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SÃO PAULO
2018
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MAYARA RANIERI PASCHOAL
São Paulo
2018
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MAYARA RANIERI PASCHOAL
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
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Profa. Dra. Aurora Gedra Ruiz Alvarez
Universidade Presbiteriana Mackenzie
________________________________________
Profa. Dra. Maria Luiza Atik
Universidade Presbiteriana Mackenzie
________________________________________
Profa. Ms. Camila Concato
Universidade Presbiteriana Mackenzie
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À minha mãe, Sylvia, por me
incentivar e ensinar a importância da
educação e do conhecimento.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ter me dado a oportunidade e a força para estudar e iniciar
minha carreira profissional em uma universidade renomada como o Mackenzie.
Agradeço à minha mãe, Sylvia, por ser a inspiração de mulher batalhadora que eu
quero seguir, por não me deixar desistir e por sempre estar ao meu lado, me
apoiando e me fortalecendo. Ao meu pai, Wilson, por sempre facilitar os meus dias e
a minha rotina puxada com seu carinho e cuidado. À minha irmã, Giovanna, por
colorir meus dias nublados. Ao meu namorado, Pedro, por ser um amigo e um
companheiro tão carinhoso e compreensível, por me ajudar a vencer os obstáculos e
por tornar minha vida mais leve. Ao meu tio, Carlinos, por ser um refúgio sempre que
preciso. Eu amo vocês.
Agradeço à minha orientadora, Profa. Dra Aurora Alvarez, por ser tão paciente e
estar sempre disposta a me ensinar e corrigir com muito carinho; sendo um exemplo
que quero seguir na vida acadêmica. À Profa. Dra. Regina Brito, por me dar a
chance de me aproximar um pouco mais da minha área e também pela confiança e
cuidado diários. A todos os professores da graduação e da pós-graduação em
Letras, a quem homenageio pelo nome da Prof Dra. Elaine Prado, pela dedicação e
entrega ao cuidar dos alunos.
Agradeço à Profa. Dra. Maria Cristina e ao Prof Dr Luiz Renato por terem acreditado
em mim e me dado a chance de crescer sempre mais. À Profa Dra. Maria Regina,
à Jaqueline e ao Rafael por terem me ensinado que somos sempre passageiros em
busca de algo melhor. À Daniele, por ter sido uma amiga, companheira e um
exemplo que segui durante meu trajeto profissional no Mackenzie.
Agradeço também a todos que tornaram a minha jornada mais leve, sou grata por
tudo que vivi e aprendi com cada um de vocês: Marcela, Victória, Jéssica Aquino,
Beatriz Rodrigues, Leticia Martinez, Giovanna Prado, Giovana Paduano, Tatiana,
Nathalia Ângelo, Tally, Haim, Vitória Silva, Rodrigo Poit, Leticia Zanussi, Gabriela,
Anderson, Lara, Samuel, Sheila, Cassiano, Naiara, Rosana, Guilherme, Mariana,
Nathalia Martinez e, principalmente, aos meus amigos Vitor Cesar e Pedro Zambon,
pela ajuda na elaboração desse trabalho e ao meu amigo Bruno, por todo o cuidado
e paciência em ouvir minhas ideias: é apenas o início de nossa parceria acadêmica.
Obrigada!
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Ali me contive a contemplar a casa
como que irrealizada em pintura.
Entendi que por muita que fosse a
estrada eu nunca ficaria longe
daquele lugar (Mia Couto).
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RESUMO
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ABSTRACT
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9
MOÇAMBICANA. ..................................................................................................... 14
AFRICANA. ........................................................................................................... 17
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29
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INTRODUÇÃO
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No entanto, se a história de Lewis Carrol tomasse outra direção, isto é, se
essa situação ambígua fosse decifrada, a narrativa se afastaria do gênero do
fantástico, podendo caminhar pelo universo do maravilhoso ou do estranho.
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publicados pela primeira vez em 1812. Nessas histórias, os elementos insólitos não
fazem com que a personagem duvide da realidade e nem recebem uma explicação
racional; os fatos apenas acontecem e não são questionados. Aceita-se que os
animais falem, bruxas se transformem em dragões e, como ocorre no conto “A gata
borralheira”, que árvores mágicas transformem vestidos velhos em vestidos de baile.
Essa condição de normalidade perante elementos insólitos deve-se ao fato de que o
universo tratado nesse tipo de narrativa permite esses acontecimentos, que se
caracterizam apenas por sua natureza e não pelas atitudes e reações que os
acompanham.
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Para amparar teoricamente esta proposta de estudo, foi feita uma pesquisa
bibliográfica percorrendo desde o sentido geral e filosófico do animismo até sua
percepção como um gênero inscrito na literatura, buscando entender como esse
fenômeno se apresenta na obra em questão. O teórico Harry Garuba foi fundamental
para o conhecimento do animismo, seja como uma representação literária, seja
como uma percepção de mundo da cultura africana inscrita na vivência da
personagem. Assim como o teórico Antônio Cândido e o pesquisador da UERJ
Flávio Garcia, tendo sido primordiais para estabelecimento de toda a relação de
animismo, literatura, sociedade e identidade cultural africana.
