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Diário da Manhã OPINIÃO GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 1

VIAGEM À LUZ
sências do doce com sa-
BATISTA bor distinto das frutas na
laranja e na jabuticaba e,
CUSTÓDIO sobretudo, emberça na
semente o pólen para o
parto nas flores.
Mas esse fenomenismo

N ENHUMA pessoa
engana tanto os ou-
tros como a si própria
natural é pouco ante uma
fenomenia que aguça a
minha curiosidade. Outra
nas que tapea. Vai nos observação deixa-me
esconderijos do olhar a ainda mais embasbacado
brutalização da crítica ir- e pensativo. A engenharia
radiada do recalcamento é tão perfeita nos cálculos
oculto da autocrítica no da flora, principalmente
subconsciente do julga- na vegetação dos Cerra-
dor. Toda vida particular dos, que na tortura das
dá escândalo se exposta árvores está a programa-
a público; afinal, inexiste ção na simetria do peso
quem não tenha cometi- que estabelece a medida
do muitas faltas seme- correta que as mantém
lhantes às que aponta de pé e determina e dife-
nos vizinhos; pois, até ao re a potência do impacto
contrário, o ser humano que resistirão nas copas
mais desprezível está do açoite dos vendavais
palpável no âmago do que as derrubará.
moralismo. Intrigam-me as flores
dos girassóis estarem vi-
“Toda vida particular dá rando-se de frente para o
escândalo se exposta a Sol o dia inteiro. É certo,
encanta-me o poema do
público; afinal, inexiste namoro de suas pétalas
quem não tenha come- semelhantes aos raios de
tido muitas faltas seme- luz e fazem os girassóis
acompanharem o roteiro
lhantes às que aponta do Sol. Enreda-me o fato
nos vizinhos” de a física não popu-
larizar esse fenômeno na
A pessoa precisa ir além legenda de suas desco-
do que está na frente dos bertas, que muitos con-
olhos. sideram lenda decorrente
O instante na vida não de os vegetais procura-
é apenas a fração do se- rem o Sol. Pode ser lenda,
gundo nos relógios, mas como um dia o foi que o
é o tempo no eterno da Sol é que girava em torno
distância que separa na da Terra. A lindeza dos gi-
música o compositor no Ascensão de Jesus Cristo rassóis apaixona-me e já
gênio Wolfgang Amadeus cheguei a plantar um al-
Mozart do genioso Zezé queire na Fazenda do En-
Di Camargo que, se fosse O tamanho do Univer- Mundo, com sopro dos Na comunidade dos cantado dessa maravilha
Andrea Bocelli, não con- so é a medida exata do ventos frios nas Estepes formigueiros e das col- codificada como a Flor
fundiria na voz o som do infinito no milímetro do da Rússia; mas é, tam- meias há estabilidade do Sol, só para apreciá-
grito com o tom do agu- grão de areia. bém, a ventania que mo- econômica e administra- los girando vagarosa-
do no canto lírico. Essa é Há no peso do pó de ve a Vida desde a respira- tiva e cujo segredo da or- mente, quase que imper-
a distância que se mede a terra a força que sustenta ção inaugural das crian- ganização os economistas ceptivelmente aos olhos
vida e mantém duas pes- a imensidão na leveza da ças no ventre. e administradores não quanto a velocidade do
soas defronte uma da ou- montanha. conseguem manter está- Sol em céu limpo.
tra e as coloca afastadas Espera na semente a “Desconfio que vel na sociedade humana. (Não opino a respeito
entre si no extremo de descendência da mata existem almas cegas Encabulo-me todas as do que não possua infor-
seus mundos no outro la- que está nas árvores que vezes que me vejo diante mação científica. Marco
do da constelação irra- estão nascidas em meu carentes de uma de uma árvore. Às vezes Antônio Sterd Leite, pro-
diante dos raios que não olhar e irão cobrir todas esmola de luz “ permaneço horas tentan- fessor aposentado de
se bifocam nas chamas as paisagens destruídas do decifrar o mistério da Física, da UFG, atendeu-
do talento no luzeiro da desde o dia em que as Em que enigma se es- operosidade intrínseca me ao telefone, cordial, e
inteligência criadora. pessoas foram animaliza- conde o maestro que en- de sua fecundação. Plan- não confirmou o giro da
das pelo materialismo sina aos pássaros a canta- tam-se a laranjeira e a ja- flor do girassol à luz do

A vida é eterna em ca-


da momento, com-
pleta em todas as formas
que peca até nas rezas.
A bonança da brisa que
leva a pequena folha seca
rem afinados? De onde
vem essa orquestra en-
cantada, que os mestres
buticabeira próximas
uma à outra. A terra é a
mesma. As raízes de am-
Sol. Insisti que havia lido
sobre esse fenômeno e
persisti que já o presen-
de vida nas coisas e nos no ar traz em si a energia da sinfonia e do canto líri- bas absorvem o mesmo ciei. O professor, solícito,
seres e vai na tristeza das das tempestades que sa- co não a encontram e en- material bruto na argila, não se convenceu, disse
partidas à satisfação das codem as ribanceiras nos saiam meses e desento- cada qual seleciona os que ia pesquisar e en-
chegadas. tufões, empurram os ro- am-se nos concertos? Eric elementos necessários à traria em contato comi-
O Mundo está em tudo chedos nas encostas Alfred Leslie Salie desafi- sua natureza, recicla e go. Retornou. O material
e no nada. O Nada é a aprumadas nos ciclones, nou ao tocar Gymnopedie produz a forma dos tron- científico confirmou. A
presença do Tudo ausen- que levantam os oceanos nº 5, na Ópera de Paris. cos, galhos, folhas, frutos. luz do Sol atrai a flor do
te ao olhar. ao remo das procelas nos Enrico Caruso, o mais afi- E, enquanto observo, fico girassol. Socorri-me à
A realidade é a crosta mares, que derrotaram nado e o maior tenor de imaginando a indústria formação do Hyrandir
dura de um ínfimo pon- Napoleão Bonaparte e todos os tempos, foi vaia- que há funcionando nas Cabral de Melo, professor
to com a enormidade do Adolf Hitler, ao se consi- do no Teatro San Carlo, de raízes e extrai das mes- de Fisiologia Vegetal da
mistério dentro. derarem Senhores do Nápolis, sua cidade natal. mas substâncias as es- UFG:

continua
2 GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 OPINIÃO Diário da Manhã

“As flores do girassol de-


têm um dos movimentos
mais conhecidos que
ocorrem em plantas, no
qual as flores mudam
seus ângulos de inclina-
ção em função do posicio-
namento do Sol. Não so-
mente as flores, mas cau-
les jovens e folhas tam-
bém podem se movimen-
tar em busca de um ân-
gulo de recepção da radi-
ação solar que otimize
seus processos metabóli-
cos dependentes de luz.
Uma vez que o ângulo de
incidência da radiação
solar sobre os diferentes
órgãos da planta muda
constantemente durante
o período luminoso, tam-
bém há mudanças cons-
tantes nos órgãos passí-
veis de movimento. No en-
tanto, diferentes espécies
de plantas e os diferentes
órgãos de uma planta
têm diferentes graus de fo-
tossensibilidade e capaci-
dade de movimento. O
movimento em plantas
estimulado pela luz é
chamado fototropismo e é
mediado por um sofisti-
cado sistema de proteínas Maria do Céu, João do Sonho e Marly
fotossensoras, chamadas
fotorreceptoras. É esse sis-
tema de fotorrecepção o dobra no sentido da luz, de voo das águias para as tão ofensivas à erudição, bens que não passam no
que permite haver har- devido ao fototropismo. grandes alturas e as gran- que me dá vontade de filtro da morte para o tes-
monia entre as folhas da Algumas plantas ou des distâncias restringe o sair correndo para fora tamento da vida nas con-
copa de uma árvore, de partes delas podem apre- limite nas asas dos galos do mundo. Qualquer ho- tas aprovadas por Deus.
forma que todas recebam sentar outros movimen- para volitarem do chão ra dessas, a minha paci- Esse mundo em que vi-
luz no período de um dia, tos devido a estímulos ex- para o poleiro. Os ho- ência vai morder no pra- vemos não é o mesmo
ou mesmo pode ajudar a ternos, como o movimen- mens também possuem to. Minha avó Felisbina mundo de uma pessoa
definir a arquitetura de to de abrir ou fechar du- asas mais poderosas que dizia-me que a única do- para outra pessoa e todos
uma copa, em função da rante o dia ou noite, cha- as dos falcões. São o pen- ença que não é contagio- estamos lado a lado uns
alta ou baixa disponibili- mado de FOTONASTIS- samento e o sentimento, sa é braço quebrado. E dos outros ao oposto na
dade de luz. Embora a luz MO, ou até mesmo quan- pois nos permitem pla- idiotia é uma enfermida- vida, como se seguindo
seja o estímulo principal do tocadas (caso das nar nas meditações da de da bobeira enlouque- de costas entre si de
no desencadeamento do plantas insetívoras), nesse Terra ao Céu. cida. Burrice pega. Um mundos diferentes para
movimento em plantas caso chamadas de SEIS- O piloto e escritor Ri- dia, pensei em dar uma mundos estranhos na
ao longo de sua vida, ou- MONASTISMOS. No caso chard Bach fez esse voo. dentada daquelas na lín- forma dos valores, no
tros estímulos não lumi- dos ‘nastismos’, o movi- Não no avião, mas no gua de um desses paren- gosto pela música, na
nosos também podem de- mento orientado se dá pensamento – que é a ve- tes que parecem falar por maneira de ser feliz, no
sencadeá-lo.” por diferença de concen- locidade do espírito –, e outra parte do organis- entendimento das coisas,
tração das células, ou se- simbolizou a elucidação mo que não a boca. Ao no desempenho do papel
Antes, deixara um reca- ja, tem outra explicação.” do poder oculto das pes- presenciar mentalidades na peça da vida no palco
do no telefone de Harley soas – no caso, desvenda- tão ressecadas de auto- trocado no teatro do des-
Inácio dos Santos, profes- “Esse é, a meu ver, o di- do por ele em si próprio e crítica e minantes de in- tino escalado para o pro-
sor de Biologia da PUC- lema intrincado no erro projetado em um pássaro conveniências correntes tagonizador em cena.
Goiás, da UEG e UFG. Re- no livro Fernando Capelo na baba respingando-se Não estamos aqui via-
tornou-me:
de perspectiva dos ilus- Gaivota, e materializou a por todos os lados, des- geiros desviados por aci-
tres que cresceram nos imaginação da teoria à confio que existem almas dente do acaso para outro
“O crescimento de par- endeusamentos a eles realidade da prática de cegas carentes de uma porto. No mundo espiri-
tes das plantas, quando no poder e não se higi- que o impossível é possí- esmola de luz. tual, escolhemos o roteiro
orientado por estímulos vel ao homem na capaci- programado, ensaiamos o
externos, denomina-se enizaram da vaidade” dade de ampliar suas li- “A corrupção ficou tão personagem representa-
TROPISMO, e quando o mitações, com o exemplo barata ao preço do valor do e viemos com o crítico
estímulo é a luz solar o Não fosse legenda e da ave-personagem ao vigilante na consciência
chamamos de FOTOTRO- fosse lenda, a flor dos gi- transpor a autonomia de
moral, que passou a ser rememorizando-se todos
PISMO ou HELIOTRO- rassóis é enamorada do voo da sua espécie. assinada” os capítulos da biografia
PISMO. A explicação des- Sol. O belo em movi- As pessoas não são que decoramos da Histó-
te fato é o efeito da luz so- mento.) conscientes do que são Fascina-me o traço de ria da Vida, advertindo-
bre os hormônios deno- O metafísico é a dinâ- no que estão, e não o personalidade na coe- nos na voz do coração
minados AUXINAS, pre- mica do físico. Não en- que se supõem na ambi- rência intacta aos princí- para os riscos nos tópi-
sentes nas células jovens, xergamos no que vemos ção, mas estão o que são pios éticos, na retidão cos que nos fora conce-
que ficam expostas à luz e com os olhos a vida tra- no subconsciente em imutável do caráter indo- dido o livre-arbítrio de
sofrem um fenômeno de balhar. A derrota dos es- seu desejo de levar a vida brável às intempéries adaptarmos os enuncia-
fotodestruição. Nesse ca- cravocratas dos EEUU do jeitinho acomodado aviltantes à moral e na dos do mal para os episó-
so, o lado menos ilumina- não aconteceu na vitória que levam o mundo. sede insaciável do co- dios do bem.
do pressiona o lado mais das armas no campo de nhecimento insatisfeito O reconhecimento das
iluminado e a planta
‘verga’ para o lado da luz,
caracterizando o fototro-
batalha em Gettysburg,
na Guerra da Secessão,
mas nas ideias dentro da
O ser humano entedia-
me e fascina-me.
Entedia-me à irritação
na fome de livros da inte-
ligência. Não cadastro a
riqueza e a pobreza pelos
próprias limitações na
potencialidade inata do
talento é o passo funda-
pismo +. cabeça do presidente sufocante a convicção valores ajuntados no ma- mental na caminhada
No caso da flor do giras- Abraham Lincoln. É des- estúpida dos incultos e terialismo, mas as avalio para ampliá-las nas len-
sol, o que chamamos de sa fonte estranha que de autossuficiência com- pelos dotes do consoli- tes da erudição. A experi-
flor é, na verdade, uma emana a paranormalida- pacta em sua verborragia dado nas honrarias dig- ência pessoal é raridade
‘inflorescência’, ou seja, de das energias, qual a babando sabedoria na nificadas no mastro das facultada na vocação aos
um conjunto ou capítulo carga elétrica descomu- eloquência do achismo lutas contra a corrupção superdotados na identi-
de pequenas flores sobre nal dos relâmpagos, do tolado. Muitas vezes, du- organizada de cima para dade do triunfo legitima-
uma mesma haste ou pe- carisma que entra em rante as refeições, certas baixo em todas as formas do pelo mérito. Perscru-
dúnculo. Então é este ca- ação nos líderes. petulâncias tão tonitru- de poder. O verdadeiro tá-los nos ramificados da
bo ou pedúnculo que se A mesma autonomia antes de nesciosidade e tesouro não está nos aptidão específica, ao in-

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Sócrates Platão

Pitágoras Thales de Mileto Sigmund Freud

Jung Nietzsch Marquês de Sade

vés de se perder tempo posteridade. Ou se volta cabe àquela instruída a prendimento do que plan- soa que trouxe a outra
fazendo-os ouvirem con- ao postergado. obrigação de elucidar a ta o aprendido e a humil- da vida dela para o seu
selhos de exemplos per- essa prejudicada pelo dade do que colhe o ensi- mundo não pode prati-
sistidos em derrotas não
reconhecidas, é recair-se
no vértice do ponto don-
A S turbinas da inteli- aprendizado no meio
gência rateiam o social à luz fraca do sa-
fornecimento de energi- ber, onde, geralmente, a
nado igualam-se na comu-
nhão de almas que se eram
escolhidas nos desencon-
car um só ato ou dizer
uma única palavra que
repasse dores das feridas
de as duas linhas da sina as sem os aditivos do rigorosidade da sobrevi- tros dos destinos divididos cicatrizadas.
se partem ao meio, uma conhecimento. O desní- vência chega a ser um nos sorteios da sorte. Inevitavelmente, a pes-
apontando para o mun- vel cultural é a viseira castigo, por isso se deve Positivamente, a pes- soa que buscou outra pa-
do do romantismo no que se interpõe, defor- ter o cuidado de ir le- soa que se reconstrói não ra a luz se deixou onde a
santificado dos vencedo- ma e fragmenta o relaci- vando-a com a ternura deve arrastar o clima am- tirou da escuridão. Ou
res, outra indicando para onamento entre as pes- da bênção do milagre bientado à mentalidade pode ser o contrário. A
o mundo do materialis- soas e as distancia, por que foi haver rompido o antiquada para respirá-lo pessoa que veio saiu da-
mo na pecação dos per- mais que se amem, no calvário das amarguras no ar da atmosfera oxige- quela vida, mas aquela
dedores, nessa parte da choque de visões dife- sem se tornar amarga nada no espaço da mo- vida não saiu dela. Não
vida que Deus nos con- renciadas das razões de na cruz que se liberta dernidade, sob pena de teve a prudência de insta-
fiou vir trabalhar na se viver e cria-se a in- agora para a ascensão poluir o fôlego das mu- lar um filtro às portas de
construção de Sua Obra. compatibilidade de gê- no universo do conheci- danças na inalação do ar saída de um mundo para
E é aqui que o futuro se nio recíproca e insus- mento ampliado. oxidado pelo atraso. outro. E aquele infiltrou-
acaba ontem. Ou se vai à tentável no convívio. E Necessariamente, o des- Decididamente, a pes- se nesse, sem que hou-

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4 GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 OPINIÃO Diário da Manhã

vesse a aclimatação dos


planos da bruteza cultu-
ral para as dimensões
contatadas à erudição.
São dois infinitos tão dis-
tantes entre si como uma
Galáxia de outra. Quando
essa infiltração vaza de lá
para cá, o ser vindo de
longe é que não está en-
xergando a obscuridade
de trás à sua frente. Ce-
gou-se ao chegar tão per-
to de tanta luz. E fica es-
paçoso na falta de des-
confiômetro.
Discretamente, fui er-
guendo, gradual, o costa-
do da salvaguarda seleti-
va à volta dos sentimen-
tos e dos pensamentos
que me são a razão de vi-
ver e guarnece-me, into-
cável, pelo contágio das
pequenezas humanas
que rastejam feras no ín-
timo dos anjos por fora
nas pessoas.
Vim da origem en-
grossada a pisadas de
gado nas ideias atrás de
livros que valiam menos
na época do que couro
de vaca. Juscelino Kubitschek de Oliveira Pedro II
Malei-me apenas das
coisas que bonitaram a
infância e fiz delas o refe- bem que a corrupção fi- conhecimento específico ção social da rigorosida- me às aflições de eu me-
rencial que as enxergou cou tão barata ao preço nos escalões a que vierem de de sobrevivência fami- nino nas labutas da fa-
nos enfeamentos a vida do valor moral, que pas- exercer. Se o próximo go- liar das moças que traba- zenda. Suas lembranças
inteira. sou a ser assinada. Pegue verno do Estado de Goiás lham a comida nos lares abertas machucaram-me
Não sou cesto de lixo um papel e anote a rela- não se formar de adminis- da patroa e não têm para nas memórias:
no âmago. ção das pobrezas que tradores de comprovada comer em casa o que ali – A pobreza foi a sua
Ando de braços cruza- eram vistas e estão de su- competência eficiente, o se desperdiça à mesa. Os trave, Marly. A riqueza era
dos com a alma. mir de vista nos patrimô- Marconi Perillo irá para meus, congestionados no o meu estorvo. Faltava-
Preservo-me contra o nios saídos dos governos onde o Iris Rezende está invisível de tempestades lhe carne nas panelas.
vulgo e não me mostro de Goiás. indo. Para lugar nenhum secas ou carregados de Sobrava-me gado nos
ao que não presta. do nunca mais no Palácio cúmulos-nimbos trovejo- campos. Mas eu não
O otimismo cura-me “O País, de município a das Esmeraldas. sos e descendo deles queria aquelas mana-
doenças e recebo o pró- município, de Estado a mais raios que chuvas. das. Eu queria livros aos
prio pó nas perdas como
a terra que se levantou do
chão para me aplaudir do
Estado, carrega maior
carga de tributo que o
O destino aprontou se-
guidas trapaceiras
comigo no coração, com
O tempo deu voltas
muito lá tão longe e ama-
nheceu a Marly comigo.
bandos na cabeça.
Ela meneou aquele
semblante pesado da in-
alto na coerência das Imposto Único dos tanta força que só não Ela tinha aquela bondade compreensão e foi bafe-
quedas e das subidas. me jogou para fora de si de escrava que se doa e jando o desabafo dos so-
Permaneço orgulhoso
EUA, porque carreia porque a alma me escon- nada pede. Não mais fridos:
do que fui e do que es- também nos impostos deu. Já estive de onde houve um instante em – Nos altos ricos, os aci-
tou em cima da linha as supersafras dos três não se volta se não se que meus sofrimentos dentes pobres invisibili-
precisa que honra o erários para se engor- tem o amor dentro de si não batessem primeiro a zam-se nos desníveis do
mundo de menino e o mesmo. Por um desses dor nela. Observava o panorama contemplado
mundo de velho. Nem darem os corruptos” bafejos que só aconte- movimento à minha vol- de longe.
jamais houve nada do cem quando a esperança ta e se afastava no silên- A Marly tinha e não ti-
que eu fizesse que não Fez a lista dos nomes? respira, o sonho abriu-se cio pontual à discrição. nha razão em seu evoca-
fosse com a dedicação Dê agora uma olhada. O com a Marly como se o Os anos disseram-me o do. Estava correta no en-
ao melhor e ao último Estádio Serra Dourada fio de um dia viesse do que eu não havia enxer- tendimento no visual do
ato de minha vida. E, não os cabe. O nosso se- notívago com ela saindo gado por sua aparente in- materialismo e, errada,
por isso, sempre me si- lecionado, jogando em dos meus olhos. Chegou diferença. E aprendi com na visibilidade do ro-
tuo a uma certa distân- casa, ganha Copa do apalpando a humildade a Marly a destrinçar as mantismo:
cia. Não tão longe que Mundo do Haiti. e com o sofrimento sor- sutilezas ardilosas que – Desci dos corteja-
não possa levar a luz que O País, de município a rindo nas lágrimas. Era me passavam desperce- mentos de heranças la-
dispuser aos parentes e município, de Estado a um pouco desarmada na bidas nas entranhas das tifundiárias para a in-
aos companheiros. Nem Estado, carrega maior ingenuidade à medida da deslealdades afetuosas. significância de empre-
tão perto que possa es- carga de tributo que o inocência da criança no Curiosou-me a sua au- gado em Goiânia. Apa-
tar no escuro deles. Imposto Único dos EUA, adulto crédulo. sência nos estudos: vorava-me a ideia de me
Esse é, a meu ver, o di- porque carreia também Olhei-a. O sentimento tornar uma repetição na
lema intrincado no erro nos impostos as super- falou. Tinha vindo para fi- “O abísmico distancia- legenda das larguezas
de perspectiva dos ilus- safras dos três erários car. Doeu-me nela o bri- mento da monumental de terras como filho, ne-
tres que cresceram nos para se engordarem os lho embaçado no dia- altura da popularidade to, bisneto e tataraneto
endeusamentos a eles no corruptos. mante bruto pela jaça da de gerações de fazendei-
poder e não se higieniza- Urgentissimamente, casta social de onde saem dos ex-governadores ros. Meu ideal é o de
ram da vaidade. A maio- saiam desses dias, senho- as joias preciosas nas ja- Marconi Perillo e Iris construir a minha his-
ria saiu da sola do anoni- res donatários das colôni- zidas humanas. Interme- Rezende e do populare- tória nos legados do co-
mato político para o cal- as do enriquecimento ilí- diava-se a interligação do nhecimento.
ço alto da celebridade e cito. O seu tempo já co- afeto das almas. Daí para quismo de Alcides A companheira ouviu-
foi chutando para o está- meçou a passar. E se não a frente o coração não me Rodrigues” me e se calou como se
dio dos cargos a familio- andarem ligeiro, serão contou o que houve. A houvesse um lacre em
cracia ou amigocracia pa- vistos pelo traseiro na fu- consciência ralhou comi- – Eu nasci abaixo da seu mundo interior.
ra o pé-de-meia nas joga- ga. Lugar de seus amigos go no pensamento. O pobreza achatada a cen- Abri-me:
das já com o placar mar- é na sua amizade. Lugar desnível cultural leguava- tavos. O tempo não me – A vocação é a alma
cando quem tem que ga- de seus parentes é na sua nos. Eu teria de descer poupou prazo para sair puxando-nos no senti-
nhar e quem tem que família. Antes que o lugar das nuvens. Ela teria de da cozinha e ir à escola. mento para o pensamen-
perder, onde e quando venha a ser a cadeia. Do- subir no relâmpago. A vi- Estudei nos intervalos to. O destino trouxe-me
nos passes das verbas do ravante, o lugar nos go- são de mundo vinha de sozinha e lendo às escon- aos trancos nas dificul-
dinheiro público. vernos é do profissiona- céus divergentes. Os dela, didas das patroas. dades para a aptidão do
As provas?! Não é preci- lismo, com dose total de limpos no visível às vezes A angústia escorria de jornalismo.
so ver documentos. Se civismo e de gestores com empanados pela polui- suas palavras e remeteu- Engasgou-a um repu-

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Diário da Manhã OPINIÃO GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 5

Marconi Perillo

xado de choro nas nari- se a alma não é mas foi infinito enquan- dos poros. volta. Ali é onde a vida fez
nas. Enxuguei-a no con- pequena. to durou. A Marly entre- Até no perigo há a poe- a curva seca no seu uni-
solo: gou-me todos os pe- sia do épico: verso para o meu infinito.
– A pessoa vale, minha daços que lhe poderiam – O sucesso e o fracasso Ah, Marly! Vou retribu-
querida Marly, pelos Ao vê-la chegar tão fina haver nos sentimentos simbolizam-se no cano ir-lhe agora o prêmio do
bons livros que ler. E de uma vida grosseira, no seu coração inteiro do revólver que tivermos presente que me deu ao
tem a verdade que a prá- lembra-me uma lenda em seu amor. engatilhado às mãos. Se voltar a estudar. Um bei-
tica confirma a teoria de russa. Nasceram duas cri- Dia 16 de setembro fez apontado para a frente, jo. Receba-o com a leve-
que as descidas são mais anças no mesmo dia e 24 anos que Marly Vieira atingiremos o alvo do tri- za do sublime do ósculo
traiçoeiras que as subi- hora. Uma, filha de um de Almeida poemizou- unfo. Se miramos para à hóstia. Porque o meu
das. Em todas as cami- príncipe no castelo do rei. me a vida. Estou nela e trás, alvejaremos a des- coração está dentro des-
nhadas, as descidas nas Outra, filha de um ope- ela está em mim no João graça em nosso peito. se beijo.
ladeiras íngremes e a pi- rário na choça de um do Sonho e na Maria do Uma noite conversáva-
no são mais fáceis de se
escorregar no embalo
inopinado dos passos
operário. Aos 18 anos
fizeram um encontro dos
dois meninos. O que era
Céu. Em quaisquer horas
dessas, vou trazer a Igreja
Católica e o Cartório de
mos. Ela sobre seus re-
vezes. Eu a respeito dos
meus dissabores. Meus
H Á um mundo tão
perto e tão longe de
nós que, para entrarmos
que no cansaço pelejado filho do príncipe e criado Família à minha casa e olhos foram ao fundo nele, a viagem é mais es-
nas subidas empinadas. na roça tinha o porte de matrimoniar o seu nome dos seus esconder as carpada de sacrifícios
A doce Marly pontuou- príncipe. O que era filho para Marly Quimera lágrimas, ao ouvir-me que a transposição aci-
se no suspiro. Condoeu- do camponês e criado na Custódio – a quimera que em sua alma: dentada de meteoros va-
me pressioná-la a vir de corte tinha aprumo do deu flor no meu sonho de – A boa sorte esperava- gando na desoladora
dentro de si nos quebra- sertanejo. felicidade – e, talvez me na universidade do longitude de onde pode-
diços da sensibilidade assim assinada, vislum- seu conhecimento de rão chegar, um dia, as es-
fraquejada nas subnutri- “Foi o sem-votos bre escrito no seu destino autodidata. paçonaves à última es-
ções das possibilidades o fado de habitar em meu Ela não sabe. Eu sei. trela infinitada no incóg-
negadas:
Alcides que elegeu maktub: Aprendi com a sua ma- nito do Universo.
– Concordei quando Marconi e deselegeu – Se o abismo se abre neira de ser a prática apli- “A viagem dentro de
me dissera que a pessoa Iris. Palanque que ele diante de mim, não me cada da teoria que co- nós mesmos é a mais
é o que quer ser. Mesmo subir no segundo turno detenho nem me desvio nhecia a leitura de livros. bela e a mais terrível
ganhando a metade do da travessia. Desço no Há muitas formas no das experiências. Pois é
salário mínimo, que cairá fraco” barranco de cá, aprovei- molde do belo no bonito no mais íntimo do ser
reservava uma parte tando no esforço nas do bonito. É o que trans- que encontramos o que
para ajudar em casa, É a natureza dos fortes. quedas para exercitar os luz da beleza na Marly há de mais fascinante e
restavam alguns tostões O meio social muda a músculos. Cruzo o fundo nos lindos de seu interior. medonho da alma hu-
para frequentar o curso personalidade dos fracos. para medir a resistência mana”, desvendou Nie-
primário no Grupo Es- Não muda o caráter dos dos moles na terra cedi- “O governador Alcides tzsch, que andou muitas
colar Ernestina Lima fortes. ça. Subo a margem de lá Rodrigues é uma fanta- vezes por lá, e onde
Marra, no Parque João Marly é a discrição do cavando buracos com as Sérgio Caiado não es-
Braz Industrial, da Pre- esclarecimento silen- mãos para firmar os pés sia política andando por teve em si mesmo nas
feitura de Goiânia. Mas cioso que escuta para neles, uns após outros, aí à procura da realida- ocasiões que subiu altís-
a pobreza encolhia-me apreender, a voz medida até chegar em cima e ser- de eleitoral” simo ao poder. Pois con-
de timidez e eu me sen- nas palavras ao som do virem de marca para os firmou o que funda-
tia na orfandade do recato nas conversas e se que vierem depois. E si- Aos 48 anos, Marly mentou Platão, o autor
medo de enfrentar as reserva à alteza de não go, sorrindo, com a vida acordou-se no meu so- de A República:
valas da vida. participar de discussões batendo de frente no pei- nho. Matriculou-se no “Não há nada mais
Mas a Marly inspira na estridentes de ignorância to e sem chorar o que fi- curso Kumon, método de vergonhoso do que al-
candura o poema do pen- opinando sobre questões cou às costas. ensino japonês, e fre- guém ser honrado pela
samento de Gibran Khalil já definidas pela ciência e A Marly, a musa nela, a quenta a Unidade de Go- fama dos antepassados
Gibran que a bondade é a filosofia. paixão em mim, desse iânia, Nova Suíça, com a e não pelo merecimento
como a rosa que, pisada, Todas as pessoas que poema maravilhoso que orientadora Vilma Maria próprio.”
exala o perfume, ou o passaram pela minha é o simples fato de viver Franco Gomes, nas aulas As substâncias não se
verdadeiro sentido da vida levaram-me guarda- renascendo no mundo de matemática EI30B e isolam na unificação das
grandeza do poema de do em seu amor que – interior. E sem transpirar português DII136A. E faz essências nos elementos
Fernando Pessoa: parafraseando a meu no rosto a face dos cortes todas as tarefas escolares, da química e da física e
jeito o poeta Vinicius de duros. O que está no ínti- diariamente, com o entu- interligam a Ciência Clás-
Tudo valeu a pena? Moraes – não foi eterno, mo é tão caloroso, que o siasmo de adolescente. sica e a Ciência Quântica
Tudo vale a pena posto que foi chama, suor evapora-se dentro Cruzou a porta sem no motocontínuo da evo-

continua
6 GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 OPINIÃO Diário da Manhã

lução da Vida. que fizeram de outros a


Todos os planetas, sa- imortalidade no memorial
télites, cometas e meteo- das gerações que vão nas-
ros são um astro só na cendo em seu povo. Esse,
luz do sistema solar nes- o abísmico distanciamen-
se canto do Universo. to da monumental altura
Quando o buraco negro da popularidade dos ex-
se forma no cosmos, as governadores Marconi
singularidades – na defi- Perillo e Iris Rezende e do
nição de Albert Einstein – popularequismo de Alci-
sugam um asteroide, é o des Rodrigues. São espes-
fim da vida nas matérias suras que basta olhá-las
mortas; e, do mesmo para saber o conteúdo in-
modo, na órbita onde terno: uma é o couro cur-
gravita a estupidez hu- tido ao fogo das lutas
mana origina-se o orifí- nascidas nas planícies,
cio negro nas mentes e como se ali a terra se ver-
atrai o pensamento vazio gasse ao peso dos gigan-
para o centro das simplo- tes, e a luz beijasse mais
riedades que causam o perto, porque levantada
fim da inteligência no no andor dos ombros do
apagão das ideias mor- povo; a outra é a pele ali-
tas; e, do mesmo jeito, sada pelas sombras do
como os astros na luz do brilho que nunca teve e
Sol, também cada um de que, ao vê-la, constata-se
nós está em todas as ou- que o aerômetro evapo-
tras pessoas da Humani- ra-se dela, como se no
dade na chama da Vida. dissipado o que fora lí-
O que somos é apenas quido, não o subido do
a natureza mais forte res- suor embebido pelos rai-
saltada na personalidade os do Sol, mas o descido
no que estamos. Mas to- do sereno no madruga-
das as pessoas existem Vanderlan Cardoso e Sandro Mabel mento das noites brinda-
no que há em nós: o ban- das pelos luares ao corti-
dido furioso no cidadão nado das estrelas se mo-
pacato que assassina o leitura destas parábolas Na primeira estação, uma regra de ouro que lhando no rendado das
marginal que mata o filho do Evangelho de Jesus aprenderá com Carl Gus- se aplique a todos: cada nuvens com aquele bran-
aos olhos do pai; o covar- Cristo: tav Jung: homem tem de desco- co dos vestidos de noiva
de cordato no bravo que “Não julgueis para não “Pura ilusão pensar brir por si mesmo de que que – nesse simbolismo –
não se rende à desonra; o serdes julgados. Pois que o homem seja capaz modo específico ele po- vai voltar sozinha para
tolo imbecilizado no lúci- com o julgamento com de dominar e controlar a de ser salvo. A inteligên- casa e devolver o enxoval
do despreparado que so- que julgais sereis julga- Natureza se ele não con- cia é o único meio que que lhe fora emprestado.
be ao poder como se não dos, e com a medida com segue nem ver nem con- possuímos para domi- Os dois mandatos de
fosse descer dele nunca que medis sereis medi- trolar sua própria natu- nar os nossos instintos. governador de Goiás do
mais; então nós não so- dos. Por que reparas no reza. Nenhum homem é O pensamento é o en- Moço da Camisa Azul e
mos nós mesmos, mas cisco que está no olho do uma ilha, fechada sobre saio da ação. Somos fei- do Homem dos Mutirões
existimos como se nos teu irmão, quando não si; todos são parte de um tos de carne, mas temos vieram-lhes dos votos re-
houvesse a rotatividade percebes a trave que está continente, uma parcela de viver como se fôsse- belados para suas urnas.
de uma esquizofrenia no teu?” de terra principal. Do mos de ferro.” Contudo, todavia, entre-
congênita no gene mo- mesmo modo que aque- E, por fim, voltaremos tanto, porém, a vitória de
vendo a mesma energia “Marconi desenterrou le que fere ao outro, fere de dentro de nós, lendo Marconi e a derrota do
da vida em toda a espécie a si próprio, aquele que no mural dos tempos a Iris no primeiro turno
humana. Alcides do póstumo no cura, cura-se a si mesmo. advertência de Sócrates: deste pleito não foram
O piloto e escritor An- ostracismo e fez-se a Quem olha fora de si “Conheça-te a ti mes- decididas pelo eleitorado
toine de Saint-Exupéry ascensão na vice-go- mesmo, sonha. Quem vê mo e conhecerás o Uni- de ambos. Foi o sem-vo-
fez uma imersão mais vernadoria o velório de dentro de si mesmo, des- verso e os deuses.” tos Alcides que elegeu
profunda no desvenda- perta-se.” Marconi e deselegeu Iris.

