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CENTRO TECNOLÓGICO
INVESTIGAÇÃO
DO
SUBSOLO
2015
PÁGINA EM BRANCO
ÍNDICE
Títulos
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I INTRODUÇÃO
II INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS
III ETAPAS DE UMA INVESTIGAÇÃO
IV RECONHECIMENTO
V EXPLORAÇÃO
V .1 Quantidade e Profundidade das Sondagens
V .2 Exploração por Trados
V .3 Perfuração por Simples Lavagem
V .4 Observação do Nível d’Água
V .5 SPT – Standard Penetration Test
V .6 SPT – Standard Penetration Test - Correções
V .7 Ensaios nas Amostras SPT
V .8 Correlações a partir das Amostras e NSPT
V .9 Perfis Geotécnicos dos Terrenos - Seções
V .10 O Ensaio SPT-T
V .11 O Ensaio SPT – Vantagens e Desvantagens
V .12 Investigação de Rocha – Sondagens Rotativas
V .13 Investigação de Rocha – Sondagens Marteletes
VI EXPLORAÇÃO COMPLEMENTAR
VI .1 Esaio de Penetração de Cone (CPT)
VI .2 Ensaios de Penetração de Cones Dinâmicos (PD)
VI .3 Ensaio Pressiométrico (Ménard)
VI .4 Ensaio De Dilatrômetro Plano De Marchetti - DMT
VI .5 Ensaio de Palheta ou Vane Test
VII EXPLORAÇÕES GEOFÍSICAS
VII .1 Sondagens Sísmicas
VII .2 Sondagens por Resistividade Elétrica
VIII ANÁLISE DAS EXPLORAÇÕES
.1 Ensaios nas Amostras e Correlalções
.2 Exemplo de Análise (Ante-Projeto)
IX INVESTIGAÇÃO DETALHADA
.1 Introdução
.2 Amostras Indeformadas em Poços
.3 Amostras Indeformadas em Sondagens
X EXERCÍCIOS
XI BIBLIOGRAFIA
Figuras
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Quadros página
1 Espaçamento Típicos de Sondagens
2 Profundidades Típicas de Sondagens
3 Compacidade e Consistência dos Solos NBR-6484
4 Compacidade Relativa de Areias e outras Correlações com NSPT (Bowles, 1977)
5 Consistência de Argilas e outras Correlações com NSPT (Bowles, 1977)
6 Ensaios nas Amostras SPT e Correlações
7 Porosidade, Índice de Vazios e Massas Específicas de Solos Típicos (Terzaghi e Peck, 1948)
8 Valores Típicos de Índices de Vazios e Massas Específicas de Solos Granulares - (Sowers,
1979)
9 Taxas Admissíveis Básicas (NBR 6122, 1996)
10 Taxas Admissíveis Típicas para Projeto Preliminar (Sowers, 1979)
11 Limites de Profundidade Impenetrável na Execução de alguns Tipos de Estacas/Tubulões em
função do NSPT, considerando apenas o uso de Equipamentos Convencionais, sem a Adoção de
Recursos Especiais de Execução (Préfuro, Jato Água/Ar) (http://geotecniaefundacoes.blo-
gspot.com.br/ search/label/Tabelas em Junho 2012)
12 Valôres Usuais para Coeficiente de Poisson, m (Bowles, 1996)
13 Faixas de Valôres Usuais para Módulo de Deformação, E (Bowles, 1996)
14 Classificação dos Solos em Função do Índice de Torque (T/N) (Décourt,2002)
15 Valores do Índice de Torque (T/N) na Grande Vitória, ES (Hespanhol Neto, 2009)
16 Tamanhos de Revestimentos e Coroas Diamantadas (Lima, 1979 e Sowers, 1979)
17 Grau de Intemperismo das Amostras (ISRM, 1983)
18 Classificação do Espaçamento Médio das Descontinuidades (ISRM, 1983)
19 Grau de Fraturamento (Lima, 1979)
20 Qualidade da Rocha segundo RQD (Deere 1964)
21 Dimensões de Brocas da Série 12 (Ctálogo Sandvik-Coromant apud Ricardo e Catalani, 1981)
22 Valores Típicos de K da Correlação qc/pa = K x NSPT
23 Especificações de Equipamentos para Penetração Dinâmica
24 Resistência Dinâmica de Ponta, qd para Alguns Solos na França (Waschowski, 1983)
25 Razão de Atrito Dinâmico, fd/qd x 100 para Alguns Solos na França (adaptado de Waschowski,
1983)
26 Relação entre qd e qc para Alguns Solos na França (Waschowski, 1983)
27 Definições e Correlações Básicas do DMT (Marchetti et al, 2001)
28 Métodos de Sondagens Exploratórias (Sowers, 1979)
29 Velocidades de Ondas de Compressão P
30 Resistividades Elétricas de Solos e Rochas (Sowers, 1979)
31 Métodos Geofísicos para Engenharia Geotécnica (Sowers, 1970)
32 Testes de Laboratório na Investigações Exploratórias (Sowers, 1979)
33 Correlações para os Parâmetros dos Solos
34 Propriedades Típicas de Solos Marinhos da Baixada Santista (Massad, 2009)
35 Quantidades e Tamanhos de Amostras para Ensaios de Laboratório (Sowers 1979)
36 Métodos para Amostreamento Profundo(Sowers 1979)
37 Ensaios Diretos de Campo (Sowers 1979)
38 Ensaios Indiretos de Campo (Sowers 1979)
Fotos
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1 Arranjo Caótico de Blocos de Rocha
2 Tripé de Sondagem - Lavagem
3 Rocha Conturbada de Apoio de Sapata e Martelete usado para Corte
4 Ponteira CPTu, da Gregg Drilling & Testing
5 Portabilidade de Penetrômetros Dinâmicos Manuais
6 Corte Exposto de Terreno da Formação Barreiras, Serra, ES
1
I. INTRODUÇÃO
Na etapa de investigação do solo é que se obtém o modelo de perfil do solo para projeto. Será o
“retrato” do terreno abaixo de sua superfície. Serão identificadas as camadas de solo e suas propriedades
até a profundidade de interesse.
Enquanto, por exemplo, no cálulo estrutural de concreto armado o material a se usar é manufatu-
rado com especificações detalhadas e rigorosas para se obter propriedades ideais, em Geotecnia o material
a se usar é o existente “in situ”. E o Criador desse material provavelmente não estava preocupado com
suas propriedades de engenharia. Além disso tal material, com uma infinidade de combinações naturais
possíveis, não terá suas propriedades “tabeladas”. Elas terão de ser identificadas e determinadas, caso a
caso.
Para se ter uma idéia da dificuldade da “empreitada” suba-se num lugar alto em algum local natu-
ral e de lá escolha-se um área de 20 m x 30 m. Agora cubra-se tal área com uma camada de solo (com os
caprichos que quiser) e chame outra pessoa para, com apenas três pontos, desenhar a área enterrada. Se a
área escolhida tiver conformação simples talvez os 3 pontos dêem uma boa imagem, em caso contrário o
resultado poderá ser desalentador. Mais pontos serão necessários, mas a quantidade pode ser impossível
de se prever. Esta segunda situação é mais comum do que se imagina ao se fazer a programação de inves-
tigação de um terreno. E isto pode criar situações de constrangimento e problemas se o “dono” do empre-
endimento não for esclarecido quanto a tal situação.
Com a dificuldade que se desenha essa etapa era de se esperar que apenas empresas de grande ex-
periência e altas qualificações atuassem nessa área. Em alguns casos isso pode ser verdade, mas em ou-
tros, parece que as dificuldades inerentes ao processo podem mascarar as deficiências da empresa e aven-
tureiros de pouco preparo também se aventuram nesse mercado. É alarmante como assunto de tão alta
responsabilidade, econômica e de segurança, seja tratado com tanta irreverência.
Segundo Sowers (1979) o custo total de uma investigação adequada oscila (sondagens no campo e
ensaios de laboratório) entre 0,05 a 0,2% do custo total do empreendimento. Em situações extremamente
adversas tais custos podem subir para 0,5 a 1%. O custo de uma investigação inadequada é muito maior.
Tanto pode redundar em soluções mais onerosas do que a necessária como podem redundar em problemas
de estabilidade e segurança da obra.
As informações necessárias numa investigação são aquelas que propiciem os dados, de boa qualidade,
para desenvolvimento de um dado projeto e de uma dada obra. Tais dados podem variar para cada caso e pode
ser necessário que sejam especificados. Existem alguns dados que são rotineiros em uma dada região do pla-
neta e ignorados em outros (dados relativos a sismicidade, a expansilidade, etc). Também podem representar o
primeiro contato com o local do empreendimento e algumas informações, por mais óbvias que pareceçam, de-
vem (ou deveriam) ser incluidas na investigação. Aqui é importante lembrar que existem firmas especializa-
das em execução de parte das investigações (usualmente perfurações no terreno, ensaios específicos, coleta de
amostras, etc.). Essas firmas não executam necessáriamente, toda a investigação do terreno.
Segundo Sowers (1979) um investigação completa abrangeria, de uma forma geral:
1) Natureza do depósito de solo (geologia, aterros, escavações, inundações, exploração mineral);
2) Profundidade, espessura e composição de cada estrato (perfil do solo e de rochas);
3) Profundidade do nível d’água e suas características;
4) As propriedades de engenharia dos estratos de solo e rocha que influenciam o comportamento da estrutura:
resistência, compressibilidade, expansão, permeabilidade, etc.
No quadro acima, não se deve ser radical. Por ecemplo a Formação Bareeiras, que se extende por todo
o litoral brasileiro, acima do Rio de Janeiro, é formada por argilitos, folhelhos, arenitos e os materiais origina-
dos de sua intemperização. Definir a trasição de material intemperizado ou não é difícil. Como consequência,
para construção difícil, é praticamente impossível alcançar-se a “rocha”.
IV. RECONHECIMENTO
Nssa etsps destaca-se a “investigação de escritório”. Os dados já existentes são pesquisados e coleta-
dos. As fontes de maior divulgação talvez sejam o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a
EMPRABA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o DNPM (Departamento Nacional de Produção
Mineral) e, é claro, o Google. Nessas fontes as informações principais referem-se à topografia, hidrologia, pedo-
logia e geologia. Nesta etapa os dados são, basicamente, de natureza qualitativa e estão mais ligados à Geolo-
gia. Nas universidades, principalmente nas que que oferecem cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado)
também pode-se obter boas informações.
Dados específicos de geotecnia podem ser conseguidos em publicações de congressos e revistas especia-
lizadas. As principais patrocinadoras brasileiras de publicações geotécnicas são a ABMS (Associação Brasilei-
ra de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica) e a ABGE (Associação Brasileira de Geologia de Engenha-
ria e Ambiental) e seus núcleos regionais.
Os pricipais tipos de informações a se obter são:
a) Nos estudo geológico e pedológicos(Geólogo):
Natureza das camadas de solo a serem encontradas: solos residuais, marinhos, orgânicos, coluviais, etc.;
Tipo de rocha a se esperar: ígneas (granito , basalto, etc.), metamórficas (gnaiss, xistos, etc.), ou sedimen-
tares (arenito, argilito, calcáreas, etc.)
Ocorrência de jazidas. Em certas regiões da Inglaterra e Estados Unidos são freqüentes os casos de túneis
abandonados de exploração de minas, principalmente de carvão.
Defeitos da rocha (falhas, cavernas, etc). As cavernas desenvolvem-se principalmente nas rochas calcá-
reas. As rochas sedimentares argílicas (argilitos, folhelhos, etc) tem, em alguns casos, se expandido e
amolecido, causando graves problemas em barragens. A princípio são consideradas auspeitas;
Tipos de minerais
b) Potencialidade sísmica (possibilidades de abalos, terremotos):
Para os edifícios tal fator é usualmente ignorado. No entanto em obras com normas de segurança mais
rigorosas como usinas nucleares, grandes barragens, etc. estes dados são considerados (dados geralmente
obtidos através de agências do Governo Federal).
c) Inspeção do local: Este procedimento, em obra pequena ou grande, cedo ou tarde, pelo engenheiro geotécnico
ou outro, terá que ser feito. Quanto mais cedo melhor. Esta inspeção permite visualização principalmente de
detalhes, a identificação de de facilidades e dificuldades propiciadas pelo local (para a obra em si e para a in-
vestigação), condições de vizinhanças e outras condições.
Topografia. Este levantamento usualmente já é, pelo menos em parte, requisitado pela Arquitetura. No
entanto como os objetivos são diferentes, nem sempre é completo. Ao engenheiro geotécnico pode interes-
sar muito a vizinhança, externa à obra. Por exemplo, no caso de subsolos e/ou cortes e aterros na obra, o
terreno a ser considerado/contido é o EXTERNO. Outros fatos podem ser de interesse, por exemplo um
terreno plano mas em sopé de morro levanta a suspeita de colúvio, matacões, etc.
Drenagem: A drenagem superficial vai afetar visivelmente a obra e terá de ser considerada na própria
arquitetura do empreendimento, no entanto se for subterrânea pode alterar o nível d’água subterrâneo e
os empuxos sobre obras enterradas. Por exemplo numa dada escavação de subsolo observou-se que se in-
terceptava uma pequena nascente, a qual foi barrada pela parede diafragma do subsolo. Isto começou, lo-
calizadamente, a causar elevação preocupante do lençol freático, que teve que ser drenado por dentro do
subsolo;
Erosão:Talvez o fator mais freqüente de queda de pontes seja a erosão de suas fundações, descalçando-as.
As fundações em si criam um obstáculo às águas, aumentando a turbulência e o poder erosivo das águas;
Tipo de vegetação: Um conhecimento de plantas permite relaciona-las com o terreno e a umidade, mas
até para o leigo uma mancha de vegetação de um verde exuberante cercada de mato ressequido é sinal de
maior umidade. Num dado caso, em estudos de estabilidade de taludes, uma tal mancha permitiu identi-
ficar um “olho d’água” que, drenado, propiciou a estabilização da encosta;
“Experiência do Vizinho”: Nesta categoria pode-se incluir toda a experiência da engenharia no mundo to-
do, mas quanto mais perto da obra melhor. Esta experiência é tão importante que em todas as obras e
projetos é de bom alvitre ter-se o apoio de um engenheiro geotécnico local. Isto pode impedir que se come-
tam os mesmos erros do passado. De uma forma geral o ser humano fica condicionado por sua própria ex-
periência, e cada local específico pode apresentar peculariedades. Os tipos de fundações usados nas vizi-
3
nhanças, oscilações do lençol d’água ou sua profundidade típica e outras informações podem evitar muitos
erros. É tão importante que alguns empresários até cogitam de “copiar” as investigações e soluções dos vi-
zinhos sem maiores estudos. Isto evidentemente é um despropósito. Às vezes os terrenos são tão hetero-
gêneos que mais de uma solução tem de ser usada num mesmo terreno. O que se dizer de terrenos dife-
rentes. Até para casas baixas, onde essa prática parece ser disseminada, existem casos de problemas gra-
ves. A experiência dos vizinhos deve servir como orientação para investigações e até para soluções ape-
nas.
d) Reconhecimento aéreo do local: Na inspeção local pode-se observar os detalhes. Para análise do conjunto e
macroscópica do terreno precisa-se de uma visão do alto. E nada mais alto do que um avião. Nesta visão pode-
se ter uma melhor idéia do relevo e de algum padrão que indique feituras gerais da geologia. Muitos morros,
montes e montanhas são identificados por nomes que suas silhuetas, ao longe, sugerem. Ao se caminhar sobre
os mesmos nada disso é enxergado. A forma mais simples é um sobrevôo sobrea a área. Uma forma mais sofis-
ticada, mas ainda usual, é a Aerofotogrametria que fornece uma idéia do terreno em três dimensões (Estereos-
cópio). Existem ainda processos mais sofisticados e especializados, com imagens obtidas por diferentes proces-
sos e por satélites, que geralmente são conduzidos por governos.
Pode-se identificar através de fotografias os seguintes ele-
mentos:
ÁREA DE EROSÃO
- Geomorfologia
- Topografia
- Erosão
- Tipo de vegetação ÁREA DE REMANSO
- Tonalidade ou cor do solo superficial
- Construções existentes
RIO
- Outros
Uma ferramenta gratuita e muito útil é o Google Earth. Em suas imagens pode-se, por exemplo, identificar
antigas linhas de praias ao longo do litoral.
V. EXPLORAÇÃO
subsolo do local em estudo”. E aí passa a definir quantidades MÍNIMAS de sondagens (não necessariamente A
TOTAL):
a) 2 para área de projeção em planta do edifício até 200 m²;
b) 3 para área entre 200 e 400 m²;
c) 1 para cada 200 m² (ou fração) para área de 400 m² até 1.200 m²;
d) 6 sondagens + 1 para cada 400 m² (ou fração) que exceder 1.200 m² para área de 1.200 m² até 2.400
m²;
e) Acima de 2.400 m² não existe orientação. Parece que a norma supõe que o engenheiro encarregado
de obra de tal porte tenha conhecimento suficiente para decidir por si só.
Os exemplos a seguir ilustram a aplicação dos critérios.
Em estudos preliminares, quando ainda não se dispõe do projeto de implantação do empreendimento a
norma estabelece uma distância máxima de sondagens de 100 m e um número mínimo de 3 sondagens. Uma
vez definido o projeto pressupõe-se que que os quantitativos antes definidos devam ser atendidos.
