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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS


CURSO DE PSICOLOGIA

Psicologia Social e a atuação nas políticas de assistência à saúde e social


SUAS
PIRACICABA 2010

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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA

Psicologia Social e a atuação nas políticas de assistência à saúde e social


SUAS

Autores:
Michele Maestro
Romula Francisco
Suelen Guedes
Thiago Ribeiro

PIRACICABA 2010

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Resumo

O SUS foi criado na Constituição brasileira de 1988. A Previdência Social


Brasileira foi criada a partir das Caixas de Aposentadoria e Pensão, em 1920
Sobre a modalidade de gestão incipiente: o município deve dispor de um Fundo
Municipal de Saúde. São fontes do orçamento municipal de saúde: AIH, UCA,
orçamento municipal. Sobre a medicina privada o Brasil: obteve um grande
crescimento e desenvolvimento na segunda metade de 60 e em 70
Pela Constituição brasileira, saúde é um direito de cidadania garantido por
políticas sociais e econômicas. Na Constituição Federal, a saúde é compreendida
como: um direito garantido por políticas sociais e econômicas.
São consideradas diretrizes do SUS: eqüidade, universalidade,
integralidade, controle social. São considerados princípios básicos do SUS:
acesso universal e igualitário a ações e serviços; participação comunitária; rede
regionalizada e hierarquizada; descentralização.
O Sistema único de assistência social defende idéias como a igualdade,
liberdade individual e deve ser tratada como uma política publica integrante da
singularidade social frente ao direito do cidadão e o dever do estado em assegurar
condições básicas de subsistência e promover a autonomia.
Dada a complexidade da organização dos serviços de saúde e de
assistência social no país, configura-se um perfil de produção de serviços
caracterizado por ser predominantemente: de tipo bipolar, centrado na atuação do
médico, assistentes sociais e outros profissionais de nível elementar, e carente da
atuação de técnicos de nível médio e demais profissionais com formação superior
como no caso do psicólogo.

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1. Políticas Públicas Sociais no Brasil nas últimas décadas (pós Constituição
de 1988)

1.1 Políticas de Saúde: o Sistema Único de Saúde (SUS)

As modificações da década de 1980 que culmina com a promulgação da


Constituição de 1988, inauguram um novo sistema de proteção social pautado na
concepção da Seguridade Social que universaliza os direitos sociais concebendo
a Saúde, Assistência Social e Previdência como questão pública, de
responsabilidade do Estado.
A constituinte de 1988 no capítulo VIII da Ordem social e na secção II
referente à Saúde define no artigo 196 que: “A saúde é direito de todos e dever do
estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
O SUS é definido pelo artigo 198 do seguinte modo: “As ações e serviços
públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, e constituem
um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes”:
I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais;
III. Participação da comunidade
O texto constitucional demonstra claramente que a concepção do SUS
estava baseado na formulação de um modelo de saúde voltado para as
necessidades da população, procurando resgatar o compromisso do estado para
com o bem-estar social, especialmente no que refere a saúde coletiva,
consolidando-o como um dos direitos da CIDADANIA. Esta visão refletia o
momento político porque passava a sociedade brasileira, recém saída de uma
ditadura militar onde a cidadania nunca foi um princípio de governo. Embalada
pelo movimento das diretas já, a sociedade procurava garantir na nova
constituição os direitos e os valores da democracia e da cidadania.