O
mento aos elevados do oito anos” No próximo aeroporto tempo já entardece Palanque que ele subir
mais desconhecido de suspenso no insondável nas manhãs em to- no segundo turno cairá
todos os mundos das ga- Descortina-se, aí, no do seu âmago, o viageiro dos os horários das ur- fraco. Caiu desmontado,
láxias na vastidão do fir- prisma do cristal, as duas pode aterrissar em si que gências atuais das noites geral. Não aguentou nem
mamento, e não o fez faces da luz da sabedoria ouvirá Friedrich Wilhelm avelhentadas se clarean- o peso da candidatura a
dentro do avião, mas no que simboliza na consci- Nietzsch alertando-o: do no incêndio das mu- deputado federal do Sér-
livro O Pequeno Prínci- ência o espelho em que “A viagem para dentro danças históricas. As eli- gio Caiado. Coitado dele:
pe, que, para mim, o cada um pode contem- de nós mesmos é a mais tes do carrancismo ideo- gordo e só no cérebro de-
menino-personagem é plar dentro de si a verda- bela e a mais terrível das lógico à esquerda e à di- ve pesar uns quatro bur-
ele que se introjetou e deira natureza de seu ca- experiências. Pois é no reita do pêndulo da razão ros, mas magro de votos e
saltou nele para fora de ráter, mas, todavia, é on- íntimo do ser que en- tombam no crepúsculo apenas nessas urnas fina-
si e dialogou consigo de a maioria não percebe contramos o que há de às antevésperas da socie- dou-se politicamente o
mesmo no escrito. a decomposição nos re- mais fascinante e medo- dade se remodelando que daria para encher
flexos da imagem do au- nho na alma humana. O embaixo no povo e por aquelas outras urnas com

D EUS se deixa ser no


homem à Sua Von-
tade.
topieguismo nas sombras
da autoajuda nos que
perderam a coragem de
nosso próximo não é o
nosso vizinho, mas o vi-
zinho deste – assim pen-
cima dos líderes.

“O Jorcelino Braga já
os fantasmas diariamen-
te durante todos os anos
que lhe restarão morren-
O natural está no so- sofrer nos inventos da de- sam todos os povos. Não estava acometido da do de inveja do Ronaldo
brenatural e entrar em pressão. fiques nos baixos. Não Caiado.
suas dimensões depen- Este é o treinamento subas às alturas. O mais alucinação de que fora O governador Alcides
de do plano da elevação providencial para se des- belo mirante do mundo ele que elegera Alcides” Rodrigues é uma fantasia
espiritual nos planos do cer asado à segurança está no meio da encosta. política andando por aí à
corpo. dos sábios que estiveram Não há fenômenos mo- A vida da pessoa é o re- procura da realidade
Para fazermos a trans- nas profundezas do sub- rais, mas apenas uma in- sultado de seus atos e eleitoral que lhe acena
migração do mundo que consciente e trouxeram à terpretação moral dos não o efeito das culpas de nas miragens qual se en-
vemos e conhecer o tona o conhecimento fenômenos.” outros – se são atos bons, toam o relincho e a sinfo-
mundo que somos, tere- que o ser humano neces- Em seguida pode deco- a pessoa viverá as plurali- nia na música aos ouvi-
mos de nos transportar sita ter sobre si mesmo lar-se, fazer uma curva no dades da moral no digno, dos do dono. Seguia con-
no voo para as dimen- da pessoa que é real- ar da reflexão e voar para no leal, no justo e no belo tente nos limites expan-
sões secretadas em nosso mente na própria cons- trás para se encontrar dos que amam a vida; e didos de visionice medi-
íntimo, mas, antes, deve- ciência. com Sigmund Freud se forem atos maus, a ana e da conformação
mos ser passageiros da Nas idas e vindas des- ponderando: pessoa viverá a felicidade satisfeita com a ilusão fu-
nave-Alma na grande sa excursão interioriza- “A ciência não é uma triste e a alegria doída da gidia. A má sorte o achou
jornada dos roteiros que do ao seu íntimo é fun- ilusão, mas seria uma paz insultada pela fama no azar. Nas eleições de
levam a Deus, quando damental que o viajor ilusão acreditar que po- sem glória nas vitórias 1998, as aparições incor-
então estaremos prepa- pouse nas escalas para deremos encontrar nou- sem conquistas dos que poravam vultos levando
rados para a viagem escutar os desbravado- tro lugar o que ela não enfeiam a história de sua para o cemitério político
transcendental após a res da mente. nos pode dar. Não existe vida nos mesmos atos o cortejo da chapa majo-

continua
Diário da Manhã OPINIÃO GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 7

ritária que cruzasse con-


tra a procissão da candi-
datura de Iris Rezende
para governador.
Nion Albernaz se es-
condera até dele próprio.
Roberto Balestra desen-
carnou-se de candidato
às vésperas do velório já
com as velas acesas. A
desdita epitafou-se, ali, o
acordar do fantasma.
Marconi desenterrou Al-
cides do póstumo no os-
tracismo e fez-se a as-
censão na vice-governa-
doria o velório de oito
anos. Defunto não recla-
ma. Marconi ressuscitou
Alcides para ficar vigian-
do o seu lugar até ele vol-
tar. Deu-se o espantoso.
Como se adormecido na
catalepsia patológica, a
figura levantou-se, co-
meçou a andar, rígida,
ainda atordoada, sem sa-
ber o que havia aconteci- Braga, o governador de fato, e Alcides, o governador de direito
do e estava acontecendo,
insegura com tudo em
volta e, como despertara um covaço funéreo, os da rejeição no eleitora- da do andar desajeitado no mandato presenteado
do clima de velório, pas- meio insepulto, e volta- do goiano com o peso do de dois patos no chão; e, por Marconi e não está
sou a ver fantasmas em ram almas penadas para alcidismo nas costas para quando ambos se expõ- dono do cargo. Tem o
toda parte. se livrarem de seus peca- o subsolo do ostracismo, em à medição de planar ademais do que não é e
Consumou-se a batalha dos em outros. Pendura- com o próprio já retor- com o mesmo alcance nunca será governador e
contra seus espectros e ram-se na candidatura cendo-se, pasmado, na daqueles dois, insinua-se está dono do mandato do
consumiu-se em todas as de Iris Rezende com to- areia movediça, como se a imagem de urubus-reis Alcides.
visões assombrantes e do o peso da sua derrota nela viesse vingar dele a à procura de carniça. Vis- Mas tem um mais de-
debateu-se em vão con- e a deles no primeiro lama feita com a massa tos de longe, a aparência mais.
tra elas à sua frente, às turno. É inevitável. A so- da calúnia, da difamação transparece a ilusória se- Tem o fato inédito na
costas, ao seu lado, sem ma das duas cargas traz e da injúria no denuncis- melhança nas quatro história do Palácio das
conseguir encontrá-las, a medida de que a dupla mo que se materializou aves. Mas ao vê-los fron- Esmeraldas. O governa-
porque sempre estiveram fantasma precisa para se escorrido do vazamento tais na ação é que se dis- dor-hospedado, que não
é dentro de si mesmo. cobrir com a repercus- de onde se originou. tingue os dois cisnes nos pode decretar nada e de-
São tantos que o Palácio são do velório político de Essa festança do gover- patos e os dois patos nos creta tudo que o gover-
das Esmeraldas se tornou Iris Rezende. no do Estado ao candida- cisnes. nador-morador no cargo
uma casa mal-assombra- to Iris Rezende nas exé- só assina.

O
da para os líderes de sua “Esse apoio do alcidis- quias do mandato de Al- governo de Goiás es- Mas tem mais que se
base partidária aliada. E, mo é missa de 7º Dia cides Rodrigues tem a tá com frente e verso pode pôr neles quantos
aí, surgiu-o vivo, muito na paróquia do udenis- música do agouro. Imita no poder, as duas partes mais a mais.
vivaldino, com o fantas- aqueles Especiais da Re- enfeixadas do mesmo la- Tem a incrível apro-
ma de governador na ca- mo para os fiéis ao de Globo nos fechamen- do no que não manda e priação indébita por usu-
beça. O Jorcelino Braga já pessedismo” tos do Ano Velho com no que desmanda o que capião das terras arrasa-
estava acometido da alu- apresentações do Rober- manda. das. Tem o governador-
cinação de que fora ele Esse apoio do alcidis- to Carlos. A voz do rei é É o desmando. por-acaso que dá ordem
que elegera Alcides, e mo é missa de 7º Dia na bela. Suas composições Tem o governador de e o governador-ocasional
acreditou tão iludido co- paróquia do udenismo são lindas. Mas seus fãs já direito e tem o governa- que ordena e o ordena-
mo o pato confuso que para os fiéis ao pessedis- estão nas plateias do ade- dor de fato. A dupla de dor cumpre o ordenado.
tentasse nadar num tan- mo, e culto ecumênico us. O repertório desatua- Suas Excelências, a por Mas tem o mais no
que de espelho com o não se reza no catecismo lizou nos auditórios mo- ocupação e a por locação, mais.
azul dos céus refletindo a dos ideais contrários dos ços. Caiu de moda o ído- mortifica o bem e vivifica Tem o governador-in-
água simulada. que trazem em suas veias lo. O show do Ano Velho o mal na construção do deciso que decide o que
E reescreveram Dom o sangue que escorreu do morre no Ano Novo. O destruir. não decidiu e o governa-
Quixote de La Mancha coração dos ancestrais cartaz de Roberto Carlos dor-decisivo que decide a
em que com dois Sancho nas temporadas do ja- finda-se na recorrência “Aqueles tempos de bi- decisão, mas não sabem
Pança nas chicotadas, guncismo político ou está das gravações, tão me- que, decididamente, go-
com moinhos de vento na memória enlutada na lancolicamente como vai
juterias fervorosas aca- verno acaba antes do fi-
no ar parado e onde se viuvez e na orfandade do se esvaindo no cancio- baram-se. Agora é tem- nalmente do mandato,
moviam apenas fantas- Estado Novo e do Golpe neiro político o mito no po em que milagres quando o maior aconte-
meira entrando e saindo de 64. O udenismo e o líder que não se renova têm de acontecer antes cimento após as eleições
de um cômodo para ou- pessedismo só se emen- nas ideias. é o Dia de Finados. Sem
tro nos porões das duas dam para rasgar depois, das promessas” chance de ressurreição
mentes. O Fantasma-
Mor bolou o seu funesto.
Descer para o túmulo,
assim como eleitorado
conservador do irismo e
progressista do lulismo
O carisma é desses
mistérios do fado
que energiza os líderes.
Mas tem mais.
Tem o que não se pode
no túmulo político que
abriram para o Vanderlan
Cardoso e vão enterrar
arrastando Marconi com unem-se nas eleições de- Iris Rezende e Marconi fazer no ético do decoro nele Iris Rezende. Alcides
ele e, assim, o Fantasma- salinhados nos votos. Perillo são possuídos pelo cívico. O primeiro-gover- e Braga já estão fantas-
Adjunto iria para a vitri- Aqueles tempos de biju- dom mágico do envolvi- nador que se elegeu com mas assustando os eleito-
ne do poder que, em rea- terias fervorosas acaba- mento emocional aos os votos de outro. O se- res aos portões de suas
lidade, estava em cima ram-se. Agora é tempo que atraem como que gundo-governador que presenças fúnebres elei-
da lápide, e saíram va- em que milagres têm de por uma hipnose mística. não tem voto de nin- toralmente.
gando nas assombrações acontecer antes das pro- Quando navegam nas guém.
do denuncismo fazendo messas. enchentes das multidões, Mas tem outro mais. Mas tem o mas
caveiras da imagem de A não ser que a sagaci- lembram a suavidade de Tem no Palácio das Es- na rima da paz.
Marconi. dade de Iris Rezende es- dois cisnes singrando o meraldas o bi-Gabinete
Coroaram-se de reis, teja rendida à obtusidade calmo dos lagos; e, quan- Governamental a dose de Dá epitáfios
mas com aquelas que, ao de Alcides Rodrigues, o do alçam candidaturas, embriaguez do poder. A
final, se levam para as que era explícito em um evocam o rasante das autoridade oficial que au- dos empáfios.
campas dos extintos. ficou implícito no outro. águias douradas cruzan- toriza. A autoridade ofici-
Usaram todas as mãos Só a simbiose fermenta- do os céus libertos. Já osa que desautoriza. Alcides
do aleijume político na da no insano no idiotado presenciar Alcides Rodri- Mas tem o mais sem rima sozinho
alça do próprio caixão explica esse laboratorio- gues enfrentá-los com as mais nem menos. no Rodrigues,
para arrastar Marconi e zado de porções que se asas de Jorcelino Braga Tem o mais demasiada- no Alcidinho.
acabaram descendo o destoam. O candidato no sobrevoo eleitoral su- mente demais, em dema-
Vanderlan Cardoso para cairá para os subterrâne- gere a tentativa compara- sia, no que é governador Braga
continua
8 GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 OPINIÃO Diário da Manhã

rima
praga,
desagrada,
conflagra.
Há a morte dos mortos
e a morte dos que vagam
vivos nos sonhos mortos
à procura a esmo da se-
pultura que está em si
mesmo. E irão declaman-
do, não esses versos de
Fernando Pessoa:

“Valeu a pena? Tudo


vale a pena
se a alma não é pe-
quena.”

Mas irão recitando es-


ses versos na outra face
da mesma verdade:

“Valeu a pena? Nada


vale a pena
se a alma é peque-
na.” Iris Rezende

H Á pessoas que es-


condem tanto o que
são em sua natureza e
seguir. Às vezes é neces-
sário trazer o sangue à
mostra nas feridas para
pre que se encontrar na
sua presença, transmitir-
lhes a servilíssima im-
mago que embruxou o
Maguito Vilela nas en-
cruzas da vitória para a
vernador pretende es-
conder que fora arrasta-
do sem eleitor pelos vo-
acabam se escondendo se visualizar a imagem da pressão de estar olhando derrota. Um talhado san- tos do senador, debaixo
até de si mesmas. Man- realidade que difere as de baixo para o alto o do- grando no orgulho interi- dos estilhaços do udenis-
têm-se estranhas da pró- espécies de caráter. Os no do poder. or da insegurança perso- mo e do pessedismo nas
pria personalidade. Tor- moradores nas fazendas nificada na timidez per- vitrines do Iris. Ou do vi-
nam-se desconhecidas pioneiras testemunham. “A não ser que a sagaci- missiva de Alcides Rodri- dro moído de Hamilton
do feitio dos entes que Os suínos devoram nos dade de Iris Rezende gues. Outro cortado na Carneiro sendo visto no
estão adormecidos na ín- quintais os bolos de fezes megalomania da macro- espelho da cristaleira do
dole dos sentidos e que, de gente, ainda quentes e esteja rendida à mania psicopatológica Jorcelino Braga.
se acordados pelos ímpe- recendendo o fedor, com obtusidade de Alcides do complexo de grande- Decertamente que o
tos no âmago, agem co- a mesma alegria das pes- Rodrigues, o que era za de Jorcelino Braga. Braga mantém o seu gar-
mo monstros ímpios. Al- soas deliciadas com o Braga só faltou voar co- rafão cheio de preten-
gumas autoridades, se manjar. Iguais aos porcos
explícito em um ficou mo Ícaro com as asas de sões de, um dia, vê-lo na
vissem-se em seu eu, que chafurdam nos chi- implícito no outro” cera que derreteram e ele adega do Palácio das Es-
principalmente na parte queiros, há os que fuçam caiu no mar – a mesma meraldas.
mais superficial do id, a honra alheia. Outros As temperaturas da fo- cera que Alcides está fa- Já levantou a sua taça
que, alterado por influ- evaporam-se nas ideias gueira das vaidades dis- zendo no governo. Trove- com a eleição de Alcides
ência direta do ambiente tontas. As notas musicais solvem os que não valem jou soberba para jornalis- derramando de sua boca
externo, perceberiam das sinfonias estão tam- as cinzas e termatizaram tas em sua agência de o gosto da vitória.
que o seu ego vai ficando bém nos relinchos. a ebulição do psiquismo propaganda Kanal de que Já levantou brindes, es-
a cada dia mais insupor- O mundo não vale pe- que descentrou da grati- foi ele quem elegeu o go- pumantes e doces para
tável. Eis o ser humano, las coisas da Terra que dão e concentrou na vernador. E todos viam o ele e secos e amargos pa-
esse desconhecido. voltarão a ser terra e vale traição o governador ao Alcides cada vez mais Al- ra Vanderlan Cardoso, no
Viver é perigoso. A mor- pela luz que vemos da es- senador. cidinho à luz dos relâm- fim de festa do governo
te pode estar no minuto trela que não há mais. O A inveja em jejum de pagos das trovoadas do de Alcides nos arraiais de
seguinte. Dali para a fren- poema reflete na emoção Alcides Rodrigues, manti- Jorcelino. Todos os titula- Senador Canedo.
te, vale a obra que o cons- daquele que o lê à sensi- da em conserva enlatada res em todos os escalões Já abriu seu boteco e
truiu na saudade no tem- bilidade espelhada na no vice-governador e en- foram fulminados pela está dando garrafadas na
po. Deixe a sua boa se- suscetibilidade da inspi- tubada nos frascos do carga de raios de autos- candidatura de Iris Re-
mente. Não importa o fo- ração de quem o fez. ódio latejante nas fer- suficiência do secretário zende.
go na terra. Ela é chama. O poder é a danação do mentações da ira ambi- da Fazenda. O da Saúde, Já está pisando nos ca-
Nascerá no coração que a punhal e a bênção do bis- ciosa, sopitou rebuliçante Cairo de Freitas, confiou cos. Verá que são maio-
espera. O escuro não fere turi no mesmo metal. O não apenas da cria contra no guarda-chuva que di- res, tão logo que vão co-
a luz. Não deixe que o talhe daquele é a morte e o seu criador Marconi Pe- vidia na amizade de San- meçar a feri-lo, do que a
mercenário mate o poeta. o gume desse é a vida. O rillo. Vazou, qual pus de ta Helena, saiu à chuva e caqueira que transfor-
Ele realizou o sonho do dano e a graça na cisão tumor vindo à fura no voltou para casa molha- mou o governo de Alcides
seu ideal. aberta dependem do sentimento da traição es- do no temporal da humi- aos pedaços políticos co-
Os pontos mais grandi- propósito desferido no correndo ingratidão en- lhação ao relento de um mo o pior governador da
osos da vida riscam pela golpe. Cada um olha com durecida nos carnegões gesto público de solidari- História de Goiânia.
linha da humildade nos os olhos que tem e, assim da delação contra todos edade no Palácio. O gênio da garrafa que-
pontos altos da projeção como tantos não veem a que lancetaram o prestí- brou a garrafa.
em toda forma de poder madre na freira que fora gio pesteado de votos no “Essa festança do Cure-se do seu porre,
terreno. A opulência eco- puta, muitos chefes de alcidismo e contribuíram governo do Estado ao Braga, que a sua embria-
nômica, a dominação po- Estado não percebem as para a vitória sadia desse guez não é do néctar da
lítica, a notoriedade inte- grandezas da vida públi- governo infeccionado na candidato Iris Rezende inteligência, mas do ba-
lectual, até a relevância ca porque enxergam ne- opinião pública. nas exéquias do man- gaço da mediocridade.
louvada da solidariedade las as miudezas de sua vi- Segue o destino que es- dato de Alcides Rodri- Desintoxique-se, já, das
na generosidade doada é da particular. tá à espera da gangrena tonturas dessa megalo-
uma carga de provações Criaturas assim são pe- política na consumação
gues tem a música manofilia, que ela dá de-
com a embalagem das rigosas nos sentimentos no ostracismo! do agouro” lirium tremens nos em-
tentações do egoísmo. de inferioridade para os Bate as asas da mons- briagados com o poder!
Mas nenhuma famosida- que presenciam seus mo- truosidade empalhada Alcides junta os cacos Tome um comprimido
de ouriça, tão súbito e mentos de fraqueza. O para o voo do nunca mais das derrotas de Sérgio do livro Fogueira das Vai-
ruinoso, a vaidade huma- complexo de subalterni- o Palácio das Esmeraldas! Caiado, para a Câmara dades, de Tom Wolfe, com
na quanto a supremacia dade deteriora a autoesti- Ano ruim de chuva e Federal, e de Ney Noguei- doses diárias de leitura
do poder governamental. ma dos que se enreinam governador de governo ra, para a Assembleia Le- até passar a vontade de se
Os fios do mal não pas- no bastão do poder ime- ruim são parecidos. E se gislativa, ao fogão de San- beber de admiração!
sam no buraco da agulha recido e torna-os irascí- os conhece desde o co- ta Helena e na cozinha do E prepare-se para as
onde se tece o manto do veis e vingativos aos qua- meço. Palácio das Esmeraldas, e crises de enjoo. Virão
bem. Pode ser brutal e re- is devem favor. A estraté- O tempo fechou nos os coloca na candidatura, nas ressacas da derrota
pugnante, mas é verda- gia infalível para se des- céus do mandato em que já está de vidro, de de Vanderlan Cardoso e
deira e elucidativa a crue- pertar a afeição das nuli- dois cortes afiados na lâ- Iris Rezende. Iris Rezende para Mar-
za do exemplo avocado a dades recalcadas é, sem- mina da presunção do Certamente que o go- coni Perillo. E poderão

continua
Diário da Manhã OPINIÃO GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 9

deixá-lo cambaleando frota irista está faltando


até o último trago do seu largar o volante se o Bra-
vaidadismo que derra- ga, que pegou carona co-
mou todas as gotas no mo passageiro, for man-
copo do governo de Alci- tido na direção. Muitos já
des nos delírios de ser go- estão pensando em pôr o
vernador de Goiás. pé no breque. Só o Mau-
E acautele-se para as ro Miranda continuará
crises hepáticas das cir- pisando no acelerador.
roses provocadas pelo Também pudera. Miran-
embriagamento com o da e Braga já embarca-
poder. ram juntos na Planalto
Acontecerão em dose Máquinas Agrícolas, do
dupla. As duas servidas saudoso Alberto Pereira
pelo governador. Quan- Nunes. É uma questão de
do Alcides se conscienti- Stylo...
zar que Braga não teve Alberto e eu fomos a
nada a ver com a sua confluência nas águas
eleição. E o subconscien- limpas da amizade a vida
te liberar o conscioso no inteira nos dias da juven-
governador que o Braga Mauro Miranda Flávio Peixoto tude até as últimas horas
derrotou Alcides agora da sua idosidade, onde
na eleição de Marconi enxuguei essas águas
para seu sucessor. nos meus ombros em
Aí, Braga conhecerá o suas lágrimas. O Kanal
gosto do cálice das amar- dele nascia nas fontes de
guras que fez o próximo seu suor.
governador engolir boca Nunca o sofrimento
abaixo do atual governa- bateu às portas do Cinco
dor. de Março ou do Diário da
Manhã sem que as mãos
O Alcides, nas mãos de Alberto não fossem as
do Braga. chaves que me abrissem
O Marconi, das mãos a solidariedade. Por certo
do Braga. que ele devolvera aquelas
chaves a São Pedro.
Será o esconjuro.
O futuro escuro,
pisando duro
no Braga inseguro,
O governador Alcides
Rodrigues, que divi-
de a autoridade do gabi-
taciturno nete oficial com outro
no monturo, gabinete no ofício do po-
rolando fraco der no Palácio das Esme-
raldas, parece sonambu-
no pior caco lante por pesadelo nos
do seu balacobaco. porões do sonnambula-
Quebrou-se a lâm- re que o mantêm vagan-
pada do Aladim. do no pavor voti vernus
Apagou-se o brilho nas imagens liberadas
no seu trilho pelo consciente durante
no poder. o sono. A psicanálise de
Agora é sofrer. Sigmund Freud explica
esse fenômeno metafísi-
É praga. co no físico. O kardecis-
É a praga. mo amplia o mistério
Braga, das viagens da alma du-
que escolhe rante o sono.
quem colhe O saudável para des-
a própria saga. do Estado e do ex-secre- zê-los. O secretário, fa- tenso. O carro do irismo, vendarem-se seria levar
tário da Fazenda, e, so- lante e irrequieto, perce- que já ia a pneus vazios, Alcides Rodrigues e Jorce-
bretudo, recorrente ao bendo e utilizando o es- e o carro do alcidismo, lino Braga para dentro