Exemplos:
Ítem Área de Projeção Observação Quantidade de Sondagens
em Planta do Edifício (m²)
a 187 Área < 200 m² 2
b 394 200 m²<área<400 m² 3
c 801 801 ÷ 200 > 4 5
d 1.540 1.200÷200+340÷400= 6+1 = 7
e 3.456 1.200÷200+1.200÷400+1.056÷X= 6+3+ 2 = 11
Quanto à distribuição das sondagens no terreno o caráter subjetivo da escolha é maior, mas existem
duas condicionantes básicas usuais: 1º) Ter-se uma boa caracterização geral do terreno, o que redunda numa
distribuição mais ou menos uniforme de todo o terreno; 2º) Dar-se prioridade à regiões da obra ou terreno,
mais importantes. Quanto à obra em si a região mais importante é usualmente ligada a detalhes estruturais,
como a região de pilares mais carregados (usualmente a região de elevadores). Mas em regiões onde existe
histórico de feituras geológicas conturbadas, como por exemplo antigos leitos de rios e / ou lagoas (hoje subter-
râneos e ocultos), blocos de rocha, matacões e outras feituras de pequena extensão e grande importância geo-
técnica, parece ser mais sensato dar-se mais importância a tais eventualidades, ou seja priorizar-se a distri-
buição mais uniforme no terreno. De qualquer forma, como se lida com a Natureza, a ocorrência de imprevis-
tos é uma possibilidade sempre presente. Se tais imprevistos ocorrerem (em qualquer fase da obra) haverá
necessidade de complementação de sondagens, até que se eliminem os riscos evidenciados.
A NBR-8036 especifica que quando a quantidade de sondagens for superior a 3 os furos NÃO devem
ser alinhados. Esta disposição, não alinhada, é que permitirá determinar planos subterrâneos como, por
exemplo, superfícies rochosas inclinadas.
Para investigação de rodovias existem normas do DNIT como mostrado no capítulo sobre “Obras de Terra”.
A prática internacional de sondagens para diversos tipos de obras é, segundo Sowers (1979), mostrada
no quadro 1 a seguir como primeira aproximação. Para condições de solos regulares e uniformes até dobra-se o
espaçamento. Em condições irregulares reduz-se à metade.
Com base no pressuposto acima (existência de rochas ígneas ou de elevadas resistências) as profundi-
dades que as sondagens devam atingir tipicamente são no máximo até o “impenetrável” (ou seja a rocha) e
esta é a especificação mais simples a ser feita. No caso de estruturas pesadas, como pontes e edifícios altos, a
especificação típica é que as sondagens avancem até a rocha e até penetrem um pouco nas mesmas.
No entanto em alguns locais as rochas duras (elevada resistência) encontram-se a profundidades im-
praticáveis. Enquanto a profundidade de 50 metros é muito difícil para as sondagens usadas em construção
civil a Formação São Paulo (solos e rochas sedimentares) chega à espessuras de 200 metros (Petri e Fúlfaro,
1983). A série Barreiras que se estende ao longo da costa desde o Estado do Rio de Janeiro até o Amapá (onde
ocorrem as falésias junto ao mar) é formada por arenitos, siltitos, argilitos, folhelhos e os resíduos de sua in-
temperização. Na região de Carapina, Grande Vitória, ES nenhuma sondagem convencional conseguiu atra-
vessá-la. As espessuras talvez cheguem e ultrapassem os 500 metros. Não existe, em muitos casos uma bar-
reira “impenetrável” à sondagens. Há necessidade de se limitar as sondagens com base em outro critério, que
não seja rocha.
O critério usual para definir a profundidade das sondagens é que elas atinjam o ponto onde o acrésci-
mo de tensões verticais provocado pela obra prevista, ∆σz, seja no máximo 10% da pressão efetiva vertical exis-
tente, σ’0. Nesta situação o acréscimo de tensões (proporcional a log 1,1 = 0,04) não é significativo para situa-
ções convencionais. Com base nesse critério a NBR 8036 apresenta o gráfico da figura 1 que fornece uma guia
da profundidade a se atingir. Um exemplo ilustra sua aplicação.
Exemplo: Determinação da profundidade mínima a se atingir com as sondagens de um prédio de 16 pavimen-
tos e dimensões em planta de 15 m x 30 m.
Solução: Dados para uso do gráfico da NBR 8036.
q = 160 kPa (supondo-se uma tensão média de 10 kPa/pavimento);
g’ = peso específico efetivo do solo a se sondar. Como não se conhece ainda o solo pode-se estimá-lo como
submerso e de baixo valor (a favor da segurança) = 8 kN/m³;
M= 0,1 (critério dos 10%); B = 15 m; e L = 30 m. E daí:
q 160 L 30
13,3 2
M B 8 0,1 15 B 15
D
2 D 15 2 D 30 m
B
Antes dessa profundidade, em 99% dos casos de Vitória, já se teria atingido rocha.
Como o gráfico serve apenas como guia, várias orientações adicionais são necessárias:
6
1 – A sondagem deve incluir todas as camadas impróprias ou questionáveis como apoio de fundações.
Esta orientação pode ser simplificada para que não se interrompa a sondagem em solos fracos e compressíveis,
principalmente em argilas moles. Existem casos em que é viável se apoiar as fundações ACIMA de camdas
inadequadas para apoio DIRETO nelas. Mas nesses casos pode ser necessário que se façam análises de recal-
ques e outras análises nesses solos. No mínimo a espessura deles precisará ser conhecida;
2 – Quando a edificação for composta de vários “corpos” o critério se aplica a cada “corpo”;
3 – Quando a sondagem atingir rocha e nela forem se apoiar as fundações é aconselhável que avance-
se sondagens na rocha. Nestes casos a NBR 8036 especifica uma profundidade mínima de 5 metros;
4 – Deve-se atentar para possibilidades de processos posteriores (erosão, expansão e outros) virem a
afetar o terreno;
5 – É desejável um conhecimento prévio da geologia do local;
6 – Em versões anteriores de normas especificava-se uma profundidade mínima de sondagens de 8 m,
excepto se se encontrasse rocha;
7 – No caso de escavações no local é necessário o uso de bom senso. A NBR 8036 estabelece que a pro-
fundidade deve ser contada a partir da superfície do terreno e não se compute a espessura da camada de solo a
ser eventualmente escavada. Parece que que ela indica que não há necessidade de se desconsiderar o trecho a
se escavar da profundidade a se sondar. Isto, em parte, seria justificável pelo pré-adensamento que a retira-
da de solo propiciaria.
A limitação mais forte sobre o uso do gráfico da figura 1 é que a profundidade, no caso de fundações
profundas (estacas ou tubulões), deve ser contada a partir da posição provável da ponta das estacas ou base
dos tubulões. Ou seja, conforme vai sendo feita a sondagem, vai-se ajustando qual deva ser suaprofundidade.
O projetista das fundações deve acompanhar os resultados das sondagens e ir fazendo as adequações necesá-
rias. Isto é, sem dúvida, o mais adequado e eficiente. No entanto os órgão públicos (necessidade de concorrên-
cia e orçamentos prévios) não têm essa flexibilidade. Aí pode surgir um fator de tensão.
Também a especificação da norma de que as profundidades passem a ser contadas da ponta das esta-
cas é muito rigorosa. A figura 2 ilustra o porque desta afirmação. Se as fundações são diretas (sapatas por
exemplo) a profundidade e as pressões são contadas a partir da superfície do terreno acima do qual só há a
pressão atmosférica (caso 1). No entanto, na ponta das estacas (caso 2), além da pressão atmosférica, já há
uma pressão substancial de terra. Não há necessidade de se aprofundar o mesmo tanto para que as pressões
transmitidas pelas estacas se reduzam a um décimo das pressões fetivas devidas ao peso próprio do terreno.
Tudo isso faz com que as profundidades orientadas na norma não passem realmente de orientação
apenas e as regras anteriores aervem apenas para solos que comprovadamente irão comportar fundações dire-
tas, ou naqueles solos onde já se sabe de antemão a profundidade das camadas que servirão de apoio das fun-
dações.
Melhor será se o projetista, dentro do seu conhecimento e experiência, orientar uma profundi-
dade que o satisfaça para o projeto, seguro e econômico (nesta ordem). Uma regra mais geral seria:
1°) Execute dois furos de sondagem até o “impenetrável” ou a uma profundidade adequada (mais de
35 metros somente para obras extraordinárias ou terrenos inusitamente “fracos”). Se as fundações alcançarem
tal profundidade há risco de seu custo inviabilizar o empreendimento;
2°) Com base nessas sondagens iniciais projete preliminarmente a fundação para a obra, adotando
premissas conservadoras (piores hipóteses). Para se ter eficiência e agilidade há necessidade de uma boa ex-
periência do projetista. Em caso contrário pode haver necessidade de uma etapa posterior para complementa-
ção de sondagens;
3°) Programe a profundidade das camadas restantes com base nesse projeto levando em conta que
deve-se ter um mínimo “minimorum” de cerca de 5 metros de espessura para aquela camada considerada co-
mo apoio. Claeson e Macklin (2014) recomendam profundidades pelo menos 5 m mais profundas do que a fun-
dação mais profunda.
Uma regra bem mais simples para cálculo de profundidades de sondagens, segundo o mesmo critério
dos 10%, é apresentada por Sowers (1979):
A figura 3 mostra alguns modelos de trados manuais, provavelmente os mais usados. Eles são girados
e penetrados no solo em pequenos avanços, até se encherem do solo sendo atravessado. São então sacados tra-
zendo amostras do solo daquela profundidade e identificando as camadas de solo. Na figura 3b as 3 primeiras
manobras foram executadas numa 1ª camada do terreno e as 4 seguintes numa 2 ª camada. Conforme a perfu-
ração se aprofunda novas hastes são adicionadas ao cabo, encompridando-o.
As amostras assim recuperadas são amolgadas (a estrutura in situ é completamente destruída). Nelas
pode-se executar ensaios para sua classificação (limites de Atterberg, granulometria) e outros ensaios com
amostras trabalhadas, como o ensaio de compactação. Estas ferramentas são usadas para simples avanço de
perfuração (alcançando profundidades onde outros equipamentos serão usados) ou então para caracterização
de jazidas de empréstimo (o solo será extraído dali para ser manuseado, por exemplo, compactado noutro local.
A estrutura in situ não interessa). Para estudos de terrenos de fundação, onde vai-se utilizar o solo no seu
estado natural a ferramenta é apenas auxiliar em perfurações. É usado normalmente como o único instrumen-
to de investigação apenas para caracterização de jazidas de empréstimo (rodovias, ferrovias, barragens, etc.).
Os trados podem ser usados para quaisquer profundidades mas usualmente além dos 6 metros de
profundidade não são econômicos.
As limitações de / para uso do trado costumam ser:
a) Presença de pedregulhos ou material mais grosso;
b) Solos muito compactos ou muito duros;
c) Presença de água (a água lava as amostras do trado).
de outro equipamento para execução de ensaio naquela profundidade. O tripé é usado para içamento ou desci-
da de equipamentos na perfuração, e apoio das hastes.
A perfuração usualmente inicia-se com trado (a menos que seja sondagem submersa. A NBR 6484
exige que acima do lençol freático se use o trado, onde possível). Nessa perfuração inicial instala-se um tubo
de revestimento (usualmente entre 2 e 4 m) que é necessário para condução do líquido que retorna da perfura-
ção para um tanque de circulação.
Uma vez atingido o lençol freático com o trado (se possível) e com o tubo de revestimento instalado
inicia-se a perfuração por lavagem. Desce-se por dentro do revestimento outra tubulação de aço, as hastes de
perfuração, até o fundo. Através da bomba suga-se o líquido de perfuração do tanque que é injetado no furo
pelas hastes. O líquido é despejado no fundo do furo, pela ponta das hastes através de uma ferramenta, o tré-
pano. O solo é desagregado no fundo do furo pelo trépano rosqueado na ponta da haste (uma cavadeira). A
haste presa a um cabo, com o líquido fluindo, é levantada, deixada cair (até o limite do cabo e não no fundo do
furo) e girada, desagregando o solo. As partículas e pedaços (se o solo for coesivo ou cimentado) de solo coloca-
dos em suspensão são então arrastados pelo líquido que retorna a superfície (entre as hastes e as paredes da
perfuração) passando pelo revestimento e caindo pela “bica” no tanque de recirculação.
O líquido usado pode ser água apenas mas neste caso, se o solo não for coesivo, será necessário descer-
se o revestimento quase até a ponta da perfuração, para manter o furo aberto. Preferivelmente usa-se lama de
perfuração. Esta lama é uma mistura de água com argila bentonítica (um tipo da família das montmoriloni-
tas), com uma densidade no entorno de 1,05 g/cm³, formando um líquido espesso e pastoso, de elevada viscosi-
dade (em relação à água pura). Esta lama permite avançar o furo sem revestimento, mesmo em areias limpas
e submersas, até a profundidade máxima necessária (não é usual, mas as vezes vai-se até cerca de 50 metros).
A vazão do líquido no furo é que determinar sua capacidade de arraste das partículas e fragmentos de
solo sendo perfurados. A Lei de Stokes, que foi vista no estudo de “granulometria por sedimentação” em “Geo-
técnica”, estabelece:
10
s w
v D²
18
Onde
v = Velocidade de queda (sedimentação) de partícula ou fragmento no líquido de perfuração.
D = Diâmetro do maior fragmento ou partícula de solo sendo escavado. Seja 2 mm.
gs = Peso específico da partícula ou fragmento de solo. Seja 2,65 gf/cm³.
gw = Peso específico do líquido de perfuração. Seja água com 1,0 gf/cm³ ou lama com 1,18 gf/cm³.
m = Viscosidade do líquido de perfuração. Seja água com 10 x 10-6 gf x s/cm² ou lama com 0,2 Pa x s.
E aí: v ≈ 3,7 m/s no caso de água e v ≈ 0,02 m/s no caso de lama, para que as partículas escavadas não se sedi-
mentem. Para serem arrastadas para fora da perfuração a velocidade deve ser maior. Esta velocidade é de
subida do líquido na perfuração. Para descida, na área menor das hastes de perfuração e do trépano a veloci-
dade deve ser maior.
A figura 5 mostra opções de trépanos de lavagem. A norma Americana ASTM D 1586 – 92, estabelece
que “para evitar amolgamento do solo abaixo, não se permite descarga pelo fundo”. Se esta for a situação é
preciso que se use algum artifício ou aparato para desviar o jato do fundo da perfuração. O exército americano
(USACE, 1988) repete estas especificações, instruindo para uso de quipamentos com descarga lateral do líqui-
do de perfuração ou uso de defletores. Já a norma brasileira NBR 6484 especifica o trépano com descarga pelo
fundo. Na figura 4 os três primeiros desenhos (catálogo Maquesonda) são diferentes vistas do trépano usado
no Brasil. O 4º modelo não é um trépano (é um penetrômetro) mas ilustra como se desviar o jato do líquido de
perfuração (Terzaghi e Peck, 1948). O 5º modelo, identificado como “trado de limpeza” é apresentado por Acker
III (1974) como ferramenta de limpeza para amostreamentos de alta qualidade. Os 6º e 7º modelos aparecem
em catálogos brasileiros (Maquesonda) e na literatura internacional. O “baldinho” é uma ferramenta para
completar a limpeza da perfuração, após a circulação de líquido. É um tubo com um alçapão na extremidade
inferior que se deixa cair na perfuração. O solo (resíduos) penetra no tubo abrindo o alçapão. Quando ele é
sacado o solo tentando descer fecha o alçapão e então é levado para a superfície.
A perfuração por lavagem não é aceita como sondagem do terreno, mas apenas como um processo de
perfuração para se atingir as profundidades onde se deseja ensaios. Na água que circula as frações mais finas
do solo sobem com maior rapidez e assim as diferentes frações de um solo são separadas. Mesmo assim, os
sondadores experientes e CUIDADOSOS conseguem discernir, apenas na lavagem, as diferentes camadas,
que serão confirmadas depois com amostreamento. Podem ser usadas isoladamente apenas quando se quer
identificar algum material bem destacado, como por exemplo, rocha. São usados para delimitação de matacões
e blocos de rocha enterrados.
Nas sondagens praticamente todos os itens são rigorosamente especificados pelas normas, exceto o
cuidado e capricho dos operadores nesta fase de operações. E isto faz a diferença entre diferentes sondadores e
nos resultados. E quando se obtem UM resultado desfavorável não se pode descarta-lo e a investigação pode
ficar toda comprometida. Talvez esse fator seja a principal causa de que se busquem diferentes tipos de son-
dagens e se elimine o fator humano.
Jato desviado
para cima
Descarga pelo
fundo
Além do fator humano se existe alguma falta de especificação é nesta fase. Por exemplo numa dada
sondagem identificou-se uma camada de argila marinha mole mas pré-adensada e que não preocupava. De
repente, em sondagens de confirmação de outro problema, a camada apresentou-se com pré-adensamento bem
menor. Na investigação do problema verificou-se que a motobomba havia sido trocada por estar muito “fraca”.
E aí estava a explicação: Com o motor em menor rotação a limpeza do furo era mais suave e preservava o pré-
adensamento do solo. Quando se conseguiu imprimir a rotação “normal” no motor o jato de lama era tão forte
que amolgava o solo e destruía seu pré-adensamento. Note-se que com lama, como era o caso, a velocidade do
fluxo para limpeza não precisava ser alta. O que dita a velocidade do fluxo é principalmente a produtividade
do equipamento. Parece que usualmente os motores a gasolina usados são menos potentes do que os a diesel, e
usualmente nele se obtem resistências maiores e compressibilidades menores dos solos.
