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DISCIPLINA:

SISTEMAS TÉRMICOS E
ENERGÉTICOS
AULA 1

Prof.ª Ana Carolina Tedeschi Gomes Abrantes


CONVERSA INICIAL
Prezados alunos, meu nome é Ana Carolina e terei o prazer de
desenvolver com vocês a disciplina de Sistemas Térmicos e Energéticos.
Iniciaremos nossos trabalhos abordando conceitos fundamentais para o
desenvolvimento de todo o conteúdo. Nós revisaremos alguns conceitos da
Termodinâmica vistos na disciplina “Física - Termodinâmica e Ondas”.
Aprofundaremos essa ciência para que seja possível a aplicação de suas leis
nos processos industriais. Por último, definiremos “Máquinas Térmicas” para que
seja possível o entendimento da aplicação dos equipamentos que serão
estudados posteriormente. Bons estudos!

CONTEXTUALIZANDO
O engenheiro de produção tem a importante tarefa de gerenciar os
recursos humanos, financeiros e materiais de uma empresa, com o objetivo de
aumentar sua produtividade e rentabilidade. Para isso, é relevante que sua
formação aborde o funcionamento dos equipamentos utilizados no processo
produtivo, visando otimizar a integração da mão de obra e da matéria-prima com
estes equipamentos. São muitos os equipamentos fabris utilizados nas indústrias
químicas e de manufatura, sendo praticamente impossível abordar todos eles
em um curso de engenharia. Porém, alguns desses equipamentos são aplicados
com maior frequência na indústria, sendo essencial o aprendizado a respeito
deles. Entre tais equipamentos estão aqueles que compõem os Sistemas
Térmicos e Energéticos. Estes sistemas, muitas vezes, estão relacionados ao
Setor de Utilidades de uma fábrica, setor responsável por fornecer insumos
indispensáveis ao processo fabril: energia elétrica, vapor, água de resfriamento,
ar de instrumento, refrigeração, etc. Por não estarem relacionados diretamente
com o produto final, os equipamentos relacionados a esses sistemas são
utilizados em todas as indústrias de forma semelhante, sendo possível, portanto,
adequar os assuntos que serão abordados nesta disciplina a qualquer aplicação.

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TEMA 1 - PROPRIEDADES DE SUBSTÂNCIAS PURAS
Uma substância pura é aquela formada por apenas um tipo de elemento,
seja atômico ou molecular. Porém, observamos que, em uma aplicação real, não
encontramos substâncias 100% puras, ou seja, sem algum tipo de mistura ou
contaminação. Dessa forma, para podermos aplicar os conceitos deste tema em
sistemas reais, iremos considerar como substâncias puras aquelas que possuem
contaminação desprezível ou que a composição química seja constante e
homogênea durante sua aplicação no processo industrial. Iremos considerar a
água e o ar atmosférico como substâncias puras, por exemplo.

Essas substâncias são encontradas e utilizadas, normalmente, em mais


de um estado físico, seja sólido, líquido ou vapor, e a compreensão das opções
de mudança entre essas fases se faz necessária. De forma simples, uma
substância sofre mudança de fase quando recebe ou cede calor, resultando na
mudança do seu estado físico. Cada estado físico representa o quanto seus
átomos e/ou moléculas estão coesas, sendo necessário realizar uma
significativa troca de energia térmica para que as forças de coesão se
modifiquem significativamente. Elevada força de coesão é encontrada no estado
sólido, correspondendo a um baixo nível de energia interna. Em contrapartida,
baixa força de coesão é verificada no estado gasoso, quando a substância
apresenta maiores valores de energia interna.

O estado físico de uma substância pura é definido por duas variáveis


intensivas independentes, normalmente temperatura, pressão e/ou volume
específico (em pares). Após a determinação de duas das variáveis, as demais
propriedades tornam-se dependentes.