E XISTEM pessoas que


passam pela vida por
dentro do poder e nunca
empate de Alcides Rodri-
gues e Jorcelino Braga na
escalada dos que o ano-
paço largado à indolên-
cia, aproveitou-se, ale-
gre, da imobilidade da
que está encravado com
a barra da direção que-
brada, terão que ir ro-
deles e, dali, guiá-los
num passeio, transdi-
mensional, do Palácio
passaram no interior de nimato é que subiu neles pachorra pasmada para dando no arrastão vaga- das Esmeraldas para os
si mesmas, e não lhes ao seguirem dando voltas implantar a velocidade roso do guincho. planos do verdadeiro po-
adianta ter a celebridade por longe os livros. de sua pressa de vir a ser der no Mundo.
se não possuírem o auto- governador de Goiás. “Iguais aos porcos que A partida terá que ser
conhecimento. Pois, se “Alcides e Braga já Toparam-se no descui- chafurdam nos chiquei- no aeroplano-Espírito
conhecessem o seu mun- do do oportuno, o conve- para ouvirem, na primei-
do íntimo, recusar-se- estão fantasmas niente e o inconveniente. ros, há os que fuçam a ra estada, os que se sen-
iam a subir das ralezas da assustando os eleitores Alcides é um bufão em- honra alheia” tem dono do poder de-
simplicidade particular aos portões de suas pacadão. Braga é um vem escutar, do Espírito-
para a exposição nos re- presenças fúnebres truão entrão. O inacreditável faz o Governador da Terra,
cintos às portas das pra- E o governo abalroou-se crível possível no impos- Nosso Senhor Jesus Cris-
ças públicas, onde o ho- eleitoralmente” antes do fim da viagem, sível. Marconi Perillo vai to. Abram a consciência,
mem público deixa de ser pesadão eleitoralmente cortando o comboio de que O ouvirão ao vivo:
a privacidade na identi- Nenhuma pessoa é ao peso dos partidos alia- três máquinas aceleradas “Todos que pegam a
dade de cidadão e torna- feita só do que veem ne- dos sobrecarregados de a todo motor contra ele. espada pela espada pere-
se entidade de consumo la por fora em seus atos. adversários, ao ponto de o A máquina municipal da cerão... Quem te ferir nu-
coletivo na liturgia do de- É possível que o realiza- presidente Lula ser cha- Prefeitura de Goiânia. A ma face, oferece a outra,
coro cívico. do no governo do Esta- mado para vir empurrá- máquina estadual do go- e a quem te arrebatar o
Os que tiram os pés do do é o que Alcides Ro- lo, mas não deu, e tiveram verno do Estado de Goi- manto, não recuses a tú-
chão de suas limitações e drigues e Jorcelino Bra- que pedir o guincho da ás. A máquina federal do nica... Não temais os que
os põem à altura da cabe- ga fizeram pensando ser candidatura do Iris. O go- governo do Brasil. E Mar- matam o corpo, mas não
ça costumam colocar os o melhor. O governador, verno irá terminar como coni vai na frente do ca- podem matar a alma...
passos onde devem estar calado e quieto, ouvindo todo carro sempre termi- lhambeque do Alcides Que aproveita o homem
as ideias. Os resultados e vendo, feliz, o movi- na quando tem dois mo- que transformou o veícu- ganhar o mundo inteiro
desse governo, que girou mento do secretário to- toristas ao volante. lo possante de Iris numa e arruinar a sua própria
em torno dele o tempo mando a iniciativa em O inevitável não se evi- ximbica. E com Marconi vida?... Sabeis que os go-
todo sem sair do mesmo sua decisão e assumin- tou, dessa vez nem para ganhando mais dianteira vernadores das nações as
lugar, evidenciam no do a providência de seus o Alcides, tampouco pa- na reta final da chegada. dominam e os grandes
efeito do seu desastre po- afazeres que não gosta ra o Iris. Criou-se o con- Ou o Iris põe a cara na as tiranizam. Entre vós,
lítico decorrente do des- de se responsabilizar gestionamento na pista frente, ou tira o corpo do não deverá ser assim. Ao
preparo do governador por eles nem de vir a fa- em hora de trânsito in- Braga de dentro. Toda a contrário, aquele que

continua
10 GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 OPINIÃO Diário da Manhã

quiser tornar-se grande que determina e conduz tra a presença de empre- mo. Fomos pernoitar a Universo, a Unidade é a
entre vós seja aquele que os ascéticos nos seus de- sário no Executivo do Es- meio ano-luz no recan- Lei de Deus. Ajuda teus
serve.” sejos e decisões nos des- tado e do País. A política to de Nietzsch, onde foi irmãos a levantar a car-
Ao sairmos, a luz era in- tinos que definem a sua está cheia de comercian- difícil saber se aquelas ga, mas não a carregue.”
tensa. Muitos não conse- busca de realização. E tes e, cada vez mais, os estrelas, em verdade, Ato contínuo, volteou-
guiam olhá-la. E saímos exerce profunda influên- estadistas estão sendo não estavam buscando se para o Alcides e exem-
com essas palavras nos cia na energia psíquica excluídos. luz nele. plificou:
acompanhando: das multidões, o que é Jung abriu a porta, avi- “Com ordem e com
“Se um cego conduz um fator fundamental sou que estava tendo “Ano ruim de chuva e tempo encontra-se o se-
outro cego, ambos aca- para o líder político en- uma conversa com Pla- governador de governo gredo de fazer tudo
barão caindo num bu- volver na magia do ca- tão, pediu desculpas e bem.”
raco.” risma os eleitores. disse que só tinha cinco
ruim são parecidos. E E despediu-se, fazendo
Enquanto descíamos Alcides e Braga mostra- minutos em sua agenda. se os conhece desde o cálculos sobre quanto
na rota para o próximo ram-se curiosos. Princi- Ficou de pé e, empertiga- começo” tempo o homem Paulo
encontro, houve tempo palmente o Jorcelino, que do, filosofou: Coelho gastaria para che-
para meditar no aviso de é marqueteiro e não con- “Tudo depende de co- Ele, o luminar, agasa- gar aonde esteve Sócra-
despedida do Messias. segue popularizar a sua mo olhamos as coisas, e lhou Alcides e Braga em tes no futuro há 469 a.C.,
Paramos no consultório própria imagem. não de como elas são em seus únicos dois bancos, ao descobrir que “A sa-
de Sigmund Freud: – Leram Psicologia Hu- si mesmas... Sua visão se e permaneceu em pé, fa- bedoria é o poder da al-
– Fiquem alertas, Alci- mana, de Carl Gustav tornará clara somente lando tão naturalmente ma sobre o corpo”.
des e Braga. Não dur- Jung? quando você olhar para que, parecia, as palavras Pitágoras ia saindo,
mam no divã do Pai da – Não lemos – respon- dentro do seu coração. pensavam antes de che- olhou para trás e refle-
Psicanálise. deram Braga e Alcides, Quem olha para fora, so- gar à boca: xionou em Platão:
Freud olhou-os como uníssonos. nha. Quem olha para “Homens de natureza “Os males não cessa-
se os dois estivessem dentro, acorda... Tudo vivaz mentem só por um rão para os humanos an-
dentro de ambos em ca- “O complexo de subal- que nos irrita nos leva a instante; logo, em se- tes que a raça dos puros e
da um deles. E disse, ternidade deteriora a au- uma compreensão sobre gundos, eles mentem autênticos filósofos che-
compenetrado: nós mesmos... Nos indi- para si mesmos e ficam gue ao poder, ou antes
“Se dois indivíduos es- toestima dos que se en- víduos, a loucura é algo convencidos e se sentem que os chefes das cida-
tão sempre de acordo reinam no bastão do raro, mas nos grupos po- honestos... É verdade des, por uma única gra-
em tudo, posso assegu- poder imerecido e torna- líticos, nos povos, nas que se mente com a bo- ça, ponham-se a filosofar
rar que um dos dois os irascíveis e vingativos épocas, é regra... Conhe- ca, mas a careta que se verdadeiramente.”
pensa por ambos... O ca- ça todas as teorias, do- faz diz, apesar de tudo, a Não dava para ir embo-
ráter de um homem é aos quais devem favor” mine todas as técnicas, verdade... Não é só a ra- ra daquela constelação
formado pelas pessoas mas ao tocar uma alma zão, mas também a nos- humana. A frequência dos
que escolheu para con- – Nesse livro, Jung humana, seja apenas ou- sa consciência, que se iluminados da ciência e
viver... O Estado proíbe aborda o inconsciente tra alma humana.” submetem ao nosso ins- da filosofia fizera dali um
ao indivíduo a prática de coletivo. Se houvessem Saímos já às primeiras tinto mais forte, ao tira- ponto de encontros de co-
atos infratores, não por- pelo menos folheado Psi- estrelas do lado de fora no que habita em nós.” nhecimento. Entra Thales
que deseja aboli-los, cologia Humana, não te- do dia na noite. Deu a Pitágoras chegou de im- de Mileto. Pedi-lhe que
mas, sim, porque quer riam lançado a candida- impressão de que, con- previsto, foi dando boa- desse um jeitinho de per-
monopolizá-los.” tura de Vanderlan Cardo- templando-as, Alcides e noite, deu uma olhada no manecer desfrutando do
O sábio vizinho é Jung, so para governador de Braga viam a claridade Braga e aconselhou: seu convívio àquela noite.
que fez a descoberta do Goiás. O inconsciente co- que não estivera nelas “A Evolução é a Lei da O sábio perguntou se gos-
inconsciente coletivo letivo do eleitor está con- nos confins de seu ínti- Vida, o Número é a Lei do taríamos de conhecê-los

continua
Diário da Manhã OPINIÃO GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 11

todos e frisei que sim. Ele


convidou-nos para acom-
panhá-lo até onde mora-
va além do tempo. Lá tem
um cômodo que, olhando
de dentro dele, vê-se os
gênios nas épocas em que
viveram.
Ao perceber que Alci-
des era governador de Es-
tado e Braga em estado
de governador de Goiás,
o filósofo sugeriu-nos ini-
ciar por Platão, o Pai da
República.
Instantâneo, lá estava
Platão escrevendo o livro
A República. Depois sur-
giu indo para a Magna
Grécia, que era parte da
Itália colonizada pelos
gregos, queria conhecer
os seguidores de Pitágo-
ras. Lá, foi convidado por
Dionísio I, rei de Siracusa,
para implantar os ideais
políticos republicanos.
Mas Platão desentendeu-
se com o rei e teve de fu-
gir após ser preso. Quan-
do assumiu Dionísio II, Alexandre Magno Aristóteles
foi chamado de volta pa-
ra implantar a república
em Siracusa. Mas tornou
a se desentender nova-
mente com o novo rei.
Voltou fugido para a Gré-
cia. Retornou outra vez
para Siracusa com suas
ideias políticas e foi der-
rotado. Frustrado e po-
bre, regressou a Atenas,
onde morreu.
Todavia, houve um de-
talhe inentendível. Deu a
impressão na cena de há
2.347 anos. Platão olhou
para a Tela do Tempo,
como se houvesse visto o
governador Alcides Ro-
drigues. Antevira e profe-
tizara trasladado nos sé-
culos quando definira a
democracia da Repúbli-
ca atual:
“A democracia é uma
constituição agradável,
anárquica e variada, dis-
tribuidora de igualdade
indiferentemente a igua-
is e a desiguais.”
E, como se vislumbras- Nero Sêneca
se em outra olhadela a
atualidade em Goiás, pre-
conizara: das pelo imperador que sares, Nero e Sêneca, o no Sandro Mabel. E co- nos palanques do PMDB
“No imposto profissio- governava o Mundo in- iluminado, discutindo no memoravam os jardins e do PT, foi se asilando
nal, o justo paga mais e o teiro, de 331 a 323 a.C., palácio Domus Áurea palacianos ouvindo Ri- no Iris Rezende para o
injusto menos, sobre o em Alexandria. (Casa de Ouro) a possibi- ck e Renner; às vezes a exílio nas urnas do Mar-
mesmo rendimento.” lidade de se incendiar a dupla era interrompida coni Perillo. É carrancis-
Thales de Mileto, o divi- “Braga só faltou voar co- velha Roma para se fazer pelo vozeirão baritonal mo do alcidismo. É o
no na inteligência, ser- uma nova capital. Nero a de Braga e os aplausos atraso do antiguismo do
viu-me um chá de essên-
mo Ícaro com as asas de favor. Sêneca contra. O macios do Alcides. irismo. É o atraso rima-
cia, a bebida dos deuses, cera que derreteram e ele imperador condenou o díssimo ao atraso, não
e uma voz às minhas cos- caiu no mar – a mesma pensador à morte, por “Cure-se do seu porre, por acaso, mas no des-
tas perguntou: cera que o Alcides está suicídio, e este preferiu caso com a inteligência
– Tem pinga? suicidar-se a viver o insa- Braga, que a sua dos leitores que vieram
Silêncio... fazendo no governo” no do poder. embriaguez não é do das fazendas e estão nas
O mestre estava com É onde o tom do relin- néctar da inteligência, universidades.
uma informação precio- O chefe de Estado sábio cho se ensurdece ao som mas do bagaço da O minuto de bobeira
sa. A de que a Tela do escuta a sabedoria. da sinfonia. No Esmeral- é o eterno na mancha
Tempo facultava-nos as- Avançamos para o sé- das, o suicídio foi político. mediocridade” da História na vida do
sistir às civilizações no culo 21 e deparamos com Do Alcides. mito que ocupa o espa-
momento em que acon- Iris Rezende e Mauro Mi- Puxamos para a qua- O que não leu A Repú- ço do líder. Os luares à
teceram em suas épocas, randa confabulando no dra recente que ainda blica, de Platão, perma- sombra das jabutica-
tanto no passado como Paço Municipal, em Goiâ- não acabou de aconte- nece na mentalidade fa- beiras palacianas inspi-
no contemporâneo. nia. O prefeito ouvia do cer. O governador Alci- zendo roça, e o que foge ram ao belo da boemia.
Presenciamos no pós- secretário se seria candi- des Rodrigues e o titular de leitura e gosta de dar Nessas ocasiões assim,
tero, ao foco de luz do dato ou não a governador. da Sefaz, Jorcelino Braga, lição sobre tudo. Estava o difícil é distinguir no
Farol de Alexandria, Ale- O atraso buscava na ca- traçavam, no Palácio das a própria glória em si. O tontado do sonho qual
xandre Magno, o Gran- beça do atrasado a ideia Esmeraldas, o ardil polí- ridículo e o ridiculariza- das miragens é o pesa-
de, despachando com que estava no cérebro do tico para derrotar Mar- do estão empatados no delo: a da derrota ou a
Aristóteles, o sábio, no Flávio Peixoto. coni Perillo no segundo palco vazio das plateias da vitória.
palácio Paneion (Colina Refocamos a posterida- turno com a pataquada deles nas da capital do
do Deus Pan), as provi-
dências a serem toma-
de e presenciamos, no
Império Romano dos cé-
dos votos de Vanderlan
Cardoso embolachado
eleitorado que afugenta-
do deles e que, ao vê-los O S sentimentos têm
poderes sobre as

continua
12 GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 OPINIÃO Diário da Manhã

por qualquer agente vulnerante, tra- humildes? Sim, também há pessoas


pessoas, insondáveis, crito da vitória de Marco- através de nós mesmos. duz-se por uma modificação morfo- que se transformam em monopoli-
monstruosos, e povoa- ni Perillo na derrota pre- Transcrevo apenas dois lógica e fisioquímica o impacto ou zadoras da bondade, da santidade
dos pelos piores inimigos nunciada de Alcides Ro- capítulos, por entender efeito deste: assim, por exemplo, ou da virtude. Variam os valores e os
uma garrafa de vidro que é lançada ideais que se quer possuir, mas o que
delas, mas estão ocultos drigues, que, se não auto- que jornal é um instru- ao solo, quebra-se, e um anel de ou- não varia é esse afã de ter algo que
imperceptíveis em nós. penitenciar-se, vai passar mento propagador de ro que entra em contacto com o mer- valha (seja isso saúde ou dinheiro,
cúrio, descora-se e muda de aspecto fama ou pureza, saber ou mando, li-
Todos os temos e deve- a se sentir tão sozinho até cultura e obrigatoriamen- e de constituição física. Há algumas berdade ou beleza).
mos manter uma autofis- de si mesmo após a trans- te formador de opinião. substâncias que têm a propriedade Por ambicionar demais, aspirar a
calização constante no missão do cargo justa- Como o quadro político de reagir ante pequenas excitações, ter tanto – quer dizer, a valer tanto –
desprendendo grande quantidade é o homem vítima de maiores temo-
que sentirmos no des- mente para as mãos de da sucessão estadual está de calor e de energia; tal ocorre com res e medos que os demais animais.
tempero dos impulsos e quem o recebera. submerso na ira e no ódio, os explosivos. Pois bem: todas as for- E por isso, também, é mais irascível
na reação emocional, se Os gregos chamavam entendo ser de maior mas de substância viva apresentam que todos eles juntos. Somente o ho-
de maneira constante esta proprie- mem é capaz de destruir-se metodi-
formos atacados pelos isso de O Tapa da Moira e oportunidade a divulga- dade, que poderíamos denominar camente, de assassinar-se cientifica-
ímpetos que nos dese- que os romanos muda- ção do capítulo VII – A "explosiva", no sentido de que são mente, de anular-se mediante um
quilibram no tempera- ram para O Tapa de Deus. capazes de devolver mais do que re- plano, a sangue-frio, como acaba-
Origem e Desenvolvi- ceberam, ou seja, de responder com mos de ver na recente guerra mundi-
mento normal. Em toda desavença mento da Ira, e capítulo excessos, transformando-se de sensí- al. Aí estão os mais eminentes cére-
com esse descalabro, VIII – Estudo Especial do veis em atuantes, quando são afeta- bros humanos de nossa época, orgu-
das com determinada intensidade lhosos e satisfeitos de haver criado a
“O carro do irismo, que sempre houve a interfe- Ódio. pelos chamados "estímulos" ou "ex- bomba atômica, isto é, de haver tor-
já ia a pneus vazios, e o rência danosa de um da- Mas a obra completa, citantes" que, desta forma, se trans- nado possível a morte de cem mil se-
queles monstros que se li- Quatro Gigantes da Alma formam em incitantes. melhantes em um primeiro ensaio!
carro do alcidismo, que bertaram dos sentimen- – o Medo, a Ira, o Amor e o
Essa propriedade, observada em A esses homens não se chama crimi-
qualquer célula viva, chama-se irri- nosos nem se lhes injuria ou critica
está encravado com a tos das pessoas. Dever, é a leitura que nos tabilidade. Por ela se compreende por seu trabalho; ao contrário, exal-
barra da direção que- Com a imersão que deixa blindados para ir e que, se damos um soco em um bone- tamo-los e consideramos como sal-
co, o efeito será puramente defor- vadores da Humanidade. De que
brada, terão que ir ro- procurarei conduzir o voltar inteiro aos maus e mante, mas se o damos em um de Humanidade? Da que contribuíram
Alcides Rodrigues e o aos bons sentimentos, e nossos semelhantes, o efeito pode ser para destruir? Da outra? Mas, então,
dando no arrastão va- Jorcelino Braga dentro vencermos os nossos me- ainda mais deformante para nós; há várias Humanidades, ou somen-
além disso, a ação contundente não te uma? Quem pode garantir que
garoso do guincho” de si para encontros dos e fortalecermos as provocará modificações perduráveis entre as vítimas dessas duas bombas
com as sumidades que nossas fraquezas. E ser- no corpo do boneco e, em compensa- atômicas não se achavam futuros
ção, dará lugar a processos inflama- salvadores dos mais belos ideais hu-
Existem ocultas no buscaram os céus em mos um forte. tórios, que durarão vários dias e pro- manos? Quem pode afirmar que a
âmago de todos nós ín- seu mundo introspecti- duzirão sucessivas e visíveis modifi- consciência de quem comprimiu o
doles de criaturas tão vo, decidi conduzi-los ao CAPÍTULO VII cações no corpo vivo. botão dessas bombas estava mais
A irritabilidade é, de certo modo, limpa do que a de qualquer daque-
monstruosas que, se cada submundo dos senti- A ORIGEM E oposta á inatividade, que sabemos les que receberam seus efeitos?
um encontrasse com a mentos nas trevas do DESENVOLVIMENTO ser a fonte primitiva da reação me- Pois bem: essa ânsia de domínio,
sua andando pelas ruas, medo e da ira, para, de- DA IRA drosa. À medida que aumenta a de afirmação e de expansão do Ser,
complicação estrutural da substân- constitui o outro fundamental in-
correria gritando por so- pois, reconduzi-los ao cia, desenvolve-se mais aquela e pre- grediente da Ira. Que falta para que
corro. Temos de nos ar- mundo das luzes no Gênese do Gigante Rubro – Muito domina sobre esta, pois aparecem os nasça e se ponha a vomitar chamas
distante, na noite dos tempos, do ne- chamados "órgãos de secreção e de sobre a Terra? O sopro vivificante de
marmos contra nós mes- amor e no dever que tal- gro ventre do Medo, brotaram as ru- movimento", mediante os quais cer- seu antecessor: o Medo.
mos, não munidos de sal- vez desconheçam em si. bras fauces da Ira. Esta rapidamente tas plantas e a quase totalidade dos
vaguardas bélicas, mas Meditei e repensei que, cresceu e se converteu no segundo gi- animais não só se defendem como
resguardados no autoco- primeiro, teria de dire-
gante dos quatro que atenazam o atacam seus agentes vulnerantes. “Se há muitos animais
Homem e fazem de sua vida um Mas é preciso ascender bastante
nhecimento através da cioná-los à prática de perpétuo drama. na escala animal para se achar agressivos, do Homem
Os domínios da Ira são tão vastos
leitura de obras especiali- exercícios até estarem quanto os de seu progenitor. Nisi Or-
uma forma de irritabilidade que se- se pode afirmar
ja intimamente motivada, isto é,
zadas no desbravamento preparados no conscien- be sine Irae (Não há Mundo sem que não dependa de causas exterio- que é o único animal
dos mundos secretos das te para irem e voltarem Ira). E, realmente, desde que a Terra res, mas de impulsos e necessidades
feras que podem nos ma- ao subconsciente. O trei- começou a girar e nela se agitaram surgidas autóctone e periodicamen- ambicioso”
as primeiras formas vivas, esses dois te no organismo do animal. Em tal
tar se não as excluirmos namento criaria resis- seres monstruosos, unidos em estra- caso, não é a presença, mas a ausên- A chispa da Ira é a consciência
dos sentimentos. tência psicológica, tanto nho concubinato, cavalgam um so- cia de certos estímulos convenientes ou a ameaça do fracasso – Que não
bre o outro, formando híbridos pro- (ar, alimentos, etc.) que irrita o Ser e se pode sentir a Ira sem antes haver
Quando ouço alcidistas em Alcides quanto em dutos que tingem, de luto e de san- põe em marcha acelerada seus dis- sentido Medo, é óbvio para todo ob-
e marconistas sem enten- Braga. Um dos mais gue, o nosso vale de lágrimas. positivos de ataque ambiental. Mais servador perspicaz. E somente quan-
der a razão inexplicável acreditados mestres em Nem Deus mesmo escapou a seus um passo na complicação evoluti- do surge um obstáculo, quando algo
efeitos, pois – sempre segundo as va, e o animal propenderá a uma atinge nosso Eu e, de algum modo, o
do rancor do governador Psicologia do Planeta es- Sagradas Escrituras – se por seu conduta semelhante, que será dita- limita ou menospreza, isto é, ao nos
ao senador, entendo que tá em Goiânia e dá aula grande poder foi invulnerável ao da, já, para assegurar o êxito no do- vermos limitados, entorpecidos ou
não é realmente visível, na casa do interessado, Medo, não o foi aos efeitos da Ira; mínio do meio, lançando-se a do- fracassados em nosso propósito vi-
vários são os exemplos ilustrativos miná-lo e a organizá-lo no seu pró- gente, que sentimos acender-se a
mas imperceptível, onde paga-se só a primeira e desta chamada "Cólera Divina" prio interesse. Então, pode-se dizer chispa da cólera. Se, em uma noite
nem os próprios conse- as demais são de graça. (Sodoma e Gomorra, Mar Verme- que o animal se irrita um pouco de verão, ouvimos o zumbido de um
lho). No capítulo 26 do Levítico
guem decifrar o mistério. (versículos 16 a 18), Deus ameaça
constantemente, para evitar irritar- mosquito em nosso quarto de dor-
se demasiado nas emergências. Daí mir, alertamo-nos e aguardamos,
Apesar de Jung advertir “Toda a frota irista está assim: "Eu também farei convosco acumular, em forma previsora, tu- em tensão, que pouse em qualquer
que “Onde o amor impe- isto: vos enviarei terror, exaltação e do quanto seu instinto necessita pa- lugar de nossa pele para esmagá-lo:
ra, não há desejo de po- faltando largar o volante febre que vos consumam os olhos e ra futuras satisfações. antecipamos o prazer de aniquilar
destruam vossas almas"... Curioso esse inimigo de nosso sono. Por fim,
der, e onde o poder pre- se o Braga, que pegou paradoxo é este, segundo o qual a ele nos pica e... zás, aplicamos em
valece, há falta de amor. carona como passagei- Ira é, aparentemente, de efeitos
“Se damos um soco nós mesmos um bom tapa, sem ou-
contrários ao Medo, e, não obstan- tro resultado que o de tornar a ouvir
Um é a sombra do ou- ro, for mantido na te, colabora com ele na destruição e em um boneco, o efeito o zumbido. Nessa altura, já estamos
tro”, penso que houve a no sofrimento. A Ira, mulher infiel, zangados; começamos a encolerizar-
intercessão do sentimen- direção” gosta de aliar-se a seus outros par- será puramente defor- nos – isto é o importante – não na
ceiros: quando se liga ao Amor, nos medida que nos sentimos potentes,
to odioso, talvez lá muito dá os ciúmes; quando se une ao De- mante, mas se o da- mas sim na medida que nos senti-
atrás, e que fora se apo- O professor Emílio Mi- ver, nos dá a intolerância, capaz de mos em um de nossos mos fracassados em nossa suposta
chegar aos excessos de Torquemada
derando em algum cora- ra y López é consagrado potência. Outro exemplo: alguém
ção que passou a pulsar como um dos luminares
e de Savonarola. Mas seu sócio pre- semelhantes, o efeito nos atira um insulto absurdo e nós
ferido é, sem dúvida, o Medo. nos pomos a rir, porque sua falta de
cadenciado pela ira, en- da Psicologia pela Aca- Vejamos agora, com critério cien- pode ser ainda mais veracidade não nos ofende; mas se
tífico e objetivo, de que fontes ener- alguém nos lança em rosto algo que
furecida, indomável e de demia Brasileira de Psi- géticas se alimenta, como cresce e deformante para nós” é desagradável e total ou parcial-
escandalizar o demônio cologia e a Academia In- evolui, na escala biológica, este se- mente verdadeiro, então será certa
nos dias mais encapeta- ternacional de Psicolo- gundo e não menos terrível persona- A agressividade animal – Essa nossa ira. Por quê? Porque, no pri-
gem de nossa tetralogia. nova forma de comportamento, meiro caso, nos sobram, e no segun-
dos do mal no inferno. gia. A Livraria Leitura, na qual a irritabilidade se desen- do nos faltam meios seguros para
Alcides tem um ar per- do Goiânia Shopping, Antecedentes biológicos da Ira – cadeia sem causa aparente nem anular os efeitos do insulto.
manente de estar rezan- tem o livro Quatro Gi- Se o Medo é o resíduo e a antecipa- presente, equivale ao que podería- Considerada deste ângulo, a Ira
ção da Morte que leva consigo a vi- mos denominar conduta imperia- se nos apresenta como uma inten-
do, mas por maior que gantes da Alma – o Me- da, a Ira é a expressão do protesto vi- lista ou invasora do animal em ção defensiva contra o Medo inci-
tenha sido o pecado co- do, a Ira, o Amor e o De- tal contra aquele, já que pretende sua periferia ou espaço vital e que, piente. Outro exemplo: quando es-
metido pelo senador na ver, de sua autoria. É um expulsar o mal-estar letal, descarre- em psicologia, se designa com o tamos desprevenidos e alguém –
gando-o para o exterior. "Matar pa- qualificativo de agressividade. sem querer ou intencionalmente –
amizade do governador, best-seller mundial. ra não morrer" parece ser o lema do Nem todos os seres irritáveis são nos assusta a fim de se divertir, não
a imagem denigre é o ex- Se Alcides Rodrigues e Gigante Rubro, se bem que na reali- agressivos, mas, é claro, todos os nos enfadamos se nosso susto foi le-
dade sua fúria nos mate igualmente agressivos são irritáveis. ve, mas nos encolerizamos se real-
vice-governador na nó- Jorcelino Braga perde- (é velha como o mundo a frase: mor- Entre tais animais agressivos figu- mente foi forte.
doa de traidor que rece- rem um domingo lendo- rer de raiva). Freud e sua escola divi- ra, não sabemos se por infelicidade
bera de presente o seu o, a segunda-feira ama- saram parcialmente a verdade, ou sorte, o Homem. Em virtude do Combinação dos ingredientes
quando vincularam a Ira aos cha- desenvolvimento do mundo cultural do recém-nascido humano – Não
mandato de sucessor do nhecerá diferente nos mados "instintos de morte" ou "tani- e das noções de valor, a agressividade se sabe até que ponto os gritos com
traído. dois. Após cruzar em su- codestrutivos", fazendo-a sinônima se manifesta no Homem sob a forma que vimos ao mundo expressam
Trair o Marconi, Alcides as páginas o universo in- do "impulso de anulação", que pode do célebre afã ou desejo de poder dor, raiva ou simples contração de-
dirigir-se agressivamente contra o (Wile zur Macht = Vontade de Po- flexa das cordas vocais durante as
traiu. A prova não precisa terior que se conflita em exterior (assassinato) ou contra o der). Por isso, se há muitos animais primeiras e grandes expirações. O
ser feita nos atos nem dis- nós, descobrirão se são próprio corpo (suicídio), criando as agressivos, do Homem se pode afir- de que não há dúvida, entretanto, é
cutida nos gestos que as pessoas que pensam variantes sádica e masoquista, res- mar que é o único animal ambicioso. que todo recém-nascido humano
pectivamente. Dizemos que divisa- normal é capaz de mostrar que nele
possam ter havido. A pro- ser, ou não, e descobri- ram parcialmente a verdade, por- A ambição humana – Querer, vive, pronta a despertar, a garra do
va está no maior dos do- rão como chegar às que que, para nós, a estrutura dinamo- não somente ser e continuar sendo Gigante Rubro.
cumentos que têm sem- gostariam de ser e que genética do Gigante Rubro é algo sempre, como ser cada vez mais, Basta apertar e segurar levemen-
mais complexa, e requer a conjun- quer dizer, poder mais, converter-se te as mãos e os pés desse recém-nas-
pre sentença no tribunal podem vir a ser. ção de diversos fatores, que passare- em açambarcador do poder, é um cido, quando está desperto, para
da História: o depoimen- A viagem aos Quatro mos a analisar: traço essencialmente humano. Ber- que vejamos aumentar a força de
trand Russell estudou-o com pro- seus movimentos espontâneos, di-
to do povo nas urnas elei- Gigantes da Alma ensina A irritabilidade celular – Quan- fundidade e graça inimitáveis. E não latar-se seu peito, congestionar-se
torais já previamente es- a conhecermos o mundo do uma substância inerte é afetada haverá pessoas ascéticas, modestas e seu rosto e dar sinais inequívocos

continua
Diário da Manhã OPINIÃO GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 13

