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Grandes estruturas
Gabriela Martins Souza Brisola
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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2019
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e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 4
Grandes estruturas���������������������������������������������������������������������������������������� 5
Seção 1
Conceitos básicos das hidrelétricas�������������������������������������������������� 7
Seção 2
Obras portuárias�������������������������������������������������������������������������������23
Seção 3
Engenharia de aeroportos���������������������������������������������������������������40
Unidade 4
Grandes estruturas
Convite ao estudo
Caro aluno, seja bem-vindo à última unidade da disciplina Pontes e
Grandes Estruturas.
As pontes são obras de engenharia que fascinam pela grandiosidade e
complexidade. Mas muitas outras estruturas despertam a nossa curiosidade
pelo seu porte imponente, como as hidrelétricas, os portos e os aeroportos.
É comum observarmos essas estruturas e nos questionarmos sobre como
elas são construídas e quão desafiador é atuar no projeto e execução de uma
obra desse porte.
Para atuar nessas obras, o engenheiro civil deve se especializar, buscar
conhecimentos e experiência. Nesta unidade, você conhecerá os conceitos
básicos de grandes estruturas, os principais componentes de uma central
hidrelétrica, os conceitos básicos de portos, suas principais terminologias
e as principais obras portuárias brasileiras, além de entender os conceitos
básicos de aeroportos e dimensionamento de pistas de pouso. Sua curiosi-
dade em pesquisar mais sobre o assunto será essencial para o bom enten-
dimento do tema.
Para isso, você será inserido em uma empresa multinacional de
engenharia e gerenciamento de grandes obras. Como trainee, você passará
por todos os departamentos técnicos de cada segmento (hidrelétricas, portos
e aeroportos) e, portanto, será necessário compreender as principais carac-
terísticas de cada tipo de construção, além do funcionamento e principais
técnicas em cada área de aplicação.
Na Seção 4.1, no estudo da hidroeletricidade, será necessário conhecer
os componentes fundamentais de uma central hidrelétrica, além das fases
relevantes em uma obra desse porte.
Como os portos e aeroportos pertencem ao estudo do universo logís-
tico dentro das Grandes Estruturas na engenharia, na Seção 4.2, você deverá
conhecer os tópicos que envolvem o funcionamento das obras portuárias,
bem como embarcações e hidrovias. Por fim, na Seção 4.3, você precisará
conhecer os itens básicos sobre aeroportos e direcionar seus estudos para o
dimensionamento do pavimento das pistas de rolamento.
Imagine quantas áreas da engenharia estão envolvidas nessas obras. E da
engenharia civil? Quais os conhecimentos de estruturas, materiais, geotecnia,
hidráulica são necessários?
É hora de utilizar tudo o que você aprendeu até agora. Vamos lá!
Seção 1
Diálogo aberto
Nessa primeira seção da Unidade 4, aprenderemos as características
principais de grandes construções, como centrais hidrelétricas. Construções
desse porte são comuns em nosso país. Por isso, entender o funcionamento
e conhecer os principais componentes de uma obra é um diferencial na
formação de um bom profissional da engenharia civil. Além disso, conhecer
as etapas de construção mais relevantes em uma obra dessa categoria capacita
o profissional a compreender as etapas iniciais de concepção e planejamento
da obra, até fases finais de execução.
Vamos relembrar a sua situação profissional? Na empresa em que você
trabalha, está em andamento a elaboração de um contrato que tem como
objetivo a construção de uma central hidrelétrica. Devido ao seu bom desem-
penho em projetos anteriores, nesse momento, você foi realocado pelo seu
supervisor para participar do desenvolvimento de um projeto de construção
de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) no estado de Tocantins.
O estudo geotécnico já informou que não há grandes camadas de solo
argiloso, ou seja, não há muito material de terra disponível no local e, ainda,
foi encontrada uma região de maciço rochoso, identificado como não viável
à exploração da rocha. O estudo prévio definiu o local da obra de acordo
com a vazão de água existente na região (apesar de o nível da água não ser
naturalmente elevado, como o esperado) e devido à facilidade de acesso de
materiais como aço e concreto.
O projeto está no início da primeira etapa, ou seja, em fase de planejamento
e reconhecimento do local e dos componentes principais. Essa etapa engloba
a definição dos componentes, conforme definidos pela Eletrobrás (2000,
[s.p.]) em “Diretrizes para Elaboração de Projeto Básico de Pequenas Centrais
Hidrelétricas”. Como engenheiro trainee, você deve ser capaz de identificar:
• As premissas da central hidrelétrica do tipo pequena (PCH).
• As principais estruturas ou equipamentos que envolvem uma
construção desse porte.
Sua missão nessa equipe é relacionar as informações relativas à construção
de uma PCH, como premissas e equipamentos principais, identificando
brevemente as suas respectivas funções, para garantir o avanço do projeto.
7
Não pode faltar
8
Assimile
O potencial hidráulico de uma central hidrelétrica é definido em função
da vazão de referência do leito de rio (obtido mediante estudo hidro-
lógico) e altura total da queda d’água. Com esse estudo, o levanta-
mento do potencial hidráulico permite identificar as possibilidades de
construção de PCHs em uma determinada região. Assim, a potência
gerada pela central hidrelétrica será uma parcela do valor máximo de
potencial hidráulico estimado para a região onde ela será instalada.
