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Personagens
As personagens de “Viagens na Minha Terra” funcionam como uma
visão simbólica de Portugal, buscando-se através disso as causas da
decadência do Império Português. O final do drama, que culmina na
morte de Joaninha e na fuga de Carlos para tornar-se barão,
representa a própria crise de valores em que o apego à materialidade
e ao imediatismo acaba por fechar um ciclo de mutações de caráter
duvidoso e instável.
Temos, então, as seguintes personagens e suas possíveis
interpretações simbólicas dentro da obra:
Carlos: é um homem instável que não consegue se decidir sobre suas
relações amorosas, podendo ser ligado às características biográficas
do próprio Almeida Garrett.
Georgina: namorada inglesa de Carlos, é a estrangeira de visão
ingênua, que escolhe a reclusão religiosa como justificativa para não
participar dos dilemas e conflitos históricos que motivaram sua
decepção amorosa.
Joaninha: prima e amada de Carlos. Meiga e singela, é a típica
heroína campestre do Romantismo. Simboliza uma visão ingênua de
Portugal, que não se sustenta diante da realidade histórica.
D. Francisca: velha cega avó de Joaninha. Mostra-nos a imprudência
e a falta de planejamento com que Portugal se colocava no governo
dos liberalistas, levando a nação à decadência.
Frei Dinis: é a própria tradição calcada num passado histórico
glorioso, que no entanto, não é mais capaz de justificar-se sem uma
revisão de valores e de perspectivas.
Sobre Almeida Garrett
Almeida Garrett nasceu na cidade do Porto, Portugal, em 1799, com o
nome de batismo de João Leitão da Silva. Durante sua época de
estudante de Direito, em Coimbra, passou a adotar o nome que o
tornaria célebre: Almeida Garrett. Participou da revolução liberal e
ficou exilado na Inglaterra em 1823. Durante esse tempo, casou-se e
teve contato com o movimento romântico inglês. Em 1824 mudou-se
para França e escreveu Camões e Dona Branca, obras que
inauguraram o romantismo português. Ávido defensor do liberalismo,
Almeida enfrenta outros diversos exílios ao longo dos anos.
Após retornar definitivamente a Portugal, passa a incentivar a
literatura e o teatro, escrevendo inúmeros livros e peças teatrais. É
dele, por exemplo, a iniciativa de criar o Conservatório de Arte
Dramática e o Teatro Normal (atualmente Teatro Nacional D. Maria II,
em Lisboa). Faleceu em Lisboa no dia 9 de dezembro de 1854.
Suas principais obras são: “Camões” (1825), “Dona Branca” (1826),
“Romanceiro” (1843), “Cancioneiro Geral” (1843), “Frei Luis de Sousa”
(1844), “D’o Arco de Santana” (1845) e “Viagens na minha terra”
(1846).