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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
ENFERMAGEM EM UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA

Aluno:
EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

1
CURSO DE
ENFERMAGEM EM UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA

MÓDULO I

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do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

MÓDULO I

1 A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA


1.1 ESTRUTURA FÍSICA
1.2 LOCALIZAÇÃO DENTRO DO HOSPITAL
1.3 FORMA DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
1.4 NÚMERO DE LEITOS
1.5 RECURSOS MATERIAIS
1.6 RECURSOS HUMANOS
1.7 PROCEDIMENTOS
1.8 INDICAÇÕES PARA ADMISSÃO E ALTA
1.9 ORIENTAÇÕES PARA VISITANTES E ACOMPANHANTES
1.10 FORMULÁRIOS E IMPRESSOS DA UNIDADE DE TERAPIA
1.10.1 Conteúdo do Manual
1.11 HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO EM UTI
1.12 O PACIENTE E SUAS NECESSIDADES BÁSICAS
1.13 O PACIENTE E A FAMÍLIA FRENTE AO AMBIENTE DA UTI
1.14 PROGRAMA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
HOSPITALAR

MÓDULO II

2 PACIENTE COM PROBLEMAS CARDÍACOS


2.1 ATEROSCLEROSE CORONARIANA
2.2 ANGINA DE PEITO
2.3 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
3 ELETROCARDIOGRAMA
4 REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR

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5 SUPORTE BÁSICO DE VIDA
5.1 ALTERAÇÃO DA SEQUÊNCIA DE A-B-C PARA C-A-B
5.2 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA
5.2.1 Realizar compressões torácicas
5.2.2 Abrir vias aéreas
5.2.3 Avaliar a ausência de respiração
5.2.4 Confirmação da ausência de pulso
5.2.5 Ventilação do paciente
5.2.6 Desfibrilar FV e TV se identificada
6 SUPORTE AVANÇADO DE VIDA
6.1 AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA
6.1.2 Vias aéreas
6.1.3 Respiração
6.1.4 Circulação
6.1.5 Diagnóstico diferencial
6.1.6 Fatores associados ao pior prognóstico na PCR
7 AÇÕES CRÍTICAS NO PERÍODO PÓS-RESSUSCITAÇÃO
7.1 CIRCULAÇÃO
7.2 VIAS AÉREAS
7.3 RESPIRAÇÃO
7.4 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
7.5 OUTRAS AÇÕES
8 QUANDO INTERROMPER A REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA
9 FARMACOLOGIA NA PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
9.1 ADRENALINA
9.2 VASOPRESSINA
9.3 ATROPINA
9.4 BICARBONATO DE SÓDIO
9.5 CLORETO DE CÁLCIO
9.6 SULFATO DE MAGNÉSIO
9.7 AGENTES ANTIARRÍTMICOS
9.7.1 Lidocaína
9.7.2 Amiodarona

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MÓDULO III

10 PACIENTE COM PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS


10.1 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA
11 ABORDAGEM DE VIAS AÉREAS
11.1 CÂNULA OROFARÍNGEA - GUEDEL
11.2 CÂNULA NASOFARÍNGEA
11.3 INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL
11.4 TUBO ENDOTRAQUEAL
11.5 FIO GUIA DE INTUBAÇÃO
11.6 TÉCNICA DE INTUBAÇÃO
11.7 OBTURADOR ESOFÁGICO OU ESOFÁGICO-GÁSTRICO
11.8 TUBO COMBINADO ESÔFAGO-GÁSTRICO OU COMBITUBO
11.9 MÁSCARA LARÍNGEA
11.10 CATETER TRANSTRAQUEAL
11.11 CRICOTIREOTOMIA
11.12 TRAQUEOSTOMIA
11.13 CATETER NASAL
11.14 MÁSCARA FACIAL DE OXIGÊNIO
11.15 MÁSCARA VENTURI
12 TÉCNICAS DE VENTILAÇÃO
12.1 VENTILAÇÃO BOCA A MÁSCARA
12.2 VENTILAÇÃO COM UNIDADE BOLSA-VÁLVULA-MÁSCARA
12.3 VENTILAÇÃO COM O USO DE VENTILADORES
13 VENTILAÇÃO MECÂNICA
13.1 COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO USO DE VENTILADORES
MECÂNICOS
13.2 COMPLICAÇÕES RELACIONADAS COM O USO DE TUBOS
OROTRAQUEAIS (TOT) OU DE TRAQUEOSTOMIAS (TQT)
13.2.1 Extubação acidental
13.2.2 Lesões de pele/ou lábios
13.2.3 Lesões traqueais

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13.3 CUIDADOS COM EQUIPAMENTOS DE ASSISTÊNCIA VENTILATÓRIA
13.4 DESINFECÇÃO DE ALTO NÍVEL POR MEIO QUÍMICO LÍQUIDO
13.4.1 Glutaraldeído a 2%:
13.5 ESTERILIZAÇÃO POR MEIO QUÍMICO LÍQUIDO
13.5.1 Glutaraldeído a 2%:
13.6 ESTERILIZAÇÃO POR MEIO FÍSICO
13.6 ESTERILIZAÇÃO POR MEIO FÍSICO
13.6.1 Autoclaves
13.7 ESTERILIZAÇÃO POR MEIO QUÍMICO GASOSO
13.7.1 Óxido de Etileno
13.7.2 Plasma de Peróxido de Hidrogênio — STERRAD
13.8 LIMPEZA DO VENTILADOR
13.9 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA
13.10 VIGILÂNCIA CONSTANTE
13.11 CONTROLE DOS SINAIS VITAIS E MONITORIZAÇÃO CARDIOVASCULAR
13.12 MONITORIZAÇÃO DE TROCAS GASOSAS E PADRÃO RESPIRATÓRIO
13.13 OBSERVAÇÃO DOS SINAIS NEUROLÓGICOS
13.14 ASPIRAÇÃO DAS SECREÇÕES PULMONARES
13.15 OBSERVAR SINAIS DE HIPERINSUFLAÇÃO
13.16 HIGIENE ORAL, FIXAÇÃO, MOBILIZAÇÃO DO TOT E TROCA DE TQT
13.17 CONTROLE DA PRESSÃO DO BALONETE
13.18 MONITORIZAÇÃO DO BALANÇO HIDROELETROLÍTICO E PESO
CORPORAL
13.19 CONTROLE DO NÍVEL NUTRICIONAL
13.20 UMIDIFICAÇÃO E AQUECIMENTO DO GÁS INALADO
13.21 OBSERVAÇÃO DO CIRCUITO DO VENTILADOR
13.22 OBSERVAÇÃO DOS ALARMES DO VENTILADOR
13.23 NÍVEL DE SEDAÇÃO DO PACIENTE E UTILIZAÇÃO DE BLOQUEADORES
NEUROMUSCULARES
13.24 OBSERVAÇÃO DO SINCRONISMO ENTRE O PACIENTE E A MÁQUINA
13.25 COMUNICAÇÃO E APOIO EMOCIONAL AO PACIENTE
13.26 CONTROLE DE INFECÇÃO NO PACIENTE EM VENTILAÇÃO MECÂNICA
13.27 PREENCHIMENTO DE FORMULÁRIOS DE CONTROLE

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13.28 DESMAME
13.29 CUIDADOS NA EXTUBAÇÃO
14 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM VENTILAÇÃO NÃO MECÂNICA
15 MÉTODOS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA
15.1 VENTILADORES CICLADOS A PRESSÃO POSITIVA
15.1.1 Ciclados a Tempo
15.1.2 Ciclados a Pressão
15.1.3 Ciclados a Volume
15.1.4 Ciclados a Fluxo
15.2 VENTILADORES CICLADOS A VOLUME
15.2.1 Ventilação Controlada
15.2.2 Ventilação Assisto-Controlada
15.2.3 Ventilação Mandatória Intermitente (IMV, SIMV)
15.3 VENTILAÇÃO CICLADA A FLUXO (PRESSÃO DE SUPORTE)
15.4 PEEP
16 PARÂMETROS PROGRAMÁVEIS
16.1 CONCENTRAÇÃO DE OXIGÊNIO NO AR INSPIRADO (FIO2)
16.2 FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA
16.3 VOLUME CORRENTE
16.4 FLUXO INSPIRATÓRIO
16.5 ONDAS DE FLUXO
16.6 RELAÇÃO INSPIRAÇÃO: EXPIRAÇÃO — I: E
16.7 SENSIBILIDADE