9
comuns de barragens em centrais hidrelétricas, que são os de: terra,
enrocamento e concreto.
–– De terra: adequada para regiões de topografia ondulada, em vales
ou locais de área com materiais argilosos/arenosos suficientes para
a construção de um maciço de solo compactado. O projeto da
barragem deve prever dimensões como largura e cota (ou folga) da
crista, inclinação dos taludes (montante e jusante), largura da base
do núcleo da barragem ( bn ) e base da fundação ( b f ). Outros itens,
como os desarenadores, responsáveis pela eliminação dos depósitos
do fundo, e drenos, que funcionam como filtros, para passagem da
água sem provocar erosão, devem ser previstos conforme exempli-
ficado na Figura 4.1.
Figura 4.1 | Representação esquemática de uma barragem de terra
10
Figura 4.2 | Representação esquemática de uma barragem de enrocamento
Fonte: iStock.
11
Reflita
As barragens são obras construídas para armazenamento de água
e podem ser usadas para abastecimento de água, para promover
proteção contra inundações, para navegação, além de serem utilizadas
na geração de energia hidrelétrica. Contudo, a construção de uma
barragem deve prever o impacto ambiental causado pelo bloqueio do
curso natural dos rios.
Essas obras alteram a migração genuína dos peixes, além de alterarem
o oxigênio presente na água. Os reservatórios têm responsabilidades
diante das mudanças climáticas, devido à alteração na quantidade de
evaporação da água. Além disso, causam deslocamento de pessoas que
moram próximo de jusantes e, em casos de rompimento, podem afetar
os ecossistemas no entorno. Como viabilizar a construção civil diante de
fatores ambientais tão relevantes?
Fonte: Shutterstock.
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–– Tomada d’água: estrutura fundamental nas centrais hidrelétricas,
pois tem a função de conduzir a água do rio ou reservatório para
um conduto forçado, ou seja, a tubulação sob pressão que leva
a água à turbina. A tomada d’água ou duto de água sob pressão
(Figura 4.5) é projetada, definindo o seu eixo, para fornecer a
vazão máxima de projeto e, com isso, a máxima eficiência hidráu-
lica na geração de energia. Nessa região, também é necessária uma
comporta de serviço, com a função de impedir o fluxo de água
quando o sistema precisa ser esvaziado e o sistema de condução de
água deve ser reparado. Junto a essas estruturas, são construídas
limpa-grades de proteção, a montante da estrutura, que impedem
a entrada de detritos e corpos flutuantes nos condutos de adução,
provenientes de corredeira do rio, que podem obstruir e danificar
as turbinas, máquinas e outras estruturas adjacentes.
Figura 4.5 | Esquema de usina hidrelétrica com tomada d’água
Linha de
Reservatório transmissão
Transformador
Gerador
Água sob
pressão
Turbina
Pesquise mais
Conheça mais sobre os componentes de adução e sobre as análises
necessárias no capítulo 10, Obras de adução, do livro Pequenas Centrais
Hidrelétricas, disponível na sua Biblioteca Virtual.
FLÓREZ, R. O. Obras de adução. In: FLÓREZ, R. O. Pequenas centrais
hidrelétricas. São Paulo: Oficina de Textos, 2014. cap. 10, p.174-206.
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–– Desarenador: estrutura de canais e condutos de adução (ver
Figura 4.1), próximo de tomada d’água, com a função de remover
sedimentos naturalmente transportados pelos rios. Uma elevada
concentração de sedimentos potencializa o fenômeno de corrosão
das pás das turbinas por consequência da abrasão e, com isso,
exige a manutenção ou troca dos equipamentos com mais frequ-
ência. Segundo Estigoni, Lima e Vasquez (2018), o funciona-
mento de um desarenador consiste na redução da velocidade do
escoamento, que ocorre por meio de uma expansão (lateral e em
profundidade) do canal de adução em que o desarenador está
instalado (ver Figura 4.6). Dessa forma, a remoção dos sedimentos
é feita por meio da deposição das partículas e, em determinados
períodos, é necessária a interrupção da operação para limpeza do
desarenador. Por isso, é comum a utilização de ao menos duas
câmeras desarenadores, em paralelo.
Figura 4.6 | Desenho esquemático de um desarenador em planta (a), em que a expansão lateral
e o aumento de profundidade fazem com que a velocidade no desarenador ( V2 ) seja menor do
que no canal ( V1 ), garantindo a deposição dos sedimentos cuja trajetória está representada
pelo tracejado em (b)
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Exemplificando
A remoção de areia faz parte de um tratamento primário na água, que
inclusive é utilizado em Estações de Tratamento de Água. O desarenador
deve ser dimensionado de forma que o material pesado seja depositado
ao fundo, por consequência da movimentação da água. Posteriormente,
a areia depositada nos tanques deve ser removida por um sistema de
limpeza. Em UHEs, deve-se prever a saída dos sedimentos por um tubo
de fundo, de forma que não seja necessário interromper o funciona-
mento da usina para manutenção dos equipamentos.
