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O ESTADO NACIONAL COMO PROPULSOR DO DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO NUM AMBIENTE DE GLOBALIZAÇÃO


Ms. Cássio Silva Moreira1
cassiocsm@yahoo.com.br

O mundo atual tem passado por um processo chamado de globalização. Esse

processo é caracterizado pela convergência de ações no âmbito econômico, social e cultural

de caráter mundial sobrepondo-se inclusive aos interesses de caráter nacional e regional.

Embora, as ondas de globalização sejam antigas, essa nova fase tem características muito

mais marcantes e profundas do que em outros períodos. Com a revolução da informação e

da comunicação, por meio das tecnologias tais como o microcomputador e a Internet,

houve uma drástica mudança no espaço e nas dimensões das sociedades nacionais.

A questão que se propõe nesse artigo é discutir a importância do Estado Nacional

num mundo em processo de globalização, assim como, quais são os fatores que incentivar

o crescimento econômico.

Na primeira parte deste artigo encontra-se uma definição teórica de

desenvolvimento e crescimento econômico. Numa segunda parte, conceitua-se o caráter

comercial, produtivo e financeiro da globalização econômica e sua relação com os Estados

Nacionais. Na parte será tratada a importância do papel do estado para a manutenção do

crescimento econômico sustentável.

O crescimento econômico como uma etapa do desenvolvimento

1
Doutorando em Economia do Desenvolvimento pela UFRGS, economista do IBGE, professor de
economia da UNILASALLE e da FAPA.
E-mail: cassiocsm@yahoo.com.br. Home page: www.cassiomoreira.com.br

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Por muito tempo, na teoria econômica, crescimento e desenvolvimento levaram a

mesma conotação. Com o passar do tempo, foi verificando-se a distinção entre esses dois

conceitos. O primeiro passa a ser parte integrante e essencial do segundo, especialmente no

caso de países em desenvolvimento. O segundo pode existir sem crescimento, embora se

verifique essa situação só em casos de países que já alcançaram certo patamar de

desenvolvimento.

O desenvolvimento é caracterizado pelo elevado bem-estar da população. Um dos

objetivos de um país, então, deve ser o crescimento com distribuição de renda, pois só

assim os benefícios decorrentes daquele seriam repassados por este para a maioria da

população. Desenvolvimento econômico, então, não pode ser considerado sinônimo de

crescimento econômico, pois pode perfeitamente um país crescer sem, no entanto, trazer

bem-estar para a maioria de sua população. Se por um lado, crescimento está intimamente

relacionado com mudanças quantitativas, tendo como exemplo a elevação do PIB, por

outro lado o desenvolvimento está relacionado a variáveis qualitativas, como, por exemplo,

a melhoria na estrutura produtiva e social e na distribuição de renda. Souza esclarece que:

“Pode-se considerar que o desenvolvimento econômico é um conjunto de


transformações intimamente associadas, que se produzem na estrutura de uma
economia, e que são necessárias à continuidade de seu crescimento. Essas
mudanças concernem à composição da demanda, da produção e dos empregos,
assim como da estrutura do comércio exterior e dos movimentos de capitais com
o estrangeiro, consideradas em conjunto, essas mudanças estruturais definem a
passagem de um sistema econômico tradicional a um sistema econômico
moderno” (SOUZA, 1997, p 21).

Portanto, o desenvolvimento necessita de um meio ambiente macroeconômico

favorável para a sua obtenção. A estabilidade econômica, a competitividade e o emprego

são ingredientes importantes para ocasionar as mudanças estruturais que visam alcançar o

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progresso tecnológico. Fica claro que o maior objetivo de um país é o desenvolvimento

sócio-econômico, contudo para tal deve-se antes obter um crescimento econômico

satisfatório, com geração de emprego, distribuição de renda, equilíbrio externo e

estabilidade de preços. Conseguindo aliar todos esses fatores, muitas vezes conflitantes, é

que seguimos o caminho para o desenvolvimento.

O significado da globalização para os Estados Nacionais

Com a série de transformações culturais, econômicas, políticas e sociais,

ocorridas nas últimas décadas um termo surgiu para conceituar essas mudanças: a

globalização. No âmbito econômico, com a utilização de novas tecnologias, houve uma

integração crescente dos mercados nacionais, passando a mercados globais. Podemos

definir então a globalização como um processo de integração de mercados domésticos na

formação de um mercado mundial integrado, sendo que no âmbito econômico dividido em

três dimensões: comercial, produtiva e financeira.