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Apesar do SUS ter sido definido pela Constituição de 1988, ele somente foi
regulamentado em 19 de setembro de 1990 através da Lei 8.080. Esta lei define o
modelo operacional do SUS, propondo a sua forma de organização e de
funcionamento. Algumas destas concepções serão expostas a seguir.
Primeiramente a saúde passa a ser definida de uma forma mais
abrangente: “A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre
outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o
trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e
serviços essenciais: os níveis de saúde da população expressam a organização
social e econômica do país”.
O SUS é concebido como o conjunto de ações e serviços de saúde,
prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da
administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público. A
iniciativa privada poderá participar do SUS em caráter complementar.
Foram definidos como princípios doutrinários do SUS: universalidade,
equidade, integralidade e destes derivaram alguns princípios organizativos como
hierarquização, participação popular e descentralização política administrativa.
Os objetivos e as atribuições dos SUS também foram definidos e por sua
abrangência e pela existência de desequilíbrios socioeconômicos regionais, a
implantação do SUS não tem sido uniforme em todos os estados e municípios
brasileiros, pois para que isto ocorra é necessário uma grande disponibilidade de
recursos financeiros, de pessoas qualificadas e de uma efetiva política a nível
federal, estadual e municipal para viabilizar o sistema.
O SUS ao longo da sua existência sempre sofreu as conseqüências da
instabilidade institucional e da desarticulação organizacional na arena decisória
federal que aparecem para o senso comum como escassez de financiamento.
Apesar das dificuldades enfrentadas pode-se afirmar que ao nível da
atenção primária o SUS apresentou progressos significativos no setor público,
mas enfrenta problemas graves com o setor privado, que detém a maioria dos
serviços de complexidade e referência a nível secundário e terciário. Estes setores
não se interessam em integrar o modelo atualmente vigente em virtude da baixa

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remuneração paga pelos procedimentos médicos executados, o que vem
inviabilizando a proposta de hierarquização dos serviços.
A Constituição de 1988 procurou garantir a saúde como um direito de todos
e um dever do estado.
No período de 1991 a 1994, com a eleição do Fernando Collor de Mello é
implementada com toda a força uma política neoliberal-privatizante, com um
discurso de reduzir o estado ao mínimo. Embora no discurso as limitações dos
gastos públicos devessem ser efetivadas com a privatização de empresas
estatais, na prática a redução de gastos atingiu a todos os setores do governo,
inclusive o da saúde.
Neste período o governo começa a editar as chamadas Normas
Operacionais Básicas (NOB), que são instrumentos normativos com o objetivo de
regular a transferência de recursos financeiros da união para estados e
municípios, o planejamento das ações de saúde, os mecanismos de controle
social, dentre outros. A primeira NOB foi editada em 1991.
A NOB 01/91 sob o argumento da inviabilidade conjuntural de regulamentar
o artigo 35 da Lei 8.080 - que definia o repasse direto e automático de recursos do
fundo nacional aos fundos estaduais e municipais de saúde, sendo 50% por
critérios populacionais e os outros 50% segundo o perfil epidemiológico e
demográfico, a capacidade instalada e a complexidade da rede de serviços de
saúde, a contrapartida financeira, etc - redefiniu toda a lógica de financiamento e,
conseqüentemente, de organização do SUS, instituindo um sistema de
pagamento por produção de serviços que permanece, em grande parte, vigorando
até hoje.
Em 1993, outra NOB foi implantada criando critérios e categorias
diferenciadas, gestão para a habilitação dos municípios, e segundo o tipo de
gestão implantado (incipiente, parcial, semiplena) haveria critérios também
diferenciados de formas de repasse dos recursos financeiros.
Em 1995 Fernando Henrique Cardoso assume o governo, mantendo e
intensificando a implementação do modelo neoliberal , atrelado a ideologia da
globalização e da redução o do “tamanho do estado” .