Pesquise mais
A turbina gira devido à força da água que chega através do conduto
forçado e, de acordo com a vazão da água e a altura da tomada d’água,
o tipo de turbina é definido para a central hidrelétrica. Um exemplo de
turbina do tipo Francis, muito comum nas usinas hidrelétricas, é exposto
no vídeo de animação produzido pela empresa Andritz, disponível no
YouTube, indicado a seguir:
ANDRITZ Hydro turbine animation – Francis. [S.l.]: ANDRITZ GROUP,
2019. 1 vídeo (1 min 40 s). Publicado pelo canal ANDRITZ GROUP.
Para compreender o funcionamento do gerador que transforma a
energia mecânica do movimento das pás da turbina em energia elétrica,
vale a pena assistir ao vídeo a seguir, disponível no YouTube:
GENERATOR. [S.l.]: Voith, 2016. 1 vídeo (2 min 48 s). Publicado pelo
canal Voith Hydro.
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de um local é feita por meio da linha de transmissão. Através de trans-
formadores, que são equipamentos usados para elevar a tensão gerada
na usina e, portanto, evitar perdas durante o percurso (Figura 4.5), a
energia será encaminhada para os centros urbanos, onde a tensão é
rebaixada para distribuir a energia pela cidade.
Pesquise mais
No capítulo 1 do livro a seguir, você verá os arranjos e componentes
de hidrelétricas.
OLIVEIRA, B. A. de. Conhecendo os componentes de uma usina hidrelé-
trica. São Paulo: Oficina de Textos, 2017.
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Sem medo de errar
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• Subestação e linhas de transmissão: será construído local com trans-
formadores, que aumentam a tensão da energia gerada, para evitar
perdas durante a transmissão até os centros urbanos.
Definir as premissas e os tópicos principais a serem estudados para a
construção da PCH é uma etapa importante no planejamento de qualquer
projeto de construção civil. Com essas informações em mãos, o seu objetivo
foi alcançado com sucesso.
Avançando na prática
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Figura 4.8 | Três tipos de turbinas por faixa de operação
Diante das informações citadas, considere que você está analisando o uso
de uma turbina para uma PCH com altura da tomada d’água de 100 m e
vazão da água Q de velocidade 10 m3 / s . Defina o tipo de turbina adequado
para essa central hidrelétrica.
Resolução da situação-problema
Para definir o tipo de turbina, você deverá analisar a altura de queda (100
m) e a vazão ( Q = 10 m3 / s ). De acordo com o gráfico da Figura 4.9, temos
que, para esses parâmetros, podemos adotar a turbina do tipo Francis, para a
construção da casa de força da PCH.
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Figura 4.9 | Análise gráfica
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III. Barragens de terra podem ser construídas sobre fundações de resis-
tência mais baixa, se comparadas com barragens de concreto.
IV. A perda de água por meio de fundações e aterros é considerada uma
falha que pode levar à ruptura.
V. Barragens são estruturas indispensáveis, porém devem ter riscos
reduzidos a níveis aceitáveis.
Considerando o contexto apresentado e com base no seu conhecimento
geotécnico sobre barragens, é correto o que se afirma em:
a. I e II, apenas.
b. I, II e III apenas.
c. I, II, III e IV, apenas.
d. I, III e IV, apenas.
e. I, III, IV, V, apenas.
Fonte: https://www.ppi.gov.br/html/objects/_viewblob.php?cod_blob=4066&width=0&hei�
-
ght=0. Acesso em: 2 set. 2019.
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b. A usina hidrelétrica Agro Trafo trata-se de uma PCH (Pequena
Central Hidrelétrica), pois tem capacidade instalada entre 5.000 kW e
50.000 kW e área máxima de reservatório de até 13km2 .
c. A usina hidrelétrica Agro Trafo é uma PCH (Pequena Central
Hidrelétrica), já que tem apenas três unidades geradoras de energia.
d. O processo de geração de energia nesse caso se dá pela transformação
da energia hidráulica, por meio das turbinas, em energia mecânica,
transformada em energia elétrica pelo gerador.
e. O processo de geração de energia neste caso se dá pela transformação
da energia mecânica, por meio das turbinas, em energia hidráulica,
transformada em energia elétrica pelo gerador.
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Seção 2
Obras portuárias
Diálogo aberto
Caro aluno, você já está avançando na aprendizagem das obras das
grandes estruturas na engenharia civil, certo? Inicialmente, estudamos o
funcionamento das centrais hidrelétricas, aprendemos quais os principais
equipamentos de uma unidade e ainda entendemos como é feita a geração de
energia elétrica. Nesta seção, você vai conhecer as principais características
das obras portuárias.
Em nosso país, utilizamos tanto o transporte hidroviário marítimo
quanto o fluvial. A sua formação como engenheiro civil está relacionada com
a construção ou adaptação de vias navegáveis e, por isso, conhecer o funcio-
namento de cada item envolvido nessa área é um grande diferencial para
identificar as potencialidades e necessidades de cada tipo de construção.
A sua situação profissional está contribuindo para que você aprenda
mais sobre as grandes estruturas. Vamos relembrar o meu momento profis-
sional? Atualmente, você trabalha em uma empresa multinacional, com vários
departamentos em diversos segmentos da engenharia civil. O seu supervisor
identificou uma vaga disponível no departamento de obras portuárias, em
um contrato que tem como objetivo a construção de um terminal hidroviário
localizado no rio Madeira, na cidade de Porto Velho, no estado de Rondônia.
