rochas sedimentares) chega à espessuras de 200 metros (Petri e Fúlfaro,
1983). A série Barreiras que se estende ao longo da costa desde o Estado do Rio de Janeiro até o Amapá (onde
ocorrem as falésias junto ao mar) é formada por arenitos, siltitos, argilitos, folhelhos e os resíduos de sua in-
temperização. Na região de Carapina, Grande Vitória, ES nenhuma sondagem convencional conseguiu atra-
vessá-la. As espessuras talvez cheguem e ultrapassem os 500 metros. Não existe, em muitos casos uma bar-
reira “impenetrável” à sondagens. Há necessidade de se limitar as sondagens com base em outro critério, que
não seja rocha.
O critério usual para definir a profundidade das sondagens é que elas atinjam o ponto onde o acrésci-
mo de tensões verticais provocado pela obra prevista, ∆σz, seja no máximo 10% da pressão efetiva vertical exis-
tente, σ’0. Nesta situação o acréscimo de tensões (proporcional a log 1,1 = 0,04) não é significativo para situa-
ções convencionais. Com base nesse critério a NBR 8036 apresenta o gráfico da figura 1 que fornece uma guia
da profundidade a se atingir. Um exemplo ilustra sua aplicação.
Exemplo: Determinação da profundidade mínima a se atingir com as sondagens de um prédio de 16 pavimen-
tos e dimensões em planta de 15 m x 30 m.
Solução: Dados para uso do gráfico da NBR 8036.
q = 160 kPa (supondo-se uma tensão média de 10 kPa/pavimento);
g’ = peso específico efetivo do solo a se sondar. Como não se conhece ainda o solo pode-se estimá-lo como
submerso e de baixo valor (a favor da segurança) = 8 kN/m³;
M= 0,1 (critério dos 10%); B = 15 m; e L = 30 m. E daí:

q 160 L 30
  13,3  2
  M  B 8  0,1 15 B 15

Com estes valores no gráfico, vem que:

D
 2  D  15  2  D  30 m
B
Antes dessa profundidade, em 99% dos casos de Vitória, já se teria atingido rocha.

Como o gráfico serve apenas como guia, várias orientações adicionais são necessárias:
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1 – A sondagem deve incluir todas as camadas impróprias ou questionáveis como apoio de fundações.
Esta orientação pode ser simplificada para que não se interrompa a sondagem em solos fracos e compressíveis,
principalmente em argilas moles. Existem casos em que é viável se apoiar as fundações ACIMA de camdas
inadequadas para apoio DIRETO nelas. Mas nesses casos pode ser necessário que se façam análises de recal-
ques e outras análises nesses solos. No mínimo a espessura deles precisará ser conhecida;
2 – Quando a edificação for composta de vários “corpos” o critério se aplica a cada “corpo”;
3 – Quando a sondagem atingir rocha e nela forem se apoiar as fundações é aconselhável que avance-
se sondagens na rocha. Nestes casos a NBR 8036 especifica uma profundidade mínima de 5 metros;
4 – Deve-se atentar para possibilidades de processos posteriores (erosão, expansão e outros) virem a
afetar o terreno;
5 – É desejável um conhecimento prévio da geologia do local;
6 – Em versões anteriores de normas especificava-se uma profundidade mínima de sondagens de 8 m,
excepto se se encontrasse rocha;
7 – No caso de escavações no local é necessário o uso de bom senso. A NBR 8036 estabelece que a pro-
fundidade deve ser contada a partir da superfície do terreno e não se compute a espessura da camada de solo a
ser eventualmente escavada. Parece que que ela indica que não há necessidade de se desconsiderar o trecho a
se escavar da profundidade a se sondar. Isto, em parte, seria justificável pelo pré-adensamento que a retira-
da de solo propiciaria.
A limitação mais forte sobre o uso do gráfico da figura 1 é que a profundidade, no caso de fundações
profundas (estacas ou tubulões), deve ser contada a partir da posição provável da ponta das estacas ou base
dos tubulões. Ou seja, conforme vai sendo feita a sondagem, vai-se ajustando qual deva ser suaprofundidade.
O projetista das fundações deve acompanhar os resultados das sondagens e ir fazendo as adequações necesá-
rias. Isto é, sem dúvida, o mais adequado e eficiente. No entanto os órgão públicos (necessidade de concorrên-
cia e orçamentos prévios) não têm essa flexibilidade. Aí pode surgir um fator de tensão.
Também a especificação da norma de que as profundidades passem a ser contadas da ponta das esta-
cas é muito rigorosa. A figura 2 ilustra o porque desta afirmação. Se as fundações são diretas (sapatas por
exemplo) a profundidade e as pressões são contadas a partir da superfície do terreno acima do qual só há a
pressão atmosférica (caso 1). No entanto, na ponta das estacas (caso 2), além da pressão atmosférica, já há
uma pressão substancial de terra. Não há necessidade de se aprofundar o mesmo tanto para que as pressões
transmitidas pelas estacas se reduzam a um décimo das pressões fetivas devidas ao peso próprio do terreno.
Tudo isso faz com que as profundidades orientadas na norma não passem realmente de orientação
apenas e as regras anteriores aervem apenas para solos que comprovadamente irão comportar fundações dire-
tas, ou naqueles solos onde já se sabe de antemão a profundidade das camadas que servirão de apoio das fun-
dações.
Melhor será se o projetista, dentro do seu conhecimento e experiência, orientar uma profundi-
dade que o satisfaça para o projeto, seguro e econômico (nesta ordem). Uma regra mais geral seria:
1°) Execute dois furos de sondagem até o “impenetrável” ou a uma profundidade adequada (mais de
35 metros somente para obras extraordinárias ou terrenos inusitamente “fracos”). Se as fundações alcançarem
tal profundidade há risco de seu custo inviabilizar o empreendimento;
2°) Com base nessas sondagens iniciais projete preliminarmente a fundação para a obra, adotando
premissas conservadoras (piores hipóteses). Para se ter eficiência e agilidade há necessidade de uma boa ex-
periência do projetista. Em caso contrário pode haver necessidade de uma etapa posterior para complementa-
ção de sondagens;
3°) Programe a profundidade das camadas restantes com base nesse projeto levando em conta que
deve-se ter um mínimo “minimorum” de cerca de 5 metros de espessura para aquela camada considerada co-
mo apoio. Claeson e Macklin (2014) recomendam profundidades pelo menos 5 m mais profundas do que a fun-
dação mais profunda.

Uma regra bem mais simples para cálculo de profundidades de sondagens, segundo o mesmo critério
dos 10%, é apresentada por Sowers (1979):

Quadro 2 – Profundidades Típicas de Sondagens (Sowers, 1979)


OBRA PROFUNDIDADE (m)
Edifício leve, estreito z = 3  S0,7
Edifício pesado, largo z = 6  S0,7
z = Profundidade da sondagem (em metros); S = Número de pavimentos
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Figura 1 – Gráfico para Determinação de Profundidade de Sondagens (ABNT, NBR-8036/1983)


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Figura 2 - Critério para Profundidade de Sondagens

V.2. Exploraçao por Trados

A figura 3 mostra alguns modelos de trados manuais, provavelmente os mais usados. Eles são girados
e penetrados no solo em pequenos avanços, até se encherem do solo sendo atravessado. São então sacados tra-
zendo amostras do solo daquela profundidade e identificando as camadas de solo. Na figura 3b as 3 primeiras
manobras foram executadas numa 1ª camada do terreno e as 4 seguintes numa 2 ª camada. Conforme a perfu-
ração se aprofunda novas hastes são adicionadas ao cabo, encompridando-o.
As amostras assim recuperadas são amolgadas (a estrutura in situ é completamente destruída). Nelas
pode-se executar ensaios para sua classificação (limites de Atterberg, granulometria) e outros ensaios com
amostras trabalhadas, como o ensaio de compactação. Estas ferramentas são usadas para simples avanço de
perfuração (alcançando profundidades onde outros equipamentos serão usados) ou então para caracterização
de jazidas de empréstimo (o solo será extraído dali para ser manuseado, por exemplo, compactado noutro local.
A estrutura in situ não interessa). Para estudos de terrenos de fundação, onde vai-se utilizar o solo no seu
estado natural a ferramenta é apenas auxiliar em perfurações. É usado normalmente como o único instrumen-
to de investigação apenas para caracterização de jazidas de empréstimo (rodovias, ferrovias, barragens, etc.).
Os trados podem ser usados para quaisquer profundidades mas usualmente além dos 6 metros de
profundidade não são econômicos.
As limitações de / para uso do trado costumam ser:
a) Presença de pedregulhos ou material mais grosso;
b) Solos muito compactos ou muito duros;
c) Presença de água (a água lava as amostras do trado).

a) Trados Helicoidal e Concha (Hvorslev, 1949) b) Operação do Trado (Teng, 1962)


Figura 3 – Trados para Exploração ou Simples Perfuração.
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V.3. Perfuração por Simples Lavagem


Outro processo rotineiro de perfuração é o chamado de “simples lavagem”. A figura 4 mostra o es-
quema básico da operação e a foto 2 ilustra o sistema no campo. No instante da foto a perfuração por lavagem
havia chegado à profundidade desejada. As hastes de lavagem estacam sendo retiradas para inserção

Figura 4 – Esquema de Perfuração por Lavagem Foto 2 – Tripé de Sondagem - Lavagem

de outro equipamento para execução de ensaio naquela profundidade. O tripé é usado para içamento ou desci-
da de equipamentos na perfuração, e apoio das hastes.

A perfuração usualmente inicia-se com trado (a menos que seja sondagem submersa. A NBR 6484
exige que acima do lençol freático se use o trado, onde possível). Nessa perfuração inicial instala-se um tubo
de revestimento (usualmente entre 2 e 4 m) que é necessário para condução do líquido que retorna da perfura-
ção para um tanque de circulação.
Uma vez atingido o lençol freático com o trado (se possível) e com o tubo de revestimento instalado
inicia-se a perfuração por lavagem. Desce-se por dentro do revestimento outra tubulação de aço, as hastes de
perfuração, até o fundo. Através da bomba suga-se o líquido de perfuração do tanque que é injetado no furo
pelas hastes. O líquido é despejado no fundo do furo, pela ponta das hastes através de uma ferramenta, o tré-
pano. O solo é desagregado no fundo do furo pelo trépano rosqueado na ponta da haste (uma cavadeira). A
haste presa a um cabo, com o líquido fluindo, é levantada, deixada cair (até o limite do cabo e não no fundo do
furo) e girada, desagregando o solo. As partículas e pedaços (se o solo for coesivo ou cimentado) de solo coloca-
dos em suspensão são então arrastados pelo líquido que retorna a superfície (entre as hastes e as paredes da
perfuração) passando pelo revestimento e caindo pela “bica” no tanque de recirculação.
O líquido usado pode ser água apenas mas neste caso, se o solo não for coesivo, será necessário descer-
se o revestimento quase até a ponta da perfuração, para manter o furo aberto. Preferivelmente usa-se lama de
perfuração. Esta lama é uma mistura de água com argila bentonítica (um tipo da família das montmoriloni-
tas), com uma densidade no entorno de 1,05 g/cm³, formando um líquido espesso e pastoso, de elevada viscosi-
dade (em relação à água pura). Esta lama permite avançar o furo sem revestimento, mesmo em areias limpas
e submersas, até a profundidade máxima necessária (não é usual, mas as vezes vai-se até cerca de 50 metros).
A vazão do líquido no furo é que determinar sua capacidade de arraste das partículas e fragmentos de
solo sendo perfurados. A Lei de Stokes, que foi vista no estudo de “granulometria por sedimentação” em “Geo-
técnica”, estabelece:
10

s w
v  D² 
18  
Onde
v = Velocidade de queda (sedimentação) de partícula ou fragmento no líquido de perfuração.
D = Diâmetro do maior fragmento ou partícula de solo sendo escavado. Seja 2 mm.
gs = Peso específico da partícula ou fragmento de solo. Seja 2,65 gf/cm³.
gw = Peso específico do líquido de perfuração. Seja água com 1,0 gf/cm³ ou lama com 1,18 gf/cm³.
m = Viscosidade do líquido de perfuração. Seja água com 10 x 10-6 gf x s/cm² ou lama com 0,2 Pa x s.
E aí: v ≈ 3,7 m/s no caso de água e v ≈ 0,02 m/s no caso de lama, para que as partículas escavadas não se sedi-
mentem. Para serem arrastadas para fora da perfuração a velocidade deve ser maior. Esta velocidade é de
subida do líquido na perfuração. Para descida, na área menor das hastes de perfuração e do trépano a veloci-
dade deve ser maior.
A figura 5 mostra opções de trépanos de lavagem. A norma Americana ASTM D 1586 – 92, estabelece
que “para evitar amolgamento do solo abaixo, não se permite descarga pelo fundo”. Se esta for a situação é
preciso que se use algum artifício ou aparato para desviar o jato do fundo da perfuração. O exército americano
(USACE, 1988) repete estas especificações, instruindo para uso de quipamentos com descarga lateral do líqui-
do de perfuração ou uso de defletores. Já a norma brasileira NBR 6484 especifica o trépano com descarga pelo
fundo. Na figura 4 os três primeiros desenhos (catálogo Maquesonda) são diferentes vistas do trépano usado
no Brasil. O 4º modelo não é um trépano (é um penetrômetro) mas ilustra como se desviar o jato do líquido de
perfuração (Terzaghi e Peck, 1948). O 5º modelo, identificado como “trado de limpeza” é apresentado por Acker
III (1974) como ferramenta de limpeza para amostreamentos de alta qualidade. Os 6º e 7º modelos aparecem
em catálogos brasileiros (Maquesonda) e na literatura internacional. O “baldinho” é uma ferramenta para
completar a limpeza da perfuração, após a circulação de líquido. É um tubo com um alçapão na extremidade
inferior que se deixa cair na perfuração. O solo (resíduos) penetra no tubo abrindo o alçapão. Quando ele é
sacado o solo tentando descer fecha o alçapão e então é levado para a superfície.
A perfuração por lavagem não é aceita como sondagem do terreno, mas apenas como um processo de
perfuração para se atingir as profundidades onde se deseja ensaios. Na água que circula as frações mais finas
do solo sobem com maior rapidez e assim as diferentes frações de um solo são separadas. Mesmo assim, os
sondadores experientes e CUIDADOSOS conseguem discernir, apenas na lavagem, as diferentes camadas,
que serão confirmadas depois com amostreamento. Podem ser usadas isoladamente apenas quando se quer
identificar algum material bem destacado, como por exemplo, rocha. São usados para delimitação de matacões
e blocos de rocha enterrados.
Nas sondagens praticamente todos os itens são rigorosamente especificados pelas normas, exceto o
cuidado e capricho dos operadores nesta fase de operações. E isto faz a diferença entre diferentes sondadores e
nos resultados. E quando se obtem UM resultado desfavorável não se pode descarta-lo e a investigação pode
ficar toda comprometida. Talvez esse fator seja a principal causa de que se busquem diferentes tipos de son-
dagens e se elimine o fator humano.

Jato desviado 
para cima 

Descarga pelo 
fundo 

Figura 5 – Modelos de Trépano e “Baldinho”


11

Além do fator humano se existe alguma falta de especificação é nesta fase. Por exemplo numa dada
sondagem identificou-se uma camada de argila marinha mole mas pré-adensada e que não preocupava. De
repente, em sondagens de confirmação de outro problema, a camada apresentou-se com pré-adensamento bem
menor. Na investigação do problema verificou-se que a motobomba havia sido trocada por estar muito “fraca”.
E aí estava a explicação: Com o motor em menor rotação a limpeza do furo era mais suave e preservava o pré-
adensamento do solo. Quando se conseguiu imprimir a rotação “normal” no motor o jato de lama era tão forte
que amolgava o solo e destruía seu pré-adensamento. Note-se que com lama, como era o caso, a velocidade do
fluxo para limpeza não precisava ser alta. O que dita a velocidade do fluxo é principalmente a produtividade
do equipamento. Parece que usualmente os motores a gasolina usados são menos potentes do que os a diesel, e
usualmente nele se obtem resistências maiores e compressibilidades menores dos solos.

V.4. Observação do Nível d’Água

A identificação do lençol d’água no terreno é fundamental não só


para determinação de tensões neutras e efetivas e empuxos como também
para identificação de dificuldades de escavação. É um item indispensável
em qualquer sondagem. É feita medindo-se o nível d’água estabilizado no
furo.
A primeira indicação do lençol d’água na sondagem é a umidade da
amostra. Havendo indicação de presença do nível d’água a NBR 6484 esta-
belece que deve-se interromper a sondagem por um mínimo de 15 minutos
(para estabilização do nível d’água no furo) e fazer-se a medição de seu ní-
vel. Dependendo da permeabilidade do terreno a estabilização no furo pode
demandar dias, mas essa espera usuamente é impraticável. O que se faz é
identificar onde se observou o nível d’água pela primeira vez (espera de 15
minutos). Embora esse nível seja bem pouco confiável ele é importante para
identificação de eventuais lençóis d’água “empoleirados” ou artesanismo.
Após o término da sondagem espera-se pelo menos até o dia seguinte (12
horas de estabilização) para a observação final.
Se a exata posição do lençol d’água for importante é recomendável
que se instale um poço para sua observação por um tempo maior. Este poço
pode ser um furo de sondagem onde se use apenas água na lavagem (a
bentonita é “impermeável”) e se instale um revestimento
Figura 6 – Trenas (Hvorslev, 1949)
(um tubo de PVC por exemplo) para manter o furo aberto. Em areias limpas o tempo necessário está no entor-
no de 1 dia ou menos, mas em terrenos argilosos pode-se precisar de mais de 1 semana.
Os instrumentos usuais para observação do nível d’água são réguas de carpinteiro, trenas, etc secos e
empoeirados (para identificação do trecho molhado pela água) ou fios elétricos. A figura 6 ilustra alguns tipos
desses instrumentos. E ainda, se o nível d’água estiver muito profundo no furo e não se souber, nem aproxi-
madamente, onde se situa pode-se usar um tubo que conforme vai sendo baixado no furo seja so- prado. O
som de borbulha irá acusar a presença da água.

V.5. SPT – Standard Penetration Test

Em 1971 V. de Mello se referia a esta sondagem como “inescapável primeira indicação” e isto perma-
nece válido até hoje. E ainda afirmava que milhares de arranha-céus e outras fundações importantes (“possi-
velmente 99%”) foram projetadas com base exclusivamente em interpretações de resistência à penetração. O
ensaio em si é bastante intuitivo: Uma medida da dificuldade de se penetrar uma ferramenta no solo, e assim
cada técnico desenvolveu seu método. Para possibilitar a troca de experiência e de informações surgiu então a
padronização do ensaio. Aqui no Brasil a norma que trata do assunto é a NBR 6484, que por sua vez segue
padrão internacional (ISSMFE, 1989):
1- A ferramenta a ser penetrada no solo é um tubo metálico robusto com diâmetro externo de 2”
(50,8 mm) e diâmetro interno de 1 3/8” (34,9 mm). É chamado de amostrador padrão, amostrador
SPT, amostrador lascado ou bipartido e amostrador Raymond-Terzaghi (inventor-divulgador).
Além de ser ferramenta de penetração, permite a retirada de amostras amolgadas mas ditas “se-
cas” (não são lavadas, mantêm a umidade original do solo). O tubo tem cerca de 81 cm de compri-
mento. O tubo é lascado longitudinalmente em duas metades que são mantidas unidas por uma
sapata e uma cabeça. Ao se desenroscar a sapata e a cabeça o tubo se abre e expõe a amostra. Este
12

tubo desce dentro da perfuração da sondagem atarrachado na ponta de uma tubulação de 1” que
também serve para lavagem da perfuração;
2- A cravação é feita por meio de pancadas de um matelo com massa de 65 kg caindo de uma altura
de 75 cm;
3- A penetração total deve ser de 45 cm, contando-se o número de golpes para penetração de cada
segmento de 15 cm. O índice de resistência à penetração N (ou NSPT) será a soma do número de
golpes dados para a penetração dos 30 cm finais do amostrador.

A Figura 7 ilustra a operação do ensaio SPT. A operação inicia-se pela escavação manual (cavadeira
articulada) até 1 metro de profundidade. Na ponta das hastes de lavagem de Ø1” rosqueia-se o amostrador
padrão, que é cravado 45 cm no fundo da escavação em 3 segmentos de 15 cm e anotada-se o número de golpes
necessários para cada segmento. Retiram-se as hastes do solo com o amostreador na ponta, cheio de solo. A
amostra de solo é classificada e armazenada sem perda de umidade para reclassificação em laboratório e even-
tuais ensaios (limites de Atterberg, umidade e granulometria). Aqui já pode-se instalar o tubo de revestimento
e de retorno da água de lavagem. Prossegue-se a escavação até o metro seguinte, com trado (se acima do lençol
d’água e o solo permitir – se não muda-se para lavagem). Reinsere-se o amostreador na perfuração e faz-se
novo ensaio de penetração. E assim repete-se a operação de metro em metro até o “impenetrável” ou até a
profundidade especificada. Para as profundidades onde se está usando lavagem retiram-se todas as hastes de
lavagem. Substitue-se o trépano de lavagem pelo amostreador. Reinsere-se o amostreador na perfuração, faz-
se a penetração daquele metro e retira-se o amostreador com a amostra daquela profundidade. Troca-se o
amostreador pelo trépano de lavagem. Reinserem-se as hasetes no solo e prossegue-se com a perfuração até o
próximo metro. E assim sucessivamente.
Como resultado da sondagem obtem-se para cada metro sondado um ensaio de penetração dinâmica
(ensaio penetrométrico) e uma amostra para identificação das camadas de solo. Também observa-se a profun-
didade onde ocorre o lençol freático do terreno.
O resultado do ensaio de penetração é o índice de resistência à penetração: N ou NSPT. Em cada metro
da perfuração foram obtidas 3 contagens de número de pancadas. Uma para a penetração de cada 15 cm. Va-
mos supor que sejam 3 golpes para os primeiros 15 cm, 4 golpes para os 15 cm seguintes, e 6 golpes para os 15
cm finais. Então para a apresentação somam-se os números de golpes para os 30 cm iniciais (3+4=7) e os nú-
meros de golpes para os 30 cm finais (4+6=10). Admite-se que os 15 cm iniciais sejam amolgadas na perfura-
ção e a soma para os 30 cm iniciais não é usada, pode sevir talvez para se ter uma ideia do cuidado na perfu-
ração. Segundo Décourt et al (1989) o número de golpes para penetrar os 15 cm intermediários seria cerca de
75% maior do que o dos 15 cm iniciais. E o o número de golpes para penetrar os 15 cm finais seria cerca de
40% maior do que o dos 15 cm intermediários. E a soma dos golpes para os 30 cm finais é o NSPT = 10. A Figu-
ra 8 ilustra como se obtem o NSPT para cada penetração.

a) Perfuração do terreno b) Penetração do Amostrador no terreno – Ensaio SPT


Figura 7 – Operação do Ensaio SPT
13

A Figura 9 mostra como seriam as medições de números de gol-


pes numa sondagem. Da 3ª à 5ª coluna mostram-se os números de gol-
pes para os 3 segmentos. Neste boletim não estão explicidados os índi-
ces de resistência à penetração NSPT. Mas no gráfico na 6ª coluna, a
seguir mostra-se a soma para os números de golpes para os 30 cm ini-
ciais (linha tracejada), e a soma para os 30 cm finais, o NSPT (linha
cheia). Segundo a NBR 6484 esta é a forma de apresentação de Relató-
rio de Campo, mas muitos engenheiros preferem essa forma como final.
Do lado direito do boletim estão mostrados os valores finais para uso. O
número de golpes para os 30 cm finais é o NSPT.
No boletim da Figura 9 a maioria dos números de golpes são
inteiros, mas alguns são apresentados em forma de fração. Os números
inteiros indicam que foram penetrados os exatos 15 cm de cada seg-
mento.