Mudanças de fases em substâncias puras ocorrem em temperaturas


constantes, porém não se surpreenda se na prática você verificar que a
temperatura se modifica durante esse processo. Lembre-se de que os fluidos
que trabalhamos no dia a dia possuem algum tipo de contaminação, e isso pode
acarretar esse comportamento. Ao receber calor, uma substância pode sofrer
fusão (de sólido para líquido), vaporização (de líquido para vapor) e sublimação
(de sólido para vapor). Ao perder energia térmica, a substância pode passar de
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vapor para líquido (condensação ou liquefação), de líquido para sólido
(solidificação) e de vapor para sólido (sublimação). Existe uma condição em que
há equilíbrio entre as três fases e, portanto, elas coexistem. Essa condição é
conhecida como ponto triplo, e mais de um tipo de mudança de fase podem
ocorrer.

Veja a figura a seguir, que exemplifica as mudanças de fases para a água.

Figura 1: Representação de mudança de fase para a água

Fonte: <http://www.shutterstock.com/pic-241178560/stock-vector-phase-or-state-of-matter-
phase-transition-this-diagram-shows-the-different-phase-transitions-for-example-
water.html?src=fT-HL317_Yuw5ZJZdUqX9w-1-5>.

Especificamente no processo de mudança de fase entre líquido e vapor,


de grande aplicação industrial, a temperatura e a pressão são conhecidas como
de saturação e podem ser correlacionadas em diagramas, que estudaremos
mais a diante. O líquido e o vapor na temperatura e na pressão de saturação são
chamados de saturados.

Durante a condensação ou vaporização, as duas fases coexistem até a


transformação total de uma fase em outra. É comum quantificar a porção de
líquido existente no vapor saturado por meio de uma propriedade definida como
título. Tal propriedade informa a percentagem de vapor contida em uma mistura
e é representada pela letra x, conforme equação abaixo.

𝑚𝑣
𝑥= . 100
𝑚𝑣 +𝑚𝑙
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em que 𝑚𝑣 é a massa de vapor e 𝑚𝑙 é a massa de líquido de uma determinada
mistura.

É possível trabalharmos com líquidos e vapores que não se apresentam


nas condições de saturação. O líquido que se encontra em temperatura inferior
e/ou na pressão superior às de saturação é conhecido como sub-resfriado. Da
mesma forma, o vapor que possua menor pressão e/ou maior temperatura que
as de saturação é definido como superaquecido. Vapores altamente
superaquecidos e com estado de equilíbrio longe do de saturação são chamados
de gases.

Como simplificação, os gases são normalmente estudados como gases


ideais, verifique suas características no site:

http://brasilescola.uol.com.br/fisica/gas-ideal.htm

As variáveis que definem seu estado podem ser correlacionadas em


equações de estado. A equação mais simples e amplamente conhecida foi
desenvolvida para uma substância compressível simples, podendo ser aplicada
com cautela em outras condições. Esta equação é chamada de equação de
estado para gases perfeitos e é representada abaixo:

𝑃𝑉 = 𝑛𝑅̅ 𝑇

em que 𝑃 é a pressão (Pa), 𝑉 o volume (m³), 𝑛 o número de mols, 𝑇 a


temperatura (K) e 𝑅̅ a constante universal dos gases (8,3145 𝐽⁄𝑚𝑜𝑙. 𝐾 ).

Para um determinado gás, a constante universal dos gases pode ser substituída
pela constante do próprio gás (R), como se segue:

𝑅̅
𝑃𝑉 = 𝑚𝑅𝑇, 𝑅 =
𝑀

em que 𝑀 é a massa molar do gás (𝑘𝑔⁄𝑚𝑜𝑙) e 𝑚 a massa do gás (𝑘𝑔).

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TEMA 2 - DIAGRAMAS E TABELAS
Os diagramas de fases são gráficos que correlacionam duas variáveis
independentes das substâncias puras. As variáveis mais utilizadas são a
temperatura e a pressão. Nesses diagramas, é possível verificar as linhas de
equilíbrio entre as fases, as quais representam as condições em que ocorrem as
mudanças de fases. A Figura 2 representa um exemplo genérico:

Figura 2: Diagramas binário (direita) e ternário (esquerda) de fases

Fonte: <http://www.shutterstock.com/pic-346560500/stock-photo-phase-diagram-2-
dimensional-and-3-dimensional.html?src=Wz88fcYtslheSduOh8x-1Q-1-3>.

