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Relatório experimental
Campinas – SP
Outubro de 2015
1
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO 3
1.2 Objetivos 4
2. REVISÃO TEÓRICA 4
3.1 Picnometria 8
3.2 Viscosimetria 8
4. MEMORIAL DE CÁLCULO 10
4.1 Picnometria 11
4.2 Viscosimetria 12
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 15
6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES 19
7. NOMENCLATURA 20
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 21
9. ANEXO 22
3
1. INTRODUÇÃO
Reologia é uma palavra de origem grega que une os termos "rhéō", que significa "fluxo"
e do termo "-logia", que significa "estudo do", sendo utilizada pela primeira vez por Bingham
e Crawford para descrever o estudo dos fluídos no caso de materiais líquidos e deformação no
caso dos sólidos. Essa área da ciência tem como objetivo a caracterização dos fluidos com base
em suas propriedades de escoamento, relacionando a força aplicada com a deformação do
mesmo. Dessa maneira pode-se dividir os fluidos em duas grandes categorias, sendo essas as
de fluidos newtonianos — aqueles que respondem linearmente à força aplicada — e os não-
newtonianos, que possuem variadas reações à força aplicada a ele, podendo variar sua
viscosidade aparente com a força aplicada, assim como podem mudar a resposta ao longo do
tempo de aplicação de uma força constante.
De maneira geral os fluidos respondem corretamente à lei da potência (ou modelo de
Ostwald-de-Waele), de forma que a relação entre a taxa de deformação (𝛾) e a tensão de
cisalhamento (τ) é expressa pela equação (1) a seguir, onde K é o índice de consistência e n é o
índice de comportamento do fluido.
𝜏 = 𝐾 𝛾𝑛 (1)
𝛥𝑃 128 𝜇
= 𝑄 (2)
𝐿 𝜋 𝐷4
𝐷 𝛥𝑃 8𝑣
= 𝐾′( )𝑛′ (3)
4𝐿 𝐷
1.2 Objetivos
Neste experimento, focou-se os estudos nos fluidos newtonianos, pseudoplásticos e
dilatantes, buscando caracterizar e classificar reologicamente uma solução polimérica de
carboximetilcelulose 2000 ppm (CMC) através de diferentes vazões em um viscosímetro
capilar de tubos descartáveis, determinando assim o K e n da solução e observando a sua correta
classificação entre as usuais. Realizou-se também o experimento para a água, de forma a
comparar e analisar a precisão do método, uma vez que espera-se que esta comporte-se como
um fluido newtoniano.
O experimento também possui como objetivo a determinação da densidade da solução
polimérica CMC 2000 ppm através da picnometria, utilizando também a água destilada como
parâmetro para estes cálculos.
2. REVISÃO TEÓRICA
Devido ao estudo da reologia estar relacionado à qualificação do comportamento do
fluido quando submetido a tensões, as análises feitas entre a taxa de deformação e a taxa de
5
(1) e reforçado a seguir, a fim de determinar diretamente os valores das constantes reológicas
K e n, e assim classificar o fluido em estudo (MAEGAVA, 1986).
𝜏 = 𝐾 𝛾𝑛 (1)
A vazão volumétrica para este modelo pode ser determinada pelo tempo necessário para
completar determinado volume de uma proveta.
A determinação da diferença de pressão no escoamento, comparando com a pressão
atmosférica devido ao capilar aberto, é calculada a partir da leitura da altura nas réguas
acopladas ao equipamento, conforme equação (4) a seguir:
𝛥𝑃 = 𝜌 𝑔 ℎ (4)
578.919
𝜇 = 𝑒𝑥𝑝(−3.7188 + ) (5)
−137.546 + 𝑇
𝛥𝑃 128 𝜇 128 𝜇
= 𝑄 ⇔𝐷 =( 𝑄 )0,25 (2)
𝐿 𝜋𝐷 4 𝛥𝑃
𝜋 𝐿
𝑄 𝑄
𝑣 = = (6)
𝐴 𝐷2
𝜋( 4 )
Uma expressão determinada por Metzner e Reed permite a correlação entre os valores
de pressão, velocidade e dimensões do capilar com os parâmetros reológicos corrigidos, K’ e
n’, conforme a equação (3) apresentada novamente a seguir:
𝐷 𝛥𝑃 8𝑣
= 𝐾′( )𝑛′ (3)
4𝐿 𝐷
𝐷 𝛥𝑃
Com essa equação é possível a obtenção de um gráfico relacionando o termo ( )e o
4𝐿
8𝑣
termo ( 𝐷 ). A linearização destes pontos conforme a equação (7), representando a utilização do
método di-log, simplifica a obtenção de valores importantes como o n’ ( índice de
comportamento corrigido) a partir do coeficiente angular da reta, e o K’ (índice de consistência
corrigido do fluido) como o exponencial do coeficiente linear da equação.
