Hugo Felipe Rafael Muquiuti Oclécio Monaco Torrilhas Júnior Victor Bogo Polidorio1
O artigo “Sistema bloqueador veicular”2, de autoria Coelho Junioes et al.
(2015), tem como objetivo a produção de um sistema de bloqueio veicular que possibilite ao próprio usuário realizar o acionamento do sistema, sem a dependência de alguma empresa para realização de tal serviço, evitando assim custos como taxas de instalação, manutenção e mensalidades. Além disso, o bloqueador veicular foi projetado para ser de baixo custo, fácil manuseio e de fácil instalação para qualquer técnico com conhecimento breve em linguagem de programação C. Os autores ainda ressaltam o excesso de roubos e furtos de carros nas grandes capitais e a facilidade dos assaltantes em desabilitar os sistemas oferecidos por empresas, devido ao conhecimento prévio do seu funcionamento. Destacam também a falta de incidência de trabalhos voltados a esse assunto nos bancos de dados acadêmicos. O trabalho desenvolvido se estrutura em fundamentação teórica, metodologia, testes e resultados, e conclusão. Na fundamentação teórica, os autores trazem que o dispositivo bloqueador veicular desenvolvido foi feito com base na utilização do micro controlador PIC16F877A, linguagem de programação em C e tecnologia GSM. O micro controlador especificado é indicado para aplicações simples, e o programa transferido para ele pode ser regravado quantas vezes forem necessário (SEDRA; SMITH, 2007) 3. A linguagem de programação é uma série de instruções para que o processador execute determinadas tarefas. Na linguagem C, todo programa é basicamente um conjunto de função que possui um nome e argumento associados, e é 1 UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná-Campus Toledo), graduandos em Engenharia Eletrônica. 2 COELHO JUNIOR, Eueliton; VILAS, Genivaldo; SOUSA, Humberto; FERREIRA, Adriano; QUINTINO, Luís. SISTEMA BLOQUEADOR VEICULAR. Revista Científica Semana Acadêmica. Fortazela, ano MMXV, Nº. 000077, 17/12/2015 3 SEDRA, A. S.; SMITH, K.C. Microeletrônica. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 848p. composta por declarações de variáveis e linhas de comando (DEITEL; DEITEL, 2011)4. A sigla GSM significa, em português, Sistema Global para Comunicações Móveis, desenvolvido pela 3GPP. Esta tecnologia se baseia em um sistema aberto, não proprietário, que consegue atingir áreas que a cobertura terrestre não alcança (BRAGHETTO; SILVA; BRISQUI; COSTA, 2003)5. Segundo Coelho et al. (2015), foram realizados testes em um carro elétrico em miniatura, que possibilitou serem feitos ajustes e verificar a funcionalidade do sistema proposto, provando-se ser “altamente viável”. O sistema teve como núcleo fundamental para seu funcionamento uma placa microcontrolada. O custo dos componentes do dispositivo foi de 95,4 reais, o que deveria sofrer uma pequena alteração para implementação em um veículo de tamanho real, devido às adaptações necessárias. O funcionamento do sistema foi proposto na metodologia do seguinte modo: após ligar o motor, o usuário deverá pressionar o botão de segurança para que o veículo continue em seu funcionamento normal. Caso contrário, alguns segundos do acionamento da ignição bloqueará o veículo automaticamente, ocasionando desligamento do motor, disparo de sirene e do pisca alerta. O mesmo acontece caso o usuário efetue uma ligação para o número do chip acoplado ao sistema. Depois, para desativar um eventual bloqueio do veículo pelo sistema, o usuário deverá pressionar o botão de segurança e efetuar uma ligação para o número do chip acoplado ao sistema. No momento em que o sistema iniciar a desativação do bloqueio, a sirene do alarme sofrerá uma alteração no som emitido, o que consiste em três toques rápidos. Após a constatação do primeiro toque da sirene, o usuário pode desligar o telefone e soltar o botão de segurança. Ainda na visão dos autores, houve dificuldade em relação ao sinal de rede de operadora escolhida, visto que em alguns locais não era possível receber sinal. A solução encontrada por eles foi utilizar um aparelho celular que comporte dois chips de operadoras distintas. 4 DEITEL, H. M.; DEITEL P. J. C – Como Programar. 6. Ed., São Paulo: Pearson Education, 2011. 692p. 5 BRAGHETTO, L. F. B; SILVA, S. C. DA; BRISQUI, M. L.; COSTA, P. Redes GSM e GPRS. 2003. 46f. Dissertação (Pós-Graduação em Redes Computadores) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2003. Disponível em . Acesso em: 12 setembro de 2015 Ao analisarmos o artigo, é possível perceber uma precariedade estrutural, visto que os autores reafirmam a mesma ideia repetidas vezes. Não seria difícil reduzir as três páginas iniciais pela metade. As informações trazidas que dizem respeito à quantidade de carros furtados ou roubados não apresentam a fonte dos dados, passando a ideia de senso comum. Ainda, Coelho Junior et al. não se mostram consistentes quando criticam o fato de os bloqueadores veiculares atuais já terem seu funcionamento conhecido, inclusive pelos criminosos. Fato que observa-se, também, na ênfase de que o dispositivo desenvolvido por eles foi feito para ser de fácil uso, manuseio e instalação, levando-nos a questionar se esse dispositivo não teria, então, os mesmos problemas que os autores creditam aos demais já existentes. Troca- se o conhecimento difundido dos modelos atuais pela simplicidade do sistema proposto, porém mantém-se o problema de ser fácil adquirir o conhecimento de seu funcionamento. Na fundamentação teórica é citado o uso de tecnologia GSM, porém não foi especificado como essa foi utilizada no projeto desenvolvido. Algo parecido acontece com o que é chamado pelos autores de “Botão de Segurança”, que é apresentado como essencial para o funcionamento do dispositivo na prática, no entanto, ao leitor não é explicado exatamente o que seria esse botão ou onde estaria localizado. A solução para o problema em relação ao sinal de rede da operadora escolhida encontrada pelos autores não aparenta ser de fato uma solução, que, segundo eles, seria a implementação de um segundo chip em funcionamento simultâneo ao primeiro, visto que não é levado em conta que ambos estão suscetíveis aos mesmos problemas de falta de sinal, inclusive simultaneamente, seja em lugares remotos ou em locais subterrâneos. Portanto, apesar de o projeto em si mostrar-se plausível, sua execução parece não levar em conta diversos problemas apresentados até no desenvolvimento do artigo, requerendo uma revisão bastante apurada de sua construção.