MÓDULO IV

17 PACIENTE COM PROBLEMAS NEUROLÓGICOS


17.1 CLASSIFICAÇÃO DOS GRAUS DE COMA
17.2 AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA
17.2.1 Avaliação das Pupilas
17.2.2 Atividade Motora
17.2.3 Ritmo Respiratório
17.3 HIPERTENSÃO INTRACRANIANA (HIC)

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17.4 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE)
17.5 TUMOR CEREBRAL
17.6 ANEURISMA CEREBRAL
17.7 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC).
18 PACIENTE VÍTIMA DE TRAUMA
18.1 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE)
18.2 SÍNDROMES NEUROLÓGICAS APÓS TCE
18.2.1 Epilepsia
18.2.2 Hidrocefalia
18.2.3 Disfunção Autonômica
18.2.4 Lesão de Nervos Cranianos
18.2.5 Alterações Cognitivas e Neuropsicológicas
18.2.6 Alterações de Comportamento
18.2.7 Outras Complicações
18.3 LESÃO DE MEDULA ESPINHAL
18.4 TRAUMA RENAL
18.5 PROBLEMAS ESPECIAIS
18.5.1 Fraturas da bacia
18.6 TÓPICOS ESPECIAIS
18.6.1 Trauma abdominal penetrante
18.6.2 Trauma abdominal contuso
18.7 Estudos diagnósticos especiais
18.7.1 Ultrassonografia (US)
18.7.2 Laparoscopia
19 PACIENTE COM PROBLEMAS RENAIS
19.1 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA (IRC)
19.1.1 Fisiopatologia
19.1.2 Uremia
19.1.3 Complicações
19.1.4 Tratamento
20 PACIENTE COM PROBLEMAS GASTROINTESTINAIS
20.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA
20.2 PROCESSO DIGESTIVO

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20.2.1 Ação Gástrica
20.2.2 Ação do intestino delgado
20.2.3 Ação colônica
20.3 ÚLCERA PÉPTICA
20.3.1 Definição
20.3.2 Etiologia
20.3.3 Processo Fisiopatológico
20.3.4 Manifestações Clínicas
20.3.5 Intervenções de Enfermagem
20.3.6 Tratamento
20.4 ENTERITE REGIONAL (DOENÇA DE CROHN)
20.4.1 Definição
20.4.2 Etiologia
20.4.3 Processo Fisiopatológico
20.4.4 Manifestações Clínicas
20.4.5 Intervenções de Enfermagem
20.4.6 Tratamento
20.5 PANCREATITE
20.5.1 Definição
20.5.2 Etiologia
20.5.3 Processo Fisiopatológico
20.5.4 Manifestações Clínicas
20.5.5 Intervenções de Enfermagem
20.5.6 Tratamento
20.6 AFECÇÕES HEPÁTICAS
20.6.1 Processo Fisiopatológico
20.7 CIRROSE HEPÁTICA
20.7.1 Definição
20.7.2 Etiologia
20.7.3 Processo Fisiopatológico da Cirrose de Laennec
20.7.4 Processo Fisiopatológico da Cirrose Cardíaca
20.7.5 Manifestações Clínicas
20.7.6 Complicações

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20.7.7 Intervenções de Enfermagem
20.7.8 Tratamento
21 NUTRIÇÃO ENTERAL
21.1 SONDAGEM NASOENTERAL
22 NUTRIÇÃO PARENTERAL
22.1 NUTRIÇÃO PARENTERAL CENTRAL
22.2 NUTRIÇÃO PARENTERAL PERIFÉRICA
22.3 ACESSO VENOSO NA NUTRIÇÃO PARENTERAL
22.3.1 Cateteres Centrais
22.4 ASSISTÊNCIA AO PACIENTE COM NUTRIÇÃO PARENTERAL

MÓDULO V

23 PACIENTE GRANDE QUEIMADO


23.1 FISIOPATOLOGIA DAS QUEIMADURAS
23.2 AVALIAÇÃO DAS QUEIMADURAS
23.2.1 Profundidade
23.2.2 Extensão
23.3 LOCALIZAÇÃO DAS QUEIMADURAS
23.4 IDADE DO PACIENTE QUEIMADO
23.5 DOENÇAS E CONDIÇÕES ASSOCIADAS
23.6 INALAÇÃO DE PRODUTOS DE COMBUSTÃO
23.7 PRIMEIROS CUIDADOS
23.8 REMOÇÃO DA FONTE DE CALOR
23.9 RESFRIAMENTO DA ÁREA QUEIMADA
23.10 QUEIMADURAS DE PRIMEIRO GRAU
23.11 QUEIMADURAS DE SEGUNDO E TERCEIRO GRAUS
24 PACIENTE EM MORTE CEREBRAL
24.1 DETERMINAÇÃO DA MORTE ENCEFÁLICA
24.1.1 Pré-requisitos
24.2 EXAME CLÍNICO
24.2.1 Coma profundo (aperceptivo)
24.2.2 Ausência de reflexos de tronco cerebral

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24.2.3 Teste de apneia
24.3 EXAMES COMPLEMENTARES
24.4 EQUIPE MÉDICA
24.5 COMUNICAÇÃO COM FAMILIARES OU RESPONSÁVEL LEGAL
24.6 CONDUTA APÓS A DETERMINAÇÃO DA MORTE ENCEFÁLICA
25 DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
25.1 MANUTENÇÃO DO DOADOR COM MORTE ENCEFÁLICA

MÓDULO VI

26 PRINCIPAIS MEDICAÇÕES UTILIZADAS EM UNIDADE DE TERAPIA


INTENSIVA
26.1 SEDAÇÃO
26.2. DROGAS VASOATIVAS
26.3 AGENTES SIMPATOMIMÉTICOS
26.3.1 Dopamina
26.3.2 Dobutamina
26.3.3 Noradrenalina
26.3.4 Adrenalina
26.4 VASODILATADORES
26.4.1 Nitroprussiato de sódio
27 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM APLICADA À UTI
27.1 HISTÓRICO DE ENFERMAGEM
27.2 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
27.3 PLANO ASSISTENCIAL
27.4 PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM
27.5 ANOTAÇÕES DE ENFERMAGEM
27.6 AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM
27.7 CONTROLE E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE SISTEMATIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
27.8 MODELOS DE INSTRUMENTOS DE SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
EM UTI
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MÓDULO I

1 A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são setores hospitalares complexos


com o objetivo de prestar assistência aos pacientes graves e de risco que exijam
assistência médica e de enfermagem ininterruptas, além de equipamento e recursos
humanos especializados.
Podemos ainda definir a Unidade de Terapia Intensiva como uma unidade
complexa dotada de sistema de monitorização contínua que admite pacientes
potencialmente graves ou com descompensação de um ou mais sistemas orgânicos
e que com o suporte e tratamento intensivos tenham possibilidade de se recuperar.
É a unidade existente no ambiente hospitalar destinada ao recebimento de
pacientes em estado grave com chances de sobrevida, que requerem
monitoramento constante durante 24 horas e cuidados muito mais complexos que o
de outros pacientes.
O percentual de leitos de Terapia Intensiva nos hospitais varia de 7% a 15%
dependendo das características de cada hospital, por exemplo, hospitais de grandes
centros costumam ter mais leitos de UTI devido à possibilidade de receberem
pacientes de diversos lugares.
A necessidade por mais leitos tende a crescer em proporção geométrica,
pois há um aumento da expectativa de vida da população brasileira, das doenças
degenerativas e acidentes automobilísticos, além do aumento de índices como a
criminalidade.
Não podemos deixar de relatar a evolução dos procedimentos cirúrgicos e
da necessidade de permanência destes pacientes em um ambiente de Terapia
Intensiva, melhorando assim a assistência prestada a este paciente,
complementando os cuidados pós-operatórios.