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A crise de financiamento do setor saúde se agrava, e o próprio ministro da
Saúde (1996) reconhece a incapacidade do governo em remunerar
adequadamente os prestadores de serviços médicos e de que a cobrança por fora
é um fato.
A crise de financiamento do SUS agrava a operacionalização do sistema,
principalmente no que se refere ao atendimento hospitalar. A escassez de leitos
nos grandes centros urbanos passa a ser uma constante.
O governo edita a NOB-SUS 01/96, o que representa um avanço importante
no modelo de gestão do SUS, principalmente no que se refere a consolidação da
Municipalização. Esta NOB revoga os modelos anteriores de gestão propostos nas
NOB anteriores (gestão incipiente, parcial e semiplena), e propõe aos municípios
que se enquadrarem em dois novos modelos: Gestão Plena de Atenção Básica e
Gestão Plena do Sistema Municipal. Estes modelos propõem a transferência para
os municípios de determinadas responsabilidades de gestão.
Foram poucos os avanços desde a 8ª Conferência até 1996, na
implantação do Sistema Único de Saúde. Porém, apesar das dificuldades, o SUS
tem enfrentado essas resistências e vem se consolidando nestes últimos anos,
legitimando aspirações populares.
O sistema público de saúde hoje é, certamente, bem mais descentralizado
do que no passado recente. As secretarias estaduais e municipais de saúde
passaram a ter a sua ação voltada para a assistência integral à saúde e não mais,
como antes, apenas aos serviços de vigilância sanitária e epidemiológica e a
outras ações básicas de saúde.
A observação do processo de implementação do SUS indica que a maior
autonomia do nível local estimula três pontos:
• crescimento da participação do orçamento local no custeio do SUS,
atribuível, em grande parte, à pressão dos usuários sobre as prefeituras com o
objetivo de suprir insuficiências do repasse federal;
• a redução de fraudes e desperdícios, seja porque o controle tende a ser
mais eficaz quando exercido localmente, seja porque a forma pela qual a

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Prefeitura passa a ser financiada incentiva a maior parcimônia no uso dos
recursos;
• a maior possibilidade de desenvolvimento de iniciativas locais,
compatíveis com as características da população beneficiária.

1.2 Políticas de Assistência: o Sistema Único de Assistência Social (SUAS)

A assistência Social passou por uma relação histórica de classes sociais


frente à desigualdade social, conseqüência da tensão entre capital e trabalho.
O estado como mediador, a assistência social que defende idéias como a
igualdade, liberdade individual assume um caráter que contraria, como as relações
de favores e dependência em conseqüência de pratica assistencialistas,
populistas, e clientelistas que distanciam a população das suas reais
necessidades possibilitem a autonomia.
Com apoio popular em 1988 foi promulgada a nova constituição brasileira,
que permitiu introduzir significativos avanços na área social. A Assistência Social
passa a ser tratada como política pública, integrante da Seguridade Social, junto
às políticas de Saúde e Previdência Social.
A Assistencia Social elevada a condição de política publica como um direito
do cidadão e dever do estado trás a mudança da concepção da assistência social,
mudando a visão anterior de que o individuo merecedor de bem, do dever moral e
do assistencialismo para um direito garantido por lei
[...] a assistência social brasileira deixou de ser,
em tese, uma alternativa de direito, ou dever moral,
para transformar-se em direito ativo ou positivo, da
mesma forma que os demandantes dessa assistência
deixaram de ser meros clientes de uma atenção
assistencial espontânea – pública e privada – para
transformar-se em sujeitos detentores do direito à
proteção sistemática devida pelo Estado (PEREIRA,
1996, p.99-100).