Observe que as regiões delimitadas pelas linhas representam o estado


físico no qual a substância se encontra em uma determinada faixa de
temperatura e pressão. O estado gasoso é observado em baixas pressões,
enquanto que pressões mais elevadas resultam nos estados sólido e líquido,
dependendo da temperatura.

Há uma intersecção, entre as linhas de mudança de fase, que representa


o ponto triplo, ou seja, condição em que as três fases coexistem. Na extremidade
da linha entre os estados líquido e gasoso – de condensação/vaporização –
encontra-se o ponto crítico. Esse ponto representa, principalmente, a
temperatura máxima em que o líquido pode existir. Em pressões supercríticas
não se observa mudança de fase.

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A água é o principal fluido que iremos trabalhar nesta disciplina e,
portanto, é importante conhecermos o seu diagrama de fases (Figura 3).

Figura 3: Diagrama binário de fases para a água

Fonte: <http://www.shutterstock.com/pic-346560542/stock-photo-binary-phase-diagram-of-
water-h2o.html?src=CkBFnDwY-REzBsiGi-zGHw-1-5>.

Outros diagramas, também encontrados, são os que correlacionam


pressão e temperatura com volume específico (). Nesses gráficos costuma-se
representar somente uma curva com pico máximo (ponto crítico) relacionada à
mudança de fase entre líquido e vapor. A região abaixo da curva representa a
coexistência de líquido e vapor, enquanto que a esquerda é a região que
caracteriza o líquido e a direita é a região do vapor. As linhas tracejadas
reproduzem as condições de pressão constante (isobárica) no diagrama T
versus  e de temperatura constante (isotérmica) no diagrama P versus .

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Figura 4: Outros diagramas binários de mudança de fase

Fonte: Çengel e Boles (2013).

Existe também a possibilidade de representarmos as variáveis de uma


substância pura e seus respectivos estados físicos em um diagrama 3D,
normalmente relacionando T, P e  (Figura 2). Embora forneça um maior número
de informações, é conveniente utilizarmos os diagramas bidimensionais para
uma análise termodinâmica, os quais são projeções das superfícies do diagrama
3D.

Ainda que os diagramas sejam muito úteis para avaliarmos o


comportamento de uma substância pura, suas propriedades termodinâmicas são
usualmente apresentadas em tabelas. Dessa forma, torna-se prática a coleta de
dados para o estudo termodinâmico dos sistemas.

Nessas tabelas, é necessário definir condições diferentes para duas variáveis


intensivas independentes (temperatura e pressão, por exemplo) para então
encontrarmos os valores das demais propriedades na linha horizontal
correspondente (volume específico, entalpia específica, energia interna
específica, entropia específica, etc.). Quando a substância em questão é a água,
chamamos essas tabelas de Tabelas de Vapor, podendo correlacionar as
variáveis para as condições de saturação, além das condições de vapor
superaquecido e líquido sub-resfriado. Como exemplo, abaixo se encontra uma
Tabela de Vapor para a condição de saturação líquido-vapor da água.

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Figura 5: Tabela de vapor

Fonte: ÇENGEL e BOLES (2013).

TEMA 3 - LEIS DA TERMODINÂMICA


A Termodinâmica nos rodeia em todos os lugares: ao cozinharmos em
uma panela de pressão, ao utilizarmos um automóvel para nos locomover, no
orvalho formado pela manhã, no vapor utilizado para esterilizar materiais
hospitalares. Esses são alguns dos infinitos exemplos possíveis de
serem citados.

Na indústria não é diferente. Diversos processos envolvendo energia,


tanto em sua forma térmica quanto mecânica, são necessários para a obtenção
de produtos de maior valor agregado. Caldeiras geram vapor que aquece
produtos intermediários e move turbinas. Motores a combustão permitem que
geradores elétricos sejam utilizados em situações que a energia da
concessionária não está disponível. Refrigeração é necessária tanto na
produção quanto em ambientes que acondicionam equipamentos de laboratório
ou alimentos perecíveis. Portanto, não há como estudarmos os Sistemas
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Térmicos e Energéticos sem compreendermos os conceitos da Termodinâmica
e suas aplicações.