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As Unidades de Terapia Intensiva surgiram da necessidade de oferecer um
suporte avançado de vida aos pacientes agudamente doentes que porventura
possuam chances de sobreviver.
Portanto, destina-se a internação de pacientes com instabilidade clínica e
com potencial de gravidade. É um ambiente de alta complexidade, reservado e único
no ambiente hospitalar, já que se propõe estabelecer monitorização completa e
vigilância 24 horas.
As Unidades de Terapia Intensiva são originárias das unidades de
recuperação pós-anestésica (URPA) ou Sala de Recuperação Pós-anestésica
(SRPA), onde os pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos tinham suas
funções vitais monitoradas sendo instituídas medidas de suporte quando necessário
até o término dos efeitos residuais dos agentes anestésicos.
Florence Nightingale tem um papel muito importante na criação das
Unidades de Terapia Intensiva, pois foi ela que idealizou estas unidades para
monitorização de pacientes graves.
Florence Nightingale também classificou os doentes de acordo com o grau
de dependência, dispondo-os nas enfermarias, de tal maneira que os mais graves
ficassem próximos à área de trabalho das enfermeiras, para maior vigilância e
melhor atendimento.
Este é um princípio das Unidades de Terapia Intensiva, ou seja, maior
assistência aos pacientes mais graves e que necessitam de cuidados intensivos e
específicos.
Segundo a Portaria n° 466/MS/SVS (1998) da ANVISA toda Unidade de
Terapia Intensiva deve funcionar atendendo a um parâmetro de qualidade que
assegure a cada paciente as seguintes condições:

 Direito à sobrevida;
 Manutenção da estabilidade de seus parâmetros vitais;
 Direito a uma assistência humanizada;
 Uma exposição mínima aos riscos decorrentes dos métodos
propedêuticos e do próprio tratamento em relação aos benefícios obtidos;
 Monitoramento permanente da evolução do tratamento, assim como de
seus efeitos adversos.

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A Unidade de Terapia Intensiva pode ser definida ainda como um conjunto
de elementos funcionalmente agrupados, destinado ao atendimento de pacientes
graves ou de risco que exijam assistência médica e de enfermagem ininterruptas,
além de equipamento e recursos humanos especializados.
As Unidades de Terapia Intensiva podem ser divididas de acordo com a
faixa etária dos pacientes que serão internados, nas seguintes modalidades:

 Neonatal: destinado ao atendimento de pacientes com idade de 0 a 28


dias.
 Pediátrico: destinado ao atendimento de pacientes com idade de 29
dias a 18 anos incompletos.
 Adulto: destinado ao atendimento de pacientes com idade acima de 14
anos.

Os pacientes na faixa etária entre 14 e 18 anos incompletos podem ser


atendidos nos Serviços de Tratamento Intensivo Adulto ou Pediátrico, de acordo
com o manual de rotinas do Serviço.
Temos ainda as Unidades de Terapia Intensiva específica por especialidade
médica, ou seja, destinadas ao atendimento do paciente de determinada
especialidade. Podemos citar como exemplo, as unidades coronarianas, destinadas
ao atendimento de patologias cardíacas. Existem ainda outras unidades para
tratamento de doenças neurológicas, respiratórias, traumas, queimados, dentre
outras.
Já o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) é o agrupamento, em uma
mesma área física, de duas ou mais Unidades de Terapia Intensiva, incluindo-se,
quando existentes, as Unidades de Tratamento Semi-intensivo.

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FIGURA 01 – UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

FONTE: Disponível em:


<http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/17/Uti_suzano.jpg/275px-
Uti_suzano.jpg>. Acesso em: 22 jul. 2011.

1.1 ESTRUTURA FÍSICA

Para planejar uma Unidade de Terapia Intensiva, ou mesmo para realizar


uma reforma, existem normas reguladoras específicas que devem ser atendidas
para que esta unidade possa oferecer segurança e qualidade na assistência ao
paciente.
A experiência dos profissionais de terapia intensiva, que estão familiarizados
com as necessidades específicas da população de pacientes é fundamental para
uma construção correta.
O projeto deve ser idealizado e realizado por um grupo multidisciplinar
composto de médico, enfermeiro, arquiteto, administrador hospitalar e engenheiros.
Esse grupo deve avaliar a demanda esperada da Unidade de Terapia
Intensiva, baseando sua avaliação nos tipos de pacientes que serão internados, nos
critérios de admissão e alta, e na taxa esperada de ocupação.
É necessária ainda, a análise dos recursos médicos, na equipe de
enfermagem, fisioterapia, nutricionista, psicólogo e assistente social e pela

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disponibilidade dos serviços de apoio, como por exemplo, laboratórios, radiologia,
farmácia e outros.

1.2 LOCALIZAÇÃO DENTRO DO HOSPITAL

As Unidades de Terapia Intensiva devem estar localizadas em uma área


específica dentro do hospital, de preferência, com acesso restrito e controlado, sem
trânsito para os demais setores.
Essa restrição tem por objetivo impedir o trânsito de pessoas que não estão
realizando nenhum trabalho na unidade de terapia intensiva, evitando assim, uma
questão muito importante, a transmissão de infecção hospitalar.
Sua localização deve proporcionar acesso direto e ser próxima ao elevador,
ao serviço de urgência e emergência, ao centro cirúrgico, a sala de recuperação
pós-anestésica, unidades intermediárias de terapia e do laboratório e radiologia.

1.3 FORMA DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

A disposição dos leitos nas Unidades de Terapia Intensiva pode ser em área
comum, tipo vigilância, quartos fechados ou mistos. A área comum proporciona
observação contínua do paciente, é indicada a separação dos leitos por divisórias
laváveis que proporcionam uma relativa privacidade dos pacientes.

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FIGURA 02 – UTI EM ÁREA COMUM, TIPO VIGILÂNCIA

FONTE: Disponível em:<http://www.hospitalsaojose.org/img/acomodacoes/grandes/unidade-


de-terapia-intensiva-01.jpg>. Acesso em: 22 jul. 2011.

As unidades com leitos dispostos em quartos fechados devem ser dotadas


de painéis de vidro, para facilitar a observação dos pacientes. Nesta forma de
unidade é necessária uma central de monitorização no posto de enfermagem, com
transmissão de onda eletrocardiográfica e frequência cardíaca.
Unidades com quartos fechados proporcionam maior privacidade aos
pacientes, redução do nível de ruído e possibilidade de isolamento dos pacientes
infectados e imunodeprimidos.

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FIGURA 03 – LEITOS EM QUARTOS FECHADOS

FONTE: Disponível em:<http://www.einstein.br/PublishingImages/responsabilidade-


social-hmmd-uti-g.jpg>. Acesso em: 22 jul. 2011.

As unidades mistas possuem uma parte aberta com os leitos separados por
cortinas e uma parte com quartos, que na maioria das vezes são utilizados como
quartos de isolamento.

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FIGURA 04 – UNIDADES MISTAS

FONTE: Disponível em:<http://www.hospitaldabarra.com.br/imagens/cti-destaque1.jpg>. Acesso em:


22 jul. 2011.

Salas de isolamento são recomendáveis. Cada instalação de saúde deve


considerar a necessidade de haver nestas salas pressão positiva e negativa. A
pressão negativa o ar interno de uma sala não sai para o exterior, evitando assim a
transmissão de doenças que são transmitidas pelas vias aéreas.
Já na pressão positiva é ao contrário, o ar é "empurrado" para dentro de
algo. Por exemplo, nos aparelhos de respiração artificial o ar oxigenado é forçado
para dentro das vias aéreas dos pacientes.
A forma da Unidade de Terapia Intensiva vai depender principalmente do
tipo de paciente que será internado, da escolha da unidade hospitalar e dos
requisitos do Ministério da Saúde.
Independente da forma escolhida para a Unidade de Terapia Intensiva, esta
deve obedecer alguns critérios preestabelecidos para que o paciente internado
tenha segurança e qualidade na assistência de saúde.
Os pacientes devem ficar localizados de modo que a equipe da Unidade de
Terapia Intensiva tenha uma visualização direta ou indireta dele, e que seja possível
durante todo o tempo monitorar o seu estado de saúde, podendo atender
rapidamente esse paciente durante qualquer intercorrência.