Em 1971 V. de Mello se referia a esta sondagem como “inescapável primeira indicação” e isto perma-
nece válido até hoje. E ainda afirmava que milhares de arranha-céus e outras fundações importantes (“possi-
velmente 99%”) foram projetadas com base exclusivamente em interpretações de resistência à penetração. O
ensaio em si é bastante intuitivo: Uma medida da dificuldade de se penetrar uma ferramenta no solo, e assim
cada técnico desenvolveu seu método. Para possibilitar a troca de experiência e de informações surgiu então a
padronização do ensaio. Aqui no Brasil a norma que trata do assunto é a NBR 6484, que por sua vez segue
padrão internacional (ISSMFE, 1989):
1- A ferramenta a ser penetrada no solo é um tubo metálico robusto com diâmetro externo de 2”
(50,8 mm) e diâmetro interno de 1 3/8” (34,9 mm). É chamado de amostrador padrão, amostrador
SPT, amostrador lascado ou bipartido e amostrador Raymond-Terzaghi (inventor-divulgador).
Além de ser ferramenta de penetração, permite a retirada de amostras amolgadas mas ditas “se-
cas” (não são lavadas, mantêm a umidade original do solo). O tubo tem cerca de 81 cm de compri-
mento. O tubo é lascado longitudinalmente em duas metades que são mantidas unidas por uma
sapata e uma cabeça. Ao se desenroscar a sapata e a cabeça o tubo se abre e expõe a amostra. Este
12
tubo desce dentro da perfuração da sondagem atarrachado na ponta de uma tubulação de 1” que
também serve para lavagem da perfuração;
2- A cravação é feita por meio de pancadas de um matelo com massa de 65 kg caindo de uma altura
de 75 cm;
3- A penetração total deve ser de 45 cm, contando-se o número de golpes para penetração de cada
segmento de 15 cm. O índice de resistência à penetração N (ou NSPT) será a soma do número de
golpes dados para a penetração dos 30 cm finais do amostrador.
A Figura 7 ilustra a operação do ensaio SPT. A operação inicia-se pela escavação manual (cavadeira
articulada) até 1 metro de profundidade. Na ponta das hastes de lavagem de Ø1” rosqueia-se o amostrador
padrão, que é cravado 45 cm no fundo da escavação em 3 segmentos de 15 cm e anotada-se o número de golpes
necessários para cada segmento. Retiram-se as hastes do solo com o amostreador na ponta, cheio de solo. A
amostra de solo é classificada e armazenada sem perda de umidade para reclassificação em laboratório e even-
tuais ensaios (limites de Atterberg, umidade e granulometria). Aqui já pode-se instalar o tubo de revestimento
e de retorno da água de lavagem. Prossegue-se a escavação até o metro seguinte, com trado (se acima do lençol
d’água e o solo permitir – se não muda-se para lavagem). Reinsere-se o amostreador na perfuração e faz-se
novo ensaio de penetração. E assim repete-se a operação de metro em metro até o “impenetrável” ou até a
profundidade especificada. Para as profundidades onde se está usando lavagem retiram-se todas as hastes de
lavagem. Substitue-se o trépano de lavagem pelo amostreador. Reinsere-se o amostreador na perfuração, faz-
se a penetração daquele metro e retira-se o amostreador com a amostra daquela profundidade. Troca-se o
amostreador pelo trépano de lavagem. Reinserem-se as hasetes no solo e prossegue-se com a perfuração até o
próximo metro. E assim sucessivamente.
Como resultado da sondagem obtem-se para cada metro sondado um ensaio de penetração dinâmica
(ensaio penetrométrico) e uma amostra para identificação das camadas de solo. Também observa-se a profun-
didade onde ocorre o lençol freático do terreno.
O resultado do ensaio de penetração é o índice de resistência à penetração: N ou NSPT. Em cada metro
da perfuração foram obtidas 3 contagens de número de pancadas. Uma para a penetração de cada 15 cm. Va-
mos supor que sejam 3 golpes para os primeiros 15 cm, 4 golpes para os 15 cm seguintes, e 6 golpes para os 15
cm finais. Então para a apresentação somam-se os números de golpes para os 30 cm iniciais (3+4=7) e os nú-
meros de golpes para os 30 cm finais (4+6=10). Admite-se que os 15 cm iniciais sejam amolgadas na perfura-
ção e a soma para os 30 cm iniciais não é usada, pode sevir talvez para se ter uma ideia do cuidado na perfu-
ração. Segundo Décourt et al (1989) o número de golpes para penetrar os 15 cm intermediários seria cerca de
75% maior do que o dos 15 cm iniciais. E o o número de golpes para penetrar os 15 cm finais seria cerca de
40% maior do que o dos 15 cm intermediários. E a soma dos golpes para os 30 cm finais é o NSPT = 10. A Figu-
ra 8 ilustra como se obtem o NSPT para cada penetração.
Os números fracionários indicam que o solo é muito fraco e a penetração excedeu os 15 cm do segmen-
to. Por exemplo 1/21 significa que com 1 golpe a penetração foi de 21 cm (e não 15), 4/18 significa que com 4
golpes a penetração foi de 18 cm (está implícito que com 3 golpes a penetração não atingiu os 15 cm necessá-
rios). Uma vez atingidos os 45 cm totais de penetração em cada ensaio interrompe-se a cravação. Pos isso nas
profundidades de 9 e 10 m não existe a coluna referente aos 15 cm finais (em 9 m a penetração foi de 48 cm e
em 10 m foi de 45 cm). Do lado direito do boletim foram acrescentados os números de golpes, agora para 30 cm
(como preconiza a ABNT para apresentação final).
Também podem aparecer números fracionários em solos muito resistentes. Não se consegue a penetra-
ção estipulada de 15 cm. Por exemplo a 16 m de profundidade falta a 3ª penetração por esse motivo. Quando o
número total de golpes numa profundidade atinge 50 golpes interrompe-se a cravação do amostrador. Um
exemplo possível seria 30/6, que significaria que com 30 golpes a penetração foi de 6 cm.
Outras situações especiais são a de “0/x” golpes e PP/y. A situação PP significa que o amostrador pene-
trou “y” cm no solo sob Peso Próprio das hastes apenas. E a situação “0” significa que o amostrador penetrou
“x” cm no solo sob Peso Próprio das hastes e do martelo (PP indica um solo mais fraco do que 0).
A figura 10 mostra um boletim de sondagem sob a forma de relatório final. Só aparecem duas colunas.
A primeira refere-se ao número de golpes para penetração dos 30 cm iniciais (15 cm iniciais + 15 cm interme-
diáios), e a segunda à penetração dos 30 cm finais (15 cm intermediários + 15 cm finais), o NSPT. Agora os nú-
meros de golpes inteiros se referem a penetrações de exatos 30 cm. Os números fracionários se referem em
geral a solos muito resistentes em que não se conseguiu a penetração estipulada de 30 cm ou solos muito fra-
cos em que as penetrações ultrapassam o valor padronizado. Por exemplo onde estão mostrados “17/15” e
“30/15” significa que foram 17 golpes para avanço dos 15 cm iniciais (alternativamente poderia se representar
47 inteiro para a 1ª coluna, mas isso dificultaria a extrapolação do NSPT) e mais 30 golpes para avanço dos 15
cm intermediários. A NBR-6484 permite que se interrompa o ensaio ao se atingir 30 golpes num segmento de
15 cm e assim não se obteve a penetração final. A segunda coluna 30/15: significa que com 30 golpes o avanço
foi de apenas 15 cm (e não 30 cm como estipulado na norma). Por regra de 3 então o NSPT aí seria 60. Uma
outra situação em que podem aparecer números fracionários, aqui em qualquer tipo de solo, é quando ocorre
mudança de camada ao longo do trecho penetrado. Seja, por exemplo, na Figura 9 a penetração de 6 m. Houve
mudança de camada a 6,15 m. Então não há sentido em somar golpes dos 15 cm iniciais em uma camada com
os golpes da camada seguinte. Ficam faltando os 15 cm finais da primeira camada.
O boletim da Figura 10, para caber todo em apenas uma folha, fugiu à norma em 2 pontos. A escala é
1:200 (deveria ser 1:100) e foram omitidas as compacidades e consistências das camadas.
O boletim da Figura 10 é parcial e continua n’alguma outra folha. O boletim da figura 9 ilustra uma
possível situação de “impenetrável à percussão” (embora ainda não atendendo à atual NBR-6484). A sonda-
gem foi interrompida devido à elevada resistência do solo. Talvez, a muito custo ainda se conseguiria avançar
a sondagem com o trépano de lavagem. Já uma sondagem “impenetrável ao trépano” significa que o avanço da
perfuração em si é praticamente impossível. O avanço do trépano num ciclo de 30 minutos é inferior a 50
mm/10 min. É o que acontece quando se atinge rocha coesa e resistente.
Além do NSPT, em cada metro, ao se extrair o amostrador após o ensaio de penetração ele vem cheio do
solo daquela profundidade (às vezes, em alguns solos muito fofos ou muito moles não se consegue as amos-
tras). Esta amostra de solo embora amolgada (perde a estrutura original) mantém a umidade original. Os
ensaios mais rotineiros que podem ser feitos nessas amostras são: densidade real (dos grãos ou dos sólidos),
umidade natural, limites de Atterberg e granulometria. Também através do seu exame tátil-visual as amos-
tras são classificadas e descritas. A identificação dos solos deve ser feita de acordo com a NBR 6502 Rochas e
Solos, cujas principais definições são apresentadas na figura 11.
14
Como pode se observar a NBR 6502 é basicamente uma classificação granulométrica e muito sucinta.
Como se distinguir solo de outro? Por exemplo uma “areia argilosa” de uma “argila arenosa”? – É claro que
quando houver predominância de um material sobre outro. Mas o Sistema Unificado de Classificação assume
que essa predominância se define com 50% na peneira nº 200 de abertura de 0,075 mm, e já o HRB (classifica-
ção para rodovias) se define com 35% ou mais passando na mesma peneira. A distinção entre silte e argila (a
não ser granulometricamente que é um ensaio difícil e pouco significativo nessa faixa) também não é explici-
tada. O resultado que esta etapa fundamental fica prejudicada. Onde possível seria desejável o uso do Sistema
Unificado que, fora as aplicações rodoviárias, é o mais usado no mundo todo. Uso de sistemas de classificação
diferentes confunde.
Importante na NBR 6502 é explicitar diferença entre classificações geológica e geotécnica. Geotécnica
é a feita segundo os princípios da Mecânica dos Solos, e portanto de Engenharia.
Finalmente a NBR-6484 apresenta as tabelas do Quadro 3 a seguir. A ressalva (1) quanto à designação
não é clara. A compacidade é sim relacionada à índice de vazios. A ressalva deve ser que as correlações apre-
sentadas entre N e compacidade não são válidas para solos cimentados. Em tais solos a resistência à penetra-
ção é desenvolvida pela cimentação e não pela compacidade. Assim um solo mesmo com elevado índice de va-
zios (correspondente a fofo) pode desenvolver N elevado.
Nos Estados Unidos da América (e provavelmente no resto do mundo), pelo menos desde 1948, a proposta de
Terzaghi e Peck (1948) para compacidade das areias e consistência das argilas vem predominando. Os qua-
dros 4 e 5 mostram essas correlações (onde se incluiu também a ABNT para comparação). Adicionalmente
foram incluídas outras correlações. Para o caso das argilas Terzaghi e Peeck (1948) definiram também as re-
sistências à compressão simples ( caso Ø = φ = 0) limites para cada caso. Aqui deve se considerar que as argi-
las consideradas por Terzaghi e Pech são sedimentares (típicas de Estados Unidos e Europa) e usualmente
saturadas. As argilas residuais brasileiras (residuais de rochas ígneas ou mesmo de sedimentos como as argi-
las do Terciário da Série Barreiras ou da cidade de São Paulo) tipicamente lateríticas e muitas vezes não satu-
radas são um caso a parte onde o caso φ = 0 raramente se aplica.
Diâmetros das Partículas (mm)
0,002 0,06 0,2 0,6 2 6 20 60 200 1000
Argila Silte Areia Pedregulho Pedra‐de‐ Matacão Bloco de
Fina Média Grossa Fino Médio Grosso ‐Mão Rocha
Classificação Geológica = Princípios da Geologia (genética)
Finos: d<0,075mm (peneira nº 200) Classificação Geotécnica = Princípios da Mecânica dos Solos
Quadro 4 – Compacidade Relativa de Areias e outras Correlações com NSPT (Bowles, 1977)
DESCRIÇÃO Fofa Pouco Compacta Medianamente Compac‐ Compacta Muito Compacta
ta
Compacidade
0 0,15 0,35 0,65 0,85 1,00
Relativa
NSPT – EUA 0 4 10 30 50
NSPT ‐ ABNT 0 4 8 18 40
* φ 25‐ 30 27‐ 32 30‐ 35 35‐ 40 38‐ 43
ρt (g/cm3) 1,1 ‐ 1,6 1,4 ‐ 1,8 1,7 ‐ 2,0 1,7 ‐ 2,2 2,0 ‐ 2,3
* Use valores maiores para material granular com 5% ou menos de areia fina e silte.
100
CN para 'v em kPa CN 2
'v Figura 12 – Fator de Correção CN para SPT
(Liao e Whitman, 1986)
Na Figura 12 mostra-se o gráfico dos fatores de correção CN em função da pressão no ponto do ensaio
de penetração. A inserção no canto inferir da figura mostra outras formulações similares. Praticamente são
coincidentes mas a fórmula de Liao e Whitman (1986) é mais simples.
De uma forma geral, exceto para trabalhos de pesquisa, tais correções parecem não ser rotineiramente
usadas. Mas quando há escavações e / ou aterros na região da sondagem, tais correções são imprescindíveis.
Um exemplo típico é o de uma sondagem feita no fundo de uma escavação onde se implanta uma sapata e a
seguir tal escavação seja reaterrada. O exemplo a seguir ilustra o fenômeno e o procedimento de correção do
número de golpes.
Exemplo de Uso de CN: Seja a escavação da figura abaixo onde se executou um ensaio SPT a partir de 0,5 m
de profundidade. O valor medido do SPT foi NSPT=5. Qual seria o valor medido se o ensaio fosse feito no
mesmo ponto, mas sem escavação. Considerar o peso específico da areia como 19 kN/m³.
Solução:
Quando ensaio foi executado sua profundidade, z, era 0,5 m
(início), mais os primeiros 0,15 m do ensaio (desprezados) e
mais 0,15 m da profundidade média do trecho ensaio (0,3
m). Ou seja:
Teóricamente todos os valores de ensaio SPT quando corrigidos, têm que ser iguais. Então o valor corrigido
NSPT do ensaio a 0,8 m tem que ser igual ao valor corrigido do ensaio após reaterro a 2,3 m (1,5+0,8), quando:
'v , 2,3 z t 2,3 19 43,7 kPa
Ou seja:
C N , 0 ,8
C N , 0,8 5 C N , 2,3 N SPT , 2,3 N SPT , 2,3 5 .............................. (a)
C N , 2,3
Então, usando-se a fórmula de CN:
19
100 100
C N , 0,8 2,6 e C N , 2,3 1,5
15,2 43,7
Cabe ainda lembrar que as pesquisas e fórmulas foram desenvolvidos para o SPT, mas, eventualmente
com alguma adequação, devem também ser válidos para outros ensaios penetrométricos.
Sowers (1979) apresenta uma lista os ensaios rotineiros que podem ser feitos com as amostras (pouco
ou muito amolgadas) recolhidas pelo amostrador SPT, e como mostrado no Quadro 6.
Vitor de Mello em 1971 dizia que 99% dos edifícios no mundo todo eram projetados com base apenas
em dados da sondagem SPT e provavelmente ainda hoje. Existe uma infinidade de correlações que permitem,
a partir das sondagens SPT, estimar-se praticamente todas as propriedades de interesse dos solos. São tantas
ao redor do mundo que dificilmente alguém as conhece e catalogou todas. São tantas que, às vezes, até con-
fundem pois podem diferir enormemente. Nesses casos é recomendável dar-se preferência às correlações lo-
cais. E, se o parâmetro for de grande relevância para a obra e a obra é importante, parte-se para experimenta-
ções específicas. Por sua vez essas experimentações, balizadas por correlações, vão fornecer novos subsídios
para validação ou refinamento das correlações usadas e avaliadas. Este é um assunto típico de teses e disser-
tações de final de curso, mestrado e doutorado.
Quadro 7 - Porosidade, Índice de Vazios e Massas Específicas de Solos Típicos (Terzaghi e Peck, 1948)
Porosidade Índice de Umidade Massa Esp. Aparente
DESCRIÇÃO n Vazios w (gramas/cm3 = t/m3)
(%) e (%) ρd ρt
Areia uniforme, fofa 46 0,85 32 1,43 1,89
Areia uniforme, compacta 34 0,51 19 1,75 2,09
Areia bem graduada, fofa 40 0,67 25 1,59 1,99
Areia bem graduada, compacta 30 0,43 16 1,89 2,16
Argila pedreg., muito bem graduada 20 0,25 9 2,12 1,99
Argila glacial, mole 55 1,20 45 - 1,77
Argila glacial, rija 37 0,60 22 - 2,07
Argila mole, pouco orgânica 66 1,90 70 - 1,58
Argila mole, muito orgânica 75 3,00 110 - 1,43
Bentonita mole 84 5,20 194 - 1,27
Umidade considerada de solo saturado; ρd = massa específica aparente seca; ρt = massa específica aparente saturada
Quadro 8 - Valores Típicos de Índices de Vazios e Massas Específicas de Solos Granulares - (Sowers, 1979)
Índice de Vazios Massas Específicas
DESCRIÇÃO Umidade (t/m3)
Mínimo Máximo Máximo Mínimo
Areia uniforme, sub-angular seca 0,45 0,85 1,84 1,44
(Gs = 2,67) saturada 0,45 0,85 2,15 1,90
Areia bem graduada, sub-angular seca 0,35 0,75 1,98 1,53
(Gs = 2,67) saturada 0,35 0,75 2,24 1,95
Pedregulho arredondado, silto-arenoso, seco 0,25 0,65 2,12 1,61
bem graduado (Gs = 2,65) saturado 0,25 0,65 2,32 2,00
Areia micácea, siltosa seca 0,80 1,25 1,50 1,20
(Gs = 2,7) saturada 0,80 1,25 1,94 1,76
Observe que quando o índice de vazios é mínimo o peso específico é máximo, e vice-versa.