da reação colérica. Esta se produ- mento de rebelião ou indignação junto de fatores que o impediram de calor e fortalecimento interno; me de atos reparadores.
ziu, pois, pelo simples fato de não o (aumento da própria estima ou dig- de descarregá-la, e, o que é pior, vasodilatação e enrubescimento faci- Quem duvide desse fato (que pre-
deixar mover-se livremente, quer nidade), experimenta uma geral im- contra si mesmo, por não ter sido al e auricular (é por isso que, quando judica o conceito estabelecido de
dizer, de interferir em seu ritmo vi- pressão de calor e de força animado- capaz de satisfazer seus impulsos alguém nos diz algo desagradável, se equanimidade, que deve servir de
tal espontâneo. ra. O sangue se lhe "acende e ferve destruidores. costuma dizer que nos "deixou as essência definidora dos atos real-
É preciso, no entanto, que essa li- nas veias" (recordem-se os famosos A possível oposição das atitudes orelhas vermelhas"). mente justos) pode perguntar a si
mitação de movimentos, quer dizer, versos de Rafael Alberti, descrevendo medrosa e colérica nem sempre se próprio se todo o imenso dispositivo
essa interferência ou vulneração, a ira hispânica ante o absurdo ata- manifesta, explicitamente, do mes- da Justiça Estatal ou Oficial funcio-
não seja excessivamente intensa que do nazifascismo: "Madrid, co- mo modo como se produz no âni-
“Com extraordinária fre- na equitativamente para premiar e
nem brusca, porque, em tal caso, o razón de Espana, late con pulsos de mo. Assim, por exemplo: podemos quência, um sentimento castigar, ou somente para o último.
que surge, em toda sua potência e fiebre. Si antes la sangre le hervia, imaginar a situação de um encarre- Evidentemente, terá que responder
sem disfarces, é o espanto, isto é, o hoy con más fuerza le hierve"). Todo gado de oficina que, ao ver-se sur- colérico se disfarça em que nossa Justiça é fundamental-
medo primitivo: o recém-nascido fi- o centro da sua existência parece preendido pelo diretor numa falta mente penal: sempre que alguém
ca imobilizado e inibido, como se deslocar-se para a periferia corporal: do serviço, descontrola-se e enfure- atitude justiceira, e as- recorre a ela, é contra outra pessoa
estivesse morto. sente-se "sair do eixo". Esta impres- ce-se, acusando injustamente um ou alguma cousa; sempre que dita
A partir dessa reação colérica ini- são de desbordamento na Ira é tal, subalterno, ali presente; este se tor-
sim os excessos da vin- alguma sentença, há algum prejuí-
cial, com que todos nós responde- que o sujeito pode sentir-se "fora de na pálido à medida que o outro se gança tomam o nome zo... justificado, sim, mas nem por
mos à limitação de nossa zona de si", ou seja, projetado sobre o objeto avermelha e gesticula. Poder-se-ia isso menos prejuízo.
movimentos, a área e a variedade de sua ira, em um impulso de absor- deduzir que a excitação do encarre- de atos reparadores” Não é assim a Justiça Divina, se-
dessas reações se ampliam. Desde ção destrutiva, de tipo canibalesco; gado é causada pela Ira e a inibição gundo a qual recebemos alternati-
então, tudo quanto moleste, doa ou por isso, não é raro ver que a expres- do subalterno pelo Medo? Não, pos- vamente prêmios ou castigos, con-
perturbe o bem-estar fisiológico, des- são facial típica da Ira corresponde, to que a realidade é inteiramente O quarto grau de intensidade já forme nossos méritos, se bem que de-
pertará no aprendiz lactante verda- estaticamente, a uma contração dos outra: no íntimo do primeiro, está nos mostra a Ira desenfreada: inici- vamos confessar que os lugares de
deiros “faniquitos” ou “zangas”, du- músculos masseteres (que movem o em franca ascensão, o Medo, en- ada nossa ofensiva (que nós consi- sofrimento são dois; o do tédio é um,
rante os quais, de quando em quan- maxilar inferior), e a expressão di- quanto que no do segundo o está a deramos unicamente como "contra- e apenas um outro se reserva nela
do, surgem as reações de inibição nâmica corresponde ao chamado cólera; mas um desejo desesperado ofensiva"), não nos detemos no justo para o bem-estar das almas imor-
que o deixam “sem fôlego”, como di- "ranger de dentes", em antecipação de desculpar-se, no primeiro, e um limite senão depois de descarregar- tais, surgindo de tudo isso duas hi-
zem as amas. da mastigação do objeto odiado. temor de perder o emprego, no se- mos uma reação mais violenta e no- póteses: ou que o Senhor fez o ho-
A vasodilatação periférica, a difu- gundo, modificam o aspecto exteri- civa que o motivo do aborrecimen- mem mais mau do que bom, ou que
são do potencial nêurico até as zonas or de suas atitudes. Além disso, em- to. Estamos, de fato, zangados, enfa- sua administração de Justiça é tam-
efectoras ou motoras dos arcos refle- “A chispa da Ira é a bora sendo opostas, essas atitudes dados ou irritados; começamos a bém um tanto pejorativa.
xos, é acompanhada igualmente de têm em comum o fato de serem perder o controle de nossas palavras Mas se deixamos tais discussões,
um aumento geral das secreções la- consciência ou a mistas e terem igual motivação: a e a medida de nossos atos; necessita- um tanto transcendentes e perigo-
crimal, salivar, sudoral e também re- tendência a ficar bem ante o dire- mos dar golpes, e, quando não os sas, para nos restringirmos ao
nal, assim como das increções (secre- ameaça do fracasso” tor. Aqui, pois, mais que em outros podemos dirigir contra o objeto da campo da realidade terrena, pode-
ções internas) supra-renal, tireoidea campos da psicologia, cabe recor- Ira, derivamo-los para lugares neu- mos perguntar-nos se, efetivamen-
e hipofisária. Há fenômenos gerais Quanto à vivência colérica, pro- dar o prudente conselho de "não se tros ou os desfechamos no ar, em te, quem se sente dominado pela
de hipertensão arterial e de acelera- priamente dita, produz-se quando fiar em aparências"; repressão não gestos violentos. Ira reage contra ela, ou se identifi-
ção do metabolismo. O indivíduo a Ira é contida por afastamento é supressão e ficção não é, tam- No quinto nível de ação, a Ira ca com seu impulso até o ponto de
que vai "estourar" ou "explodir" tem material do objeto: imaginemos o pouco, realidade. toma o nome de Raiva e já se apo- encontrá-lo, a maior parte das ve-
necessidade de liberar esse excesso caso de um pedestre que é enlame- derou por completo da direção da zes, não só normal como até elogi-
energético em gritos, imprecações, ado por um automóvel, o qual Os diversos graus de intensidade conduta individual. Corresponde à ável. As pessoas se envergonham
movimentos ou gestos. É, pois, um lança sobre sua roupa a água de da Ira: impulsão versus paixão co- fase do pânico, na escala de inten- de sentir medo e, sobretudo, de ex-
transbordamento tumultuoso da uma poça e se afasta velozmente, lérica – Depois de diferençar as três sidade do Medo. Do mesmo modo teriorizá-lo: reconhecem que é um
corrente vital, um tanto interrompi- entre gargalhadas de seus ocupan- modalidades mais típicas de mani- que, sob os efeitos do pânico, o in- mau companheiro, contra o qual é
da em seu curso; algo semelhante ao tes. Sendo insuficiente e inoperan- festação do Gigante Rubro, vejamos divíduo "não sabe o que faz", as- preciso lutar para merecer a apro-
arroio que, detido por um tronco de te a descarga verbal e gesticulante agora quais são seus diversos níveis sim também, sob os efeitos da rai- vação social. Mas acaso se enver-
árvore, o transpõe e salta em cascata da Ira (pois as palavras não são de ação, quer dizer, os limites da es- va, é apenas espectador de seus gonham igualmente de sua ira ou
diminuta. Quanto mais tenha dura- ouvidas e os gestos não são vistos), cala de força com que nos pode fazer próprios atos, que são impulsiona- de exteriorizá-la? Reconhecem
do a compressão do eu, quer dizer, esse homem entra em estado colé- sentir sua presença. De um modo ge- dos por forças surgidas inopinada- também que é uma péssima conse-
quanto maior tenha sido a vulnera- rico. Esta é a denominação que se ral, já vimos que a Ira propende a mente de seu interior e que o po- lheira, a quem é preciso extermi-
ção ofensiva, tanto maior tempo terá dá à Ira em processo de interiori- manifestar-se pela ação ofensivo- dem levar até o assassinato. nar, para serem, precisamente,
sido detida a reação colérica e tanto zação visceral; o estado de contra- destrutiva, que leva à anulação do justos? Não é esse o caso, posto que
mais poderá durar sua manifesta- ção ou hipertonia passa então dos objeto que a excita; tem, pois, basi- a matreira se infiltra no próprio
ção. Tal é o que acontece ao lactante, músculos estriados aos de fibra li- camente, um caráter impulsional. “Do mesmo modo que, centro de nossos pensamentos e os
a quem se faz esperar demasiado pa- sa; a vesícula biliar se mobiliza e Mas também já assinalamos que os engana com a isca da reivindica-
ra satisfazer uma necessidade impe- produz uma descarga biliar, que poderosos tentáculos do Medo se en- sob os efeitos do pâni- ção, de tal modo que, só excepcio-
riosa (de limpeza, sono, alimento, pode dar à pele um tom levemente trecruzam amiúde com suas garras e nalmente, reconhecemos que nos
etc.): quando surge finalmente seu ictérico (amarelo-esverdeado), se- as paralisam antes que possam cra-
co, o indivíduo ‘não sa- achamos sob seu domínio.
protesto, quase sempre ultrapassa a melhante ao dos enfermos de cóle- var-se nas carnes da vítima. Então, a be o que faz’, assim Frequentemente confessamos es-
satisfação imediata, ou seja, não se ra. Quem sente esta vivência expe- Ira é forçosamente imobilizada e co- tar irritados, enfadados ou enfure-
extingue com a reparação do dano. rimenta um profundo mal-estar e meça um processo de interiorização também, sob os efeitos cidos, mas imediatamente esclare-
desassossego, quer dizer, um des- regressiva, dirigindo seu poder letal cemos que esse estado e as reações
Evolução do Gigante Rubro: fa- gosto: opressão torácica, peso no ao próprio sujeito que a alberga. da raiva, é apenas es- que dele resultam são naturais e se
ses, graus e variantes da Ira – Estu- epigastro, necessidade de "fazer al- Pois bem, nessa mudança o autor justificam por tal ou qual ofensa,
dados já, ainda que superficialmen- go, sem saber exatamente o que"; a passa a ser ator e, logo após, dorido
pectador de seus pró- por esse ou aquele insulto ou viola-
te, os ingredientes da Ira e suas pri- respiração e a circulação se acele- espectador de seus efeitos, transfor- prios atos” ção do que julgávamos dever ser o
meiras manifestações na vida hu- ram, há uma leve ansiedade e com mando-se com frequência em um curso dos acontecimentos. Em tais
mana, cumpre-nos agora seguir seu facilidade surge o "sobressalto", enfermo crônico, no qual a paixão condições, nossa conduta tende a
desenvolvimento através da evolu- quer dizer, põem-se em marcha os colérica cria úlceras e espasmos, Ainda outra ascensão na orgia "resolver" a situação, "desfazer o
ção individual, para surpreender deflexos defensivo-ofensivos desne- mal-estar e desesperações capazes de iracunda, e surgirá o estado de Fú- agravo", "revidar a ofensa", "reivin-
seus diversos disfarces e, o que é mais cessários e inadequados. Passado culminar na morte (pois é possível ria, durante o qual o sujeito não dicar nosso direito".
importante, suas diversas fórmulas algum tempo, esse cortejo sinto- morrer-se de raiva infecciosa e tam- só perde o controle de seus atos, E é assim que o impulso agressi-
de apresentação e descarga. mático exteriorizado se apaga; o bém de raiva psíquica) ou no suicí- mas inclusive a consciência ou vo-destruidor toma como pretexto
A Ira vermelha, a Cólera verde e indivíduo dorme pouco e se levan- dio (no qual o sujeito assassina al- percepção dos mesmos: é apenas qualquer alteração aparente da
o pálido Rancor – Antes de passar à ta sem apetite; com olheiras e tal- guém dentro dele). um autômato, uma espécie de conduta alheia para satisfazer-se,
descrição destas variantes básicas de vez com dor de cabeça; está rumi- No decorrer de todas essas muta- projétil humano, capaz de qual- enganando-nos ao mesmo tempo e
nosso rubro inimigo, é preciso insis- nando seu desgosto ou, mais exa- ções, produzem-se também varia- quer dislate, atacando não só os fazendo-nos crer que estamos ser-
tir no fato de que, sendo diretamente tamente, o está "armazenando". E ções de intensidade que permitem possíveis objetos determinantes de vindo a um dos mais excelsos valo-
provenientes do Medo, têm sempre de tudo isso resta uma cólera sur- ser classificadas em vários graus, sua ira, como a objetos neutros e a res humanos.
algo dele em suas entranhas. Quan- da, profunda, em conserva, que é como fizemos com os que servem si próprio. Tal é o caso do indiví- Em nome da "Justiça" revolucio-
do esse enxerto é mínimo, a Ira se facilmente convertida em ódio, à para dosar os efeitos e a ação do Gi- duo que sai para a rua dando tiros nária, Robespierre descarregou seus
nos apresenta em sua mais pura e medida que o sujeito se convence gante Negro. a torto e a direito, ferindo ou ma- instintos tônicos sobre centenas de
intensa manifestação: em forma de da impotência definitiva em que se A forma mais leve de apresenta- tando, e termina suicidando-se; vítimas inocentes. Em nome da
raiva ou fúria. Quando é máximo, encontra ante seus ofensores. A se- ção da Ira consiste em um suave tudo isso durou apenas uns minu- "Justiça" Divina, o inquisidor Tor-
interioriza-se e o Ser adquire a mor- guir veremos, mais pormenoriza- sentimento de exaltação ou "facili- tos. Naturalmente, por felicidade, quemada cometeu os mais horripi-
tal palidez do Rancor. Como forma damente, qual o ingrediente que dade de ação", que, por assim dizer, raras vezes se atinge esse nível trá- lantes assassinatos. Em nome da
intermediária, achamos a Cólera bi- falta para que a absorção colérica nos prepara para a consecução de gico, como raras vezes consegue o "Justiça" geopolítica, Adolf Hitler
liosa, na qual tanto valem o desgosto se transforme, realmente, no cha- nossos objetivos imediatos. Então, Medo levar-nos até o estado do lançou milhões de homens a uma
como o medo rancoroso. mado "rancor". enfrentamos a situação, como se terror. Mas qualquer pessoa – tu, morte tão horrível quanto estéril...
Um problema difícil e de urgente costuma dizer, decididamente. E do pacifico leitor, ou teus seres mais Em nome da "Moral" – quando não
solução é o de saber se essas estra- mesmo modo que a fase de prudên- queridos, eu ou os meus – é capaz se pode invocar a deusa das balan-
nhas mesclas ou blendings de Ira e “O curioso é que, então, cia, no Medo, é elogiada por quem de chegar a esse grau da Ira, se se ças-se desenrolam também, diaria-
de Medo são determinadas por pe- não percebe sua procedência, assim dão, durante um tempo suficiente, mente, atos nocivos, destruição de
culiares interferências hormônicas e não nos apercebemos também, esta fase de firmeza, na as circunstâncias favoráveis para conceitos e prestígios alheios, que
nervosas, ou se derivam de um rudi- Ira, é elogiada por quantos não deixar-se invadir totalmente por são mais penosos ainda que os pró-
mentar juízo avaliador das possibi- de que somos ofenso- compreendem que representa o pri- ela. E por isso que, em todos, os có- prios atos de sangue, pois estes se
lidades de êxito de cada uma das res, mas nos damos meiro degrau da escala que nos po- digos, se admite como atenuante curam com repouso, curativos e an-
antitéticas atitudes de fuga ou ata- de levar a condutas agressivas in- (ou inclusive como isenção) a "ob- tissépticos, em alguns dias ou sema-
que, com as quais procura superar a conta apenas de haver- controláveis. cecação" e o "arrebatamento" de- nas, enquanto aqueles podem con-
situação. Não há dúvida que a ati- A segunda fase, surgida dos pri- sencadeados pela Ira. verter a vida inteira de famílias ino-
tude de ataque é mais comum na mos sido ofendidos” meiros obstáculos que se acham no As formas de camuflagem do centes em um verdadeiro inferno,
pessoa adulta; esta costuma zangar- caminho da ação, é a fase de protes- Gigante Rubro – Nossa civilização, sem possibilidade de terapêutica.
se com quem pode, isto é, com seu Resta-nos agora descrever a cha- to interior, que marca, por sua vez, o teoricamente, é hostil à Ira, ainda O caso mais típico desta origem
igual ou inferior em potência. Mas o mada "cólera branca", a cólera to- impacto, no Eu, das resistências con- quando, implicitamente, a elogie iracunda do impulso reivindicató-
que é preciso saber é se o mesmo talmente interiorizada, na qual os flitivas, e o princípio de sua reafir- em determinadas circunstâncias. rio, temo-lo nos frequentes exem-
ocorre, de um modo mais ou menos fenômenos de congestão e trans- mação dominante. Habitualmente, Por isso, as pessoas "educadas" plos, que a Psiquiatria tem trazido,
inconsciente, em todos os casos, isto bordamento da Ira são substituídos expressamos esse nível de intensida- procuram reprimir suas manifes- da chamada "psicose litigante ou
é, se o aparecimento da Ira surge pelos fenômenos opostos, de pali- de colérica, dizendo que "nos senti- tações diretas, e, com isso, dão pleitista", na qual, a pretexto de
mecânica e inelutavelmente deter- dez e hermetismo, do rancor. Ocor- mos ofendidos"; outras vezes, quan- margem a que se manifestem suas cumprir a suposta vontade de um
minado pela passagem das células re aqui algo semelhante ao que se do se trata de condutas sociais, senti- manhas, adotando diversos disfar- morto, de defender um suposto pa-
nervosas, de um estado de inibição passa nas infecções cutâneas (espi- mo-nos "estranhos" ou "surpreendi- ces que é preciso conhecer, para trimônio ou de recuperar um supos-
(medrosa) para um estado de excita- nhas e abscessos), quando depois dos" por não encontrar o eco, a aju- bem de todos. Sem dúvida, alguns to e inoperante direito, se descarrega
ção (cólera) ou se é condição indis- de uns dias de dor, calor, rubor e da ou a compreensão esperada. Os deles são já suficientemente conhe- sistematicamente uma atividade
pensável a essa passagem a "intelec- inchação, o pus, em vez de abrir ingleses possuem uma palavra mui- cidos, enquanto outros não, tor- agressiva e maledicente, não só sobre
ção" de alguma possibilidade de êxi- caminho para o exterior através da to significativa para designar esse nando-se por isso os mais perigo- o objeto inicialmente odiado, como
to pessoal no domínio do obstáculo. pele, começa a ser reabsorvido pelo momento: "shocking" (chocante). sos. Vejamos, em primeiro lugar, o sobre tudo quanto com ele haja tido
Na dúvida, cabe supor que am- sangue e dá lugar à chamada "sep- Um grau acima, e esse protesto in- disfarce preferido e o mais usado relação e não se submeta ao domí-
bas as hipóteses são possíveis, ou se- ticemia", isto é, uma forma de in- terno adquirirá o aspecto de uma re- por este versátil inimigo. nio do litigante. Este se dirige pri-
ja, que existem fatores locais (orgâ- fecção generalizada e mais difícil belião pessoal e constituirá o primei- meiro ao Tribunal, depois à Supre-
nicos, fisiológicos) e fatores pessoais de tratar. Assim também, o rancor ro passo para a conduta ofensiva, O chamado "impulso reivindi- ma Corte, finalmente ao Presidente
(psicológicos) determinantes da é, sem dúvida, a pior modalidade que é característica da Ira. O curioso cativo" (sede de Justiça) – Deus da Nação, depois ao povo inteiro,
proporção de medo e de ira atuan- de que se pode revestir a ação do é que, então, não nos apercebemos de nos livre de pretender afirmar que através da imprensa e do rádio; fi-
tes em cada momento de emergên- Gigante Rubro, pois o empalidecer que somos ofensores, mas nos damos toda noção de Justiça se acha nalmente estende sua cólera a círcu-
cia emocional ante obstáculos ou não diminui seus efeitos nocivos, conta apenas de havermos sido ofen- mesclada de um sentimento ira- los cada vez maiores de pessoas
situações vulnerantes ou nocivas mas os destila e purifica, dando- didos (se se trata de obstáculos hu- cundo; mas, em compensação, alheias à situação desencadeante de
para o indivíduo. lhes um caráter ou tonalidade manos) ou dificultados (se se trata podemos asseverar que, com ex- sua ira. E termina "lutando só con-
Que sente ou recorda – fenomeni- muito mais letal, de vez que, nessas de obstáculos não humanos). Quan- traordinária frequência, um sen- tra o mundo", ao qual cobre de injú-
camente falando – a pessoa que en- condições, o sujeito não só sente có- do a Ira atinge este nível de intensi- timento colérico se disfarça em rias e imprecações; mas tudo isso faz
tra na órbita de ação da Ira? Coeta- lera contra o primitivo objeto de dade, produz já suas manifestações atitude justiceira, e assim os ex- o litigante, sem confessar-se que está
neamente com um indefinível senti- sua ira, como contra todo o con- congestionantes típicas: impressão cessos da vingança tomam o no- atuando sob o impulso de uma tre-
continua
14 GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 OPINIÃO Diário da Manhã

menda força destrutiva; ao contrá-


rio, crê firmemente estar realizando
uma obra de regeneração social e
ética; faz-se campeão da decência,
da equanimidade e da consequên-
cia. E desta forma podem arrastar-se
pleitos quase seculares pelos Tribu-
nais de Justiça, com grande satisfa-
ção íntima dos que vivem, talvez
sem se dar conta, da cólera alheia,
isto é, os maus advogados, chama-
dos "rábulas".
Dia virá em que se há de fazer a
dissecção psicológica, a fundo, dos
princípios do Direito e da Ação San-
cionadora do Estado ou da Socieda-
de. E, naturalmente, esse dia não
dará a vitória aos acratas e anar-
quistas, reis do Eu e do solipsismo,
nem contentará a pretensos demo-
cratas que parecem ignorar a neces-
sidade – para que exista verdadeira
Democracia – de legislar em benefí-
cio da maioria e não para proteção
da minoria. Entretanto, tudo o que
possa haver de ofensivo na atual ad-
ministração da Justiça não justifica
que cada um "decida fazer justiça
por suas próprias mãos"; quem as-
sim age está obedecendo, talvez sem
o saber, aos sinistros impulsos do gi-
gante iracundo. Vejamos, agora, ou-
tro de seus disfarces mais comuns:

“Em nome da ‘Moral’ –


quando não se pode in-
vocar a deusa das ba-
lanças – se desenrolam
também, diariamente,
atos nocivos, destruição
de conceitos e prestígi-
os alheios, que são
mais penosos ainda Hitler Napoleão
que os próprios atos
de sangue”
A crítica – Criticar é, segundo a
etimologia, a arte de julgar. A pala-
vra "crise", de fato, significa decisão.
Daí se concluir que um juízo crítico
é uma afirmação decisiva, que tem
pretensões de inapelabilidade. E daí
se deduzir, também, que um crítico
é, de certo modo, um juiz, ou seja,
alguém que decide acerca de (o va-
lor de) algo. Se essa função fosse
exercida com equanimidade perfei-
ta, haveria – aplicada a casos nor-
mais – de ser tão pródiga em elogios
como em censuras, mas, por infeli-
cidade, não acontece assim, e por is-
so, as pessoas têm sempre emprega-
do o termo em sua acepção pejorati-
va, de forma que, hoje, para a maio-
ria dos mortais, não significa julgar
nem decidir coisa alguma, mas sim-
ples e exclusivamente, "falar mal e
procurar desvalorizar algo". Pois
bem: essa rotação, que na realidade
só tem desvalorizado praticamente
a função crítica, se deve a que sob
ela se oculta, com freqüência, a in-
veja. E a inveja, por sua vez, leva em
suas entranhas uma considerável
carga colérica.
Com isso não queremos dizer
que toda crítica contenha, em ger-
me ou em desenvolvimento, uma
atividade iracunda. Há críticas que
merecem respeito, pois são plena-
mente justas, construtivas e até Pirâmide de Quéops. Foi construída para ser tumba do Faraó Quéops, no século XXVI a.C
bem-intencionadas. São as que pre-
enchem estas quatro condições bá-
sicas: a) serem feitas de um ponto
de vista estritamente compreensivo do", é quase afirmar "minha vida de criadora sistemática porque es- realiza um ataque direto, e, por me d'esprit. Seria interessante elimi-
e humano, quer dizer, tomando co- não merece ser vivida"; daí à germi- ta leva emparelhado consigo o des- outro, não deseja admitir que se- narmos definitivamente essa ideia
mo norma não um "dever ideal" nação da ideia "melhor é uma boa pertar do Amor, o qual é temido, ja incapaz de realizar essa agres- errônea, e reservar tal qualificativo,
mas uma "possibilidade real"; b) se- morte que uma vida má" não há igualmente, por seus parceiros ru- são; dirige-a, então, de modo "re- não para o irônico dissimulado e
rem objetivas, isto é, baseadas em mais que um passo. bro e negro. torcido" escudando-se no sorriso mordaz, mas para a pessoa capaz de
fatos comprovados e comprováveis; e numa aparente atitude de tran- estimular, criar e ajudar, em sentido
c) serem francas, quer dizer, dirigi- A ironia – Entre a Ira e a ironia, quilidade e condescendência. benéfico, aos seus semelhantes.
rem-se diretamente ao autor e só a “A atitude de crítica sis- há muito mais que uma seme-
ele, pois com isso se lhe dá a possi- lhança eufônica; há uma identi- O humorismo – Não se pode
bilidade de corrigir-se ou defender- temática não é somente dade substancial. Todo irônico é “Todo irônico é um ira- confundir o humorismo com o
se; d) serem construtivas, ou seja, um iracundo que não ousa mani- "bom humor". O primeiro é, em
indicarem os caminhos de aperfei- uma atitude iracunda, festar abertamente seu desconten- cundo que não ousa geral, um mau humor que tenta
çoamento em cada caso. apenas dissimulada, tamento e recorre à máscara de imitar o segundo. A prova é que
Por que existem tão poucas críti- um falso humorismo. Analisando
manifestar abertamente quando detidamente observados,
cas que preencham essas condições? mas, antes de tudo, a ironia, vê-se que ela contém um seu descontentamento os grandes humoristas se revelam,
Porque essa função não é exercida fundo sádico e perverso, que a tor- em sua maioria, seres hipocondrí-
por pessoas "neutras" e, muito me- uma atitude tânica, na ainda mais desagradável que a e recorre à máscara de acos, ressentidos, carcomidos pela
nos, por pessoas amigas, mas sim agressão direta, mediante o insul- inveja, incapazes de resistir a uma
por inimigos.
ou seja, uma atitude to ou a crítica franca. O irônico um falso humorismo” crítica séria, e, ainda menos, de re-
Geralmente, nós nos resignamos a pré-mortal” procura, ao mesmo tempo, humi- alizar uma obra generosa. Se os
ser criticados por quem nos tem an- lhar seu adversário – mediante a A dissimulação da agressão é tal, humoristas têm algum gênio, este é
tipatia, mas nos melindramos se o burla – e mostrar-lhe sua superio- que quase sempre toma a forma de quase sempre mau e daí a frequên-
somos por quem nos estima, favore- Felizmente, em compensação, há ridade intelectual; mas isto é feito um elogio desproporcionado ou des- cia com que sofrem do estômago.
cendo com tão absurda atitude a ca- uma grande distância entre a con- de maneira covarde, quer dizer, medido. Quem o ouve, de início se Até que ponto o humorista é víti-
muflagem da Ira em uma atividade cepção e o avant-goût do suicídio e ocultando a ofensa direta, de mo- deixa envolver, mas, logo depois, ao ma da Ira destrutiva, nos mostram
que deveria ser exercida com a mai- sua resolução definitiva. Mas o que do a ser percebida pelos circuns- perceber a real intenção do mesmo, não só suas biografias como as
or inteligência e nobreza. cabe ressaltar agora é que todo esse tantes ou interlocutores e não pelo quebra com o riso – constraste – a obras que, de longe em longe, deci-
Toda crítica pode dirigir-se aos ciclo começa sob o disfarce da auto- interessado. Esta covardia é o que atitude originária de reação ante ele de escrever sem sua máscara. Aí es-
demais ou a si próprio, e neste se- crítica adversa, que veicula comoda- explica que a ironia se exerça tam- (sempre que não se sinta atingido), tá, por exemplo, o What is Man?,
gundo caso, também é possível que mente instalado o Gigante Rubro, bém, especialmente, na ausência ou, ao contrário, se enfurece, ao per- de Samuel Clemens (Mark Twain)
obedeça, ainda que inconsciente- em estreito concubinato (aqui como do objeto ou servindo-se de objetos ceber que é o alvo do ataque irônico. como um dos trabalhos mais pessi-
mente, ao impulso destrutivo e cor- sempre) com a Morte. abstratos, quer dizer, que não po- Estimulado o irônico pela necessida- mistas e iracundos que se tem es-
rosivo da Ira. A raiva contra si, o im- Por isso, a atitude de crítica sis- dem replicar fisicamente. de de dissimular sua agressão, recor- crito acerca da Humanidade.
pulso de autoanulação, que culmi- temática não é somente uma ati- O "narcisismo", isto é, a exage- re ao artifício de dar-lhe uma forma Se observarmos um pouco, vere-
na no ato do suicídio, muitas vezes tude iracunda, apenas dissimula- rada admiração por si próprio, simbólica, isto é, um "duplo sentido" mos que o humorismo leva em si o
se mostra, debilitado e disfarçado, da, mas, antes de tudo, uma atitu- explica claramente a atitude irô- e por isso, com frequência, essa gi- mesmo defeito que a ironia, visto
sob a forma do autodesprezo. Dizer: de tânica, ou seja, uma atitude nica: o sujeito autossatisfeito te- nástica mental o leva a ser, erronea- que, se "seu propósito é fazer rir",
"não valho nada", "sou um fracassa- pré-mortal; seu antídoto é a atitu- me, por um lado, ser agredido se mente, considerado como um hom- não é menos certo que somente ri-
continua
Diário da Manhã OPINIÃO GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 15