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O projeto ideal é aquele que permite uma linha direta de visão, entre o
paciente e o posto de enfermagem, facilitando o atendimento aos pacientes
internados.
A área de cada leito deve permitir ampla circulação e fácil manejo dos
equipamentos. Os leitos devem ficar tanto quanto possíveis isolados uns dos outros.
A unidade deve ter aberturas amplas de vidro ou janelas isolantes para o exterior,
para evitar claustrofobia.
Os equipamentos de ar-condicionado devem estar em perfeito estado de
funcionamento e suas saídas não devem canalizar ar sobre os leitos, para que o ar
frio não atinja diretamente os pacientes.
Todos os leitos da Unidade de Terapia Intensiva devem possuir tomadas de
energia elétrica, nas voltagens de 110 e 220 volts. Em número suficiente para
atender as demandas de equipamentos e devem estar localizadas acima do piso e
conjugadas ao gerador de emergência do hospital.
Os leitos devem contar no mínimo com uma saída de canalização a vácuo,
duas de ar comprimido e duas de oxigênio, mas muitas vezes essas recomendações
não são seguidas.

FIGURA 05 – LEITO DE UTI

FONTE: Disponível em:<http://www.caririnoticia.com.br/wp-content/uploads/2011/06/leitos-de-


UTI.jpg>. Acesso em: 22 jul. 2011.

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Os sinais dos sistemas de chamada dos pacientes, os alarmes dos
equipamentos de monitorização e telefones se somam à sobrecarga auditiva nas
Unidades de Terapia Intensiva.
O Conselho Internacional de Ruído tem recomendado que o nível de ruídos
nas áreas de terapia aguda dos hospitais não ultrapassem 45 dB(A) durante o dia,
40 dB(A) durante a noite e 20 dB(A) durante a madrugada.
Tem-se observado que o nível de ruído na maioria dos hospitais está entre
50 e 70 dB (A) e, em alguns casos, acima desta faixa. Por essas razões, devem ser
utilizados pisos que absorvam os sons, levando-se em consideração os aspectos
para manter o controle das infecções hospitalares, manutenção e movimentação dos
equipamentos.
As paredes e os tetos devem ser construídos de materiais com alta
capacidade de absorção acústica. Atenuadores e defletores nos tetos podem ajudar
a reduzir a reverberação dos sons. As aberturas das portas devem ser defasadas
para reduzir a transmissão dos sons.
O posto de enfermagem deve ser centralizado, no mínimo um para cada
doze leitos e prover uma área confortável, de tamanho suficiente para acomodar
todas as funções da equipe de trabalho, com dimensões mínimas de 8m2.
O posto de enfermagem deve estar instalado de forma a permitir observação
visual direta ou eletrônica dos leitos ou berços. No caso de observação visual por
meio eletrônico, deverá dispor de uma central de monitores.
Cada posto deve ser servido por uma área de serviços destinada ao preparo
de medicação, com dimensão mínima de 8m2 e ser localizada anexa ao posto de
enfermagem.
Deve haver iluminação adequada de teto para tarefas específicas, energia
de emergência, instalação de água fria, balcão, lavabo, um sistema funcional de
estocagem de medicamentos, materiais e soluções e um relógio de parede.
Espaço adequado para terminais de computador e impressoras é essencial
quando forem utilizados sistemas informatizados. Deve ser previsto espaço
adequado para se colocar os gráficos de registros médicos e de enfermagem.
Os formulários de registros médicos e impressos devem estar armazenados
em prateleiras ou armários de modo que possam ser facilmente acessados por
todas as pessoas que requeiram o seu uso.

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FIGURA 06 – POSTO DE ENFERMAGEM

FONTE: Disponível
em:<http://www.unimedfortaleza.com.br/portal/img/conheca_o_hru/38.jpg>. Acesso em: 22 jul. 2011.

Deve haver lavatórios exclusivos para uso da equipe de assistência,


obedecendo à proporção de um lavatório para cada cinco leitos/berços ou
incubadoras. Os lavatórios devem ser dotados de torneiras com dispositivos
automáticos que permitam a interrupção do fluxo de água sem o uso das mãos.
Devem dispor, ainda, de sabão antisséptico e papel toalha ou jato de ar quente para
secagem das mãos.
Todas as áreas nas quais estão localizados leitos de UTI devem dispor de
iluminação natural e relógio posicionado de forma que possa ser observado pelo
paciente.
As salas de utensílios limpos e sujos devem ser separadas e não
interligadas. Os pisos devem ser cobertos com materiais sem emendas ou junções,
para facilitar a limpeza.
A sala de utensílios limpos é utilizada para armazenar suprimentos limpos e
esterilizados, podendo também acondicionar roupas limpas. Prateleiras e armários

AN02FREV001/REV 4.0

22
para armazenagem devem estar em locais acima do solo, facilitando a limpeza do
piso.
A sala de materiais sujos, denominada em muitas instituições de expurgo,
deve ser localizada fora da área de circulação da unidade. Pode ter uma pia e um
tanque, ambos com torneiras misturadoras de água fria e quente para desinfecção e
preparo de materiais.

FIGURA 07 – EXPURGO

FONTE: Disponível
em:<http://www.bluminox.com.br/hp/images/stories/produtos/Hospitais/Instalacoes_Hospitalares_(05).
jpg>. Acesso em: 22 jul. 2011.

Deve ser projetada para abrigar roupa suja antes de encaminhar ao destino,
dispor de mecanismos para descartar itens contaminados com substâncias e fluidos
corporais.
Recipientes especiais devem ser providenciados para descartar agulhas e
outros objetos perfurocortantes. Para desinfecção dos materiais não descartáveis
são necessários dois recipientes com tampa, um para materiais de borracha e vidro
e outro para materiais de inox, ou uma máquina processadora.
Os banheiros de pacientes devem ser localizados na área de internação da
unidade (geral) ou em anexo ao quarto (isolamento). Todos os banheiros e
sanitários de pacientes internados devem ter duchas higiênicas e chuveiro.

AN02FREV001/REV 4.0

23
Deve existir também a copa de pacientes para o uso do serviço de nutrição
e dietética, sendo receptora e distribuidora das dietas dos pacientes da unidade.
Deve ter pia, geladeira e lixo específico para desprezar restos de alimentos.
A sala de serviços gerais deve ser destinada a guarda de materiais e
soluções utilizadas na limpeza e desinfecção da Unidade. Deve ser provida de
tanque e prateleiras suspensas.
A área de armazenamento de equipamentos é destinada a guarda dos
equipamentos que não estão em uso na Unidade de Terapia Intensiva. Deve ser de
fácil acesso e ter um espaço adequado para pronta localização e remoção do
equipamento desejado. Devem ser previstas tomadas elétricas aterradas em número
suficiente para permitir a recarga dos equipamentos operados à bateria.
As Unidades de Terapia Intensiva devem ter serviço de laboratório clínico
disponível vinte e quatro horas por dia. Quando o laboratório central do hospital não
puder atender as necessidades da UTI, um laboratório satélite deve ser capaz de
fornecer os testes químicos e hematológicos mínimos, incluindo análises de gases
do sangue arterial.
A sala de reuniões é uma área distinta ou separada próxima de cada UTI, ou
do grupo de UTIs, projetada para observar e armazenar as radiografias, estudar e
discutir os casos dos pacientes. Um negatoscópio de tamanho adequado deve estar
presente para permitir a observação simultânea de uma série de radiografias.
Deve existir também uma sala de descanso para funcionários que deve ser
prevista em cada unidade ou grupamento de UTIs, para prover um local privado,
confortável e com ambiente descontraído.
Devem existir sanitários masculinos e femininos dotados de chuveiro e
armários. Uma copa com instalações adequadas para armazenamento e preparo de
alimentos, incluindo uma geladeira, um fogão elétrico e/ou forno micro-ondas. A sala
de descanso precisa estar ligada à UTI por um sistema de intercomunicação.
O conforto médico deve ser próximo à área de internação, de fácil acesso,
com instalações sanitárias e chuveiro. A sala deve ser ligada à UTI por telefone e ou
sistema de intercomunicação.
Deve haver uma sala de estudos para equipe multidisciplinar da UTI que
deve ser planejada para educação continuada, ensino dos funcionários ou aulas
multidisciplinares sobre terapia dos pacientes. Devem estar previstos recursos