A globalização comercial consiste na integração dos mercados nacionais por meio

da diminuição das barreiras comerciais e, conseqüentemente, do aumento do comércio

internacional. Na esfera produtiva, sustenta Gonçalves (1994, p. 77) “a globalização

produtiva é a produção e a distribuição de valores dentro de redes em escala mundial, com

o aumento da concorrência entre os grandes grupos econômicos.” No lado financeiro,

globalização é o processo de integração dos mercados financeiros locais aos mercados

internacionais (PRADO, 2001). Especialmente na esfera financeira, a adoção de

determinadas políticas macroeconômicas por parte dos Estados Unidos e Inglaterra,

liberalizando os controles financeiros e comerciais contribuíram para intensificar o

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processo de globalização. As inovações tecnológicas foram o instrumento facilitador para a

integração dos mercados financeiros, por intermédio do fim dos controles de câmbio,

desregulamentação financeira, etc.

Com essas mudanças ocorridas por meio da difusão da globalização, os mercados

nacionais estão subordinados, cada vez mais, ao espaço e mercado global. Dessa nova

configuração surge um “novo” agente: as empresas multinacionais. Estas podem interferir

na política econômica nacional condicionando-a a comportar-se conforme os mercados

globais.

Conforme Kregel (2004), o aumento das operações globais por parte das empresas

transnacionais reduz os números de decisões que são coordenadas pelo “mercado”

aumentando as decisões e transações que se dão “fora do mercado”, ou seja, dirigidas pela

administração das empresas. IANNI (1995), ainda ressalta que as relações, os processos e

as estruturas de dominação e apropriação, integração e antagonismo, tendem a dissolver

fronteiras. O que se observa é uma modificação no espaço do Estado Nacional frente às

decisões da política econômica e um aumento do poder de influência dos centros decisórios

das grandes corporações transnacionais e instituições internacionais.

Os agentes mais dinâmicos da globalização, conforme essa visão não seria,

portanto os governos que formam mercados comuns em busca da integração econômica,

mas as corporações transnacionais que dominam a maior parte da produção, do comércio,

da tecnologia e das finanças internacionais.

Nesse cenário mundial, as corporações transnacionais se sobrepõem e impõem

aos Estados Nacionais medidas, cujas conseqüências possam beneficiá-las. Tamanha é a

dependência de alguns Estados Nacionais perante essas empresas, e conseqüentemente, ao

mercado, que Therborn (1996, p. 36) refere-se a este fato afirmando que "os Estados

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Nacionais tornaram-se muito menores do que este novo mercado financeiro mundial, ao

mesmo tempo em que passavam a depender da confiança desses mercados, para

implementar grande parte das políticas econômicas".

MARTINS (1992, p.05) ressalta que a adoção do “livre-mercado” pode ter duas

significações. De um lado, liberdade significa liberação; de outro significa desproteção.

Para liberar é preciso desproteger, é preciso derrubar as barreiras tarifárias e extra-tarifárias

que protegem os países dos efeitos da concorrência internacional.

Nesse contexto, surgiu a onda de privatizações, desregulamentação, flexibilizar as

relações capital-trabalho, terceirizar. Entretanto, essas medidas podem dessocializar os

indivíduos, desprendendo-os de suas raízes culturais e abrindo-lhes a alma para aquilo que

tem sido definido como o ”futuro da nossa cultura" que há de ser "cosmopolita e litorânea,

permeável às influências estrangeiras e ao ecletismo pós-moderno", pois tal é a tendência

"que ganha impulso com a globalização", uma espécie de padronização segmentada.

A soberania dos países, em especial os em desenvolvimento como Brasil, tem

estado restringida pela atuação das organizações multilaterais e das corporações

transnacionais. Essas instituições detêm poderes econômicos e políticos decisivos, capazes

de se sobrepor e impor aos mais diferentes Estados seus interesses. IANNI (1997) salienta

que por meio de sua influência sobre governos ou por dentro dos aparelhos estatais,

burocracias e tecnocracias, estabelecem objetivos e diretrizes que se sobrepõe e impõe às

sociedades civis, no que se refere às políticas econômico-financeiras. Os Estados Nacionais

se enfraquecem à medida que não podem mais controlar dinâmicas que ultrapassam suas

fronteiras. A interdependência mundial de diversos processos acaba reduzindo de fato seu

poder de decisão, mesmo que de direito continuem senhores de seu espaço jurídico.

Entretanto, os reflexos do processo de globalização no desenvolvimento dos países, ainda é

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matéria de controvérsia entre sociólogos e economistas. Embora alguns pesquisadores

acreditam que o saldo é negativo:

“Muitos pesquisadores acreditam, com base em análises superficiais, que a globalização é


de fato responsável pelo aumento nos índices de concentração e de desigualdade na
distribuição de renda, tanto entre como dentro dos países. Os altermundialistas vão mais
além, acusando a globalização de provocar crises financeiras internacionais e, a partir daí,
desemprego e miséria. Os economistas, mais circunspectos, chegam a concordar com
algumas dessas “evidências”, que indicariam que as últimas décadas foram marcadas por
uma tendência aparentemente irresistível ao crescimento das desigualdades no plano
global, movimento observável tanto na divergência cada vez maior entre países ricos e
pobres como no aumento da concentração de renda nos estratos já ricos da população.”
(ALMEIDA, 2004).