mos quando, de algum modo, nos or dano; c) temor da sanção moral cos", "étnicos", "profissionais" e "fa- batalha contra os que comprome- za apenas porque outro ser, a
sentimos identificados com alguém ou social, no caso de satisfazer dire- miliares", sem que com isso se pre- tem o poder temporal, do (Papa) re- quem considera inferior, queira
que triunfa sobre algo, que desta tamente o impulso agressivo; d) re- tenda esgotar a lista de suas princi- presentante terreno de sua divina es- igualar-se a ele, e sim porque po-
forma fica em situação inferior em conhecimento implícito de que não pais formas. sência. Mais ainda: Torquemada de consegui-lo. Está disposto a
relação a nós. Por isso, o humorista há "razão suficiente" para justificar julgava merecer tanto mais essa gló- conceder, magnanimamente, be-
arremete contra tudo o que é "sé- a cólera sentida. Os ódios religiosos – Curioso pa- ria, quanto mais imolava, na fo- nefícios aos "pobres" negros, mas
rio", contra tudo quanto representa radoxo este, que as religiões – cuja gueira, velhas delirantes ou donzelas sente-se enfurecido se estes os to-
algo respeitável ou temível, ridicu- principal finalidade é a de unir (li- atraentes e desejadas. "O castigo da mam sem o seu consentimento.
larizando-o até provocar nosso riso “Analisando a ironia, vê- gar) e reunir (religar) os homens, te- carne" equivale, é claro, à agressão Dai, à proporção que os negros
como sinal de libertação e domínio nham sido, em todos os tempos, mo- física destrutiva, e desta forma se deixaram de ser escravos e foram
(agressivo). Quanto maior é a re- se que ela contém um tivo exacerbador de seus ódios! Cada santifica o ódio, dando-lhe uma interferindo na zona de ação re-
pressão de um sentimento (e por- uma delas se proclama a "única ver- aparência de submissão a um ideal servada a seus antigos amos, estes
tanto maior Ira se acumula em fundo sádico e perver- dadeira", considera aos que não co- transcendente. terem ido acumulando ódio, tan-
nosso íntimo), tanto mais fácil é so, que a torna ainda mungam em seu credo (infiéis) co- to mais exacerbado quanto, racio-
"fazer uma piada" no qual aquele mo inimigos e sobre eles descarrega nal e eticamente, menos justifica-
se acha envolvido. Isto foi perfeita- mais desagradável que não só anátemas, como, quando po- “Enquanto o verdadeiro da é a agressão direta.
mente demonstrado por S. Freud de, torturas, balas Ou bombas. E as- Por que o negro odeia o branco?
(em seu livro: O Chiste e sua Rela- a agressão direta, medi- sim que as maiores matanças coleti-
orgulhoso – autossatis- Não tanto pelo fato de havê-lo escra-
ção com o Inconsciente), mas não vas têm sido feitas na História da feito – procura dissimu- vizado durante séculos, como por es-
se precisa das técnicas psicanalíti- ante o insulto ou a Humanidade, invocando a defesa tar convencido de que, íntima e po-
cas para compreender que o humo- crítica franca” (?) dos diversos credos religiosos. lar esse defeito, o so- tencialmente, é, pelo menos, igual a
rista é, no fundo, um iracundo fra- Basta uma lógica elementar para seu atual opressor. Enquanto o ne-
cassado, que não se resigna a selo, e compreender que, se Cristo, Jeová, berbo o cospe sobre gro se considerou realmente inferior
que sobre o fundo de seu medroso A cólera em conserva – Qualquer Buda ou Maomé não existissem, se a seu conquistador, temeu-o, admi-
ceticismo constrói uma aparente- que seja o freio atuante, o certo e po- tornaria menos absurdo matar-se
quem o contempla” rou-o e até o adorou; quando se con-
mente risonha estrutura de epigra- sitivo é que quem odeia sente, de cer- por eles, do que se realmente exis- siderou seu semelhante, começou a
mas, mais ou menos ferinos, de co- to modo, paralisada sua atuação, tem, pois, neste segundo caso, são, Assim vemos converter-se a Cruz odiá-lo, porque ao medo primitiva-
mentários jocosos, com o propósito ou, pelo menos, impedida no senti- por definição, todo-poderosos e não em Espada e pender do cinto dos mente sentido se associou agora a
de provocar elogios, dizendo em do agressivo, pela presença de algo necessitam o sacrifício da vida hu- Papas-Reis, simbolizando a mais cólera que preparara sua rebelião.
forma de troça o que os demais (e que detém e perturba a livre descar- mana, que eles mesmos criaram. A perfeita contradictio in adjectio que Precisamente por esta razão, o
ele mesmo) não se atrevem a afir- ga de sua ira e dá lugar a que esta se luta religiosa é, sem dúvida, tão ab- jamais existiu. A racionalização des- mestiço (mulato) sente ainda mais
mar a sério. concentre em seu íntimo e se "croni- surda como a blasfêmia. Por que, se fato consiste em tornar sinônimos ódio ao branco que seu negro proge-
O humorista não "se mete" com o fique", conforme o afirmamos ante- pois, a exaltam os que se adjudicam o amor ao Bem (Deus) e o ódio ao nitor. A quantidade de ira armaze-
que estima, mas sim com o que riormente. Efeito desta tensão e con- o título de representantes de seus res- Mal (Demônio). Mas, ainda abstra- nada nele duplica-se, por ser dupla-
odeia. Não faz graça pelo que traz flito (entre duas forças equipotentes, pectivos credos? Em todo caso, a indo que este Mal foi engendrado mente "semelhante" e não chegar a
em si de amor, e sim de ira e, no fun- uma excitante e outra inibidora) é (mica luta que poderia ser até certo por aquele Bem (Lusbel foi anjo an- ser idêntico a nenhum dos dois polos
do, de impotência. Por isso, se bem um "aquecimento" progressivo do ponto justificada, sob o aspecto lógi- tes de ser diabo), é evidente que a dos quais emerge e aos quais jamais
que às vezes não o perceba, é uma odiento, que sofre cada vez mais as co, seria a da totalidade dos crentes verdadeira doutrina cristã deve re- poderá retornar. Síntese falhada,
vítima indireta do próprio humoris- conseqüências do seu ódio; este se (de todas as religiões) contra a totali- tribuir o mal com o bem ("Paga o quer dizer, catátese permanente, so-
mo, já que, roído pela Ira, mais de condensa e concentra, comunican- dade dos ateus, infiéis ou céticos. mal com o bem", pregou Jesus Cris- fre em seu próprio íntimo a falta de
uma vez "ri de si mesmo", quer dizer, do-lhe uma rigidez e um aspecto in- Mas nunca se viu tal agrupamento; to), e, portanto, não se justifica de pureza, harmonia e individualidade
despreza-se. confundível quando se acha no as lutas mais terríveis têm-se dado modo algum que se junte em um genotípica. Mas esse sofrimento não
Coisa bem diferente é o verdadei- campo de ação ou em presença de entre as diversas crenças e, inclusive, mesmo objeto um símbolo de amor é estéril, pois, em várias gerações, na
ro "bom humor", isto é, uma atitude seu "objeto", dando-se então o curio- entre os matizes ou derivados de um sublime e um fio de ódio mortal. imensa retorta americana, dará um
otimista e benévola, que leva a so paradoxo de que quanto mais mesmo credo (recorde-se, por exem- Não obstante, a História nos ensi- homem novo, que terá incorporadas
quem a sustenta a ver "o lado alegre" afirma que "não o pode ver", mais o plo, o advento da Reforma luterana na que, tão próximas como o cabo e sementes não só branco-negras co-
das coisas e dos acontecimentos, cri- enfrenta e detesta. na Europa). a ponta da espada, têm estado, sem- mo índias e amarelas: um homem
ando e espargindo em derredor um Desta sorte, o odiento e o odiado A explicação deste paradoxo en- pre, as prédicas e as lutas religiosas. cósmico, que resolverá definitiva-
riso franco, generoso e eufórico. Este ficam presos por uma invisível ca- contra-se na já citada "lei do ódio" A frase "A Deus rogando e com a cla- mente este problema, hoje angusti-
"bom humor" é naturalmente mais deia, seguindo-se como o corpo e a (dado um motivo qualquer de ódio, va dando" ("Pray God and pass the ante, do ódio inter e intra-racial.
próximo tributário da efusão simpá- sombra, mas sem nunca chegar a este aumenta na razão direta da se- ammunition") tem sido exemplifi- Naturalmente, além dos ódios
tica (amorosa) que do encoberto sar- pisar-se. Nada há que prenda tanto melhança ou proximidade essencial cada pelos que mais obrigados esta- baseados em desníveis relativos da
casmo do "engraçado" profissional, como o ódio, e precisamente por isso entre os dois termos protagonistas vam a combatê-la. autoestima coletiva, há outros nos
sempre ressentido, qual o antigo pode-se afirmar, sem medo de errar, do mesmo). Mas isso nos convence, Mas, considerando bem, não há quais o motivo aparente se baseia
"bobo" da corte. que "do ódio nasce o amor, como o mais uma vez, de que a razão (lógi- por que estranhar que o ódio se haja em circunstâncias históricas ou, in-
amor pode transformar-se em ca) nada tem a ver com a origem infiltrado em todas as atitudes reli- clusive, em falsos prejuízos de tipo
A soberba – Não há dúvida que é, ódio". É que, no fundo, o odiento dá dos ódios e menos ainda com seu giosas: não há uma única religião, psicológico. Assim sucede que, den-
também, prima irmã, pelo menos, certo valor ao que odeia, pois, do apaziguamento. Assim, quando. se entre as várias centenas que existem, tro de uma mesma unidade nacio-
do Gigante Rubro. Há quem a con- contrário, não seria possível ter-lhe procura demonstrar a uma criatura com tradição, desprovida de um ou nal (política), surgem atitudes hostis
funda com o "orgulho", porém, na ódio. O ódio só nasce em nós quan- cheia de ódio – com provas eviden- vários crimes em sua origem. E mais: entre grupos regional ou geografica-
realidade, distingue-se dele. E, quase do a Ira não é totalmente descarre- tes – que não tem motivos justifica- todo o conjunto de normas "expiató- mente vizinhos, mas que se creem
se pode dizer, sua "bastarda imita- gada ou satisfeita: e já vimos que a dos para alimentar essa atitude, se rias" que se impõem aos fiéis, é para oriundos de fontes diferentes e, so-
ção exibicionista". De fato, enquanto Ira, por sua vez, só desperta quando consegue apenas que ela a interiori- liquidar o sentimento de culpa do bretudo, orientados para diferentes
o verdadeiro orgulhoso – autossatis- encontramos um obstáculo capaz ze e dissimule, mas não que a evite. chamado "parricídio primitivo", o roteiros ideais. É aí que o Gigante
feito – procura dissimular esse defei- de malograr (ou ameaçar de fracas- Os piores ódios são, precisamente, assassinato ancestral, que com tanto Rubro se serve de qualquer pretexto
to, o soberbo o cospe sobre quem o so) nossa habitual adaptação situa- os "inconfessáveis". Daí as lutas reli- vigor descreve S. Freud em sua obra para nutrir-se, e, quando não pode
contempla: em sua voz grave, em cional. E por isso que o ódio a um giosas se terem desenrolado, geral- Totem e Tabu. escancarar suas fauces diretamente,
seus gestos e ademanes altaneiros, semelhante aumenta precisamente mente, não tanto no terreno da dis- acumula sua raiva rangendo os
em seu porte um tanto provocativo e à medida que este é mais semelhan- cussão teórica (crítica dos credos ou dentes e purificando-a na vesícula
em sua atitude depreciativa, mani- te a nós, isto é, que seus atos sejam dos testemunhos relativos à veraci- “O ódio é a cólera biliar. Tais ódios intranacionais são
festa-se esta constante agressão pré- mais equipotentes ou equivalentes dade das "revelações" e à existência os que se liberam nas chamadas
via ao ambiente. Quando se rende aos nossos. De fato, se fosse muito de seus autores), mas no terreno da em conserva” "guerras civis", que são, exatamente,
homenagem ao soberbo, não nos inferior, não nos poderia molestar, conduta dos fiéis e de suas atitudes as mais incivis (recorde-se, por
agradece a submissão, como faz o se fosse muito superior, ao contrá- ante os problemas humanos. E isso O ódio religioso é tanto mais in- exemplo, a Guerra de Secessão dos
vaidoso, pois aquele está seguro de rio, nos esmagaria. No primeiro ca- se explica porque, neste caso, o que tenso quanto menos livre ou explí- Estados Unidos).
seu valor e de seu poder, enquanto so, qualquer antipatia nos levaria a se odeia não é o falso Deus ou a fal- cito se encontra o potencial agressi-
este, em seu íntimo, sabe que é capaz descarregar livremente a ira sobre sa doutrina, mas o "semelhante" vo que o alimenta. E este é o caso Os ódios políticos – A hostilidade
apenas de representá-lo: ele e afastá-lo de nosso âmbito; no que não compartilha do mesmo cre- mais comum entre a maioria dos entre os chamados "conservadores"
Ora, não é difícil ver que a sober- segundo, o temor e a convicção de do e, portanto, se obstina em ser se- que seguem a via da "renúncia" em e os "liberais", entre "reacionários" e
ba representa o último grau ou fase sua superioridade absoluta nos de- melhante mas não "idêntico". Com vez da do "imperialismo" religioso: "progressistas" ou entre "direitistas"
do processo de "autogratificação" teriam o ódio e o transformariam isso, impede-se a livre prossecução enquanto isso, o missionário, lan- e "esquerdistas" tem existido secu-
que sempre – sempre – se exacerba e em temor admirativo. Daí, por da chamada "paz" religiosa. E jus- çado à conquista de novas ovelhas larmente e teve sangrentas manifes-
destaca como reação secundária a exemplo, o fato de que, a Deus, se tamente a perturba tanto mais para o Senhor, discute e combate, tações coletivas nas principais revo-
uma decepção ou frustração pessoal. pode temer ou amar, mas não é pos- quanto mais "semelhante". E assim viaja e trabalha, mas não odeia. luções e contra-revoluções políticas
Se o soberbo "fala forte" é porque al- sível odiá-lo. E muito menos odiar a que, por exemplo, entre população Em compensação, a aparentemen- da História. Mas, desde o advento
guma vez ficou mudo; e é a cólera uma formiga. Assim pode-se dizer de países que se dizem civilizados, se te humilde e passiva monja de de Carl Marx e o aparecimento de
acumulada naquela ocasião que que muitas vezes usamos os nossos dão com freqüência pendências e clausura, que consome sua existên- sua concepção materialista da His-
agora recheia e incha seus músculos, semelhantes para odiar e censurar lutas sangrentas, por ocasião de fes- cia em constante mortificação, al- tória, todo o cenário das lutas políti-
enrijece seu queixo e ergue sua cabe- neles as nossas fraquezas. tas religiosas, entre moços filiados à berga, em seus planos subconscien- cas se deslocou, e o agrupamento
ça, tornando-o ridículo, às vezes, pe- mesma "fé" mas que comparecem à tes, tremendo potencial de ódio. E a dos bandos foi paulatinamente se
lo excesso de amplitude majestática procissão levando diferentes ima- prova é a frequência com que nela fazendo em função de um conceito
de seus gestos. A soberba é, pois, uma “O humorista não ‘se gens sacras (!). se observa o delírio de perseguição de "classes", observando-se uma
espécie de "espartilho" psíquico; Por outro lado, se o fundamento (que, de acordo com o próprio Pier- tendência à concentração progressi-
dentro dele, na realidade, debate-se mete’ com o que esti- principal das crenças religiosas se re Janet, não é senão um delírio de va dos numerosos matizes políticos,
uma alma insatisfeita, que, à força acha no medo da morte e do sofri- ódio. V. a obra do dito autor, que haviam aparecido depois da re-
de enganar-se, chegou a julgar-se ma, mas sim com o mento (que cria as noções de "imor- L'Amour et la Haine, Ed. Maloine, volução burguesa de 1789. Assim es-
valiosa, mas que se sente vulnerável que odeia” talidade" e de "salvação"), não é me- Paris, 1932, pág. 231: "Le délíre de tavam as coisas, quando a recente
e rodeada de "invejosos", que so- nos certo que uma maioria de credos persécution n'est autre chose guerra mundial veio complicar a si-
mente existem em sua imaginação. religiosos tem imposto a seus fiéis qu'un delire de haine"). tuação política por haver surgido
Foi Alfredo Adler quem melhor res- É pois, lei do ódio a da semelhan- "abstenções" (sexuais, etc.) para me- Os ódios raciais – Até que ponto no palanque, com singular força,
saltou que este processo de super- ça – mais ou menos grande – entre o recer seus céus, e isso os tem colocado pode chegar o ódio, não já inter-ra- uma nova ideologia: a fascista, ba-
compensação do fracasso (o chama- odiento e o odiado. Isso supõe que os em um estado de tensão que os torna cial como intra-racial, na espécie seada na união de um nacionalis-
do "protesto viril") pode chegar, não rivais são, de certo modo, coinciden- agressivos – porque, como disse Plo- humana, nos acaba de mostrar o mo imperialista e chauvinista a um
só à vaidade como à soberba, mas tes, não só em suas intenções como tinus, "o amor insatisfeito se trans- hitlerismo, ao levar até os extremos pseudo-socialismo burguês-estatal,
sempre leva a inconfundível tensão em suas possibilidades. E assim se forma em raiva" – e é assim que o a chamada "teoria de Gunther" re- chamado "corporativista".
afetiva, o mal-estar e a falta de paz explica que os ódios mais profundos primitivo "sentimento" religioso se ferente à superioridade da raça Mas, atualmente, volta a ser claro
que caracterizam a presença subja- surjam precisamente entre os que transmuda em "furor" religioso, com ariana. Mas, sem necessidade de o campo de luta: de um lado, encon-
cente da Ira. pertencem a estreitos círculos hu- sua dupla variante, sádica ou mas- chegar a tal desvario, basta que se tram-se todos os partidos que direta
manos (a própria família, o mesmo oquista. Começam então as auto- passeie por qualquer cidade do Sul ou indiretamente cobiçam o poder
clube, lugar de trabalho, etc.). Mas mutilações e sacrifícios, ou as guer- dos Estados Unidos, para ver a que para defender interesses econômicos
CAPÍTULO VIII esta semelhança e afinidade expli- ras "santas", cujo fim, mais ou me- ponto pode chegar o ódio racial em da classe dominante (capitalismo fi-
ESTUDO ESPECIAL cam, por sua vez, a complicada con- nos subconsciente, é a descarga das um país civilizado. E se não se dese- nanceiro); de outro, acham-se os que
duta e a multiplicidade de manifes- tensões acumuladas pela insatisfa- ja ou não se pode fazer tal experiên- de um modo sincero e verdadeiro in-
DO ÓDIO tações do ódio, que é capaz de infil- ção dos impulsos vitais criadores. cia, leia-se o magnífico livro de Ri- tentam ganhar o poder para proce-
trar-se até nos sentimentos aparen- Quanto pior é a existência terrena, chard Wright (Twelve Million of der a uma revolução social que asse-
Uma vez conhecidas as formas temente mais nobres e elevados. Po- tanto mais se deseja abreviá-la Black Voices, Viking Press, Nova gure uma distribuição mais eqüita-
mais comuns de manifestação da de-se quase dizer que o ódio é a for- ("Morro porque não morro", clama- Iorque, 1941), onde se apreciará em tiva da riqueza. Apesar disso, para
Ira – direta e encobertamente –, con- ma de Ira que mais se mescla e con- va Santa Teresa), mas como, por ou- toda sua pujança como a convivên- muitos observadores superficiais,
vém agora que nos detenhamos a funde com qualquer outro tipo de tro lado, é preciso assegurar-se a cia e a interpenetração cultural de existem ainda demasiados motivos
avaliar o produto resultante de seu atitude afetiva, constituindo verda- existência extraterrena compensa- brancos e negros na terra dos ian- de confusão, pois há quem esteja in-
estancamento. O ódio é a "cólera em deiros coquetéis emocionais, cujo dora, o único meio para isso é mor- ques, longe de diminuírem, aumen- teressado em confundir o dilema po-
conserva", ou seja, uma atitude ira- exemplo principal é o chamado rer por amor ao Deus reverenciado, taram os motivos de ressentimento lítico entre as chamadas "concepções
cunda que se cronifica, estratifica e "ódio dos ciúmes". ou seja, buscar a morte em uma em- e ódio recíprocos. totalitárias" ou "extremistas" (Fas-
adquire especiais peculiaridades, pe- Talvez o melhor modo de pene- presa soi-disant religiosa. E assim se Por que o branco odeia o negro? cismo, Socialismo, Comunismo) e as
la insuficiente descarga de seus im- trar neste desagradável e vasto cam- consuma, inclusive na mais civiliza- Pela mesma razão por que odeia "democráticas", difundindo a crença
pulsos destrutivos. Estes ficam deti- po da psicologia dinâmica seja estu- da das religiões (a Católica, Apostóli- as demais raças humanas, ou se- de que, nas primeiras, o indivíduo
dos e armazenados no odiento, por dar separadamente algumas das si- ca Romana), o grande paradoxo de ja, porque teme que sua maior vi- sucumbe ante o poder onímodo do
diversos motivos: a) impossibilidade tuações "típicas", nas quais o ódio se que um sacerdote possa absolver da talidade primária as leve algum Estado", enquanto nas segundas
material de alcançar o objeto (ou su- condensa e cultiva. Vamos, pois, des- infração do quinto mandamento dia a superar as vantagens que ele conserva seus direitos e liberdades.
jeito) odiado; b) temor de que este, crever e analisar – embora sumaria- ("Não matarás"), e ainda prometer a conseguiu com sua maior astúcia. Não é este o lugar para entrar na cri-
ao ser atacado, reaja infligindo mai- mente – os ódios "religiosos", "políti- glória eterna aos que se lançam à O homem branco não se encoleri- tica desta atitude, mas não há dúvi-
continua
16 GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 OPINIÃO Diário da Manhã

da que toda verdadeira democracia dendo este a importância ante o que existência. O inapto não pode aspi- econômico e político, atiçada pela ciliável pelo prejuízo da obrigató-
(governo do povo, pelo povo e para o pode reinar entre dois banqueiros ou rar nunca a ser como o apto; o máxi- população do lugar, cujos compo- ria subordinação de filhos a pais,
povo, como postulou A. Lincoln) dois professores (quem pode olvidar mo que pode fazer é tentar suplantá- nentes menos destacados encon- de sobrinhos a tios, de irmãos me-
pressupõe uma máquina estatal for- as terríveis polêmicas surgidas entre lo e aparecer como se fosse seu igual. tram nela um meio fácil e cômodo nores a maiores, etc. Há implícita
te, capaz de fazer cumprir as leis, os aparentemente pacíficos astrôno- Ante tal impotência, não lhe resta de satisfazer seus impulsos agressi- em cada família uma luta seme-
não somente aos fracos, ignorantes e mos para decidir sua prioridade no outro caminho senão o da intriga, vos, suas ambições de progresso e lhante à das tribos primitivas: cada
submissos cidadãos ou camponeses descobrimento de um asteroide?) e nem outra atitude senão a do ran- sua tendência à intriga. Quase sem- membro ambiciona o poder ditato-
"desconhecidos", como aos podero- este, por sua vez, empalidece ante o cor. Não é raro então que funcione o pre, os protagonistas da primeira rial do "chefe" e procura conquistá-
sos, audazes e prestigiosos persona- que são capazes de sentir dois políti- processo de "projeção" psíquica, e o cena são pessoas do mesmo sexo, e lo com bajulações, ou, então, trata-
gens, "famosos" no "seleto" círculo cos ou dois jerarcas. E isso pela sim- inapto racionalize seu ódio, afir- não é raro que seu motivo aparente o com desprezo se se crê suficiente-
da chamada "high-life". E isto é o ples razão de que, sendo o ódio um mando que o apto é "vaidoso", que o seja a concorrência sexual. Nestes mente forte para ganhar sua inde-
que, com frequência, chamam "in- estado passional, aumentará na me- "despreza e rebaixa sem motivo", ou, ódios, cada família atua como um pendência: a esta situação se agre-
tervenção totalitária" os que, sob a dida em que deva ser reprimido ou inclusive, que o "persegue, escudan- único indivíduo, enquanto a luta se gam, complicando-a, os motivos
capa de uma democracia (ad usum dissimulado e, é claro, a rivalidade do-se em sua superioridade profissi- estabelece no estreito marco local, sexuais antes mencionados, e, por
delphini) são, na realidade, modelos entre dois carregadores, por exem- onal" (único modo de reconhecer- mas a lei das compensações, mani- outro lado, também em plano rele-
de mentalidade anarquista e solip- plo, pode resolver-se mediante uma lhe esta é o de afirmar simultanea- festada em forma de contraste afeti- vante, os de índole econômica, que
sista. De que serve que nos "deixem" oportuna troca de insultos e socos, mente que abusa dela). vo, determina às vezes o apareci- são aproveitados quase sempre no
teoricamente fazer quanto nos dê mas, em compensação, a pugna en- mento de um belo romance de "jogo político" do chefe da família,
vontade, se carecemos dos meios pa- tre dois estudiosos rivais requer, pa- amor, quase sempre tragicamente como meio de assegurar seu poder:
ra "poder" fazê-lo? Qual seria o efei- ra manifestar-se, a elaboração de te- “O ódio político é extre- terminado (como o dos amantes de daí a tradicional aversão que os
to de um decreto autorizando os ha- orias e hipóteses contraditórias, de Teruel) entre jovens descendentes patriarcas sentem em introduzir
bitantes de um país a repartir entre longas horas de trabalho experi- mamente devastador das famílias contendoras que, ao em seu pequeno reino o regime de-
si o território da estrela alfa do Cen- mental e de elucubrações teóricas, porque pode invocar, extraviarem-se da tônica ambien- mocrático baseado na possibilida-
tauro? Aproximadamente o mesmo sem que, ao fim de contas, a "vitória tal, intentam proclamar o triunfo de de uma existência autônoma de
que o de muitos dos artigos constitu- científica" assim obtida se traduza para satisfazer-se, a ca- de Eros sobre Tanos, mas pagam cada um de seus membros.
cionais das chamadas "democracias em uma definitiva anulação do com a vida tal audácia. Um caso particularmente interes-
liberais". prestígio (nem muito menos da con- da momento, o ‘sagra- A condensação do "rancor local" sante e sui generis de ódio familiar tí-
A realidade é outra: a luta política corrência e oposição) do adversário. se explica pela limitação de suas pico é a antinomia entre os denomi-
atingiu, hoje, a máxima violência e No campo profissional, conden- do prestígio da Pátria’” possibilidades de derivação, pelo nados "pais e filhos políticos", de cu-
extensão. O século XX marca o ad- sam-se além disso três distintos mo- primitivismo mental de seus mante- jas múltiplas variantes elegeremos,
vento do Homo Politicus sive Uni- tivos de ódios: o de ricos contra po- Em tais condições, cada adversá- nedores e, sobretudo, pela quase nu- para análise, a do ódio entre sogra e
versalis e canaliza grandes torrentes bres, o de velhos contra jovens, o de rio acumula motivos de cólera e vai la renovação do plasma germinal, já nora, por ser o mais claro e de mais
de ódio para os dois grandes setores aptos contra inaptos. Prescindire- utilizando armas menos recomen- que se sucedem as gerações sem con- transcendentais efeitos na vida de to-
humanos: o que se "sente oprimido" mos de analisar os dois primeiros, dáveis em sua luta, cada vez mais tribuição constitucional nova, pois, do novo lar.
e o que "deseja continuar oprimido". por serem de ordem geral, e nos li- rancorosa e hipócrita. Ao mesmo como é sabido, existe em tais lugares
Esta é a verdadeira atitude que per- mitaremos a considerar o último, tempo, sente necessidade de encon- o costume de concertar os matrimô- Sogras versus noras – Alguém
mite traçar a linha divisória, ainda por sua especificidade e sua impor- trar partidários de sua atitude e lo- nios entre consanguíneos mais ou já disse que "a sogra é o mais efi-
em ausência de critérios econômicos tância na determinação das condu- go ingressa em algum grupo ou so- menos próximos. Basta abrir novas caz dissolvente dos matrimônios",
e nominais: há membros de partidos tas no mundo do trabalho. ciedade de caráter profissional ou rotas, físicas ou psíquicas, à ativida- e, sem dúvida, é certo nos casos
comunistas que têm "mentalidade técnico (científico, artístico, indus- de popular, para que se mobilize o em que a sogra é viúva, o marido
opressora", e há adeptos de partidos trial, etc.), de onde, – como capitão pantanoso potencial passional e de- é filho único e os três convivem na
conservadores que, inversamente, “E assim se explica que ou como soldado, conforme suas sapareçam estes ódios interfamilia- mesma casa. Em tal situação, a
têm "mentalidade oprimida". Aque- os ódios mais profun- condições – continuará atuando res, muito mais frequentes entre os disputa entre a mãe e a esposa,
les buscam subconscientemente o contra os "companheiros" filiados povos da montanha que os do litoral pela posse do carinho, está no co-
poder político-social como substitu- dos surjam precisamen- ao bando contrário. Assim, em ca- (pela amplitude infinita da paisa- meço perdida para a primeira,
to do poder econômico de que care- da localidade se constituem em for- gem nestes últimos). Outro motivo que vê seu lar invadido por uma
cem. Estes querem a "ordem", qual- te entre os que perten- ma de pequenos exércitos profissio- para explicar a condensação do ódio "intrusa" que lhe rouba seu único
quer que seja, como meio de achar nais, umas vezes agrupados sob nos terrenos montanhosos nos dá a bem e à qual, para maior sarcas-
uma tranqüilidade existencial que cem a estreitos círculos uma comum e inoperante bandei- tendência ao predomínio das for- mo, se vê obrigada a tratar como
não conseguem alcançar com todas humanos (a própria fa- ra social e, as mais das vezes, divi- mas leptossomo-atléticas dos seus a filha. A impossibilidade de sa-
as suas riquezas. E por isso, a cada didos em dois ou mais setores cla- moradores; o temperamento esqui- tisfazer seu ódio mediante uma
passo, se produzem "expurgos" em mília, o mesmo clube, ramente antagônicos. Até que pon- zoide que com elas coincide predis- vingança, desperta na pobre sogra
um e outro bando contendente; por- to o ódio profissional conduz a bai- põe ao absolutismo conceitual (veja- a atitude de ressentimento e, por
que não basta a aquisição de um lugar de trabalho, etc.)” xezas de todo gênero, pode compro- se na Espanha o caso geral dos na- outro lado, a estreiteza das pare-
carnet para adquirir uma "postura vá-lo quem, com ânimo imparcial, varros) e torna mais difícil toda con- des da casa a impossibilita de re-
mental" coerente e consequente com O ódio do apto contra o inapto assista, por exemplo, aos preparati- ciliação entre os bandos em luta. fugiar-se no desprezo. Assim, o
a visão do mundo e a missão no profissional se apoia, como se adivi- vos para a confecção de uma can- (Sobre este ponto que está ligado ao ódio se estratifica e começa geral-
mundo que o dito carnet implica. nha, em motivos diferentes do seu didatura de Junta Diretiva Profissi- problema psiquiátrico, é interessan- mente a estabelecer seu único de-
Mas, seja lá como for, também recíproco, e manifesta-se também de onal, às deliberações para a conces- te o estudo de Robin sobre Les Hai- rivativo possível: a critica da nova
neste campo da política belicosa se um modo distinto. A priori – dir-se-á são de um prêmio (artístico ou ci- nes Familiales.) organização doméstica, exercida
cumpre a famosa "lei do ódio": este – o profissional apto não deveria entífico) ou a uma "tertúlia" de de forma aparentemente inofensi-
aumenta na razão direta da se- sentir ódio ao inapto e sim compai- profissionais. Sem dúvida, encon- va para ser permitida pelo marido
melhança dos termos em que sur- xão; isto seria certo se a atual orga- tramos aqui um dos maiores obstá- “O inapto não pode as- e filho; quer dizer, apresando-se a
ge. E assim vemos que o ódio exis- nização social permitisse que a hie- culos e, por sua vez, um dos melho- mãe, solicita, em sanar e em repa-
tente entre os partidários de Ma- rarquia profissional se ajustasse es- res incentivos para o progresso do pirar nunca a ser como rar as omissões da esposa na satis-
lenkov e os de Beria, ou entre os tritamente ao valor da aptidão para trabalho técnico. O obstáculo vem fação dos gostos deste. Um pouco
adeptos de Beven e os de Attlee, é o trabalho, mas, infelizmente, o representado pelo fato de que qua-
o apto; o máximo que mais tarde, adotando aparente-
maior que entre qualquer deles e inapto ocupa freqüentemente cargos se sempre este não se realiza como pode fazer é tentar su- mente a racionalização de que
os membros dos demais partidos profissionais superiores aos do com- fim, mas como meio de obter satis- "não quer ser um estorvo" e que
nacionais. petente, e, em tal caso, surge a vulne- fação pessoal, derrotando os parti- plantá-lo e aparecer co- "deve ajudar no trabalho da ca-
Esta circunstância é a que explica ração do "eu" deste último, condição dários da outra "escola"; o incenti- sa", a sogra rivalizará com a nora
a facilidade com que, nas votações inicial de sua cólera e da condensa- vo, achamo-lo na severa crítica a mo se fosse seu igual” e medirá suas forças em outros as-
parlamentares, se unem os votos dos ção de seu ódio. que todo trabalho deste gênero se pectos do ménage, até conseguir
partidos mais distanciados ideologi- vê submetido pelos profissionais ri- Os ódios intrafamiliares – Sua que o filho admita implicitamen-
camente, para enfrentar as teses dos vais do autor; assim, perpetuamen- existência nos revela quanto é erra- te a superioridade da mãe, por
partidos do centro. Assim, é frequen- “A luta religiosa é, sem te, destacam-se no palanque da di- do e artificial o conceito que a mo- sua maior "experiência" em tais
te criar um confusionismo e fazer alética cultural diversas teses e an- ral tradicional quer impor acerca misteres. Uns meses depois, dis-
crer aos eleitores ingênuos que "os dúvida, tão absurda títeses, sem que seja possível chegar da denominada "célula social". De farçadamente, os dardos se dirigi-
extremos se tocam", quando na rea- facilmente às correspondentes sín- fato, basta considerar que as esta- rão diretamente à própria perso-
lidade o que fazem é, simplesmente, como a blasfêmia” teses, pela má vontade subconsci- tísticas dos crimes de morte intra- nalidade da nora, a seus vestidos
tocarem-se episodicamente, em sua ente dos que a sustentam. Basta, de familiares são tão elevadas como e enfeites, à distribuição de seu
comum e raivosa oposição aos cen- Como é possível tal irregulari- fato, que surja um espírito concili- as dos homicídios interfamiliares tempo, etc. Mas a ofensiva se de-
tros intermediários. dade? Por várias causas que vale a ador e eclético que procure realizar para compreender a violência e a sencadeará em todo o seu esplen-
O ódio político é extremamente pena enumerar: 1ª) porque a colo- tal síntese para que, longe de aju- frequência deste tipo de ódio. Sua dor na gravidez e no parto; em
devastador porque pode invocar, cação no trabalho não se dá de dá-lo em sua empresa, caiam sobre compreensão requer o conheci- tais condições, o rancor da sogra
para satisfazer-se, a cada momento, acordo com os méritos de cada ele os partidários de todas as teori- mento psicanalítico da denomina- alcança, às vezes, um maquiave-
o "sagrado prestígio da Pátria". As- qual e sim de acordo com influên- as que intenta integrar acusando-o da "constelação" familiar. Esta nos lismo refinado: ao ascender à ca-
sim, basta acusar o vizinho odiado cias (políticas ou sociais), com sim- de oportunista, de mole ou – o que esclarece, em primeiro lugar, a si- tegoria de avó, a sogra se sente re-
de ser "traidor da Pátria" para que patias pessoais, com a sorte ou o é pior – de traidor. tuação afetiva típica entre pais e fi- forçada em sua posição e lança
sobre ele caiam os anátemas dos que azar (vale mais chegar a tempo No campo das reivindicações lhos (Complexos de Édipo e de mão do neto como arma para ter-
(e são, ainda, a maioria) são incapa- que esperar um ano) do colocado; sociais, o ódio profissional é a cau- Electra), resumida no ódio ao pro- minar seu trabalho de reconquis-
zes de dar a essa palavra um valor 2ª) porque, na maioria dos casos, sa principal das dificuldades com genitor do mesmo sexo pela rivali- ta do filho.
variável, em função do marco em não se faz uma comprovação séria que na prática tropeça a célebre dade no monopólio da posse do se- As derrotas e as vitórias desta
que é empregada. Tão intensa é a do rendimento de cada trabalha- doutrina de Marx, que postula a xo contrário; em segundo lugar, ex- luta, surda umas vezes e escanda-
carga virulenta dos ódios políticos, dor em seu posto, com o fim de ve- união de todos os trabalhadores. E plica-nos também os ódios frater- losa outras, constituem para seu
que hoje vemos usar, a seu serviço, rificar se o mesmo ocupa o lugar no campo político, esse mesmo nais (regidos pelo denominado inocente causador outros tantos
pelos Poderes Públicos encarregados que lhe corresponde ("The right ódio explica o fracasso antecipado "Complexo de Caim"). Mas a pato- motivos – se mais não os tivesse –
de garantir a Justiça em países civili- man in the right place"); 3ª) por- dos denominados "Ministérios genia de tais situações de rancor para cansar-se do cenário da mes-
zados, instrumentos repressores "es- que a rivalidade existente entre os Técnicos". Se é condição quase in- não se esgota, a nosso juízo, com a ma e procurar fora dele a paz que
peciais" (Gestapo, G.P.U., O.V.R.A., profissionais competentes determi- dispensável para dirigir um Minis- interpretação freudiana, e é muito lhe haviam prometido. Não se jul-
S.I.M., Brigada Especial, F.B.I.), que na que estes, em certas ocasiões, tério da Marinha não ser mari- mais complexa. Sua raiz mais im- gue, entretanto, que a nora de-
com frequência excedem em seus prefiram elevar aos cargos de dire- nheiro, para ser ministro da Saúde portante, a encontramos no terrível sempenha um papel de vítima in-
meios de agressão física e mental a ção pessoas inaptas, para assim não ser médico, para ocupar a ca- a priori da estrutura familiar que defesa e que é alheia à precipita-
tudo quanto é utilizado pelos ele- evitar que se engrandeça seu deira ministerial da Educação não determina de antemão a "obriga- ção do desenlace; com sua condu-
mentos antissociais mais perigosos. "igual" e, por outro lado, poder-se ser professor, etc., isso se deve não ção" de estimar (como se fosse pos- ta queixosa e intransigente, com
E isso é tanto mais paradoxal dar, continuamente, a satisfação tanto aos defeitos da organização sível impor sentimento de qualquer seus choros e reproches, coloca o
quanto se deve levar em conta que a de sentir-se intimamente superior política do país, como à violência gênero) a seres cuja única coinci- marido no dilema de ser um mau
atividade política – por definição e a seus dirigentes, mas estes, uma do ódio profissional que só tolera o dência é a de encontrar-se em uma filho ou um mau esposo, dilema
por tradição – deveria ser modelo de vez exaltados com sua cumplicida- engrandecimento daquele a quem mesma árvore genealógica. Nin- que este costuma resolver sendo
tato, de generosa compreensão e de de, não se mostram propensos a ser pode constantemente ridicularizar guém pode "escolher" seus irmãos, ambas as coisas ao mesmo tempo.
respeito ao ser humano. Mas a expli- simples marionettes, e, ao procu- por sua inferioridade técnica. seus pais, seus primos ou sobri- Bem se pode afirmar que esta si-
cação baseia-se na violência da ten- rar impor seu critério, suscitam nhos, mas estes lhes são dados ao tuação conduz, inúmeras vezes, a
dência iracunda que se alberga no duplamente o ódio dos aptos, pos- Os ódios familiares – É um fato nascer; durante toda a vida a orga- reações passionais patológicas, es-
Homem, desde sua mais remota an- to que estes hão de reconhecer que inegável que o ódio surge, com fre- nização social impõe que os trate pecialmente por parte de suas du-
cestralidade e que o leva a desejar o tiveram em suas mãos a possibili- quência, não só entre uns e outros com afeto e, não raras vezes, com as protagonistas femininas, que
poder (Will zur Macht) não para dade de evitar tal situação. (Tal é o troncos familiares, como entre os subordinação hierárquica, ainda inventam toda sorte de ideias de
servir, mas para servir-se. mecanismo pelo qual muitos inte- membros de um mesmo ramo fami- quando intelectualmente seja su- prejuízo, de perseguição, hipocon-
lectuais que criticam acerbamente liar. Quer dizer, existem ódios inter perior a eles. Maior coação não se dríacas, de autorreferência, de-
Os ódios profissionais – Triste os representantes do governo, se e intrafamiliares. Os primeiros sur- pode imaginar e por isso se com- pressivas, etc., e passam a engros-
destino o da Humanidade: a força negam a substituí-los quando são gem, sobretudo, quando, por moti- preende que, sob a ficção que tal sar o contingente de clientes am-
de seu egoísmo é tal, que não só "o chamados a fazê-lo.) vos de vizinhança, é forçada uma organização impõe, se encubram bulatórios dos clínicos ou, o que é
ódio cresce na razão inversa do qua- Quanto ao ódio do inapto ao relação entre grupos familiares rancores e ressentimentos sem con- pior, de adeptos das mil e uma
drado das distâncias", como glosa competente é, logo se vê, mais pro- equipotentes em sua ação social e ri- ta. Por outro lado, toda família seitas e organizações pseudo-reli-
em seu L'ile des Pingouins o irônico fundo e intenso, pois é motivado não vais em suas pretensões de domínio tende a funcionar em regime mo- giosas que lhes prometem e asse-
Anatole France, como aumenta tanto pela consideração da melhor patriarcal e econômico em um cam- nárquico absolutista: há um "cabe- guram uma solução "mágica" pa-
também na "razão direta do qua- posição, do maior prestígio, etc., que po de ação limitado. A ofensa que ça" da família que rege seus desti- ra seus sofrimentos.
drado da hierarquia social" dos que este possa ter, como pelo fato irreme- desencadeia a manifestação inicial nos e, atrás dele, em disposição ver- O ódio, homônimo, de sogros e
o albergam. Não há dúvida: o ódio diável de sua superioridade técnica, do ódio não é causa, mas pretexto tical, se estratificam as hierarquias, genros é, em geral, menos pronunci-
profissional entre dois garis é menor superioridade ligada a condições es- para sua eclosão; e, uma vez inicia- sem se levarem em conta os valores ado e tem menos complexidade ex-
que o que se pode desenvolver entre senciais de seu psiquismo e, portan- da, a pugna se estabelece, apoian- psíquicos dos que as ostentam: daí, pressiva, pois costuma descarregar-
dois alfaiates ou comerciantes, per- to, consubstancial de sua própria do-se principalmente nos terrenos a divergência de opiniões, irrecon- se com maior rapidez.
continua
Diário da Manhã OPINIÃO GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 17