Devido ao seu ótimo desempenho nos projetos anteriores, você foi realocado
para esse departamento. O projeto está em fase de planejamento estratégico
inicial e isso inclui compreender os sistemas necessários que envolvem as vias
navegáveis, para então começar o projeto básico do terminal. O investimento
nessa região se deve à projeção da movimentação futura de cargas pelo estado,
onde atualmente há apenas um complexo portuário, construído em 1973.
Sua equipe já informou que, até o momento, nenhum estudo foi realizado
para conhecer o comportamento do rio naquela região. Como engenheiro
trainee, você se comprometeu a identificar:
• Os estudos necessários para conhecer o comportamento natural do
curso d’água do Rio Madeira.
• Obras que devem ser realizadas para garantir o completo aproveita-
mento do rio e boas condições de navegação.
• Soluções viáveis para resolver problemas de desassoreamento
(limpeza no fundo do rio) e alargamento do canal.
23
• Soluções viáveis para desníveis ao longo do rio.
Com esses dados em mãos, você está apto para expor à sua equipe as
premissas e fatores que envolvem uma construção desse porte. Vamos lá?
Reflita
Segundo Portobras (SEMINÁRIO..., 1981), a hidrovia é uma modalidade
de transporte que apresenta o menor consumo de energia. Na sequência,
encontra-se a ferrovia, a dutovia, a rodovia e, por fim, a aerovia, com um
aumento de consumo de 126%, se comparada à hidrovia.
De acordo com o PNLT (2012), o uso de transporte rodoviário é de 52%,
contra 30% do ferroviário, 5% do dutoviário e 5% do hidroviário. Ainda,
de acordo com estudos do Banco Mundial (GUASCH, 2012), tem-se que,
no Brasil, os custos logísticos representam uma média de 20% do valor
do PIB (Produto Interno Bruto). Ou seja, é evidente o grau de impor-
tância dos sistemas de transporte eficientes em relação ao desenvol-
vimento econômico do país. Com base nesses dados, a que se refere o
pouco uso do transporte marítimo e fluvial no Brasil?
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Para executar uma obra que envolve a navegação, noções de hidrografia
e hidrologia são importantes para conhecer o comportamento natural dos
cursos d’água. Dessa forma, um estudo da hidráulica fluvial permite prever o
desempenho dos trajetos da água e eventuais impactos causados por altera-
ções impostas. Na hidrografia, tem-se como objetivo determinar os fatores:
• Levantamento das seções transversais.
• Valores de vazões e velocidades.
• Transporte de material sólido e qualidade da água.
Esse estudo permite conhecer os elementos característicos dos rios ou
canais e, portanto, permite um conhecimento do comportamento do curso
d’água. Para isso, são necessários levantamentos de topografia, altimetria
fluvial, bem como de vazões e velocidades. Considere que altimetria é o
estudo da variação dos níveis do rio, que pode ser medida por meio da leitura
da cota de fundo e da determinação da seção transversal, com o uso de sonda.
Essa leitura, com uso de réguas, permite determinar os níveis do curso d’água
médio e em período de estiagem, conforme exemplificado na Figura 4.10. A
análise do comportamento da movimentação de material sólido no fundo do
rio interfere na compreensão do comportamento do canal ao longo dos anos.
Caso haja previsibilidade de transporte de sedimentos, deve-se prever em
projeto o aumento de profundidade do nível de fundo do canal e garantir o
depósito desse material em local que não prejudique a navegação.
Figura 4.10 | Esquema de instalação e réguas na margem do rio
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O estudo da hidrologia aborda a distribuição da água nas parcelas que
se evaporam, escoam ou infiltram. Um fator relevante a se conhecer é o
coeficiente de escoamento (R), ou seja, a relação entre o volume de água
que escoou superficialmente em uma superfície, ou bacia (V), e o total de
água que precipitou nessa mesma área, ou bacia (P), sendo essa característica
substancial para um trabalho de hidráulica fluvial. A quantidade de chuva
pode ser medida por meio de aparelhos como os pluviômetros ou pluvió-
grafos, de forma que se meça a quantidade de água caída e acumulada em
uma superfície plana. Esse estudo por um período de tempo determinado
caracteriza a intensidade da chuva, um dado importante para o estudo das
características de uma bacia. Já a infiltração é a penetração da água nas
camadas de solo, que ocorre por gravidade, até atingir uma camada imper-
meável e formar os lençóis freáticos. Ao conhecer o processo de infiltração
da bacia a ser estudada, pode-se determinar a quantidade de água precipitada
que efetivamente contribui para os rios.
Outro estudo imprescindível é o da morfologia fluvial, ou seja, o estudo da
formação, evolução e estabilização dos cursos d’água naturais. Nesse contexto,
as águas apresentam duas características distintas: águas livres e sujeitas. O
termo águas livres é o termo dado à água na região das cabeceiras das bacias
hidrográficas. Nesse ponto, percorrem de forma aleatória por causa da decli-
vidade intensa do solo. As águas livres aumentam devido às precipitações e
realizam erosão por onde passam, levando consigo obstáculos encontrados
pelo caminho. Usualmente, podem ser conhecidas por torrentes. Por outro
lado, à medida que a declividade diminui, as águas perdem velocidade e
percorrem caminhos definidos e limitados pelas margens, como ocorre nos
rios. Para essa situação, dá-se o nome de águas sujeitas.