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O texto constitucional referente à Assistência Social remete a necessidade
de regulamentação um processo durou cinco anos e dependeu da pressão de
setores organizados da sociedade.
Mesmo tendo sido aprovado na Câmara e no Senado o primeiro projeto de
Lei de nº 3099/89, foi vetado na íntegra pelo Presidente Fernando Collor de Melo.
Um expressivo e importante movimento pela regulamentação da Assistência
Social determinou a aprovação da Lei nº 8742, de 07 de dezembro de 1993, Lei
Orgânica da Assistência Social (LOAS) que dispõe sobre a organização da
Assistência Social.
A Assistência Social passa a ser direito do cidadão e dever do Estado,
política não contratual, que deve prover os mínimos sociais por meio de um
conjunto articulado de ações de iniciativa pública e da sociedade para garantir o
atendimento às necessidades básicas.
Os objetivos da LOAS estão ligados à proteção da família, da infância, da
adolescência, da velhice, da habilitação e reabilitação profissional e a garantia de
um salário mínimo mensal a idosos e pessoas portadoras de deficiência, que
comprovem não possuir meios de prover a própria subsistência ou tê-la provida
por sua família. No enfrentamento da pobreza, na garantia dos mínimos sociais,
no provimento de condições para atender a contingência e a universalização dos
direitos sociais pressupõe como fundamental a integração das políticas setoriais.
Princípios como a supremacia do atendimento as necessidades sociais sobre as
exigências da rentabilidade econômica, da dignidade, autonomia, direito a
benefícios e serviços de qualidade, igualdade de direito.
Com o Intuito de afastar da Assistência Social da condição de
assistencialista, clientelista, mediada pelo favor para uma nova concepção
A afirmação da Assistência Social é garantida legalmente pela
descentralização político-administrativa, comando único das ações em cada esfera
de governo, a participação da população na formulação e controle das ações e
primazia da responsabilidade do Estado na condução desta política.

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As políticas para a área passam a ser fixadas pela União, Estados e
Municípios e aprovadas pelos Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal
e Municipais de Assistência Social, instâncias deliberativas do sistema
descentralizado e participativo de Assistência Social de composição paritária entre
o governo e a sociedade civil, no sentido de garantia da afirmação e legitimidade
da política.
A LOAS, ao respaldar a Assistência Social tanto nos seus aspectos legais
como políticos, dá um significado e um caráter novo que a afasta do
assistencialismo, clientelismo, alçando-a a condição de política de seguridade
dirigida à universalização da cidadania social, garantindo direitos e serviços
sociais de qualidade sob a responsabilidade do Estado e com a participação da
população no controle das suas ações.
Apesar de inegáveis avanços na construção da política, a tradição histórica
da Assistência Social no Brasil tem-se constituído em dificuldade significativa para
afirmação, consolidação da política de Assistência Social, pois contraditoriamente
ao previsto na LOAS ainda encontram-se práticas de caráter assistencialista, a
partir de relações mediadas pelo favor. Desde 1993, quando da promulgação da
LOAS existe um movimento permanente de ações políticas com a participação
dos profissionais da área, usuários, entidades de assistência social, conselhos de
direitos entre outros, no sentido de consolidar a Política de Assistência Social.
Como resultado concreto tem-se a Política Nacional de Assistência Social de 2004
e a NOB-SUAS.
Já em 1995 na I Conferência Nacional de Assistência Social a construção
do SUAS é apresentada como forma de operar a Assistência Social na
perspectiva de política pública de seguridade social, que tem no seu interior a
possibilidade de ampliar o sistema de bem-estar-social, romper com a
fragmentação dos programas de Assistência Social, garantir a relação orgânica
entre as três esferas de governo como política de proteção social ativa.
O SUAS hoje é uma realidade do ponto de vista legal e sua implantação
vem ocorrendo (com o prazo de implantação total até 2015) nas diferentes