O que move o Mundo,


move-me. Eu sou vo-
cê, você é eu. Eu e você
O gelo no gelo, o gelo
subido gelo e descido
gelo em toda parte, co-
somos todos em cada mo se viesse buscar gelo
pessoa, que é também o e trazer gelo, qual escul-
Universo inteiro, se man- tor construindo no gelo
termos Deus dentro de figuras de gelo erectas
nós. Não é fácil. Leio dia- no bibau. Àquelas altu-
riamente o Evangelho de ras, o sentimento pedia-
Cristo, impresso e manti- nos para ir embora, mas
do sob o vidro desta me- o pensamento do pre-
sa em que estou escre- conceito retinha-nos na
vendo. E toda vez que dúvida de que a nature-
leio as Palavras da Salva- za não faria uma coisa
ção, rezo, aflito, horas se- dessas, até que ecoa de
guidas, faço meu confite- Sade uma nevada de de-
or Dei. Pois me sinto finições:
imerecedor da Verdade “Quem sabe se não te-
Integral em várias pará- remos de ultrapassar
bolas. Então escolho muito a natureza para
uma que me considere perceber o que ela nos
pecador ao descumpri- quer dizer?... As paixões
la, decoro-a e, sempre humanas não passam
que surge o imprevisto dos meios que a natureza
de um fato em que a ati- utiliza para atingir os
tude a ser tomada está seus fins... Antes de ser
predita no ensinamento um homem da socieda-
dela, antes de tomar a de, sou-o da natureza... A
decisão, fico ouvindo o primeira lei que a natu-
interlocutor falar ou ob- reza me impõe é gozar à
servando o episódio à custa seja de quem for.”)
minha frente e, só assim O gelo aumentando o
e depois de meditar bas- tamanho da coisa.
tante, me posiciono, às Vamos embora daqui?
vezes aparentemente no Sade já nos viu da janela.
reflexo rápido, porém O Marquês não custa
sempre assumo somente pensar que tem entre nós
após escutar o que ouço alguém com tendência de
da voz do coração. seu transtorno de condu-
Nessa questão de ser ta bi-viril e convidar-nos.
coerente aos meus prin- Foi o que pensei.
cípios éticos, faço uma Pitágoras, o matemáti-
exceção em concordar co filósofo, ia passando,
com o Marquês de Sade voltou apenas a cabeça
e com um dos seus pen- para nós, e ironizou:
samentos: – Não faz junto com os
“Mate-me novamente outros, nem sozinho, o
ou aceite-me como eu que te dá vergonha. E,
sou, por que não muda- Kajuru sobretudo, respeita a ti
rei.” mesmo.
Creio que o Alcides Ro- Vamos embora, sim.
drigues e o seu alter ego mos estar lá a instantes, De repente, veio da ba- bre o Cisne. Transpareceu no cons-
Jorcelino Braga não nega- mas já é noite e teremos canal a voz do Marquês: Sade foi uma guerrilha trangido dos rostos.
riam a si a bondade, que de vasculhar a vida no- “Tudo é bom quando é nas ideias libertinas e Foi o que notei.
certamente se esconde turna da Cidade Luz. Ve- excessivo.” uma revolução no pen- Por certo e sem ne-
em seu interior pessoal, jam: o Marquês está nu- Não por coincidência samento libertário. Na nhuma dúvida, Pitágo-
dos gestos à mostra no ma daquelas suas noita- que a sua devassidão se- panfletagem Franceses, ras, o monumento da
exterior dos atos do go- das imorais, fazendo su- duziu e incestou até o mais um esforço se qui- sabedoria, introjetava-se
verno estadual. E leram, ruba sexual num cabaré vernáculo com o adjeti- seres ser republicanos, no escondido do interior
releram e estudaram-se, refinado. vo sadismo. Apesar de provocou o cinismo mo- humano e captou um
psicologicamente, ao lon- inconveniências lenocí- ral dos pervertidos do muxoxo num dos sem-
go das 224 páginas de “Braga é alma nos nias, o Marquês era um conhecimento: blantes ali e, já à porta,
Quatro Gigantes da Al- números das cifras. intelectual brilhante e, “Nunca devemos ad- olhou-nos com uma dis-
ma, e compreenderam mesmo preso várias ve- mitir como causa daqui- crição de tal modo que
que sentimentos podem Não soma poema nos zes por Napoleão Bona- lo que não compreende- não transparecesse a
fazer-nos instrumentos sentimentos” parte, escreveu na Pri- mos ao que ainda enten- quem se dirigia. E, judi-
da Ira e do Ódio no sub- são de Bastilha. Drama- demos menos.” cioso:
consciente. Nesse aspecto, Simone turgo, filósofo, em seu li- Paris é uma Festa, co- – Purifique o teu co-
Por isso, Alcides e Bra- de Beauvoir definiu em É vro 120 Dias de Sodoma mo a define a obra de ração para permitires
ga, vou descê-los comigo Preciso Queimar Sade? e foi um dos primeiros a Ernest Hemingway. Na- que o amor entre nele,
para as entranhas dos concluiu pela homosse- ver com visão à frente de quela noite então, o ca- pois até o mel mais doce
conceitos de vida de Do- xualidade do surubeiro, seu tempo a respeito da lor carnal no rendez- azeda num recipiente
natien Alphonse François no mínimo com tendên- liberação no futuro do vous de Sartre ecoava-se sujo. Antes de fazeres
de Sade. cia enrustida para a pe- homossexualismo. buscando, nus, pudores alguma coisa, pensa.
Sócrates tocou o dedo derastia, coincidindo Mas foi, também, um lá fora, onde o frio do Quando achardes que
da sabedoria nessa dúvi- com o diagnóstico de Sig- libertário no panfleto inferno enrijecia a oito pode fazê-la, pensa nova-
da a respeito de que as mund Freud. Franceses, mais um es- graus abaixo de zero. As mente. Acostuma-te a
pessoas são o que estão Fiquemos à porta, ad- forço se quiseres ser re- árvores negras e despi- uma vida decente e pura,
em sua integridade na mirando a Torre Eiffel. publicanos. das de folhas pareciam sem luxúria. Não é livre
personalidade: Ainda bem que o Jorceli- espectros desgarrancha- quem não obteve o do-
“A maneira de se con- no é adulto, o Alcides, re- “Nos dias correntes, dos da noite branca no mínio sobre si. Entre ou-
seguir boa reputação re- catado. Sabem que não vida pública é o poder chão, branca no ar, tros, escolha como ami-
side no esforço em ser iriam se influenciar pelo com bons ganhos do branca nos céus, branca go o mais virtuoso. A vida
aquilo que se deseja pa- meio decadente na luxú- nas carruagens, e negra é como uma sala de es-
recer.” ria e da beberagem em corporativismo de no sadismo das almas se petáculos: entra-se, vê-se
Vamos fazer o seu es- público. Os gritos de Sade homem público” escurecendo nos perdi- e vai-se. No estado da
forço, Alcides e Braga. nas entregas aos prazeres dos da luz interior, ne- dúvida, suspende o juízo.
Prontos para irmos às libidinosos eram aqueles Erótico, pornográfico, gra no sombrio dos co- Não faça de teu corpo a
profundezas de Sade? gemidos do estado de êx- sacrílego, ultrajou o Vati- rações se apagando na tumba de tua alma.
Transporemos, pois, tase. Ali, àquelas orgias, é cano ao se referir às or- descrença do amor pu- Já tínhamos visto as
agora. onde a corte francesa ti- gias do papa Pio VI no ro- ro, negra na certeza de ideias sádicas do Mar-
Estamos indo na nave- rava a roupa e os nobres mance Juliete, com as que em toda corte o bri- quês de Sade. Era o im-
Pensamento a Paris, de 2 posudos nas autoridades palavras do pontífice de- lho é refletido pelo fogo portante. Bastava. Foi o
de junho de 1740 a 2 de mostravam-se vulgares formadas no panfleto A do poder escurecido na que concluí.
dezembro de 1814. Va- na intimidade. Dissertação do Papa so- corrupção. O importante era estar

continua
18 GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 OPINIÃO Diário da Manhã

consciente da existência inauguradas. Daí em di-


do sentimento do sadis- ante é que as obras públi-
mo, que pode se transfor- cas crescem no que se es-
mar em masoquismo no força o belo na vida até
prazer de sofrer, da ira no encher o espaço da pos-
prazer do ódio, da vingan- teridade na Terra.
ça no prazer da vindita. – Mas, onde?! – Espan-
Foi a conclusão a que ta-se o cético.
cheguei a respeito da – No coração! – O cora-
compreensão de quem ção é do tamanho de
aprende com a leitura de uma abóbora butiá, ri a
Quatro Gigantes da Alma, cabeça medida ao estô-
que dois desses gigantes mago.
são monstros no senti- – Da abóboda cósmi-
mento da Ira e do Ódio. E, ca. Dentro dele cabe o
sobretudo, que têm o pra- amor que enche a vida,
zer de disfarçar, inclusive, como naquela Cruz es-
nos gigantes do Amor e do tá a história da huma-
Dever, em fantasmas que nidade.
adquirem a forma de to- – E onde posso ver essa
dos os nossos medos em obra encantada na mes-
vultos da nossa coragem. Jorcelino Braga e Hamilton Carneiro ma obra? – Indaga o ag-
E regressamos como se nóstico.
voassem cada qual em – Com os olhos na ótica
sua própria nave-Pensa- do materialismo, não ve-
mento, mas, interessan- rá. Enxergará na pers-
te, como se todas esti- pectiva da antevisão. As
vessem dentro de uma épocas futuras é que ve-
espaçonave flutuando em e nos mostram.
com as três dentro, de tal – Como?! – Perplexo, in-
forma que o Alcides, o quire, curioso, o ateísta.
Braga e eu seguíamos a – As pessoas pequenas
rota, cada um de nós nas veem pequeno as coisas
suas ideias. As minhas, grandes. Os grandiosos
no consciente, levavam- percebem o grande no
me ao subconsciente de- pequeno. Napoleão Bo-
les às suas nos atos do naparte reuniu seu Exér-
governo do Estado. cito no momento em que
O sadismo é o desejo conquistou o Egito dian-
no prazer de ser mau aos te de Quéops e procla-
outros. mou: “Soldados da Fran-
A ideia-fixa de perse- ça!!! Do alto dessas pirâ-
guição psicossomatiza mides, quarenta séculos
mania ao pensamento do vos contemplam!”
perigo inexistente.
A compulsão de pro- “Marconi Perillo não con-
mover a moralização segue entender o Mun-
com austeridade baru-
lhenta não caracteriza o
do sem Deus. Há portas
propósito da honestidade abertas em suas mãos
e evidencia hipocrisia estendidas ao próximo“
vaidosa do moralista.
Os que só veem defei- Goiás ainda é um Estado
tos nos outros projetam que a gente sabe da vida
os de si e ao longo da His- de todo mundo. Dá-se pa-
tória estão banidos todos ra ver em várias obras ofi-
eles do panteon dos he- ciais as fortunas particula-
róis imortalizados. Como res de diversos políticos.
definiu Chico Xavier no – Está julgando-os cor-
Doutrina VIVA, psicogra- ruptos? – Assanha-se, cré-
fado pelo médium Carlos dulo agora ao visível nos
Baccelli, “o mal trabalha escândalos, o cepticista,
contra si mesmo”. inconformado.
Os que se arvoram de – Estou reconhecendo-
guardiães dos pilares da os inteligentes. Traba-
sociedade em suas prega- lham na pobreza para os
ções nos templos, nas pobres e, em poucos
torres do poder, nas enti- Alberto Pereira Nunes Filho, que foi proprietário da Planalto Máquinas Agrícolas anos, adquirem riquezas
dades representativas das das misérias das classes
comunidades são prove- sociais empobrecidas
dores do cinismo em su- no olhar, como se onde Machado de Assis em poemas para a sua espo- que os próprios pobres
as pregações da perfeição no lugar fosse o Universo português. Pena. Se o sa quando esteve preso não conseguem ajuntar
que, na Terra, não há nin- ampliado nele. governador conhecesse pelo Estado Novo no Rio serviçando a vida inteira.
guém morando no Céu. pelo menos o conto de Janeiro. Os tempos mudam
Platão reconheceu que “(Iris) Construiu. Cons- Causa secreta, ficaria Braga é alma nos nú- também a face dos valores
“Quem critica a injustiça, truiu. Construiu. Cons- atento aos suplícios do meros das cifras. na sociedade. Nas épocas
o faz não porque teme político com a interpre- Não soma poema nos idas, vida pública era sinô-
ações injustas, mas por- truiu. Só não construiu- tação comparada na fic- sentimentos. nimo de prostituição com
que teme sofrê-las.” se na modernidade ção de Machado a uma Aterrissamos como que endereço fixo e adjutório
Os governantes que das ideias” do Sade, onde as condi- se vindo de um sono para remunerado à mulher pú-
praticam a descaridade ções essenciais para a o corpo. E despertou-me blica. Atualizou-se. Nos di-
discriminativa na avalia- – No que está pensan- eclosão de uma misteri- o que não acorda no Alci- as correntes, vida pública
ção das pessoas, como do? osa forma de prazer que des e no Braga. O que es- é o poder com bons ga-
boas ou ruins, pelo seu – Que Pedro Ludovico costuma estar associada tão sofrendo não é uma nhos do corporativismo
grau material de riqueza lia Gustave Flaubert em à figura do sádico. Talvez rejeição política. É exe- de homem público.
ou de pobreza, incor- francês. Leu Paixão e Vir- a origem da rejeição po- cração popular. Mas não falemos do
rem-se na solidariedade tude, Alcides? lítica é, em verdade, uma torpe. Falemos do nobre.
impiedosa. Abraham
Lincoln cravou a verdade
de que toda pessoa é a
– Não tive o prazer ain- execração popular.
da!... Braga fazia anotações
É livro de bolso. Fácil de numa caderneta.
E XISTEM apenas duas
espécies de categorias
em todas as obras físicas
Há em todo fogo a labare-
da que queima às cinzas e
a chama que irradia a luz.
sua natureza: “Não aju- carregar. É só esvaziar o – É um poema? dos governos. As que o Separemos, pois, os vaga-
darás os pobres, por des- bolso daquelas outras Não distingue conto de progresso come nos tijo- lumes das estrelas no bri-
truíres os ricos.” coisas. poema. los com a boca dos tem- lhar das obras do Estado
O voo consentia-nos o E meu silêncio pen- Antônio Ramos Caia- pos e as que a História dos 14 últimos governa-
panorama do Universo sou-me: “Ele não leu do, o Totó, escrevia belos passa a construí-las após dores eleitos de Goiás.

continua
Diário da Manhã OPINIÃO GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 19

Pedro Ludo- mutirão como modelo na


vico Teixeira administração pública.
– Fez a epo- Construiu o Centro de
peia no tijo- Cultura e Convenções de
lo de Goiâ- Goiânia.
nia. Abriu, invisível, na Construiu o prédio do
nova capital de Goiás, o Poder Judiciário.
caminho que veio trazer Construiu a maior lide-
o Brasil para o Planalto rança popular da história
Central em Brasília. política de Goiás.
Esta cidade pode cres- Construiu. Construiu.
cer até se emparedar nos Construiu. Construiu. Só
horizontes, que terá o ta- não construiu-se na mo-
manho do passo de Pe- dernidade das ideias.
dro, tão imensado, quan-
to ele haver descido para Henr ique
onde o chão é santo sem Antônio
se sujar na posse do pó Santillo –
das terras do continente Um gênio
humano que construiu político. Um
no povo goiano. Hyrandir Cabral de Melo Harley Inácio dos Santos idealista convicto. Uma
cultura intelectual à anos-
Je r ô n i m o luz à frente de tantos.
Coimbra Salvou Goiás do aci-
Bueno – dente do césio 137.
Substituiu Salvou a saúde pública
Atílio Correa no Estado com a constru-
Lima na administração ção do Hugo.
de Goiânia. Salvou a mocidade ao
Rompeu com o PSD de criar a Uniana, que foi
Pedro Ludovico. Eleito plantio da ideia da UEG.
governador, financiou Salvou os romeiros da
dois mil tourinhos zebus escuridão na peregrina-
(nelore, gir, índio do Bra- ção de Goiânia a Trinda-
sil, guzerá, todos PO) pa- de, ao criar a pista para
ra os pecuaristas e deu-se os pedestres, iluminá-la
um salto de qualidade no e autorizar ao Omar
rebanho goiano. Criou o Souto a fazer as Estações
Dergo e ganhou o apelido da Via-Sacra com áreas
de Buenos Aires, porque de descanso ao longo da
vivia dentro do avião que, rodovia.
às vezes, o enchia de se- Santillo foi um sábio
mentes de jabuticaba e as que não deixou a idade
jogava nos voos rasantes matar a criança que mor-
sobre as matas beira-rios reu brincando nas ideias
nos sertões e foi alcunha- que irão nascendo-o nas
do de o Biruta da UDN. Girassol (Flor do Sol) gerações seguintes.
Louco é o idealista.
Coimbra fez a campanha Maguito Vi-
Brasília no Planalto, que em ciência e tecnologia nomeado no período ca em que o Chile ado- lela - É de
propagou nacionalmen- administrativa em Goiás. mais fechado da ditadura tou a lavoura da fruticul- uma bonda-
te a ideia da mudança Criou a Metago, a Sanea- militar, no tempo Médici, tura que recuperou a sua de pessoal
preconizada por Dom go, a Caixego, o Crisa, a mas de seu governo, mais economia. que o estor-
Pedro II. Iquego e o Combinado que seu colosso de obras Criou a Escola de For- na na política. A sua fide-
Agro-Urbano de Arraias. físicas, um monumento à mação de Líderes Hugo lidade a companheiro
José Ludovi- Mauro é honesto no liberdade de imprensa. de Carvalho Ramos vi- tem sido a cortina espes-
co de Almei- bolso. sando promover o co- sa para a sua luz própria
da – Cons- Irapuan nhecimento dos que rasgar o espaço acima do
truiu a usina Otávio Lage Costa Júnior têm vocação para con- foco que o empana à
do Rochedo de Siqueira – Moderni- duzir o povo. sombra dele.
e a Hidrelétrica de Ca- – Instituiu o zou o trans- Criou o Programa Ali- Sofre calado a imagem
choeira, criou a Celg e programa porte coleti- mentos da Solidariedade, pública de haver vendido
trouxe a luz da moderni- que finan- vo urbano ao criar a Tran- com sede social para aten- a Usina de Cachoeira
dade para a escuridão ciou a longo prazo e a surb e investiu no poten- der à população carente. Dourada, quando o en-
das lamparinas. Levou a prestações módicas 300 cial do empresariado goi- Criou o ProJovem co- tão presidente Fernando
paz aos conflitos de terras tratores (Fiat) para os fa- ano ao criar o BDGO. mo um centro de forma- Henrique Cardoso exigiu
em Trombas e Formoso à zendeiros, sem discrimi- Fundou o Daia e eletrifi- ção profissional de ado- a venda da Saneago, da
guia das ideias de Alfredo nação partidária. Arran- cou o Vale do Araguaia. lescentes para o mercado própria Celg, da Iquego,
Nasser e inaugurou as li- cou a agropecuária goia- O paradigma que o dis- de trabalho. da Metago, do BEG, sob
berdades públicas nas na dos cavucados da en- tingue é o cultivo da lite- Criou o Centro de Cul- pena de corte total dos
épocas batidas pelo ja- xada, dos roçados da foi- ratura onde governador é tura e Convenções de recursos federais para
guncismo político. ce, das roças-de-toco do a cultura fundiária. Lê de- Goiânia. Goiás em represália.
Juca viverá enquanto machado e abriu as fron- mais. Estuda muito. As- E criou todo o clima Sofreu pressões para se
houver na memória das teiras que trouxeram o sumiu o romantismo no de liberdade de impren- candidatar à reeleição e
almas a bênção aos que agronegócio. Otávio este- materialismo. sa em seu governo que recusou por ser contra
governaram com a bon- ve onde o Estado está tornou possível surgir o reeleição para prefeito,
dade sacra que os digni- acabando de chegar ao Ary Ribeiro Diário da Manhã e tra- governador e presidente
ficou, íntegros, no poder. crescimento econômico Valadão – É zer para Goiás os 12 da República.
da industrialização. um capítulo maiores jornalistas bra- Sofreu imposição do
à parte nos sileiros na época. próprio partido para ven-
José Felicia- Leonino di mistérios do der a Usina de Cachoeira
no Ferreira Ramos Caia- universo humano. Nada Iris Rezende Dourada, porque o PM-
– Entrou do – Criou e o fascina, como o conví- Machado – DB contava certo que a
para a His- construiu o vio com pessoas inteli- Há uma má- vitória do seu candidato
tória como Estádio Ser- gentes. quina fun- já estava servida na ban-
suplente de senador do ra Dourada, o Autódromo Muito criativo. cionando deja antes da festa das ur-
ex-presidente Juscelino Internacional de Goiânia. Criou o Projeto Rio For- nele. nas eleitorais.
Kubitschek de Oliveira. Instituiu o Goiasrural moso, um projeto de la- Nele, obras são mania. Trouxe a Perdigão para
com uma frota de 500 tra- voura irrigada de moder- Nele, trabalhar é festa. Jataí.
Mauro Bor- tores agrícolas (Fiat) com nidade tão avançada que Nele, eleitor é rabicho. Trouxe a Mitsubishi pa-
ges Teixeira – todos os implementos, e técnicos da Rússia vieram Nele, o carisma é místi- ra Catalão.
O Plano MB revolucionou a produção copiá-lo e o implantaram co. Trouxe para a realidade
fez a marca de alimentos a extensão em seu país. Nele, o livro é o amigo o Polo Farmoquímico do
de o primei- das pastagens. Criou o Projeto Alto que não teve. Daia.
ro governo organizado Leonino, governador Paraíso, na mesma épo- Construiu a adoção do Trouxe para o poder o

continua
20 GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 OPINIÃO Diário da Manhã