O trecho navegável em um percurso de água é chamado de canal e a
forma de alimentação desse canal pode ser via:
• Pluvial: nível aumenta ou diminui em função das precipitações.
• Nival: nível aumenta ou diminui em função do degelo de
regiões montanhosas.
Ainda, é possível que um rio seja alimentado mediante essas duas fontes,
como é o caso do rio Amazonas, que se altera em nível em função das chuvas
e em função do degelo da Cordilheira dos Andes, e por isso, tem regime
misto de alimentação (ARAÚJO, 2018).
Os cursos d’água naturais atuam sobre os leitos de forma permanente,
erodindo, transportando e depositando sedimentos até alcançarem o equilí-
brio na movimentação das águas. Nesse processo, uma grande quantidade de
material sólido é levada para outros rios, lagos e oceanos. Segundo Medeiros,
26
Funha e Grison (2009), os sedimentos se iniciam com a erosão da bacia e do
leito, e as partículas são transportadas por suspensão, saltação e deslizamento
ou rolamento (Figura 4.11).
Figura 4.11 | Modo de transporte dos sedimentos
Assimile
A erosão é um processo irreversível que tem potencialmente como
destino final dos sedimentos, o mar. Esse processo deve ser analisado
para identificar riscos gerados pelos sedimentos ao se movimentarem,
como destruição de nascentes, alteração da qualidade de água (devido
à turbidez da água), remoção das camadas férteis de um solo, acúmulo
de partículas em reservatórios, entre outros. Sendo assim, o transporte
de sedimentos não pode ser evitado, mas deve ser previsto.
27
A identificação de rios que apresentem condições apropriadas à navegação,
com seções estabilizadas e características conhecidas do curso d’água, é funda-
mental para elaboração de projetos de construção de vias navegáveis. Nessa
etapa, é necessário identificar a configuração do rio em planta, de forma a definir
um padrão do canal fluvial. A configuração do canal é dada conforme Figura
4.12, sendo o canal retilíneo (canal único, com margens estáveis e bem definidas),
canal anastomosado (que formam um conjunto complexo de canais distribuídos,
separados por ilhas ou elevações, provocando canais com fluxo de baixa veloci-
dade e estáveis), canal meandrântico (rio com curvas acentuadas, pode mudar
constantemente de posição ao longo da planície) e canal entrelaçado (canais com
fluxo de água dividido por obstáculos – ilhas e barras –, porém, é um canal único,
com grande variação de descarga e capacidade de transporte).
Figura 4.12 | Tipos de canais fluviais
Fonte: adaptada de Teixeira et al. (2000) apud Gutiérrez e Cuervo (2019, p. 162).
28
Ao se definir o projeto de uma hidrovia, segundo Silva (2013), as dimen-
sões podem ser definidas conforme exposto na Figura 4.14.
Figura 4:14 | Dimensões desejáveis para canais de navegação.
29
Figura 4.15 | Processo de regularização do rio por contração da seção transversal
30
4.16), que é equipada com um ou dois tubos de sucção, comparan-
do-se a um “aspirador gigante” (IADC DREDGING, 2014, p. 1). Esses
tubos de sucção estão submersos (ver Figura 4.16), sendo arrastadas
pelo fundo do mar, sugando o material durante o andamento do navio.
Figura 4.16 | Representação de uma draga autotransportadora de arrasto e sucção
31
Exemplificando
As dragagens são operações complexas que exigem um projeto muito
bem detalhado, elaborado por um grupo de engenheiros civis, químicos,
ambientais, oceanógrafos e geotécnicos. O projeto deve abordar o
volume total de material a ser dragado, contemplando os equipa-
mentos utilizados e as capacidades de armazenamento e escavação de
cada etapa. Além disso, o projeto deve prever as dimensões do canal
em fase inicial e dimensões a serem alcançadas, por meio de monito-
ramento contínuo. Ainda, o projeto deve considerar os fatores ambien-
tais, os tipos de sedimentos e profundidade do campo hídrico que pode
permitir perigo ao trabalho.
32
• 1,0 metro de largura.
• 0,30 a 0,50 metros de profundidade.
Sendo assim, as eclusas devem ser dimensionadas de acordo com as
embarcações-tipo previstas para o local. Na Figura 4.18, é possível visualizar
uma das duas eclusas que permitem a navegação de Belém até Marabá, pelo
rio Tocantins, no Pará. O desnível, provocado pelo reservatório da Usina
Hidrelétrica de Tucuruí, é de 70 metros aproximadamente e o canal possui
duas eclusas, próximas e independentes, com 210 m de extensão cada uma.
Figura 4.18 | Eclusa de Tucuruí, no Pará, na barragem da Usina Hidrelétrica de Tucuruí
Pesquise mais
No vídeo a seguir, sobre as Eclusas de Tucuruí, é possível entender o
funcionamento das eclusas e visualizar as principais características de
cotas e dimensões nessa construção, no Pará.
SISTEMA de Transposição de Embarcações: As Eclusas de Tucuruí. [S.l.:
s.n.], 2014. 1 vídeo (4 min 41 s). Publicado pelo canal Evirtual, no YouTube.
33
infraestrutura portuária para a construção de um grande terminal portuário,
no qual você está envolvido.
Bons estudos!