Figura 8 – Medição de NSPT

Os números fracionários indicam que o solo é muito fraco e a penetração excedeu os 15 cm do segmen-
to. Por exemplo 1/21 significa que com 1 golpe a penetração foi de 21 cm (e não 15), 4/18 significa que com 4
golpes a penetração foi de 18 cm (está implícito que com 3 golpes a penetração não atingiu os 15 cm necessá-
rios). Uma vez atingidos os 45 cm totais de penetração em cada ensaio interrompe-se a cravação. Pos isso nas
profundidades de 9 e 10 m não existe a coluna referente aos 15 cm finais (em 9 m a penetração foi de 48 cm e
em 10 m foi de 45 cm). Do lado direito do boletim foram acrescentados os números de golpes, agora para 30 cm
(como preconiza a ABNT para apresentação final).
Também podem aparecer números fracionários em solos muito resistentes. Não se consegue a penetra-
ção estipulada de 15 cm. Por exemplo a 16 m de profundidade falta a 3ª penetração por esse motivo. Quando o
número total de golpes numa profundidade atinge 50 golpes interrompe-se a cravação do amostrador. Um
exemplo possível seria 30/6, que significaria que com 30 golpes a penetração foi de 6 cm.
Outras situações especiais são a de “0/x” golpes e PP/y. A situação PP significa que o amostrador pene-
trou “y” cm no solo sob Peso Próprio das hastes apenas. E a situação “0” significa que o amostrador penetrou
“x” cm no solo sob Peso Próprio das hastes e do martelo (PP indica um solo mais fraco do que 0).
A figura 10 mostra um boletim de sondagem sob a forma de relatório final. Só aparecem duas colunas.
A primeira refere-se ao número de golpes para penetração dos 30 cm iniciais (15 cm iniciais + 15 cm interme-
diáios), e a segunda à penetração dos 30 cm finais (15 cm intermediários + 15 cm finais), o NSPT. Agora os nú-
meros de golpes inteiros se referem a penetrações de exatos 30 cm. Os números fracionários se referem em
geral a solos muito resistentes em que não se conseguiu a penetração estipulada de 30 cm ou solos muito fra-
cos em que as penetrações ultrapassam o valor padronizado. Por exemplo onde estão mostrados “17/15” e
“30/15” significa que foram 17 golpes para avanço dos 15 cm iniciais (alternativamente poderia se representar
47 inteiro para a 1ª coluna, mas isso dificultaria a extrapolação do NSPT) e mais 30 golpes para avanço dos 15
cm intermediários. A NBR-6484 permite que se interrompa o ensaio ao se atingir 30 golpes num segmento de
15 cm e assim não se obteve a penetração final. A segunda coluna 30/15: significa que com 30 golpes o avanço
foi de apenas 15 cm (e não 30 cm como estipulado na norma). Por regra de 3 então o NSPT aí seria 60. Uma
outra situação em que podem aparecer números fracionários, aqui em qualquer tipo de solo, é quando ocorre
mudança de camada ao longo do trecho penetrado. Seja, por exemplo, na Figura 9 a penetração de 6 m. Houve
mudança de camada a 6,15 m. Então não há sentido em somar golpes dos 15 cm iniciais em uma camada com
os golpes da camada seguinte. Ficam faltando os 15 cm finais da primeira camada.
O boletim da Figura 10, para caber todo em apenas uma folha, fugiu à norma em 2 pontos. A escala é
1:200 (deveria ser 1:100) e foram omitidas as compacidades e consistências das camadas.
O boletim da Figura 10 é parcial e continua n’alguma outra folha. O boletim da figura 9 ilustra uma
possível situação de “impenetrável à percussão” (embora ainda não atendendo à atual NBR-6484). A sonda-
gem foi interrompida devido à elevada resistência do solo. Talvez, a muito custo ainda se conseguiria avançar
a sondagem com o trépano de lavagem. Já uma sondagem “impenetrável ao trépano” significa que o avanço da
perfuração em si é praticamente impossível. O avanço do trépano num ciclo de 30 minutos é inferior a 50
mm/10 min. É o que acontece quando se atinge rocha coesa e resistente.
Além do NSPT, em cada metro, ao se extrair o amostrador após o ensaio de penetração ele vem cheio do
solo daquela profundidade (às vezes, em alguns solos muito fofos ou muito moles não se consegue as amos-
tras). Esta amostra de solo embora amolgada (perde a estrutura original) mantém a umidade original. Os
ensaios mais rotineiros que podem ser feitos nessas amostras são: densidade real (dos grãos ou dos sólidos),
umidade natural, limites de Atterberg e granulometria. Também através do seu exame tátil-visual as amos-
tras são classificadas e descritas. A identificação dos solos deve ser feita de acordo com a NBR 6502 Rochas e
Solos, cujas principais definições são apresentadas na figura 11.
14

Como pode se observar a NBR 6502 é basicamente uma classificação granulométrica e muito sucinta.
Como se distinguir solo de outro? Por exemplo uma “areia argilosa” de uma “argila arenosa”? – É claro que
quando houver predominância de um material sobre outro. Mas o Sistema Unificado de Classificação assume
que essa predominância se define com 50% na peneira nº 200 de abertura de 0,075 mm, e já o HRB (classifica-
ção para rodovias) se define com 35% ou mais passando na mesma peneira. A distinção entre silte e argila (a
não ser granulometricamente que é um ensaio difícil e pouco significativo nessa faixa) também não é explici-
tada. O resultado que esta etapa fundamental fica prejudicada. Onde possível seria desejável o uso do Sistema
Unificado que, fora as aplicações rodoviárias, é o mais usado no mundo todo. Uso de sistemas de classificação
diferentes confunde.
Importante na NBR 6502 é explicitar diferença entre classificações geológica e geotécnica. Geotécnica
é a feita segundo os princípios da Mecânica dos Solos, e portanto de Engenharia.
Finalmente a NBR-6484 apresenta as tabelas do Quadro 3 a seguir. A ressalva (1) quanto à designação
não é clara. A compacidade é sim relacionada à índice de vazios. A ressalva deve ser que as correlações apre-
sentadas entre N e compacidade não são válidas para solos cimentados. Em tais solos a resistência à penetra-
ção é desenvolvida pela cimentação e não pela compacidade. Assim um solo mesmo com elevado índice de va-
zios (correspondente a fofo) pode desenvolver N elevado.
Nos Estados Unidos da América (e provavelmente no resto do mundo), pelo menos desde 1948, a proposta de
Terzaghi e Peck (1948) para compacidade das areias e consistência das argilas vem predominando. Os qua-
dros 4 e 5 mostram essas correlações (onde se incluiu também a ABNT para comparação). Adicionalmente
foram incluídas outras correlações. Para o caso das argilas Terzaghi e Peeck (1948) definiram também as re-
sistências à compressão simples ( caso Ø = φ = 0) limites para cada caso. Aqui deve se considerar que as argi-
las consideradas por Terzaghi e Pech são sedimentares (típicas de Estados Unidos e Europa) e usualmente
saturadas. As argilas residuais brasileiras (residuais de rochas ígneas ou mesmo de sedimentos como as argi-
las do Terciário da Série Barreiras ou da cidade de São Paulo) tipicamente lateríticas e muitas vezes não satu-
radas são um caso a parte onde o caso φ = 0 raramente se aplica.
Diâmetros das Partículas (mm) 
0,002  0,06  0,2  0,6  2  6  20  60  200  1000 
Argila  Silte     Areia        Pedregulho  Pedra‐de‐  Matacão  Bloco de  
      Fina  Média  Grossa  Fino  Médio  Grosso  ‐Mão     Rocha 
Classificação Geológica = Princípios da Geologia (genética) 
Finos:  d<0,075mm (peneira nº 200)  Classificação Geotécnica = Princípios da Mecânica dos Solos 

Figura 11 – NBR 6502/1995 – Rochas e Solos: Terminologia

Quadro 3 – Compacidade e Consistência segundo a NBR-6484


Solo  Índice de resistência à Penetração ‐ N  Designação(1) 
Areias e  ≤4  Fofa(o) 
Siltes  5 a 8  Pouco Compacta(o) 
Arenosos  9 a 18  Medianamente Compacta(o) 
   19 a 40  Compacta(o) 
   >40  Muito Compacta(o) 
Argilas e  ≤2  Muito Mole 
Siltes  3 a 5  Mole 
Argilosos  6 a 10  Média(o) 
   11 a 19  Rija(o) 
   >19  Dura(o) 
(1)
 As expressões empregadas para a compacidade das areias (fofa, compacta, etc), referem‐se a deformabilidade e re‐
sistência destes solos, sob o ponto de vista de fundações, e não  devem ser confundidas da compacidade relativa das 
areias ou para a situação perante o índice de vazios críticos, definidos na Mecânica dos Solos. 
15

Figura 9 – Boletim de Sondagem na forma de Relatório de Campo.


16

Figura 10 – Boletim de Sondagem na forma de Relatório de Final.


17

Quadro 4 – Compacidade Relativa de Areias e outras Correlações com NSPT (Bowles, 1977)
DESCRIÇÃO  Fofa  Pouco Compacta Medianamente Compac‐ Compacta  Muito Compacta
ta 
Compacidade 
    0          0,15                           0,35                                          0,65                    0,85                   1,00 
Relativa 
NSPT – EUA     0          4                           10                                       30                    50 
NSPT ‐ ABNT      0            4                    8                                   18                                40 
* φ  25‐ 30    27‐ 32                       30‐ 35                                          35‐ 40                38‐ 43 
ρt (g/cm3)  1,1 ‐ 1,6  1,4 ‐ 1,8 1,7 ‐ 2,0 1,7 ‐ 2,2  2,0 ‐ 2,3

* Use valores maiores para material granular com 5% ou menos de areia fina e silte. 

Quadro 5 – Consistência de Argilas e outras Correlações com NSPT (Bowles, 1977)


Consistência  Muito Mole  Mole Média  Rija  Muito Rija  Dura 
qu (kPa)                            25                        50                      100                  200                        400 
NSPT ‐ EUA  0                     2                      4                     8                   16                      32 
NSPT ‐ ABNT *  0                         2                             5                     10                            19  
ρsat (g/cm3)                  1,6 ‐ 1,9                   1,7 ‐ 2,0                        1,9                  2,2 
     * OBS.: Na BNT foi eliminada a designação “muito rija”. 

V.6. SPT – Standard Penetration Test – Correções

V.6.1 – Energia do SPT


Embora o ensaio seja muito padronizado ainda existem variações de um equipamento para outro. Tal-
vez o caso mais notável seja o da variação da forma de queda do martelo sobre as hastes que têm o amostrador
na ponta. Nos Estados Unidos existe (ou existiu) desde a queda livre até uma situação que o martelo arrasta o
cabo que levanta o martelo, e esse cabo está enrolado em um tambor. Como consequência a energia que chega
ao amostrador para crava-lo no solo pode variar em mais de 100%. Os americanos então adotaram como 60% a
eficiência de referência do ensaio (60% da energia de cravação Peso do Martelo x Altura de Queda) e chama-
ram a esse valor de referência N60. A correção do número de golpes para a enercia de referência (60%) é dada
pela correlação:
N1  E1  N 2'  E 2
Onde N1 é número de golpes do SPT quando a energia é E1, e N2 será esse número quando se usar uma ener-
gia N2. E assim quando se for usar alguma correlação americana recente (Bowles mostrou essa referência em
1996) deve-se corrigir o número de golpes Nq, obtido com uma energia Eq, para a energia de referência N60
através da fórmula:
N 60  N q  Eq 60
Aqui para o Brasil existe o trabalho de Belincanta e Cintra (1998) junto a “seis empresas ... específicas
e tradicionais ... da sondagem /ensaio SPT.”. As médias das eficiências para martelos de acionamento manual
(o típico) variou de 66,7 a 72,8%, ou seja cerca de 70%. Outras conclusões importantes do estudo foram que
duas desobediências muito frequendes à NBR-6484, uso de cabo de aço no lugar de corda de sisal para içar o
martelo e ausência de coxim de madeira dura no martelo, não são relevantes.

V.6.2 – Profundidade do Ensaio SPT em Solos Granulares


Gibbs e Holtz (1957) provaram que o número de golpes NSPT nas areias depende da pressão de confi-
namento a que o solo está submetido e consequentemente depende da profundidade. Ou seja para um mesmo
solo a resistência à penetração aumenta com a profundidade mesmo que não haja variação de sua compacida-
de. Daí veio a conclusão de que as inúmeras correlações entre NSPT e diversas propriedades dos solos (a com-
pacidade inclusive) não eram válidas em geral, mas exclusivamente para uma dada pressão de confinamento.
E acabou sendo consenso no mundo todo que tal pressão seria de cerca de 100 kPa (a pressão média represen-
tativa da profundidade onde se medem as propriedades dos solos para projetos). Como os solos, americanos e
europeus, considerados na interpretação do ensaio SPT são apenas as areias e argilas (φ = 0), somente as
areias necessitariam de correção quanto à profundidade (os nossos solos residuais ficaram de fora).
18

Então para as areias as tabelas e correlações só eram válidas


para a profundidade onde a pressão fosse de 100 kPa. Para outras
pressões (profundidades) o número de golpes deveria ser corrigido, ou
melhor, referido à pressão padrão de 100 kPa. Para pequenas profun-
didades o fator de correção, CN é maior do que 1 e para maiores pro-
fundidades, menor do que 1. Como era de se esperar em solos cuja re-
sistência depende só do atrito, na superfície, onde a pressão é nula, a
resistência à penetração também é nula, independente da sua compa-
cidade. Mas à pressão de 100 kPa o valor de NSPT será maior do que
zero, e então CN deverá ser infinito. E assim para profundidades muito
pequenas os valores de CN são muito elevados. Mas autores de correla-
ções (por exemplo Ralph Peck) alertaram que não deveriam usar tais
correções tão elevadas. Houve consenso de que a correção máxima se-
ria de 2. Isto não traz grandes implicações práticas pois as profundi-
dades mínimas de fundações estão no entorno de 1 m onde a pressão é
cerca de 25 kPa, que implica numa correção de 2. Mas deve-se manter
em mente que próximo à superfície os valores “corretos” de correção
excedem tal limite de 2.
Foram publicadas diferentes fórmulas para o valor da correção,
mas a que predominou parece ter sido a proposta por Liao e Whitman
(1986), onde o valor do fator de correção, CN, é:

100
CN  para  'v em kPa CN  2
 'v Figura 12 – Fator de Correção CN para SPT
(Liao e Whitman, 1986)
Na Figura 12 mostra-se o gráfico dos fatores de correção CN em função da pressão no ponto do ensaio
de penetração. A inserção no canto inferir da figura mostra outras formulações similares. Praticamente são
coincidentes mas a fórmula de Liao e Whitman (1986) é mais simples.
De uma forma geral, exceto para trabalhos de pesquisa, tais correções parecem não ser rotineiramente
usadas. Mas quando há escavações e / ou aterros na região da sondagem, tais correções são imprescindíveis.
Um exemplo típico é o de uma sondagem feita no fundo de uma escavação onde se implanta uma sapata e a
seguir tal escavação seja reaterrada. O exemplo a seguir ilustra o fenômeno e o procedimento de correção do
número de golpes.

Exemplo de Uso de CN: Seja a escavação da figura abaixo onde se executou um ensaio SPT a partir de 0,5 m
de profundidade. O valor medido do SPT foi NSPT=5. Qual seria o valor medido se o ensaio fosse feito no
mesmo ponto, mas sem escavação. Considerar o peso específico da areia como 19 kN/m³.

Solução:
Quando ensaio foi executado sua profundidade, z, era 0,5 m
(início), mais os primeiros 0,15 m do ensaio (desprezados) e
mais 0,15 m da profundidade média do trecho ensaio (0,3
m). Ou seja:

z  0,5  0,15  0,15  0,8 m

Logo a pressão média, σ’v, do trecho ensaiado era:


 'v , 0,8  z   t  0,8  19  15,2 kPa

Teóricamente todos os valores de ensaio SPT quando corrigidos, têm que ser iguais. Então o valor corrigido
NSPT do ensaio a 0,8 m tem que ser igual ao valor corrigido do ensaio após reaterro a 2,3 m (1,5+0,8), quando:
 'v , 2,3  z   t  2,3  19  43,7 kPa
Ou seja:
C N , 0 ,8
C N , 0,8  5  C N , 2,3  N SPT , 2,3  N SPT , 2,3  5  .............................. (a)
C N , 2,3
Então, usando-se a fórmula de CN:
19

100 100
C N , 0,8   2,6 e C N , 2,3   1,5
15,2 43,7

E voltando-se á equação (a):


C N , 0 ,8 2,6
N SPT , 2,3  5   5  8,7  9
C N , 2,3 1,5

Cabe ainda lembrar que as pesquisas e fórmulas foram desenvolvidos para o SPT, mas, eventualmente
com alguma adequação, devem também ser válidos para outros ensaios penetrométricos.

V.6.3 –Ensaios de Penetração em Solos Recém Compactados


Um procedimento relativamente frequente em obras de engenharia é o de densificação in situ de depó-
sitos granulares (areias usualmente) como já foi mencionado no capítulo de “Compactação de Solos”. Nesse
procedimento o solo que está sendo densificado (compactado) está (pelo menor em parte) enterrado e fora do
alcance direto de controles usuais de compactação. O método então usado é o de sondagens de penetração em
geral (SPT é um deles, mas existem outros que serão introduzidos adiante). É usual que se especifique uma
resistência mínima à penetração do solo sendo tratado. Nessas situações é imprescindível que se leve em conta
o fenômeno de “envelhecimento” dos solos em geral, inclusive areias quartzosas limpas, que ocorre em questão
de dias (às vezes até horas). Nesse fenômeno os solos desevolvem pré-adensamento (já mencionado no capítulo
sobre adensamento), aumentam a resistência, diminuem a compressibilidade, e melhoram em geral suas pro-
priedades de engenharia. E tudo isso vai-se refletir nos índices de penetração usados para controle de densifi-
cação, que poderão ter seus valores rapidamente melhorados em 100% ou até mais. Se isto não for levado em
conta pode-se “condenar” um aterro excelentemente compactado e acarretar prejuízos.
Schmertmann (1991) fez um apanhado minucioso do fenômeno e mostra vários casos como exemplos. Ele refu-
ta a explicação em que se especula que o “envelhecimento” seria causado por alguma cimentação entre partí-
culas (o que em areias quartzosas realmente é muito difícil) ou mesmo por alguma compressão secundária
como propôs Bjerrun (1972) para argilas. Segundo Schmertmann (1991) tal “envelhecimento” seria de origem
mecânica e não química. Ele também apresentou o gráfico da Figura 13. Na obra em referência estava-se fa-
zendo a Compactação Dinâmica de uma camada de areia siltosa com cerca de 10 metros de espessura. Con-
forme ia-se compactando a camada (número de impactos) iam-se fazendo vários ensaios de penetração com
cone (será descrito adiante). A resistência obtida logo após a compactação era qco e a obtida algum tempo de-
pois era qc. Em cerca de 15 dias a resistência até dobra. Uma precaução mínima em tais casos é dar-se um
“descanso” mínimo ao solo antes des testá-lo. Um valor razoável é 1 semana.

Figura 13 – Aumento da Resistência à Penetração após Densificação (Schmertmann, 1991)


20

V.6.4 –Outras Correções


Uma correção muito difundida na literatura é devida a Terzaghi e Peck (1948). Segundo eles nas arei-
as muito finas ou siltosas (baixa permeabilidade) e com NSPT acima de 15 há tendência de dilatância (aumento
de volume) na ruptura. Se a amostra estiver submersa (ou apenas saturada), esta tendência cria sucção (pres-
são neutra negativa) e aumento da resistência à penetração na areia. Então o valor obtido no campo deveria
ser corrigido para:
N cor  15 
1
N campo  15  para N campo  15 e abaixo do lençol d’água
2
Apesar de lógica, tal correção não parece ser usada.
Para solos pedregulhosos (segundo ASTM e não ABNT) os valores de SPT não são confiáveis. Podem
penetrar entre os vazios dos pedregulhos e fornecer valores muito baixos, ou então “embuchar” uma partícula
muito grande e fornecer valor muito alto.
Bowles (1996) ainda cita correções para tipo de martelo, comprimento das hastes, diâmetro do furo e
para revestidor de amostras (liner em inglês). Não são usuais em projetos.

V.7. ENSAIOS NAS AMOSTRAS SPT

Sowers (1979) apresenta uma lista os ensaios rotineiros que podem ser feitos com as amostras (pouco
ou muito amolgadas) recolhidas pelo amostrador SPT, e como mostrado no Quadro 6.

V.8. CORRELAÇÕES A PARTIR DAS AMOSTRAS E NSPT

Vitor de Mello em 1971 dizia que 99% dos edifícios no mundo todo eram projetados com base apenas
em dados da sondagem SPT e provavelmente ainda hoje. Existe uma infinidade de correlações que permitem,
a partir das sondagens SPT, estimar-se praticamente todas as propriedades de interesse dos solos. São tantas
ao redor do mundo que dificilmente alguém as conhece e catalogou todas. São tantas que, às vezes, até con-
fundem pois podem diferir enormemente. Nesses casos é recomendável dar-se preferência às correlações lo-
cais. E, se o parâmetro for de grande relevância para a obra e a obra é importante, parte-se para experimenta-
ções específicas. Por sua vez essas experimentações, balizadas por correlações, vão fornecer novos subsídios
para validação ou refinamento das correlações usadas e avaliadas. Este é um assunto típico de teses e disser-
tações de final de curso, mestrado e doutorado.

Quadro 6 – Ensaios nas Amostras SPT e Correlações (Sowers 1979)


Ensaio Solo Uso do Dado Correlação Possível
Densidade dos Todos Índice de Vazios, Mineral Resistência cisalhamento de argila,
Sólidos, ρs índice compressibilidade (Cc) de argila.
Granulometria Granulares (areia e Classificação, Permeabilidade, Permeabilidade, resistência e drenabi-
(D10, D15, Cu) pedregulho) Resistência ao Cisalhamento e lidade de solos granulares.
Compactação
Forma e Angulari- Granulares (areia e Classificação, Resistência ao
dade dos Grãos pedregulho) Cisalhamento
Limit de Liquidez Compressibilidade
LL Coesivos Classificação,
Limite de Plastici- (siltes e argilas) Compactação Expansibilidade, D de argilas
dade, LP e IP
Umidade Coesivos (siltes e Resistência, Compressibilidade Índice de Compressibilidade, resistên-
argilas) e Compactação cia a cisalhamento de argilas
Índice de Vazios*, Coesivos Compressibidade e Resistência Resistência, compressibilidade
Massa Específica
Compressão Sim- Coesivos Resistência
ples*
Índice de Liqui- Coesivos Potencial expansivo, pré-adensamento
dezb, IL
Compacidade Re- Granulares Resistência, Compressibilidade
lativa**
Índices de Resis- Todos Inúmeros Resistência ao cisalhamento, compaci-
tência à Penetra- dade relativa, módulo deformação (E)
ção (N)
emax  enat wnat  LP
* Amostras devem ser relativamente indeformadas ** CR  b
IL 
emax  emin IP
21

Os métodos de dimensionamento de fundações, rasas ou profundas, em uso rotineiro no Brasil são


todos eles baseados em sondagens SPT. Outras correlações e valores típicos baseados no SPT, ou nas amostras
obtidas são:

Quadro 7 - Porosidade, Índice de Vazios e Massas Específicas de Solos Típicos (Terzaghi e Peck, 1948)
Porosidade Índice de Umidade Massa Esp. Aparente
DESCRIÇÃO n Vazios w (gramas/cm3 = t/m3)
(%) e (%) ρd ρt
Areia uniforme, fofa 46 0,85 32 1,43 1,89
Areia uniforme, compacta 34 0,51 19 1,75 2,09
Areia bem graduada, fofa 40 0,67 25 1,59 1,99
Areia bem graduada, compacta 30 0,43 16 1,89 2,16
Argila pedreg., muito bem graduada 20 0,25 9 2,12 1,99
Argila glacial, mole 55 1,20 45 - 1,77
Argila glacial, rija 37 0,60 22 - 2,07
Argila mole, pouco orgânica 66 1,90 70 - 1,58
Argila mole, muito orgânica 75 3,00 110 - 1,43
Bentonita mole 84 5,20 194 - 1,27
Umidade considerada de solo saturado; ρd = massa específica aparente seca; ρt = massa específica aparente saturada

Quadro 8 - Valores Típicos de Índices de Vazios e Massas Específicas de Solos Granulares - (Sowers, 1979)
Índice de Vazios Massas Específicas
DESCRIÇÃO Umidade (t/m3)
Mínimo Máximo Máximo Mínimo
Areia uniforme, sub-angular seca 0,45 0,85 1,84 1,44
(Gs = 2,67) saturada 0,45 0,85 2,15 1,90
Areia bem graduada, sub-angular seca 0,35 0,75 1,98 1,53
(Gs = 2,67) saturada 0,35 0,75 2,24 1,95
Pedregulho arredondado, silto-arenoso, seco 0,25 0,65 2,12 1,61
bem graduado (Gs = 2,65) saturado 0,25 0,65 2,32 2,00
Areia micácea, siltosa seca 0,80 1,25 1,50 1,20
(Gs = 2,7) saturada 0,80 1,25 1,94 1,76
Observe que quando o índice de vazios é mínimo o peso específico é máximo, e vice-versa.

Compacidade Relativa, CR, para Areias:


Cubrinovski e Ishiara (1999) apresentaram apud Das (2007) a seguinte correlação para solos granula-
res, com base no NSPT,60 (eficiência de 60% da energia):
 0,06 1,7 
 N SPT ,60  (0,23  D ) 98 
C R (%)   50
   100
 9  '0 
 
onde: σ’o = tensão efetiva vertical devida a peso próprio em kPa;
D50 = diâmetro da peneira que deixa pas-
sar 50% do solo, mm.

Ângulo de Atrito Interno:


A quantidade de correlações para o ân-
gulo de atrito dos solos é enorme. Após algum
tempo de trabalho cada geotécnico desenvolve a
sua própria. Algumas são mostradas a seguir.

Talvez a correlação mais difundida seja


a proposta por Peck et al (1974) para areias na
figura 14. O grande atrativo da correlação é sua
simplicidade face ao problema, mas isto não é
conseguido sem sacrífio da sua precisão. Uma
equação para o gráfico foi proposta por Wolff
(1989) em Das (2007).
 ' ()  27,1  0,3  N SPT ,60  0,00054  N SPT ,60
Figura 14 – Correlação NSPT e φ’ para Areias (Peck et al,1974)
22

Para argilas normalmente adensadas, em ensaios drenados e com medição de tensões neutras, Bjerrun
e Simons (1960) apresentam a correlação da figura 15 com base no Índice de Plasticidade, IP. Um IP = 0 seria
equivalente a uma areia.