AN02FREV001/REV 4.0

24
audiovisuais, equipamentos informatizados e interativos para autoaprendizado e
referências médicas, de enfermagem e outros.
Cada unidade de terapia intensiva deve ter uma área para controlar o
acesso de visitantes, que denominamos recepção da UTI. Sua localização deve ser
planejada de modo que os visitantes se identifiquem antes de entrar. Por ser uma
unidade de acesso restrito é desejável que a entrada para os profissionais de saúde
seja separada dos visitantes e um sistema de intercomunicação com as áreas da
UTI efetivo.
A sala de espera de visitantes é uma área indispensável e deve ser
localizada próximo de cada unidade de terapia intensiva. É destinada aos familiares
de pacientes, enquanto aguardam informações ou são preparados para visita na
unidade.
O acesso de visitantes deve ser controlado pela recepção. Um bebedouro e
sanitários devem ser localizados dentro da área ou próximos a ela. São desejáveis
para este ambiente, cores vivas, carpete, janelas, iluminação indireta e suave.
Deve ser previsto telefones públicos, sofás, cadeiras retas e reclináveis,
terminais de circuito interno de TV e materiais educativos. A sala de espera pode ser
compartilhada com setores afins do hospital, desde que seja dimensionada de forma
a atender a demanda das unidades a que se destina.
Os corredores utilizados para transportar os pacientes devem ser separados
dos utilizados pelos visitantes. O transporte dos pacientes deve ser rápido e a
privacidade preservada. Quando necessário o uso de elevadores, deve ser previsto
um tamanho superdimensionado e separado do acesso público.
Os corredores de suprimento e serviço devem ser planejados com 2,4
metros, portas com abertura de no mínimo 0,9 metros, permitindo fácil acesso. A
circulação exclusiva para itens sujos e limpos é medida dispensável.
O transporte de material contaminado pode ser por meio de quaisquer
ambientes e cruzar com material esterilizado ou paciente, sem risco algum, se
acondicionado em carros fechados, com tampa e técnica adequada.
O revestimento do piso deve ser resistente a trabalho pesado e permitir que
equipamentos com rodas se movam sem dificuldades.
A secretaria administrativa é uma área recomendável, adjacente à UTI, para
pessoal da administração médica e de enfermagem. Espaços adicionais para

AN02FREV001/REV 4.0

25
secretarias podem ser alocados para pessoal de desenvolvimento, especialistas
clínicos e serviço social, quando aplicável.
A habilidade de colocar estes profissionais nas proximidades de uma UTI
pode facilitar a abordagem do gerenciamento dos pacientes por um grupo amplo e
integrado.
É importante que se tenha um ambiente que minimize o stress do paciente e
dos funcionários deve ser planejado, incluindo iluminação natural e vista externa.
As janelas são aspectos importantes de orientação sensorial e o maior
número possível das salas deve ter janelas para indicação de dia/noite. Para
controlar o nível de iluminação podem utilizar cortinas, toldos externos, vidros
pintados ou reflexivos.
Outros recursos para melhorar a orientação sensorial dos pacientes podem
incluir a provisão de calendário, relógio, rádio, televisão e ramal telefônico. A
instalação de televisão deve ficar fora do alcance dos pacientes e operados por
controle remoto.
As considerações de conforto devem incluir métodos para estabelecer a
privacidade dos pacientes. O uso de persianas, cortinas, biombos e portas controlam
o contato do paciente com a área ao redor.
Uma poltrona deve estar disponível a beira do leito para visita de familiares.
A escolha das cores das paredes proporciona descanso e propicia ambiente
tranquilo.

1.4 NÚMERO DE LEITOS

O número de leitos necessários para fornecer uma cobertura segura e


adequada para pacientes gravemente doentes em um hospital, depende da
população do hospital, quantidade de cirurgias, grau do compromisso de cuidados
intensivos pela administração do hospital, pelos médicos e enfermeiros, e dos
recursos institucionais.
Um método empírico frequentemente relatado é que um hospital geral
deveria destinar 10% da capacidade de leitos para UTI.

AN02FREV001/REV 4.0

26
Uma UTI deve existir com no mínimo cinco leitos, em hospitais com
capacidade para cem ou mais leitos. A instalação com menos de cinco leitos torna-
se impraticável e extremamente onerosa, com rendimento insatisfatório em termos
de atendimento.
O ideal considerado, do ponto de vista funcional, são oito a doze leitos por
unidade. Caso se indique maior número de leitos, esta deve ser dividida em
subunidades, tal divisão proporciona maior eficiência de atendimento da equipe de
trabalho.

FIGURA 08 – NÚMERO DE LEITOS DE UTI

FONTE: Disponível em: <http://www.hospitalsaltlake.com.br/img/uti2.jpg>. Acesso em: 22 jul. 2011.

1.5 RECURSOS MATERIAIS

A escolha dos materiais e equipamentos que serão utilizados na unidade de


terapia intensiva está ligada às suas características. Há uma necessidade real em se
estabelecer adequação entre equipamento a ser utilizado e as práticas
desenvolvidas na unidade.
Os profissionais que atuam na unidade de terapia intensiva devem estar
cientes de que os equipamentos disponíveis fazem parte do tratamento do paciente,
mas, não substituem a avaliação clínica da equipe médica e de enfermagem.

AN02FREV001/REV 4.0

27
Alguns pontos devem ser ressaltados, orientando a escolha do equipamento
que será utilizado na assistência ao paciente internado na unidade de terapia
intensiva. São eles:

 Ser de fácil operacionalidade, eficiente e de utilidade comprovada;


 Ter assistência técnica contínua e eficaz e garantia de manutenção
preventiva;
 Atingir as finalidades da unidade e dos pacientes internados,
oferecendo segurança na assistência ao paciente.

Um programa deve ser estabelecido para a manutenção preventiva de todo


o equipamento, por uma inspeção regular, de acordo com as especificações do
fabricante.
Para caracterizar a UTI como área confinada, todo o seu equipamento deve
ser próprio e não ser deslocado para outras unidades do hospital. As finalidades do
equipamento só serão atingidas se houver condições de utilização imediata.
De acordo com a Portaria nº 466, do Ministério da Saúde, datada de 4 de
junho de 1998, os seguintes critérios devem ser seguidos:

 Para cada paciente internado na UTI, deve existir uma cama Fowler com
grades laterais e rodízios e/ou um berço aquecido ou uma incubadora, de acordo
com a modalidade de UTI e faixa etária dos pacientes internados.
 Toda Unidade de Tratamento Intensivo deve estar provida, no mínimo,
dos materiais e equipamentos especificados na tabela abaixo, atendendo à
quantificação nela prevista.

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TABELA 01: MATERIAIS E EQUIPAMENTOS OBRIGATÓRIOS NA UTI E
RESPECTIVA QUANTIFICAÇÃO

TIPO DE MATERIAL OU EQUIPAMENTO QUANTIFICAÇÃO


 Carro ressuscitador com monitor e
desfibrilador, sincronizado e material para
intubação orotraqueal (carro de
emergência).
 Negatoscópio.
 Aspirador portátil.
 Glicosímetro ou hemoglucoteste.
 Ventilômetro/vacuômetro.
 Marca-passo provisório (eletrodo e
gerador).
 Geladeira para conservação de
medicamentos. Uma unidade do material/
 Recipiente para aquecimento (banho- equipamento para cada UTI
maria). Neonatal, Pediátrica ou Adulto
 Máscara de Venturi, com diferentes
concentrações.
 Maca de transporte com grades laterais e
suporte para soluções parenterais
 Bandejas equipadas para: curativos,
diálise peritoneal, drenagem torácica e
flebotomia.

 Urodensímetro.
 Hemogasômetro.
 Cilindro de oxigênio com capacidade
mínima de 115 pés cúbicos (3,0-3,2 m3), Uma unidade do material/
provido de válvulas de segurança e equipamento disponível para a
manômetro, devidamente UTI Neonatal, Pediátrica ou
acondicionados. Adulto ou, quando existente,
 Ar comprimido. para todo o Centro de
 Eletrocardiógrafo portátil. Tratamento Intensivo.
 Aparelho de raios-x móvel.
 Oftalmoscópio.