Para argilas normalmente adensadas, em ensaios drenados e com medição de tensões neutras, Bjerrun
e Simons (1960) apresentam a correlação da figura 15 com base no Índice de Plasticidade, IP. Um IP = 0 seria
equivalente a uma areia.
Para se ter uma ideia do erro em que se pode estar ocorrendo apresenta-se no Quadro 8 a faixa de va-
riação do ângulo de atrito dos solos granulares (ainda resumida e simplificada). Dependendo da aspereza dos
grãos e da granulometria, na mesma compacidade o valor de φ’ pode variar mais de 40%. Então quando se usa
uma correlação deve-se ser conservativo e se usar os valores mais a favor da segurança. Se a economia resul-
tante de uma investigação mais detalhada não for significativa, se usa a correlação, sempre a favor da segu-
rança.
Quadro 8 - Valores Típicos de Ângulo de Atrito de Solos Granulares - (Peck et al, 1974)
MATERIAL VALORES DE ‘
FOFO COMPAC-
TO
Areia, grãos arredondados, uniforme 29 35
Areia, grãos arredondados, bem graduados 32 37
Areia, grãos angulares, uniforme 35 42
Areia, grãos angulares, bem graduados 35 45
Pedregulho arenoso 35 50
Areia siltosa 27 - 33 30 - 34
Silte inorgânico 27 - 30 30 - 35
Pressão de Pré-Adensamento:
Massad (2009) em estudo sobre as argilas marinhas da Baixada Santista, que serve de referência para
todas as argilas marinhas brasileiras, identificou três grupos de de argilas: 1) de mangue (as mais recentes);
2) Sedimentos Flúvio-Lagunares (SFL), também holocênicas; e 3) argilas de transição entre ambientes mari-
nho e continental (AT), pleistocênicas. As características de cada uma são:
1) Argilas de Mangue: NSPT ≈ 0; R.S.A. (O.C.R.) ≈ 1;
2) Sedimentos Flúvio-Lagunares (SFL): NSPT ≈ 0 a 4; R.S.A. (O.C.R.) ≈ 1,5 a 2,5;
3) Argilas Transicionais (AT): NSPT ≈ 5 a 25; R.S.A. (O.C.R.) ≥ 2,5;
O Department of the Army americano, USACE (1990), apresenta uma correlação mais elaborada mas
também, aparentemente, bem mais cautelosa:
25 N SPT
Se 1 , onde NSPT é o número índice do SPT e σ’vz é a tensão efetiva vertical no ponto, em
'vz
kPa, então o solo deve ser altamente pré-adensado.
De uma forma geral aceita-se que se a umidade natural do solo, wn, estiver próxima de seu Limite de
Liquidez, LL, o solo estará próximo à condição de normalmente adensado. Se estiver próxima do Limite de
Plasticidade será pré-adensado:
Se wn ≈ LL solo normalmente adensado;
Se wn ≈ LP solo pré-adensado.
Já Sowers (1979), refletindo um contexto diferente, sugere os valôres abaixo. Esta variação reforça a
necessidade de desenvolvimento ou confirmação das correlações para cada local e também até para cada cul-
tura (diferentes procedimentos, materiais, tolerâncias, etc.)
24
O termo “elástico” está entre aspas para lembrar que o comportamento dos solos nunca é perfeitamen-
te elástico. Daí ser comum o uso do termo “Módulo de Deformação” no lugar de “Módulo de Elasticidade”, E. O
Quadro 12 mostra valôres típicos de Coeficiente de Poisson, m, para solos e alguns outros materiais. O Quadro
13 mostra valôres de módulos de deformação estáticos, E.
25
O objetivo das sondagens é o de criar uma imagem tridimensional do subsolo das obras que ali serão
implantadas. Considerando-se a complexidade das formações geológicas e a simplicidade e limitação das son-
dagens esta é uma tarefa que deve estar sempre sob suspeita de erro. É tão difícil e sujeita a erros que muitos
consultores evitam apresentar tais interpretações (ou exercícios de “adivinhação”) com medo de cobranças
indevidas. Ora a Geotecnia é uma especialização onde os projetos só devem terminar quando a obra terminar
a contento. Conforme a obra progride (escavações expondo o subsolo, estacas identificando resistência, etc.)
novas informações são obtidas e pode-se então refinar os modelos criados para sua análise. Desta forma as
seções geotécnicas mostram o modelo de subsolo imaginado pelo projetista. Mais do que em outras especiali-
dades cabe ao engenheiro executor conferir se as hipóteses adotadas estão se materializando ou não na execu-
ção. O perfil geotécnico é a declaração do modelo imaginado e que deve nortear o executor.
Para o traçado do perfil admite-se de início alguma hipóteses bem simplistas. Por exemplo supõe-se
que o subsolo é formado por camadas de solo horizontais e infinitas. Assim se desenham vários perfis indivi-
duais de sondagens lado a lado e ao longo de um caminhamento. A primeira tentativa é de se identificar nos
vários perfis as camadas comuns (à mesma profundidade aproximadamente) e uni-las. As camadas que não
tiverem continuidade serão deixadas para análise posterior. E a seguir com base nos conhecimentos geológicos
e imaginação de cada um vai-se prosseguindo na montagem do quebra-cabeças. Nesta empreitada deve-se
observar que formações muito heterogêneas e complexas (às vezes caóticas) dificilmente terão alguma repre-
sentação confiável e portanto não justificam grandes esforços para representá-las. Basta uma designação ge-
nérica como por exemplo “misturas de areias finas fofas e argilas muito moles”. Formações simples e homogê-
neas podem justificar uma investigação mais aprofundada e detalhada, pois a interpretação será mais confiá-
vel. No entanto deve-se sempre ter em mente que cada caso é único e deve-se temer grandes generalizaçõoes.
26
Alguma regras geológicas ajudam na interpretação do modelo da formação geotécnica que estiver sen-
do estudada:
- As formações mais antigas são mais profundas. Por exemplo a sequência lógica (de cima para baixo)
das camadas é: solos sedimentares, solos residuais, rochas sedimentares, rochas metamórficas e rochas íg-
neas;
- As camadas de solos transportados por água são originalmente horizontais ou de inclinação suave
como numa praia ou num delta. No entanto podem apresentar limites inclinados se foram erodidas depois da
sedimentação;
- O conhecimento geral da região e suas origens geológicas ajuda muito na imaginação dos processos
genéticos daquele terreno: sopé de morro, baixada de rio, região de muitas lagoas e alagadiços, baixada costei-
ra, série Barreiras, etc.
A figura 18 mostra um perfil de sondagem relativamente simples. Todas as camadas se repetem ho-
mogeneamente nas sondagens. Mesmo aqui, acontece de não diferenciarem as 2 camadas superficiais de areia.
Além da cor existe a diferença fundamental da compacidade.
A figura 19 mostra um terreno marinho de deposição recente e algo conturbado pela construção de um
quebra-mar (enrocamento) no entorno. A variação de umidades e limites de Atterberg com a profundidade
sugerem uma variação das argilas que o exame visual e o NSPT não mostram. A ocorrência de silte argiloso
marinho com muita areia fina é intrigante. A sedimentação de silte argiloso requer um ambiente de águas
calmas e a areia fina um ambiente mais conturbado. Como se sedimentaram juntos? Isto lança a suspeita de
ocorrência de laminações alternadas de um solo e outro. Não seria uma mistura de silte argiloso com areia
fina (baixa permeabilidade e coeficiente de adensamento também baixo) mas sim um silte argiloso com lami-
nações horizontais de areia limpa (alta permeabilidade horizontal e coeficiente de adensamento também alto).
As amostras do solo muito mole não permitem distinguir-se as laminações pois se “desmancham”. Uma amos-
tra de qualidade melhor se secada e endurecida talvez permitisse tal visualização. E foi o que aconteceu.
A figura 20 ilustra o risco da confiança cega na “experiência do vizinho”. O trecho todo estava
coberto pelo mesmo brejo. Mas à direita, SP 2 e SP 3, a partir dos 5 / 7 metros inicia-se uma ca-
27
A Figura 22 mostra uma provável ocorrência de bloco(s) de rocha no subsolo. O desnívelde quase 10
A Figura 23 mostra à direita dois blocos de rocha identificados. Foram realizadas as sondagens SPT
usuais e previstas em norma e mais dezenas de sondagens por simples lavagem (SL). As sondagens de simples
lavagem (sem os ensaios de penetração SPT) servem para delinear o perfil do manto rochoso. Neste caso as
estacas tipo raiz (atravessam rocha) ainda tinham custo proibitivo e se justificava a pesquisa para se descobrir
os “buracos” entre os blocos de rocha e matacões por onde passar as estacas de trilhos usados. Neste caso tam-
bém os blocos de rocha (depois identificados como tal) não foram identificados no princípio. Quando as estacas
começaram a se aprofundar cerca de até 8 metros abaixo do “embasamento” rochoso, impenetrável, concluiu-
se que algo na interpretação do terreno (baseado em talvez umas 20 sondagens) estava errado. Para se obter
um perfil aproximado da rocha foram necessários quilômetros de sondagens.
Ranzini (1988) propôs o ensaio SPTF em adição ao ensaio SPT tradicional. A proposta dele foi bem
aceita e acabou se firmando como ensaio SPT-T. Consiste apenas num procedimento adicional ao tradicional
SPT: após a penetração total do amostrador o torque máximo necessário à sua rotação seria medido por meio
de um torquímetro. Então em cada penetração seriam obtidos dois índices: o tradicional NSPT e adicionalmente
o TSPT. É um ensaio com semelhanças com o bem mais antigo Ensaio de Palheta ou Vane Test que será apre-
sentado adiante.
De uma forma geral, para as penetrações de 45 cm, poderia-se usar apenas o torque T como índice.
Mas no caso de penetrações inferiores haveria necessidade de algum ajustamento, e então usa-se a resistência
ao cisalhamento vencida, fs, entre as paredes do amostrador e o solo (despreza-se a diferença entre a lateral de
aço/solo e o bico do amostrador solo/solo). Para as dimensões padronizadas pela ABNT para o amostrador SPT,
o valor da resistência (atrito e aderência), fs, é (Ranzini, 1994):
T
fs ( kgf / cm 2 )
40,5366 h 3,1711
Para h = altura cravada do amostrador, em cm ≤ 80 cm (altura total do amostrador)
T = torque em kgf x cm
ou
T
fs ( kPa )
41,336 h 0,032
Para T em kN x m, e h em m.
31
Alonso, 1996, usa dois valores de torque: um máximo, na primeira rotação e outro, mínimo ou residu-
al, após a resistência do solo cair para um valor mínimo e constante (pelo menos uma rotação completa do
amostrador, ou melhor duas). Segundo ele para os solos da Bacia Terciária da cidade de São Paulo a relação
Tmax/Tmin varia de 1,06 a 1,49 com a média de 1,22. Esta medida pode ser um ótimo indicador do zelo da equipe
de sondagem. Operadores menos cuidadosos já amolgariam o solo antes da penetração e a relação tenderia
para 1. Em solos sensíveis (vide definição em Índices Físicos) este erro seria evidenciado e dariam uma indica-
ção da sondagem como um todo.
Décourt em várias publicações (por exemplo 2002) define o “Índice de Torque” como sendo a relação
entre o torque (T) e o índice de penetração do SPT, (NSPT), e apresenta o quadro de valôres típicos a seguir.
Aponta aí que “quanto mais estruturado” (maior índice de vazios) for o solo maior será o índice de torque.
Quadro 14 – Classificação dos Solos em Função do Índice de Torque (T/N) (Décourt, 2002)
SOLO T/N (kgf x m)
Areias Sedimentares (limite inferior) ≈ 0,3
Solos da Bacia Sedimentar Terciária de S. Paulo ≈ 1,2
Solos Saprolíticos ≈ 2,0
Argilas Porosas Colapsíveis (SP) 2,5 / 5
Argilas Marinhas Moles (Santos) 3,0 / 4,0
Areias Sedimentares (limite superior) ≈ 10,0
No entanto Peixoto (2001) em sua tese de doutoramento recomenda cautela no uso deste índice: “são
valores regionais e mesmo assim, apresentam grande variabilidade”. Hespanhol Neto (2009) executou medi-
ções do SPT-T num único local da Grande Vitória, ES e os resultados estão resumidos no quadro 15. Aqui
também o índice de torque é inversamente proporcional à compacidade / consistência dos solos.
Quadro 15 – Valores do Índice de Torque (T/N) na Grande Vitória, ES (Hespanhol Neto, 2009)
SOLO T/N (kgf x m)
Areias Sedimentares (muito compacta/cimentada a fofa) 0,35 a 2,48
Argilas Silto-Arenosas Marinhas Moles a Muito Moles ≈ 1,11 a 1,22
Argilas Residuais Duras a Rijas ≈ 0,49 a 1,15
Talvez a maior vantagem do Torque, T, sobre a penetração, N, seja que enquanto o N é um ensaio de
energia controlada (a pancada é a mesma qualquer que seja o solo e sua resistência. O que varia é o avanço do
amostrador sob cada golpe) o ensaio T é de deslocamento controlado (o momento varia com a resistência do
solo). No entanto a medida de torque não elimina todos os problemas do ensaio SPT. Por exemplo o problema
de descarga d’água direta pela ponta da tubulação de lavagem junto ao trépano e a classificação dos solos. Nos
exemplos acima a maior divergência ocorre em solos fofos ou moles (mais sensíveis ao jato d’água) e na argila
mole. Qual método foi usado para classificação? HRB ou Sistema Unificado de Classificação? A NBR 7250,
baseada em granulometria, não foi.
O ensaio penetrométrico foi inventado quando o primeiro homem enfiou um galho numa poça de lama
para testar sua profundidade. No estágio atual o ensaio penetrométrico mais difundido na engenharia geotéc-
nica é o SPT. Para atingir tal popularidade há necessidade de se fazer algumas concessões. Como consequên-
cia esta convivência é de “amor e ódio” e muitas são as críticas ao ensaio. Mas quando se analisar (mais adian-
te) as opções se verá que ele continua indispensável e deverá continuar assim. Bowles (1977, 1982) alinhavou
as vantagens e pontos favoráveis a seguir (a serem examinadas face as opções):
Vantagens:
1 - Custo relativamente baixo (R$ 40 a R$ 50 / m);
2 - Facilidade de execução, alcança locais de difícil acesso, penetra quase todos tipos de solos e até algumas
rochas brandas;
3 - Permite coletar amostras amolgadas mas representativas a diferentes profundidades, inclusive abaixo do
nível d’água;
4 - Fornece indicações da consistência ou compacidade dos solos, quando se utiliza equipamento padronizado
de penetração;
5 - Determina a profundidade do lençol freático;
6 - Existe enorme disponibilidade de equipamentos ao redor do mundo todo;
7 - O grande acúmulo de dados e métodos de cálculo com base no SPT, e que continua crescendo;
32
8 - É universalmente aceito que o SPT pode ser uma etapa preliminar de investigação a ser complementada,
se necessário, por outros métodos.
No entanto existe a queixa generalizada, mesmo que seja executado com “perfeição”, de que seja um
método muito grosseiro. É um método de energia controlada (o golpe do martelo) e que testa o solo (penetra-
ção) de uma forma dinâmica num fenômeno não equacionado. Tem que ser interpretado de forma empírica. E
aí os seguintes pontos desfavoráveis e erros frequentes são alinhavados (Bowles, 1977, 1982):
Desvantagens:
1 - Empírico (baseado em correlações estatísticas);
2 – Efeito do confinamento que faz que o número de golpes varie com a profundidade do ensaio;
3 - Variação da altura de queda;
4 – Variação de energia de cravação dependendo do equipamento e procedimento. Aqui no Brasil admite-se
que a eficiência típica seja da ordem de 70%, enquanto que nos E.U.A. existe caso de eficiência de apenas 45%
(Bowles, 1996);
5 - Sapata cortante gasta e deformada;
6 - Limpeza inadequada do material revolvido da base do furo (pode ser falta de limpeza ou jato de lavagem
forte demais e despejado diretamente no fundo do furo);
7 - Comprimento de tubos (profundidade) influencia resultados;
8 - Insuficiência de pressão hidrostática no furo (areia movediça). Se o o nível do líquido no furo é mais baixo
do que o do solo ou, pior, se ele for repentinamente abaixado (sacando-se rapidamente a tubulação e amostra-
dor do furo, pór exemplo), a água do solo tende a fluir para o furo e causar a queda da pressão efetiva;
9 - Não fornece bons resultados (precisos) em solos pedregulhosos;
10 – E com certeza o maior problema já que é um procedimento fortemente dependente da qualidade da mão
de obra: Falta de zelo da equipe de sondagem!
As sondagens SPT avançam até alcançarem a profundidade programada ou atingirem material “impe-
netrável”. Será “impenetrável à percussão” se o número de golpes exceder valores limites definidos na NBR
6484 ou “impenetrável ao trépano” se o avanço com o trépano de lavagem for inferior àqueles estipulados na
mesma norma. Este “impenetrável” pode ser apenas solo muito resistente (até penetrável com certo esforço),
uma obstrução qualquer como uma pedra ou matacão (ou mais inusitadamente um casco de navio num terre-
no de aterro marinho, ou uma tora de madeira fóssil), uma camada de rocha sedimentar (no litoral oceânico de
Vilha Velha,ES, ocorre uma camada de arenito quase superficial cuja resistência alcançou até 35 MPa a com-
pressão simples e que às vezes se assenta sobre argilas moles e/ou areias fofas. Camada semelhante ocorre na
Barra da Tijuca, RJ), alguma concreção (na Formação Barreiras não são incomuns concreções lateríticas –
ferruginosas que formam muitos recifes no litoral), ou mais comumente a rocha mãe.