Figura 15 – Correlação entre φ’ e IP para Argilas Normalmente Adensadas (Bjerrun e Simons,1960)

Para se ter uma ideia do erro em que se pode estar ocorrendo apresenta-se no Quadro 8 a faixa de va-
riação do ângulo de atrito dos solos granulares (ainda resumida e simplificada). Dependendo da aspereza dos
grãos e da granulometria, na mesma compacidade o valor de φ’ pode variar mais de 40%. Então quando se usa
uma correlação deve-se ser conservativo e se usar os valores mais a favor da segurança. Se a economia resul-
tante de uma investigação mais detalhada não for significativa, se usa a correlação, sempre a favor da segu-
rança.
Quadro 8 - Valores Típicos de Ângulo de Atrito de Solos Granulares - (Peck et al, 1974)
MATERIAL VALORES DE  ‘
FOFO COMPAC-
TO
Areia, grãos arredondados, uniforme 29 35
Areia, grãos arredondados, bem graduados 32 37
Areia, grãos angulares, uniforme 35 42
Areia, grãos angulares, bem graduados 35 45
Pedregulho arenoso 35 50
Areia siltosa 27 - 33 30 - 34
Silte inorgânico 27 - 30 30 - 35

Resistência não Drenada, cU:

Nos Estados Unidos a regra é que os solos sejam


sedimentares. Então para a condição de carregamento rá-
pido a situação inicial dos solos argilosos é a do caso φ = 0.
E aí a correlação é a mostrada na figura 16. Aqui a correla-
ção é mais elaborada do que a do Quadro 5. A resistência
não drenada depende da plasticidade do solo (sua capaci-
dade de reter as tensões aplicadas). Aparece então mais
um fator definidor da resistência, que no caso foi a classifi-
cação dos solo com base no Sistema Unificado.

Esta nova correlação ilustra o caráter simplista e


apenas estimativo das correlações. Se forem levados em
conta todos os fatores que determinam uma dada proprie-
dade, as correlações ficarão tão complexas, que será mais
simples fazer a determinação direta da propriedade dese-
jada. E aí as correlações perdem sentido. Não se deve es-
quecer que as correlações são apenas estimativas e, às ve-
zes, de validade duvidosa. É interessante confirmá-las lo-
calmente, e se for o caso adequá-las às condições locais.

Figura 16 - Resistência não Drenada de


Argilas Saturadas com base no Sistema
Unificado de Classificação (Sowers, 1979)
23

Pressão de Pré-Adensamento:
Massad (2009) em estudo sobre as argilas marinhas da Baixada Santista, que serve de referência para
todas as argilas marinhas brasileiras, identificou três grupos de de argilas: 1) de mangue (as mais recentes);
2) Sedimentos Flúvio-Lagunares (SFL), também holocênicas; e 3) argilas de transição entre ambientes mari-
nho e continental (AT), pleistocênicas. As características de cada uma são:
1) Argilas de Mangue: NSPT ≈ 0; R.S.A. (O.C.R.) ≈ 1;
2) Sedimentos Flúvio-Lagunares (SFL): NSPT ≈ 0 a 4; R.S.A. (O.C.R.) ≈ 1,5 a 2,5;
3) Argilas Transicionais (AT): NSPT ≈ 5 a 25; R.S.A. (O.C.R.) ≥ 2,5;

O Department of the Army americano, USACE (1990), apresenta uma correlação mais elaborada mas
também, aparentemente, bem mais cautelosa:
25  N SPT
Se  1 , onde NSPT é o número índice do SPT e σ’vz é a tensão efetiva vertical no ponto, em
 'vz
kPa, então o solo deve ser altamente pré-adensado.
De uma forma geral aceita-se que se a umidade natural do solo, wn, estiver próxima de seu Limite de
Liquidez, LL, o solo estará próximo à condição de normalmente adensado. Se estiver próxima do Limite de
Plasticidade será pré-adensado:
Se wn ≈ LL solo normalmente adensado;
Se wn ≈ LP solo pré-adensado.

Fundações Diretas e Profundas


Taxa admissível é a pressão máxima, sob sapatas por exemplo, a que um solo pode ser submetido sem
que comprometa a obra que suporta. Depende de muitos fatores (será visto adiante) e seu cálculo é feito por
tentativas: Supõe-se um valor e verifica-se se é admissível ou não. Repete-se o processo até que se alcance o
valor máximo admissível, com uma acurácia de cerca de 50 kPa. O valor inicial pode ser qualquer um, mas
quanto mais próximo do admissível mais rápido será o processo. Existem muitas tabelas e correlações para a
primeira tentativa.
Teixeira e Godoy no livro editado por Hachich et al (1996) indicam que qa, a tensão admissível, é:
N SPT
para 5  N SPT  20 qa  MPa
50
ou seja, em solos com NSPT < 5 não se deve usar sapatas. Onde NSPT > 20 é recomendável uma análise mais
elaborada.
A antiga NBR 6122 – Projeto de Fundações de 1996 trazia uma tabela de “pressões básicas” ou seja
valores presumíveis de qa a serem confirmados, ou não. A atual de 2010 eliminou tal tabela.

Quadro 9 – Taxas Admissíveis Básicas (NBR 6122, 1996)


Descrição Valores (MPa)
Rocha sã, maciça, sem laminação ou sinal de decomposição 3,0
Rochas laminadas, com pequenas fissuras, estratificadas 1,5
Rochas alteradas ou em decomposição analisar
Solos granulares concrecionados, conglomerados 1,0
Solos pedregulhosos compactos a muito compactos 0,6
Solos pedregulhosos fofos 0,3
Areias muito compactas 0,5
Areias compactas 0,4
Areias medianamente compactas 0,2
Argilas duras 0,3
Argilas rijas 0,2
Argilas médias 0,1
Siltes duros (muito compactos) 0,3
Siltes rijos (compactos) 0,2
Siltes médios (medianamente compactos) 0,1

Já Sowers (1979), refletindo um contexto diferente, sugere os valôres abaixo. Esta variação reforça a
necessidade de desenvolvimento ou confirmação das correlações para cada local e também até para cada cul-
tura (diferentes procedimentos, materiais, tolerâncias, etc.)
24

Quadro 10 – Taxas Admissíveis Típicas para Projeto Preliminar (Sowers, 1979)


Solo NSPT MPa
Areia fofa, seca 5 - 10 0,075 –
0,15
Areia medianamente compacta, seca 11 - 20 0,15 - 0,3
Areia compacta, seca 31 - 50 0,4 – 0,6
Areia fofa, submersa 5 - 10 0,04 - 0,08
Areia, medianamente compacta, submersa 11 - 20 0,08 – 0,18
Areia compacta, submersa 31 - 50 0,25 +
Argila mole 2-4 0,03 - 0,06
Argila média 5-8 0,08 - 0,12
Argila rija 9 - 15 0,15 – 0,22
Argila dura 30 + 0,4 +
Areia fofa, micácea, siltosa, molhada 5 - 10 0,12 – 0,20
Areia medianamente compacta, micácea, siltosa, molhada 11 - 20 0,22 – 0,38
Rocha muito fraturada ou parcialmente decomposta 50 + 0,5 – 1,2
Rocha dura, ocasionais laminações moles RQD = 50% 1,5 – 5,0
Rocha dura, maciça RQD = 90% 10,0 +
No que se refere à cravabilidade de estacas existe, por exemplo, a orientação apresentada no quadro
11. Sempre lembrando que são apenas orientações.

Quadro 11 – Limites de Profundidade Impenetrável na Execução de alguns Tipos de Estacas/Tubulões


em função do NSPT, considerando apenas o uso de Equipamentos Convencionais, sem a Adoção de Recursos
Especiais de Execução (Préfuro, Jato Água/Ar) (http://geotecniaefundacoes.blo-gspot.com.br/ search/label/Tabelas em
Junho 2012)

Módulos “Elásticos” dos Solos

O termo “elástico” está entre aspas para lembrar que o comportamento dos solos nunca é perfeitamen-
te elástico. Daí ser comum o uso do termo “Módulo de Deformação” no lugar de “Módulo de Elasticidade”, E. O
Quadro 12 mostra valôres típicos de Coeficiente de Poisson, m, para solos e alguns outros materiais. O Quadro
13 mostra valôres de módulos de deformação estáticos, E.
25

Quadro 12 – Valôres Usuais para Coeficiente de Poisson, m (Bowles, 1996)


Material Valor de m
Argila Saturada 0,4 – 0,5
Argila não Saturada 0,1 – 0,3
Argila Arenosa 0,2 – 0,3
Silte 0,3 – 0,35
Areia, Areia Pedregulhosa -0,1 – 1,0
Areia (mais usado) 0,3 – 0,4
Rocha (depende do tipo) 0,1 – 0,4
Loess 0,1 – 0,3
Gelo 0,36
Concreto 0,15
Aço 0,33

Quadro 13 – Faixas de Valôres Usuais para Módulo de Deformação, E (Bowles, 1996)


SOLO E (MPa)
ARGILA muito mole 2 - 15
mole 5 - 25
média 15 - 50
dura 50 - 100
arenosa 25 - 250
TILL GLACIAL fofo 10 - 150
compacto 150 - 720
muito compacto 500 - 1440
LOESS 15 - 60
AREIA siltosa 5 - 20
fofa 10 - 25
compacta 50 - 81
AREIA COM PEDREGULHO fofo 50 - 150
compacto 100 - 200
ARGILITO 150 - 5000
SILTE 2 - 20

V.9. PERFIS GEOTÉCNICOS DOS TERRENOS - SEÇÕES

O objetivo das sondagens é o de criar uma imagem tridimensional do subsolo das obras que ali serão
implantadas. Considerando-se a complexidade das formações geológicas e a simplicidade e limitação das son-
dagens esta é uma tarefa que deve estar sempre sob suspeita de erro. É tão difícil e sujeita a erros que muitos
consultores evitam apresentar tais interpretações (ou exercícios de “adivinhação”) com medo de cobranças
indevidas. Ora a Geotecnia é uma especialização onde os projetos só devem terminar quando a obra terminar
a contento. Conforme a obra progride (escavações expondo o subsolo, estacas identificando resistência, etc.)
novas informações são obtidas e pode-se então refinar os modelos criados para sua análise. Desta forma as
seções geotécnicas mostram o modelo de subsolo imaginado pelo projetista. Mais do que em outras especiali-
dades cabe ao engenheiro executor conferir se as hipóteses adotadas estão se materializando ou não na execu-
ção. O perfil geotécnico é a declaração do modelo imaginado e que deve nortear o executor.

Para o traçado do perfil admite-se de início alguma hipóteses bem simplistas. Por exemplo supõe-se
que o subsolo é formado por camadas de solo horizontais e infinitas. Assim se desenham vários perfis indivi-
duais de sondagens lado a lado e ao longo de um caminhamento. A primeira tentativa é de se identificar nos
vários perfis as camadas comuns (à mesma profundidade aproximadamente) e uni-las. As camadas que não
tiverem continuidade serão deixadas para análise posterior. E a seguir com base nos conhecimentos geológicos
e imaginação de cada um vai-se prosseguindo na montagem do quebra-cabeças. Nesta empreitada deve-se
observar que formações muito heterogêneas e complexas (às vezes caóticas) dificilmente terão alguma repre-
sentação confiável e portanto não justificam grandes esforços para representá-las. Basta uma designação ge-
nérica como por exemplo “misturas de areias finas fofas e argilas muito moles”. Formações simples e homogê-
neas podem justificar uma investigação mais aprofundada e detalhada, pois a interpretação será mais confiá-
vel. No entanto deve-se sempre ter em mente que cada caso é único e deve-se temer grandes generalizaçõoes.
26

Alguma regras geológicas ajudam na interpretação do modelo da formação geotécnica que estiver sen-
do estudada:
- As formações mais antigas são mais profundas. Por exemplo a sequência lógica (de cima para baixo)
das camadas é: solos sedimentares, solos residuais, rochas sedimentares, rochas metamórficas e rochas íg-
neas;
- As camadas de solos transportados por água são originalmente horizontais ou de inclinação suave
como numa praia ou num delta. No entanto podem apresentar limites inclinados se foram erodidas depois da
sedimentação;
- O conhecimento geral da região e suas origens geológicas ajuda muito na imaginação dos processos
genéticos daquele terreno: sopé de morro, baixada de rio, região de muitas lagoas e alagadiços, baixada costei-
ra, série Barreiras, etc.

As figuras 17 a 21 a seguir ilustram interpretações de sondagens em vários locais. A figura 17 mostra


uma pesquisa em camadas argilosas através de umidades e limites de Atterberg de amostras obtidas na

Figura 17 – Perfis com Dados de Sondagens SPT (Sowers, 1979)


sondagem com SPT. Nas nossas argilas marinhas é comum a ocorrência de camadas sotopostas de aparência e
cor muito similares mas de diferentes idades e propriedades. O ensaio SPT é muito rudimentar para diferen-
ciar as camadas, mas as umidades e limites destacam tais diferenças. Na figura 17 esta análise está isolada,
mas em alguns perfis posteriores está análise está incorporada no perfil geral.

A figura 18 mostra um perfil de sondagem relativamente simples. Todas as camadas se repetem ho-
mogeneamente nas sondagens. Mesmo aqui, acontece de não diferenciarem as 2 camadas superficiais de areia.
Além da cor existe a diferença fundamental da compacidade.

A figura 19 mostra um terreno marinho de deposição recente e algo conturbado pela construção de um
quebra-mar (enrocamento) no entorno. A variação de umidades e limites de Atterberg com a profundidade
sugerem uma variação das argilas que o exame visual e o NSPT não mostram. A ocorrência de silte argiloso
marinho com muita areia fina é intrigante. A sedimentação de silte argiloso requer um ambiente de águas
calmas e a areia fina um ambiente mais conturbado. Como se sedimentaram juntos? Isto lança a suspeita de
ocorrência de laminações alternadas de um solo e outro. Não seria uma mistura de silte argiloso com areia
fina (baixa permeabilidade e coeficiente de adensamento também baixo) mas sim um silte argiloso com lami-
nações horizontais de areia limpa (alta permeabilidade horizontal e coeficiente de adensamento também alto).
As amostras do solo muito mole não permitem distinguir-se as laminações pois se “desmancham”. Uma amos-
tra de qualidade melhor se secada e endurecida talvez permitisse tal visualização. E foi o que aconteceu.

A figura 20 ilustra o risco da confiança cega na “experiência do vizinho”. O trecho todo estava
coberto pelo mesmo brejo. Mas à direita, SP 2 e SP 3, a partir dos 5 / 7 metros inicia-se uma ca-
27

Figura 18 – Perfil Homogêneo de Sondagens SPT


28

Figura 19 – Solo Marinho de Formação mais Conturbada e Recente

Figura 20 – Variação de Terrenos Vizinhos


29

Figura 21 – Investigação Balizada por Projeto em Paralelo

A Figura 22 mostra uma provável ocorrência de bloco(s) de rocha no subsolo. O desnívelde quase 10

Figura 22 – Provável Ocorrência de Bloco(s) de Rocha e Matacões


metros (altura de um prédio de 3 pavimentos) entre as sondagens vizinhas SP 3 e SP 4, para os engenheiros
locais, já era prenúncio de problemas que viriam a ocorrer. No entanto o desapercebimento do problema foi
atribuído à falta do traçado de perfis do terreno como o da figura. O progresso da obra delineou os contornos
do problema com muito mais detalhes. Enquanto foram feitas 17 dezessete sondagens no terreno, as estacas
foram executadas às centenas. Daí o retorno ao ponto que um projeto geotécnico só termina quando a obra
termina. Cada estaca cravada no terreno é também mais uma sondagem penetrométrica a ser anotada e ana-
lisada. Parece que bloco de rocha da figura era na realidade um aglomerado de blocos, similar ao da foto 1.
30

A Figura 23 mostra à direita dois blocos de rocha identificados. Foram realizadas as sondagens SPT
usuais e previstas em norma e mais dezenas de sondagens por simples lavagem (SL). As sondagens de simples
lavagem (sem os ensaios de penetração SPT) servem para delinear o perfil do manto rochoso. Neste caso as
estacas tipo raiz (atravessam rocha) ainda tinham custo proibitivo e se justificava a pesquisa para se descobrir
os “buracos” entre os blocos de rocha e matacões por onde passar as estacas de trilhos usados. Neste caso tam-
bém os blocos de rocha (depois identificados como tal) não foram identificados no princípio. Quando as estacas
começaram a se aprofundar cerca de até 8 metros abaixo do “embasamento” rochoso, impenetrável, concluiu-
se que algo na interpretação do terreno (baseado em talvez umas 20 sondagens) estava errado. Para se obter
um perfil aproximado da rocha foram necessários quilômetros de sondagens.

Figura 23 – Ocorrência Mapeada de Bloco(s) de Rocha e Matacões


V.10. O ENSAIO SPT-T

Ranzini (1988) propôs o ensaio SPTF em adição ao ensaio SPT tradicional. A proposta dele foi bem
aceita e acabou se firmando como ensaio SPT-T. Consiste apenas num procedimento adicional ao tradicional
SPT: após a penetração total do amostrador o torque máximo necessário à sua rotação seria medido por meio
de um torquímetro. Então em cada penetração seriam obtidos dois índices: o tradicional NSPT e adicionalmente
o TSPT. É um ensaio com semelhanças com o bem mais antigo Ensaio de Palheta ou Vane Test que será apre-
sentado adiante.

De uma forma geral, para as penetrações de 45 cm, poderia-se usar apenas o torque T como índice.
Mas no caso de penetrações inferiores haveria necessidade de algum ajustamento, e então usa-se a resistência
ao cisalhamento vencida, fs, entre as paredes do amostrador e o solo (despreza-se a diferença entre a lateral de
aço/solo e o bico do amostrador solo/solo). Para as dimensões padronizadas pela ABNT para o amostrador SPT,
o valor da resistência (atrito e aderência), fs, é (Ranzini, 1994):
T
fs  ( kgf / cm 2 )
40,5366  h  3,1711
Para h = altura cravada do amostrador, em cm ≤ 80 cm (altura total do amostrador)
T = torque em kgf x cm
ou
T
fs  ( kPa )
41,336  h  0,032
Para T em kN x m, e h em m.
31

Alonso, 1996, usa dois valores de torque: um máximo, na primeira rotação e outro, mínimo ou residu-
al, após a resistência do solo cair para um valor mínimo e constante (pelo menos uma rotação completa do
amostrador, ou melhor duas). Segundo ele para os solos da Bacia Terciária da cidade de São Paulo a relação
Tmax/Tmin varia de 1,06 a 1,49 com a média de 1,22. Esta medida pode ser um ótimo indicador do zelo da equipe
de sondagem. Operadores menos cuidadosos já amolgariam o solo antes da penetração e a relação tenderia
para 1. Em solos sensíveis (vide definição em Índices Físicos) este erro seria evidenciado e dariam uma indica-
ção da sondagem como um todo.

Décourt em várias publicações (por exemplo 2002) define o “Índice de Torque” como sendo a relação
entre o torque (T) e o índice de penetração do SPT, (NSPT), e apresenta o quadro de valôres típicos a seguir.
Aponta aí que “quanto mais estruturado” (maior índice de vazios) for o solo maior será o índice de torque.

Quadro 14 – Classificação dos Solos em Função do Índice de Torque (T/N) (Décourt, 2002)
SOLO T/N (kgf x m)
Areias Sedimentares (limite inferior) ≈ 0,3
Solos da Bacia Sedimentar Terciária de S. Paulo ≈ 1,2
Solos Saprolíticos ≈ 2,0
Argilas Porosas Colapsíveis (SP) 2,5 / 5
Argilas Marinhas Moles (Santos) 3,0 / 4,0
Areias Sedimentares (limite superior) ≈ 10,0
No entanto Peixoto (2001) em sua tese de doutoramento recomenda cautela no uso deste índice: “são
valores regionais e mesmo assim, apresentam grande variabilidade”. Hespanhol Neto (2009) executou medi-
ções do SPT-T num único local da Grande Vitória, ES e os resultados estão resumidos no quadro 15. Aqui
também o índice de torque é inversamente proporcional à compacidade / consistência dos solos.

Quadro 15 – Valores do Índice de Torque (T/N) na Grande Vitória, ES (Hespanhol Neto, 2009)
SOLO T/N (kgf x m)
Areias Sedimentares (muito compacta/cimentada a fofa) 0,35 a 2,48
Argilas Silto-Arenosas Marinhas Moles a Muito Moles ≈ 1,11 a 1,22
Argilas Residuais Duras a Rijas ≈ 0,49 a 1,15

Talvez a maior vantagem do Torque, T, sobre a penetração, N, seja que enquanto o N é um ensaio de
energia controlada (a pancada é a mesma qualquer que seja o solo e sua resistência. O que varia é o avanço do
amostrador sob cada golpe) o ensaio T é de deslocamento controlado (o momento varia com a resistência do
solo). No entanto a medida de torque não elimina todos os problemas do ensaio SPT. Por exemplo o problema
de descarga d’água direta pela ponta da tubulação de lavagem junto ao trépano e a classificação dos solos. Nos
exemplos acima a maior divergência ocorre em solos fofos ou moles (mais sensíveis ao jato d’água) e na argila
mole. Qual método foi usado para classificação? HRB ou Sistema Unificado de Classificação? A NBR 7250,
baseada em granulometria, não foi.

V.11. O ENSAIO SPT - VANTAGENS E DESVANTAGENS

O ensaio penetrométrico foi inventado quando o primeiro homem enfiou um galho numa poça de lama
para testar sua profundidade. No estágio atual o ensaio penetrométrico mais difundido na engenharia geotéc-
nica é o SPT. Para atingir tal popularidade há necessidade de se fazer algumas concessões. Como consequên-
cia esta convivência é de “amor e ódio” e muitas são as críticas ao ensaio. Mas quando se analisar (mais adian-
te) as opções se verá que ele continua indispensável e deverá continuar assim. Bowles (1977, 1982) alinhavou
as vantagens e pontos favoráveis a seguir (a serem examinadas face as opções):

Vantagens:
1 - Custo relativamente baixo (R$ 40 a R$ 50 / m);
2 - Facilidade de execução, alcança locais de difícil acesso, penetra quase todos tipos de solos e até algumas
rochas brandas;
3 - Permite coletar amostras amolgadas mas representativas a diferentes profundidades, inclusive abaixo do
nível d’água;
4 - Fornece indicações da consistência ou compacidade dos solos, quando se utiliza equipamento padronizado
de penetração;
5 - Determina a profundidade do lençol freático;
6 - Existe enorme disponibilidade de equipamentos ao redor do mundo todo;
7 - O grande acúmulo de dados e métodos de cálculo com base no SPT, e que continua crescendo;
32

8 - É universalmente aceito que o SPT pode ser uma etapa preliminar de investigação a ser complementada,
se necessário, por outros métodos.

No entanto existe a queixa generalizada, mesmo que seja executado com “perfeição”, de que seja um
método muito grosseiro. É um método de energia controlada (o golpe do martelo) e que testa o solo (penetra-
ção) de uma forma dinâmica num fenômeno não equacionado. Tem que ser interpretado de forma empírica. E
aí os seguintes pontos desfavoráveis e erros frequentes são alinhavados (Bowles, 1977, 1982):

Desvantagens:
1 - Empírico (baseado em correlações estatísticas);
2 – Efeito do confinamento que faz que o número de golpes varie com a profundidade do ensaio;
3 - Variação da altura de queda;
4 – Variação de energia de cravação dependendo do equipamento e procedimento. Aqui no Brasil admite-se
que a eficiência típica seja da ordem de 70%, enquanto que nos E.U.A. existe caso de eficiência de apenas 45%
(Bowles, 1996);
5 - Sapata cortante gasta e deformada;
6 - Limpeza inadequada do material revolvido da base do furo (pode ser falta de limpeza ou jato de lavagem
forte demais e despejado diretamente no fundo do furo);
7 - Comprimento de tubos (profundidade) influencia resultados;
8 - Insuficiência de pressão hidrostática no furo (areia movediça). Se o o nível do líquido no furo é mais baixo
do que o do solo ou, pior, se ele for repentinamente abaixado (sacando-se rapidamente a tubulação e amostra-
dor do furo, pór exemplo), a água do solo tende a fluir para o furo e causar a queda da pressão efetiva;
9 - Não fornece bons resultados (precisos) em solos pedregulhosos;
10 – E com certeza o maior problema já que é um procedimento fortemente dependente da qualidade da mão
de obra: Falta de zelo da equipe de sondagem!