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instâncias governamentais, mas a realidade política, econômica, social e cultural
brasileira se constitui num importante desafio para sua consolidação.
A Política Nacional de Assistência Social representa a construção coletiva
da política com a finalidade de implantar o Sistema Único de Assistência Social –
SUAS, requisito essencial da LOAS para que se efetive a Assistência Social
enquanto política pública.
A Política Nacional de Assistência Social, na Gestão da Política na
perspectiva de Sistema Único de Assistência Social – SUAS define como modelo
de gestão descentralizado e participativo, que se constitui na regulação e
organização em todo o território nacional das ações sócio-assistenciais. Os
serviços, programa, projetos e benefícios, têm como foco prioritário a atenção às
famílias, seus membros e indivíduos e o território como base de organização, que
passam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de
pessoas que deles necessitam e pela sua complexidade.
Pressupõe ainda, gestão compartilhada, co-financiamento da política pelas
três esferas de governo e definição clara das competências técnico-políticas da
União, Estados, Distrito Federal e municípios, com a participação e mobilização da
sociedade civil, e estes têm o papel efetivo de sua implantação e implementação.
(PNAS, 2004, p.39).
O SUAS define e organiza os elementos essenciais e imprescindíveis à
execução da política de Assistência Social, possibilitando a normatização dos
padrões nos serviços, qualidade no atendimento, indicadores de avaliação e
resultado, nomenclatura dos serviços e da rede sócio-assistencial. Apresenta
como eixos estruturantes: matricialidade sócio-familiar; descentralização político-
administrativa e territorialização; novas bases para a relação Estado e Sociedade
Civil; financiamento; controle social; o desafio da participação popular, cidadão-
usuário; a política de recursos humanos, a informação, o monitoramento e
avaliação.
Ao considerarem-se os eixos estruturantes apresentados é preciso refletir
por um lado sobre as relações da política com o Estado no sentido de garantia de
financiamento, capacitação de recursos humanos, na formulação e implantação de

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um sistema de monitoramento e avaliação e na criação de um sistema de
informação em Assistência Social. Por outro lado, sobre a proposta de uma efetiva
relação com a sociedade civil no que se refere à participação popular e ao controle
da gestão político-administrativa, financeira e técnico-operativa, garantindo o seu
caráter democrático e descentralizado.
O que temos atualmente é um contexto que desde o final do século XX, se
diz marcado por uma “crise fiscal, ao mesmo tempo que sua estratégia de
intervenção no econômico e no social é colocada em questão” (PEREIRA, 1999,
p.67).
É preciso refletir sobre a Sociedade Civil e sua relação com o Estado e o
Mercado na perspectiva atual, que é a defesa da sociedade civil enquanto
organização política da sociedade e o Estado e o Mercado como instituições. A
participação da sociedade civil não é desconsiderada, mas a sua relação com as
instituições deve dar-se na medida em que consiga uma interação com o Estado
para conseguir uma distribuição melhor de renda e de poder.
A política Nacional de Assistência Social e o SUAS como um novo modelo
de gestão, por um lado representa a possibilidade de concretizar o proposto pela
LOAS de uma gestão descentralizada, com comando único em cada esfera
governamental, capaz de assegurar, efetivar direitos de cidadania e inclusão
social, por outro enfrenta um duplo desafio de romper com a cultura do
assistencialismo, do clientelismo com base nas relações de favor e de se
contrapor a reforma do Estado em andamento que afirma as antigas práticas
políticas, considerando a lógica estatal de desresponsabilizar-se de suas funções
em relação as políticas públicas no sentido de privilegiar o mercado e por meio
dele o processo de acumulação capitalista.
Embora tenhamos no momento atual na condução do governo federal um
representante legítimo da classe operária, este vive uma contradição substancial
que é a afirmação de seu compromisso com os pobres e uma política econômica
excludente, que dificulta a garantia da inclusão social.
É preciso refletir sobre esta realidade que não altera de forma sartisfatoria
as propostas e as ações da reforma do Estado iniciada no governo Fernando

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Henrique Cardoso, colocando importantes desafios para a consolidação das
políticas sociais e em especial a Política de Assistência Social, que historicamente
foi tratada numa perspectiva de ações assistencialistas e não como política
afirmativa de direitos.