A NBR 8036 comenta que se o conhecimento geológico do local indicar não haver abaixo da profundi-
dade de sondagem “camadas menos cosistentes ou compactas pode-se parar a sondagem naquela camada”.
Também se acima do impenetrável houver camada adequada para o suporte da fundação pode-se finalizar a
sondagem. Por outro lado “nos casos de fundações de importância” ou se o apoio da fundação é o próprio “im-
penetrável” aconselha a “verificação da natureza e da continuidade da camada impenetrável. Nestes casos, a
profundidade mínima a investigar é de 5m”. Neste ponto a norma, sabiamente, é reticente e respeita as tradi-
ções de cada local, deixando ao projetista a decisão final.
De exposto vê-se que o objetivo de avanço da sondagem é verificar a adequabilidade do “impenetrável”
para apoio das fundações. Ora as sondagens no “impenetrável” (usualmente rocha) são muito mais caras (cer-
ca de 7 vezes) do que a sondagem com SPT apenas e ainda comumente requerem a mobilização de outro equi-
pamento. Então aquele “impenetrável” só deve ser investigado se for viável assentar-se fundações nele. Se
houver indícios de que aquele “impenetrável” possa ser um matacão ou bloco de rocha isolado, ou um paredão
de rocha subterrânea (do tipo das encostas do Pão de Açucar) onde estacas resvalariam, ou qualquer situação
que a geometria da superfície rochosa fosse um fator determinante de opção do projeto não interessaria conhe-
cer a rocha em si. Interessaria conhecer-se sua geometria para poder-se “fugir” dos detalhes adversos. Por
exemplo no caso de matacão saber-se seus limites para se evitar o posicionamento de estacas sobre ele. As
estacas seriam locadas “fugindo” da interferência (mesmo que se tenha de lançar mão de vigas de transição
sob os pilares).
No caso acima em que a geometria do “impenetrável” é o que importa pode-se lançar mão das sonda-
gens por simples lavagem. Usa o mesmo procedimento da sondagem SPT execeto o próprio ensaio SPT.
Vai-se perfurando continuamente o solo sem as interrupções do cravação do amostreador. A classificação é
precária, com base apenas no material que sai do furo na lavagem. Mas isto não importa (se importar faz-se
33
penetrações onde interessar) pois já se conhece o perfil das sondagens iniciais onde se determinou o “impene-
trável” duvidoso. Quer-se saber apenas onde está a rocha e isto a simples pefuração determina sem dúvidas. É
uma sondagem 30% mais barata do que o SPT completo. Com o preço de 1 m de sondagem dentro da rocha
faz-se 10 m de simples lavagem.
Então se a geometria do “impenetrável” for aceitável mas ainda resta dúvida quanto às suas caracte-
rísticas e continuidade (por exemplo camada compressível abaixo) deve-se investigá-lo. O procedimento usual
para tal é a sondagem rotativa. Basicamente um tubo amostrador (barrilete) é pressionado contra a rocha no
fundo do furo e girado. A ponta do tubo é constituído por uma coroa de metal duro (vídia (ou widia) por exem-
plo) se a a rocha for branda (ou o solo muito duro / cimentado) ou com um metal mole “recheado” com diaman-
tes industriais (o metal se desgasta e expõe os diamantes que cortam a rocha). Os detritos da rocha são remo-
vidos (para a superfície) por circulação de água. A água desce por dentro das hastes de perfuração passa por
dentro do amostrador e retorna à superfície com os detritos. Se o tubo amostrador (barrilete) for simples (figu-
ra 24a) a água “lava” a amostra, removendo o material menos coeso, que é a situação usual. Caso queira se
preservar esse material mais fraco (por exemplo um preencimento terroso de uma junta de rocha) pode-se
usar o barrilete duplo (além do barrilete giratório e cortante, há outro tubo interno que envolve a amostra e a
protege da água de circulação) que está mostrado na figura 24 b. Este amostrador duplo é muito parecido com
o tipo Denison que é usado em solos muito duros ou rochas muito brandas. A diferença básica é que no Deni-
son (usado para materiais mais fracos) o tubo interno fica abaixo da sapata cortante do amostrador e protege
melhor a amostra (testemunho) da circulação d’água. O material mais fraco permite uma pequena cravação do
tubo interno.
O fluido de circulação usual na perfuração é água e para mante-la aberta em solo necessita-se revesti-
la. O revestimento é constituído por um tubo metálico mais largo que tem uma sapata cortante e é introduzido
no solo também por rotação. Assenta-se o revestimento no “impenetrável” (usualmente rocha) e se desce por
seu interior o barrilete amostrador (0,6 a 3 metros) que avança rocha adentro em etapas (os sondadores cha-
mam cada trecho de “manobra”) da ordem de 1 metro. Se a rocha for coesa a sondagem rotativa esculpe um
cilindro na mesma que será extraído para a superfície, como amostra (testemunho). A figura 25 ilustra o es-
quema geral de uma sondagem rotativa, e no detalhe mostra um dos equipamentos mais comuns no Brasil, a
Mach920 da Maquesonda, vulgo “perereca”. A figura 26 mostra o barrilete (simples), peças acessórias e amos-
tras de cha. O barrilete é rosqueado nas hastes de perfuração, e no barrilete se rosqueiam o “calibrador”
(alarga a perfuração e impede que o barrilete fique preso) e finalmente a coroa. O tipo de coroa, a qualidade, a
quantidade e o tamanho de diamantes dependem da dureza da rocha a se perfurar.
O quadro 16 mostra os tamanhos usuais das ferramentas usadas em sondagens rotativas. Os padrões
usuais são o *X (mais antigo) e o *W, sendo cada família compatível entre si. O tamanho de referência inter-
nacional é o “NX” (ou NW), mas o “BX” (ou BW) tam-
bém é usado como primeira referência. Quanto maior
o tamanho maior a amostra e mais cara. O tamanho
B (ou maior) permite que se façam ensaios SPT no
furo. Assim, por exemplo, ao se executar uma sonda-
gem rotativa num dado “impenetrável” verifica-se
que o material é na realidade um matacão ou mesmo
um bloco de rocha imerso numa matriz de solo e é
necessário investigar-se este solo. O ensaio adequado
para solos é o SPT e não sondagem rotativa. Se o
“impenetrável” foi perfurado com diâmetro B*, sim-
plesmente troca-se o equipamento de rotativa (usu-
almente mantendo-se o revestimento) pelo de SPT e
prossegue-se, abaixo do matacão ou bloco de rocha, a
sondagem convencional em solos.
Outra siuação que demanda uso de mais de um tamanho de ferramenta de rotativa é a ocorrência de
uma sucessão de vários “impenetráveis” (matacões por exemplo ou rochas metamórficas intemperizadas). O
primeiro “impenetrável” é atingido por um dado revestimento. Vamos supor que seja do tamanho “NX”, como
na figura 27. Por dentro do revestimento “NX” baixa-se a coroa “NX” e atravessa-se tal impenetrável atingin-
do-se uma nova camada de solo. Prossegue-se com sondagem SPT até atingir-se um 2º “impenetrável”. Não se
pode retomar a sondagem rotativa “NX” pois o trecho em solo pode desmoronar e causar a perda da ferramen-
ta. O revestimento “NX” não passa pela perfuração da coroa “NX”. Então o artifício é “reduzir-se” a sondagem
para o tamanho imediatamente inferior, “BX”. O revestimento “BX” passa pela perfuração da coroa “NX” e
avança até o 2º “impenetrável”, que é perfurado pela coroa “BX”. E assim sucessivamente até o tamanho mais
fino disponível (o tamanho “A” é facilmente encontrado). Esta alternância de rocha e solo ocorre por exemplo
em rochas xistosas (metamórficas) alteradas. Cada camada xistosa tem diferente resistência ao intemperismo.
E assim uma dada camada se altera mais rapidamente em solo enquanto outra(s) permanece(m) coesa(s) e
íntegra(s) como rocha. Na orla marinha da Praia da Costa, Vila Velha, ES, existe a cerca de 5 / 7 metros de
profundidade uma camada de areia muito compacta e cimentada com cerca de 8 metros de espessura. Esta
camada às vezes só é transponível por equipamento de rotativa (o arenito às vezes é mais resistente do que
concreto com qu de até 35 MPa). Abaixo do arenito é comum a ocorrência de argilas marinhas moles. O emba-
samento cristalino (granítico) só ocorre por volta dos 20 a 30 metros ou mais.
35
Figura 28 – Termos usados em mapas geológicos segundo ISRM (International Society of Rock Mechanics)
(Wyllie, 1999 in Sabatini et al 2002)
Termo Descrição
Sã (ou Fresca) Nenhum sinal de alteração. Admite-se leve descoloração na superfície das des-
continuidades principais.
Levemente Alterada Descoloração indica alteração do material rochoso e das superfícies das des-
conntinuidades. Todo o material rochoso pode estar descolorido pelo intempe-
rismo e a superfície externa pode estar um tanto mais fraca do que na condição
sã.
Moderadamente Alterada Menos da metade do material rochoso está decomposto e/ou desintegrado
(transformado) em solo. Rocha sã ou descolorida permanece presente ou como
uma matriz descontínua ou como bolas de rocha.
Altamente Alterada Mais da metade do material rochoso está decomposto e/ou desintegrado (trans-
formado) em solo. Rocha sã ou descolorida permanece presente ou como uma
matriz descontínua ou como bolas de rocha.
Completamente Alterada Todo o material rochoso está decomposto e/ou desintegrado (transformado) em
solo. A estrutura original da rocha ainda é visível no solo da alteração.
Solo Residual Todo o material rochoso está convertido (trasformado) em solo. A estrutura da
massa rochosa (aspecto macroscópico do conjunto: acamamento, xistosidade,
fraturas, etc.) e sua fábrica (relativo ao arranjo – textura dos constituintes da
rocha) desapareceram. Pode ter havido grande mudança de volume da massa
mas ela (transformada em solo) não sofreu transporte significativo.
A ISRM (1983) define o espaçamento (ou frequência) de descontinuidades (usualmente juntas) ao lon-
go de linhas retas na massa rochosa. No caso da sondagens esta linha está definida como o alinhamento do
furo de sondagem (usualmente vertical). O quadro 18 mostra a classificação, que influencia na resistência,
compressibilidade e permeabilidade da massa rochosa como um todo. Aqui no Brasil usa-se muito o “Grau de
Fraturamento” como definido no Quadro 19.
Específicamente para sondagens rotativas desenvolveu-se primeiro o critério de “Recuperação”. A re-
cuperação, em percentagem, é a relação entre o comprimento de uma dada manobra (o trecho de perfuração
da rocha numa dada etapa de operação). Isto é feito independente do diâmetro do amostreador (os mais finos
produzem mais fraturamento da rocha), da sanidade da rocha (o material mais intemperizado é carreado pela
água de perfuração) e dos tamanhos dos fragmentos de rocha recuperados (os fragmentos pequenos são junta-
dos). Posteriormente surgiu um critério mais rigoroso de se medir a recuperação: o R.Q.D. (Rock Quality De-
37
signation) proposto por Deer (1964, apud Sowers, 1979). O R.Q.D. somente é aplicável a mostras de tamanho
N ou superior. Os fragmentos (medidos ao longo do eixo da amostra) devem ter um comprimento mínimode
100 mm e serem de rocha sã. As fraturas nitidamente causadas pela perfuração (superfícies ásperas e frescas)
não são consideradas e os pedaços são ajustados e medidos juntos. Como consequência o R.Q.D. é usualmente
menor do que a recuperação e, no máximo, igual. A figura 29 ilustra os procedimentos usados na medida dos 2
índices, que são usados aqui no Brasil e o quadro 20 apresenta a classificação da qualidade da rocha segundo o
RQD.
Uma experiência frustante na investigação de maciços rochosos é a identificação das suas descontinui-
dades (juntas, zonas intemperizadas, etc) que são os determinantes de seu comportamento. O material de
preenchimento dessas juntas é fraco e “lavado” na operação de sondagem convencional. Um exemplo típico de
algumas sondagens é uma identificção do tipo “fenda de 20 cm”. Ao se questionar o sondador ele informa, por
exemplo, que é uma fenda aberta, sem preenchimento pois houve perda d’água. Ao se tentar a obturação da
“cavidade” não se consegue injetar calda de cimento alguma. Ou se a cavidade é relativamente rasa manda-se
aprofundar a escavação da rocha até ultrapassar o defeito do maciço. Nessa escavação expõe-se a tal cavidade
que constata-se ser apenas uma junta milimétrica com as faces ligeiramente alteradas. Um procedimento
sugerido por Rocha (1971) pode sanar a dúvida: No maciço sem recuperação total primeiro faz-se um furo fino
(por exemplo E ou A). Neste furo intala-se uma barra de ferro e injeta-se calda de cimento. A calda de cimento
obturaria as cavidades e “grudaria” no material mais fraco. Após endurecimento do cimento reperfura-se o
maciço com um diâmetro maior (HX ou mais) envolvendo o furo mais fino. Os vazios seriam substituídos pelo
cimento e o material alterado aderido no cimento seria recuperado.
As figuras 30 e 31 mostram boletins de sondagens mistas: um
trecho em solo com sondagens SPT e outro trecho em rocha com sonda-
gem rotativa. Na figura 30 todos os trechos em solo foram investigados
com sondagem SPT. Após atravessar um bloco solto de rocha o certo
seria introduzir um revestimento reduzido (tamanho A) na perfuração.
No caso o sondador se arriscou a ter o furo fechado e perder o barrilete
na perfuração da rocha mãe mais abaixo e prosseguiu o furo BX em
solo sem revestimento. Na figura 31 o primeiro trecho de solo foi ape-
nas atravessado por sondagem de simples lavagem. Neste segundo caso
o trecho superficial em solo não interessava: ou já tinha sido investiga-
do em alguma campanha anterior ou já estava definido que as funda-
ções teriam que ser apoiadas na rocha, por exemplo.
Um equipamento usualmente presente nas obras que lidam com fundações em rocha é o barulhento
martelete (perfuratriz de rocha), que vantajosamente pode ser usado para investigação de rochas aflorantes. A
foto 3 a seguir mostra uma ocorrência de rocha conturbada (junta aberta) já parcialmente cortada pelo modes-
to martelete da figura. Nesta e em outras obras similares há necessidade de se verificar se a rocha exposta é
contínua ou se é o final de um bloco de rocha. As descontinuidades ocorrem em regiões muito pequenas para
serem economicamente mapeadas por sondagem rotativa convencional. Para cada sapata usualmente há uma
escavação individual e isolada. Há necessidade de pelo menos uma sondagem (as vezes mais) por pilar. Isto
pode ser feito de forma confiável e econômica por marteletes.
Na região da Grande Vitória é comum usarem as brocas da “Série 12” que têm as seguintes dimensões:
Quadro 21 – Dimensões de Brocas da Série 12 (Ctálogo Sandvik-Coromant apud Ricardo e Catalani, 1981)
De uma forma geral a perfuração precisa ser seca para que o ar comprimido do compressor consiga
fazer a limpeza (poeira). Havendo água água esta se mistura com o pó da furação e cria uma “pasta” que os
compressores menos potentes não conseguem expulsar e a broca fica presa. Também não se consegue atraves-
sar solo nalguma eventual descontinuidade do solo (“passagem” segundo os marteleteiros). Mas aí a principal
41
função da sondagem (alertar sobre descontinuidades da rocha) já teria sido cumprida. E como a perfuração é
razoavelmente larga (até cerca de 5 cm de diâmetro) pode-se tentar alguma pesquisa dessa descontinuidade
com algum tubo metálico (como o de água quente, de cobre).
convencional. Outro problema é que os marteleteiros geralmente não são do ramo geotécnico e a descrição dos
materiais precisam ser “decifradas” (geralmente numa visita a obra). Para as rochas graníticas de Vitória se o
pó da perfuração é esbranquiçado a rocha é dita “sã” e se amarelada é dita “decomposta”. Usualmente os ter-
mos são rocha sã, decomposta e moledo. Como dito a tal “rocha decomposta” na realidade é uma rocha ligei-
ramente alterada em que o feldspato está com coloração alterada. Se fosse decomposta o martelete não conse-
guiria perfurar o material, pois precisa de reação para quicar após cada golpe.
Quanto às “fendas 3 cm” foi feita uma pesquisa mais detalhada. Todas ocorriam a profundidades simi-
lares, em todas havia emanação visível de água, havia histórico de “fendas” nas redondezas e uma investiga-
ção com hastes de arame (ponta em anzol) deixou dúvidas. Por via das dúvidas as tais fensas foram obturadas
com injeção de calda de cimento. A abertura real das fendas não se conseguiu medir, mas também a sondagem
rotativa convencional não permitiria.
Neste capítulo são apresentados alguns métodos de investigação adicionais. Tais métodos podem ser
até corriqueiros dependendendo do tipo de obra, do porte e importância e do país e do local. São mais ou menos
corriqueiros na literatura internacional, mas não fazem parte da prática do dia a dia no Brasil.