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29
Uma unidade do material/
equipamento para cada leito,
berço ou incubadora de UTI
 Respirador mecânico.
Adulto, Pediátrica.

 Monitor cardíaco.
 Adaptador para monitor (cardioscópio e
oximetria de pulso).
 Máscara de oxigênio de diferentes
Uma unidade do material
tamanhos.
equipamento para cada leito
 Termômetro.
berço ou incubadora de UTI
 Esfigmomanômetro.
Adulto, Pediátrica ou Neonatal.
 Estetoscópio.
 Ressuscitador manual (ambú).
 Bomba de infusão.
 Suporte para frascos de drenagem.

Uma unidade do material/


equipamento para cada leito
 Capacete para oxigenoterapia ou
berço ou incubadora de UTI
oxitenda.
Pediátrica e Neonatal.
Uma unidade do material/
 Kit de CPAP nasal com umidificador equipamento para cada 2
aquecido. leitos, berços ou incubadoras
de UTI Pediátrica.
Uma unidade do material/
 Aparelho de fototerapia. equipamento para cada 3
incubadoras de UTI Neonatal
Uma unidade do material
 Respirador mecânico. equipamento para cada 3
incubadoras de UTI Neonatal

Quando o hospital dispuser de apenas uma unidade de terapia intensiva,


seja adulto, pediátrico ou neonatal, o hemogasômetro, o cilindro de oxigênio e ar
comprimido não precisa ser exclusivo da Unidade, podendo ser disponibilizado de
outros setores do hospital, desde que se mantenham de fácil acesso.
Os equipamentos em uso na UTI devem apresentar-se limpos, desinfetados
ou esterilizados, conforme necessidade de uso, em plenas condições de
funcionamento e com todos os alarmes ligados e regulados. É importante lembrar
que este cuidado deve ser vistoriado pela equipe de enfermagem, principalmente o
enfermeiro.

AN02FREV001/REV 4.0

30
A rotina de manutenção preventiva dos equipamentos deve obedecer à
periodicidade e os procedimentos indicados pelos fabricantes, para garantir o seu
funcionamento dentro dos padrões estabelecidos.
Essa é uma questão que sempre gera muitos conflitos para os enfermeiros,
pois os hospitais muitas vezes não param os equipamentos para realizar a
manutenção preventiva.
Na compra dos equipamentos, isso deve ser programado e avaliado pelos
gestores hospitalares e equipe de enfermagem, evitando conflitos após a aquisição
e prejuízo na qualidade na assistência ao paciente.
As intervenções realizadas nos equipamentos tais como instalação,
manutenção, troca de componentes e calibração devem ser acompanhadas e/ou
executadas por um responsável técnico pela manutenção, documentadas e
arquivadas.
Havendo terceirização do serviço de manutenção dos equipamentos, deve
ser estabelecido um contrato formal, celebrado entre a UTI/hospital e esse serviço,
que assegure além da manutenção, o tempo mínimo de inatividade dos
equipamentos.
Toda UTI deve dispor de medicamentos essenciais para as suas
necessidades, conservados em condições adequadas de segurança, organização,
fácil acesso e controle de prazo de validade, constando, no mínimo, de:

 Anticonvulsivantes;
 Drogas inotrópicas positivas e vasoativas;
 Analgésicos opioides e não opioides;
 Sedativos;
 Bloqueadores neuromusculares.

Além de medicamentos com as seguintes indicações:

 Para reanimação cardíaca e arritmias;


 Para anafilaxia;
 Para controle de vias aéreas;
 Para controle de psicose aguda.

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1.6 RECURSOS HUMANOS

Toda unidade de terapia intensiva deve, em suas 24 horas de


funcionamento, dispor de:

 Um Médico Plantonista para cada dez leitos ou fração, responsável


pelo atendimento na UTI e na Semi-intensiva, quando existente.
 Um Enfermeiro para cada turno de trabalho.
 Um Técnico de Enfermagem para cada dois leitos de UTI Adulto ou
Pediátrico e um Técnico de Enfermagem para cada paciente de UTI Neonatal.
 Um Fisioterapeuta.
 Um Auxiliar de Serviços Administrativos/Secretária.
 Um funcionário exclusivo para serviços de limpeza.

Os Plantonistas da unidade de terapia intensiva que não apresentarem título


de especialista em Medicina Intensiva devem possuir, no mínimo, estágio ou
experiência profissional comprovada pela Associação de Medicina Intensiva
Brasileira (AMIB) de, pelo menos, um ano na área.

1.7 PROCEDIMENTOS

Toda unidade de terapia intensiva deve estabelecer, por escrito, um manual


de normas e rotinas dos procedimentos realizados ali, assinada pelo Responsável
Técnico (RT) e Chefia de Enfermagem, elaborada em conjunto com os setores afins
do hospital, como por exemplo, CCIH, Farmácia, Serviço de Manutenção, dentre
outros, e que contemple, no mínimo, os seguintes tópicos:

 Procedimentos médicos;

AN02FREV001/REV 4.0

32
 Procedimentos de enfermagem;
 Processamento de artigos e superfícies;
 Controle de manutenção dos equipamentos;
 Procedimentos de biossegurança;
 Transporte intra-hospitalar.

O manual de normas e procedimentos deve ser compatível com os


requisitos técnicos e exigências previstas no Regulamento Técnico, Portaria nº 466,
do Ministério da Saúde e demais instrumentos legais pertinentes, assim como, com
a literatura biomédica internacional atualizada.
O manual de normas e procedimentos deve ser extensivo à Unidade de
Tratamento Semi-intensivo, quando existente no hospital, assim como ao Serviço de
Tratamento Intensivo Móvel.
A unidade de terapia intensiva deve manter um prontuário para cada
paciente, com todas as informações sobre o tratamento e sua evolução, contendo os
resultados dos exames realizados permanentemente anexados a este.
Os prontuários devem estar adequadamente preenchidos, de forma clara,
atualizados, assinados, carimbados e datados pelo médico responsável por cada
atendimento. A equipe de enfermagem deve também zelar pelo bom estado do
prontuário e pelas informações referentes às anotações de enfermagem.
Os prontuários dos pacientes devem estar acessíveis para auditoria, assim
como, para consulta dos pacientes ou responsáveis, desde que asseguradas às
condições de sigilo previstas no Código de Ética Médica, e de Direito, previstos no
Código de Defesa do Consumidor.
Fica assegurado o acesso diário de visitantes e familiares aos pacientes
internados, conforme rotina e horário estabelecidos pelo Responsável Técnico e
Chefia de Enfermagem.

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1.8 INDICAÇÕES PARA ADMISSÃO E ALTA

As indicações para admissão e alta da Unidade de Terapia Intensiva e


Unidade de Terapia Semi-intensiva são atribuições exclusivas do Médico Intensivista
ou do médico plantonista.
Terá indicação para admissão em Unidade de Terapia Intensiva:

a) Paciente grave ou de risco, com probabilidade de sobrevida e


recuperação.
b) Paciente em morte cerebral, por tratar-se de potencial doador de
órgãos.

Deve ter alta da UTI o paciente que não apresenta mais nenhum critério que
justifique sua internação podendo, a critério do intensivista/plantonista, ser
encaminhado para a Unidade de Terapia Semi-intensiva ou para a enfermaria e/ou
apartamento.
Serão admitidos na Unidade de Terapia Semi-intensiva, pacientes oriundos
da UTI e/ou de outras unidades do hospital, a critério do Médico Intensivista.

1.9 ORIENTAÇÕES PARA VISITANTES E ACOMPANHANTES

Há mais de uma década e meia, o relacionamento com o paciente sob


tratamento hospitalar vem sendo valorizado, o visitante passou a ser considerado
como parte contribuinte na recuperação do doente.
No entanto, sendo o hospital um lugar insalubre, pelas atividades exercidas
e pela clientela, há necessidades de informações claras para a proteção de ambos,
pacientes e visitantes, quanto a possíveis contaminações.