2. A atuação dos psicólogos nas políticas de assistência

2.1 Parâmetros para a atuação dos psicólogos na Assistência Social (CRP)


ou Saúde

Para atuação do(a) Psicólogo(a) no CRAS/SUAS acontece um método


coletivo de produção de conhecimento sobre a intervenção profissional em
políticas públicas. Nesse sentido, a opção pela modalidade de consulta pública
procurou garantir e fortalecer a participação da categoria e o reconhecimento da
profissão.
Reconhecer a trajetória percorrida pela Assistência Social, nos últimos
anos, nos faz melhores para enfrentar os desafios, mudanças e transformações
sociais, sendo dessa forma devemos garantir direitos e promover a cidadania de
amplos os segmentos da população, na luta pelo fim da desigualdade social. A
primeira metade da década de 1990 ocorreu significativas alterações institucionais
operadas em torno das políticas públicas da Assistência Social.
A partir da VI Conferência Nacional de Assistência Social (2003), aprovou-
se a construção e implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
O SUAS propõe a sua intervenção a partir de duas grandes estruturas
articuladas entre si: a Proteção Social Básica, que dá conta da atenção básica, e a
Proteção Social Especial, considerando a necessidade de ações de médias e altas
complexidades. Levando em consideração os objetivos focados em prevenir
situações de risco e fortalecer vínculos familiares e comunitários. O SUAS foi
criado exclusivamente para situações sociais decorrente da pobreza, privação ao
acesso de serviços públicos e ou falta de vínculos afetivos.

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Na SUAS o psicólogo atuação como trabalhador da Assistência Social, tem
como finalidade básica o fortalecimento dos usuários como sujeitos de direitos e o
fortalecimento das políticas públicas.
A Psicologia Social pode oferecer foco nas necessidades, potencialidades,
objetivos e experiências dos oprimidos, para melhor elaboração e execução de
políticas públicas de Assistência Social.
A capacidade de enfrentamento das situações da vida é afetada pelas
experiências, condições de vida e significados construídos ao longo do processo
de desenvolvimento. Alterar o lugar do sujeito nas políticas de Assistência Social,
potencializando a sua capacidade de transformação, envolve a de novos
significados. Cidadãos devem ser pensados como sujeitos que têm sentimentos,
ideologias, valores e modos próprios de interagir com o mundo, constituindo uma
subjetividade que se constrói na interação contínua dos indivíduos com os
aspectos histórico-culturais e afetivo-relacionais que os cercam. Essa dimensão
subjetiva deve ser levada em consideração quando se organizam e executam as
políticas públicas.
Compreender o papel ativo do indivíduo e a influência das relações sociais,
valores e conhecimentos culturais sobre o desenvolvimento humano pode
favorecer a construção de uma atuação profissional que seja transformadora das
desigualdades sociais. Considerando o desenvolvimento dos sujeitos, o cidadão
tem vez e voz nas decisões e problemas vivenciados em seu cotidiano.
Valorizando a experiência do individuo de reconhecer sua identidade e poder
pessoal, o símbolo afetivo-emocional da à interpretação dialógica do
fortalecimento pessoal, podendo desenvolver condições subjetivas de inserção
social.
Os psicólogos no CRAS devem promover e fortalecer vínculos sócio-
afetivos, de forma que as atividades de atendimento gerem progressivamente
independência dos benefícios oferecidos e promovam a autonomia na perspectiva
da cidadania. O CRAS desenvolveu suas atividades para imediato alivio da
pobreza e desenvolvimento das famílias, atuando na perspectiva de conter a