43
No modelo original (cone holandês) eram 2 peças de movimentações independentes: a ponteira (em-
purrada por uma haste central) e as hastes externas. Seja a primeira posição da figura 3a que estaria dentro
do solo a uma profundidade qualquer. Empurrando-se apenas a haste central esta se deslocaria para a 2ª posi-
ção e as hastes externas permaneceriam paradas (obtenção de qc). Agora seriam empurradas as hastes exter-
nas até a 3ª posição e estaria completado o ciclo num avanço similar ao de uma lagarta “de-palmo”. O atrito
local seria obtido pela diferença entre os esforços de avanço das hastes externas (a movimentação atual das
hastes externas e a movimentação anterior) dividida pela área do avanço (avanço x perímetro das hastes ex-
ternas). Não é uma medição confiável.
No modelo de Begemann adicionou-se mais uma posição intermediária com uma luva de atrito apenas
para medição do atrito lateral local. Finalmente no sistema do modelo atual com o cone elétrico tudo se auto-
matizou. O conjunto todo é empurrado de uma só vez e diferentes extensômetro (strain gages) e sensores se
encarregam de obter os dados de forma independente. Com o surgimento do cone elétrico “abriu-se a tempora-
da de sensores”. Os mais diversos sensores tem sido adicionados ao cone: temperatura, geofones (sondagens
sísmicas), câmeras, sensores elétricos (sondagens elétricas) e etc. Destes o sensor mais valorizado parece ser o
de medição de pressões neutra no solo (u) e com o nome de CPTu. A foto 4 obtida no “site” da Gregg Drilling &
Testing, Inc. mostra o cone elétrico com medidor de pressões neutras, o CPTu ou piezocone. Esta medição mos-
tra que as pressões neutras criadas com a penetração do cone em argilas é significativa e gera distorções no
valor da resistência de ponta, qc, do cone que precisa ser corrigida pela expressão:
qt qc u2 (1 a)
Onde
qt = resistência de cone corrigida para argilas. Para areias qc = qt
qc = resistência de cone convencional
44
Para se ter a penetração “estática” do cone (sem impactos) há necessidade de se ter algum escoramen-
to para a força que empurra a ponteira solo adentro. Dependendo da situação esta força pode até exceder 100
kN (massa de 10 toneladas). A figura 35 mostra algumas alternativas usadas para se obter esta reação. En-
quanto no SPT controla-se a energia de penetração (o peso e altura do martelo) no CPT controla-se a velocida-
de de penetração da ponteira cônica. Onde o solo é mais mole ou mais fofo a força é menor. Com isto a sensibi-
lidade do cone é maior, e pode-se discernir menores variações.
Os objetivos de de todas as sondagens são os mesmos: identificação das camadas de solos e suas pro-
priedades de engenharia, bem como as condições do lençol d’água subterrâneo. O ensaio de referência para
todos é o SPT. Quando já se tem um quadro geral do terreno (dado pelo SPT por exemplo) o CPT é muito mais
confiável em apresentar detalhes do terreno. Segundo Robertson e Robertson, 2012 as vantagens do CPT são:
Fornece informações contínuas e rápidas de todo o perfil;
Dados confiáveis e consistentes (ao se repetir a sondagem os resultados são os mesmos). Não
dependem da qualidade e zelo do operador;
Econômicos e com produtividade;
Base teórica sólida para interpretação de resultados.
Como desvantagens apontam:
Investimento financeiro inicial alto;
Requer operadores treinados e mais instruídos;
Não obtêm amostras do solo na sondagem;
Penetração pode ser impossível em camadas cimentadas e / opu pedregulhosas.
A UFES possui um equipamento mecânico do tipo mais antigo o cone holandês. O sistema de reação
usado é do tipo da figura 35a (cargueira) que restringe seu uso a situações muito especiais. Quanto ao da figu-
ra 35b (carreta ancorada) o problema é que o solo superficial precisa ser firme. Num brejo onde seu uso é indi-
cado o solo superficial pode não oferecer a reação necessária. Aparentemente o CPT é muito usado como um
complemento mais refinado ao ensaio SPT, numa segunda etapa da investigação e acompanhados do equipa-
mento SPT (para atravessar camadas muito resistentes, por exemplo). Poderia ser talvez incluído na etapa de
“investigação detalhada” a ser vista adiante. Quando existe dúvida a respeito do real valor do NSPT de uma
camada, ou da real espessura de camadas (laminações de solos moles ou compactação) é um ensaio imbatível.
A figura 36 mostra o resultado de um ensaio CPTu. É um aterro sobre um brejo em que já se conhecia o perfil
45
do terreno e se quis refinar os dados. Só pela resistência de ponta, qt (qc corrigida para a pressão neutra), fica
fácil distinguir as camadas do aterro, da principal camada de argila mole, e de camadas de areia alternadas
com argila mole no fundo. A razão de atrito, Rf, mostra que “a” camada de argila orgânica não é única. Dos 9
m a quase 13 m é uma e daí para baixo outra. Os zigue-zags da razão de atrito e principalmente da pressão
neutra, u, indicam a possível ocorrência de laminações mais arenosas.
Para classificação dos solos encontrados Robertson e (Robertson), 2012 apresentam o gráfico da figura
37. Cautelosamente não chamam de “classificação” mas sim de solos de comportamento segundo o CPT de
vários tipos. Não é tão “rico” de informações como no SPT em que se pode VER e ensaiar a amostra mas apre-
senta contribuições também. Por exemplo na figura 36 observou-se 2 camadas distintas na argila orgânica. A
figura 37 mostra que a parte superior é mais orgânica.
Talvez a possibilidade mais desejável do ensaio de piezocone, CPTu, é o de realização de vários ensaios
de adensamento no ensaio para obtenção do coeficiente de adensamento, ch. Conforme o piezocone vai pene-
trando no terreno ele vai cisalhando e comprimindo o solo. Isto se traduz em alteração das pressões neutras
(aumento no caso de argilas moles normalmente adensadas). Ao se interromper a cravação do piezocone e
acompanhar-se a dissipação do excesso de pressões neutras (poropressões) está-se registrando o processo de
adensamento naquele ponto. Toda vez que repetir-se este processo em diferentes profundidades se terá outro
ensaio de adensamento.
Zona Tipo de Comportamento do Solo
1 Sensível, granulometria fina
2 Solos orgânicos ‐ argila
3 Argila – argila siltosa a argila
4 Misturas de solos – silte argiloso a argila siltosa
5 Misturas arenosas – areia siltosa a silte arenoso
6 Areia – areia limpa a areia siltosa
7 Areia pedregulhosa a areia compacta
8 Areia muito rígida a areia argilosa*
9 Solo fino muito rijo*
* Fortemente pré‐adensado ou cimentados
pa = pressão atmosférica = 100 kPa = 1 kgf/cm²
Figura 37 – Gráfico de Tipos de Comportamento de Solos pelo CPT (Robertson e Robertson, 2012)
46
A figura 38 mostra um gráfico para obtenção do coeficiente de adensamento horizontal do solo, ch. O
ensaio convencional em laboratório obriga que a dissipação do excesso das pressões ocorra na direção vertical
e daí a notação cv. No piezocone o modelo de análise admite que a dissipação seja horizontal. Para se obter ch
precisa-se do tempo, t50, em que 50% do excesso de pres-
sões neutras (acima da pressão hidrostática do terreno no
ponto) geradas pelo piezocone se dissipa. Com este valor
entra-se no gráfico e apartir de uma das teorias se obtem
ch. Na teoria de Teh e Houlsby depende-se ainda do “Ín-
dice de Rigidez”, Ir, definido como:
I r G su
Onde: su = resistência não drenada do solo;
G = módulo de cisalhamento do solo.
E
Sendo: G
2(1 )
Onde: τ = tensão cisalhante;
ε = deformação correspondente;
E = módulo de deformação (elástico);
μ = coeficiente de Poisson.
Como a permeabilidade horizontal costuma ser igual ou
maior do que a vertical a mesma tendência deve se repetir
para o coeficiente de adensamento. No entanto estas me-
dições ainda são pontuais e podem não representar o
comportamento do solo como um todo. Ao se analisar o
tempo de recalque todas as fronteiras permeáveis devem
estar identificadas e isto nem sempre se consegue.
Embora o objetivo possa ser o de uso ou de SPT ou de CPT existem muitas situações em que se quer
“transitar” entre os 2 métodos de investigação. Assim é conveniente se ter correlações entre os 2 resultados: qc
e NSPT. A proposta que parece ser internacionalmente mais aceita está mostrada na figura 39. Usou-se a pres-
são atmosférica, pa (= 100 kPa = 1 kgf/cm²), apenas para ter-se um valor adimensional. Aqui no Brasil a corre-
lação mais difundida parece ser a de Danziger e Velloso, 1986 desenvolvida com resultados do Rio de Janeiro e
onde há referência a “cone holandês”. Esta correlação está reproduzida no Quadro 22.
Figuras 39 – Correlação do CPT, qc, com SPT, NSPT (Robertson et al, 1983 em Schnaid, 2000)
47
A figura 40 ilustra a maior riqueza de informações do cone. Muitas das dúvidas poderiam ser esclare-
cidas com o piezocone, CPTu. A resistência é proporcional à tensão de confinamento. A parcela relativa à peso
próprio (Σɣ.h) é proporcional à profundidade. Se o prolongamento da reta de qc com profundidade chega a zero
na superfície (h=0) é porque a única tensão é a da profundidade e o solo é normalmente adensado.
Para o cone estático a maior dificuldade e o maior custo executivo é do sistema de reação necessário.
Outra coisa complicada é a medição separada da reação da ponta e a reação lateral. Se estes itens forem eli-
minados pode-se chegar ao velho barra-minas e ao penetrômetro de impacto, que em sua forma mais simples é
uma haste cravada a pancadas no solo. Na Europa seu uso parece ser bastante difundido.
Das informações do cone estático a resistência de ponta é a mais importante. A penetração “estática” é
mais importante para solos de baixa resistência. Com estas limitações em mente pode-se usar o ensaio de pe-
netração dinâmico como uma imitação barata do ensaio estático do cone. Duas grandes vantagens serão man-
tidas: traçado contínuo com a profundidade do solo e quase independência da qualidade da mão de obra. Adi-
cionalmente, para os equipamentos mais leves, tem-se a total portabilidade do equipamento. Para controle de
compactação (resistência e espessura das camadas), para controle superficial do terreno de apoio de fundações
diretas, para avaliação superficial de solos (o primeiro resultado do SPT só ocorre a 1 m de profundidade),
para confirmação (ou não) de resultados do SPT, e outras aplicações o ensaio é excelente.
Um problema dos penetrômetros dinâmicos é que são tão intuitivos, tão baratos e tão fáceis de fazer
que a variedade de modelos se tornou enorme, o que dificulta a troca de informações. Felizmente a Sociedade
Internacional de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações (ISSMFE em inglês), agora Sociedade Inter-
nacional de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ISSMGE em inglês) em 1989 (ISSMFE, 1989) apre-
sentou uma proposta de padronização que vem sendo seguida pelas normas dos países europeus.
São considerados 4 tipos de penetrômetros cujas características básicas estão mostradas no Quadro 23. Os
mais interessantes parecem ser o leve (pela portabilidade) e o super-pesado (usa o equipamento e é similar ao
SPT onde apenas se substitue o amostrador pela ponteira cônica).
O procedimento do ensaio é bem simples e direto. Com uma haste de 1 m procede-se a a penetração do
equipamento no solo em pequenos trechos (10 cm na norma europeia, 20 cm aqui em Vitória ou 30 cm) e ano-
ta-se o número de golpes dados. Atingido 0,8 m de penetração interrompe-se o processo e adiciona-se mais
uma haste de 1 m. Dá-se vários giros no equipamento para “soltá-lo” do solo preferivelmente com um torquí-
metro (em solos resistentes reduz-se o intervalo). Enquanto os golpes avaliam a resistência total do terreno
(ponta e lateral) o giro vai avaliar apenas a resistência lateral e assim indicar a validade ou não de considerar-
se apenas a resistência de ponta. E assim prossegue-se até a profundidade especificada ou “impenetrável”.
Este “impenetrável” vai depender do terreno sendo sondado. Na literatura fala-se em 15 m ou mais mas usa-
se macacos para extração das hastes. Aqui em Vitória as profundidades máximas giram no entorno de 4 m
para o penetrômetro leve e de 8 m para o super-pesado. No caso do super-pesado quando ele é usado em con-
junção com o SPT (caso usual) uma vez atingido um “impenetrável” ao penetrômetro pode-se retomar o proce-
dimento do SPT e escavar o terreno por simples lavagem até cerca de 1 m antes da penetração máxima ante-
rior do PD (ou atravessar alguma camada mais resistente) e retomar-se o ensaio PD até outro “impenetrável”.
O giro do penetrômetro vai indicar como está a resistência lateral que pode até prender a ponteira e impossibi-
litar sua retirada (o uso de ponteira perdida facilita a extração das hastes).
É muito frequente na literatura que os resultados dos ensaios sejam representados pelo número de
golpes em cada penetração, NPD, mas a recomendação oficial é que seja convertida para tensão média de pene-
tração, qd, assemelhada a resistência estática do cone, qc. Para tal usa-se fórmula de cravação dinâmica de
estacas.
M M g h N PD R
RPD qd PD onde:
M M' e A
RPD = Força de resistência dinâmica à penetração da ponteira
qd = Tensão de resistência dinâmica à penetração da ponteira
M = Massa do martelo
M’ = Massa total de hastes, cabeça de bater, ponteira e o que estiver ligado à ponteira
g = aceleração da gravidade = 9,80665 m/s²
h = altura de queda do martelo
NPD = número de pancadas para avanço “e” da ponteira
e = avanço da ponteira sob NPD pancadas
50
A apresentação em termos de “qd” é preferível pois existem diferentes penetrômetros e opção de avanço
em 10, 20 ou 30 cm. Assim todas essas alternativas seriam normatizadas para um mesmo parâmetro, qd.
O processo subentende que a resistência do solo ocorre apenas na área de projeção da ponta do pene-
trômetro. Existe o recurso de se usar hastes ocas e perfuradas por onde se injetaria bentonita que preencheria
o espaço anelar entre as hastes e o solo, impedindo o desenvolvimento de resistência lateral. Mas isto parece
ser pouco usado. Para se avaliar a contribuição da resistência pode-se usar o momento MT medido pelo tor-
químetro. Supondo-se só haver contato com o solo na ponta do penetrômetro (distância 1,5xD) o esforço atuan-
do seria:
0,6 M T 2,55 M T
fD 3
se área lateral 4, 25 D 2 então RLD onde:
D D
RLD = Força de resistência lateral na ponteira
fD = Tensão de resistência lateral na ponteira
MT = Momento medido pelo torquímetro no giro da ponteira
D = Diâmetro da ponteira
apenas o número de pancadas de cada penetração pela possibilidade de interpretação direta no campo sem
necessidade de cálculos. Como existem inúmeros tipos de penetrômetros dinâmicos este tipo de apresentação é
desaconselhada.
51
Um uso muito comum do uso de penetrômetros dinâmicos leves ou manuais (PDL ou PDM) é o de con-
trole de compacidade de areias de apoio de sapatas. Escava-se o terreno até a cota prevista e executa-se na
cava aberta o ensaio a partir da superfície (situação provisória de pressão de confinamento nula). Nesta situa-
ção é imprescindível que se faça a correção do resultado em função da profundidade como é feito para o SPT
através de gráficos como o da figura 12 e / ou a equação correspondente:
100
CN para 'v em kPa
'v
Nesta situação não há limitação de valor máximo do fator de correção CN. Também os primeiros 20 a 40 cen-
tímetros não são confiáveis. Em várias situações testou-se terrenos que apresentavam valores significativos
(seja por exemplo, NPD = 30 golpes / 20 cm) a 1 m de profundidade. Quando se escava o terreno e ele não tem
umidade para desenvolver “coesão aparente” e se repete o ensaio ele passará a apresentar NPD entre 0 e 5 nos
primeiros 20 cm e 5 a 8 dos 20 aos 40 cm, mesmo com escavação manual. Por isto usualmente os 40 cm iniciais
são descartados.
Quanto ao efeito parasita de atrito / aderência do solo às hastes Waschowski (1983) apresentou, entre
outras, as curvas da figura 43 e concluiu que para ponteiras rombudas (o diâmetro da ponteira é bem maior
do que o diâmetro das hastes, como na norma recomendada): 1) O lençol d’água não é importante; 2) Para
solos granulares e siltosos o atrito é pequeno; 3) Para solos argilosos (coesivos) médios a duros o atrito lateral
pode ser elevado. Como se vê nas figuras estas conclusões foram tiradas a partir de penetrações de até 18 m.
Para penetrações menores o efeito parasita tende a diminuir.
Alguns valores típicos de resultados de penetrômetros dinâmicos na França são os apresentados por
Waschowski (1983) nos quadros 24 e 25. O quadro 25 é uma adaptação do apresentado no original. Lá a
relação era a inversa. No quadro 26 mostra-se a relação entre os penetrômetros dinâmico e estático (cone). A
figura 44 mostra uma correlação entre qd e a resistência não drenada (compressão simples / ensaio de palheta
ou vane). Quanto à correlação com o ensaio SPT não há menção.
Aqui no Brasil este tipo de ensaio é bem antigo mas parece ter sido usado principalmente em
aplicações rodoviárias. Num cátalogo sem data da Maquesonda (provavelmente da década de 1970) ele já
aparece. Para aplicações geotécnicas em geral e fundações começou a ser usado em Vitória, ES lá pelos anos
80 e hoje a maioria das firmas de sondagens tem equipamentos do tipo leve.
