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Formação
Classificação
Qualidade
O alumínio possui uma boa conformabilidade e pode ser produzido em uma série
de formas diferentes. A tabela abaixo mostra a distribuição da produção de
alumínio nos EUA, principal consumidor mundial.
Sistema de classificação
Aplicações
Ligas Al-Cu
As ligas do sistema Al-Cu, conhecidas como ligas da série 2XXX (trabalhadas) e
2XX.X (fundidas) na classificação da Aluminum Association, são as ligas de
alumínio de desenvolvimento mais antigo, sendo que o seu surgimento data do
início do século XX, quando Alfred Wilm, na Alemanha, descobriu o fenômeno de
endurecimento por precipitação [4]. Essas ligas até hoje são conhecidas como
duralumínio, e entre essas ligas a 2017 é a mais antiga e também a mais
conhecida. É uma liga que contém 4 % de cobre, 0,5 % de magnésio e 0,7 % de
manganês, nas quais a simples introdução desses elementos de liga já eleva a
resistência à tração de 9,1 kg/mm2 (alumínio comercialmente puro) para 18,2
kg/mm2. O tratamento térmico de envelhecimento (endurecimento por precipitação)
por tempo e temperatura controlados ainda permite aumentar ainda mais a
resistência à tração, para cerca de 43 kg/mm2 [1].
Esse grupo de ligas Al-Cu pode ainda ser subdividido em dois grupos principais: as
ligas Al-Cu com teores de magnésio relativamente baixos, como a 2017
mencionada e outras como a 2025 e a 2219, e as ligas Al-Cu com tores de
magnésio relativamente altos (também denominadas Al-Cu-Mg), superiores a 1%,
como a 2024 (1,5 % de magnésio) e a 2618 (1,6 % de Mg). A principal diferença
entre esses dois subgrupos é que nas ligas Al-Cu, mais antigas, só contribuem
para o endurecimento por precipitação as fases precursoras da fase θ (Al2Cu):
θ '' e θ ', ao passo que nas ligas Al-Cu-Mg é igualmente importante a contribuição
da fase S', precursora da fase S (Al2CuMg) [3]. Se o teor de silício for relativamente
alto, também poderá ser encontrada nestas ligas a fase quaternária Q
(Al4Cu2Mg8Si7).
Obs: alguns autores mais antigos podem se referir aos precipitados θ ''como zonas
GP2, e assim considerarem as zonas GP iniciais como zonas GP1, mas essa
denominação está em desuso, uma vez que estudos mais recentes demonstram
que os precipitados θ ''são efetivamente precipitados com estrutura cristalina e
outras características bem definidas, que os diferenciam das zonas GP.
Limite de
Limite de Limite de
Alongamento Dureza resistência
Liga resistência escoamento
(%) em 50mm Brinell à fadiga
(MPa) (MPa)
(MPa)
2011 (T8) 405 310 12 100 125
2014 (T6) 485 415 12 135 125
2017 (T4) 425 275 22 105 125
2117 (T4) 300 165 27 70 95
2218 (T72) 330 255 11 95 -
2618 (T61) 435 370 10 - 130
2219 (T87) 475 395 10 130 105
2024 (T861) 515 490 6 135 125
2025 (T6) 400 255 19 110 125
2036 (T4) 340 195 24 - -
Limite de Limite de
Alongamento Dureza
Liga resistência escoamento
(%) em 50mm Brinell
(MPa) (MPa)
201.0 (T6) 448 379 8,0 130
208.0 (F) 145 97 2,5 55
213.0 (F) 165 103 1,5 70
222.0 (T62) 421 331 4,0 115
224.0 (T571) 380 276 10,0 123
240.0 (F) 235 200 1,0 90
242.0 (T571) 221 207 0,5 85
295.0 (T6) 250 165 5,0 75
Ligas Al-Mg
As ligas Al-Mg de uso comercial mais antigo são a 5052, 5154 e 5056. Existem
poucas ligas Al-Mg essencialmente binárias como a 5005 e a 5050, já que a
maioria contém elementos formadores de dispersóides, tais como o cromo, o
manganês e o titânio, em um total que pode variar de 0,25 a 1 %. A liga Al-Mg com
maior resistência mecânica é a 5456 , seguida de perto pela 5083 e, num nível
mais baixo, pela 5086. Outras ligas com menor resistência mecânica são a 5454,
5082 e 5182. Os mais baixos níveis de resistência mecânica correspondem às ligas
binárias (5005 e 5050) [3].