A Termodinâmica surgiu da necessidade de o Homem entender situações


do cotidiano que envolvem calor. Conforme esta ciência foi se desenvolvendo,
quatro leis foram estabelecidas com o intuito de descrever e equacionar estas
situações. São elas: Lei Zero, 1.ª Lei, 2.ª Lei e 3.ª Lei.

Lei Zero: Também conhecida como Princípio do Equilíbrio Térmico, define que
quando dois corpos de temperaturas diferentes estão em contato, calor fluirá do
corpo mais quente para o corpo mais frio até que a temperatura dos dois corpos
seja a mesma. Da mesma forma, se dois corpos estiverem em equilíbrio com um
terceiro, estarão em equilíbrio entre si, ou seja, com a mesma temperatura.

1ª Lei: Também conhecida como Princípio da Conservação da Energia, esta lei


afirma que a energia não pode ser criada ou destruída, somente transformada.
Na consideração mais simples, somente para energia térmica, a soma do
trabalho (W) realizado ou recebido por um sistema e do calor (Q) trocado por ele
é igual a sua variação de energia interna (U). Ou seja,

𝑸 + 𝑾 = ∆𝑼

Observa-se que, para um gás perfeito, somente há realização de trabalho


quando ocorre variação de volume, e variação da energia interna quando houver
mudança de temperatura.

O principal legado dessa lei é a sua aplicação, não somente considerando


a energia interna, mas também a energia total (E), que, normalmente, abrange
também as energias cinética (Ec) e potencial (Ep). Assim, a equação aplicada
ao balanço energético de sistemas fechados
se torna:

𝑑 (𝑈 + 𝐸𝑐 + 𝐸𝑝)
= 𝑄̇ + 𝑊̇
𝑑𝑡

em que 𝑄̇ é a potência relacionada ao fluxo de calor, e 𝑊̇ é a potência


relacionada ao trabalho.

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Enquanto que, para sistemas abertos, considera-se também a energia contida
nas correntes de entrada e saída:

𝑑 (𝑈 + 𝐸𝑐 + 𝐸𝑝)
= 𝑄̇ + 𝑊̇ 𝑠 + 𝑚̇𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 (ℎ + 𝑒𝑐 + 𝑒𝑝)𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 − 𝑚̇𝑠𝑎𝑖 (ℎ + 𝑒𝑐 + 𝑒𝑝)𝑠𝑎𝑖
𝑑𝑡

em que 𝑊̇ 𝑠 é a potência relacionada ao trabalho do eixo, 𝑚̇ é a vazão mássica,


ℎ é a entalpia específica, 𝑒𝑐 é a energia cinética específica e 𝑒𝑝 a energia
potencial específica.

2ª Lei: Esta lei relata que os processos ocorrem espontaneamente em uma


determinada direção, sendo necessário realizar um gasto energético para forçar
a operação contrária. É o caso do fluxo de calor de um objeto quente para outro
mais frio (Figura 6).

Figura 6: Representação da 2.ª lei da termodinâmica

Fonte: <http://www.shutterstock.com/pic-351766562/stock-vector-second-law-of-
thermodynamics.html?src=DJPa9OSMzPAZWSDA6kxkdQ-1-0>.

Esta questão de irreversibilidade do sistema é mensurada por uma


grandeza chamada Entropia, a qual mede a parcela de energia que não pode
mais ser transformada em trabalho em transformações termodinâmicas. Para
processos naturais e em sistemas isolados, a Entropia sempre aumenta e é
máxima quando o sistema se encontra em equilíbrio.

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Nessa lei é possível também observar que a energia é quantificada no
balanceamento de energia e qualificada de acordo com o aproveitamento útil do
processo de transformação. A partir desta lei tem-se a explicação do porquê
trabalho pode ser convertido totalmente em calor, porém o mesmo não é
verificado para o processo oposto, assim como da impossibilidade de transferir
calor de um corpo frio a outro quente de forma espontânea.

A partir do conceito envolvido na Segunda Lei da Termodinâmica,


desenvolveu-se o estudo das Máquinas Térmicas, praticamente o principal
objeto de estudo desta disciplina.