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1 – IDENTIDADE, CULTURA E REALISMO ANIMISTA NA
LITERATURA MOÇAMBICANA
1
Trecho colhido de CANDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1976, p. 74.
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transformada, ela expressa a identidade nacional. Suas histórias desvelam a cultura,
a crença e os costumes de um povo e de uma nação. Na África, devido ao passado
de conflitos e de um longo período de colonização, a literatura assume esse papel
com grande intensidade.
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Nessa ideia, entende-se o impedimento de se romper todos os vínculos com o
outro, quando tudo o que existe na sociedade tem, em certo ponto, o peso de um
passado de submissão e de dependência.
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Dessa forma, Couto defende que seja recriada a identidade de Moçambique,
com o resgate da cultura nacional, entendendo, contudo, que não há como ignorar a
colonização e todo o processo de hegemonia portuguesa, visto que essa
“dominação colonial inventou grande parte do passado e da tradição africana”
(COUTO, apud GARCÍA, 2010, p. 92).
Ponderando sobre o que foi discutido até aqui e refletindo sobre a literatura
animista, proposta de estudo que será analisada neste trabalho, entende-se a
problemática apontada na introdução: a dificuldade de conceituar a literatura
africana, partindo de termos pertencentes ao mundo europeu. Para a criação da
identidade moçambicana, é necessário que haja uma reflexão dos conceitos sob a
ótica da cultura, da crença e dos costumes nacionais. É preciso olhar a realidade
distante do eurocentrismo construído nesses séculos de colonização, entendendo,
em particular, a manifestação do elemento insólito inscrito na literatura de
Moçambique segundo a perspectiva animista da cultura africana.
[...] recorrer aos meios mágicos para dominar ou implorar aos espíritos,
como fazia o selvagem, para quem esses poderes misteriosos existiam. Os
meios técnicos e os cálculos realizam o serviço. Isto, acima de tudo, é o que
significa a intelectualização. (1982, p. 165)
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se relaciona com os ancestrais e principalmente com o espiritual. Em virtude de seu
cunho religioso, a filosofia animista e esse ideal de “‘aprisionamento’ do espírito
dentro da matéria ou a fusão do material e do metafórico” (GARUBA, 2012, p. 240)
foram incorporados em diversas práticas sociais e culturais das sociedades
africanas.
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2 – ANIMISMO EM “INUNDAÇÃO”
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E ela queria guardar aquela saudade. Como se aquela ausência fosse o
único troféu de sua vida. (COUTO, 2009, p. 26).
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Em todas essas narrativas apresentadas, tanto no corpus principal desta
pesquisa, quanto nas comparações a outras mitologias – grega e mexicana – a
temática da morte é aludida sob olhares que se assemelham, mas que também
evidenciam especificidades próprias de cada cultura. No caso de Orfeu, temos a
interseção dos deuses, que guiam e determinam todo o caminhar do destino. Em A
vida é uma festa (2017), temos o dia de los muertos, sendo uma celebração típica
da cultura mexicana, com todos os rituais que lhe cabem. Em “Inundação” (2012),
temos os símbolos da tradição africana, principalmente moçambicana, marcados em
diversos pontos da narrativa.
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No dia seguinte, a mãe cumpria a vontade de domingo, comparecida na
igreja, seu magro joelho cumprimentando a terra. [...]. A surpresa me
abalou: de novo se enfunavam os vestidos, cheios de formas e cores. De
imediato, me virei a espreitar a caixa onde se guardavam as lembranças de
namoro de meus pais. A tinta regressara ao papel, as cartas de meu velho
pai se haviam recomposto? Mas não abri. Tive medo. Porque eu,
secretamente, sabia a resposta. (COUTO, 2009, p. 27)
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religiosas de suas origens têm prevalência sobre às do colonizador, uma vez que no
momento crucial do drama vivido pelo afastamento do espírito do pai, a mãe se
socorre primeiro dos rituais de sua cultura, isto é, canta para invocar a presença da
alma do marido na casa e nos seus objetos. Depois de a harmonia do lar e a de si
terem sido recompostas, ela cumpre o ritual cristão.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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materialização de ideias e sentimentos e pela inserção de uma espiritualidade
apreendida em objetos até então inanimados. Verificando e ampliando esse conceito
em todas as suas possibilidades, trabalhamos por atender o objetivo deste estudo,
que foi o de identificar os elementos insólitos que consolidam o realismo animista no
conto “Inundação” (2009) de Mia Couto, ao tratar o tema da morte no contexto
sociocultural de Moçambique.
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REFERÊNCIAS
_________. O direito à literatura. In: Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades,
1989.
COUTO, Mia. Inundação. In: O fio das missangas. São Paulo: Companhia das
Letras, 2009.
_________. O fio das missangas. In: O fio das missangas. São Paulo: Companhia
das Letras, 2009.
SARAMAGO, José. Contar a vida de todos e de cada um. In: Fundação José
Saramago, 2009. Disponível em: < https://www.josesaramago.org/contar-a-vida-de-
todos-e-de-cada-um/ >. Acesso em 15 jun. 2018.
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