52
Moraes (2008) analisou correlações do número de golpes do SPT, NSPT, com a resistência dinâmica de
ponta, qd, de penetrômetros pesados para alguns locais na Grande Vitória. Em todos locais o solo era areia
marinha, fina a média, quartzosa. O resultados obtidos foram:
Queda de 0,45 m e martelo de 64 kg: qd = (0,43±0,03) x NSPT (em MPa)
Queda de 0,40 m e martelo de 65 kg: qd = (0,48±0,10) x NSPT (em MPa)
Queda de 0,75 m e martelo de 65 kg: qd = (0,58±0,02) x NSPT (em MPa);
Onde é interessante observar-se que são semelhantes às correlações entre o cone estático e o NSPT.
Quadro 24 – Resistência Dinâmica de Quadro 25 – Razão de Atrito Dinâmico, fd/qd x 100 para
Ponta, qd para Alguns Solos na França Alguns Solos na França (adaptado de Waschowski, 1983)
(Waschowski, 1983)
SOLO qd (MPa) SOLO fd/qd x 100
Vasa 0,1 a 1 Argila Dura 5 a 7
Silte 0,6 a 1,5 Argila Arenosa 1,2 a 2
Argila Mole 0,1 a 1,5 Areia siltosa, Silte Arenoso e Areia Fina Fofa 1,5 a 3,3
Argila Rija 1,5 a 3 Areia Grossa Pedregulhosa, Siltosa ou Argilosa
Argila Dura 3 a 5 e Areia Fina Compacta 0,9 a 1,9
Argila Dura Concrecionada 3 a 7 Vasa, Silte, Argila Mole 0,5 a 2
Areia Fofa 0,2 a 4 Calcáreo Mole ou Macio 0,3
Areia Compacta 5 a 30
Areia Argilosa 4 a 7
Areia com Pedregulho Fofa 0,5 a 4
Areia com Pedregulho Compacta 7 a 35
Calcáreo Mole 0,7 a 4
Calcáreo Concrecionado 10 a 50
Marga 6 a 15
Marga Dura ou Concrecionada 20 a 100
Melo Jr, 2002, apresentou dados de ensaios dinâmicos para uma areia muito argilosa da Formação
Barreiras. O penetrômetro usado está fora das especificações do ISSMFE, 1989 e seus dados foram reproces-
sados dando os resultados:
Ponteira de 28,6 mm, queda de 0,23 m e martelo de 10 kg: qd = 0,28 x NSPT (em MPa)
Valor qd/qc = 1,9;
Martins e Miranda, 2003, apresentaram dados de penetração em solos residuais de granito (saibro) em
Portugal para penetrômetros dinâmicos locais. Retrabalhando-se os resultados apresentados (e arbitrando-se
valores para dados faltantes) obtem-se.
Ponteira de 45 mm, queda de 0,5 m e martelo de 63,5 kg: qd = 0,62 x NSPT (em MPa)
53
Azevedo e Guimarães, 2009, usaram o modelo leve (PDL) especificado pela ISSMFE, 1989 entre Rondônia
e Mato Grosso e propuseram a seguinte correlação com o SPT:
Ponteira de 35,7 mm, queda de 0,5 m e martelo de 10 kg e avanços de 10 cm :
NSPT = 1,02 x NPDL10 – 2,11
Esta correlação praticamente coincide com a usada em Vitória, para avanços de 20 cm:
Ponteira de 35,7 mm, queda de 0,5 m e martelo de 10 kg e avanços de 20 cm : NSPT = 0,5 x NPDL20
VI.3. ENSAIO PRESSIOMÉTRICO (MÉNARD)
Segundo Baguelin et al (1978) o grande impulsionador deste
ensaio na concepção atual foi o engenheiro francês Louis Ménard que
projetou e fabricou o modelo original, o pressiômetro de Ménard.
Como seu procedimento é através de uma relação pressão-
deformação, é de se supor que seja mais robusto nessa área, mas é
usado como um índice dos solos testados para as mais variadas apli-
cações, como um eventual substituto do SPT. O resultado do ensaio é
a pressão (pressão limite pl) que causa a plastificação do solo ou, na
concepção original de Ménard, a pressão que causa a expansão (dila-
tação) de uma sonda (célula) introduzida no solo até o dobro do seu
volume inicial. O ensaio é feita numa perfuração prévia ou feita pelo
próprio equipamento. Em cada profundidade desejada faz-se um en-
saio. Na França e Europa é mais usado mas aqui no Brasil não pare-
ce haver firmas que o executem comercialmente.
O ensaio do Dilatômetro Plano foi desenvolvido na Itália pelo Professor Silvano Marchetti que dispo-
nibiliza no site http://www.marchetti-dmt.it/ vários artigos sobre o equipamento, o ensaio e seu uso. O equi-
pamento consta basicamente de uma lâmina de aço inoxidável com uma membrana circular também de aço
inoxidável instalada e nivelada em uma face. A lâmina, montada na ponta de hastes dre cravação, é então
introduzida no solo (suporta até 250 kN) até a profundidade desejada (tipicamente em incrementos de 20 cm)
onde se executa o ensaio (cerca de 1 minuto). O ensaio consta da dilatação (através de pressão de gas) da
membrana contra o terreno onde se anotam 2 medidas de pressão: “A” quando a membrana “descola” do apoio
interno e “B” quando o centro da membrana se move 1,1 mm contra o solo. Pode-se eventualmente fazer uma
3ª medida “C” quando a membrana é desinflada (para obtenção in situ da poro pressão – u0), mas isto não é
rotina. Avança-se a lâmina até nova posição (tipicamente incrementos de 20 cm) e repete-se o ensaio, e assim
sucessivamente até a profundidade final.
Estes valores “A” e “B” depois de corrigidos por um fator obtido na calibração do aparelho (função da
rigidez da membrana) redundam nas medidas p0 e p1. Com estes valores obtêm-se os índices básicos para in-
terpretação do ensaio. Os índices são:
- Índice de Material, ID;
- Índice de Tensão Horizontal, KD; e
- Módulo Dilatométrico, ED.
A penetração do Dilatômetro no solo tanto pode ser feita pelo equipamento do cone (“estático”) como
pelo de perfuração SPT (pancadas), mas Marchetti et al (2001) citam outros autores que observaram que o uso
de martelos prejudica a qualidade do ensaio e a acurácia das correlações. Recomenda que se faça a penetração
por métodos “estáticos”.
A figura 46 ilustra os vários componentes do equipamento do Ensaio com Dilatrômetro de Marchetti
(DMT). Na superfície do terreno ficam os controles para empurrar a membrana contra o solo através da
pressão de gás e medir as pressões de dilatação. Mergulhado no terreno, na ponta das hastes de penetração
(do equipamento de cone ou SPT por exemplo), vai a a lâmina que é o próprio dilatômetro. Não se mostra aí o
equipamento usado para cravação da lâmina. Pode ser o mesmo usado para o ensaio de cone (recomendado) ou
o martelo do SPT (reduz a acurácia das medidas).
54
A figura 47 mostra resultados de 3 ensaios feitos uns próximos aos outros através de cravação
“estático”. Note-se como se repetem os resultados das 3 sondagens de forma homogênea. Nos ensaios
penetrométricios dinâmicos (SPT e PD) a regra é de se ter uma dispersão bem maior.
Mede resistência ao cisalhamento “in situ”. É usado para argilas moles saturadas, onde dá uma “coe-
são” comparável à da compressão simples (ensaio não adensado-não drenado, caso = 0). Sua aplicação mais
comum é para análise de estabilidade de aterros sobre solos moles mas pode servir para outras aplicações
como avaliação da pressão de pré-adensamento. Usualmente a camada onde se quer realizar o ensaio de pa-
lheta foi caracterizada em outras sondagens anteriores, por exemplo SPT. Avança-se um furo de sondagem
específico até a profundidade desejada. Dentro desse pré-furo baixa-se a palheta até o fundo. Forcça-se, de
uma só vez, a palheta no fundo do furo de forma que a mesma penetre no solo indeformado uma distância
mínima de 5 vezes o diâmetro do furo. A figura 48 mostra o equipamento usado pelo pelo Bureau of Reclama-
tion dos E.U.A. e a figura 49 mostra um esquema com o seu princípio de funcionamento.
As equações de equilíbrio na condição de resistência máxima, para o torque máximo, Tmax, são:
- Resistência nas Laterais do Cilindro:
Força d h cu
Braço d 2
d2
Momento Re sistente MR1 h cu
2
- Resistência no Topo e na Base do Cilindro:
d²
Força cu
4
d 2 d
Braço
2 3 3
d3
Momento Re sistente MR2 cu
6
Logo, para se ter equilíbrio:
d2 d
Tmax MR1 MR2 cu h
2 3
d 2 d
Tmax MR1 MR2 Tmax cu h
2 3
Um resumo das opções de sondagens mais comuns está apresentado no Quadro 28 a seguir.
Nas explorações geofísicas os materiais do terreno e suas espessuras são identificados a partir de pro-
priedades que sejam marcantes. As mais comuns são as velocidades de propagação de ondas de choque no
terreno e as resistências elétricas. Estes ensaios não precisam ser invasivos (não há necessidade de perfura-
ções) e assim podem ser vantajosos para exploração preliminar de grandes áreas. Usualmente não são indica-
dos para visualização de detalhes dos solos e rochas e sim para feituras de maior porte dentro do trecho explo-
rado em cada etapa. É vantajoso ter-se outras investigações (mesmo esparsas) como a sondagem do SPT (com
obtenção de amostras) para “calibração” e referência. Os exames médicos tipo raio-X e tomografia são usados
em pequenos volumes (órgãos do corpo) e não são adequados para grandes massas. Por exemplo a investigação
de estruturas (por exemplo blocos de concreto) a pequenas profundidades (seja 1 m) podem ser identificadas
por sondagens de resistividade elétrica quando se usam pequenos trechos de investigação (seja 1 m) mas se
estiverem a maiores profundidades (seja 10 m) os trechos precisam ser maiores e a influência do bloco de con-
creto podem passar desapercebida no grande volume ensaiado.
Uma trincheira vazia cilíndrica em volta da fonte da ordem de 1 m de profundidade é capaz de “cortar” a mai-
or parte da energia das ondas de choque (dentro da trincheira a onda de choque se progaria pelo ar).
Figura 51 – Distribuição de ondas de deslocamento de uma sapata circular num semi-espaço homogêneo, iso-
trópico e elástico (Woods, 1968, apud Richart et al, 1970)
Num meio elático e homogêneo a velocidade, vp, de propagação da ondas de compressão (onda P) é
dada por:
Eg (1 ) E (1 )
vP
(1 2 )(1 ) (1 2 )(1 )
vp = velocidade da onda sísmica de compressão ou onda P
= peso específico do solo (varia pouco)
ρ = densidade do solo (varia pouco)
E = módulo de elasticidade dinâmico (grande variação)
μ = coeficiente de Poisson (na maioria dos solos varia entre 0,1 e 0,3)
g = aceleração da gravidade (9,8 m/s²)
G = módulo de cisalhamento = G E 2(1 )
O quadro 29 mostra algumas velocidades de ondas de compressão (P) típicas de terrenos. As ondas de
cisalhamento (S) viajam a velocidades menores, cerca de 1/3 das ondas P quando μ=0,45 e cerca de 3/5 quando
μ=0,25, segundo Sowers.
Quadro 29 – Velocidades de Ondas de Compressão P
Sowers (1979) Bison (1969)
Material Velocidades Material Velocidades
(m/s) (m/s)
Areia fofa, seca 150 - 450 Solo fofo a compacto 300 - 600
Argila dura, parcialmente saturada 600 – 1.200 Areia ou Pedregulho fofo e úmido 600 - 900
Água; solo fofo saturado 1.600 Pedregulho muito compacto 900 – 1.200
Solo saturado; rocha alterada 1.200 – 3.000 Arenito brando 1.500 – 1.800
Rocha sã 3.000 – 6.000 Arenito duro 1.800 – 3.000
Calcário alterado 1.800 – 3.000
Calcário sólido 3.000 – 4.500
Granito, basalto, gabro, etc. 4.500 – 6.000
59
Os pares de valores tempo x distância são plotados num gráfico como da figura 54 e as tangentes dos
ângulos θi são as velocidades nas várias camadas “i”: tg θ1 = V1; tg θ2 = V2; tg θ3 = V3... A explicação é que,
obrigatoriamente, as velocidades são crescentes com a profundidade (V3 > V2 > V1 senão o processo não se
aplica. Por exemplo uma camada de argila mole sob outra de areia não é detectável por este processo). Assim
para pequenas distâncias (com certeza para distâncias d < 2 H1) a primeira onda a chegar será uma que viajou
direto pelo topo do terreno superficial, V1. Mas vai acontecer uma distância (a partir de d’) em que a onda que
desceu até a camada 2 (na velocidade V1), e aí viajou a uma velocidade maior (V2), e depois retornou ao
geofone na superfície (na velocidade V1) chegará ao geofone primeiro do que a onda que viajou uma distância
menor (na superfície do terreno) mas também a uma velocidade menor. A partir desta distância a declividade
da curva no gráfico muda e fornece a velocidade V2. E assim sucessivamente.Quan to mais espessa
V 3 > V2 > V1
for a camada 2 maior o trecho onde ocorre V2. Se for muito fina pode passar desapercebida.
A obtenção da espessura H1 da camada superficial é um problema de geometria. A mudança de direção
da onda sísmica quando muda de camada é definida pela mesma Lei de Snell da refração de luz em ótica e
como apresentado na figura 55:
sen( I ) sen( R) V1
Em geral e se o ângulo de refração R = 90°, sen 90° = 1 sen( I c )
V1 V2 V2
61
A Lei de Snell fornece os ângulos do trapézio da figura 55. A onda que retorna, da camada 2 ao
geofone é a que se refrata numa “rasante” (ângulo refratado, R = 90°). As demais “mergulham” na camada 2 e
não retornam (se V2 < V1 nenhuma onda retorna ao geofone e nada se mede). De todos os trapézios no sistema
o escolhido é aquele em que a onda superficial na camada 1 chega ao geofone no mesmo tempo que a a onda
que retorna da camada 2, ou seja quando d = d’. A solução do problema fornece:
d ' V2 V1
H1
2 V2 V1
E se houver uma terceira camada (figura 54) a espessura da segunda camada será:
H 2 0,8H 1
d'd' ' V3 V2
2 V3 V2
Uma aplicação da sondagem sísmica que parece ser muito usada (pelo menos no exterior) é a de
definição da escarificabilidade dos materiais de acordo com os equipamentos disponibilizados por cada
fabricante. Um exemplo está mostrado na figura 56 conforme Caterpillar.
Neste procedimento de sondagem sísmica usam-se as ondas de choque de cisalhamento (Vs), com
maior energia, através de geofones apropriados. Conhecendo-se as velocidades das ondas no terreno e suas
equações de constituição (vide atrás) pode-se conhecer os módulos elásticos dinâmicos (deformações muito
pequenas), o módulo elástico “E” e o módulo de cisalhamento “G”. No método cross-hole o geofone é colocado
num furo e o impacto é produzido em outro furo como ilustrado na figura 57. E no métdo down-hole o geofone
desce num furo e o choque é produzido na superfície ou vice-versa (up-hole). O cone sísmico é o equipamento
de cone que adicionalmente mede as ondas sísmicas.
Neste processo usa-se a resistência elétrica dos solos para distingui-los: uma argila saturada conduz
eletricidade melhor do que uma seca, uma argila conduz melhor a eletricidade do que areia, etc. A resistência
em si depende também das características geométricas do material. Por exemplo, 100 m de um fio de cobre
apresentam maior resistência do que 1 m do mesmo fio. Há necessidade de uso de um parâmetro que seja
característico do material em si, e não da geometria. Este parâmetro é a resistividade, ρ, definida como a
resistência, R, de um cubo unitário do material. Seja um prisma com base de área A e comprimento h como na
figura 58, e que apresenta uma resistência elétrica R. Sua resistividade, ρ, então é:
R A L cuja unidade usual é ohm metros
E num material homogêneo, isotrópico e semi-infinito, como se idealiza o solo (configuração de Wenner):
2dE
I
62
O processo consiste então de se introduzir uma corrente elétrica de intensidade I no terreno por meio
de 2 eletrodos (hastes metálicas em “A” e “B”) ligados em uma bateria. A corrente viaja de “A” até “B” (figura
59). Em 2 outros eletrodos (hastes metálicas) internos, “C” e “D”, mede-se a queda de potencial E. Com os
dados obtidos, d, E e I, na equação de resistividade para um meio semi-infinito, obtem-se seu valor. Se o
material não for uniforme, mas formado por diferentes camadas, vai-se obter uma média de suas
resistividades. A figura 60 mostra o alcance e as prinpipais influências na corrente elétrica no terreno.
Figura 60 – Zonas de
Influência na Sondagem
por Resistividade (Soiltest,
1968)
Figura 62 – Determinação de Perfil de Solos e Rocha por Uso Simultâneo de Métodos Elétricos e Sísmicos
(Cambefort, 1971)
Com base nas sondagens da fase de exploração (SPT principalmente), obtem-se a definição do subsolo
no local, a classificação, um número índice (NSPT usualmente) para definição de algumas propriedades de for-
ma empírica ou até diretamente para projetos (métodos empíricos) e outros. O ideal é que se tracem perfis do
solo para se ter alguma noção espacial do terreno. Além destas informações também são obtidas (no SPT)
amostras amolgadas que permitem a realização dos ensaios mostrados no quadro 32. As propriedades obtidas
desses ensaios também estão mostradas no quadro 32.
Com os dados obtidos nos ensaios, pode-se estabelecer algumas correlações como mostrado no quadro
33. A seguir relembram-se também algumas correlações mais comuns dentro um universo muito maior.
Terzaghi e Peck (1948) propõem para argilas normalmente adensadas que o índice de compressão é
dado por:
Cc 0,009 ( LL 10)
Já Castello e Polido (1986) propõem para as argilas marinhas moles de Vitória, ES o índice de com-
pressão no trecho virgem como sendo:
Cc 0,014 wn 0,17
67
Sowers (1979) observa que para argilas pouco pré-adensadas ou normalmente adensada:
wn LL
E quando pré-adensada:
wn LP
Onde wn = umidade natural, LL = Limite de Liquidez e LP = Limite de Plasticidade
Massad (2009) para os solos marinhos da Baixada Santista resumiu suas observações no quadro 34.