AN02FREV001/REV 4.0

34
Preconiza-se que tais informações devem ser efetuadas por escrito, em
folheto impresso, com linguajar claro, e que sejam ressaltados alguns pontos sobre
a visita, tais como:

 Visitantes com qualquer tipo de doença infecciosa, como por exemplo,


gastroenterites, respiratórias ou outras, bem como portadores de febre, dermatites,
abscessos, não devem visitar pacientes;
 Quando a visita é imprescindível, o visitante deverá fazer uso de
avental, máscara e realizar a antissepsia rigorosa das mãos antes e após a visita;
 Todo visitante deve ser supervisionado na lavagem das mãos prévia e
posteriormente à visita;
 Para visitas a pacientes imunossuprimidos (transplantados,
quimioterapia e outras drogas) ou imunodeprimidos (doenças que diminuam a
resistência orgânica, pós-operatório de grandes cirurgias), bem como unidades de
alto risco como UTIs, Hematologia, Berçário de Alto Risco, Hemodiálise entre outros,
o visitante deverá obedecer rigorosamente ao protocolo daquelas unidades de
internação;
 Crianças não podem ser visitantes hospitalares a não ser em situações
justificáveis. Esta avaliação deverá ser feita pela enfermeira. Médico, ou psicólogo e
a criança ter acompanhante pessoa responsável e orientada para as informações da
rotina. Cuidados de lavagem das mãos antes e após a visita devem ser observados
rigorosamente (enfatizada pela idade e pelo fato de colocar a mão na boca);
 A restrição do número de visitantes por paciente está indicada para
evitar a superlotação dentro das unidades de internamento, o que dificulta a
orientação e supervisão adequadas. O visitante não deve trazer alimentos ao
paciente; quando permitido, deverão ser entregues à enfermagem (acondicionados
em embalagens fechadas), em condições que favoreçam sua conservação e
consumo o mais breve possível;
 Rotineiramente, não são permitidas sacolas trazidas pelos visitantes,
evitando que sejam colocadas no chão, sobre a cama, ou mesa de refeições;
 O visitante não deverá utilizar a cama do paciente ou qualquer outra
para sentar ou deitar, evitando dessa maneira, carregar micro-organismos tanto para
o leito hospitalar quanto para sua roupa;

AN02FREV001/REV 4.0

35
 Em relação a plantas e flores, recomenda-se sua colocação do lado de
fora dos quartos dos pacientes ou até mesmo evitar a sua entrada no hospital.
 A ampliação do horário de visitas, facilitação de comunicação com o
meio exterior, conservação de objetos pessoais (principalmente infantis), fotografias,
objetos religiosos, permitirá que o paciente sinta-se como em um local privativo. No
entanto, esta atitude deverá ser avaliada em conjunto interdisciplinar.

1.10 FORMULÁRIOS E IMPRESSOS DA UNIDADE DE TERAPIA

Os formulários e impressos especiais devem ser planejados, segundo as


características da unidade, a fim de conter de maneira regular os registros de um
período de 24 horas. Alguns procedimentos são aplicáveis à maioria dos pacientes e
podem ser estabelecidos como rotina.
Entende-se por Manual de Enfermagem o instrumento que reúne, de forma
sistematizada, normas, rotinas, procedimentos e outras informações necessárias
para a execução das ações de enfermagem.

Os Manuais podem ser elaborados a partir de duas situações:

 Quando na fase de organização e programação das atividades de um


serviço;
 Quando este já está em funcionamento e requer a atualização de
normas e procedimentos.

Em ambas a situações, a metodologia a ser aplicada é a mesma, ou seja,


atender as necessidades da equipe de profissionais que trabalham na unidade de
terapia intensiva visando à qualidade da assistência ao paciente internado.
As etapas para a elaboração de um manual de enfermagem podem ser
sintetizadas em:

AN02FREV001/REV 4.0

36
 Diagnóstico da situação: é feito com base no levantamento e na
análise das informações do serviço de enfermagem. A estrutura organizacional onde
o serviço está inserido, a filosofia norteadora das ações, os objetivos que devem ser
alcançados em função da clientela, as ações de enfermagem que devem ser
desenvolvidas e por quem, os recursos humanos e materiais disponíveis, o sistema
de informação existente e os problemas enfrentados na prestação da assistência de
enfermagem.

 Determinação dos assuntos: a análise das informações coletadas


define que instrumentos o manual deve conter e qual o conteúdo desses
instrumentos. Nesta fase, será decidido se para um determinado assunto será
melhor a elaboração de um procedimento ou de uma rotina, de acordo com a
situação analisada.

 Estruturação e confecção dos instrumentos: a estruturação envolve


a ordenação (sequência lógica, agrupamentos) e apresentação dos assuntos
(numeração, linguagem, disposição na folha). Após essas definições de estrutura,
cabe definir quem vai escrever os instrumentos, preferencialmente o grupo de
enfermeiros que atua ou atuará no setor; é importante que o conteúdo seja
analisado pela pessoa diretamente envolvida na situação independente de quem irá
escrever.

 Implantação: quando elaborado com a participação de toda a equipe,


torna-se mais fácil, pois as informações nele contidas representam o consenso do
grupo que o colocará em prática. Caso não tenha havido a participação da maioria
dos funcionários, faz-se necessário o preparo do grupo para a sua implantação,
esclarecendo principalmente seus objetivos, conteúdo e resultados. O manual
deverá estar acessível aos usuários, e orientações deverão ser dadas quanto ao
manuseio do mesmo.

 Avaliação: o manual deve ser utilizado e, para isso, suas informações


devem sofrer constantes avaliações e reformulações. Um manual desatualizado
provavelmente se tornará desacreditado. A atualização pode ser programada para

AN02FREV001/REV 4.0

37
períodos previstos ou quando surgirem mudanças, desde que todos os usuários
sejam previamente avisados.

1.10.1 Conteúdo do Manual

O conteúdo do manual é determinado pela necessidade de informação


existente na unidade em que será implantado.

O manual de enfermagem poderá conter:

 Regulamento do hospital;
 Regimento do serviço de enfermagem;
 A filosofia do serviço de enfermagem;
 Estrutura administrativa da organização e do serviço de enfermagem;
 Planta física da unidade;
 Descrição das funções que cada elemento da equipe deve realizar;
 Descrição de cuidados de enfermagem de acordo com os diagnósticos
ou agravos à saúde da clientela;
 Normas, rotinas e procedimentos relacionados ao pessoal, à
assistência que deverá ser prestada, ao material;
 Roteiros para a realização de atividades de enfermagem;
 Descrição e funcionamento de equipamentos;
 Previsão de materiais de consumo e permanente;
 Quadro de pessoal da unidade;
 Orientações específicas para o preparo dos elementos da equipe de
enfermagem;
 Impressos utilizados na unidade e orientações para o seu
preenchimento;
 Orientações sobre os direitos e deveres dos elementos da equipe de
enfermagem;
 Outros instrumentos que deverão ser consultados.

AN02FREV001/REV 4.0

38
Estas informações podem estar contidas em um único manual ou em
instrumentos diferentes, dependendo das características e finalidades.

1.11 HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO EM UTI

Humanização é concebida como o atendimento das necessidades


biopsicossociais e espirituais do indivíduo tanto no contexto do trabalhador quanto
no do usuário (cliente/paciente).
Nessa perspectiva, cada um deve ser compreendido e aceito como ser único
e integral e, portanto, com necessidades e expectativas particulares. Na atenção à
saúde, as ações voltadas à humanização do cliente devem ser manifestadas nos
âmbitos organizacional, ambiental, tecnológico, nas inter-relações, nas atividades
terapêuticas em si e em outros.
Mezzomo (2001) afirma: “Hospital Humanizado, é aquele onde em sua
estrutura física, tecnológica, humana e administrativa valoriza e respeita a pessoa,
colocando-se a serviço da mesma, garantindo-lhe um atendimento de elevada
qualidade”.
Knobel (1998), em abordagem a respeito das Condutas no Paciente Grave,
enuncia: “A humanização é um antigo conceito que renasce para valorizar as
características do gênero humano. Para que seja verdadeiramente recuperado, é
necessária uma equipe consciente dos desafios a serem enfrentados e dos próprios
limites a serem transpostos”.
Relata, ainda, que as especificidades de uma UTI fazem com que os
trabalhadores desse serviço atuem de maneira impessoal, o que carece de atenção.
A complexidade tecnológica (máquinas/equipamentos), a fragmentação do
cuidado, as deficiências estruturais do sistema de saúde como um todo, e a falta de
filosofias de trabalho e de ensino voltada à humanização de maneira efetiva.
No cuidado à saúde, em nosso país, a humanização do cliente pode ser
percebida na Constituição Federal (Brasil, 1988) que garante a todos o acesso à
assistência à saúde de forma resolutiva, igualitária e integral.