Embora as ligas Al-Mg estejam classificadas como ligas não endurecíveis por
precipitação, por não apresentarem ganho de dureza devido à precipitação, em
ligas como a 5083, 5086, 5056 e 5456 o teor de magnésio supera o limite de
solubilidade, fazendo com que, em condições termodinamicamente favoráveis
como temperaturas elevadas, ou mesmo longos tempos à temperatura ambiente,
ocorrer precipitação das fases Al3Mg2, Al3Mg5 ou Al8Mg5 nos contornos de grão,
que, em vez de proporcionar algum ganho de dureza, causa problemas como
aumento da susceptibilidade à corrosão nos contornos de grão e diminuição da
resistência à corrosão sob tensão. Esse problema resultou no desenvolvimento da
têmpera (grau de encruamento) H116, de modo a eliminar, ou minimizar, essa
instabilidade, permitindo um melhor aproveitamento das propriedades mecânicas e
outras características favoráveis dessas ligas, que fazem com que elas sejam muito
usadas para aplicações nas quais se deseja maior resistência mecânica do que a
do alumínio comercialmente puro (série 1XXX). A elevada resistência mecânica e a
boa soldabilidade dessas ligas fizeram com que elas estejam entre as ligas
preferidas para algumas aplicações estruturais, para uso na fabricação de meios de
transporte, nas indústrias de processamento e também para usos militares, nos
quais se deseja boas propriedades balísticas e criogênicas [3].
Liga Mg Mn Cr Ti Al
5005 0,8 - - - Restante
5042 3,5 0,35 - - Restante
5050 1,4 - - - Restante
5052 2,5 - 0,25 - Restante
5252 2,5 - - - Restante
5154 3,5 - 0,25 - Restante
5454 2,7 0,8 0,12 - Restante
5654 3,5 - 0,25 0,10 Restante
5456 5,1 0,8 0,12 - Restante
5457 1,0 0,30 - - Restante
5657 0,8 - - - Restante
5082 4,5 - - - Restante
5182 4,5 0,35 - - Restante
5083 4,4 0,7 0,15 - Restante
5086 4,0 0,45 0,15 - Restante
Resistência
Resistência Dureza Resistência
ao Alongamento
Liga Têmpera à tração Brinell à fadiga
escoamento em 50 mm (%)
(MPa) (HB) (MPa)
(MPa)
5005 O 125 40 25 28 -
5005 H34 160 140 8 41 -
5005 H38 200 185 5 55 -
5042 H19 360 345 4,5 - -
5050 O 145 55 24 36 85
5050 H34 190 165 8 53 90
5050 H38 220 200 6 63 95
5052 O 195 90 25 47 110
5052 H34 260 215 10 68 125
5052 H38 290 255 7 77 140
5252 O 180 85 23 46 -
5252 H25 235 170 11 68 -
5252 H28 285 240 5 75 -
5154 O 240 115 27 58 115
5154 H38 330 270 10 80 145
5154 H112 240 115 25 63 115
5454 O 250 115 22 62 -
5454 H34 305 240 10 81 -
5454 H111 260 180 14 70 -
5454 H112 250 125 18 62 -
5056 O 290 150 35 65 140
5056 H18 435 405 10 105 150
5056 H38 415 345 15 100 150
5456 O 310 160 24 - -
5456 H112 310 165 22 - -
5456 H116 350 255 16 90 -
5457 O 130 50 22 32 -
5457 H25 180 160 12 48 -
5457 H28 205 185 6 55 -
5657 O 110 40 25 28 -
5657 H25 160 140 12 40 -
5657 H28 195 165 7 50 -
5082 H19 395 370 4 - -
5182 O 275 130 21 - -
5182 H19 420 395 4 - -
5083 O 290 145 22 - -
5083 H116 315 230 16 - 160
5086 O 260 115 22 - -
5086 H34 325 255 10 - -
5086 H112 270 130 14 - -
5086 H116 290 205 12 - -
Ligas Al-Mg-Si
Solução sólida --> zonas GP (esféricas) --> beta" (agulhas) --> beta' (bastonetes)
--> b (plaquetas quadradas) : Mg2Si.