Salienta Almeida que o processo de globalização traz benefícios:


“... mas, contrariamente às supostas tendências ao crescimento das desigualdades, estudos
econométricos recentes, trabalhando com base em novas metodologias e um foco
analítico inovador (estatísticas de consumo por indivíduo, não a renda média dos países),
trazem evidências de que as taxas de pobreza e as desigualdades globais na repartição de
renda têm na verdade declinado nas últimas décadas. As tendências positivas detectadas
por esses economistas não estariam tanto associadas à globalização quanto à manutenção
de altas taxas de crescimento em alguns grandes países — como China e a Índia, por
exemplo, mas não se pode tampouco descartar uma associação indireta e derivada desses
dois impulsos baixistas, na pobreza extrema e nas desigualdades gritantes, com o
processo de globalização conhecido no mundo desde os anos 1980” (ALMEIDA, 2004).

Diante do processo de globalização, o que pode se perceber é que a autonomia

do Estado-Nacional está alterando-se. As condições e as possibilidades de se ter um projeto

nacional, emancipação nacional, reforma institucional ou até mesmo uma revolução social,

entre outras mudanças, passam a estar limitadas, e muitas vezes determinadas, por

instituições, organizações e corporações transnacionais.

O Estado-Nacional como o propulsor do desenvolvimento sustentável

Muito se debate, atualmente, sobre o papel do Estado. Desde uns mais radicais que

pregam um estado mínimo, desde outros que salientam que o estado dever participar de

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atividades econômicas. Além de manter o crescimento econômico, o Estado pode ser o

principal agente a promover o desenvolvimento econômico.

O desenvolvimento tem dois conjuntos de metas, às vezes antagônicas. O primeiro

destaca a integração nacional, o prestígio do país no exterior, a estabilidade econômica e o

crescimento econômico; o segundo corresponde à qualidade de vida da população, por

meio da distribuição de renda e da satisfação das necessidades básicas em matéria de saúde,

alimentação, habitação, educação e emprego, além da garantia dos direitos individuais, de

dignidade, e liberdade de pensamento.

O Estado, com o objetivo de atingir essas duas metas, além das suas três funções

clássicas – distributiva, alocativa e reguladora – pode também atuar como articulador e

fomentador de áreas vitais para o desenvolvimento econômico.

A regulamentação do funcionamento do mercado procura preservar a livre

concorrência, os direitos dos consumidores, defesa do meio ambiente, proteção à

propriedade intelectual e controle do capital estrangeiro. A articulação procura executar,

integrando diversos agentes, políticas e projetos com o intuito de trazer benefícios para a

sociedade. O papel de fomentador está na estruturação de um ambiente favorável ao

desenvolvimento e no incentivo à elevação do nível educacional e cultural, visando

qualificar os recursos humanos do país. O capital humano será o maior ativo de um país,

assim como de uma empresa, pois é com o seu pleno potencial que constitui meio e fim,

objetivo e instrumento do desenvolvimento.

O Estado, atualmente está passando para uma posição mais organizadora do que

somente executora, e tem a função de criar um ambiente macroeconômico e

microeconômico, favorável à inserção de competitividade, valorizando os recursos

humanos, junto com a manutenção e a preservação do emprego.

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Entretanto, devido à relação estreita entre expectativas e investimentos privados,

caberia ao estado ter como meta à preservação do pleno emprego e a manutenção do

crescimento econômico. Conforme Galbraith, “na economia moderna a produção é agora

mais necessária pelos empregos que oferece do que pelos bens e serviços que proporciona".

Por isso, os Estados-Nacionais, principalmente em países subdesenvolvidos ou em

vias de desenvolvimento, dever ser um estado forte, com plenas condições de intervir na

economia por meio de um planejamento consistente e de longo prazo.

Como podemos supor, o estado mínimo deixa um papel demasiadamente importante

para a iniciativa privada promover emprego e renda. Entretanto, tais objetivos dependem

das expectativas favoraveis dos empresários para investir. Contudo essas expectativas sao

muito sensiveis a fatores externos e internos. Ademais, existe um conflito crônico entre

maximização do lucro pelas empresas e distribuição de renda para o desenvolvimento. No

processo de acumulação capitalista, portanto, o Estado deve atuar como a fonte de

distribuição da renda para trazer o equilibrio ao sistema. Algo que não ocorre tendo um

Estado minimo e subjugado às classes dominantes. Esse artigo coloca para reflexão: a

crucial importância do Estado, tanto pra o crescimento econômico quanto para o

desenvolvimento, a importância do planejamento estatal e, o consequente, fortalecimento

do Estado como agente econômico responsável pelo equilibrio capitalista.

A inserção do estado brasileiro no processo de globalização dever ser feito de forma

a sermos uma nação em inserção a economia mundial e não um mercado emergente

integrando-se a um mercado mundial.

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