3ª Lei: Esta lei especifica, pelo Princípio de Nernst, que a Entropia é nula quando
o sistema se encontra no zero absoluto de temperatura, ocorrendo para todos
os cristais perfeitos. Para outras substâncias, pode-se afirmar que a entropia é
mínima em 0K e que em qualquer outra situação será
sempre positiva.

TEMA 4 - MÁQUINAS TÉRMICAS


Máquinas térmicas realizam trabalho a partir da diferença de temperatura
entre duas fontes, a fria e a quente. Na retirada de calor de uma fonte quente,
parte dessa energia realiza trabalho, enquanto a outra parte é descartada para
a fonte fria (Figura 7). Quanto menor a perda de calor para a fonte fria, maior a
eficiência da máquina térmica.

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Figura 7: Funcionamento de uma máquina térmica

Fonte: <http://www.infoescola.com/fisica/maquina-termica/>.

Há registro da utilização do calor para a realização de trabalho mecânico


desde a Antiguidade, com o uso do vapor. O inventor grego Heron (século I d.C.)
construiu um objeto constituído por uma esfera de metal com dois orifícios por
onde escapava vapor, produzido pelo aquecimento da água, girando a esfera
(Figura 8).

Figura 8: Dispositivo desenvolvido por Heron

Fonte: <http://www.ancient-wisdom.com/greekautomata.htm>.

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No século XVIII foram construídas máquinas capazes de realizar
trabalhos industriais, porém com baixos rendimentos. Por volta de 1770, o
inventor escocês James Watt desenvolveu uma máquina mais eficiente
utilizando o conceito de máquina térmica aplicada até os dias atuais. Energia
térmica retirada de uma fonte quente foi utilizada para movimentar um pistão,
sendo parte dessa energia descartada para uma fonte fria.

Figura 9: Dispositivo desenvolvido por Watt

Fonte: <http://averdadedafisica.blogspot.com.br/2012/08/james-watt-de-instrumentos-
cientificos.html>.

A máquina térmica inventada por Watt foi empregada em moinhos, no


acionamento de bombas, em locomotivas e em barcos a vapor. Foi utilizada
também para acionar equipamentos industriais nas fábricas, motivando a
Revolução Industrial.

As máquinas térmicas trabalham em ciclos e são consideradas ideais


quando obedecem ao ciclo proposto por Nicolas Léonard Sadi Carnot, em 1824.
O ciclo de Carnot considera uma sequência de transformações gasosas
reversíveis frente a duas fontes térmicas (Figura 10). Quanto maior a
temperatura da fonte quente, maior é o rendimento da máquina operando neste
ciclo, desde que a substância se comporte como um gás ideal.

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Figura 10: Ciclo de Carnot

Fonte: <http://www.mspc.eng.br/termo/termod0510.shtml>.

O ciclo de Carnot é composto por duas transformações isotérmicas,


durante os processos de expansão e compressão do gás, intercaladas com
transformações adiabáticas. O seu rendimento pode ser calculado por:

|𝑄𝐹 | 𝑇𝐹
 = 1− = 1−
|𝑄𝑄 | 𝑇𝑄

em que:  = rendimento.

QF = calor liberado durante a compressão, J.

QQ = calor absorvido durante a expansão, J.

TF = temperatura da fonte fria, K.

TQ = temperatura da fonte quente, K.

As máquinas térmicas podem ser classificadas em função do sistema em


que trabalham. Em sistemas abertos são chamadas de máquinas dinâmicas com
característica motora, transformando energia térmica em energia cinética, como
em turbinas, ou geradora, transformando energia cinética em energia térmica,
na forma de pressão (turbocompressores).

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As máquinas térmicas volumétricas são aplicadas em sistemas fechados,
também se dividindo em motoras e geradoras. As motoras são constituídas por
um fluido com elevada energia térmica, que movimenta um embolo ou pistão.
Nas geradoras, o fluido tem sua energia térmica e/ou pressão aumentada devido
à redução forçada de seu volume por causa da realização de um trabalho externo
sobre o fluido.

NA PRÁTICA
Vamos agora resolver alguns exercícios relacionados aos conceitos desta
aula.