V.12. INVESTIGAÇÃO DE ROCHA – SONDAGENS ROTATIVAS

As sondagens SPT avançam até alcançarem a profundidade programada ou atingirem material “impe-
netrável”. Será “impenetrável à percussão” se o número de golpes exceder valores limites definidos na NBR
6484 ou “impenetrável ao trépano” se o avanço com o trépano de lavagem for inferior àqueles estipulados na
mesma norma. Este “impenetrável” pode ser apenas solo muito resistente (até penetrável com certo esforço),
uma obstrução qualquer como uma pedra ou matacão (ou mais inusitadamente um casco de navio num terre-
no de aterro marinho, ou uma tora de madeira fóssil), uma camada de rocha sedimentar (no litoral oceânico de
Vilha Velha,ES, ocorre uma camada de arenito quase superficial cuja resistência alcançou até 35 MPa a com-
pressão simples e que às vezes se assenta sobre argilas moles e/ou areias fofas. Camada semelhante ocorre na
Barra da Tijuca, RJ), alguma concreção (na Formação Barreiras não são incomuns concreções lateríticas –
ferruginosas que formam muitos recifes no litoral), ou mais comumente a rocha mãe.
A NBR 8036 comenta que se o conhecimento geológico do local indicar não haver abaixo da profundi-
dade de sondagem “camadas menos cosistentes ou compactas pode-se parar a sondagem naquela camada”.
Também se acima do impenetrável houver camada adequada para o suporte da fundação pode-se finalizar a
sondagem. Por outro lado “nos casos de fundações de importância” ou se o apoio da fundação é o próprio “im-
penetrável” aconselha a “verificação da natureza e da continuidade da camada impenetrável. Nestes casos, a
profundidade mínima a investigar é de 5m”. Neste ponto a norma, sabiamente, é reticente e respeita as tradi-
ções de cada local, deixando ao projetista a decisão final.
De exposto vê-se que o objetivo de avanço da sondagem é verificar a adequabilidade do “impenetrável”
para apoio das fundações. Ora as sondagens no “impenetrável” (usualmente rocha) são muito mais caras (cer-
ca de 7 vezes) do que a sondagem com SPT apenas e ainda comumente requerem a mobilização de outro equi-
pamento. Então aquele “impenetrável” só deve ser investigado se for viável assentar-se fundações nele. Se
houver indícios de que aquele “impenetrável” possa ser um matacão ou bloco de rocha isolado, ou um paredão
de rocha subterrânea (do tipo das encostas do Pão de Açucar) onde estacas resvalariam, ou qualquer situação
que a geometria da superfície rochosa fosse um fator determinante de opção do projeto não interessaria conhe-
cer a rocha em si. Interessaria conhecer-se sua geometria para poder-se “fugir” dos detalhes adversos. Por
exemplo no caso de matacão saber-se seus limites para se evitar o posicionamento de estacas sobre ele. As
estacas seriam locadas “fugindo” da interferência (mesmo que se tenha de lançar mão de vigas de transição
sob os pilares).

No caso acima em que a geometria do “impenetrável” é o que importa pode-se lançar mão das sonda-
gens por simples lavagem. Usa o mesmo procedimento da sondagem SPT execeto o próprio ensaio SPT.
Vai-se perfurando continuamente o solo sem as interrupções do cravação do amostreador. A classificação é
precária, com base apenas no material que sai do furo na lavagem. Mas isto não importa (se importar faz-se
33

penetrações onde interessar) pois já se conhece o perfil das sondagens iniciais onde se determinou o “impene-
trável” duvidoso. Quer-se saber apenas onde está a rocha e isto a simples pefuração determina sem dúvidas. É
uma sondagem 30% mais barata do que o SPT completo. Com o preço de 1 m de sondagem dentro da rocha
faz-se 10 m de simples lavagem.
Então se a geometria do “impenetrável” for aceitável mas ainda resta dúvida quanto às suas caracte-
rísticas e continuidade (por exemplo camada compressível abaixo) deve-se investigá-lo. O procedimento usual
para tal é a sondagem rotativa. Basicamente um tubo amostrador (barrilete) é pressionado contra a rocha no
fundo do furo e girado. A ponta do tubo é constituído por uma coroa de metal duro (vídia (ou widia) por exem-
plo) se a a rocha for branda (ou o solo muito duro / cimentado) ou com um metal mole “recheado” com diaman-
tes industriais (o metal se desgasta e expõe os diamantes que cortam a rocha). Os detritos da rocha são remo-
vidos (para a superfície) por circulação de água. A água desce por dentro das hastes de perfuração passa por
dentro do amostrador e retorna à superfície com os detritos. Se o tubo amostrador (barrilete) for simples (figu-
ra 24a) a água “lava” a amostra, removendo o material menos coeso, que é a situação usual. Caso queira se
preservar esse material mais fraco (por exemplo um preencimento terroso de uma junta de rocha) pode-se
usar o barrilete duplo (além do barrilete giratório e cortante, há outro tubo interno que envolve a amostra e a
protege da água de circulação) que está mostrado na figura 24 b. Este amostrador duplo é muito parecido com
o tipo Denison que é usado em solos muito duros ou rochas muito brandas. A diferença básica é que no Deni-
son (usado para materiais mais fracos) o tubo interno fica abaixo da sapata cortante do amostrador e protege
melhor a amostra (testemunho) da circulação d’água. O material mais fraco permite uma pequena cravação do
tubo interno.
O fluido de circulação usual na perfuração é água e para mante-la aberta em solo necessita-se revesti-
la. O revestimento é constituído por um tubo metálico mais largo que tem uma sapata cortante e é introduzido
no solo também por rotação. Assenta-se o revestimento no “impenetrável” (usualmente rocha) e se desce por
seu interior o barrilete amostrador (0,6 a 3 metros) que avança rocha adentro em etapas (os sondadores cha-
mam cada trecho de “manobra”) da ordem de 1 metro. Se a rocha for coesa a sondagem rotativa esculpe um
cilindro na mesma que será extraído para a superfície, como amostra (testemunho). A figura 25 ilustra o es-
quema geral de uma sondagem rotativa, e no detalhe mostra um dos equipamentos mais comuns no Brasil, a
Mach920 da Maquesonda, vulgo “perereca”. A figura 26 mostra o barrilete (simples), peças acessórias e amos-
tras de cha. O barrilete é rosqueado nas hastes de perfuração, e no barrilete se rosqueiam o “calibrador”
(alarga a perfuração e impede que o barrilete fique preso) e finalmente a coroa. O tipo de coroa, a qualidade, a
quantidade e o tamanho de diamantes dependem da dureza da rocha a se perfurar.
O quadro 16 mostra os tamanhos usuais das ferramentas usadas em sondagens rotativas. Os padrões
usuais são o *X (mais antigo) e o *W, sendo cada família compatível entre si. O tamanho de referência inter-
nacional é o “NX” (ou NW), mas o “BX” (ou BW) tam-
bém é usado como primeira referência. Quanto maior
o tamanho maior a amostra e mais cara. O tamanho
B (ou maior) permite que se façam ensaios SPT no
furo. Assim, por exemplo, ao se executar uma sonda-
gem rotativa num dado “impenetrável” verifica-se
que o material é na realidade um matacão ou mesmo
um bloco de rocha imerso numa matriz de solo e é
necessário investigar-se este solo. O ensaio adequado
para solos é o SPT e não sondagem rotativa. Se o
“impenetrável” foi perfurado com diâmetro B*, sim-
plesmente troca-se o equipamento de rotativa (usu-
almente mantendo-se o revestimento) pelo de SPT e
prossegue-se, abaixo do matacão ou bloco de rocha, a
sondagem convencional em solos.

Figura 24 – Barriletes Amostradores Rotati-


vos Simples (a) e Duplo (b)
34

Figura 25 – Equipamento de Sondagem Rotativa (Lima,1979)

Outra siuação que demanda uso de mais de um tamanho de ferramenta de rotativa é a ocorrência de
uma sucessão de vários “impenetráveis” (matacões por exemplo ou rochas metamórficas intemperizadas). O
primeiro “impenetrável” é atingido por um dado revestimento. Vamos supor que seja do tamanho “NX”, como
na figura 27. Por dentro do revestimento “NX” baixa-se a coroa “NX” e atravessa-se tal impenetrável atingin-
do-se uma nova camada de solo. Prossegue-se com sondagem SPT até atingir-se um 2º “impenetrável”. Não se
pode retomar a sondagem rotativa “NX” pois o trecho em solo pode desmoronar e causar a perda da ferramen-
ta. O revestimento “NX” não passa pela perfuração da coroa “NX”. Então o artifício é “reduzir-se” a sondagem
para o tamanho imediatamente inferior, “BX”. O revestimento “BX” passa pela perfuração da coroa “NX” e
avança até o 2º “impenetrável”, que é perfurado pela coroa “BX”. E assim sucessivamente até o tamanho mais
fino disponível (o tamanho “A” é facilmente encontrado). Esta alternância de rocha e solo ocorre por exemplo
em rochas xistosas (metamórficas) alteradas. Cada camada xistosa tem diferente resistência ao intemperismo.
E assim uma dada camada se altera mais rapidamente em solo enquanto outra(s) permanece(m) coesa(s) e
íntegra(s) como rocha. Na orla marinha da Praia da Costa, Vila Velha, ES, existe a cerca de 5 / 7 metros de
profundidade uma camada de areia muito compacta e cimentada com cerca de 8 metros de espessura. Esta
camada às vezes só é transponível por equipamento de rotativa (o arenito às vezes é mais resistente do que
concreto com qu de até 35 MPa). Abaixo do arenito é comum a ocorrência de argilas marinhas moles. O emba-
samento cristalino (granítico) só ocorre por volta dos 20 a 30 metros ou mais.
35

a) Barrilete Simples b) Coroas Diamantadas (cima) c) Testemunhos de Rocha


(Maquesonda) e de Widia (baixo) (Internet)
Figura 26 – Barrilete Simples, Coroas e Amostras de Rocha

Quadro 16 : Tamanhos de Revestimentos e Coroas Diamantadas (Lima, 1979 e Sowers, 1979)


REVESTIMENTOS (Lima, 1979) COROAS DIAMANTADAS (Sowers, 1979)
TAMANHO (pol.) (mm) (pol) (mm) (pol.) (mm) (pol.) (mm)
EX 113/16 46 11/2 38,1 11/2 38 13/16 21
AX 21/4 57,1 114,5/16 48,4 115/16 49 13/16 30
BX 27/8 73 23/8 60,3 23/8 60 15/8 41
NX 31/2 88,9 3 76,2 3 76 21/8 54
HX 4 1/2 114,3 3 15/16 101,6 98,8 3 76,2
23/4 x 37/8” 37/8 98 211/16 68
4x5 ” 1/2 5 1/2 140 315/16 100
Nota: Para se obter boas amostras em rocha branda ou fissurada. deve-se usar BX ou maior. Este também é o mínimo diâmetro, que
permite execução de ensaio SPT por seu interior (Sowers, 1979)

Quando se usam os 2 processos: SPT e Rotativa numa


mesma sondagem ela é chamada MISTA. Pode ser na sequência
padrão solo / rocha ou qualquer outra sequência.
O procedimento padrão para descrição de rochas foi apre-
sentado pela Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas
(ISRM, 1983) e seguido em normas nacionais (por exemplo
ASTM D5878-08). A figura 28 mostra todos os elementos que
caracterizam uma massa rochosa. Nas amostras das sondagens
rotativas (uma fração muito pequena da ocorrência rochosa) os
elementos descritos costumam ser: a classificação da rocha em si
(granito, mármore, arenito, etc.), grau de alteração (intemperis-
mo) e o sistema de juntas da rocha. As informações relativas a
juntas carecem de conhecimento de direção (as amostras usual-
mente são giradas no furo), do tipo de preechimento (o material
usualmente é lavado na perfuração), e outras informações.
A descrição e classificação da rocha é feita de acordo com
a geologia, como já apresentado no capítulo sobre Rochas.
Para o grau de intemperismo da amostra a Sociedade In-
ternacional de Mecânica das Rochas (ISRM, 1983) apresenta o
quadro 17 a seguir. Usualmente nas sondagens rotativas o pro-
cesso executivo faz com que a maior parte do material alterado
(solo) seja lavado da amostra e perdido. Consequentemente a
Figura 27 – Sondagem Rotativa Iniciada classificação abaixo não é totalmente possível na maioria dos ca-
com Tamanho “N” e Reduzida até “E” sos. Somente a “rocha sã” ou “ligeiramente alterada” (e alguma fra
ção da rocha mais alterada, quase solo) é recuperada.
36

Figura 28 – Termos usados em mapas geológicos segundo ISRM (International Society of Rock Mechanics)
(Wyllie, 1999 in Sabatini et al 2002)

Quadro 17 – Grau de Intemperismo (Alteração) das Amostras e da Rocha (ISRM, 1983)

Termo Descrição
Sã (ou Fresca) Nenhum sinal de alteração. Admite-se leve descoloração na superfície das des-
continuidades principais.
Levemente Alterada Descoloração indica alteração do material rochoso e das superfícies das des-
conntinuidades. Todo o material rochoso pode estar descolorido pelo intempe-
rismo e a superfície externa pode estar um tanto mais fraca do que na condição
sã.
Moderadamente Alterada Menos da metade do material rochoso está decomposto e/ou desintegrado
(transformado) em solo. Rocha sã ou descolorida permanece presente ou como
uma matriz descontínua ou como bolas de rocha.
Altamente Alterada Mais da metade do material rochoso está decomposto e/ou desintegrado (trans-
formado) em solo. Rocha sã ou descolorida permanece presente ou como uma
matriz descontínua ou como bolas de rocha.
Completamente Alterada Todo o material rochoso está decomposto e/ou desintegrado (transformado) em
solo. A estrutura original da rocha ainda é visível no solo da alteração.
Solo Residual Todo o material rochoso está convertido (trasformado) em solo. A estrutura da
massa rochosa (aspecto macroscópico do conjunto: acamamento, xistosidade,
fraturas, etc.) e sua fábrica (relativo ao arranjo – textura dos constituintes da
rocha) desapareceram. Pode ter havido grande mudança de volume da massa
mas ela (transformada em solo) não sofreu transporte significativo.

A ISRM (1983) define o espaçamento (ou frequência) de descontinuidades (usualmente juntas) ao lon-
go de linhas retas na massa rochosa. No caso da sondagens esta linha está definida como o alinhamento do
furo de sondagem (usualmente vertical). O quadro 18 mostra a classificação, que influencia na resistência,
compressibilidade e permeabilidade da massa rochosa como um todo. Aqui no Brasil usa-se muito o “Grau de
Fraturamento” como definido no Quadro 19.
Específicamente para sondagens rotativas desenvolveu-se primeiro o critério de “Recuperação”. A re-
cuperação, em percentagem, é a relação entre o comprimento de uma dada manobra (o trecho de perfuração
da rocha numa dada etapa de operação). Isto é feito independente do diâmetro do amostreador (os mais finos
produzem mais fraturamento da rocha), da sanidade da rocha (o material mais intemperizado é carreado pela
água de perfuração) e dos tamanhos dos fragmentos de rocha recuperados (os fragmentos pequenos são junta-
dos). Posteriormente surgiu um critério mais rigoroso de se medir a recuperação: o R.Q.D. (Rock Quality De-
37

signation) proposto por Deer (1964, apud Sowers, 1979). O R.Q.D. somente é aplicável a mostras de tamanho
N ou superior. Os fragmentos (medidos ao longo do eixo da amostra) devem ter um comprimento mínimode
100 mm e serem de rocha sã. As fraturas nitidamente causadas pela perfuração (superfícies ásperas e frescas)
não são consideradas e os pedaços são ajustados e medidos juntos. Como consequência o R.Q.D. é usualmente
menor do que a recuperação e, no máximo, igual. A figura 29 ilustra os procedimentos usados na medida dos 2
índices, que são usados aqui no Brasil e o quadro 20 apresenta a classificação da qualidade da rocha segundo o
RQD.

Quadro 18 – Classificação do Espaçamento Quadro 19 – Grau de Fraturamento (Lima, 1979)


Médio das Descontinuidades (ISRM, 1983)

Termo Espaçamento (mm) Rocha Nº Fraturas / Metro


Extremamente pe- < 20 Em fragmentos Pedaços de diversos tama-
queno nhos caoticamente disper-
sos
Muito pequeno 20 - 60 Extremamente fraturada > 20
Pequeno 60 - 200 Muito fraturada 11- 20
Moderado 200 - 600 Medianamente fraturada 6 -10
Grande 600 – 2.000 Pouco fraturada 1-5
Muito grande 2.000 – 6.000 Ocasionalmente fraturada 1
Extremamende > 6.000
grande

Uma experiência frustante na investigação de maciços rochosos é a identificação das suas descontinui-
dades (juntas, zonas intemperizadas, etc) que são os determinantes de seu comportamento. O material de
preenchimento dessas juntas é fraco e “lavado” na operação de sondagem convencional. Um exemplo típico de
algumas sondagens é uma identificção do tipo “fenda de 20 cm”. Ao se questionar o sondador ele informa, por
exemplo, que é uma fenda aberta, sem preenchimento pois houve perda d’água. Ao se tentar a obturação da
“cavidade” não se consegue injetar calda de cimento alguma. Ou se a cavidade é relativamente rasa manda-se
aprofundar a escavação da rocha até ultrapassar o defeito do maciço. Nessa escavação expõe-se a tal cavidade
que constata-se ser apenas uma junta milimétrica com as faces ligeiramente alteradas. Um procedimento
sugerido por Rocha (1971) pode sanar a dúvida: No maciço sem recuperação total primeiro faz-se um furo fino
(por exemplo E ou A). Neste furo intala-se uma barra de ferro e injeta-se calda de cimento. A calda de cimento
obturaria as cavidades e “grudaria” no material mais fraco. Após endurecimento do cimento reperfura-se o
maciço com um diâmetro maior (HX ou mais) envolvendo o furo mais fino. Os vazios seriam substituídos pelo
cimento e o material alterado aderido no cimento seria recuperado.
As figuras 30 e 31 mostram boletins de sondagens mistas: um
trecho em solo com sondagens SPT e outro trecho em rocha com sonda-
gem rotativa. Na figura 30 todos os trechos em solo foram investigados
com sondagem SPT. Após atravessar um bloco solto de rocha o certo
seria introduzir um revestimento reduzido (tamanho A) na perfuração.
No caso o sondador se arriscou a ter o furo fechado e perder o barrilete
na perfuração da rocha mãe mais abaixo e prosseguiu o furo BX em
solo sem revestimento. Na figura 31 o primeiro trecho de solo foi ape-
nas atravessado por sondagem de simples lavagem. Neste segundo caso
o trecho superficial em solo não interessava: ou já tinha sido investiga-
do em alguma campanha anterior ou já estava definido que as funda-
ções teriam que ser apoiadas na rocha, por exemplo.

Valor de RQD Qualidade da Rocha


0 - 25% Muito má
25 – 50% Má
50 – 75% Regular
75 – 90% Boa
90 – 100% Excelente

Figura 29 – Cálculos de Recuperação e R.Q.D. Quadro 20 – Qualidade da Rocha se-


(Sabatini et al. 2002) gundo RQD (Deere 1964)
38

Figura 30 – Sondagem Mista – SPT – Rotativa – SPT - Rotativa


39

Figura 31 – Sondagem Mista – Simples Lavagem – Rotativa


40

V.13. INVESTIGAÇÃO DE ROCHA – SONDAGENS POR MARTELETES

Um equipamento usualmente presente nas obras que lidam com fundações em rocha é o barulhento
martelete (perfuratriz de rocha), que vantajosamente pode ser usado para investigação de rochas aflorantes. A
foto 3 a seguir mostra uma ocorrência de rocha conturbada (junta aberta) já parcialmente cortada pelo modes-
to martelete da figura. Nesta e em outras obras similares há necessidade de se verificar se a rocha exposta é
contínua ou se é o final de um bloco de rocha. As descontinuidades ocorrem em regiões muito pequenas para
serem economicamente mapeadas por sondagem rotativa convencional. Para cada sapata usualmente há uma
escavação individual e isolada. Há necessidade de pelo menos uma sondagem (as vezes mais) por pilar. Isto
pode ser feito de forma confiável e econômica por marteletes.

Foto 3 – Rocha Conturbada de Apoio de Sapata e Martelete usado para Corte

A figura 32 identifica os componentes essenciais do martelete e fotos ilustrativas do equipamento. Os 3


item principais são o compressor (existem perfuratrizes a diesel e outros), o martelo e as brocas (hastes de
perfuração que os operadores chamam simplesmente de os “ferros”). A figura 32a ilustra o procedimento e a
figura 32b mostra o martelo montado com uma btoca. Com a broca mais curta de 80 cm (para permitir opera-
ção confortável) o operador inicia a perfuração da rocha. Uma vez feita a perfuração tira-se o equipamento da
perfuração e troca-se a broca por outra 80 cm mais longa (agora com 160 cm), o que permite sempre a mesma
altura de trabalho. E assim prossegue-se a operação até a broca mais longa que tem 640 cm. A figura 32c mos-
tra os elementos de uma broca qualquer e a figura 32e mostra também um compressor (de tamanho bem pe-
queno em relação aos usuais das obras de Vitória).

Na região da Grande Vitória é comum usarem as brocas da “Série 12” que têm as seguintes dimensões:

Quadro 21 – Dimensões de Brocas da Série 12 (Ctálogo Sandvik-Coromant apud Ricardo e Catalani, 1981)

Comprimento (cm) 80 160 240 320 400 480 560 640


Diâmetro da Coroa (mm) 40 39 38 37 36 35 34 33

De uma forma geral a perfuração precisa ser seca para que o ar comprimido do compressor consiga
fazer a limpeza (poeira). Havendo água água esta se mistura com o pó da furação e cria uma “pasta” que os
compressores menos potentes não conseguem expulsar e a broca fica presa. Também não se consegue atraves-
sar solo nalguma eventual descontinuidade do solo (“passagem” segundo os marteleteiros). Mas aí a principal
41

função da sondagem (alertar sobre descontinuidades da rocha) já teria sido cumprida. E como a perfuração é
razoavelmente larga (até cerca de 5 cm de diâmetro) pode-se tentar alguma pesquisa dessa descontinuidade
com algum tubo metálico (como o de água quente, de cobre).

a) Sequência da Perfuração (Ricardo e Catalani, 1981) b) Perfuratriz (Atlas Copco)

c) Broca de Perfuração (Ricardo e Catalani, 1981) d) Operação (Atlas Copco)

e) Compressor na Operação (CompAir) f) Operação (Atlas Copco)


Figura 32 – Elementos do Martelete (Perfuratriz) de Rocha
De uma maneira geral até as menores descontinuidades da rocha (juntas fechadas) são sentidas pelo
marteleteiro, através de algo como um solavanco no martelete. O problema aí é que os marteleteiros costu-
mam exagerar o problema. Tais “passagens” são usualmente reportadas como “fendas” abertas (aberturas de
“10 cm” são típicas). Se o problema é raso a solução típica é a remoção da rocha até se ultrapassar a desconti-
nuidade (para se constatar que a tal “fenda de 10 cm” era apenas uma junta fechada com as bordas ligeira-
mente alteradas). Como mencionado anteriormente esta dúvida também acontece com a sondagem rotativa
42

convencional. Outro problema é que os marteleteiros geralmente não são do ramo geotécnico e a descrição dos
materiais precisam ser “decifradas” (geralmente numa visita a obra). Para as rochas graníticas de Vitória se o
pó da perfuração é esbranquiçado a rocha é dita “sã” e se amarelada é dita “decomposta”. Usualmente os ter-
mos são rocha sã, decomposta e moledo. Como dito a tal “rocha decomposta” na realidade é uma rocha ligei-
ramente alterada em que o feldspato está com coloração alterada. Se fosse decomposta o martelete não conse-
guiria perfurar o material, pois precisa de reação para quicar após cada golpe.

A figura 33 mostra um boletim típico de sondagem a martelete. A velocidade da perfuração em si não


tem grande significado. Depende do compressor, do matelo, do comprimento da broca, etc. De qualquer forma
a sondagem é sempre feita a partir do topo exposto da rocha. Então a velocidade do primeiro avanço (os pri-
meiros 80 cm) é a típica daquela rocha, que foi, pelo menos visualmente, examinada. Neste caso (como é a
regra geral) a queda de velocidade não foi devida a alguma eventual deterioração da rocha (verificada por es-
cavações) e sim, provavelmente, ao maior comprimento das brocas que as fazia menos rígidas.

Interessado: Nome da Empresa Obra: Edifío 12 Pavimentos


Local: Praia da Costa, Vila Velha, ES Sondador: Beltrano Data: 02/06/2009

PILAR FURO COTA AVANÇO TEMPO VELOC. PROF. DESCRIÇÃO OBS.:

N° N° (m) (m) (min.) (m/min.) (m) DO MATERIAL


2 1 -1,5 0,80 2,0 0,40 0,80 rocha sã
0,80 2,0 0,40 1,60 rocha sã
0,80 3,0 0,27 2,40 Fenda 3cm
0,60 4,0 0,15 3,00 rocha sã

3 2 -1,2 0,80 2,0 0,40 0,80 rocha sã


0,80 2,0 0,40 1,60 rocha sã
0,40 2,0 0,20 2,00 Fenda 3cm
1,00 3,0 0,33 3,00 rocha sã

6 3 -1,6 0,80 3,0 0,27 0,80 rocha sã


0,80 4,0 0,20 1,60 rocha sã
0,80 7,0 0,11 2,40 rocha sã
0,60 4,0 0,15 3,00 Fenda 3cm
0,20 3,20 rocha sã

Figura 33 – Boletim Típico de Sondagem a Martelete (Perfuratriz) de Rocha

Quanto às “fendas 3 cm” foi feita uma pesquisa mais detalhada. Todas ocorriam a profundidades simi-
lares, em todas havia emanação visível de água, havia histórico de “fendas” nas redondezas e uma investiga-
ção com hastes de arame (ponta em anzol) deixou dúvidas. Por via das dúvidas as tais fensas foram obturadas
com injeção de calda de cimento. A abertura real das fendas não se conseguiu medir, mas também a sondagem
rotativa convencional não permitiria.