7
𝐷 𝛥𝑃 8𝑣
𝑙𝑛 ( ) = 𝑙𝑛 𝐾′ + 𝑛′ 𝑙𝑛 ( ) (7)
4𝐿 𝐷
𝐾′
𝐾 = (8)
3 𝑛′ + 1 𝑛′
( )
4 𝑛′
𝑛 = 𝑛′ (9)
𝛥𝑃 𝐷
𝜏𝑤 = (10)
4𝐿
Comparando-se o termo da equação (10) anterior com a equação (3) dada por Metzner
e Reed, verifica-se que o primeiro termo é igual à taxa de cisalhamento na parede do tubo capilar
dada por Rabinowitsch-Mooney, de forma que, mantendo-se a expressão de Ostwald-de-Waele,
o segundo termo da equação (3) pode ser considerado igual à taxa de deformação na parede do
tubo capilar, dado pela equação (11) a seguir:
8𝑣
𝛾𝑤 = (11)
𝐷
Algumas condições são necessárias para a aplicação destas equações, que são válidas
apenas para escoamento laminar e estado estacionário, considerando fluidos não dependentes
do tempo e desde que não haja deslizamento na parede (MAEGAVA, 1986).
A partir dos dados calculados, também é possível a determinação da viscosidade aparente
do fluido, conforme equação (12) a seguir:
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Picnometria
Este procedimento tinha por objetivo encontrar a densidade da carboximetilcelulose
(CMC) através de um picnômetro. Para isso foram utilizados um picnômetro de 50 ml, um
termômetro de mercúrio, uma balança analítica, água destilada e solução de CMC 2000 ppm.
Primeiramente encontramos o volume exato do picnômetro. Para isso, foi determinada a massa
do picnômetro completamente seco na balança. Logo em seguida preencheu-se o picnômetro
com água e analisou-se a nova medida da massa na balança analítica, sendo possível determinar
a exata massa de água contida no picnômetro. Utilizando a equação de estado (13) que fornece
a densidade da água dada uma temperatura (obtida através de medida feita com o termômetro
de mercúrio), pode-se efetuar o cálculo do volume calibrado do picnômetro, com base na
equação (14) a seguir.
0.14395
𝜌= 0.05107 (13)
𝑇
0.0112 ∗ (1 + (1 − ) )
649.727
𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = (14)
𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
3.2 Viscosimetria
Esse procedimento consiste em medir diferentes vazões da água e da CMC 2000 ppm,
relacionando essas medidas com a viscosidade para o estudo reológico destas substâncias. Os
materiais necessários no experimento são: pêra de sucção, termômetro de mercúrio,
cronômetro, provetas de 50 mL e de 10 mL, água destilada e a solução de CMC 2000 ppm. A
Figura 2 mostra o esquema do aparato experimental utilizado.
9
128 𝜇
𝐷 =( 𝑄 )0,25 (2)
𝛥𝑃
𝜋 𝐿
10
4. MEMORIAL DE CÁLCULO
A seguir serão relatados a maneira como efetuou-se os cálculos e as equações utilizadas,
separando em picnometria e viscosimetria para melhor entendimento.
4.1 Picnometria
Inicialmente as medidas foram realizadas utilizando a água como fluido. Conforme
descrito na metodologia, pesou-se o picnômetro seco e completo de água, conforme apresentado
a seguir:
A densidade da água nesta temperatura pode ser calculada pela equação (13) de DIPPR
105, cujos parâmetros são: C1 = 0,14395; C2 = 0,0112; C3 = 649,727 e C4 = 0,05107.