34
– Pluvial.
– Nival.
Na sequência, sua função é direcionar as obras que devem ser realizadas
para garantir condições de navegação. São as obras de:
• Melhoramentos gerais: obras simples, como construção de muros ou
diques para limitar o leito do rio, remoção de obstáculos e proteção
das margens.
• Regularizações: que promovem alterações permanentes na navega-
bilidade, como reduzir a largura da seção do rio para provocar o
aprofundamento da cota de fundo da seção inicial.
• Canalização: obra que transforma um rio em patamares, ao construir
barragens com desníveis alcançados por obras de transposição.
O seu planejamento estratégico deve prever soluções para casos de desas-
soreamento, de alargamento do canal, de desobstrução ou de remoção dos
sedimentos que foram depositados no fundo dos rios. Nesses casos, deve-se
prever a dragagem, cuja operação pode ser por:
• Dragas mecânicas.
• Dragas hidráulicas.
Por fim, sua função é prever casos de desníveis ao longo do rio e soluções
para esse problema. Para isso, podem-se adotar os sistemas:
• Mecânicos: com uso de elevadores verticais ou rampas hidráulicas.
• Hidráulicos: com uso de eclusas.
As eclusas podem ser do tipo:
• Simples.
• De câmara múltipla.
• Escada de eclusas.
• Eclusas geminadas.
Definir os primeiros passos para um planejamento de projeto é uma
etapa importante em todas as obras de engenharia. Com essas informa-
ções anotadas, o seu trabalho sobre compreender os pontos importantes na
construção de um terminal portuário foi realizado com sucesso.
35
Avançando na prática
Com a Figura 4.19 como referência e com base em Sardinha (2013), para
as dimensões de um navio do tipo porta-contêineres, temos que:
Quadro 4.1 | Dimensões de um navio do tipo porta-contêineres
ALTURA TOTAL
COMPRIMENTO BOCA (LAR-
TIPO (SUPERESTRUTURA CALADO
TOTAL GURA)
+ PONTAL)
Porta-conten-
100,6 m 16,50 m 8,0 m 6,3 m
tores
36
Resolução da situação-problema
Para a profundidade do canal, H, tem-se:
H m ín = 6,30 + 0,50 = 6,80 m
37
crítico do rio. Esse rio é parte do trajeto no transporte de cargas em geral e
combustíveis, para abastecer Rondônia, Acre e região oeste do Mato Grosso.
Figura | Dragagem no rio Madeira
Fonte: https://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia/rio-madeira-recebe-dragagem-para-garantir-profundida�-
de-de-navegacao.ghtml. Acesso em: 3 set. 2019.
38
I. Como sistema hidráulico, a eclusa é uma grande câmara de concreto
com uma comporta de entrada e uma comporta de saída, associada
a válvulas de entrada e saída da água.
PORQUE
II. A eclusa funciona sem necessidade de bombas e nenhuma energia é
gasta para erguer ou abaixar o navio.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas.
39
Seção 3
Engenharia de aeroportos
Diálogo aberto
Caro aluno, nesta terceira seção da Unidade 4, você aprenderá os princi-
pais itens sobre a construção de terminais aeroportuários. O setor de aviação
regional apresenta um horizonte de constante crescimento, desde o fortaleci-
mento idealizado pelo Governo Federal, ao lançar um Plano de Investimento
em Logística (PIL), em 2012, que previa investimentos em ferrovias, rodovias,
portos e aeroportos. Na sua formação como engenheiro civil, conhecer sobre
as grandes estruturas que envolvem a construção de um aeroporto é um
grande diferencial.
Vamos relembrar o seu desafio profissional? Atualmente, na empresa
em que você trabalha, está em andamento a elaboração de um contrato com
uma empresa de administração e construção de terminais aeroportuários.
Diante do seu perfil proativo e bom desempenho apresentado em contratos
anteriores, neste momento, você foi realocado pelo seu supervisor para o
departamento de engenharia de aeroportos, para participar do projeto de
ampliação do Aeroporto Internacional Salgado Filho, localizado em Porto
Alegre. Além das novas estruturas no terminal de passageiros, o aeroporto
prevê uma extensão da pista de pouso e decolagem.
Sua missão, como engenheiro calculista, é conhecer os itens básicos
dos aeroportos a fim de compreender o andamento do projeto e direcionar
seu trabalho para o dimensionamento do comprimento e da espessura do
pavimento flexível para as pistas de rolamento da ampliação.
Algumas informações já foram recebidas pela sua equipe. A aeronave de
referência, que será utilizada no aeródromo, é do tipo B737, com roda dupla
e peso bruto de 31.300 kg (68.860 lbs). O aeroporto Salgado Filho está locali-
zado a uma altitude de 3 m, em relação ao nível do mar, e a declividade efetiva
da pista é de 0,5%. A temperatura média anual máxima da cidade de Porto
Alegre é de 19,5 C . Um estudo já realizado pelo setor de planejamento prevê
frequência anual de decolagens de 6.000. Sobre o solo na região das pistas, foi
realizado em ensaio de CBR que apresentou valor 10.
Com esses dados em mãos, você está pronto para compartilhar as infor-
mações com a sua equipe para o desenvolvimento do projeto. Vamos para
mais esse desafio?