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desigualdade social, em um país marcado por essa desigualdade, e construir uma
rede de proteção social.
O compromisso é de oferecer serviços de qualidade, diminuir sofrimentos,
evitar a cronificação dos quadros de vulnerabilidade, defender o processo
democrático e favorecer a emancipação social. O importante e compreender as
condições históricas, culturais, sociais e políticas de produção, a partir das
comunidades e do território do impacto de vida de cada sujeito.
Os profissionais atuantes no SUAS e CRAS são como salvadores que
aliviam a miséria, e invertem a demanda e sabem o que é melhor para cada
usuário – levando em consideração seu aspecto histórico, social, pessoal e
contextual, - realizando intervenções psicológicas efetivas e resolutivas, com base
no planejamento técnico considerando a demanda espontânea.
Na relação com as famílias é importante também estar atento ao processo
de culpabilização da família. A valorização da família e a idealização do núcleo
familiar contribuíram para se pensar na família como base para uma estrutura
forte, onde tudo e remetido a família, tanto o prazer quanto a culpa.
Quando os profissionais têm disponibilidade para revisar suas ações, com
base no conhecimento compartilhado com diferentes profissionais e usuários,
constroem práticas interdisciplinares mais colaborativas, ricas e flexíveis. A
compreensão e atuação adequadas para a abordagem de questões relativas ao
cotidiano sobre a realidade dos indivíduos em seu território, levando em conta a
identificação e consideração das expectativas dos usuários e análise das ações
propostas pela Assistência Social.
O psicólogo é orientado à varias práticas para seus atendimentos.
* Atuar em consonância com as diretrizes e objetivos da PNAS e da
Proteção Social Básica (PSB), cooperando para a efetivação das políticas públicas
de desenvolvimento social e para a construção de sujeitos cidadãos;
* Atuar de modo integrado à perspectiva interdisciplinar, em especial nas
interfaces entre a Psicologia e o Serviço Social, buscando a interação de saberes
e a complementação de ações, com vistas à maior resolutividade dos serviços
oferecidos;

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* Atuar de forma integrada com o contexto local, com a realidade municipal
e territorial, fundamentada em seus aspectos sociais, políticos, econômicos e
culturais;
* Atuar baseado na leitura e inserção no tecido comunitário, para melhor
compreendê-lo, e intervir junto aos seus moradores;
* Atuar para identificar e potencializar os recursos psicossociais, tanto
individuais como coletivos, realizando intervenções nos âmbitos individual,
familiar, grupal e comunitário;
* Atuar a partir do diálogo entre o saber popular e o saber científico da
Psicologia, valorizando as expectativas, experiências e conhecimentos na
proposição de ações;
* Atuar para favorecer processos e espaços de participação social,
mobilização social e organização comunitária, contribuindo para o exercício da
cidadania ativa, autonomia e controle social, evitando a cronificação da situação
de vulnerabilidade;
* Manter-se em permanente processo de formação profissional, buscando a
construção de práticas contextualizadas e coletivas;
* Atuar com prioridade de atendimento aos casos e situações de maior
vulnerabilidade e risco psicossocial;
* Atuar para além dos settings convencionais, em espaços adequados e
viáveis ao desenvolvimento das ações, nas instalações do CRAS, da rede sócio
assistencial e da comunidade em geral.
Desde o ponto de vista conceitual, a ação do psicólogo e do assistente
social e as diretrizes do Ministério de Desenvolvimento Social unem-se na
reabilitação psicossocial de um lado e de outro, na promoção da cidadania e do
protagonizo político.

2.2 Conhecendo a realidade da atuação: entrevistas

O CREAS é um serviço novo e recebe demandas do poder judiciário,


recebem também denuncias e possuem um sistema de plantão para quem busca

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auxílios desses serviços. Cada caso é analisado e uma forma adequada segundo
os parâmetros de atuação é conduzida.
A capacitação do profissional para atuação no CREAS é inexistente o que
compromete a atuação do profissional que por conta própria busca o
conhecimento para atuar.
A atuação deste é voltada principalmente á situações de drama familiar que
chegam ao conhecimento por encaminhamento do judiciário ou iniciativa própria
do individuo como nos casos dos que sofreram violência.
A maior dificuldade é o encaminhamento de pessoas com a inexistência ou
escassez de suporte a exemplo de casos de dependência química e violência
contra a mulher.
A possibilidade de superação das dificuldades da atuação a educação é
apontada como fundamental.
No básico, as políticas são boas, o estatuto é completo, no entanto falta
comprometimento dos órgãos públicos para que sejam postas em pratica de forma
ativa e positiva.