0.14395
𝜌 á𝑔𝑢𝑎 =
𝑇
0.0112 ∗ (1 + (1 − 649.727)0.05107 )
(19)
0.14395
= = 997,68043 𝑘𝑔/𝑚3
300,15 0.05107
0.0112 ∗ (1 + (1 − ) )
649.727
𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 0,0512773
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 á𝑔𝑢𝑎 = = = 0,0000514 𝑚3 (20)
𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 997,68043
Repete-se o procedimento para a solução polimérica CMC 2000 ppm, de forma que as
equações a seguir são obtidas.
𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 0,0513266
𝜌𝐶𝑀𝐶 = = 0,0000514 = 998,6396389 𝑘𝑔/𝑚3 (23)
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒
4.2 Viscosimetria
Para este procedimento, será utilizado como exemplo os valores de altura determinados
em 87 cm para a água.
Os pontos eram tomados em duplicata para cada altura. O volume analisado foi de 20 mL
(0,000020 m3), obtendo os seguintes valores de tempo para seu preenchimento, medidos com
um cronômetro:
𝑡1 = 11,81𝑠 (24)
𝑡2 = 11,21𝑠 (25)
𝑡1 + 𝑡2 11,81 + 11,21
𝑡𝑚 = = = 11,51𝑠 (26)
2 2
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 0,000020
𝑄𝑚 = = = 0,0000017𝑚3 /𝑠 (27)
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 11,51
A densidade deve ser a mesma obtida na picnometria, dada pela equação (19), uma vez
que não ocorre alterações na temperatura do fluido ao longo do experimento. A viscosidade
teórica da água pode ser calculada através da equação a seguir:
578.919 578.919
𝜇 = 𝑒𝑥𝑝(−3.7188 + ) = 𝑒𝑥𝑝(−3.7188 + ) =
−137.546+𝑇 −137.546+300,15 (28)
0,00087Pa.s
A variação de pressão 𝛥𝑃é calculada por meio da altura lida na escala do viscosímetro
(h), dada pela equação a seguir:
𝛥𝑃 8514,90
= = 4505,24Pa/m (30)
𝐿 1,89
O diâmetro da tubulação pode ser calculado pela equação (2) apresentado anteriormente.
13
128 𝜇
𝐷 =( 𝛥𝑃 𝑄 )0,25 = 0,001843m (31)
𝜋
𝐿
𝑄 0,0000017
𝑣 = = 𝐷2
= 0,65 m/s (32)
𝐴 𝜋( )
4
Pode-se utilizar a equação de Metzner e Reed (3) para relacionar a tensão de cisalhamento
e a taxa de deformação, conforme apresentado na equação anteriormente, onde o primeiro termo
é referente à tensão de cisalhamento e o segundo à taxa de deformação. Utiliza-se parâmetros
corrigidos de K’ e n’ para a aplicação da equação conforme o modelo.
Dado os termos apresentados pela equação (3), a tensão de cisalhamento é calculada
utilizando a equação apresentada a seguir:
𝛥𝑃 𝐷 8514,90 .0,001843
𝜏 = = = 2,08 Pa (33)
4𝐿 4.1,89
Por fim, também é possível o cálculo da viscosidade aparente do fluido, dado pela relação
a seguir.
O mesmo cálculo pode ser obtido para os demais pontos da água, assim como para os
pontos da solução polimérica CMC 2000 ppm. Vale ressaltar que os valores de K e n são únicos
para o conjunto de pontos tomados, uma vez que seus valores são obtidos através do gráfico de
ln𝛾e ln 𝜏, formado através de todos os pontos calculados.
15
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Primeiramente efetuou-se a picnometria, determinando assim o seu verdadeiro volume
através da equação DIPPR 105, que nos permite determinar a densidade da água para a
temperatura de 27ºC. Com isso pudemos determinar o volume real do picnômetro conforme
tabela abaixo.
Com estes dados, pudemos obter o valor da densidade da solução polimérica, através
dos dados experimentais apresentados na tabela 2 a seguir.
a) b)
6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Conforme apresentado nos resultados, a solução polimérica CMC e a água apresentam
densidades bastantes semelhantes, o que pode ser atribuído à baixa concentração da solução.
Para os reogramas de água, nota-se um comportamento semelhante aquele da literatura,
embora o gráfico 3.a apresente uma leve curvatura, sendo que para um fluido newtoniano como
a água, espera-se que tal gráfico seja linear. De fato, após a linearização e tratamento dos dados,
foi obtido um n = 1,31 para água, indicativo de fluido dilatante, e um k=6,4.10 -5, diferente da
viscosidade da água 0,00087Pa.s.