40
Não pode faltar
41
Ruído e pelas compatibilizações e incompatibilizações ao uso do solo estabe-
lecidas para as áreas delimitadas por essas curvas” (AGÊNCIA NACIONAL
DE AVIAÇÃO CIVIL, 2011, p. 4).
Conforme o Código Brasileiro de Aeronáutica, tem-se por definição que
“aeródromo é toda área destinada a pouso, decolagem e movimentação de
aeronaves” (BRASIL, 1986, art. 27). Com isso, aeroportos, são aeródromos
públicos com instalações e comodidades para operações de aeronaves,
incluindo o apoio ao embarque e desembarque de pessoas e cargas (BRASIL,
1986, art. 31). Aeródromos públicos visam ao transporte de passageiros, à
exportação e à importação de cargas, enquanto aeródromos privados são
usados para treinamento de pilotos, táxi aéreo, atividades de paraquedismo
e atividades agrícolas.
Assimile
A definição do local para construção de um terminal também será em
função da variedade dos serviços oferecidos pelo aeroporto e da quanti-
dade de voos e aeronaves previstos. Aeroportos que viabilizam o
tráfego de uma grande quantidade de passageiros exigem maior
movimentação de aeronaves e, com isso, demandam um espaço maior.
Atualmente, o maior terminal aeroportuário da América Latina, com
maior movimentação de passageiros, é o Aeroporto Internacional de
São Paulo/Guarulhos – Governador André Franco Montoro, com mais
de 11 km 2 de área total (HISTÓRICO..., [s.d.]).
42
vias de taxiamento, tamanho e localização do pátio de aeronaves, além das
distâncias até as edificações para movimentação e apoio aos usuários.
Um código de referência de aeródromo (contendo dois elementos: uma
letra e um número) é utilizado para planejamento do projeto do terminal e
deve ser definido conforme as características das aeronaves previstas para utili-
zação. A determinação do comprimento real da pista de rolamento deve prever
o comprimento básico de pista (lbp), ou comprimento mínimo de pista que
é necessário para a decolagem da aeronave com o peso máximo certificado,
ao nível do mar, em condições atmosféricas normais. O código de referência
também está em função da envergadura da aeronave, ou seja, a maior distância
entre a ponta das asas. Os códigos são definidos conforme o Quadro 4.2.
Quadro 4.2 | Código de referência do aeródromo
COMPRIMENTO BÁSICO DE
NÚMERO PISTA (lbp) REQUERIDO PELA LETRA ENVERGADURA
AERONAVE
Fonte: adaptado do Regulamento Brasileiro da Aviação CiviI (RBAC) nº 154 (AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO
CIVIL, 2019, p. 6).
43
Sendo ENV e COMP, a envergadura e o comprimento, em metros; PAX
relata o número de passageiros; PMD e PMA são valores de peso máximo
de decolagem e peso máximo de aterrissagem, em toneladas; CBP é o
comprimento básico de pista, em metros. Com essas informações definidas
é possível partir para a próxima etapa do comprimento necessário de pista.
Conforme exposto no RBAC nº 154 (AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO
CIVIL, 2019), a pista de um aeródromo deve abranger as distâncias decla-
radas, sendo áreas de:
• Pista disponível para corrida de decolagem (TORA): comprimento
declarado da pista, em função do comprimento básico definido, com
largura não inferior a 30 m.
• Distância disponível para aceleração e parada (ASDA): compri-
mento de pista disponível para corrida de decolagem, acrescido de
um comprimento da zona de parada (ou stopway). Deve ter a mesma
largura da pista e comprimento máximo igual à metade do compri-
mento da pista.
• Distância disponível para decolagem (TODA): comprimento de pista
disponível para corrida da decolagem, acrescido de uma extensão
de zona desimpedida (ou clearway) após a cabeceira da pista, para o
sobrevoo na fase inicial de subida. Deve ter mesma largura da pista e
comprimento máximo igual à metade do comprimento da pista.
• Distância disponível para pouso (LDA): comprimento declarado de
pista disponível para corrida no solo durante o pouso da aeronave.
Um exemplo de aplicação das distâncias relatadas é demonstrado na
Figura 4.20, sendo a cabeceira da pista o ponto A, no início da decolagem.
Em caso de falha de um motor ao atingir a velocidade V1 , ele deve escolher
entre interromper ou continuar a decolagem. Em caso de interrupção, ao
frear, o avião para no ponto Y – por isso a distância A-Y é chamada de
distância para aceleração e parada. Ao decidir prosseguir com a decolagem,
o avião acelera até atingir a velocidade de rotação, VR (no ponto C), e antes
de chegar no ponto limite X. A aeronave se prepara para decolar e inicia o
voo no ponto D, com velocidade de decolagem, VLOF , alcançando a veloci-
dade mínima de subida depois de ter passado a 10,70 m sobre a superfície da
pista, no ponto Z, alcançando a velocidade V2 . Se a falha no motor ocorrer
antes de alcançar a velocidade V1 , o piloto interromperá a decolagem,
freando até alcançar o ponto Y. Se não ocorrer falha no motor, o avião
percorre até atingir VR , VLOF e V2 , antes de atingir as distâncias limites.