melhor traço de uma vida irismo e secadas no alci- Vésperas do Dia de Fi-
humana. O de o poder dismo...; nados. Imagine-se Pedro
não subir à cabeça e Dois poemas de Totó Caiado e se diluviarem um ar- Ludovico e Totó Caiado
manter o coração onde rastão conjuntado das sentados em duas nu-
se alcança Deus. sobras mais nefastas do vens, revendo velhas ce-
E teve os dias mais feli- udenismo boiando no Al- nas do caudilhismo mú-
zes da vida no coração: cides e dos restos mais tuo de suas prisões e, de
quando criou o Programa poluídos do pessedismo repente, abre-se o cenário
da Solidariedade Huma- ancorados no Iris...; do enterro, ao vivo, sepul-
na, distribuindo diaria- e se a enchente da con- tando suas lembranças,
mente 150.000 litros de fluência das duas verten- mortas, no esquife con-
leite, 150.000 pães e 130 tes for empoçada na vi- duzindo nas urnas eleito-
mil cestas básicas com 25 tória represada no estuá- rais. Nas alças do caixão,
quilos de alimentos men- rio de um governo unifi- de um lado, o Iris levando
salmente durante os seus cado no estilado do iris- o pessedismo na da dian-
quatro anos no Palácio mo e no modelado do al- teira e o Mauro Miranda
das Esmeraldas. cidismo...; na da traseira, e, do outro
Aqui, eu garanto: o Ma- e se (partícula apassiva- lado, o Alcides levando o
guito vai ler chorando. dora se) não se recanaliza- udenismo na de trás e o
Conheço o sangue que rem para as fontes da men- Braga na da frente, saindo
corre no seu coração. É o Senador Antônio Ramos Caiado talidade para desaguar no do velório que, em verda-
mesmo que move o meu. oceanado das ideias da mo- de, é o sepultamento elei-
dernidade, estarão singran- toral dos próprios nas
Marconi Pe- do com o barco lotado para próximas eleições.
rillo – É o Iris o porto na foz da prisão an- Lá de cima, Pedro e To-
rural novo tes do meio do mandato. tó se olham ao verem o
no urbano. Alcides Ro- governador bobo da UDN. A percepção universal “Descansem em Paz” na
Sua marca é drigues – É O governo de Alcides descortinou em Platão que fita da coroa de flores
a raiva da traição sofrida um erro de Rodrigues no governo de “O que faz andar o barco mortuária. As nuvens re-
que faz ventania momen- cálculo nos Jorcelino Braga é o ines- não é a vela enfunada, viram-se em trovoadas.
tânea nos nervos e não so- números perado do fracasso no mas o vento que não se O pessedista Pedro Aran-
pra a calmaria no coração. dos valores da espécie sucesso esperado. O vê”. A intuição fazendeira tes, ao ler a manchete “O
Há um choro de mãe nos humana. Soma os favores imprevisto é o tempo não divisa que o governo homem voltou e deu à
sentimentos. Existe uma recebidos e diminui a dos idiotas. simboliza o barco e os ven- luz” no semanário O Mo-
saudade amiga à espera consideração. Multiplica Alcides tem suas razões tos configuram as ideias. mento, mandou os ca-
nos gestos. Tem a solidari- traição na lealdade e divi- de não perceber o Mar- O encalhe está antevis- pangas Borrellí, Nenen
edade solidária, a bonda- de na delação e na ingra- coni. Aquele que está to nesse amasiamento do Calango, Sarapião e No-
de boa, a humildade hu- tidão. É a aritmética da longínquo no dilatado irismo PeSseDistado e o vais fazerem a notícia do
milde, a sinceridade since- parte da matemática em dos crepúsculos se apa- alcidismo UDeNistado assassinato do udeno-
ra. E o silêncio da palavra que investiga as proprie- gando não consegue en- adesismo ao concubina- jornalista Haroldo Gurgel
que não deve ser dita. dades elementares dos xergar, à distância, esse to em que a aliança parti- na Praça do Bandeirante,
Veio do futuro na ETI. números inteiros e racio- que está acendendo as dária quebrou em duas e detonaram tempesta-
Foi ao futuro no Centro nais e é matemática ciên- manhãs nascendo a to- partes remendadas e co- des entre si. A metralha-
Cultural Oscar Niemeyer. cia que investiga relações cha nos luzidios da es- locadas em dedos que dora do udenista Wilmar
Voltou ao futuro e bus- entre entidades definidas perança. não servem nelas, porque Guimarães e o revólver
cou o Centro de Reabili- abstrata e logicamente, (O néscio é feliz se a inchados nos gatilhos du- do pessedista Raul Prate-
tação Henrique Santillo mas que, na tabela das inteligência espertalhona elados nos tempos do ja- ado enfumaçaram as du-
(Crer). operações elementares é desprovida totalmente guncismo político e da as nuvens com tempora-
Não saiu mais do futu- com números de um ou de conhecimento. O Jor- quartelada do golpismo. is de rajadas de raios.
ro ao criar a Universida- dois algarismos, a tabua- celino Braga chega a criar Pitágoras transcendeu- Nisso, os quatro matado-
de Estadual de Goiás da dá o algarismo zero no crise até entre as pala- se para descoberta de res de Gurgel deram
(UEG). número dimensional nas vras, de os substantivos que “O Universo é a har- umas salvas de relâmpa-
O futuro veio nele nas contas do que não houve. irem aos tapas com os monia dos contrários”. gos com a chegada de
70 mil bolsas universitá- O governador Alcides adjetivos nos períodos de A irracionalidade dos Antônio Carneiro Vaz.
rias que geraram as se- Rodrigues só pode ter seu achismo opinativo fanáticos é a desarmonia Mas foram contidos por
mentes espalhadas pe- vindo pela política sal- contrário em questões já da incultura das emoções Hélio de Britto acenan-
los ventos do conheci- tando por cima e por fora definidas pelos filósofos. do sentimento na lógica do-lhes o “lenço branco
mento germinando can- dos livros. Se o cérebro do Alcides do pensamento. Pesse- da UDN” e Padre Trinda-
teiros de faculdades nos Não inaugurou o Cen- não fosse na cabeça do dista é a aptidão gover- de vestindo a sua batina
leitos da incultura em tro de Cultura Oscar Nie- Braga, o governador não nista. Udenista é a voca- do PSD para rezar a mis-
todo o Estado. meyer. Porque não o fez. teria ouvido tanto o ex- ção oposicionista. Aquele sa de corpo-presente do
O futuro bebeu nele o so- Inaugurou a represa do Sefaz e secretário ple- não dá certo na oposição cortejo de Iris e Alcides já
nho dos goianos na barra- João Leite. Porque o cór- nipotenciário por adoção e esse não dá certo no go- chegando ao seu póstu-
gem do Córrego João Leite. rego é que fez as águas como tutor de todo o verno. Os dois não fun- mo eleitoral. Quem ficou
O futuro está aí buscan- do lago. governo. Porque teria cionam juntos na mesma rolando o tambor de seis
do nele o fim do ódio no Fez o que pôde durante escutado Platão: direção. Tentar mantê-los coriscos Smith&Wesson,
governo e trazendo a paz os quatro anos de seu “O sábio fala porque unidos é como prender 44, nos olhos foi o Emival
para o funcionalismo pú- mandato para asfixiar fi- tem alguma coisa a dizer, as duas pontas de uma Caiado: queria porque
blico, a tranquilidade para nanceiramente o Diário o tolo porque tem que corda uma na outra e queria que o mano Eden-
o empresariado, o reata- da Manhã. dizer alguma coisa.A coisa querer mantê-la no círcu- val Caiado disparasse um
mento do diálogo com a Fez o que foi feito com mais indispensável a um lo em linha reta. pensamento fulminante
intelectualidade, o conví- a Rádio K até conseguir homem é reconhecer o Há feridas abertas nos para o filho têmpera-
vio respeitoso com a liber- sufocá-la com juros a 8% uso que deve fazer do seu ancestrais que não se ci- udeno Ronaldo Caiado
dade de imprensa, a certe- ao mês da Factore Klock próprio conhecimento. O catrizam nos descen- dar uns tabefes de raios
za de que Goiás voltará a Investimentos, do Jorceli- corpo humano é a carru- dentes. Os corpos dos no Sérgio Caiado ao ver o
crescer nos próximos qua- no Braga. agem; eu, o homem que a pais doem nas almas filho, não um Caiado,
tro anos e a fraternidade A álgebra, reunião, re- conduz; os pensamentos, dos filhos. Assiste-se, as- mas um Caído, enluaran-
de um parente de todo integração daquilo que as rédeas, e os sentimen- sim, o tragicômico do do o psd-ludo Iris.
mundo no governador. se quebrou, é também tos são os cavalos.”) sorriso de caveiras engo- Pedro Ludovico olha
Marconi Perillo é um restauração de ossos fra- E Pitágoras concorda: lindo a seco as próprias para Totó Caiado. Totó
bom. Há uma reza an- turados, deu este último “Os homens são mise- mordidas recíprocas do Caiado olha para Pedro
dando em sua alma. resultado. Na Sefaz, o ráveis, porque não sa- caiadismo e do ludovi- Ludovico. E ribombou
Marconi Perillo não con- Braga calculou errado. O bem ver e nem entender quismo nesse arranjado um trovão. Pelo visto, Tia-
segue entender o Mundo jornalista Batista Custó- os bens que estão ao seu barganhado de Iris e Al- go Peixoto escutou um
sem Deus. Há portas aber- dio não é Jorge Kajuru. O alcance”. cides à frente do que cla- brado, a duas vozes, ra-
tas em suas mãos estendi- Jorge tem mais talento na ma por respeito históri- lhando na trovoada:
das ao próximo.
Marconi Perillo é o meu
voto. Não no compadre
inteligência e mais volu-
me na popularidade. O
Batista tem mais livros no
( Teoria do Absurdo na
Hipótese do Ocasional
na Fatalidade da Utopia
co aos céus dos homens
que perderam a vergo-
nha da coerência e in-
“Que pouca vergo-
nha!!!”
E choveram votos no
padrinho do João do So- cérebro e mais prestígio Impossibilitada – Se as sultam os princípios dos Marconi Perillo.
nho, o outro candidato o na História das lutas. ondas montantes da po- líderes que sofreram e Iris pôs a culpa no Alci-
compadre padrinho do O Jerônimo Coimbra pularidade de Lula trans- morreram sem se deson- des e Alcides pôs a culpa
Fábio Nasser. Bueno foi o governador bordarem um maremoto rarem nos benefícios da no Iris.
Voto no melhor para louco da UDN. nesses cerrados goianos adesão traidora às suas Era tarde. Era o enxurro
Goiás. O Alcides Rodrigues é o de águas minguantes no convicções partidárias. da derrota.)

continua
Diário da Manhã OPINIÃO GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 21

DE PERNAS PRO AR
Na edição de 17 de
agosto último, o Diário
da Manhã trouxe meu
artigo De pernas pro ar,
de quatro páginas, ana-
lisando a posição em
que se encontra o go-
verno de Alcides Rodri-
gues governado pelo
Jorcelino Braga.
Reproduzo aqui o tre-
cho em que revelo a
proposta indecente que
me fora feita e refeita,
na biblioteca de minha
casa, como proposta fi-
nanceira para o amor-
daçamento do Diário
da Manhã do noticiário
e foto de Marconi Peril-
lo e Iris Rezende na atu-
Dionízio Neves, diretor comercial do DM
al campanha eleitoral,
e, sobretudo, com au-
mento de espaço para o
governador Alcides Ro-
drigues e nenhuma li-
nha de matéria contra
Jorcelino Braga.
A seguir, inteiro teor
da tentativa de censura
chantagiosa desavergo-
nhada e que os gover-
nos da ditadura militar
tiveram vergonha de
me fazer: Imara Custódio Júlio Nasser Célio Campos

O Alcides Rodrigues enterrou-se


eleitoralmente em vários cemité-
rios com as duas cruzes mal lavradas
ciano, pois, do contrário, o jornal não
teria sido submetido, desde o início
do governo, à tranca das verbas de
PROPOSTA II
Uma semana depois, o secretário da
Fazenda telefonou perguntando-me se
mercial recebeu dois telefonemas do
secretário para comparecer em seu ga-
binete e, em seguida, suspendeu am-
na marcenaria da ignorância e na propaganda, racionadas o suficiente já havia pensado. Respondi que não. bos os chamados.
carpintaria do néscio com as ferra- para não ser caracterizada com o cor- Ele voltou à minha casa e repetiu a Ofendeu-me a sensação de que o
mentas cegas no corte em política. te total. Porém, os indícios ficaram oferta. Informei-o de que ainda não ha- governo duvida da minha honra-
Voaram rasteiros à tona do medíocre, bastantes evidenciados de que a pre- via pensado. E novamente não me de- dez como pessoa e como jornalista
como aquelas aves que sujaram as tensão de um deslumbrado misturou monstrei insultado. de lutas.
asas na borra do petróleo vazado no a figura de marqueteiro com a de Mais que ofendeu, doeu-me o fa-
Golfo do México, todas de voo curto, pensador na intenção velada de levar PROPOSTA III to de o ordenança do Jorcelino Bra-
nenhuma águia ou condor. o Diário da Manhã à falência e mon- Na semana seguinte, o secretário ga ser o meu amigo de velhas datas,
Alcides Rodrigues caiu como um tar um jornal. reincidiu-se no intento indecoroso. Eu Célio Campos.
pato, bloqueado pelo vendaval das Sempre contemporizei com a certe- já não conseguia conter-me ante o des- E não senti raiva, tive dó dele. A
emoções do romantismo na alma e za no desiderato de que só o verdadei- respeito acintoso. Mas compreendi que deslealdade é a perdição moral irre-
esmagado pelo rolo compressor da re- ro prevalece. Por isso, ao perceber que o mensageiro estava constrangido com corrível da pessoa. O traidor termi-
alidade do governo derramando-lhe haviam notado que a pressão finan- a pressão do seu sucessor no cargo. In- na sempre executado na forca da
escaldantes receios das intempéries ceira era em vão, e partiram para a formei-o que já havia pensado e que história, permanece insolúvel na
ao aberto do materialismo. agressão policial, é que resolvi escre- ele podia vir. Telefonei para o diretor própria consciência entre os rejei-
As dúvidas fantasmagorificaram-se ver SAGASONHO. No livro conhece- comercial e de Marketing do jornal, tos dos ingratos renegados na me-
em sua insegurança íntima espectros rão a minha história e verão a biogra- Dionízio Neves; para os meus filhos Jú- mória da civilização, mas fica ex-
alucinantes de traições. E ele traiu Mar- fia de muitos. lio Nasser e Imara Custódio, e convo- posto permanente como delator no
coni Perillo e negou a tantos amigos da Nem as armas da época do jaguncis- quei-os para virem, urgente, estar co- fedor dos tempos.
vida inteira em troca de amizades que mo político e do período da ditadura migo. Quando o secretário chegou, en- Meu convívio com o Jorcelino Bra-
lhe empoleiraram nas estações do po- militar duvidaram da tradição de mi- controu-nos reunidos na biblioteca. O ga é de curta distância no tempo,
der, quais aves de migração que, quan- nha postura democrática. Mas no últi- sucessor do Braga ratificou a proposta mas ele sempre tratou-me com cor-
do o tempo melhora, elas vêm e, quan- mo ano do governo de Alcides, as ten- na frente de todos. dialidade na vivência pessoal e foi re-
do piora, elas se vão. tativas de amordaçar-me desavergo- tribuído pelo meu tratamento res-
Nada fica encoberto do sujo no nharam-se despudoradas. Na abertura CONTRAPROPOSTA ÚNICA peitoso. Mas o poder infunde às au-
limpo dos tempos. A política do go- deste ano desmunhecaram-se nas ves- Cuidei para que o ambiente tivesse toridades seduções da vaidade supe-
verno para a imprensa certamente tes da decência. um clima lhano. E cientifiquei ao se- riores à fraqueza das pessoas e sub-
que foi recolhida nos entulhos das O preposto do ex-secretário no cargo cretário da Fazenda a minha decisão. condicionaram o psicológico do Bra-
mentalidades déspotas. Os dias, não de secretário da Fazenda esteve em mi- O governo de Alcides não precisava ga com a verdade enganosa de que
muito distantes, virão mostrar a ca- nha residência, numa semana de ju- se preocupar em programar propa- foi ele quem elegeu o Alcides Rodri-
fua dos títeres no mandato de Alci- nho, e propôs-me o que jamais pensei ganda no Diário da Manhã. O relaci- gues a governador de Goiás. Não foi.
des. Suas intenções amistosas com a ouvir de um membro do governo. onamento seria estritamente empre- Foram os votos do Marconi Perillo.
minha pessoa não estiveram nos sarial e tratado diretamente com o Todavia, iludiu-se que seria capaz de
propósitos das hostilizações dos PROPOSTA I diretor comercial, apesar de enten- eleger o Vanderlan Cardoso. E preci-
atos em seu governo com o jorna- Ofereceu-me uma verba de R$ der que a providência deveria partir sa se conscientizar que o seu marke-
lista e o Diário da Manhã. Todavia, 350.000,00 mensais até o final do gover- não do secretário da Fazenda, e, sim, ting acabou derrotando-o. Braga não
Alcides não verá minhas mãos nos no e condicionada a não sair uma linha do titular da Agecom. Ato contínuo, percebeu, sequer, que foi um erro
braços que se levantarão das vindi- sequer contra o Jorcelino Braga, au- proibi a Imara e o Júlio de manterem embalar a impopularidade do gover-
tas na devolução do ódio quando mentar o espaço para o Alcides Rodri- contatos comerciais com o governo nador no prestígio do presidente. O
descer pela última vez as escadarias gues e reduzir as matérias para o Mar- do Estado. O secretário, refém das efeito da junção da imagem de Alci-
do Palácio das Esmeraldas. coni Perillo e para o Iris Rezende. ordens e decisões do seu antecessor, des com Lula foi um dos fatores pre-
Certamente que desconhecem a Não me permiti transparecer ofendi- concordou e prontificou em dirigir- ponderantes. O Iris Rezende, um
minha história no jornalismo resis- do com o insulto. Desconversei e res- se somente ao Dionízio. conservador, submisso empacotado
tente às garras do autoritarismo pala- pondi que ia pensar. Na semana posterior, o diretor Co- na vanguarda do PT.

continua
22 GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 OPINIÃO Diário da Manhã

O BEIJO DA OUTRA VIDA verdade, porque o meu padrinho é um


Welliton Carlos homem que não mente.
Marly é a presença mais intensa nas
DA EDITORIA DE CIDADES
manifestações que o Batista recebe do
O relacionamento entre os espíritos e as mundo espiritual:
pessoas está se intensificando a cada ano. – Recordo-me de uma palestra do mé-
Um dos contatos mais intensos, em Goiás, dium Carlos Baccelli: “Os Espíritos é que
tem sido as mensagens psicografadas pela escolhem quando se manifestar.” Mas o
médium Mary Alves de Fábio Nasser para Batista tem uma força espiritual grandio-
o pai, Batista Custódio, publicadas pelo sa, pois ele fala com o Fábio Nasser a hora
Diário da Manhã, embora haja muitas que quer. Na noite do beijo do Fábio, ele
outras com a recomendação de não serem me acordou cedo e me contou, tão emo-
divulgadas, pois são orientações reservadas cionado, que me arrepiei. O Batista havia
de Fábio de como o Batista deve se condu- falado nele o tempo todo durante a sema-
zir em certos episódios. na anterior e que estava pedindo ao Fábio
Em uma das últimas mensagens, o filho para confirmar o que ele tinha certeza,
Marly Vieira Verônica Custódio mas queria a confirmação do filho. Teve.
mandou uma informando ao pai que to-
dos os dias, à meia-noite, vem visitá-lo. Em Vale a pena ler a íntegra da mensagem.
mensagens contidas na matéria Presença Ela transmite, no texto do jornalista Fábio
forte na hora das decisões, de Ton Alves, Nasser, a temperatura das pressões que o
consta esse trecho de uma delas: editor-geral do Diário da Manhã está so-
“Pontualmente à meia-noite eu o visi- frendo do governo estadual. Mas a mensa-
to. Estar ao seu lado é minha maior ale- gem do filho confirma, sobretudo, que o
gria. Depois sigo para meu trabalho com pai não se desviará do seu roteiro ético no
os nossos jovens sem manhã.” jornalismo.
Desde então o jornalista Batista Custó- – Minhas palavras são a voz do meu
dio passou a pedir nas orações que o espíri- coração. Verão com clareza que não torço
to de Fábio Nasser lhe fizesse uma manifes- a linha que Deus pôs no meu caráter
tação física. Após mais de dez dias, uma quando lerem SAGASONHO. Muitos ami-
noite ele dormia, e ao virar-se na cama pa- gos que saem fora e muitos parentes é por
ra o lado direito sentiu um beijo muito for- que não se enquadram ao fio do meu des-
te no pescoço, e despertou-se como num es- tino, por isso, às vezes, nos trombamos.
tado de letargia, confuso se dormia ou se Fábio Nasser Sabrina Ritiely Arthur da Paz Batista Custódio não é propriamente
estava acordado: jornalista, mas é o verdadeiro jornalismo
– Eu senti o toque do beijo. Senti o peso na vocação consagrada aos princípios éti-
do Fábio. Senti o Fábio. Tive certeza de que cos e na doação ao idealismo como dou-
era o Fábio. Mas passei a rezar para que o trina de sua vida. Ele vive cercado de gen-
meu filho confirmasse em uma mensagem te e é como se habitasse distante das frie-
se havia sido ele. Fiquei muito emociona- zas do cinismo social. E onde Batista mo-
do. Comuniquei aos de casa o fenômeno. E ra? É aqui:
continuei repetindo o pedido nas orações. – As vilezas mais sórdidas não estão
Há três domingos, a família reuniu-se na entre as perversidades cometidas pelos
cozinha para fazer o Culto no Lar. Sentei- bandidos nos assassinatos cruéis. Os cri-
me e fiquei enviando nas orações em pen- mes mais vilões são os praticados contra
samento o pedido. E me desculpei. Temi os postulados da vida e por aqueles que
que o meu silêncio pudesse ser confundido têm o dever de honrá-los. Os autores des-
pela Marly, a Verônica e o Arthur como in- ses são os marginais que deviam estar nas
diferença, e revelei a eles o pedido que es- Café da manhã na casa do jornalista. Welliton prisões no lugar dos que são condenados
tava reiterando ao espírito do Fábio. Carlos, Antônio Olegário , Marly Vieira, Carlos pela imoralidade de leis que sentenciam
O jornalista Batista Custódio tem ra- as condenações dos humildes e as impu-
Mary Alves Baccelli, Sabrina Ritiely e Batista Custódio nidades dos poderosos. Os magistrados
zões para estar apreensivo com o seu posi-
cionamento nessas eleições e passou a soli- que, se fazem justiça, condenar-se-iam
citar, também, ao espírito do filho a mani- em suas sentenças. Os líderes políticos que
festação se ele está no caminho certo na duo desafinado com a inteligência. Mi- que o compreendam. O que posso argu- A Verônica Custódio confirma que o pronunciam as palavras da austeridade
atual campanha eleitoral, pois, em certas nhas preocupações não dizem respeito a mentar a seu favor é que daqui deste lado Batista realmente informara que havia re- com a consciência cheia das vozes da cor-
ocasiões, sentia um dilema: uma voz no enfrentar o próximo governo, mas origi- da vida saem jornalistas preparados para cebido um beijo do Fábio: rupção. Os chefes religiosos que profa-
coração dizia para continuar firme, em nam-se em não me desviar do rumo certo, escrever seus papéis na Terra... Alguns são – Levantei-me cedo e fui ver meu pai nam, com a devassidão nas hipocrisias da
meio a uma sensação no sentimento se que estou historicamente acostumado a vitoriosos, outros retornam com mais fra- no quarto. E ele me contou que havia re- fé mercadejada nos tempos, as Palavras
não estaria expondo parentes ou amigos ser o que se tem de ser no enfrentamento cassos. O que o jornalista digno deve pri- cebido um beijo do meu irmão. da Salvação do Evangelho de Jesus Cristo.
em risco. O motivo das preocupações do do que se tiver que enfrentar. mar é pela ética e por honradez de princí- O Arthur Magno afirma que era clara a Os jornalistas empregados no governo a
jornalista não decorre tão-somente das A médium Mary Alves está em repouso, pios. Peço-lhe continuar ético e honrado.” emoção e sensação de que algo diferente te- serviço de trabalharem contra a liberdade
pressões que o Diário da Manhã vem so- em virtude de uma cirurgia, e não tem par- Batista sempre lutou com muitas in- ria ocorrido naquela noite: de imprensa e militantes na censura eco-
frendo do atual governo estadual, mas, ticipado de reuniões da Espiritualidade, compreensões de vários parentes por não – O Batista revelou-me que havia rece- nômica das verbas de propaganda, usa-
principalmente, devido a uma pequena das não pelo critério de divulgar as boas
nem mesmo em sua residência, às quartas- acreditarem na veracidade das mensagens bido a manifestação física do espírito do
frase de uma mensagem recebida do espí- obras, mas, sim, pela avaliação escusa de
feiras, quando habitualmente o espírito do enviadas da Espiritualidade ou por rodeá- Fábio, como adiantara, através de um
rito de Alfredo Nasser, publicada na época não se publicar os desmandos oficiais.
Fábio vem lhe ditar mais um capítulo do lo com discussões despropositadas, ao pon- beijo dele no pescoço, tão real, que sentiu
pelo Diário da Manhã: Quando entrevistei o médium Carlos
livro Passeando no Quintal de Deus. to de o jornalista Jávier Godinho, kardecis- o peso dele.
“É, companheiro, a hora chegou.” Baccelli em sua recente estada em Goiâ-
Na manhã da última quinta-feira, ta praticante e também de seu convívio du- Sabrina Ritiely, editora de Opinião do nia, surpreendeu-me as revelações feitas
Acompanhada por uma do Fábio, pos-
Mary telefonou para o jornalista muito im- radouro, alertá-lo recentemente: DM, confessa ter ficado impressionada por ele a respeito da alta consideração
teriormente, com o seguinte aviso:
pressionada: “Batista, você é um Sol cercado de pla- com o fenômeno, embora todos na casa já que Chico Xavier devotava ao jornalista
“Pai, o senhor entrou numa imersão
sem volta, porém, o resultado mudará os – Batista, a noite passada, eu não esta- netas doentes.” se acostumaram a presenciar contatos da Batista Custódio. O autor de Doutrina
paradigmas da ética.” va passando bem, amolecida à cama. De Em suas orações diárias e durante horas Espiritualidade com o Batista: VIVA, livro ditado pelo médium de Ube-
O clima do governo de Alcides Rodri- repente, o espírito do Fábio Nasser. Ele es- seguidas, o editor-geral do Diário da Ma- – Meu padrinho Batista realmente raba, visitou o jornalista em sua casa e
gues tem sido de hostilidade ao Diário da tava com um ar de muito preocupado, nhã pede ao filho desencarnado para aju- conversou comigo que não teria como não revelou para os presentes que Chico con-
Manhã, principalmente do ex-secretário nunca o vira assim. E logo foi me avisan- dá-lo a fazer com que essas pessoas ama- cumprir a missão do jornalismo. E com- siderava o Batista “honesto e abençoado.
da Fazenda e atualmente no comando to- do: “Hoje eu não vim ditar o livro. Preciso das deixem de prejudicá-lo com o seu estilo preendi que missão é essa após o médium Confiava no seu trabalho como jornalis-
tal do marketing da campanha eleitoral de mandar uma mensagem para o meu de vida com a interferência do modo deles, Carlos Baccelli, autor psicógrafo do livro ta, pois dizia que ele não mudava o sen-
Iris Rezende: pai.” E a ditou incontinente. Já a enviei pois entende que todo mundo é maravi- Doutrina VIVA, ditado pelo espírito de tido das palavras”.
– O governo do Alcides tentou asfixiar para você. lhoso, desde que uns não interfiram em ou- Chico Xavier, ter falado para mim, quan- Não muda mesmo. Escreve o que sente e
financeiramente o Diário da Manhã. O A mensagem responde a todos os pedi- tros. E Fábio Nasser alerta para as dificul- do esteve recentemente em Goiânia: “O pensa. Faz jus à manifestação física do bei-
governo do Iris fechou o Diário da Manhã. dos enviados na oração pelo pai ao espírito dades da convivência e esclarece: Chico repetia-me que o Batista Custódio é jo que o pai recebeu do espírito do filho e
Agora os dois se uniram. Ambos, juntos, do filho. Todas: “Por isso temos, ao nosso lado, os fami- um jornalista honesto e cumpre uma mis- que, nesta mensagem, Fábio Nasser adian-
no poder do governo, com a mesma men- “Peço-lhe continuar ético e honrado.” liares problemáticos, mas também aque- são na imprensa nesta parte do Planeta.” ta ao Batista Custódio:
talidade arroceirada sobre a imprensa li- “Sei que o senhor questiona sobre a sua les que nos ajudam a continuar. E o gran- Eu já sentia muito orgulho do meu padri- “O senhor sentirá mais a minha pre-
vre, enquanto entopem do dinheiro públi- maneira atual de ver o jornalismo e a difícil de mistério é saber conviver com as dife- nho e no dia que ele me contou que havia sença, como conseguiu sentir o 'meu bei-
co publicações. Não dá para confiar nesse tarefa de colocá-lo em prática e fazer com renças.” recebido um beijo do Fábio senti que era jo'. Amo-te, meu pai, meu amigo.”

A CARTA
Meu pai,Deus nos abençoe. nam com mais fracassos.
Responder ao seu coração é um fator de alegria, pois o As notícias também repercutem entre nós, filtradas, mas
que nos mantém unidos é o laço sacrossanto do amor. repercutem.
Sei de suas dúvidas e de suas ponderações, entretanto, O que um jornalista digno deve primar é pela ética e pe-
vejo-me dividido entre dois pontos cruciais: aquele que gos- la honradez de princípios.
taria de falar com ampla liberdade e aquele que precisa Peço-lhe continuar ético e honrado.
ponderar o que responde. Não se sinta frustrado por não dar ouvidos ao "canto
E é esse o maior dilema do jornalista no Além: submeter das sereias".Ilusão é ilusão e é passageira.
sua opinião à sua própria consciência. Prefira sempre ficar com a "paz do dever cumprido".
O senhor me comunica que às vezes se surpreende por Estamos ao seu lado sempre.
pensar que talvez o correto seria não ser tão ético e venho O senhor recuperará o bom ânimo de sempre.
defender, meu pai, a sua lenta agonia em primar por sua Em tempo oportuno,compreenderá.
consciência acima de qualquer fato. Vovó Romana e Bina estão sempre ao seu lado.
Estar interessado em verdades absolutas, nem sempre O senhor sentirá mais a minha presença, como conse-
compreendidas e aceitas, é esse o seu maior desafio, mas a Por isso temos, ao nosso lado, os familiares problemáti- guiu sentir o "meu beijo". Amo-te,meu pai,meu amigo.
mola propulsora do seu coração será sua grande intuição cos, mas também aqueles que nos ajudam a caminhar. E o Com o abraço saudoso do seu,sempre seu
sobre o certo e o errado. grande mistério é saber conviver com as diferenças.
E é justamente essa sua maior ajuda do Alto: saber usar Sei que o senhor questiona sobre sua maneira atual de Fábio Nasser
essa característica em todos os setores de sua vida. ver o jornalismo e a difícil tarefa de colocá-lo em prática e Custódio dos Santos
Convivência, meu pai, olhada deste lado da vida,é tema fazer com que o compreendam.
complexo, pois o senhor não imagina o complicado fator O que posso argumentar a seu favor é que daqui deste la-
da reunião do passado com a imperiosa necessidade de se do da vida saem jornalistas preparados para exercerem * Vovó Tanila Romana dos Santos, mãe do Batista
corrigir o presente. seus papéis na Terra... Alguns são vitoriosos, outros retor- * Vovó Bina é Felisbina Josefa dos Santos, avó paterna do Batista

continua
Diário da Manhã OPINIÃO GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 23

CAI A MÁSCARA OFICIAL DA


MORDAÇA DA CENSURA À IMPRENSA
de Lula, e mais uma vez vai “ensinar ao reizinho nu
João Bosco Bittencourt que a monarquia acabou”.
Apresentador do humorístico CQC, Marcelo Tas
EDITOR-EXECUTIVO DO DM
afirmou que, se não conseguirmos transformar as
dezenas de emissoras públicas – que hoje estão em
Passados 46 anos de profissão, o jornalista Paulo mãos de grupos políticos – em verdadeiras emissoras
Beringhs finalmente alcançou a projeção nacional e públicas, vamos continuar assistindo a espetáculos
internacional que todos almejam. Para a sua triste- patéticos como a demissão de Paulo Beringhs. “Ou,
za – e pesar de todos que temem os avanços da tira- talvez pior, nem nos daremos conta porque é bastan-
nia e do autoritarismo no País –, o estrelato veio em te raro um jornalista com a coragem dele para expor
decorrência de um triste episódio: a censura de um isso na fuça dos telespectadores, que, aliás, são os
órgão de comunicação estatal ao livre-pensar e ao contribuintes que pagam as contas da emissora.”
exercício da liberdade de imprensa. Em um gesto de A opinião pública, internet, se manifestou massi-
coragem incomum à maioria dos seres humanos, vamente em protesto contra as arbitrariedades do
Beringhs se expôs ao vivo, frente a milhares de teles- grupo capitaneado por Lula, Iris e o governador Alci-
pectadores do telejornal que apresentava, e denun- des Rodrigues. Ainda que esboçassem uma tentativa
ciou a pressão da Agência Goiana de Comunicação de contornar o escandaloso episódio de censura, dei-
(Agecom), transmissora do seu programa, para evi- xaram claro que o Jornal Brasil Central, fosse ele
tar que no dia seguinte fosse entrevistado o candida- apresentado por Paulo Beringhs ou qualquer outro
to a governador que faz oposição aos atuais donos jornalista, haveria de seguir a linha editorial deter-
do poder, Marconi Perillo (PSDB). minada por eles. Trocando em miúdos, só vieram a
O episódio ocorreu ao término do telejornal. Pau- confirmar o que denunciou Paulo: só fica na emisso-
lo estava acompanhado do senador Demóstenes Tor- ra quem seguir a cartilha editorial e, antes de tudo,
res (DEM) e, depois de apresentar o noticiário espor- política, determinada pelo governo.
tivo do dia, denunciou a tirania e deu o recado que o “Fiquei decepcionado ao perceber que Marcus Vi-
tornaria, nas horas seguintes, uma das celebridades nícius, com quem eu nunca consegui conversar, não
mais conhecidas no País e protagonista do caso que teve a coragem de expor as suas opiniões para mim.
inflamou debates pelo Brasil e pelo mundo afora. Ficou mandando recadinho por meio do diretor co-
“Nós estamos sob intervenção. O nosso jornalismo mercial da minha empresa, Fernando Dib, e dizendo
passa a não ter liberdade como a gente teve até ago- que, se eu levasse Marconi ao meu programa, eu se-
ra, o que é uma coisa que eu lamento muito.” O jor- ria tirado do ar”, afirmou Paulo Beringhs à reporta-
nalista afirmou que havia a ordem para que ele não gem do Diário da Manhã, horas depois de pedir de-
recebesse Marconi no programa, o que lamentava missão. “Estou em Goiás há 35 anos, e tenho 46 de
muito, e deu nome aos responsáveis pela mordaça. profissão. Todos sabem que, sempre que levo nos
“Eu lamento demais esta postura do senhor Jorcelino meus programas um político de um partido, levo
Braga (ex-secretário da Fazenda) e do grupo de Iris também de outro. Quando há três correntes políti-
Rezende, que tem tradição em censurar a imprensa.” cas, levo as três para a entrevista. Me pauto pelo
O episódio ganhou ampla e imediata repercus- equilíbrio e primo pelo jornalismo de verdade, e nós
são. Os sites da revista Veja, dos jornais Folha de sabemos que a vida de jornalista é cheia de proble-
S.Paulo e Estadão, portais de notícias como UOL, e minhas, que a gente vai contornando. Mas, desta
blogs de personalidades como o do jornalista Marce- vez, ficou insustentável.”
lo Tas trouxeram comentários sobre o “caso de cen- Paulo tem convicção de que o ex-secretário da Fa-
sura na TV Pública de Goiás”. “Hoje, exceção feita à zenda e agora marqueteiro da campanha de Iris ao Jornalista Paulo Beringhs
TV Cultura, todas estão sob forte influência do Lula governo, Jorcelino Braga, está por trás da decisão de
News, aquele aparelho petista de Franklin Martins, censurar o seu programa e impor a nomeação de in-
gerenciado por Tereza Cruvinel”, acusou o jornalista terventores através do seu braço direito, o presidente
Reinaldo Azevedo, um dos mais influentes analistas da Agecom. “A todo momento, desde que comecei na
políticos da revista Veja. Seu colega de empresa, o Brasil Central, ele sempre pediu a minha cabeça.
jornalista Augusto Nunes, afirma que o presidente Achava um absurdo que eu continuasse no ar sem
Lula está a exigir, “aos berros”, a derrota de Marconi, pedir votos para os candidatos dele. Mas não peço e
e que a censura é parte do plano inconsequente do nunca vou pedir voto para ninguém no ar. Tenho
PT e de Iris para vencer o tucano. Mas Augusto avisa: idade e história para exigir respeito deste senhor, que
o eleitorado goiano vai reprisar o corretivo aplicado tem uma vida completamente alheia ao jornalismo e
pelo povo de Santa Catarina, que elegeu Raimundo me impôs toda sorte de chantagens financeiras, polí-
Colombo (DEM) depois de ouvir o palavrório raivoso ticas e emocionais.”