Essa diferença é explicada pelos erros humanos, tais como dificuldade em posicionar a
proveta sem que ocorresse o deslizamento da água pela parede ou a formação de bolhas, leitura
correta do volume, dificuldade em marcar o tempo, especialmente em vazões mais altas.
Para a solução polimérica, há uma grande consistência entre os reogramas obtidos, ambos
característicos de fluidos pseudoplásticos, em relação ao n obtido após a linearização da
equação e tratamento dos dados, sendo n = 0,83, menor do que 1. O k obtido para o CMC foi
de 0,033, diferente da viscosidade, porém, para fluidos não newtonianos não há uma relação
direta para ambos. As mesmas dificuldades observadas para a água também estiveram presentes
para o CMC, porém, não há dados suficientes para dizer se os resultados são o esperado ou não.
Como sugestão, pode-se verificar a presença de resíduos nas paredes do capilar, o que
poderia contaminar o fluido e interferir na análise reológica, fornecer dados padronizados para
o CMC, a fim de comparação com obtido.
20
7. NOMENCLATURA
T Temperatura [K]
v Velocidade [m/s]
D Diâmetro [m]
Q Vazão [m3/s]
V Volume [m3]
g Aceleração gravitacional [m/s2]
h Altura da placa [mm]
P Pressão [Pa]
L Comprimento do capilar [m]
n Índice de comportamento do fluido []
K Índice de consistência [Pa.s]
t Tempo [s]
Letras gregas
μ Viscosidade dinâmica [Pa.s]
𝜌 Massa específica [kg/m3]
γ Taxa de deformação [s-1]
𝜏 Tensão de cisalhamento [kg/m.s2]
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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ÇENGEL, Y. A.; CIMBALA, M. J.. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações, São
Paulo, SP: McGraw-Hill, 2015.
WHITE, F. M., Mecânica dos fluidos, 6.ed., Rio de Janeiro, RJ: McGraw-Hill, 2011.
CASTILHO, G. J.; TARANTO, P. O.. Notas de Aula - EQ541: Escoamento em tubos, 2019.
PRITCHARD, P.J.; LEYLEGIAN, J.C., “Introduction to Fluid Mechanics”, John Willey &
Sons, Inc., 8th Edition, 2011
FOX, R. W.; MCDONALD, A. T.; Introdução à Mecânica dos Fluidos, 2ªed.; Editora
Guanabara, Rio de Janeiro, 1981.
WELTY, J.R.; WILSON, R.E.; WICKS, C.E.; RORRER, G.L.; Fundamentals of momentum,
heat and mass transfer. 5ª ed., New York, John Wiley, 2000.
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9. ANEXO
Medida Dens. (kg/m3) μ(Pa.s) Q(m3/s) ΔP (Pa) ΔP/L (Pa/m) v (m/s) τ (Pa) ln(τ) γ (s-1) ln(γ)
1 998 8,74E-04 1,74E-06 8515 4505 0,651 2,076 0,731 2825 7,946
2 998 8,74E-04 1,68E-06 8026 4246 0,630 1,957 0,671 2736 7,914
3 998 8,74E-04 1,62E-06 7536 3987 0,605 1,838 0,608 2627 7,874
4 998 8,74E-04 1,52E-06 7047 3728 0,568 1,718 0,541 2464 7,809
5 998 8,74E-04 1,40E-06 6557 3470 0,526 1,599 0,469 2282 7,733
6 998 8,74E-04 1,37E-06 6068 3211 0,515 1,480 0,392 2235 7,712
7 998 8,74E-04 1,30E-06 5579 2952 0,486 1,360 0,308 2109 7,654
8 998 8,74E-04 1,22E-06 5089 2693 0,457 1,241 0,216 1984 7,593
9 998 8,74E-04 1,11E-06 4600 2434 0,415 1,122 0,115 1801 7,496
10 998 8,74E-04 1,03E-06 4111 2175 0,387 1,002 0,002 1681 7,427
11 998 8,74E-04 9,44E-07 3621 1916 0,354 0,883 -0,124 1535 7,337
12 998 8,74E-04 7,90E-07 3132 1657 0,296 0,764 -0,270 1284 7,158