3. Análise da realidade: possibilidades e limites da atuação

As políticas públicas voltadas para a saúde nos últimos tempos têm sido de
grande importância para a população de todo o país, mesmo sabendo-se que a
sua implementação não tenha sido aplicada de forma eqüitativa e satisfatória.
Historicamente, as políticas públicas e especialmente no Brasil vêm se
caracterizando de forma subordinada aos interesses econômicos e políticos,
sendo implementadas através de práticas assistencialistas e clientelistas,
refletindo relações que não incorporam o reconhecimento dos direitos sociais.
Há grandes dificuldades quando se trata de atender a toda população de
um pais de tamanho continental como é o Brasil. A dificuldade existente é não só
geográfica como administrativa, visíveis na deficiência no atendimento á pessoas
de áreas rurais.

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É visível problemas financeiros no caso de investimentos bizarros no setor
de saúde e assistência social quando comparados com o PIB brasileiro.
Políticas salariais de abono prejudicam o funcionamento desses sistemas,
prejudicando o trabalhador reduzindo em até 60% do salário com argumentos de
produtividade que para serem cumpridos é necessário não obter nenhuma falta,
mesmo falta médica.
Há também o costume da população que possui convenio médico particular
e costumeiramente utilizam o sistema publico, o que causa o sobrecarga do
sistema.
A contribuição da psicologia no sistema público de saúde e de assistência
social é com foco nas demandas subjetivas do individuo, enquanto a assistência
social foca no objetivo material.
O grande risco do psicólogo é de não se adaptar as demandas da realidade
do contexto em que o individuo esta inserido e atende-lo como um sujeito único e
desconsiderar a comunidade. Em casos de atendimento clinico o psicólogo dá a
sua maior contribuição, como no caso da atuação psicanalítica que dá ferramentas
para atuação com a ressalva de que o profissional não busque colocar a
comunidade no divã e se adapte a mudança do trabalho individual para o grupo
enquanto comunidade.
Destaca-se como grande dificuldade na busca dos serviços psicoterápicos
a hierarquia de importância que o individuo dá as suas necessidades, colocando
os serviços psicoterápicos em competição com suas necessidades básicas como
a alimentação.
Muitos indivíduos são resistentes a buscar os serviços da assistência social
em função do mal tratamento que recebem dos funcionários, funcionários que
usam do podem de “conceder” assistência ou não e usam isso para oprimir com
moralismo os necessitados que necessitam de acolhimento.

4. Referências bibliográficas

BEHRING, Elaine Rossetti. Contra reforma do Estado, seguridade social e o lugar da


filantropia. Serviço Social e Sociedade, n. 73. São Paulo: Cortez, 2003.

19
BRASIL. Lei nº 8742, de 07 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da
Assistência Social e dá outras providências. Lei Orgânica da Assistência Social. Textos
de apoios. Governo do Paraná. Secretaria de Estado do Trabalho e da Ação Social,
Curitiba, 1994.

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Básica – NOB/SUAS. Brasília, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
2004.

NOGUEIRA, Marco Aurélio. Um Estado para a sociedade civil: temas éticos e políticos
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PEREIRA, A.P. Potyara. A Assistência Social na perspectiva dos direitos: crítica aos
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PEREIRA, Luiz Carlos; WILHEIM, Jorge; SOLA, Lourdes. Sociedade e Estado em


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Fonte: Referências Técnicas para atuação do (a) psicólogo (a) no CRAS/SUAS - Ana
Mercês Bahia Bock - Presidente do Conselho Federal de Psicologia
Bibliografia:
CREPOP – Centro de referencia técnica em psicologia e políticas públicas (22/11/2010).
CRP – conselho regional de psicologia (27/11/2010).
CFP – conselho federal de psicologia (27/11/2010).

5. Anexos:
1. Transcrição das entrevistas
2. TCLE
3. Outros

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