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AÇÃO ORDINÁRIA (PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO) Nº D.E.


2007.71.08.006306-7/RS
Publicado em 22/04/2008
AUTOR : SANDRO RICIERI DULLIUS
ADVOGADO : SONIA REGINA RIBEIRO LOBO
RÉU : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

SENTENÇA

SANDRO RICIERI DULLIUS, qualificado na inicial, ajuizou a presente ação


ordinária em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, postulando a concessão
de aposentadoria por invalidez, ou sucessivamente, o restabelecimento do benefício de auxílio-
doença, desde a data da sua cessação, com o pagamento das parcelas vencidas, atualizadas
monetariamente, e acrescidas de juros de mora.

Narrou, em síntese, sofrer de transtorno afetivo bipolar. Por conta dessa moléstia,
percebeu o benefício de auxílio-doença de 19/09/2006 a 25/02/2007. Alegou que o INSS
suspendeu o pagamento das prestações do seu benefício pelo motivo "limite médico". Acostou
documentos (fls. 05/14).

Foi deferida a realização de prova pericial, postergando-se a análise do pedido


antecipatório para o momento imediatamente posterior ao feitio do laudo pericial (fl.15). No
mesmo ato, restou deferida a gratuidade de justiça.

Citado, o INSS apresentou a sua contestação nas fls. 19/28, refutando a pretensão
da parte autora.

O Laudo pericial psiquiátrico foi acostado nas fls. 35/38.

A decisão de fl. 37 deferiu a antecipação de tutela.

Oportunizada às partes a apresentação de memoriais, as partes silenciaram.

O INSS comprovou a implementação da decisão antecipatória (fl.42/43).

Solicitados os honorários periciais (fl. 44), os autos vieram conclusos para sentença.

É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

1. Dos benefícios por incapacidade

A incapacidade laboral, ou seja, a impossibilidade física ou mental para o exercício


de uma dada atividade profissional, pode decorrer de fatores fisiológicos (problemas decorrentes
de idade avançada ou falta de idade para iniciar o trabalho) ou patológicos (enfermidades ou
acidentes que comprometem a capacidade de trabalho do segurado) e manifesta-se com
intensidade variável. Os benefícios previstos para o enfrentamento da incapacidade laboral no

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regime geral, oferecidos a todos os segurados, são o auxílio-doença e a aposentadoria por


invalidez.

Em ambos os casos, o trabalhador deve comprovar a manutenção da qualidade de


segurado, no momento em que foi vitimado pela incapacidade, e a carência. A carência é o
número mínimo de contribuições necessário para que o segurado faça jus ao benefício, nos
termos do artigo 24 da LBPS. Nesse instituto, não é valorado apenas o número de contribuições,
mas também um prazo mínimo de vinculação ao sistema, razão pela qual a vontade do segurado
não tem o poder de propiciar a aquisição mais célere desse direito. Fiel a essa diretriz, a Lei de
Custeio não permite a antecipação do recolhimento de contribuições para fins de ensejar mais
rapidamente o direito ao benefício (§ 7º do artigo 89 da Lei n. 8.212/91). Em se tratando do
auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, a carência é de 12 contribuições mensais (inciso
I do artigo 25 da LBPS).

Tendo em vista que ambos os benefícios substitutivos (auxílio-doença e


aposentadoria por invalidez) foram gerados para tutelar o mesmo risco social, a nota diferencial
entre eles repousa na circunstância de que - sendo o auxílio-doença uma prestação concebida
para o enfrentamento da incapacidade provisória - aquele colima amparar o trabalhador que
adoece por pouco tempo. Assim, para o seu deferimento, basta existir incapacidade laboral
específica para as atividades habituais do trabalhador vinculado ao regime geral. Por sua vez, a
aposentadoria por invalidez - idealizada para proteger o segurado dos efeitos da incapacidade
definitiva e genérica - exige a comprovação de uma falta de aptidão com relação a qualquer
atividade potencialmente adequada para propiciar a subsistência do segurado.

No caso focado, tratando-se de segurado que percebia benefício por incapacidade,


o cerne da questão reside em verificar se foi adequada a cessação do benefício em face do
quadro clínico do autor.

O laudo pericial psiquiátrico concluiu que o autor é portador de Transtorno Afetivo


Bipolar, CID 10 F 31.6, e encontra-se incapaz temporariamente para o trabalho (fl. 37).

Respondendo aos quesitos do Juízo, afirmou o expert que o autor está incapacitado
desde março de 2007, e que o grau de incapacidade é total e a incapacidade é temporária (fl.
37).

2. Do termo inicial do benefício concedido

Com efeito, o termo inicial dos benefícios por incapacidade deve corresponder à
data da perícia médica judicial apenas nos casos em que não for possível especificar a data de
início da incapacidade laborativa. Do contrário, quando o perito possui condições de especificar a
data de início da incapacidade, o segurado faz jus ao benefício a partir da data indicada pelo
perito, a partir da data do requerimento administrativo, ou a partir do dia seguinte ao do
cancelamento do benefício na esfera administrativa, dependendo do caso.

No caso concreto, entendo que a cessação do auxílio-doença foi equivocada,


devendo o benefício ser restabelecido a contar da sua cessação.

DISPOSITIVO

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Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido veiculado nesta ação, para o


efeito de condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença desde a data em que os
pagamentos foram suspensos na via administrativa.

Os valores deverão ser atualizados monetariamente de acordo com a variação dos


seguintes índices: IGP-DI até 19 de fevereiro de 2004, e depois pelo INPC (art. 29 B da LBPS,
acrescentado pela Lei nº 10.887). Além disso, sobre o principal atualizado, deverão incidir juros
de mora, calculados no percentual de 1% (um por cento) ao mês, a contar da citação, nos termos
da Súmula n 75 do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, segundo a qual "Os juros moratórios,
nas ações previdenciárias, devem ser fixados em 12% ao ano, a contar da citação."

Condeno o réu, ainda, ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de


10% sobre o valor à final apurado em liquidação de sentença, excluídas as parcelas vincendas
(STJ, Súmula 111). Deixo de condenar o INSS ao pagamento das custas processuais, porque
inexistente adiantamento pela parte autora, bem como à vista da sua isenção legal (artigo 4º,
inciso I, da Lei n° 9.289/96). Condeno o INSS, ainda, a reembolsar os honorários periciais
despendidos pela SJRS com a realização da perícia.

Decisão sujeita ao reexame necessário, nos termos do artigo 475, inciso I, do


Código de Processo Civil (com a redação dada pela Lei n° 10.352/2001).

Em homenagem aos princípios da instrumentalidade, celeridade e economia


processual, eventuais apelações interpostas pelas partes restarão recebidas no efeito devolutivo na
parte relativa à antecipação dos efeitos da tutela e, quanto ao resto, no duplo efeito (art. 520,
caput e inciso VII, do CPC), salvo nas hipóteses de intempestividade e, se for o caso, ausência de
preparo, que serão oportunamente certificadas pela Secretaria.

Interposto(s) o(s) recurso(s), caberá à Secretaria, mediante ato ordinatório, abrir


vista à parte contrária para contra-razões, e, na seqüência, remeter os autos ao Tribunal Regional
Federal da 4ª Região.

Novo Hamburgo, 04 de abril de 2008.

Daniel Machado da Rocha


Juiz Federal

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