44
Figura 4.20 | Distâncias associadas à decolagem, com falha de um motor
45
A Temperatura Padrão (TP) na altitude do aeroporto pode ser obtida (em
°
C ) pela expressão:
TP = 15 - 0,0066 ´ H
Reflita
Reportagem do jornal O Globo (MAIOR DESASTRE..., 2017) retrata o
acidente da aeronave Airbus A320, da companhia TAM, no Aeroporto
de Congonhas, que colidiu contra um edifício, levando à morte de 199
vítimas. Contudo, é citado que, se o pouso tivesse sido realizado no
Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, o acidente não teria
ocorrido, pois as pistas e o espaço no entorno são maiores.
Diante disso, como prever áreas de escape em casos de acidente, com
aeronaves em operação nos aeródromos? Ou até que ponto terminais
aeroportuários podem oferecer riscos à vizinhança ao seu redor?
46
aeródromo geralmente são utilizados os pavimentos flexíveis nas pistas de
pouso e decolagem, e pavimentos rígidos para zonas de estacionamento
das aeronaves.
Para dimensionamento do pavimento flexível, deve-se determinar a
espessura mínima das camadas. O método de dimensionamento proposto
pela International Civil Aviation Organization (ICAO) (1983) faz uso de
ábacos, com a finalidade de indicar a espessura total do pavimento (revesti-
mento + base + sub-base) e a espessura das camadas de revestimento e base
(SILVA, 2016). A diferença entre esses valores encontrados define a camada
de sub-base. Esses ábacos podem ser usados para áreas críticas (camadas de
revestimento de 4 polegadas ou 10 cm) e não críticas (camadas de revesti-
mento de 3 polegadas ou 8 cm). Com isso, também é possível determinar a
altura da base especificamente.
Exemplificando
Atualmente, existem softwares gratuitos que permitem o dimensiona-
mento de pavimentos flexíveis de forma eficaz, para diferentes tipos
de aeronaves. Ainda, é importante frisar que o método por ábacos
apresenta a dimensão mínima das camadas, de acordo com determi-
nações normativas. O engenheiro calculista deve confirmar esses dados
periodicamente em busca de novas atualizações, seja de aeronaves ou
de normas técnicas.
47
assim a espessura total do pavimento em análise. A espessura da sub-base
é feita da mesma forma, alterando o valor inicial de entrada referente ao
ensaio CBR.
Pesquise mais
Sugerimos que assista ao vídeo a seguir, disponível no YouTube, que
apresenta a visualização do tráfego aéreo do aeroporto mais movimen-
tado da Europa, o terceiro mais movimentado do mundo, durante 24
horas: o aeroporto Heathrow, em Londres.
24 Hours European Flight Air Traffic Visualization (HD). [S.l.: s.n.], 2014. 1
vídeo (1 min 59 s). Publicado pelo canal Ghost Protocol.
Figura 4.21 | Curva para dimensionamento de pavimento flexível em áreas críticas, para o caso
de aeronaves com roda dupla
48
Depois de conhecer os principais dados de dimensionamentos que
envolvem um aeródromo, você pôde perceber que há várias áreas da
engenharia interligadas para proporcionar segurança e eficiência ao trans-
porte aéreo.
49
verde). O valor encontrado na abcissa inferior (ponto B) é o valor da espes-
sura do pavimento, de 16,5 in ou 42 cm aproximadamente.
Figura 4.22 | Curva para dimensionamento de pavimento flexível para o caso de aeronaves com
roda dupla
50
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
Para solução, entrar com o valor na ordenada à esquerda (Figura 4.24),
que indica a tensão à tração na flexão no concreto e traçar uma reta horizontal
(em vermelho), no ponto de intersecção com a curva referente ao módulo K.
Em seguida, traçar uma reta vertical (em azul) e, ao encontrar a reta referente
ao peso da aeronave, traçar reta horizontal (em verde), até a ordenada da
frequência de decolagens anuais, 6.000. Dessa forma, constatamos que a
espessura da placa rígida é de aproximadamente 24 cm.
51
Figura 4.24 | Curvas de projetos para pavimentos rígidos – trem de pouso de roda simples:
resolução da situação-problema
Fonte: iStock.
52
Sobre a aeronave apresentada, assinale a alternativa correta.
a. A aeronave A380 apresenta código de referência 1F, já que apresenta
comprimento de 72 m e envergadura de 79 m.
b. Para a aeronave A380, é considerado o código de referência 4F, já que
apresenta peso bruto de 275 toneladas e capacidade para 850 passageiros.
c. O código de referência da aeronave A380 é o mesmo da aeronave B737,
que tem comprimento básico de pista de 1.920 m e envergadura de 29 m.
d. A aeronave A380 apresenta comprimento básico de pista de 2.779 m
e, portanto, o comprimento real da pista não precisa ser ajustado por
fatores de correção (c).
e. A aeronave A380 apresenta comprimento básico de pista de 2.779 m
e, portanto, o comprimento real da pista deve ser ajustado por fatores
de correção (c).
53
a. I e II, apenas.
b. I, II e III, apenas.
c. I e III, apenas.
d. I, III e IV, apenas.
e. I, III e V, apenas.
54
REFERÊNCIAS
24 Hours European Flight Air Traffic Visualization (HD). [S.l.: s.n.], 2014. 1 vídeo (1 min 59 s).
Publicado pelo canal Ghost Protocol. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=v1k-
fW1d3zsA. Acesso em: 4 set. 2019.
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