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Resumo

A obra é composta por dois eixos narrativos bem distintos. No


primeiro, o narrador conta suas impressões de viagens, intercalando
citações literárias, filosóficas e históricas das mais diversas, com um
tom fortemente subjetivo e repleto de digressões e intertextualidades.
Dentre as referências literárias, podemos levantar citações a Willian
Shakespeare, Luis de Camões, Miguel de Cervantes, Johann Goethe
e Homero. Já dentre as citações históricas e filosóficas, temos
Napoleão Bonaparte, D. Fernando, Bacon e outros.
Já o segundo eixo, que é interposto no meio dos relatos de viagem,
conta o drama amoroso que envolve cinco personagens. Essa
narrativa amorosa tem como pano de fundo as lutas entre liberais e
miguelistas (1830 a 1834).
O livro começa com o narrador contando sobre a sua vontade de partir
em uma viagem de Lisboa à Santarém. Chegando a seu destino, o
narrador começa a tecer comentários através da observação de uma
janela. Nesse ponto, dá-se início à história de amor entre Joaninha e
Carlos.
No romance, Joaninha é uma moça que mora apenas com sua avó, D.
Francisca. Semanalmente, elas recebem a visita de Frei Dinis, que
traz notícias do filho de D. Francisca, Carlos. Ele está ausente da
cidade já há alguns anos e faz parte do grupo de D. Pedro. Frei Dinis
e D. Francisca guardam algum segredo sobre Carlos.
Frei Dinis foi um nobre cheio de posses, mas resolveu abandonar tudo
e sumir e volta para Santarém dois anos depois, como frei. O narrador
critica essa mudança, por para ele qualquer um poderia facilmente ser
ordenado frei de uma hora para outra.
Quando a guerra civil atinge Santarém, Carlos, que havia ido para a
Inglaterra após desentender-se com Frei Dinis, resolve voltar à cidade.
É quando ele reencontra sua prima Joaninha. Eles trocam um beijo
apaixonado como se fossem namorados. Porém, Carlos tem uma
esposa na Inglaterra, chamada Georgina, se vê atormentado pela
dúvida de contar ou não a verdade para sua prima.
Ferido durante a guerra, Carlos fica hospedado próximo à casa de
Joaninha. Após se recuperar, ele pede para que D. Francisca revele o
segredo que ela esconde. Então, ela acaba contando que Frei Dinis é
o pai de Carlos e que sua verdadeira mãe já morreu.
Ao saber da verdade, Carlos parte e volta a viver com a esposa.
Porém, Georgina diz ter ouvido de Frei Dinis toda a história de amor
entre Carlos e Joaninha e declara não mais amar o marido. Carlos
pede perdão à esposa e diz não mais amar Joaninha, porém,
Georgina não o aceita de volta.
Na parte final sabemos através de Frei Dinis o destino das
personagens: Carlos larga as paixões e começa sua carreira na
política como barão, mas depois de um tempo desaparece. Joaninha,
sem seu grande amor, e D. Francisca morrem. Georgina vai para
Lisboa. “Santarém também morre; e morre Portugal”, termina por
relatar Frei Dinis.
Durante os relatos da viagem, o autor-narrador faz uma série de
digressões filosóficas, reflexões sobre fatos históricos e crítica literária
sobre diversos autores, tanto clássicos quanto modernos, e suas
obras.
Dentre estes comentários, podemos citar o mais famoso deles: “Eu
não sou romanesco. Romântico, Deus me livre de o ser – ao menos, o
que na algaravia de hoje se entende por essa palavra”. Garrett,
embora pertencente ao movimento romancista de Portugal, deixa claro
nessa passagem uma crítica ao Romantismo então vigente. Uma
crítica dirigida a um romantismo “fabricado” por escritores menores
que buscavam modelo numa literatura fácil para agradar ao público,
com interpretações abusivas e uma vulgarização do que seria o
verdadeiro movimento modernista.

Personagens
As personagens de “Viagens na Minha Terra” funcionam como uma
visão simbólica de Portugal, buscando-se através disso as causas da
decadência do Império Português. O final do drama, que culmina na
morte de Joaninha e na fuga de Carlos para tornar-se barão,
representa a própria crise de valores em que o apego à materialidade
e ao imediatismo acaba por fechar um ciclo de mutações de caráter
duvidoso e instável.
Temos, então, as seguintes personagens e suas possíveis
interpretações simbólicas dentro da obra:
Carlos: é um homem instável que não consegue se decidir sobre suas
relações amorosas, podendo ser ligado às características biográficas
do próprio Almeida Garrett.
Georgina: namorada inglesa de Carlos, é a estrangeira de visão
ingênua, que escolhe a reclusão religiosa como justificativa para não
participar dos dilemas e conflitos históricos que motivaram sua
decepção amorosa.
Joaninha: prima e amada de Carlos. Meiga e singela, é a típica
heroína campestre do Romantismo. Simboliza uma visão ingênua de
Portugal, que não se sustenta diante da realidade histórica.
D. Francisca: velha cega avó de Joaninha. Mostra-nos a imprudência
e a falta de planejamento com que Portugal se colocava no governo
dos liberalistas, levando a nação à decadência.
Frei Dinis: é a própria tradição calcada num passado histórico
glorioso, que no entanto, não é mais capaz de justificar-se sem uma
revisão de valores e de perspectivas.
Sobre Almeida Garrett
Almeida Garrett nasceu na cidade do Porto, Portugal, em 1799, com o
nome de batismo de João Leitão da Silva. Durante sua época de
estudante de Direito, em Coimbra, passou a adotar o nome que o
tornaria célebre: Almeida Garrett. Participou da revolução liberal e
ficou exilado na Inglaterra em 1823. Durante esse tempo, casou-se e
teve contato com o movimento romântico inglês. Em 1824 mudou-se
para França e escreveu Camões e Dona Branca, obras que
inauguraram o romantismo português. Ávido defensor do liberalismo,
Almeida enfrenta outros diversos exílios ao longo dos anos.
Após retornar definitivamente a Portugal, passa a incentivar a
literatura e o teatro, escrevendo inúmeros livros e peças teatrais. É
dele, por exemplo, a iniciativa de criar o Conservatório de Arte
Dramática e o Teatro Normal (atualmente Teatro Nacional D. Maria II,
em Lisboa). Faleceu em Lisboa no dia 9 de dezembro de 1854.
Suas principais obras são: “Camões” (1825), “Dona Branca” (1826),
“Romanceiro” (1843), “Cancioneiro Geral” (1843), “Frei Luis de Sousa”
(1844), “D’o Arco de Santana” (1845) e “Viagens na minha terra”
(1846).

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