Aplicação 1: Uma esfera oca de 16 cm de diâmetro interno é pesada em uma


balança de precisão, quando vazia e também depois de cheia com um gás
desconhecido a 0,6 MPa. A diferença de peso entre essas duas condições é de
0,02 N. A temperatura ambiente é 25oC. Assumindo-se que seja uma substância
pura, qual é esse gás?

Resolução:

Para identificarmos o gás utilizado no enchimento da esfera, precisamos


saber qual o valor da sua massa molar (M), a qual pode ser obtida pela equação
de estado dos gases perfeitos.

𝑅̅
𝑃𝑉 = 𝑚𝑅𝑇, 𝑅 =
𝑀

Para o cálculo da massa molar, inicialmente temos que obter o valor da


constante (R) desse gás. Fique atento para as unidades das variáveis, as quais
devem estar no mesmo sistema. Uma vez que a pressão foi dada em Pa e o
peso em N, utilizaremos o sistema internacional de unidades.

Observe que o enunciado do problema já nos fornece a pressão (P) e a


temperatura (T) em que esse gás se encontra. O volume ocupado pelo gás é
função do raio interno, r, da esfera e pode ser calculado por:

16
0,16 3
4𝜋𝑟 3 4𝜋( 2 𝑚)
𝑉= = = 0,00215 𝑚3
3 3

A massa do gás referente a esse volume é obtida utilizando a segunda lei


de Newton, em que força (F) é o peso medido e a aceleração (a) a força da
gravidade.

𝐹 0,02 𝑁
𝐹 = 𝑚𝑎 → 𝑚 = = = 0,002 𝑘𝑔
𝑎 9,81 𝑚
𝑠 2

Isolando R na equação de estado e substituindo as variáveis, temos:

𝑃𝑉 600000 𝑃𝑎 . 0,00215 𝑚3 𝐽
𝑅= = = 2164,4
𝑚𝑇 0,002 𝑘𝑔 . 298 𝐾 𝑘𝑔. 𝐾

Utilizando a constante universal dos gases ideais (𝑅̅ ) igual a 8315,9


J/kmol.K, obtemos a massa molar do gás.

𝐽
𝑅̅ 8315,9 𝑘𝑚𝑜𝑙 𝐾 𝑘𝑔
𝑀= = = 3,84
𝑅 𝐽 𝑘𝑚𝑜𝑙
2164,4 𝐾
𝑘𝑔

Essa massa molar é bastante baixa. Ao pesquisar a respeito da massa


molar dos gases, encontra-se que o gás He (hélio) é um gás nobre que possui
M = 4 kg/kmol, muito próximo ao valor calculado. Assim, conclui-se que o gás
adicionado no interior da esfera é o gás He.

Aplicação 2: Um ciclo de Carnot trabalha entre duas fontes térmicas: uma


quente (temperatura de 300°C) e uma fria (temperatura -50°C). Qual o
rendimento dessa máquina em percentual?

Resolução:

Para o cálculo do rendimento do ciclo de Carnot, utiliza-se a equação


abaixo, substituindo as temperaturas das fontes fria (T F) e quente (TQ), em
Kelvin.

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|𝑇𝐹 | 273 − 50
 =1− = 1− = 0,61
|𝑇𝑄 | 273 + 300

O valor encontrado refere-se ao rendimento na medição unitária


(de 0 a 1), sendo necessário multiplicar por 100 para obtermos em porcentual.

0,61.100 = 61%

Portanto, o rendimento desse ciclo é de 61%.

SÍNTESE
Nesta rota revisamos as propriedades das substâncias puras e como
essas são representadas em diagramas e tabelas. Verificamos as leis da
Termodinâmica que regem a transferência de energia, envolvendo estas
substâncias e a correlação destas leis com as máquinas térmicas.

REFERÊNCIAS
NETZ, P. A. Fundamentos da Físico-Química. Porto Alegre: Artmed, 2005.

KLAR, A. E. A água no sistema. São Paulo: Nobel, 1988.

ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. 7. ed. Mc Graw Hill, 2013.

DOMÍNGUEZ, M. M.; ANTONIO, A. J. R.. Máquinas Térmicas. Madrid: UNED,


2014.

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