VI. EXPLORAÇÃO COMPLEMENTAR

Neste capítulo são apresentados alguns métodos de investigação adicionais. Tais métodos podem ser
até corriqueiros dependendendo do tipo de obra, do porte e importância e do país e do local. São mais ou menos
corriqueiros na literatura internacional, mas não fazem parte da prática do dia a dia no Brasil.
43

VI.1. ENSAIO DE PENETRAÇÃO DE CONE – CPT


Este ensaio na sua forma atual originou-se na Holanda (daí o nome de cone holandês para o modelo
original) onde aparentemente a estratigrafia seria bem conhecida e o interesse seria apenas de se identificar a
profundidade de uma dada camada de areia de compacidade adequada. A norma americana para o ensaio é a
ASTM D-3441 e a brasileira é a ABNT NBR 12069. No ensaio força-se a penetração no solo de forma bem len-
ta, “estaticamente”, de uma ponteira de aço. Na norma brasileira a velocidade de penetração é estipulada co-
mo 20±5 mm/s, a área é de cerca de 10 cm² e deve-se ter um registro a pelo menos cada 20 cm de avanço. Ad-
mite-se que seja um ensaio de penetração contínua e estático (ou quase). Em inglês chama-se Cone Penetra-
tion Testing e daí a sigla CPT.
Os modelos usuais de cone são os 3 mostrados na figura 34. As medições feitas de forma contí-
nua (ou pelo menos a cada 20 cm) com a profundidade são:
a) Resistência de ponta ou de cone, qc, expressa em MPa. É a relação entre a força necessária para
empurrar APENAS a ponteira e sua área (≈ 10cm² pela ABNT);
b) Resistência de atrito lateral local, fs, expressa em kPa. É a relação entre a força necessária para
empurrar APENAS a luva de atrito (parte intermediária de 13 cm do cone de Begemann) e sua área lateral;
c) Razão de atrito, Rf, expressa em percentagem. Sua expressão é R f  100  f s qc

a) Cone Holandês b) Cone Begemann c) Cone Elétrico


Figura 34 – Modelos de cones (CPT)

No modelo original (cone holandês) eram 2 peças de movimentações independentes: a ponteira (em-
purrada por uma haste central) e as hastes externas. Seja a primeira posição da figura 3a que estaria dentro
do solo a uma profundidade qualquer. Empurrando-se apenas a haste central esta se deslocaria para a 2ª posi-
ção e as hastes externas permaneceriam paradas (obtenção de qc). Agora seriam empurradas as hastes exter-
nas até a 3ª posição e estaria completado o ciclo num avanço similar ao de uma lagarta “de-palmo”. O atrito
local seria obtido pela diferença entre os esforços de avanço das hastes externas (a movimentação atual das
hastes externas e a movimentação anterior) dividida pela área do avanço (avanço x perímetro das hastes ex-
ternas). Não é uma medição confiável.
No modelo de Begemann adicionou-se mais uma posição intermediária com uma luva de atrito apenas
para medição do atrito lateral local. Finalmente no sistema do modelo atual com o cone elétrico tudo se auto-
matizou. O conjunto todo é empurrado de uma só vez e diferentes extensômetro (strain gages) e sensores se
encarregam de obter os dados de forma independente. Com o surgimento do cone elétrico “abriu-se a tempora-
da de sensores”. Os mais diversos sensores tem sido adicionados ao cone: temperatura, geofones (sondagens
sísmicas), câmeras, sensores elétricos (sondagens elétricas) e etc. Destes o sensor mais valorizado parece ser o
de medição de pressões neutra no solo (u) e com o nome de CPTu. A foto 4 obtida no “site” da Gregg Drilling &
Testing, Inc. mostra o cone elétrico com medidor de pressões neutras, o CPTu ou piezocone. Esta medição mos-
tra que as pressões neutras criadas com a penetração do cone em argilas é significativa e gera distorções no
valor da resistência de ponta, qc, do cone que precisa ser corrigida pela expressão:
qt  qc  u2  (1  a)
Onde
qt = resistência de cone corrigida para argilas. Para areias qc = qt
qc = resistência de cone convencional
44

u2 = pressão neutra medida numa dada posição do cone


a = relação geométrica adimensional do cone (tipicamente entre 0,70 e 0,85)

Foto 4 – Ponteira do Piezocone, CPTu, da Gregg Drilling & Testing (http://www.greggdrilling.com)

Para se ter a penetração “estática” do cone (sem impactos) há necessidade de se ter algum escoramen-
to para a força que empurra a ponteira solo adentro. Dependendo da situação esta força pode até exceder 100
kN (massa de 10 toneladas). A figura 35 mostra algumas alternativas usadas para se obter esta reação. En-
quanto no SPT controla-se a energia de penetração (o peso e altura do martelo) no CPT controla-se a velocida-
de de penetração da ponteira cônica. Onde o solo é mais mole ou mais fofo a força é menor. Com isto a sensibi-
lidade do cone é maior, e pode-se discernir menores variações.

a) Cargueira b) Carreta ancorada c) Caminhão


Figura 35 – Sistemas de reação para o ensaio CPT

Os objetivos de de todas as sondagens são os mesmos: identificação das camadas de solos e suas pro-
priedades de engenharia, bem como as condições do lençol d’água subterrâneo. O ensaio de referência para
todos é o SPT. Quando já se tem um quadro geral do terreno (dado pelo SPT por exemplo) o CPT é muito mais
confiável em apresentar detalhes do terreno. Segundo Robertson e Robertson, 2012 as vantagens do CPT são:
 Fornece informações contínuas e rápidas de todo o perfil;
 Dados confiáveis e consistentes (ao se repetir a sondagem os resultados são os mesmos). Não
dependem da qualidade e zelo do operador;
 Econômicos e com produtividade;
 Base teórica sólida para interpretação de resultados.
Como desvantagens apontam:
 Investimento financeiro inicial alto;
 Requer operadores treinados e mais instruídos;
 Não obtêm amostras do solo na sondagem;
 Penetração pode ser impossível em camadas cimentadas e / opu pedregulhosas.
A UFES possui um equipamento mecânico do tipo mais antigo o cone holandês. O sistema de reação
usado é do tipo da figura 35a (cargueira) que restringe seu uso a situações muito especiais. Quanto ao da figu-
ra 35b (carreta ancorada) o problema é que o solo superficial precisa ser firme. Num brejo onde seu uso é indi-
cado o solo superficial pode não oferecer a reação necessária. Aparentemente o CPT é muito usado como um
complemento mais refinado ao ensaio SPT, numa segunda etapa da investigação e acompanhados do equipa-
mento SPT (para atravessar camadas muito resistentes, por exemplo). Poderia ser talvez incluído na etapa de
“investigação detalhada” a ser vista adiante. Quando existe dúvida a respeito do real valor do NSPT de uma
camada, ou da real espessura de camadas (laminações de solos moles ou compactação) é um ensaio imbatível.
A figura 36 mostra o resultado de um ensaio CPTu. É um aterro sobre um brejo em que já se conhecia o perfil
45

do terreno e se quis refinar os dados. Só pela resistência de ponta, qt (qc corrigida para a pressão neutra), fica
fácil distinguir as camadas do aterro, da principal camada de argila mole, e de camadas de areia alternadas
com argila mole no fundo. A razão de atrito, Rf, mostra que “a” camada de argila orgânica não é única. Dos 9
m a quase 13 m é uma e daí para baixo outra. Os zigue-zags da razão de atrito e principalmente da pressão
neutra, u, indicam a possível ocorrência de laminações mais arenosas.

Figura 36 – Sondagem CPTu

Para classificação dos solos encontrados Robertson e (Robertson), 2012 apresentam o gráfico da figura
37. Cautelosamente não chamam de “classificação” mas sim de solos de comportamento segundo o CPT de
vários tipos. Não é tão “rico” de informações como no SPT em que se pode VER e ensaiar a amostra mas apre-
senta contribuições também. Por exemplo na figura 36 observou-se 2 camadas distintas na argila orgânica. A
figura 37 mostra que a parte superior é mais orgânica.
Talvez a possibilidade mais desejável do ensaio de piezocone, CPTu, é o de realização de vários ensaios
de adensamento no ensaio para obtenção do coeficiente de adensamento, ch. Conforme o piezocone vai pene-
trando no terreno ele vai cisalhando e comprimindo o solo. Isto se traduz em alteração das pressões neutras
(aumento no caso de argilas moles normalmente adensadas). Ao se interromper a cravação do piezocone e
acompanhar-se a dissipação do excesso de pressões neutras (poropressões) está-se registrando o processo de
adensamento naquele ponto. Toda vez que repetir-se este processo em diferentes profundidades se terá outro
ensaio de adensamento.

Zona Tipo de Comportamento do Solo
1  Sensível, granulometria fina 
2  Solos orgânicos ‐ argila 
3  Argila – argila siltosa a argila 
4  Misturas de solos – silte argiloso a argila siltosa 
5  Misturas arenosas – areia siltosa a silte arenoso 
6  Areia – areia limpa a areia siltosa 
7  Areia pedregulhosa a areia compacta 
8  Areia muito rígida a areia argilosa* 
9  Solo fino muito rijo* 
* Fortemente pré‐adensado ou cimentados 
pa = pressão atmosférica = 100 kPa = 1 kgf/cm² 

Figura 37 – Gráfico de Tipos de Comportamento de Solos pelo CPT (Robertson e Robertson, 2012)
46

A figura 38 mostra um gráfico para obtenção do coeficiente de adensamento horizontal do solo, ch. O
ensaio convencional em laboratório obriga que a dissipação do excesso das pressões ocorra na direção vertical
e daí a notação cv. No piezocone o modelo de análise admite que a dissipação seja horizontal. Para se obter ch
precisa-se do tempo, t50, em que 50% do excesso de pres-
sões neutras (acima da pressão hidrostática do terreno no
ponto) geradas pelo piezocone se dissipa. Com este valor
entra-se no gráfico e apartir de uma das teorias se obtem
ch. Na teoria de Teh e Houlsby depende-se ainda do “Ín-
dice de Rigidez”, Ir, definido como:
I r  G su
Onde: su = resistência não drenada do solo;
G = módulo de cisalhamento do solo.
E
Sendo: G   
2(1   )
Onde: τ = tensão cisalhante;
ε = deformação correspondente;
E = módulo de deformação (elástico);
μ = coeficiente de Poisson.
Como a permeabilidade horizontal costuma ser igual ou
maior do que a vertical a mesma tendência deve se repetir
para o coeficiente de adensamento. No entanto estas me-
dições ainda são pontuais e podem não representar o
comportamento do solo como um todo. Ao se analisar o
tempo de recalque todas as fronteiras permeáveis devem
estar identificadas e isto nem sempre se consegue.

Figura 38 - Coeficiente de Adensamento, ch, pelo CPTu


(em Robertson e (Robertson), 2012)

Embora o objetivo possa ser o de uso ou de SPT ou de CPT existem muitas situações em que se quer
“transitar” entre os 2 métodos de investigação. Assim é conveniente se ter correlações entre os 2 resultados: qc
e NSPT. A proposta que parece ser internacionalmente mais aceita está mostrada na figura 39. Usou-se a pres-
são atmosférica, pa (= 100 kPa = 1 kgf/cm²), apenas para ter-se um valor adimensional. Aqui no Brasil a corre-
lação mais difundida parece ser a de Danziger e Velloso, 1986 desenvolvida com resultados do Rio de Janeiro e
onde há referência a “cone holandês”. Esta correlação está reproduzida no Quadro 22.

Figuras 39 – Correlação do CPT, qc, com SPT, NSPT (Robertson et al, 1983 em Schnaid, 2000)
47

Quadro 22 - Valores Típicos de K da Correlação qc/pa = K x NSPT


Solo  Valores de K 
 Areia  6,0 
 Areia siltosa, argilosa, silto‐argilosa ou argilo‐siltosa  5,3 
 Silte, silte arenoso e argila arenosa  4,8 
 Silte areno‐argiloso, argilo‐arenoso, argila silto‐arenosa, areno‐siltosa  3,8 
 Silte argiloso  3,0 
 Argila, argila siltosa  2,5 
pa = pressão atmosférica = 100 kPa = 1 kgf/cm² 

A figura 40 ilustra a maior riqueza de informações do cone. Muitas das dúvidas poderiam ser esclare-
cidas com o piezocone, CPTu. A resistência é proporcional à tensão de confinamento. A parcela relativa à peso
próprio (Σɣ.h) é proporcional à profundidade. Se o prolongamento da reta de qc com profundidade chega a zero
na superfície (h=0) é porque a única tensão é a da profundidade e o solo é normalmente adensado.

VI.2. ENSAIOS DE PENETRAÇÃO DE CONES DINÂMICOS – PD

Para o cone estático a maior dificuldade e o maior custo executivo é do sistema de reação necessário.
Outra coisa complicada é a medição separada da reação da ponta e a reação lateral. Se estes itens forem eli-
minados pode-se chegar ao velho barra-minas e ao penetrômetro de impacto, que em sua forma mais simples é
uma haste cravada a pancadas no solo. Na Europa seu uso parece ser bastante difundido.
Das informações do cone estático a resistência de ponta é a mais importante. A penetração “estática” é
mais importante para solos de baixa resistência. Com estas limitações em mente pode-se usar o ensaio de pe-
netração dinâmico como uma imitação barata do ensaio estático do cone. Duas grandes vantagens serão man-
tidas: traçado contínuo com a profundidade do solo e quase independência da qualidade da mão de obra. Adi-
cionalmente, para os equipamentos mais leves, tem-se a total portabilidade do equipamento. Para controle de
compactação (resistência e espessura das camadas), para controle superficial do terreno de apoio de fundações
diretas, para avaliação superficial de solos (o primeiro resultado do SPT só ocorre a 1 m de profundidade),
para confirmação (ou não) de resultados do SPT, e outras aplicações o ensaio é excelente.

Figura 40 – Exemplos simplificados de perfis qc mostrando interpretações (Schmertmann, 1978)


48

Um problema dos penetrômetros dinâmicos é que são tão intuitivos, tão baratos e tão fáceis de fazer
que a variedade de modelos se tornou enorme, o que dificulta a troca de informações. Felizmente a Sociedade
Internacional de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações (ISSMFE em inglês), agora Sociedade Inter-
nacional de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ISSMGE em inglês) em 1989 (ISSMFE, 1989) apre-
sentou uma proposta de padronização que vem sendo seguida pelas normas dos países europeus.

Foto 5 – Portabilidade de Penetrômetros Dinâmicos Leves

São considerados 4 tipos de penetrômetros cujas características básicas estão mostradas no Quadro 23. Os
mais interessantes parecem ser o leve (pela portabilidade) e o super-pesado (usa o equipamento e é similar ao
SPT onde apenas se substitue o amostrador pela ponteira cônica).

Quadro 23 - Especificações de Equipamentos para Penetração Dinâmica (ISSMFE, 1989)


  PDL (leve)  PDM (médio) PDP (pesado) PDSP (super pesado)
DPL (inglês)  DPM (inglês)  DPH (inglês)  DPSH (inglês) 
Martelo     
Massa M (kg)  10±0,1  30±0,3 50±0,5 63,5±0,5
Queda h (mm)  500±10  500±10 500±10 750±20
Relação entre  1 ≤ Rel ≤  2  1 ≤ Rel ≤  2 1 ≤ Rel ≤  2 1 ≤ Rel ≤  2
Comprimento/Diâmetro 
Cabeça de Bater     
Diâmetro, d (mm)  100 ≤ d ≤ 0,5D  100 ≤ d ≤ 0,5D 100 ≤ d ≤ 0,5D 100 ≤ d ≤ 0,5D
Massa (inclue pino) (kg)  ≤ 6  ≤ 18 ≤ 18 ≤ 30 
Ponteira     
Diâmetro novo,D (mm)  35,7 ± 0,3  35,7 ± 0,3 43,7 ± 0,3 51 ± 0,5
Área, A (cm²)  10  10 15 20 
Hastes     
Massa (kg/m)  ≤ 3  ≤6 ≤6 ≤ 6 
Diâmetro Externo (mm)  ≤ 22  ≤ 32 ≤ 32 ≤ 32 
Energia Específica por Golpe  50  150 167 238 
( M  g  h A ) em kJ/m² 
 
49

  O procedimento do ensaio é bem simples e direto. Com uma haste de 1 m procede-se a a penetração do
equipamento no solo em pequenos trechos (10 cm na norma europeia, 20 cm aqui em Vitória ou 30 cm) e ano-
ta-se o número de golpes dados. Atingido 0,8 m de penetração interrompe-se o processo e adiciona-se mais
uma haste de 1 m. Dá-se vários giros no equipamento para “soltá-lo” do solo preferivelmente com um torquí-
metro (em solos resistentes reduz-se o intervalo). Enquanto os golpes avaliam a resistência total do terreno
(ponta e lateral) o giro vai avaliar apenas a resistência lateral e assim indicar a validade ou não de considerar-
se apenas a resistência de ponta. E assim prossegue-se até a profundidade especificada ou “impenetrável”.
Este “impenetrável” vai depender do terreno sendo sondado. Na literatura fala-se em 15 m ou mais mas usa-
se macacos para extração das hastes. Aqui em Vitória as profundidades máximas giram no entorno de 4 m
para o penetrômetro leve e de 8 m para o super-pesado. No caso do super-pesado quando ele é usado em con-
junção com o SPT (caso usual) uma vez atingido um “impenetrável” ao penetrômetro pode-se retomar o proce-
dimento do SPT e escavar o terreno por simples lavagem até cerca de 1 m antes da penetração máxima ante-
rior do PD (ou atravessar alguma camada mais resistente) e retomar-se o ensaio PD até outro “impenetrável”.
O giro do penetrômetro vai indicar como está a resistência lateral que pode até prender a ponteira e impossibi-
litar sua retirada (o uso de ponteira perdida facilita a extração das hastes).

a) Ponteira genérica(ISSMFE, 1989) b) Penetrômetro Dinâmico Leve (PDL)


Figura 41 – Detalhes de Penetrômetros Dinâmicos (PD)

É muito frequente na literatura que os resultados dos ensaios sejam representados pelo número de
golpes em cada penetração, NPD, mas a recomendação oficial é que seja convertida para tensão média de pene-
tração, qd, assemelhada a resistência estática do cone, qc. Para tal usa-se fórmula de cravação dinâmica de
estacas.
M M  g  h  N PD R
RPD    qd  PD onde:
M M' e A
RPD = Força de resistência dinâmica à penetração da ponteira
qd = Tensão de resistência dinâmica à penetração da ponteira
M = Massa do martelo
M’ = Massa total de hastes, cabeça de bater, ponteira e o que estiver ligado à ponteira
g = aceleração da gravidade = 9,80665 m/s²
h = altura de queda do martelo
NPD = número de pancadas para avanço “e” da ponteira
e = avanço da ponteira sob NPD pancadas
50

A apresentação em termos de “qd” é preferível pois existem diferentes penetrômetros e opção de avanço
em 10, 20 ou 30 cm. Assim todas essas alternativas seriam normatizadas para um mesmo parâmetro, qd.
O processo subentende que a resistência do solo ocorre apenas na área de projeção da ponta do pene-
trômetro. Existe o recurso de se usar hastes ocas e perfuradas por onde se injetaria bentonita que preencheria
o espaço anelar entre as hastes e o solo, impedindo o desenvolvimento de resistência lateral. Mas isto parece
ser pouco usado. Para se avaliar a contribuição da resistência pode-se usar o momento MT medido pelo tor-
químetro. Supondo-se só haver contato com o solo na ponta do penetrômetro (distância 1,5xD) o esforço atuan-
do seria:
0,6  M T 2,55  M T
fD  3
 se área lateral  4, 25  D 2 então RLD  onde:
D D
RLD = Força de resistência lateral na ponteira
fD = Tensão de resistência lateral na ponteira
MT = Momento medido pelo torquímetro no giro da ponteira
D = Diâmetro da ponteira

A figura 42 mostra diferentes modelos de boletins para apresentação de resultados de Penetrômetros


Dinâmicos. O ideal é que seja padronizado em função de qd mas existem empresas e autores que usam

b) Controle de Campo de Terreno de Sapata


a) Boletim Completo

d) Boletim em Função de NPD em “b”


c) Exemplo de Boletim qd
Figura 42 – Exemplos de Boletins de Penetrômetros Dinâmicos

apenas o número de pancadas de cada penetração pela possibilidade de interpretação direta no campo sem
necessidade de cálculos. Como existem inúmeros tipos de penetrômetros dinâmicos este tipo de apresentação é
desaconselhada.
51

Um uso muito comum do uso de penetrômetros dinâmicos leves ou manuais (PDL ou PDM) é o de con-
trole de compacidade de areias de apoio de sapatas. Escava-se o terreno até a cota prevista e executa-se na
cava aberta o ensaio a partir da superfície (situação provisória de pressão de confinamento nula). Nesta situa-
ção é imprescindível que se faça a correção do resultado em função da profundidade como é feito para o SPT
através de gráficos como o da figura 12 e / ou a equação correspondente:
100
CN  para  'v em kPa
 'v
Nesta situação não há limitação de valor máximo do fator de correção CN. Também os primeiros 20 a 40 cen-
tímetros não são confiáveis. Em várias situações testou-se terrenos que apresentavam valores significativos
(seja por exemplo, NPD = 30 golpes / 20 cm) a 1 m de profundidade. Quando se escava o terreno e ele não tem
umidade para desenvolver “coesão aparente” e se repete o ensaio ele passará a apresentar NPD entre 0 e 5 nos
primeiros 20 cm e 5 a 8 dos 20 aos 40 cm, mesmo com escavação manual. Por isto usualmente os 40 cm iniciais
são descartados.

Quanto ao efeito parasita de atrito / aderência do solo às hastes Waschowski (1983) apresentou, entre
outras, as curvas da figura 43 e concluiu que para ponteiras rombudas (o diâmetro da ponteira é bem maior
do que o diâmetro das hastes, como na norma recomendada): 1) O lençol d’água não é importante; 2) Para
solos granulares e siltosos o atrito é pequeno; 3) Para solos argilosos (coesivos) médios a duros o atrito lateral
pode ser elevado. Como se vê nas figuras estas conclusões foram tiradas a partir de penetrações de até 18 m.
Para penetrações menores o efeito parasita tende a diminuir.

a) Solos Granulares e Pouco Plásticos b) Solos Coesivos


Figura 43 – Ocorrência de Atrito / Aderência Lateral nos Ensaios de PD (Waschowski, 1983)

Alguns valores típicos de resultados de penetrômetros dinâmicos na França são os apresentados por
Waschowski (1983) nos quadros 24 e 25. O quadro 25 é uma adaptação do apresentado no original. Lá a
relação era a inversa. No quadro 26 mostra-se a relação entre os penetrômetros dinâmico e estático (cone). A
figura 44 mostra uma correlação entre qd e a resistência não drenada (compressão simples / ensaio de palheta
ou vane). Quanto à correlação com o ensaio SPT não há menção.

Aqui no Brasil este tipo de ensaio é bem antigo mas parece ter sido usado principalmente em
aplicações rodoviárias. Num cátalogo sem data da Maquesonda (provavelmente da década de 1970) ele já
aparece. Para aplicações geotécnicas em geral e fundações começou a ser usado em Vitória, ES lá pelos anos
80 e hoje a maioria das firmas de sondagens tem equipamentos do tipo leve.
52

Moraes (2008) analisou correlações do número de golpes do SPT, NSPT, com a resistência dinâmica de
ponta, qd, de penetrômetros pesados para alguns locais na Grande Vitória. Em todos locais o solo era areia
marinha, fina a média, quartzosa. O resultados obtidos foram:
 Queda de 0,45 m e martelo de 64 kg: qd = (0,43±0,03) x NSPT (em MPa)
 Queda de 0,40 m e martelo de 65 kg: qd = (0,48±0,10) x NSPT (em MPa)
 Queda de 0,75 m e martelo de 65 kg: qd = (0,58±0,02) x NSPT (em MPa);

Onde é interessante observar-se que são semelhantes às correlações entre o cone estático e o NSPT.