Quanto ao fluxo d’água nos solos para areias limpas a fórmula de Hazen (apud Sowers, 1979) para o
coeficiente de permeabilidade, k, é:
k C D102 (cm / s )
onde D10 é o diâmetro efetivo da areia (em mm) e C é uma constante empírica que varia de 1 a 1,5. E, de uma
forma geral o coeficiente de permeabilidade é mostrado na figura 63.
102 101 1.0 10-1 10-2 10-3 10-4 10-5 10-6 10-7 10-8 10-9
Pedregulho Areias limpas e Mistura Areia mto. fina, Silte Inorgânico ou não, Solos “impermeáveis, por ex.
limpo Areia/Pedregulho Mistura de areia/silte/argila e Argila Argilas e Siltes argilosos
Estratificada intactos
Solos “impermeáveis” modificados por vegetação,
ressecamento, fissuras, intemperismo, etc.
Figura 63 - Variação do Coeficiente de Permeabilidade (Terzaghi e Peck, 1948)
Com os perfis de solo (geralmente usa-se 1 ou mais modelos simplificados, uniformes e homogêneos),
os dados de ensaios e correlações estabelecidas pode-se fazer uma análise preliminar (anteprojeto) do proble-
ma em questão e chegar-se a uma das quatro conclusões a seguir:
1°) O solo é excelente e suas propriedades, na pior das hipóteses, excedem às propriedades requeridas;
2°) O solo é péssimo e suas propriedades, na melhor das hipóteses, não atendem às propriedades re-
queridas;
3°) O solo é duvidoso e suas propriedades podem ou não atender às propriedades requeridas;
4°) O solo tem propriedades que certamente atendem aos requisitos, DESDE QUE se use um projeto
conservativo e caro.
Seja por exemplo, o caso de projeto de fundações de um prédio em que se quer usar fundação direta,
mas existe dúvida se os recalques na camada profunda de argila orgânica são aceitáveis ou não. Vamos supor
que o máximo admissível seria de 10 cm. O propósito é de avaliar os recalques do prédio.
a) Perfil e Ensaios
A figura 64 ilustra o problema e os dados principais. Na areia os recalques a se considerar são os dis-
torcionais do contato direto da sapata e aqui não são considerados. Os outros dois solos do perfil são a argila
cinza azulada e a amarelada.
A argila amarelada apresenta elevado NSPT (vide quadro 34 por exemplo) o que denota elevado sobrea-
densamento (RSA) e portanto recalques muito pequenos. Também pelos dados de umidade natural e limites
confirma-se este sobreadensamento:
68
wnat = 15
LL = 87
LP = LL – IP = 87 – 42 = 45
Ou seja wnat << LP (Obs: Houve casos de alunos tentarem calcular o recalque desta camada. A característica
de plasticidade indica o tipo de argila não seu estado. Pode-se ter um tijolo desta argila).
A argila azulada apresenta baixo NSPT (vide quadro 34 por exemplo, que a coloca como SFL = sedimen-
to fluviolagunar) o que denota baixo sobreadensamento (RSA) e portanto recalques podem ocorrer. Também
pelos dados de umidade natural e limites confirma-se este baixo sobreadensamento:
wnat = 35
LL = 38
LP = LL – IP = 38 – 12 = 24
Ou seja wnat ≈ LL
b) Análise Desejada
A dúvida então é quanto a recalques por com-
pressão (adensamento) devido a argila azulada cuja
equação é:
Cc H o z
H log
1 eo a
E os dados necessários são estimados como:
z 4 q0 f (m, n)
Onde qo é a tensão superficial (a 1 m de profundidade) do radier = 60 kPa; m = a/z = (20/2)/8,25 = 1,21; e n =
b/z = (30/2)/8,25 = 1,82. Com estes valores no gráfico de Newmark para Boussinesq, no meio do radier (do pré-
dio):
f(m,n) ≈ 1,21
4 60 0,21 50,4kPa
e então: z
Nas duas primeiras hipóteses a investigação do solo estaria completa. Nas duas últimas hipóteses
torna-se conveniente proceder-se a uma análise mais detalhada a exata do problema, com base em dados reais
do solo (medidos) e não em dados estimados (correlações). Isto poderia redundar em economia. Aí seria o caso
de proceder-se a uma terceira etapa da investigação: INVESTIGAÇÃO DETALHADA.
Nessas análises o que é “<<”, “>>” ou “≈” vai depender da experiência do projetista para aqueles solos,
aqueles locais e aqueles tipos de projetos.
desempenho e já se trabalha com um orçamento feito e cronograma definido. Teóricamente os ensaios de labo-
ratório representam a alternativa mais simples, mas esbarram em outros inconvenientes: a) será a amostra
realmente representativa?; b) os ensaios de laboratórios dificilmente reproduzem as condições reais de campo;
c) a boa qualidade das amostras nem sempre é conseguida. De uma forma geral numa investigação detalhada
realizam-se ensaios de laboratório e se possível ensaios complementares e testes de carga.
As amostras de boa qualidade para ensaios são ditas indeformadas, que segundo as normas da
ABNT são aquelas “extraídas com o mínimo de perturbação, procurando manter sua estrutura e condições de
umidade e compacidade ou consistência naturais.” As amostras indeformadas podem ser obtidas em poços ou
trincheiras ou em furos de sondagens.
Para os ensaios de laboratório mais comuns a sugestão de amostras segundo Sowers (1979) está apre-
sentada no quadro 35. Obtem-se amostras em escavações (poços e trincheiras) e em furos de sondagens.
Em investigações rodoviárias existe muito interesse em ensaios de ISC (Índice de Suporte Califòrinia
ou CBR) em que a amostra é ensaiada dentro de um cilindro metálico. Numa camada superficial ou numa
escavação pode-se cravar esse cilindro no solo até estar cheio do solo desejado e daí escava-lo e remove-lo para
ensaio. Este processo é muito grosseiro e provalmente a amostra não será plenamente satisfatória. Um proce-
dimento melhor é o de se ir esculpindo o cilindro de solo desejado e ao mesmo tempo cravando-se suavemente
um cilindro metálico que vá revestindo o solo como mostra a figura 65. No cilindo metálico pode-se adaptar
uma sapata cortante que termina de aparar a amostra.
A norma brasileira da ABNT NBR 9604 (1986) trata da obtenção de blocos de amostras cúbicas em
poços e trincheiras. O cubo deve ter lados entre 15 cm (~6 kg) e 40 cm (~120 kg). A figura 66 ilustra a retirada
de amostras da escavação. As amostras na profundidade e camada desejadas são “esculpidas” nas paredes ou
assoalho da escavação. A amostra é revestida por um caixote (sem a tampa e sem o fundo) onde é acolchoada
com parafina (NBR) ou areia fina ou pó de serra úmidos. Fecha-se a tampa. Corta-se a amostra do terreno,
com sobra, e se remove. Apara-se o excesso, acolchoa-se e obtem-se a amostra encaixotada.
Figura 65 – Bloco em Cilindro (Hvorslev 1949) Figura 66 – Bloco Cúbico (Hvorslev 1949)
Além da obtenção de blocos de amostras as escavações permitem a exposição das camadas do terreno
com todas as suas nuances. Nos furos de sondagens se obtem apenas amostras intercaladas e onde se tende a
imaginar que todas as ocorrências sejam horizontais e infinitas. O que terá sido um dado “impenetrável”?
Uma pedra, um matacão, um bloco ou a rocha mãe? Já numa escavação tem-se o “quadro” completo em suas
paredes. A foto 6 mostra um corte de terreno expondo todos os seus detalhes. As camadas com maior cimenta-
71
ção e com ocorrência de concreções (lateritas). Um leito fóssil de um riacho preenchido com areia média a gros-
sa, limpa, amarela. Prováveis buracos de animais (tatu e formiga) e de raízes, etc. É sem dúvida a melhor
investigação, mas usualmente de custos proibitivos. São usadas mais comumente para grandes barragens e
investigações importantes de estabilidade de taludes.
Embora os blocos de amostras sejam usualmente os de melhor qualidade muitas vezes não é factível a execu-
ção do poço necessário, como por exemplo, em terrenos com lençol d’água elevado. Nestes casos a alternativa
viável é de obtenção de amostras pela cravação de tubos amostradores em furos de sondagem. Para se ter
amostras de qualidade adequada é necessário que se controle:
1 - Deslocamento de solo pelo amostreador;
2 - Método de introdução do amostreador no solo;
3 - Atrito entre amostra e amostreador;
4 - Ruptura ou deformação excessiva no solo devido à descompressão provocada pela execução do furo de
sondagem;
5 - Manuseio e armazenamento da amostra até o ensaio.
Para minimizar o atrito e a adesão internos entre solo e amostrador especifica uma folga interna (inside
clearence) Ci de cerca de 0,5 a 1%, cuja definição é:
Quanto maior o diâmetro da amostra melhor sua qualidade (preservando a estrutura in situ) mas em
nenhuma instância se compara a de amostras de blocos esculpidos em poços e / ou trincheira. Para estudos de
argilas sensíveis do leste canadense Lefebvre e Poulin (1979) concluíram que para projetos de pesquisa e para
qualquer investigação da resistência o amostreamento com tubos é inadequado e a única alternativa aceitável
é o de se obter amostras em blocos. Mas se já é difícil convencer o dono de uma obra quanto à conveniência de
obtenção de amostras “indeformadas” em tubos imagine-se a obtenção de blocos de amostras (se for tecnica-
mente viável). Daí os mesmos Lefebvre e Poulin (1979) descrevem um aparato desenvolvido na Universidade
de Sherbrooke que obtem em perfurações de 40 cm de diâmetros amostras com diâmetro de 25 cm e altura de
35 cm como mostrado na figura 71. A qualidade das amostras assim obtidas seria comparável a de blocos e é
tido em geral (por exemplo Jannuzzit et al, 2013) como o melhor amostrador. Ao se terminar de esculpir a
amostra, um diafragma se fecha no fundo da amostra, recortando-a e sustentando-a na retirada. Um outro
detalhe muito importante do aparato é a ferramenta de corte para avanço final da perfuração. É um trado
cilíndrico de fundo chato com diâmetro de 40 cm similar às caçambas usadas na escavação de estacas escava-
das de grande diâmetro (estacões). Infelizmente mesmo para países qur tradicionalmente investem mais em
sondagens só se viabilizaria para grandes projetos.
No outro extremo econômico das “novidades” existe a experiência aqui no Brasil descrita por Jannuzzi
et al (2013). Numa pesquisa tomaram o procedimento do amostrador Shelby em que substituíram o tubo de
paredes finas por um tubo plástico (provavelmente um tubo de pvc) espesso de cerca de 4 polegadas (97,2 mm
de diâmetro interno e espessura da parede 6,6 mm, o que redunda numa relação de áreas Ca=29%), sem folga
interna (Ci=0) e sapata biselada num ângulo de 23°. O “amostrador” assim improvisado tinha um comprimen-
to total de 700 mm para recuperar uma amostra de 640 mm e deveria servir como referência negativa para
outro amostrador mais sofisticado em projeto. Fora estas características todos os cuidados usuais para amos-
tras indeformadas foram tomados, mas observam que o procedimento de avanço de furo usado no Brasil (tré-
pano de lavagem) “impede o controle cuidadoso da escavação do furo de sondagem”. Revelam um “truque” ope-
racional para retirada do amostrador, que é tampar a parte superior da haste de perfuração / lavagem aju-
dando a criação de sução no topo da amostra (tipo uma pipeta). Lembram ainda em geral que podem ser ne-
cessárias horas para haver dissipação das pressões neutras geradas pela cravação do tubo amostrador e po-
der-se então sacar o amostrador do solo. Para surpresa dos pesquisadores obtiveram amostras de qualidade
“muito boa a excelente” e “boa a média”. Duas amostras apresentaram qualidade “muito ruim” e “ruim” mas
estes resultados segundo os pesquisadores foram devidos à ineficiência do método de escavação e limpeza do
furo através do trépano de lavagem. O material amostrado teria sido o solo revolvido e não removido na esca-
vação. Quanto aos bons resultados da amostragem em si postulam que a folga interna especificada para di-
minuir o atrito interno entre tubo e amostra é fonte de amolgamento da amostra e que sua eliminação e o bai-
xo atrito / aderência do material plástico do tubo devem ter contribuído para o resultado “surpreendemente”
satisfatório.
Os amostradores Shelby e de pistão são tipicamente usados para obtenção de amostra de argilas moles
onde o índice de penetração NSPT está abaixo (geralmente bem abaixo) de 5 e são muito “delicados” para crava-
ção em solos mais resistentes. Se houver necessidade de obtenção de amostras em tais solos existe o barrilete
triplo tipo Denison. O tubo mais externo é um barrilete rotativo como para amostragem de rochas e o mais
interno é um tubo de paredes finas tipo Shelby. A posição do tubo externo em relação aos internos vai depen-
der da resistência do material sendo amostrado. Se for rochoso os tubos internos ficam retraídos e conforme o
tubo externo recorta a amostra os tubos internos logo a seguir o revestem. Se for um material mais fraco os
tubos internos ficam projetados para frente (protuberantes), e já estão cravados, revestindo e protegendo a
amostra antes de serem recortadas e lavadas pelo tubo giratório externo. Na ponta do tubo interno existe uma
mola para ajudar a reter a amostra dentro do tubo. No caso são lâminas bem flexíveis que se abrem facilmente
com a penetração da amostra e dificultam sua eventual queda.
Para o caso de areias a melhor opção é de realizações de ensaios in situ tipo cone, dilatrômetro de Mar-
chetti, etc. Como as areias são muito permeáveis a dissipação de eventuais pressões neutras procadas por
carregamentos é quase instantânea e isto facilita sua análise. Um artificio usado em areias saturadas é o de
congelamento, mas como a água se expande o seu índice de vazios se altera.
Os quadros a seguir apresentam um resumo dos métodos disponíveis para obtenção de amostras em
profundidade dos terrenos e de ensaios de campo com suas aplicações.
74
Figura 71 - Esquema do Amostrador Sherbrooke Figura 72 – Barrilete Tipo Figura 73 – Barrilete Tipo
(Lefebvre e Poulin. 1979) Denison (Maquesonda, Denison (Lima 1979)
sem data)
75
X. EXERCÍCIOS
1) Quais são, de uma maneira geral, as informações pretendidas numa investigação de solos?
2) Quais as principais etapas numa investigação de solos? Descreva sucintamente o procedimento em cada
etapa.
3) Descreva a extensão de cada uma dessas etapas de acordo com o tipo de obra.
4) Num programa de investigação geotécnica discuta detalhadamente as três fases:
a) Reconhecimento;
b) Investigação preliminar;
c) Investigação detalhada.
5) Fale sobre o uso de trado numa investigação geotécnica.
6) Fale sobre o método de lavagem para avanço de furos de sondagem.
7) Descreva o procedimento do ensaio SPT.
8) Quais os usos que se dão aos valores de “N” do SPT?
9) Quais as correções a se fazer para os valores de “N”? (Influência da profundidade, areias finas saturadas
compactas e solos pedregulhosos).
10) Cite e discuta oito fatores que, usualmente, provocam erro na contagem “N”. (Analise o erro provocado).
11) Quais os itens que devem ser analisados para descrição dos solos? Dê a aplicação de cada item.
12) Apresente 3 perfis de sondagem típicos, com valores de N, N.A., e descrição das camadas. Faça o mesmo
para 3 perfis geotécnicos de região de praia, solo residual e região de mangue (Note o que é mangue hoje pode
ter sido praia, e vice-versa).
13) Como se faz a determinação do N.A. num furo de sondagem? Justifique o fato de sondagens feitas lado a
lado apresentarem N.A.s variando de mais de meio metro (épocas diferentes).
14) Discuta o procedimento recomendável na determinação de número, profundidade e disposição dos furos de
sondagem para uma dada obra.
15) Que são sondagens rotativas e qual seu uso?
16) Que são penetrômetros estáticos (cone holandês)?
17) Quais os dois principais tipos de sondagem geofísicas? Em que se baseiam? Quais suas vantagens e des-
vantagens?
18) A partir dos resultados aproximados obtidos numa sondagem exploratória (SPT), quanto à estabilidade e
recalques para uma dada obra, quais são as alternativas possíveis?
19) Quando é que deve-se usar a exploração detalhada numa determinada obra?
20) Em que consiste a sondagem por poços de exploração?
21) Em que consiste o tubo “Shelby”? Apresente um esboço.
22) Em que consiste o ensaio de palheta ou “vane test”?
23) Programar tipo, número, locação e profundidade de sondagens para reconhecimento do solo, justificando a
solução, nas seguintes condições: a) fábrica térrea de 8m x 50m; b) edifício de 22 pavimentos de 30m x 40m; c)
edifício de 12 andares em forma de “l”, sendo que o corpo do “L”, mede 40m, a base 20m e sua “espessura” é de
10m.
24) Apresente para os perfis seguintes os parâmetros mais importantes (resist. cisalhamento, índice de vazios,
densidade, compressibilidade) para execução de anteprojeto ou obra de pequena importância. Use correlações
estatísticas ou valores usuais, extraídos de tabelas. Apresente as camadas críticas, indicando o ensaio reco-
mendável.
79
25) Existe, para o perfil n 4, possibilidade de ainda encontrar-se argila mole abaixo do solo residual? Por que?
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