AN02FREV001/REV 4.0

39
A Carta dos Direitos do Paciente (Fórum Permanente das Patologias
Clínicas, 1995) e pela Comissão Conjunta para Acreditação de Hospitais para a
América Latina e o Caribe e mais recentemente, o Programa Nacional de
Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), proposto pelo Ministério da
Saúde em 2001, são documentos que determinam o modo e o campo de atuação
das instituições e dos profissionais de saúde rumo à humanização dos seus
usuários.
Também contamos com o Serviço de Proteção ao Consumidor (Procon) e o
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Um fato que merece destaque é
a existência crescente dos Serviços de Atendimento ao Cliente (SAC), também no
interior das empresas de saúde.
No processo de humanização do cliente pela enfermagem, Santana e Silva
(2000) referem: “Decididamente, não há regras, nem fórmulas que o tornem viável,
porque ele depende fundamentalmente da conscientização da sua importância”.
Como alternativas de otimização, sugerem mais investimentos na formação
de recursos humanos e na compreensão do paciente como ser único e indivisível.
Apesar de a literatura ressaltar a necessidade da humanização dos usuários
dos serviços de saúde, pouco se sabe a respeito da implementação e dos resultados
de medidas que visem minimizar a impessoalidade do cliente.
Na enfermagem, embora de forma indireta, a humanização do paciente foi
enfocada no Século XIX por Florence Nightingale (1989). Em seu livro de título
Notas Sobre Enfermagem, em vários momentos, ela sugere maneiras para o melhor
restabelecimento dos pacientes por meio da adoção de medidas ambientais
proporcionadas pelas enfermeiras.
Por seus escritos, percebemos que, naquela época, ainda que o foco
principal da assistência fosse o ambiente, a humanização já estava implícita na
atuação da enfermagem.
Hoje, passados mais de um século, a questão da humanização ainda
consiste em um desafio para a profissão que precisa se adequar às demandas
tecnológicas, econômicas e sociais todas elas com forte tendência à
desumanização.
Sabemos que a revolução industrial e o ambiente socioeconômico sempre
influenciaram no modo de atuação da enfermagem, entretanto questões

AN02FREV001/REV 4.0

40
relacionadas à ética, ao respeito e ao reconhecimento da individualidade dos outros,
são princípios que devem prevalecer na vida das pessoas e na profissão,
independentemente da origem, da época e do local.

1.12 O PACIENTE E SUAS NECESSIDADES BÁSICAS

As influências internas e externas a que está constantemente submetido o


paciente na UTI podem levá-lo a uma condição de estresse, na qual o indivíduo
perde a capacidade natural de adaptação.
Este fato constitui uma ameaça à manutenção da sua homeostase e
interfere grandemente na satisfação das suas necessidades básicas.
As necessidades básicas são aquelas relacionadas com a sobrevivência
física, psíquica e espiritual: necessidades psicobiológicas, psicossociais, e
psicoespirituais (MASLOW apud GOMES, 1988).
Muitas dessas necessidades estão afetadas no paciente de UTI. O paciente
gravemente enfermo tem uma grande dependência em relação à satisfação dessas
necessidades e, como todo ser humano que se vê dependente, responde a este fato
de uma forma característica, individual.
Ele se torna concentrado em si mesmo, seus interesses e sua atenção se
limitam ao momento presente, sua preocupação primária é o funcionamento do seu
corpo.
As necessidades de segurança física se acentuam, ainda, pelo fato de se
sentir ameaçado por falhas mecânicas e, talvez, por falhas humanas. Em relação à
necessidade de se comunicar, acontece frequentemente que o paciente de UTI está
impossibilitado de fazê-lo verbalmente ou mesmo por meio da escrita, por motivos
como intubação orotraqueal, afasia ou efeitos de drogas.
O fato de não poder se expressar convenientemente muitas vezes o faz
adotar os mais variados comportamentos, desde a passividade e a indiferença até a
agressividade.

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Sua ansiedade cresce quando vê seu corpo exposto, manuseado pela
equipe, que, no afã de atendê-lo pronta e eficazmente, se esquece de lhe dar
explicação prévia ou de atuar com maior cuidado.
E atingido em sua autoestima quando se vê subjugado por todos que se
aproximam do seu leito e que, sem pedirem seu consentimento, executam suas
tarefas, introduzindo-lhes sondas e cateteres, expondo seu corpo sem considerarem
seu pudor.

1.13 O PACIENTE E A FAMÍLIA FRENTE AO AMBIENTE DA UTI

O envolvimento da família no processo de recuperação do paciente na UTI


vem ocorrendo cada vez mais, o que era apenas um horário restrito de visita vem se
tornando um espaço da presença da família, com horários flexíveis de visita e/ou
presença permanente de um acompanhante.
Cabe à equipe identificar as situações em que o paciente será beneficiado
com isso e propor a permanência do acompanhante.
Por lei, crianças e jovens com até 18 anos têm direito a acompanhante,
devendo os estabelecimentos de atendimento à saúde proporcionar condições para
permanência em tempo integral de um dos pais ou responsáveis. Tais direitos são
concedidos também aos pacientes com mais de 65 anos. Cabe lembrar que a
permanência do acompanhante tem como principal objetivo apoiar emocionalmente
o paciente, auxiliando em sua recuperação.
Mostrar o ambiente da UTI e seus equipamentos, explicando de uma
maneira simplificada seu funcionamento e a sua finalidade, é uma medida que gera
segurança na família, pois esta passa a inteirar-se do ambiente, que deixa de ser frio
e desconhecido para ela.
Os equipamentos que serão, ou possam vir a ser utilizados no paciente, são
outro aspecto relevante a ser abordado com os familiares. Estar presente à beira do
leito no primeiro contato familiar com o paciente na UTI auxilia no esclarecimento do
que é e qual a utilidade de cada aparelho.

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Não se deve esquecer-se de explicar os alarmes existentes e qual a sua
finalidade, pois muitas vezes este é um fato que causa ansiedade na família, por não
saber do que se trata.
A elaboração de um manual que mostra esses aspectos técnicos torna
prática e objetiva esta abordagem, mas não exclui a presença e a orientação
fornecida pelo profissional.
O manual, se elaborado deve ser composto em uma linguagem simples e
objetiva, com ilustrações que facilitem a identificação dos aparelhos. Deve abordar
os aparelhos que provavelmente serão utilizados, a importância de lavar as mãos
antes e após a visita no contato com o paciente, os profissionais que atuam na UTI e
como ocorre o sistema de informações.
Enfim, o enfermeiro deve estar apto a receber o paciente e sua família,
promovendo um vínculo efetivo que vise uma assistência individualizada e de
qualidade, minimizando a dor e o sofrimento de todos durante sua permanência na
UTI.
Promover uma interação efetiva com a família do paciente na UTI é um
passo fundamental na recuperação da saúde deste; passo difícil de ser estabelecido
na íntegra, pois envolve treino, consciência e vontade.

1.14 PROGRAMA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA


HOSPITALAR

A Rede Nacional de Humanização tem como base um site do PNHAH


(www.humaniza.org.br) e uma equipe de Multiplicadores Virtuais, responsáveis pela
manutenção e fortalecimento da Rede, com informações, experiências e debates
relevantes ao PNHAH.

Acessando o endereço eletrônico do PNHAH, você e seu hospital poderão:

 Fazer parte da Rede Nacional de Humanização;

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 Receber informações sobre os dispositivos da Rede: Banco de
Projetos, Mapa Nacional de Humanização, grupos de discussão, palestras,
conferências e supervisão a distância;
 Divulgar suas experiências de humanização, mediante autorização da
direção do hospital.

FIM DO MÓDULO I

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