Quadro 24 – Resistência Dinâmica de Quadro 25 – Razão de Atrito Dinâmico, fd/qd x 100 para
Ponta, qd para Alguns Solos na França Alguns Solos na França (adaptado de Waschowski, 1983)
(Waschowski, 1983)
SOLO  qd (MPa)    SOLO fd/qd x 100 
Vasa  0,1 a 1    Argila Dura 5 a 7
Silte  0,6 a 1,5    Argila Arenosa 1,2 a 2
Argila Mole  0,1 a 1,5    Areia siltosa, Silte Arenoso e Areia Fina Fofa  1,5 a 3,3
Argila Rija   1,5 a 3    Areia Grossa Pedregulhosa, Siltosa ou Argilosa   
Argila Dura  3 a 5  e Areia Fina Compacta  0,9 a 1,9 
Argila Dura Concrecionada  3 a 7  Vasa, Silte, Argila Mole  0,5 a 2 
Areia Fofa  0,2 a 4  Calcáreo Mole ou Macio  0,3 
Areia Compacta  5 a 30 
Areia Argilosa  4 a 7 
Areia com Pedregulho Fofa  0,5 a 4 
Areia com Pedregulho Compacta  7 a 35 
Calcáreo Mole  0,7 a 4 
Calcáreo Concrecionado  10 a 50 
Marga  6 a 15 
Marga Dura ou Concrecionada  20 a 100 

Quadro 26 – Relação entre qd e qc para Alguns Solos na França (Waschowski, 1983)


SOLO  qd / qc
Argilas, Siltes e Vasas Normalmente Adensadas; Areias Fofas ou Medianamente Compactas ≈ 1
Argilas e Siltes Pré‐Adensados  1 a 2
Areias e Pedregulhos; Areias Siltosas ou Argilosas Compactas a Muito Compactas 0,5 a 1

Figura 44 – Correlação entre qd e


Resistência não Drenada, cU, de
Argilas Siltosas (Waschowski,
1983)

Melo Jr, 2002, apresentou dados de ensaios dinâmicos para uma areia muito argilosa da Formação
Barreiras. O penetrômetro usado está fora das especificações do ISSMFE, 1989 e seus dados foram reproces-
sados dando os resultados:
 Ponteira de 28,6 mm, queda de 0,23 m e martelo de 10 kg: qd = 0,28 x NSPT (em MPa)
 Valor qd/qc = 1,9;

Martins e Miranda, 2003, apresentaram dados de penetração em solos residuais de granito (saibro) em
Portugal para penetrômetros dinâmicos locais. Retrabalhando-se os resultados apresentados (e arbitrando-se
valores para dados faltantes) obtem-se.
 Ponteira de 45 mm, queda de 0,5 m e martelo de 63,5 kg: qd = 0,62 x NSPT (em MPa)
53

Azevedo e Guimarães, 2009, usaram o modelo leve (PDL) especificado pela ISSMFE, 1989 entre Rondônia
e Mato Grosso e propuseram a seguinte correlação com o SPT:
 Ponteira de 35,7 mm, queda de 0,5 m e martelo de 10 kg e avanços de 10 cm :
NSPT = 1,02 x NPDL10 – 2,11

Esta correlação praticamente coincide com a usada em Vitória, para avanços de 20 cm:
 Ponteira de 35,7 mm, queda de 0,5 m e martelo de 10 kg e avanços de 20 cm : NSPT = 0,5 x NPDL20
VI.3. ENSAIO PRESSIOMÉTRICO (MÉNARD)
Segundo Baguelin et al (1978) o grande impulsionador deste
ensaio na concepção atual foi o engenheiro francês Louis Ménard que
projetou e fabricou o modelo original, o pressiômetro de Ménard.
Como seu procedimento é através de uma relação pressão-
deformação, é de se supor que seja mais robusto nessa área, mas é
usado como um índice dos solos testados para as mais variadas apli-
cações, como um eventual substituto do SPT. O resultado do ensaio é
a pressão (pressão limite pl) que causa a plastificação do solo ou, na
concepção original de Ménard, a pressão que causa a expansão (dila-
tação) de uma sonda (célula) introduzida no solo até o dobro do seu
volume inicial. O ensaio é feita numa perfuração prévia ou feita pelo
próprio equipamento. Em cada profundidade desejada faz-se um en-
saio. Na França e Europa é mais usado mas aqui no Brasil não pare-
ce haver firmas que o executem comercialmente.

Figura 45 – Princípios Básicos do Pressiômetro (Baguelin et al, 1978)

VI.4. ENSAIO DE DILATRÔMETRO PLANO DE MAR-


CHETTI - DMT

O ensaio do Dilatômetro Plano foi desenvolvido na Itália pelo Professor Silvano Marchetti que dispo-
nibiliza no site http://www.marchetti-dmt.it/ vários artigos sobre o equipamento, o ensaio e seu uso. O equi-
pamento consta basicamente de uma lâmina de aço inoxidável com uma membrana circular também de aço
inoxidável instalada e nivelada em uma face. A lâmina, montada na ponta de hastes dre cravação, é então
introduzida no solo (suporta até 250 kN) até a profundidade desejada (tipicamente em incrementos de 20 cm)
onde se executa o ensaio (cerca de 1 minuto). O ensaio consta da dilatação (através de pressão de gas) da
membrana contra o terreno onde se anotam 2 medidas de pressão: “A” quando a membrana “descola” do apoio
interno e “B” quando o centro da membrana se move 1,1 mm contra o solo. Pode-se eventualmente fazer uma
3ª medida “C” quando a membrana é desinflada (para obtenção in situ da poro pressão – u0), mas isto não é
rotina. Avança-se a lâmina até nova posição (tipicamente incrementos de 20 cm) e repete-se o ensaio, e assim
sucessivamente até a profundidade final.
Estes valores “A” e “B” depois de corrigidos por um fator obtido na calibração do aparelho (função da
rigidez da membrana) redundam nas medidas p0 e p1. Com estes valores obtêm-se os índices básicos para in-
terpretação do ensaio. Os índices são:
- Índice de Material, ID;
- Índice de Tensão Horizontal, KD; e
- Módulo Dilatométrico, ED.
A penetração do Dilatômetro no solo tanto pode ser feita pelo equipamento do cone (“estático”) como
pelo de perfuração SPT (pancadas), mas Marchetti et al (2001) citam outros autores que observaram que o uso
de martelos prejudica a qualidade do ensaio e a acurácia das correlações. Recomenda que se faça a penetração
por métodos “estáticos”.
A figura 46 ilustra os vários componentes do equipamento do Ensaio com Dilatrômetro de Marchetti
(DMT). Na superfície do terreno ficam os controles para empurrar a membrana contra o solo através da
pressão de gás e medir as pressões de dilatação. Mergulhado no terreno, na ponta das hastes de penetração
(do equipamento de cone ou SPT por exemplo), vai a a lâmina que é o próprio dilatômetro. Não se mostra aí o
equipamento usado para cravação da lâmina. Pode ser o mesmo usado para o ensaio de cone (recomendado) ou
o martelo do SPT (reduz a acurácia das medidas).
54

a) Esquema Geral (www.marchetti-dmt.it) b) Lâmina (www.marchetti-dmt.it) c) Membrana (www.igeotest.com)


Figura 46 – Ensaio Dilatométrico de Marchetti (DMT) - Equipamento

A figura 47 mostra resultados de 3 ensaios feitos uns próximos aos outros através de cravação
“estático”. Note-se como se repetem os resultados das 3 sondagens de forma homogênea. Nos ensaios
penetrométricios dinâmicos (SPT e PD) a regra é de se ter uma dispersão bem maior.

a) Índice de Material, ID b) Índice de Tensão Horizontal, KD c) Módulo Dilatométrico, ED


Figura 47 - Resultados do Ensaio DMT em Termos dos Índices Dilatométricos (Cordeiro, 2004)
As definições e principais correlações para o ensaio do penetrômetro estão mostradas no Quadro 27.

Quadro 27 – Definições e Correlações Básicas do DMT (Marchetti et al, 2001)


Símbolo Nome Fórmulas Básicas
ID Índice de Material I D  ( p1  p0 ) /( p0  u0 ) u0=poro-pressão local
KD Índice de Tensão Horizon- K D  ( p0  u0 ) /  'v0 σ'v0=tensão efetiva de peso pró-
tal prio
ED Módulo Dilatométrico ED  34,7( p1  p0 ) Não é o módulo de Young E.
Obter MDMT e então, por ex.
E≈0,8 MDMT
K0 Coef. de Empuxo in situ K0,DMT  (KD / 1,5)0,47  0,6 Para ID < 1,2
R.S.A Razão de sobre- RSA DMT  ( 0,5 K D )1, 56 Para ID < 1,2
(OCR) adensamento
cu Resistência não Drenada cu,DMT  0,22 'v0 (0,5K )1,25 Para ID < 1,2
φ Ângulo de atrito  DMT  28  14,6 log K D  2,1 log ² K D Para ID < 1,8
ch Coef. de Adensamento ch , DMT  7cm ² / t inf lex Ensaio de dissipação A x log t
kh Coef. de Permeabilidade k h  c h  w / M h ( M h  K D M DMT )
M Módulo Vertical Confinado M DMT  R M E D
Drenado Se I D  0,6 R M  0,14  2,36  log K D
Se I D  3 R M  0 ,5  2  log K D
Se 0,6  I D  3 RM  RM ,0  (2,5  RM ,0 ) log K D
com RM ,0  0,14  0,15(I D  0,6)
Se K D  10 R M  0,32  2,18  log K D
Se R M  0,85 use R M  0,85
55

VI.5. ENSAIO DE PALHETA OU VANE TEST

Mede resistência ao cisalhamento “in situ”. É usado para argilas moles saturadas, onde dá uma “coe-
são” comparável à da compressão simples (ensaio não adensado-não drenado, caso  = 0). Sua aplicação mais
comum é para análise de estabilidade de aterros sobre solos moles mas pode servir para outras aplicações
como avaliação da pressão de pré-adensamento. Usualmente a camada onde se quer realizar o ensaio de pa-
lheta foi caracterizada em outras sondagens anteriores, por exemplo SPT. Avança-se um furo de sondagem
específico até a profundidade desejada. Dentro desse pré-furo baixa-se a palheta até o fundo. Forcça-se, de
uma só vez, a palheta no fundo do furo de forma que a mesma penetre no solo indeformado uma distância
mínima de 5 vezes o diâmetro do furo. A figura 48 mostra o equipamento usado pelo pelo Bureau of Reclama-
tion dos E.U.A. e a figura 49 mostra um esquema com o seu princípio de funcionamento.

Figura 48 – Equipamento Palheta (Vane) (Bureau of Re- Figura 49 – Esquema de Operação


clamation, 1974)
Uma vez posicionada a palheta ela é girada no solo a uma velocidade angular máxima de 0,1
graus/segundo. O tempo de duração do ensaio até a ruptura do solo, deve estar entre 2 e 5 minutos. Se a rup-
tura estiver ocorrendo antes desse tempo a velocidade de ensaio deve ser reduzida.
O torque máximo aplicado deve ser anotado, e se o aparelho permitir deve-se também anotar o torque
a intervalos de tempos que não excedam 15 segundos. Essas anotações permitem construir-se um gráfico de
ruptura deformação (angular)  torque (ou coesão desenvolvida).
A obtenção da coesão do solo amolgado (definição de sensibilidade) é feita repetindo-se o ensaio após
10 revoluções rápidas da palheta no solo. O ensaio tem que iniciar-se imediatamente após as revoluções e no
mais tardar, um minuto após.
A determinação da coesão não drenada é obtida a partir do torque máximo aplicado e da geometria da
palheta. Ao girar-se a palheta no solo tende-se a recortar no mesmo solo um cilindro nas dimensões da palheta
como mostrado na figura 50. As tensões que resistem ao torque são as de resistência ao cisalhamento do solo,
que no caso  = 0, são, naruptura, denominadas de cu ou su.
56

As equações de equilíbrio na condição de resistência máxima, para o torque máximo, Tmax, são:
- Resistência nas Laterais do Cilindro:
Força    d  h  cu
Braço  d 2
 d2
Momento Re sistente  MR1   h  cu
2
- Resistência no Topo e na Base do Cilindro:
 d²
Força   cu
4
d 2 d
Braço   
2 3 3
  d3
Momento Re sistente  MR2   cu
6
Logo, para se ter equilíbrio:
 d2  d
Tmax  MR1  MR2   cu   h  
2  3
d 2  d
Tmax  MR1  MR2  Tmax   cu   h  
2  3

E finalmente: Figura 50 –Esquema de Interpretação do Ensaio


2  Tmax 1
cu  
  d ² h  d 3

Um resumo das opções de sondagens mais comuns está apresentado no Quadro 28 a seguir.

VII. EXPLORAÇÕES GEOFÍSICAS

Nas explorações geofísicas os materiais do terreno e suas espessuras são identificados a partir de pro-
priedades que sejam marcantes. As mais comuns são as velocidades de propagação de ondas de choque no
terreno e as resistências elétricas. Estes ensaios não precisam ser invasivos (não há necessidade de perfura-
ções) e assim podem ser vantajosos para exploração preliminar de grandes áreas. Usualmente não são indica-
dos para visualização de detalhes dos solos e rochas e sim para feituras de maior porte dentro do trecho explo-
rado em cada etapa. É vantajoso ter-se outras investigações (mesmo esparsas) como a sondagem do SPT (com
obtenção de amostras) para “calibração” e referência. Os exames médicos tipo raio-X e tomografia são usados
em pequenos volumes (órgãos do corpo) e não são adequados para grandes massas. Por exemplo a investigação
de estruturas (por exemplo blocos de concreto) a pequenas profundidades (seja 1 m) podem ser identificadas
por sondagens de resistividade elétrica quando se usam pequenos trechos de investigação (seja 1 m) mas se
estiverem a maiores profundidades (seja 10 m) os trechos precisam ser maiores e a influência do bloco de con-
creto podem passar desapercebida no grande volume ensaiado.

VII.1. SONDAGENS SÍSMICAS


A figura 51 mostra a propagação de ondas de choque provocadas por uma placa na superfície do terre-
no. Os tipos de ondas de choque são:
- Ondas de compressão ou P. São as mais velozes mas são responsáveis apenas por 7% da energia to-
tal. Se propagam numa onda semi-esférica a partir da fonte. Representam um “aviso” das outras que vêm
atrás com maior energia;
- Ondas de cisalhamento ou S. São responsáveis por 26% da energia total. Também se propagam numa
onda semi-esférica a partir da fonte;
- Ondas Rayleigh ou R. São responsáveis por 67% da energia total ou seja cerca de 2/3 da energia total
e são as mais destruidoras. Se propagam numa onda cilíndrica na superfície do terreno a partir da fonte.
57

Quadro 28 - Métodos de Sondagens Exploratórias (Sowers, 1979)


MÉTODO PROCEDIMENTO USO LIMITAÇÕES
Sondagem à trado Trado manual ou mecânico com remoção do material escavado em avanços curtos e regu- Identifica mudança em textura do solo Moe partículas brandas - avanço
lares. acima do nível d’água. Localiza nível impedido por rocha ou solos mais
d’água. densos, etc.
Sondagem à percussão Escave o furo, recolha amostras a intervalos regulares (1 metro tipicamente) com amos- Identifica textura e estrutura avalia Pedregulho, laminações muito
(SPT) treador lascado: compacidade ou consistência em solos e duras.
(NBR-6484 e ext = 50mm (2”) e int = 35mm. Amostreador cravado 45cm em tres etapas de 15cm por rochas brandas.
ASTM D-1586) martelo de 65Kg (ou 63,6 Kg) caindo de 75cm (76cm). Abaixo do nível d’água mantenha
equilíbrio hidrostático com o fluído de lavagem.
Amostreamento contí- Crave (ou perfure) tubo no solo até que a resistência impeça avanço. Remova material Identifica, continuamente, textura em Pedregulhos, laminações.
nuo: Solo escavado com ar e água. solos coesivos.
(ASTM D- 2113)
Câmera de TV Desce-se uma mini-câmera de TV dentro do furo e obtêm-se sua imagem na superfície. Identifica estratificações “ïn loco”. Mudança de textura indistintas.
Às vezes imagem obscura abaixo
do nível d’água.
Amostreamento contí- Gire o barrilete coroa diamantada para cortar furo anelar. Material escavado removido Identifica camadas de rocha e defeitos Perde-se todo o material em lami-
nuo: Rocha (ASTM D- com circulação d’água.Testemunho retido no barrilete por cunha cilíndrica. Melhor resul- estruturais, continuamente. nações fracas, etc.
2113) tado quando se usa barrilete interno estacionário (duplo) para proteger testemunho.
Penetrômetro dinâmico Crave ponteira alargada, presa na porta da haste, com peso conhecido caindo de altura Identifica mudanças pronunciadas em Resultados enganosos, em pedre-
(Barra-minas) constante, em incrementos de 10 a 30cm. compacidade ou consistência dos mate- gulho ou laminações cimentadas.
riais.
Penetrômetro estático Force no solo ponteira cônica alargada (Cone-Holandês - CPT):  3,6cm, com ângulo de Identifica mudanças sutis em compaci- Paralisado por camadas duras,
(Cone-Holandês - CPT) 60) presa na ponta da haste. Meça resistência de ponta a intervalos regulares. Outras dade ou consistência. Possivelmente enganoso em pedregulho, lamina-
dimensões podem ser adaptadas para as condições locais. identifica solo pelo quociente entre ções duras.
resistência de ponta e atrito lateral.
Poços, Trincheiras Escave poço ou trincheira, com pá e picareta, trado grande ou escavadeira. Exame visual da estrutura e estratifica- Desmoronamento de paredes,
ção acima do nível d’água. nível d’água.
Circulação d’água, Escave com trépano ou gire a sapata dentada. O material escavado é levado para a super- Identifica frações mais grossas lavadas Enganosa se existe quantidade
perfuratriz rotativa fície por circulação d’água ou lama de sondagem injetada na ponta do instrumento. pelo fluído, e dureza pela velocidade de apreciável de finos.
com circulação de ar ou avanço.
água
Bata e moa matacões formando uma papa pela queda e impacto de ponteiros pesados em Escava e identifica fragmentos de ro- Dificuldade na definição de cama-
Trepanagem furos com água. Remova a papa (água e material moído) com a “piteira” de tempo em cha, etc, do material escavado. das. Areias tornam-se “movedi-
tempo. ças”.
Perfuratriz à percussão Impacto - perfure com aço de martelete, remova o material escavado com ar comprimido. Identifica rocha pelo pó, dureza, pela Martelete “preso” no furo por solo
(martelete) velocidade de avanço.(NOTA: trincas ou úmido (ou pó umedecido da perfu-
fissuras abertas são sentidas pelo mar- ração).
teleteiro, que as chama de passagens).
58

Uma trincheira vazia cilíndrica em volta da fonte da ordem de 1 m de profundidade é capaz de “cortar” a mai-
or parte da energia das ondas de choque (dentro da trincheira a onda de choque se progaria pelo ar).

Figura 51 – Distribuição de ondas de deslocamento de uma sapata circular num semi-espaço homogêneo, iso-
trópico e elástico (Woods, 1968, apud Richart et al, 1970)

Num meio elático e homogêneo a velocidade, vp, de propagação da ondas de compressão (onda P) é
dada por:
Eg (1   ) E (1   )
vP  
 (1  2 )(1   )  (1  2 )(1   )
vp = velocidade da onda sísmica de compressão ou onda P
 = peso específico do solo (varia pouco)
ρ = densidade do solo (varia pouco)
E = módulo de elasticidade dinâmico (grande variação)
μ = coeficiente de Poisson (na maioria dos solos varia entre 0,1 e 0,3)
g = aceleração da gravidade (9,8 m/s²)
G = módulo de cisalhamento = G  E 2(1   )

E as ondas de cisalhamento ou ondas S têm uma velocidade vs:


Gg G Eg
vs   
  2 (1   )

O quadro 29 mostra algumas velocidades de ondas de compressão (P) típicas de terrenos. As ondas de
cisalhamento (S) viajam a velocidades menores, cerca de 1/3 das ondas P quando μ=0,45 e cerca de 3/5 quando
μ=0,25, segundo Sowers.
Quadro 29 – Velocidades de Ondas de Compressão P
Sowers (1979) Bison (1969)
Material Velocidades Material Velocidades
(m/s) (m/s)
Areia fofa, seca 150 - 450 Solo fofo a compacto 300 - 600
Argila dura, parcialmente saturada 600 – 1.200 Areia ou Pedregulho fofo e úmido 600 - 900
Água; solo fofo saturado 1.600 Pedregulho muito compacto 900 – 1.200
Solo saturado; rocha alterada 1.200 – 3.000 Arenito brando 1.500 – 1.800
Rocha sã 3.000 – 6.000 Arenito duro 1.800 – 3.000
Calcário alterado 1.800 – 3.000
Calcário sólido 3.000 – 4.500
Granito, basalto, gabro, etc. 4.500 – 6.000
59

Sondagem Sísmica por Refração

Na sondagem sísmica por refração medem-se as velocidades (distância / tempo) de ondas de


compressão que são as mais rápidas. O equipamento para o ensaio consiste de: 1 trena (distância); 1 ou mais
geofones; uma fonte para a onda de choque (para pequenas profundidades, até cerca de 100 m, uma marreta
de cerca de 5 kg batendo numa plaquinha de metal, ou então pequenas cargas de explosivos). A fonte é ligada
a um equipamento que mede o tempo em que a onda viajou da fonte até o(s) geofone(s). O procedimento usual
é instalar-se a fonte a distância(s) conhecida(s) do(s) geofone(s) (os equipamentos mais completos dispõem de
vários geofones e os mais simples apenas de 1). Neste caso repetem-se os ensaios para várias distâncias
diferentes). Não é obrigatório mas é mais simples que as distâncias sejam iguais. O manual da Bison (1979)
sugere distâncias de 3 m (10 pés). Inicia-se o ensaio golpeando-se a plaquinha metálica colocada na superfície
do terreno com a marreta. A marreta que é ligada ao equipamento medidor de tempo por um fio dispõe de um
gatilho, que é acionado no impacto. Neste momento o gatilho “liga” o geofone que começa a enviar todos os
“ruídos” para o equipamento. Se não houver “ruídos” fortes será possível identificar-se no equipamento
quando chegou a onda de choque da marreta (ou explosivo) e ler-se o tempo entre o choque e a chegada da
primeira onda de choque (a onda P). A figura 52 motra um esquema do ensaio e um aparelho de 1 geofone da
Bison (1979). Este equipamento permite a soma de vários impactos (as ondas iguais se somam e os “ruidos”
aleatórios tendem a se anular). No 5º impacto estava-se satisfeito e deslocou-se o marcador (marquinha
vertical) para o início da primeira onda (a de menor energia, a onda P) e le-se o tempo (em milisegundos) entre
o impacto e a chegada da onda. Tem-se tempo e a distância e portanto a velocidade da onda sísmica. Obtem-se
o par tempo x distância para várias distâncias, seja por exemplo, 3 m, 6 m, 9 m, 12 m, ... como esquematizado
na figura 53. Para esta representação supôs-se 3 camadas homogêneas e horizontais, com densidades
crescentes com a profundidade.

Figura 52 – Equipamento do Ensaio de Investigação Sísmica


60

Figura 53 –Esquema do Ensaio de Investigação Sísmica

Os pares de valores tempo x distância são plotados num gráfico como da figura 54 e as tangentes dos
ângulos θi são as velocidades nas várias camadas “i”: tg θ1 = V1; tg θ2 = V2; tg θ3 = V3... A explicação é que,
obrigatoriamente, as velocidades são crescentes com a profundidade (V3 > V2 > V1 senão o processo não se
aplica. Por exemplo uma camada de argila mole sob outra de areia não é detectável por este processo). Assim
para pequenas distâncias (com certeza para distâncias d < 2 H1) a primeira onda a chegar será uma que viajou
direto pelo topo do terreno superficial, V1. Mas vai acontecer uma distância (a partir de d’) em que a onda que
desceu até a camada 2 (na velocidade V1), e aí viajou a uma velocidade maior (V2), e depois retornou ao
geofone na superfície (na velocidade V1) chegará ao geofone primeiro do que a onda que viajou uma distância
menor (na superfície do terreno) mas também a uma velocidade menor. A partir desta distância a declividade
da curva no gráfico muda e fornece a velocidade V2. E assim sucessivamente.Quan to mais espessa

V 3 > V2 > V1

Figura 54 - Interpretação do Ensaio de Investigação por Refração Sísmica

for a camada 2 maior o trecho onde ocorre V2. Se for muito fina pode passar desapercebida.
A obtenção da espessura H1 da camada superficial é um problema de geometria. A mudança de direção
da onda sísmica quando muda de camada é definida pela mesma Lei de Snell da refração de luz em ótica e
como apresentado na figura 55:

sen( I ) sen( R) V1
Em geral  e se o ângulo de refração R = 90°, sen 90° = 1 sen( I c ) 
V1 V2 V2
61

Figura 55 – Lei de Snell e Situação Geométrica Considerada

A Lei de Snell fornece os ângulos do trapézio da figura 55. A onda que retorna, da camada 2 ao
geofone é a que se refrata numa “rasante” (ângulo refratado, R = 90°). As demais “mergulham” na camada 2 e
não retornam (se V2 < V1 nenhuma onda retorna ao geofone e nada se mede). De todos os trapézios no sistema
o escolhido é aquele em que a onda superficial na camada 1 chega ao geofone no mesmo tempo que a a onda
que retorna da camada 2, ou seja quando d = d’. A solução do problema fornece:
d ' V2  V1
H1 
2 V2  V1

E se houver uma terceira camada (figura 54) a espessura da segunda camada será:

H 2  0,8H 1 
d'd' ' V3  V2
2 V3  V2
Uma aplicação da sondagem sísmica que parece ser muito usada (pelo menos no exterior) é a de
definição da escarificabilidade dos materiais de acordo com os equipamentos disponibilizados por cada
fabricante. Um exemplo está mostrado na figura 56 conforme Caterpillar.

Sondagem Sísmica Cross-hole e Down-hole

Neste procedimento de sondagem sísmica usam-se as ondas de choque de cisalhamento (Vs), com
maior energia, através de geofones apropriados. Conhecendo-se as velocidades das ondas no terreno e suas
equações de constituição (vide atrás) pode-se conhecer os módulos elásticos dinâmicos (deformações muito
pequenas), o módulo elástico “E” e o módulo de cisalhamento “G”. No método cross-hole o geofone é colocado
num furo e o impacto é produzido em outro furo como ilustrado na figura 57. E no métdo down-hole o geofone
desce num furo e o choque é produzido na superfície ou vice-versa (up-hole). O cone sísmico é o equipamento
de cone que adicionalmente mede as ondas sísmicas.