Uma imprensa que beija a


liberdade e que se opõe à treva
Ulisses Aesse
EDITOR DE PAUTA E REPORTAGEM

Não se nega a vida com as doenças dos que ma-


tam. Nem se nega a liberdade com os vícios dos que
censuram.
Ao longo de sua história, a imprensa, desde os
sonhos de Gutemberg, foi vítima dos que vocife-
ram a favor das conspirações de grupos, estes mes- Momento em que Beringhs denunciou no ar
mos que os mantêm no poder como vermes no cor- a censura oficial e renunciou ao cargo de
po em decomposição. Até que a luz dos oxigênios apresentador do programa Jornal Brasil Central
os devolva ao nada, de onde nunca deveriam ter
deixado de sair e existir.
A história da humanidade é feita de censura e sonhou e de quem dormiu com a liberdade. Kajuru
de ditadores que se disfarçam nos ternos bem cor- perdeu tudo que tinha, deixando uma legião de órfã-
tados da moda e nos olhares dos que plantam a so- os em Goiás, que o acompanhava na solidão de sua
lidão dentro de si como se semeassem espantalhos luta. Kajuru foi-se sozinho para longe de si, daquele
em cada centímetro do corpo. Kajuru que sonhava e fazia, para uma solidão de que
A história dos homens, infelizmente, tem sido observava (e ainda observa) seus aproveitadores.
assim: a história dos quem têm, sempre, a necessi- Não foi e não está sendo diferente com o Diário
dade de voltar aos porões de seus espíritos de tre- da Manhã, que hoje, vítima desta pressão estatal,
vas na censura do que julgam ser inútil aos seus sobrevive do sangue dos que acreditam que um Es-
interesses de corporações. tado não pode manter-se apenas com um jornal di-
Em Goiás, não foram poucos os exemplos de ário, nem dois, nem três, mas com dezenas deles e
achaques contra a imprensa. O sonho do Cinco de que possam cada um respirar o seu oxigênio de ide-
Março foi fuzilado (só não se concretizou sua mor- al. O Diário da Manhã enfrenta, como nunca, a fú-
te pelo poder espiritual e pelo cerne bravio de Ba- ria dos que, no governo Alcides, se julgam acima do
tista Custódio) durante o governo de Mauro Bor- juízo final e se sentem como se fossem deuses sem
ges, que, aliado à ditadura na época, conspirou deuses no coração.
contra o exercício libertário dos ideais de Batista Não foi diferente agora com o Programa Paulo Be-
Custódio e Telmo de Faria (quem quiser conferir ringhs, vítima mais uma vez da incompreensão dos
um depoimento histórico é só pegar o habeas cor- que se entendem como poder e que fazem dele uma
pus encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça capa para subtrair a liberdade dos que tanto lutam e
(STJ), onde está contida toda a história da prisão que tanto se impõem como princípio.
de Batista pelas mãos ímpias de seus algozes no al- Ao acusar Jorcelino Braga e Iris Rezende de que-
to de seus promontórios. rer amordaçá-lo, Paulo Beringhs, conhecido pelo
Não foi diferente com o Diário da Manhã, que no seu profissionalismo, chama a atenção para o
governo de Iris Rezende deixou de existir (para depois mando dos que acreditam ser estes deuses em ex-
voltar redobrado de forças e tempestades) por perse- piação e que se sentem como se fossem deuses sem
guição econômica, que o deixou fraco, debilitado, sem deuses em seu coração.
voz para que seus leitores pudessem ouvi-lo nos ester- Paulo Beringhs não aguentou a trama dos que
tores da liberdade que se iam em nome das convicções ardilosamente conspiram no silêncio das esquinas
políticas (escusas) que sempre passam pela história, das dúvidas e das armadilhas e que crescem como
enquanto o conceito de liberdade de imprensa vive e cânceres no espírito. Paulo Beringhs não aguentou,
sobrevive para o resto dos tempos. com seu profissionalismo, os turrões da vida e os ex-
Não foi diferente com a Rádio K do Brasil, na épo- pulsou de dentro de si para que não voltem nunca
ca, nos sonhos de Jorge Kajuru, que foi asfixiada pelo mais como mandões da prepotência e censores da
poder econômico a ponto de deixá-lo sem nada até liberdade.
que fosse vendida e se perdesse nos pesadelos de quem Estes mesmos que fazem de si uma negação.

continua
24 GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 OPINIÃO Diário da Manhã

CONVERSA ÍNTIMA
Alfredo Nasser – Trabalhar em jornal.
Ao lhe fazer a pergunta esperava que
me fosse pedir um emprego, uma oportu-
Caiapônia, antiga Torres do Rio Bo- nidade, um jeito de ganhar dinheiro. Ante
nito, começou como sede da Comarca sua resposta pensei no Jaime Câmara, no
do Rio Coxim, cujos limites iam do Rio Braga Sobrinho, no Waldemar de Melo.
Verde, inclusive, até o Paraguai. Não Afinal, são meus amigos e não me seria
sei se estou insultando a verdade histó- tão difícil satisfazê-la. Ela ajuntou, antes
rica. Mas aprendi isso na escola pri- que eu concordasse:
mária e não me interessa desaprendê- – No Cinco de Março.
lo. Em São Paulo, terminando o curso Naquele momento ela me devolvia,
ginasial e morando com Irany Ferreira sem saber, a preocupação que dei ao
no mesmo quarto, eu lhe dizia fre- seu pai, Gabriel Nasser, que me criou,
quentemente dando início a intermi- quando iniciei minha turbulenta vida
náveis discussões e brigas: de jornal, menino ainda. Os perigos
– Estou estudando para comandar não eram menores para a imprensa de
um dia as forças de Caiapônia que vão combate, a incorporação era a mesma,
invadir Rio Verde. Subiremos a serra e re- os corruptos eram violentos, como em
anexaremos vocês. todos os tempos. Como o fizera seu pai,
Caiapônia é uma pequena cidade, fiquei calado. Esse meu irmão era um
bem menor que Rio Verde e Jataí. homem culto, conhecedor da boa lite-
Construída sobre um espigão, as tor- ratura, enérgico e suave na medida jus-
res a dominam, de longe. São blocos ta, líder por nascimento. Sua vida foi
enormes, um dos quais parece um gi- dedicada a educar seus irmãos. Dói-me
gante deitado. Comparado com o seu, até hoje a lembrança de vê-lo na fazen-
o luar de outras cidades é leite com da, nas geladas madrugadas de junho,
água, com muita água. Só é inferior ao pé do engenho, na faina da moa-
ao da antiga Capital do Estado, so- gem. Ele não nascera para aquilo, mas
bretudo visto de Santa Bárbara. As- fazia-o sem queixa e o fazia, como foi
sim mesmo, se Ely Camargo cantasse até o fim, calado e sorrindo. A vida não
em Caiapônia as "Noites Goianas", fez justiça ao meu irmão. Não só não
poderia muito bem haver um empate. teve as oportunidades que merecia, co-
Pois essa pequena localidade, velha mo dela se foi cedo demais. Suas filhas
Comarca do Rio Coxim, antigo cami- foram criadas no ambiente doméstico,
nho dos garimpos do Araguaia e aflu- sem receber ordens. As decisões eram
entes, com menos de quatro mil elei- tomadas depois de livre debate, dos
tores inscritos, situada, com o desvio quais participava minha irmã (que te-
das estradas para Mato Grosso, num ve nesse campo a maior parte dos en-
cotovelo que lhe dificulta o progresso, cargos), por maioria de votos.
Caiapônia já deu, de 1934 para cá, Um dia tivemos que decidir entre
três deputados federais, um senador, comprar carne ou papel para o Jornal
um membro do Conselho Nacional de de Notícias, pois o dinheiro não dava
economia, um vice-governador do Es- para as duas despesas. Contra apenas o
tado, um ministro da Justiça. Agora, meu voto, compramos o papel. Assim
dela despontam, caminhando céleres cresceram as meninas, assim cresceu
para o estrelato, dois jornalistas: Ba- Consuelo. Julgo as pessoas, mesmo as
tista Custódio e Consuelo Nasser, da por sua bondade, sua bravura, sua generosidade, seu mais chegadas, imparcialmente.
direção do Cinco de Março. puro idealismo. E seu caráter, também. Seu verdadei- Consuelo irá longe, tomem nota. Sua revolta contra as
Batista Custódio é o comandante da equipe deste jor- ro, sólido, indobrável caráter. injustiças, a corrupção, as mentiras, a hipocrisia, traba-
nal. Filho, neto, bisneto, tataraneto de fazendeiros, traz O mesmo se dá com Consuelo Nasser, tecnicamente lha em seu favor. Ela não calunia, sua linguagem é mo-
ele nas veias o sangue de várias gerações de homens minha sobrinha. Um dia, as cruéis imposições da políti- derada, seu julgamento dos outros impressiona pelo
honrados. Por poucas pessoas me responsabilizo moral- ca me levaram a criticar um velho amigo: Galeno Para- equilíbrio.
mente como por esse rapaz que tem, numa vocação de nhos. Na resposta, achou o meu antigo chefe na campa- Galeno não tinha razão. Além da nova geração de
apóstolo, a alma do panfletário. Seu pai foi meu com- nha de 1954 que sempre fui um boa-vida, pois sendo sol- filhos que crio e educo, aí estão marcando minha vida
panheiro na escola primária e sua família é ligada à teirão nunca tive coragem de assumir os encargos de e meu coração Stela e Consuelo. Por elas sei que a exis-
minha há mais de cinquenta anos. Quando ouço falar chefe de família. Coisa curiosa. Outra coisa não tenho tência acabou para mim, sob muitos aspectos. En-
em imprensa marrom, compreendo até onde pode che- feito senão ser chefe de família. Consuelo e sua irmã Ma- quanto a primeira me tira o sono vendo-a na labuta
gar a injustiça neste mundo. ria Stela fizeram-se pelo destino minhas filhas. Atual- de seu lar, quando os filhos adoecem, a segunda me faz
Batista Custódio é um dos mais puros idealistas, um mente tenho cinco filhos. Três meninas de criação e dois acordado sabendo-a no jornal, exposta aos mesmos
dos melhores espécimes humanos que já conheci. A sua filhos adotivos: um menino e uma menina. Vivem em perigos pelos quais passei, ao mesmo frio que já me
bondade dói. O Cinco de Março tira-lhe dinheiro e não minha companhia, dou-lhes purgante e lombrigueiro enregelou, ano após ano, tomando xícara após xícara
lhe devolve um tostão. Nem ele precisa disso. como qualquer pai. Mas voltemos à Consuelo e Maria de café, respirando o mesmo ar enfumaçado, o mesmo
O seu erro é imaginar que este mundo tem conser- Stela. Esta é tão inteligente como a irmã, tão lúcida co- ar viciado e sonolento das madrugadas que envolvem
to, que lutar contra a corrupção vale alguma coisa. mo ela, tão praticante, como ela, da boa leitura. Foi até o as redações. E acabou a vida para mim, sob muitos as-
Nas longas conversas que temos tido, procuro trans- Normal, diplomou-se, não quis ir adiante. Casou-se com pectos, porque enquanto dois seres que amo penetram
mitir-lhe o pouco que aprendi, um pouco do que me Jamil Issy, farmacêutico e professor da Faculdade de Far- nos mistérios e nas dificuldades da existência, não consi-
ficou das coisas que me feriram, um pouco do quanto mácia, e não poderia ter seguido melhor caminho. Cos- go mais ver – nunca mais verei – o sorriso de meu irmão
o caminho a percorrer é longo e duro. Ele me ouve, si- tumo dizer que ninguém é como Stela. E não é mesmo. nos claros, límpidos, doces olhos de suas filhas.
lencioso, porque sabe que penso como ele. Bom, bra- Consuelo formou-se em Direito e ao nos encontrarmos,
vo, generoso, Batista Custódio tem me arrastado à nos primeiros dias deste ano, lhe perguntei:
sua luta, numa solidariedade que não negaria a ne- – Filha, que vai você fazer? (Transcrito das páginas 309, 310 e 311 do livro
nhum órgão de imprensa, mas que para ele é maior, Ela respondeu: Alfredo Nasser - O líder não morreu)

A pergunta sonha:

– Tudo vale a pena?


gues acasala o autoritarismo
à beira do medieval contra a
Imprensa como instituição
formatando os custos das
despesas editoriais para es-
crever o capítulo que fe-
das colônias do retrocesso,
será o cadafalso remontado
no Palácio das Esmeraldas.
Não importa quem ve-
nha a ser o próximo gover-
nador de Goiás, o Diário da
– Nada vale a pena, poe- de um povo livre. Nos dois, chará as masmorras da O Diário da Manhã está Manhã acordará liberto no
ta, se não houve honra em juntou o ruim com o péssi- censura econômica onde implementando seu pla- primeiro dia do seu man-
tudo que valia a pena. mo, e com o atraso burro são feitas as torturas ao jor- nejamento estratégico, dato, ainda que o então
Nunca votei em nenhum por acréscimo. Livros, para nalismo independente na adequando as despesas slogan do Cinco de Março
candidato por minha ami- ambos, são quase que um guilhotina das verbas de compatíveis à bandeira do – “Os corruptos têm o sono
zade a ele ou pela dele a atentado mortal. propaganda dos governos. jornal de independência mais curto às segundas-
mim. Mesmo na ditadura O Diário da Manhã é o O governo do Iris fez isso das trancas da publicidade feiras” – venha a ter de ser
militar, declarei meus vo- capítulo que abriu o inédi- contra o Diário da Manhã. do governo. ampliado para “Os corrup-
tos aos que eu respirasse to na história da Liberdade O governo do Alcides O Diário da Manhã será o tos têm o sono mais curto
as liberdades públicas em e no sonho realizado na faz isso com o Diário da primeiro órgão impresso do todos os dias em Goiás”.
suas lutas políticas. vocação de todo jornalista Manhã. 4º Poder a ser sustentado O Diário da Manhã será
Meu voto ao Marconi Pe- e de todo órgão de im- Os dois carrascos estão pela vendagem dos exem- livre da censura ao pensa-
rillo é uma eleição à liberda- prensa, ao criar a Editoria ambos no mesmo palan- plares. O grande jornalismo mento.
de de imprensa. A mentali- de Opinião sem censura que eleitoral, que, para o não é possível se o custo de O Diário da Manhã esta-
dade governamental de Iris ao pensador. jornalismo formador de manutenção da empresa rá livre da censura econô-
Rezende e de Alcides Rodri- O Diário da Manhã está opinião e libertador do jugo editora não for pequeno. mica.

continua
Diário da Manhã OPINIÃO GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 25

MANIFESTO AO POVO GOIANO

O livro que veio tarde. E O livro editado na época


bateu nas traves da vindita O ódio no primeiro. A ira no do meio. O rancor no último que não podia ser lido

A coligação de Iris Rezende


Machado e Alcides Rodri-
gues Filho é a soma de um só nos
tabelada à conta das facilidades
oportunizadas. Cospem no pró-
prio legado que, um dia, beija-
oportunista da ingratidão traido-
ra. Iris ao Pedro Ludovico. Alcides
ao Marconi Perillo.
Quando Iris Rezende e Alcides
Rodrigues visitarem seus mortos
no Dia de Finados na terça-feira
dois piores governadores para a ram. Aquele limpa agora nas pa- Aliam-se no mandonismo fa- de 2 de novembro vindouro,
imprensa na história política de lavras a boca ainda escorrendo as miliocrata ou amigocrata empo- aproveitem-se para ouvir a reza
Goiás. babadas que dera nesse. Esse leirados nos superfaturamentos de suas consciências.
Não há precedentes nos autos afaga nos abraços com as mãos escancarados das obras nos Pla- Visitem os túmulos de Pedro
do atraso. ainda doendo dos tapas que des- nos de Metas do partidarismo Ludovico e de Alfredo Nasser no
Incluem-se as quadras de chi- fechara naquele. político nas realizações relevan- Cemitério Santana em Goiânia.
cotes dos jagunços fazendo as Os mesmos gestos no Iris, os tes, mas de programação prees- Pedro governou Goiás e cons-
dores da orfandade e da viuvez mesmos atos no Alcides reprodu- tabelecida nas licitações das con- truiu a Capital do Estado.
no sangue das tocaias nas estra- zem nos dois o trato das torpezas corrências públicas nos Progra- Nasser governou o Brasil como
das do sertão e fazendo a morte cometidas contra a imprensa li- mas das Prioridades de fortunas primeiro-ministro no regime
de oposicionistas à luz aberta no vre no poder. tomadas ou das empresas em- parlamentarista e se imortalizou
fogo das armas ao sol arregalado Utilizaram-se de vozes enalte- preiteiras, ou das prestadoras de como pensador.
nas praças públicas na ditadura cedoras à imprensa séria para su- trabalho utilitário nas reparti- Pedro morreu pobre.
do Estado Novo. bir do anonimato na opinião pú- ções, ou das fornecedoras de ma- Nasser morreu pobre.
Incluem-se os períodos da di- blica. teriais consumidos na necessida- Essa vida vale pelos tesouros
tadura da Quartelada Militar fa- Utilizaram-se das manobras de funcional dos órgãos, ou das que vão na alma.
zendo as dores da Pátria no hor- sub-reptícias das verbas de pro- concessionárias de serviços pú- Esse mundo não vale pelas rique-
ror das torturas nos porões das paganda como censura econô- blicos. zas da Terra que ficarão na terra.
Três Armas e fazendo mortes de mica contra os jornalistas inde- Estão fazendo falta dois jorna- Vale pela vida do Tiradentes e
idealistas com os fuzis no silên- pendentes e formadores de opi- listas atualmente: não vale pela vida de Joaquim Sil-
cio do Brasil. nião. Carlos Lacerda ao Brasil. vério dos Reis.
Os governos de Iris e o governo Utilizaram-se das intenções ve- Alfredo Nasser a Goiás. Não vale pelo mundo de Cala-
de Alcides foram execráveis no ladas para propinar a suborna- O povo goiano está no dever cí- bar e vale pelo mundo de Felipe
cinismo hipócrita em todas as gem aos órgãos de comunicação vico de banir pelo voto popular, dos Santos.
bandeiras de lutas transformadas social de linha editorial decente e no segundo turno, dois políticos Não esperem, Iris e Alcides,
em guardanapos da Liberdade de fomentaram o surgimento inde- siamesados no atrasado de suas que a ignorância do Braga seja
Imprensa rasgada no Palácio das cente de catataus em jornaizi- ideias e gerando um hitlerzinho maior que a inteligência dos elei-
Esmeraldas. nhos e de revistecas impressos para executar, devotamente, o tores!
Ambos governos usaram a sola com elogios escritos com os adje- seu papel de carrasco na Inquisi- Braga é burro.
dura de suas botinas na demo- tivos que escolheram na lavagem ção Política: Dá coices nos passos de mar-
cracia para pisar com o autorita- do ilícito comparsado entre seus Iris Rezende. queteiro político.
rismo civil os heróis que trouxe- escribas meeiros e os seus socie- Alcides Rodrigues. Iris e Alcides já estavam perdidos
ram as liberdades públicas, vivas, tários nas comelanças da partilha As urnas eleitorais terão de ser no primeiro turno. Com essa suti-
do autoritarismo militarizado dos faturamentos repassados a urnas mortuárias de morte polí- leza de cavalaria rusticana do Bra-
que eles lamberam nos coturnos maior para esses que para a gran- tica na vida deles no poder. ga, a derrota maior já está à vista.
que chutaram para as cassações de imprensa. Agora! Nem a descomunal popularida-
de mandatos populares e para as O ex-pessedista Iris Rezende e Antes que abortem o Jorcelino de do Lula deu conta de aluí-los
suspensões dos direitos políticos o ex-udenista Alcides Rodrigues Braga como futuro governador das perdições na rejeição popular.
por dez anos dos líderes que pro- não confiam politicamente um do Estado de Goiás se ganharem O ostracismo os espera no en-
moveram a riqueza cultural e do em outro, por impasse gritante o próximo governo de Marconi terro político. Tão acertadamente
desenvolvimento econômico da de origem no ideologismo for- Perillo nesse domingo de 31 de como todos nós seremos visita-
Nação e foram passar fome no mado nos cacicados contrários outubro do ano de 2010. dos, mais hoje, menos amanhã,
exílio em outros países ou adju- no ludoviquismo e no caiadismo Confundem vulgaridade popu- no Dia de Finados.
torados na penúria amoitados parado em suas mentalidades lar com notabilidade referendada. Essa não é a minha palavra. É a
pelos brasileiros. caipirescas. Confundem banalidade oficial voz das ruas.
Iris Rezende e Alcides Rodri- Identificam-se no fisiologismo com seriedade no governo.
gues são políticos que se empa- do direitismo ideológico. Confundem a força do poder
tam na incoerência oscilante e Nivelam-se no demagogismo com o respeito do prestígio. JORNALISTA BATISTA CUSTÓDIO

continua
26 GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010 OPINIÃO Diário da Manhã

Mataram o jornalista Haroldo Gurgel, do semanário O Momento, na manhã de sábado de 8 de


agosto de 1953 na Praça do Bandeirante e o povo escreveu na parede do prédio vizinho: “Aqui
tombou um moço em defesa da liberdade de imprensa.” E fez-se silêncio. O governo de José
Feliciano mandou a polícia do Estado espancar líderes estudantis na Praça do Bandeirante na noite
de 5 de março de 1959. E fez-se o grito da legenda do semanário Cinco de Março nascendo. O dia
12 de março de 1984 amanheceu o Diário da Manhã. E fez-se a revolução na imprensa brasileira. O
governo Mauro Borges fechou o Cinco de Março uma vez. O reabri. O governo Ribas fechou o
Cinco de Março uma vez. O reabri de novo. O governo de Iris Rezende fechou o Diário da Manhã.
O reabri. Essa é a minha história.

O Diário da Manhã será Chega de governo com obras Autoridades corruptas de mantenha os que me perse- Xavier e psicografado pelo
assim. Livre. Independente. inacabadas e que duram menos mais um governo ordenaram guem e injustiçam-me triun- médium Carlos Baccelli. O li-
Isento. Já é uma escola de jor- que as placas de sua inauguração. a minha falência e a Justiça fantes a fim de que me vejam vro é um evangelho de alerta
nalismo. Será um templo no Chega de governo de Suas absolveu-me um quarto de passar por eles em condições para os que detêm poder e su-
coração dos goianos. Excelências que tomam posse século depois. de socorrê-los nas suas horas põem-se melhores que os de-
“Não é com honras e rique- pobres e saem milionários dos Autoridades corruptas de calvário e não devolvendo- mais humanos, inclusive cer-
zas que se contenta o coração mandatos. desse governo passaram lhes a cruz que puseram em tos kardecistas que se envai-
de um pensador, mas, sim, Chega de governo de posicio- quatro anos mantendo o Di- minhas costas. decem como donos da verda-
apenas com o saber e a virtu- nistas eleitos denunciando cor- ário da Manhã na tranca fi- Comungo o pensamento de de com o dom recebido na Es-
de” é o que pensou Platão. É o rupções e falcatruando no ofí- nanceira e tentaram subor- Jung: “O sofrimento precisa piritualidade.
que sinto, penso e sou. cio governamental. nar-me com verbas de pro- ser superado, e o único meio
E serei no governo de Marco-
ni Perillo.
Chega de governo no conti-
nuísmo da impunidade das
paganda depois.
As autoridades de dois
de superá-lo é suportando-o.”
À S vezes, Marconi Perillo
insinuava-se um maurici-

N A última mensagem do
espírito do jornalista Fá-
mazelas engordadas no erário
estadual.
Chega de governo que a gen-
desses governos se uniram.
Qualquer que seja o próximo
governador eleito, ao tomar
O Marconi Perillo engran-
deceu-se no sentimento
com a traição ingrata e delato-
nho nele. Iris Rezende perma-
nece sempre matusalenizado
nas ideias.
bio Nasser, publicada neste te se arrepende depois de ter posse verá o Diário da ra do governador Alcides Ro- Marconi retemperou-se de
artigo, houve um tópico que votado no candidato. Manhã livre da censura drigues ao senador. amadurecimento nas forjas
ficou se repetindo na minha Chega de governo enturma- econômica depois. A minha alma é que votará do sofrimento. O punhal da
consciência: do no Palácio das Esmeraldas nele. traição que lhe sangrou as
“Pai,sei de suas dúvidas e de
suas ponderações, entretanto,
com muitos políticos que devi-
am estar na cadeia. É urgente. Emergencial. Já
passou da hora de o líder
Marconi é um bom no co-
ração. A sua bondade sucede-
costas não feriu-lhe o coração.

vejo-me dividido entre dois


pontos cruciais: aquele que
gostaria de falar com ampla
Chega de ouvir o povo falar
que “todo político é corrupto”
no eleitorado que os elegeu.
político assumir o ensinado
por Platão e “Aprender a mu-
dar a postura”. Já Pitágoras
rá a maldade no ódio do que o
precedeu. V OU estar nessa alvorada
de mudanças sublimadas.
Vou viver no velho o que vivi
liberdade e aquele que precisa
ponderar o que responde.”
Meu filho começou a mor-
Chega! É hora de o povo parar
de votar neles.
O escritor, filósofo, diplomata
aconselhou que “A melhor
maneira que o homem dis-
põe para se aperfeiçoar é
M ARCONI Perillo chega
nesta campanha eleito-
ral para assumir o governo se-
no moço. Não o jornalista ar-
rastando as ralações das
quedas nos 75 anos.
rer com a tortura da falência e advogado francês Joseph-Ma- aproximar-se de Deus”. Mas guindo Jesus Cristo: Vou virar o meu sonho.
do Diário da Manhã no gover- rie de Maistre (1753-1821) cu- em minhas orações é que sou “Aquele que se exaltar será Vou buscar essa alvorada e
no de seu padrinho. nhou este pensamento: mais integral na fé cristã a humilhado e aquele que se ajudar o tempo a incendiar
Então canto para ele o hino “Cada povo tem o governo Deus e absoluto seguidor da humilhar será exaltado.” Goiás no luzeiro da Liberdade
do protesto que for saindo da que merece.” sabedoria que preconizou Pi- de Imprensa.
minha alma.
Chega de governo como casa
de compadres. C ANSEI de sofrer calado per-
seguição de governos.
tágoras: “Não pede nada nas
tuas preces, porque tu não sa-
bes o que é útil e só Deus co-
O rancor, Iris, e a ira, Alci-
des, são brutalidades do
sadismo, Braga, que os três
Vou nascer nessa manhã.

Chega de governo como em- Autoridades corruptas de um nhece as tuas necessidades.” podem se ver em suas amar-
prego de amigos.
Chega de governo como pa-
governo ficharam-me como
comunista no Dops e fui anisti-
Sempre oro para que Deus
não me poupe dos sofrimen-
guras, não procurando-as nos
outros, mas em si mesmos ao
BATISTA
nela de parentes.
Chega de governo como
ado somente 15 anos depois.
Autoridades corruptas de
tos. Recebo-os como carinhos
divinos para a evolução desta
lerem os Quatro Gigantes da
Alma.
CUSTÓDIO
brinquedo de tecnocratas que outro governo prenderam-me vida, pois foi nos reveses que Façam como Marconi. Pas-
transformam a administração por oito meses e minha ino- me vi mais forte que as prova- sem dentro do sublime no Para ler este artigo
pública em laboratório de suas cência foi reconhecida 20 ções e as tentações. E, sobre- Doutrina VIVA, ditado pelo no DM Digital, acesse
invencionices mirabolantes. anos depois. tudo, invoco ao Céu para que espírito de Francisco Cândido www.dm.com.br

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