VII.2. SONDAGENS POR RESISTIVIDADE ELÉTRICA

Neste processo usa-se a resistência elétrica dos solos para distingui-los: uma argila saturada conduz
eletricidade melhor do que uma seca, uma argila conduz melhor a eletricidade do que areia, etc. A resistência
em si depende também das características geométricas do material. Por exemplo, 100 m de um fio de cobre
apresentam maior resistência do que 1 m do mesmo fio. Há necessidade de uso de um parâmetro que seja
característico do material em si, e não da geometria. Este parâmetro é a resistividade, ρ, definida como a
resistência, R, de um cubo unitário do material. Seja um prisma com base de área A e comprimento h como na
figura 58, e que apresenta uma resistência elétrica R. Sua resistividade, ρ, então é:
  R  A L cuja unidade usual é ohm  metros
E num material homogêneo, isotrópico e semi-infinito, como se idealiza o solo (configuração de Wenner):
2dE

I
62

Onde d é a distância onde se aplica a diferença de potencial, E, e I a intensidade de corrente, em ampéres.


Nesta configuração (mais usada) os eletrodos são espaçados igualmente como mostra a figura 59.

Figura 56 – Escarificabilidade de Vários Matertiais segundo a Caterpillar (apud Bison 1969)

Figura 57 – Esquema de Ensaio Sísmico Cros-Hole


63

Figura 58 – Definição de Resistividade Figura 59 – Configuração de Wenner para Medir Resistividade

O processo consiste então de se introduzir uma corrente elétrica de intensidade I no terreno por meio
de 2 eletrodos (hastes metálicas em “A” e “B”) ligados em uma bateria. A corrente viaja de “A” até “B” (figura
59). Em 2 outros eletrodos (hastes metálicas) internos, “C” e “D”, mede-se a queda de potencial E. Com os
dados obtidos, d, E e I, na equação de resistividade para um meio semi-infinito, obtem-se seu valor. Se o
material não for uniforme, mas formado por diferentes camadas, vai-se obter uma média de suas
resistividades. A figura 60 mostra o alcance e as prinpipais influências na corrente elétrica no terreno.

Figura 60 – Zonas de
Influência na Sondagem
por Resistividade (Soiltest,
1968)

Para se investigar a sequência de camadas de um terreno toma-se um ponto central, instalam-se os


eletrodos com espaçamentos iguais, por exemplo d1 = 1 m, e obtem-se leituras de E1 e I1 e consequentemente
ρ1. Repete-se para espaços crescentes e iguais entre si, por exemplo d2 = 2 m; d3 = 3 m; ... até dn = n,
dependendendo da profundidade que se queira investigar. Existem vários métodos de interpretação, e um
deles é o Método Cumulativo de Moore. É um método empírico com razoável sucesso. Neste método toma-se os
valores espaçamento di e o somatório de todos os valores anteriores de ρ (Σ ρ1+ ρ2+ ... + ρi) e plota-se num
gráfico como o da figura 61. O resultado é uma linha quebrada onde as “quebras” indicam mudança de
camada. No caso foram identificadas 3 camadas: de 0 a 1,8 m, de 1,8 m a 5,7 m, e de 5,7 m para baixo.
Uma outra forma de uso da sondagem por resistividade é o de manter-se um espaçamento, d,
constante (proporcional à profundidade de interesse) e fazer-se várias medições na área de interesse. Por
exemplo num campo arenoso em que suspeita-se que ocorram bolsões enterrados de argila mole. Os trechos de
menor resistividade seriam os trechos a serem melhor investigados por sondagens SPT ou outra. Num
caminhamento de uma futura estrada em corte suspeita-se da ocorrência de rochas a pequenas profundidades.
Nestes pontos a resistividade será maior. Os conceitos a guiar tais pesquisas são as resistividades dos
diferentes materiais já que a condutividade varia com a ionização de sais presentes no solo. E assim:
Rochas - apresentarão alta resistividade (baixa condutividade);
Solos - apresentarão resistividade média
Solos argilosos saturados - apresentarão baixa resistividade devido à presença de sais minerais na água.
64

E alguns valores típicos são apresentados


1800 no quadro 30.
A figura 62 mostra o perfil de um
1600 terreno bem complexo obtido por
sondagens simultâneas sísmicas e
elétricas. É um feito que demanda
1400 conhecimentos mais aprofundados dos
processos. O próprio manual do fabricante
1200 Soiltest (1968) alerta para as dificuldades
de determinação de profundidades pelo
método sísmico e sugere o uso de
1000
Sr

sondagens convencionais (SPT) para


CAMADA 3
“calibração” do método. As fórmulas
800 apresentadas para determinação de
profundidades sísmicas aplicam-se até o
600 ínicio da 3ª camada. E aplicam-se para
CAMADA 1 camada planas e horizontais. Os métodos
parecem ter um apelo moderno e até
400
futurístico, mas na realidade o seu apelo é
o de rapidez e custo. Podem rapidamente
200 CAMADA 2 cobrir grandes áreas, mas sem
apresentação de detalhes e de forma
0 aproximada. As sondagens convencionais
continuam sendo indispensáveis.
0 2 4 6 8 10
Distâncias d (m)
Figura 61 - Método Cumulativo de Moore para Interpretração de Sondagem Elétrica (Soiltest, 1968)

Quadro 30 – Resistividades Elétricas de Solos e Rochas (Sowers, 1979)


RESISTIVIDADE
MATERIAL
(Ohm – metros)
Argila ou silte orgânico saturados 5 - 20
Argila ou silte inorgânicos saturados 10 - 500
Argilas e siltes duros, parcialmente saturados;
50 - 150
areias e pedregulhos saturados
Xistos, argilas e siltes secos 100 - 500
Arenitos, areias e pedregulhos secos 200 - 2.000
Rochas cristalinas, sãs 1.000 - 10.000

Figura 62 – Determinação de Perfil de Solos e Rocha por Uso Simultâneo de Métodos Elétricos e Sísmicos
(Cambefort, 1971)

Um resumo e aplicabilidade dos métodos geofísicos é mostrado no quadro 31.


65

Quadro 31 - Métodos Geofísicos para Engenharia Geotécnica (Sowers, 1970)

MÉTODO PRINCÍPIO DE USO USO LIMITAÇÕES


Onda de choque causada por impacto de marreta ou Profundidade do nível d'água; profundi- Interpretação duvidosa
REFRAÇÃO SÍSMICA
pequena carga de explosivos próximo à superfície do dades de camadas sucessivamente mais com transições de camadas
terreno. Mede-se tempo de percurso da onda a geofones densas; estimativa possível de localiza- irregulares ou mal defini-
dispostos à distâncias diferentes. A onda de choque ção e rigidez de cavernas subterrâneas das; não detecta camadas
pode chegar mais rápido ao geofone mais distante "via- ("sink holes"). Mede módulo de elastici- moles sob camadas mais
jando" mais rapidamente através de camadas profun- dade dinâmico. densas.
das duras, do que "viajando" pelo caminho mais curto.
Onda de choque compressional ou de cisalhamento é Velocidade horizontal de ondas com- Espaçamento entre furos
SÍSMICA TRANS-
transmitida a partir de um furo de sondagem para geo- pressionais ou de cisalhamento através deve ser estreito compara-
VERSA
fone em outro furo vizinho. de uma camada. Módulo de compressão do à espessura de camadas
(cross-hole) ou elasticidade no cisalhamento. moles.
Onda de choque compressional ou cisalhante transmi- Velocidade de ondas compressionais ou Espaçamento entre furos
SÍSMICA FURO-
tida para cima a partir de um furo para geofones na de cisalhamento através de uma cama- deve ser estreito compara-
ABAIXO E FURO-
superfície ou a partir da superfície para geofones no da. Módulo de compressão ou elastici- do a espessura de camadas
ACIMA
furo. dade no cisalhamento. moles.
(down-hole, up-hole)
Sonda abaixada dentro de furo de sondagem mede pa- Correlação de estratificações de furo Furo uniforme, medições
MAPEAMENTO GE-
râmetros geofísicos como função da profundidade. para furo. Determina mudanças sutis indiretas.
OFÍSICO(logging)
nas propriedades dos solos.
Passa-se corrente elétrica entre eletrodos dispostos a Profundidade de camadas de resistivi- Interpretação duvidosa
RESISTIVIDADE
distâncias variadas. Diferença de potencial entre ele- dades diferentes e nível d'água. Locali- para transições irregulares
ELÉTRICA trodos intermediários e intensidade de corrente defi- zação de massas de areias ou pedregu- ou mal definidas.
nem resistividade aparente. Profundidade e resistivi- lhos secos ou rocha dura.
dade das camadas determinadas pelas relações de es-
paçamento dos eletrodos e resistividade.
Mede gravidade da terra por balança de torção sensível. Localiza anomalias estruturais de vulto: Não identificará estruturas
GRAVIDADE
falhas, batólitos, grandes cavidades. a menos que haja grandes
diferenças em densidade, e
que a anomalia seja grande
comparada com a profun-
didade.
Tempo de percurso da onda sonora ou supersônica Profundidade de água e silte mole acima De pouco ou nenhum uso
SONAR DE ALTA
através de água e silte mole e refletida para cima por do fundo firme. em formações homogêneas.
FREQÜÊNCIA mudança de camadas.
OBS.: Outros métodos, tais como reflexão sísmica e magnetismo, que são usadas em exploração mineral, são úteis, às vezes, na exploração de estruturas geológicas.
66

VIII. ANÁLISE DAS EXPLORAÇÕES

VIII.1. ENSAIOS NAS AMOSTRAS E CORRELALÇÕES

Com base nas sondagens da fase de exploração (SPT principalmente), obtem-se a definição do subsolo
no local, a classificação, um número índice (NSPT usualmente) para definição de algumas propriedades de for-
ma empírica ou até diretamente para projetos (métodos empíricos) e outros. O ideal é que se tracem perfis do
solo para se ter alguma noção espacial do terreno. Além destas informações também são obtidas (no SPT)
amostras amolgadas que permitem a realização dos ensaios mostrados no quadro 32. As propriedades obtidas
desses ensaios também estão mostradas no quadro 32.

Quadro 32 - Testes de Laboratório para Investigações Exploratórias (Sowers, 1979)


PESO DA TIPO
TESTES TIPO DE SOLO AMOSTRA DA USO DOS DADOS
(g) AMOSTRA
Densidade real Todos 50 Trado ou índice de vazios e composição
amostreador
Granulometria Granulares (areias e 100 Trado ou Classificação, permeabilidade, re-
pedregulhos) amostreador sistência ao cisalhamento, compac-
tação.
Forma do grão Granulares 100 Trado ou Classificação, resistência ao cisa-
amostreador lhamento.
LL e LP Coesivos (siltes e 100 Trado ou Classificação, compressibilidade
argilas) amostreador compactação
Umidade Coesivos 100 Trado ou Classificação, compressibilidade,
amostreador compactação e índice de vazios (se
saturada).
Índice de vazios Coesivos 100 Amostreador* Compressibilidade e resistência
Compressão Coesivos 100 Amostreador* Resistência ao cisalhamento
Simples
* A amostra deve ser relativamente indeformada.

Com os dados obtidos nos ensaios, pode-se estabelecer algumas correlações como mostrado no quadro
33. A seguir relembram-se também algumas correlações mais comuns dentro um universo muito maior.

Quadro 33 - Correlações para os Parâmetros dos Solos


TESTE SIMPLES CORRELAÇÃO POSSÍVEL
Umidade Resistência ao cisalhamento de argila, índice de
compressibilidade (Cc) de argila.
Granulometria Permeabilidade, resistência e drenabilidade de solos
granulares.
Limite de Liquidez, LL Compressibilidade
Índice de Plasticidade, IP Inchamento - contração, φ’ de argilas
Índice de vazios (e), peso específico aparente (d) Compressibilidade, resistência a cisalhamento
Compacidade Relativa CR  emax  emin Resistência, compressibilidade de solos granulares
emax  emin
Velocidade Sísmica Módulo de elasticidade; resistência da rocha
Resistividade Elétrica Umidade, percentagem argilosa, percentagem de
sais e matéria orgânica
Índice de Resistência à Penetração (N), estática ou Resistência ao cisalhamento, compacidade relativa,
dinâmica módulo de compressibilidade

Terzaghi e Peck (1948) propõem para argilas normalmente adensadas que o índice de compressão é
dado por:
Cc  0,009 ( LL  10)
Já Castello e Polido (1986) propõem para as argilas marinhas moles de Vitória, ES o índice de com-
pressão no trecho virgem como sendo:
Cc  0,014 wn  0,17
67

Sowers (1979) observa que para argilas pouco pré-adensadas ou normalmente adensada:
wn  LL
E quando pré-adensada:
wn  LP
Onde wn = umidade natural, LL = Limite de Liquidez e LP = Limite de Plasticidade

Massad (2009) para os solos marinhos da Baixada Santista resumiu suas observações no quadro 34.

Quadro 34 - Propriedades Típicas de Solos Marinhos da Baixada Santista (Massad, 2009)


Unidade Mangue SFL AT
Profundidade (m) ≤5 ≤ 50 20 ≤ z ≤ 45
NSPT 0 0-4 5 - 25
e (índice de vazios) >4 2-4 <2
σ'a (kPa) ≤ 30 30 - 200 200 - 700
RSA (OCR) 1 1,5 – 2,5 > 2,5
su (kPa) 3 10 - 60 > 100
ɣn (kN/m³) 13 13,5 – 16,3 15,0 – 16,3
cv,laboratório (cm²/s) (0,4 – 400).10 -4 (0,3 – 10).10 -4 (3 – 7).10-4
cv,campo/cv,lab - 15 -100 -

Quanto ao fluxo d’água nos solos para areias limpas a fórmula de Hazen (apud Sowers, 1979) para o
coeficiente de permeabilidade, k, é:
k  C  D102 (cm / s )
onde D10 é o diâmetro efetivo da areia (em mm) e C é uma constante empírica que varia de 1 a 1,5. E, de uma
forma geral o coeficiente de permeabilidade é mostrado na figura 63.

102 101 1.0 10-1 10-2 10-3 10-4 10-5 10-6 10-7 10-8 10-9
Pedregulho Areias limpas e Mistura Areia mto. fina, Silte Inorgânico ou não, Solos “impermeáveis, por ex.
limpo Areia/Pedregulho Mistura de areia/silte/argila e Argila Argilas e Siltes argilosos
Estratificada intactos
Solos “impermeáveis” modificados por vegetação,
ressecamento, fissuras, intemperismo, etc.
Figura 63 - Variação do Coeficiente de Permeabilidade (Terzaghi e Peck, 1948)

E dependendendo da aplicação desejada da exploração existem inúmeras outras correlações disponíveis na


literatura especializada.

VIII.2. EXEMPLO DE ANÁLISE (ANTEPROJETO)

Com os perfis de solo (geralmente usa-se 1 ou mais modelos simplificados, uniformes e homogêneos),
os dados de ensaios e correlações estabelecidas pode-se fazer uma análise preliminar (anteprojeto) do proble-
ma em questão e chegar-se a uma das quatro conclusões a seguir:
1°) O solo é excelente e suas propriedades, na pior das hipóteses, excedem às propriedades requeridas;
2°) O solo é péssimo e suas propriedades, na melhor das hipóteses, não atendem às propriedades re-
queridas;
3°) O solo é duvidoso e suas propriedades podem ou não atender às propriedades requeridas;
4°) O solo tem propriedades que certamente atendem aos requisitos, DESDE QUE se use um projeto
conservativo e caro.

Seja por exemplo, o caso de projeto de fundações de um prédio em que se quer usar fundação direta,
mas existe dúvida se os recalques na camada profunda de argila orgânica são aceitáveis ou não. Vamos supor
que o máximo admissível seria de 10 cm. O propósito é de avaliar os recalques do prédio.
a) Perfil e Ensaios
A figura 64 ilustra o problema e os dados principais. Na areia os recalques a se considerar são os dis-
torcionais do contato direto da sapata e aqui não são considerados. Os outros dois solos do perfil são a argila
cinza azulada e a amarelada.
A argila amarelada apresenta elevado NSPT (vide quadro 34 por exemplo) o que denota elevado sobrea-
densamento (RSA) e portanto recalques muito pequenos. Também pelos dados de umidade natural e limites
confirma-se este sobreadensamento:
68

wnat = 15
LL = 87
LP = LL – IP = 87 – 42 = 45
Ou seja wnat << LP (Obs: Houve casos de alunos tentarem calcular o recalque desta camada. A característica
de plasticidade indica o tipo de argila não seu estado. Pode-se ter um tijolo desta argila).
A argila azulada apresenta baixo NSPT (vide quadro 34 por exemplo, que a coloca como SFL = sedimen-
to fluviolagunar) o que denota baixo sobreadensamento (RSA) e portanto recalques podem ocorrer. Também
pelos dados de umidade natural e limites confirma-se este baixo sobreadensamento:
wnat = 35
LL = 38
LP = LL – IP = 38 – 12 = 24
Ou seja wnat ≈ LL
b) Análise Desejada
A dúvida então é quanto a recalques por com-
pressão (adensamento) devido a argila azulada cuja
equação é:
Cc  H o  z
H  log
1  eo a
E os dados necessários são estimados como:

Cc  Índice de compressão  0,014  wn  0,17


Obs.: Poderia se usar a equação de Terzaghi e Peck
(1948) mas uma correlação local é preferível.
Substituindo valores:
Cc  0,014  35  0,17  0,32
H = 2,5 m = 250 cm (da sondagem – figura 64)
eo da argila azulada:
supondo Gs = 2,65 (argila marinha)
e saturação S = 100% na equação:
S  e  w  Gs  e0  35  2,65 100 e0  0,93

Figua 64 – Exemplo de Análise de Sondagem


Exploratória
 0' no meio da camada de argila azulada será dado por Σɣizi. Os valores zi são tirados da figura e os valores ɣi 
são estimados, com exceção da camada de argila azulada que pode ser calculado.
Para a camada de areia superficial, medianamente compacta a compacta pelos quadros 7 e 8
pode-se estimar uma massa específica saturada de 2,1 t/m³ e daí:
ɣsat = ρsat x g = 2,1 x 9,81 ≈ 20,6 kN/m³ 
  ɣsub = ɣsat ‐ ɣw = 20,6 – 9,1 ≈ 11,5 kN/m³ 
Para a camada de argila azulada tem-se wnat e já se arbitrou Gs e eo, logo:
 w  Gs  (1  w ) 9,81 2,64  (1  0,35)
 sat  nat
  18,1kN / m³
1  e0 1  0,93
ɣsub = ɣsat ‐ ɣw = 18,1 – 9,1 ≈ 9 kN/m³ 
E finalmente pode-se calcular a pressão efetiva inicial no meio da camada:
 '0   i zi  2m  20,6  6m  11,5  2,5 / 2  9  121,45kPa
 '
a é a pressão de pré-adensamento da camada de argila azulada = 0 RSA   '
Segundo o quadro 34 a argila azulada (vide SPT) é do tipo SFL e tem a RSA entre 1,5 e 2,5. De
uma forma conservadora vamos adotar RSA = 1,15 e aí:
 a'  RSA   0'  1,15  121,45  139 kPa
 z
é o acréscimo de tensão no meio da camada de argila provocada pelo prédio. Aqui vamos considerar o
prédio como suportado por radier assentado a 1 m de profundidade. Segundo Castello e Bicalho (2003) esta
consideração difere pouco da consideração de sapatas isoladas. Vamos considerar que cada pavimento contri-
bua com uma pressão de 10 kPA e assim a tensão total dos 6 andares seria de 60 kPa. E usando-se o gráfico
de Newmark para Boussinesq o acréscimo de tensão Δσz seria no meio de um retângulo de 20 x 30 m:
69

 z  4  q0  f (m, n)
Onde qo é a tensão superficial (a 1 m de profundidade) do radier = 60 kPa; m = a/z = (20/2)/8,25 = 1,21; e n =
b/z = (30/2)/8,25 = 1,82. Com estes valores no gráfico de Newmark para Boussinesq, no meio do radier (do pré-
dio):
f(m,n) ≈ 1,21
  4  60  0,21  50,4kPa
e então: z

Se usarmos o método de cálculo 2:1 o cálculo seria mais grosseiro:


Q 60kPa  20  30
 z    33,3kPa
( B  z )( L  z ) (20  8,25)(30  8,25)

E então de volta à expressão do recalque, ΔH:


Cc  H o  z 0,32  250 121,45  50,4
H  log  log  3,8cm
1  eo a 1  0,93 139

Como o admissível é de 10 cm, foi-se conservativo na estimativa da pressão de préadensamento e dependendo


da experiência do projetista poderia-se considerar a situação satisfatória e encerrar-se a investigação. De uma
forma geral ocorreriam as seguintes hipóteses:
1°) Hestimado << Hadmissível – não haveria necessidade de prosseguimento da investigação. Recalque
aceitável;
2°) Hestimado >> Hadmissível – não haveria necessidade de prosseguimento da investigação. Recalque
inaceitável. Outra solução seria adotada;
3°) Hestimado ≈ Hadmissível - poderia se refinar a investigação se os custos e a economia resultante
justificarem. Caso se façam ensaios de compressão unidimensional (adensamento) do solo vai-se determinar os
valores de "reais" de Cc, eo e σa, que talvez levem a valores de H menores ou iguais aos do Hadmissível. Neste
caso poderia se viabilizar o uso de sapatas convencionais se o custo for compensador.
4°) Hestimado > Hadmissível - Se for economicamente viável pode-se tentar alguma alternativa que via-
bilize uma fundação superficial. Por exemplo, usar-se uma fundação flutuante (fazendo-se, por exemplo, esca-
vação do solo e construindo-se um radier). Isto pode diminuir os Hestimado e aumentar o Hadmissível.

Nas duas primeiras hipóteses a investigação do solo estaria completa. Nas duas últimas hipóteses
torna-se conveniente proceder-se a uma análise mais detalhada a exata do problema, com base em dados reais
do solo (medidos) e não em dados estimados (correlações). Isto poderia redundar em economia. Aí seria o caso
de proceder-se a uma terceira etapa da investigação: INVESTIGAÇÃO DETALHADA.
Nessas análises o que é “<<”, “>>” ou “≈” vai depender da experiência do projetista para aqueles solos,
aqueles locais e aqueles tipos de projetos.

IX. INVESTIGAÇÃO DETALHADA


IX.1. INTRODUÇÃO
Uma vez completada a investigação exploratória do terreno é feita uma análise inicial. Dependendo da
obra (uma casinha ou mil casinhas) esta análise será mais ou menos aprofundada. Esta análise é feitas usu-
almente com valores estimados e portanto devem ser conservativos. Nesta situação pode aparecer a conveni-
ência de se usar estimativas mais próximos da realidade e então se usar procedimentos de investigação mais
sofisticados e usualmente mais caros. Define-se qual(is) a(s) camada(s) crítica(s) para a análise pretendida e
concentra-se aí uma outra etapa de investigação. Esta situação crítica pode ser a compressibilidade (adensa-
mento) de uma camada profunda de argila mole, a penetrabilidade de uma camada resistente a uma estaca, a
resistência ao cisalhamento numa análise de estabilidade, a capacidade de carga, etc. Quanto mais uniforme
for o terreno melhor. Num terreno errático falta confiabilidade para extrapolação ou mesmo interpolação do
resultado num dado ponto para outros e se torna mais difícil validar o refinamento da investigação nuns pouco
pontos que talvez não sejam representativos dos demais.
Os procedimentos usuais nessa etapa segundo Sowers (1979) são:
1- Obter amostras representativas e de qualidade adequada para ensaios de laboratório;
2- Uso de ensaios in situ e testes de carga.
Aqui no Brasil a investigação exploratória típica é o ensaio SPT e os outros ensaios complementares
são usados ou em grandes obras ou como investigação detalhada. Os testes de carga costumam representar a
melhor investigação mas esbarram no quesito custo ou tempo. Por exemplo um aterro experimental sobre um
solo mole é um procedimento simples APÓS o início das obras, mas demanda tempo para acompanhar seu
70

desempenho e já se trabalha com um orçamento feito e cronograma definido. Teóricamente os ensaios de labo-
ratório representam a alternativa mais simples, mas esbarram em outros inconvenientes: a) será a amostra
realmente representativa?; b) os ensaios de laboratórios dificilmente reproduzem as condições reais de campo;
c) a boa qualidade das amostras nem sempre é conseguida. De uma forma geral numa investigação detalhada
realizam-se ensaios de laboratório e se possível ensaios complementares e testes de carga.
As amostras de boa qualidade para ensaios são ditas indeformadas, que segundo as normas da
ABNT são aquelas “extraídas com o mínimo de perturbação, procurando manter sua estrutura e condições de
umidade e compacidade ou consistência naturais.” As amostras indeformadas podem ser obtidas em poços ou
trincheiras ou em furos de sondagens.
Para os ensaios de laboratório mais comuns a sugestão de amostras segundo Sowers (1979) está apre-
sentada no quadro 35. Obtem-se amostras em escavações (poços e trincheiras) e em furos de sondagens.

Quadro 35 – Quantidades e Tamanhos de Amostras para Ensaios de Laboratório (Sowers 1979)


NÚMERO DE AMOSTRAS
ENSAIO PARA CADA ENSAIO TAMANHO DAS AMOSTRAS

2 3,5 cm (diam.)  7,5 cm (alt.)


Compressão simples
2 7,0 cm (diam.)  15,0 cm (alt.)
4-6 3,5 cm (diam.)  7,5 cm (alt.)
Triaxial
4-6 7,0 cm (diam.)  15,0 cm
Cisalhamento direto 4-6 2,5 cm  7,5 cm
1 6,0 cm (diam.)  2,5 cm (espessura)
Adensamento
1 11,0 cm (diam.)  2,5 cm (espessura)

IX.2. AMOSTRAS INDEFORMADAS EM POÇOS

Em investigações rodoviárias existe muito interesse em ensaios de ISC (Índice de Suporte Califòrinia
ou CBR) em que a amostra é ensaiada dentro de um cilindro metálico. Numa camada superficial ou numa
escavação pode-se cravar esse cilindro no solo até estar cheio do solo desejado e daí escava-lo e remove-lo para
ensaio. Este processo é muito grosseiro e provalmente a amostra não será plenamente satisfatória. Um proce-
dimento melhor é o de se ir esculpindo o cilindro de solo desejado e ao mesmo tempo cravando-se suavemente
um cilindro metálico que vá revestindo o solo como mostra a figura 65. No cilindo metálico pode-se adaptar
uma sapata cortante que termina de aparar a amostra.
A norma brasileira da ABNT NBR 9604 (1986) trata da obtenção de blocos de amostras cúbicas em
poços e trincheiras. O cubo deve ter lados entre 15 cm (~6 kg) e 40 cm (~120 kg). A figura 66 ilustra a retirada
de amostras da escavação. As amostras na profundidade e camada desejadas são “esculpidas” nas paredes ou
assoalho da escavação. A amostra é revestida por um caixote (sem a tampa e sem o fundo) onde é acolchoada
com parafina (NBR) ou areia fina ou pó de serra úmidos. Fecha-se a tampa. Corta-se a amostra do terreno,
com sobra, e se remove. Apara-se o excesso, acolchoa-se e obtem-se a amostra encaixotada.

Figura 65 – Bloco em Cilindro (Hvorslev 1949) Figura 66 – Bloco Cúbico (Hvorslev 1949)

Além da obtenção de blocos de amostras as escavações permitem a exposição das camadas do terreno
com todas as suas nuances. Nos furos de sondagens se obtem apenas amostras intercaladas e onde se tende a
imaginar que todas as ocorrências sejam horizontais e infinitas. O que terá sido um dado “impenetrável”?
Uma pedra, um matacão, um bloco ou a rocha mãe? Já numa escavação tem-se o “quadro” completo em suas
paredes. A foto 6 mostra um corte de terreno expondo todos os seus detalhes. As camadas com maior cimenta-
71

ção e com ocorrência de concreções (lateritas). Um leito fóssil de um riacho preenchido com areia média a gros-
sa, limpa, amarela. Prováveis buracos de animais (tatu e formiga) e de raízes, etc. É sem dúvida a melhor
investigação, mas usualmente de custos proibitivos. São usadas mais comumente para grandes barragens e
investigações importantes de estabilidade de taludes.

Foto 6 – Corte Exposto de Terreno da Formação Barreiras, Serra, ES

IX.3. AMOSTRAS INDEFORMADAS EM SONDAGENS

Embora os blocos de amostras sejam usualmente os de melhor qualidade muitas vezes não é factível a execu-
ção do poço necessário, como por exemplo, em terrenos com lençol d’água elevado. Nestes casos a alternativa
viável é de obtenção de amostras pela cravação de tubos amostradores em furos de sondagem. Para se ter
amostras de qualidade adequada é necessário que se controle:
1 - Deslocamento de solo pelo amostreador;
2 - Método de introdução do amostreador no solo;
3 - Atrito entre amostra e amostreador;
4 - Ruptura ou deformação excessiva no solo devido à descompressão provocada pela execução do furo de
sondagem;
5 - Manuseio e armazenamento da amostra até o ensaio.

A necessidade mais frequente de obtenção de amostras indeforma-


das é para a execução de ensaios de adensamento e nestes casos o usu-
al é que a camada crítica seja constituída de solos do tipo argila mole.
Sendo argila mole a cravação é facilitada pela sua baixa consistência e
não é necessário um tubo robusto. Suas paredes podem ser mais finas.
A norma brasileira que trata do assunto é NBR 9820 Coleta de Amos-
tras Indeformadas de Solos de Baixa Consistência em Furos de Sonda-
gem. Para minimizar o deslocamento do solo pelo amostreador especifi-
ca que o tubo seja de paredes finas com as características esquemati-
zadas na figura 67. O nome comum destes tubos de paredes finas é
tubo Shelby. A finura do tubo é definida por uma relação de áreas, Ca,
com um máximo de 10%, onde Ca é definido como:
Relação das Áreas
2 2
A  Ai D D
Ca  e  100  e 2 i  100
Ai Di
Figura 67 – Características de Amostreador de Paredes Finas
72

Para minimizar o atrito e a adesão internos entre solo e amostrador especifica uma folga interna (inside
clearence) Ci de cerca de 0,5 a 1%, cuja definição é:

Folga interna (Inside Clearence”)


Di  D p
Ci   100
Dp
Esta folga também ajuda a segurar a amostra dentro do tubo dificultando sua perda.
Outros fatores que ajudam a diminuir o amolgamento do solo são comprimento do tubo amostrador e o
seu tamanho (diâmetro). Quanto mais comprido o tubo mais longo o caminho a percorrer pela amostra tubo
adentro e maiores o atrito / adesão. Daí a norma brasileira restringir este comprimento entre 6 e 10 vezes o
diâmetro interno do amostrador. Quanto ao tamanho Lambe (1951) cita Van Zelst (1948) na aparagem em
laboratório de amostras, segundo o qual numa dada argila a espessura de amolgamento era de 2,5 mm inde-
pendente das outras dimensões. Assim quanto maior o diâmetro da amostra menor a fração amolgada. A nor-
ma brasileira especifica um diâmetro mínimo de 100 mm (4 polegadas) mas admite “em situações excepcio-
nais” 75 mm (3 polegadas). De qualquer forma há necessidade de uma perfuração especial para este amostre-
amento já que o furo de sondagem de simples reconhecimento (SPT) é muito fino.
Quanto a perfuração em si além de recomendações genéricas quanto a ser cuidadoso, a norma especifi-
ca que a feramenta de circulação de fluido “deve apresentar saídas laterais para água, não se permitindo des-
carga frontal.”
A introdução do amostreador deve ser feita de forma contínua e rápida (15 a 30 cm/s), não se admitin-
do percussão, paradas ou rotação. Se não for conseguida a penetração com o esforço manual do sondador o
equipamento utilizado deve obedecer aos mesmos requisitos. No caso em que se usa carreta para a sondagem
(rotina nos E.U.A.) isto é fácil. Quando este não é o caso a literatura internacional mostra o equipamento da
figura 68. Ainda existe a recomendação de se deixar o amostrador cravado em repouso na perfuração por um
tempo mínimo de 10 minutos antes de sua extração.
Além do tubo Shelby a norma também se refere ao amostrador com pistão estacionário. Neste
amostrador existe um pistão obstruindo sua “boca”. Isto permite que o amostrador seja forçado inicialmente
no solo expulsando “sobras” da perfuração. A seguir libera-se o tubo amostrador que penetra no solo com o
pistão fixo na posição. Na extração a amostra tende a cair mas a vedação do pistão não deixa entrar água no
sistema e cria-se uma sucção que ajuda a reter a amostra. No caso do tubo Shelby esta é a função da esfera de
aço (bilha na linguagem dos sondadores) mas não com a mesma eficiência. Conforme a amostra entra no tubo
a água dali levanta a esfera e sai pelos suspiros. Quando se retira o amostrador o fluido da perfuração tende a
retornar pelos suspiros mas a esfera cai, obtura o topo da amostra e a sucção criada retem a amostra no tubo.
A NBR 9820 faz referência a diâmetros de tubos de 75 mm, 76,2 mm (3”), 88,9 mm (3½”), 100 mm, 101,6 mm
(4”), 120 mm, 127 mm (5”) e 152,4 mm (6 polegadas).

Figura 68 – Cravação de Amostrador Shelby Figura 69 – Amostrea- Figura 70 – Amostreador de Pare-


(Hvorslev, 1948) dor de Paredes Finas, des Finas, com Pistão Estacionário
Shelby (Hvorslev, 1948) (Hvorslev, 1948)
73

Quanto maior o diâmetro da amostra melhor sua qualidade (preservando a estrutura in situ) mas em
nenhuma instância se compara a de amostras de blocos esculpidos em poços e / ou trincheira. Para estudos de
argilas sensíveis do leste canadense Lefebvre e Poulin (1979) concluíram que para projetos de pesquisa e para
qualquer investigação da resistência o amostreamento com tubos é inadequado e a única alternativa aceitável
é o de se obter amostras em blocos. Mas se já é difícil convencer o dono de uma obra quanto à conveniência de
obtenção de amostras “indeformadas” em tubos imagine-se a obtenção de blocos de amostras (se for tecnica-
mente viável). Daí os mesmos Lefebvre e Poulin (1979) descrevem um aparato desenvolvido na Universidade
de Sherbrooke que obtem em perfurações de 40 cm de diâmetros amostras com diâmetro de 25 cm e altura de
35 cm como mostrado na figura 71. A qualidade das amostras assim obtidas seria comparável a de blocos e é
tido em geral (por exemplo Jannuzzit et al, 2013) como o melhor amostrador. Ao se terminar de esculpir a
amostra, um diafragma se fecha no fundo da amostra, recortando-a e sustentando-a na retirada. Um outro
detalhe muito importante do aparato é a ferramenta de corte para avanço final da perfuração. É um trado
cilíndrico de fundo chato com diâmetro de 40 cm similar às caçambas usadas na escavação de estacas escava-
das de grande diâmetro (estacões). Infelizmente mesmo para países qur tradicionalmente investem mais em
sondagens só se viabilizaria para grandes projetos.
No outro extremo econômico das “novidades” existe a experiência aqui no Brasil descrita por Jannuzzi
et al (2013). Numa pesquisa tomaram o procedimento do amostrador Shelby em que substituíram o tubo de
paredes finas por um tubo plástico (provavelmente um tubo de pvc) espesso de cerca de 4 polegadas (97,2 mm
de diâmetro interno e espessura da parede 6,6 mm, o que redunda numa relação de áreas Ca=29%), sem folga
interna (Ci=0) e sapata biselada num ângulo de 23°. O “amostrador” assim improvisado tinha um comprimen-
to total de 700 mm para recuperar uma amostra de 640 mm e deveria servir como referência negativa para
outro amostrador mais sofisticado em projeto. Fora estas características todos os cuidados usuais para amos-
tras indeformadas foram tomados, mas observam que o procedimento de avanço de furo usado no Brasil (tré-
pano de lavagem) “impede o controle cuidadoso da escavação do furo de sondagem”. Revelam um “truque” ope-
racional para retirada do amostrador, que é tampar a parte superior da haste de perfuração / lavagem aju-
dando a criação de sução no topo da amostra (tipo uma pipeta). Lembram ainda em geral que podem ser ne-
cessárias horas para haver dissipação das pressões neutras geradas pela cravação do tubo amostrador e po-
der-se então sacar o amostrador do solo. Para surpresa dos pesquisadores obtiveram amostras de qualidade
“muito boa a excelente” e “boa a média”. Duas amostras apresentaram qualidade “muito ruim” e “ruim” mas
estes resultados segundo os pesquisadores foram devidos à ineficiência do método de escavação e limpeza do
furo através do trépano de lavagem. O material amostrado teria sido o solo revolvido e não removido na esca-
vação. Quanto aos bons resultados da amostragem em si postulam que a folga interna especificada para di-
minuir o atrito interno entre tubo e amostra é fonte de amolgamento da amostra e que sua eliminação e o bai-
xo atrito / aderência do material plástico do tubo devem ter contribuído para o resultado “surpreendemente”
satisfatório.
Os amostradores Shelby e de pistão são tipicamente usados para obtenção de amostra de argilas moles
onde o índice de penetração NSPT está abaixo (geralmente bem abaixo) de 5 e são muito “delicados” para crava-
ção em solos mais resistentes. Se houver necessidade de obtenção de amostras em tais solos existe o barrilete
triplo tipo Denison. O tubo mais externo é um barrilete rotativo como para amostragem de rochas e o mais
interno é um tubo de paredes finas tipo Shelby. A posição do tubo externo em relação aos internos vai depen-
der da resistência do material sendo amostrado. Se for rochoso os tubos internos ficam retraídos e conforme o
tubo externo recorta a amostra os tubos internos logo a seguir o revestem. Se for um material mais fraco os
tubos internos ficam projetados para frente (protuberantes), e já estão cravados, revestindo e protegendo a
amostra antes de serem recortadas e lavadas pelo tubo giratório externo. Na ponta do tubo interno existe uma
mola para ajudar a reter a amostra dentro do tubo. No caso são lâminas bem flexíveis que se abrem facilmente
com a penetração da amostra e dificultam sua eventual queda.
Para o caso de areias a melhor opção é de realizações de ensaios in situ tipo cone, dilatrômetro de Mar-
chetti, etc. Como as areias são muito permeáveis a dissipação de eventuais pressões neutras procadas por
carregamentos é quase instantânea e isto facilita sua análise. Um artificio usado em areias saturadas é o de
congelamento, mas como a água se expande o seu índice de vazios se altera.
Os quadros a seguir apresentam um resumo dos métodos disponíveis para obtenção de amostras em
profundidade dos terrenos e de ensaios de campo com suas aplicações.
74

Figura 71 - Esquema do Amostrador Sherbrooke Figura 72 – Barrilete Tipo Figura 73 – Barrilete Tipo
(Lefebvre e Poulin. 1979) Denison (Maquesonda, Denison (Lima 1979)
sem data)
75

Quadro 36 – Métodos para Amostreamento Profundo(Sowers 1979)


MÉTODO EQUIPAMENTO E PROCEDIMENTO TIPO DE AMOSTRA E USO LIMITAÇÕES
Trado Recolhe material escavado em pequenos avanços de trado. Amostra amolgada para identificação e Destroi estrutura. Mistura solo
(ASTM D-1452) unidade de solo, acima do nível d'água. com água abaixo do nível d'água.
Tubo Amostreador de paredes lascadas, cravado 45cm na cama- Amostra amolgada mas íntegra. Identifica- Amostra distorcida - amolga-
Lascado da; int = 36mm, ext = 51mm (2") (SPT); int = 51mm ção, arranjo estrutural, umidade dos solos; mento muito pronunciado pa-
(NBR-6484 e x ext = 64mm; sem ou com camisa interna (liners) para densidade de muitos solos. ra ensaio de resistência e aden-
ASTM D-1586) proteção do solo. samento.
Tubo De ext de 76mm a 127mm (3" a 5"), tubo de paredes finas e Amostras relativamente indeformadas Perde-se amostra em argila
Paredes pontas cortantes forçado 10 a 20 diâmetros no solo. para cisalhamento, densidade, adensamen- muito moles ou areias muito
Finas to, etc., da maioria dos solos. fofas, abaixo do nível d'água.
(Shelby- OBS.: No Brasil usado para argilas moles)
ASTM D-1587)
Idem - cravado com martelo Argilas rijas apenas. Ligeiro amolgamento.
Tubo de ext de 76mm a 127mm (3" a 5"), tubo de paredes finas e Amostras relativamente indeformadas de Às vezes perde-se a amostra em
Paredes Finas pontas. Pistão empurra para o lado o material amolgado argilas e siltes muito moles; areias fofas se argilas mole, areia fofa.
com pela perfuração, fica estacionário enquanto tubo avança e o furo for preenchido com lama de sonda-
Pistão Estacio- é fixado após cravação para ajudar a reter a amostra. Ati- gem bem espessa.
nário vado por hastes, hidraulicamente (Osterberg), controle de
encaixe (ratchet) (Hong).
Fita Sueca Fitas delgadas metálicas enroladas acima da sapata cor- Amostras contínuas relativamente inde- Pedregulho, areia grossa, ou
(Swedish Foil) tante, envolvem amostra para evitar atrito da amostra formadas (até 12 metros) de argila mole, camada dura danifica amostrea-
com tubo amostreador e ajuda a reter amostra. para cisalhamento, adensamento, etc. dor.
Testemunho de Tubo externo dentado gira; tubo interno estacionário pro- Amostras relativamente indeformadas em Ruptura por torção em solo mole
Rotativa: tege e retém o solo. Material escavado retirado por circu- solos coesivos rijos a duros; rochas brandas; e às vezes em areias.
Solo lação de fluido (tipo Denison com sapata cortante fixa; tipo contínua.
Pitcher com variação automática da sapata cortante).
Testemunho de Tubo com coroa diamantada na ponta gira. Testemunho Testemunho contínuo em rochas duras; Amostras de rochas muito bran-
Rotativa: Rocha protegido por tubo interior estacionário em caso de barri- quase contínuo em rochas brandas ou fis- das ou fissuradas não são recu-
lete duplo. Material escavado por circulação de fluido. suradas, com barrilete duplo do tipo "M". peradas.
76

Quadro 37 – Ensaios Diretos de Campo (Sowers 1979)


MÉTODO PROCEDIMENTO PROPRIEDADES MEDIDAS LIMITAÇÕES
ENSAIO VANE OU DE PA- Gire a palheta no solo indeformado, meça tor- Resistência não drenada de solos difíceis de amos- Ruptura progressiva em argi-
LHETA
ques máximo e após máximo. trear (argila mole). las sensíveis e efeito variável
de pedregulho, duvidoso em
areia.
PROVA DE CARGA Carregue em incrementos modelos grandes (pla- Capacidade de carga na ruptura; deformações Interpretação difícil no caso de
(ASTM D-1194, ASTM D-
cas) ou em tamanho real, sapatas ou estacas; imediatas. modelos.
1143)
meça deformações.
PERDA D’ÁGUA Bombeie água para dentro ou para fora do furo Permeabilidade horizontal efetiva da massa. Duvidoso acima do nível
(PERMEABILIDADE DE
ou poço, meça variação de N.A. em furos adja- d’água; não é efetivo para “k”
CAMPO)
centes ou velocidade de mudança de nível no vertical.
poço.
DENSIDADE DE CAMPO Frasco de areia, balão de borracha, cilindro bise- Peso específico do solo natural ou aterro. Limitado por pedregulho,
(D-2167, D-1556, D-1587)
lado ou torrão. água.
ATERRO EXPERIMENTAL Coloque aterro de mesmo peso da estrutura Recalques, pressão neutra, capacidade de carga. Tempo, custo.
projetada.
POÇO Escave poço, meça volume do furo, peso do solo; Densidade de pedregulho grosso, rocha fraturada; Custo, nível d’água.
obtenha amostras indeformadas e fotografias. amostras para ensaios; exame de mergulhos, es-
tratificações e fissuras.
TRADO ESPIRAL Introduza girando, o trado de disco no solo até Capacidade de carga; deformações imediatas. Difícil interpretação em ter-
PLACA
nível do ensaio, carregue em incrementos (com- mos de protótipo.
pressão ou arrancamento).
77

Quadro 38 – Ensaios Indiretos de Campo (Sowers 1979)


MÉTODO PROCEDIMENTO PROPRIEDADES MEDIDAS LIMITAÇÕES
PENETRA- Crave amostreador padrão ou ponta cônica por martelo de peso Estima resistência e/ou compa- Muda compacidade de areias fofas. S
ÇÃO DINÂ-
conhecido. Conte número de golpes para cravar determinada dis- cidade. Estima capacidade de ensível à variações de procedimento.
MICA
tância (NBR-6484 para SPT). carga.
PENETRA- Force ponta cônica no solo, medindo força necessária para pene- Estima resistência e/ou compa- Interpretação varia com o solo; identificação
ÇÃO ESTÁTI-
trar, a velocidade constante. cidade. Estima capacidade de duvidosa de solos. Sensível à variações de
CA
carga. procedimento.
PRESSIÔME- Expanda tubo elástico em furo de sondagem. Meça volume de Estima resistência, elasticidade Controvérsia na interpretação.
TRO
expansão. e compressibilidade.
FRATURA- Introduza fluido pressurizado em furo de sondagem até ruptura Estima pressão lateral “in situ”. Representação completa das tensões requer
MENTO HI-
das paredes. furos em 3 direções diferentes.
DRÁULICO
SOBREFU- Perfure com rotativa ao redor do furo de sondagem medido. Meça Estima pressão lateral “in situ”. Representação completa das tensões requer
RAÇÃO
pressão externa que faz furo retornar a diâmetro inicial. furos em 3 direções diferentes.
(OVERCO-
RING)
RESISTIVI- Passe corrente elétrica entre dois eletrodos; Meça diderença de Estima tipo de solo (argila ou Controvérsia na interpretação de dados.
DADE ELÉ-
potencial em eletrodos intermediários; calcule resistividade apa- areia). Estima corrosão. Estimativas grosseiras no máximo.
TRICA
rente.
SÍSMICA Mede tempo de percurso de onda de choque produzida por impac- Estima rigidez e identificação Densidade do solo crescente com profundi-
to ou explosão. Calcule velocidade. do material. dade.
RESPOSTAS Induza vibrações por excêntricos. Meça resposta por sismômetros Estima resposta dinâmica.
À VIBRA-
a distâncias variadas.
ÇÕES
NUCLEAR Induza fonte de radiação nuclear no solo. Densidade, unidade. Confiabilidade variável, alguns solos, ro-
chas.
78

X. EXERCÍCIOS

1) Quais são, de uma maneira geral, as informações pretendidas numa investigação de solos?
2) Quais as principais etapas numa investigação de solos? Descreva sucintamente o procedimento em cada
etapa.
3) Descreva a extensão de cada uma dessas etapas de acordo com o tipo de obra.
4) Num programa de investigação geotécnica discuta detalhadamente as três fases:
a) Reconhecimento;
b) Investigação preliminar;
c) Investigação detalhada.
5) Fale sobre o uso de trado numa investigação geotécnica.
6) Fale sobre o método de lavagem para avanço de furos de sondagem.
7) Descreva o procedimento do ensaio SPT.
8) Quais os usos que se dão aos valores de “N” do SPT?
9) Quais as correções a se fazer para os valores de “N”? (Influência da profundidade, areias finas saturadas
compactas e solos pedregulhosos).
10) Cite e discuta oito fatores que, usualmente, provocam erro na contagem “N”. (Analise o erro provocado).
11) Quais os itens que devem ser analisados para descrição dos solos? Dê a aplicação de cada item.
12) Apresente 3 perfis de sondagem típicos, com valores de N, N.A., e descrição das camadas. Faça o mesmo
para 3 perfis geotécnicos de região de praia, solo residual e região de mangue (Note o que é mangue hoje pode
ter sido praia, e vice-versa).
13) Como se faz a determinação do N.A. num furo de sondagem? Justifique o fato de sondagens feitas lado a
lado apresentarem N.A.s variando de mais de meio metro (épocas diferentes).
14) Discuta o procedimento recomendável na determinação de número, profundidade e disposição dos furos de
sondagem para uma dada obra.
15) Que são sondagens rotativas e qual seu uso?
16) Que são penetrômetros estáticos (cone holandês)?
17) Quais os dois principais tipos de sondagem geofísicas? Em que se baseiam? Quais suas vantagens e des-
vantagens?
18) A partir dos resultados aproximados obtidos numa sondagem exploratória (SPT), quanto à estabilidade e
recalques para uma dada obra, quais são as alternativas possíveis?
19) Quando é que deve-se usar a exploração detalhada numa determinada obra?
20) Em que consiste a sondagem por poços de exploração?
21) Em que consiste o tubo “Shelby”? Apresente um esboço.
22) Em que consiste o ensaio de palheta ou “vane test”?
23) Programar tipo, número, locação e profundidade de sondagens para reconhecimento do solo, justificando a
solução, nas seguintes condições: a) fábrica térrea de 8m x 50m; b) edifício de 22 pavimentos de 30m x 40m; c)
edifício de 12 andares em forma de “l”, sendo que o corpo do “L”, mede 40m, a base 20m e sua “espessura” é de
10m.
24) Apresente para os perfis seguintes os parâmetros mais importantes (resist. cisalhamento, índice de vazios,
densidade, compressibilidade) para execução de anteprojeto ou obra de pequena importância. Use correlações
estatísticas ou valores usuais, extraídos de tabelas. Apresente as camadas críticas, indicando o ensaio reco-
mendável.
79

25) Existe, para o perfil n 4, possibilidade de ainda encontrar-se argila mole abaixo do solo residual? Por que?

RESULTADOS DE SONDAGEM À PERCUSSÃO (SPT)

PROFUNDIDADE DESCRIÇÃO DAS CAMADAS DADOS DO AMOSTREAMENTO


(m) Prof. N. wn % LL
0,00 - 1,20 Aterro: escória, entulho 0,6 3 - -
1,20 - 2,10 Argila dura, pouco plástica 1,5 32 21 44
2,10 - 7,50 Areia grossa compacta grãos ar- 2,4 15 - -
redondados, quartzosos, unifor- 4,0 19 - -
mes 5,4 27 - -
7,0 20 - -
7,50 - 9,60 Argila rija de alta plasticidade 7,8 7 55 82
9,3 6 57 84
9,60 - 15,30 Areia fina, uniforme, compacta a 9,9 35 - -
muito compacta, angular 11,4 37 - -
12,9 40 - -
14,4 46 - -
15,30 - 22,50 Pedregulho fino, arenoso, bem 15,6 48 - -
graduado, muito compacto, (areia 17,1 55 - -
grossa angular), arredondado 18,6 72 - -
20,1 68 - -
21,6 63 - -

OBS.: Nível d’água a 6,60m.

DESENHE O PERFIL DE SONDAGEM CORRESPONDENTE, DEFININDO OS PARÂMETROS DE SOLO


POSSÍVEIS, QUAL A CAMADA CRÍTICA? POR QUE?
80

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