• Ligas Al-Mg-Si-Cu
A introdução de elevados teores de cobre (da ordem de 0,7 a 1,0 %) nas ligas da
série 6XXX enriquece estas ligas com outros tipos de precipitados endurecedores
além de beta" (em forma de agulhas) e beta' (em forma de bastonetes). Foram
identificados também, nestas ligas que contêm cobre, precipitados em forma de
ripas, ainda não identificados, mas que podem ser precipitados intermediários da
fase Q'(composição aproximada: Al4Cu2Mg8Si7), da fase theta" (Al2Cu) ou da fase
S' (Al2CuMg). É possível que todas essas fases estejam presentes nas ligas Al-Mg-
Si-Cu [21-24].
Chakrabarti e outros [25] afirmam que, ao contrário das fases beta", Q' e theta", é
improvável, do ponto de vista da termodinâmica, a presença das fases S' ou S
(resultante da transformação da fase S' mencionada em precipitados
termodinamicamente estáveis) nas ligas Al-Mg-Si-Cu e que estas fases não
poderiam coexistir com as fases Q' e Q (analogamente proveniente da
transformação da fase Q' em precipitados de equilíbrio) , presentes nas ligas com
teor de silício razoavelmente alto. A fase Q' teria a mesma morfologia (forma de
ripas alongadas) e estrutura cristalina da fase Q (hexagonal compacto: a = 1,04 nm
e c = 0,405 nm) diferenciando-se desta somente pelas menores dimensões e pelo
fato de ser coerente. Para tempos de envelhecimento mais prolongados, a
tendência é o aumento da presença da fase Q' quando comparada com a fase
beta", que predomina no início do envelhecimento [25-28]. Ao contrário da fase
beta", que apresenta seção reta circular, a fase Q' possui seção reta retangular. O
grande efeito de endurecimento por precipitação associado à presença desta fase
explicaria o ganho de dureza e de resistência mecânica associado às adições de
cobre às ligas Al-Mg-Si. A fase Q' (e a Q) também pode ser encontrada em ligas Al-
Cu-Mg (série 2XXX) com adições de silício. Considerando-se as regiões de
estabilidade das diferentes fases endurecedoras em função dos teores de
magnésio, silício e cobre, verifica-se que a composição da liga 6013, que possui
um pequeno excesso de silício, corresponde à presença das fases beta", theta", Q'
e Si (aglomerados de átomos de silício) [25].
As ligas da série 6xxx apresentam duas características que justificam o seu uso
mais freqüente quando comparadas às demais ligas de alumínio: a capacidade de
endurecimento por precipitação (são termicamente tratáveis) aliada à facilidade de
serem extrudadas. Estas ligas apresentam elevada dutilidade, que permite o seu
uso em operações que acarretam elevados graus de deformação, como a extrusão.
Por esse motivo, as ligas Al-Mg-Si representam a maior parte do volume de ligas
de alumínio extrudadas [36-41].
Com o objetivo de superar as limitações das ligas Al-Mg-Si para aplicações em que
se exige níveis de resistência mecânica mais elevados, recentemente foram
introduzidas as ligas Al-Mg-Si-Cu: 6013, 6056 e 6111 [21,22,24,43-45]. A adição de
elevados teores de cobre permite obter resistência mecânica bem mais alta do que
a das tradicionais ligas Al-Mg-Si sem cobre, atingindo valores comparáveis às das
ligas da série 2xxx, sem contudo prejudicar sensivelmente as características que
favorecem a sua utilização em processos como extrusão e soldagem [21,22,24].
Além das ligas trabalhadas da série 6xxx, no grupo das ligas que contêm Si, Mg e
Cu como seus principais elementos de liga, devem ser mencionadas as ligas
fundidas da série 3xx.x, entre as quais as ligas 380.0, 356.0, 390.0,360.0, 359.0,
357.0, 355.0, 332.0, 319.0, 324.0, 384.0, 364.0, 392.0 e 336.0 [1,3].
Liga Mg Si Cu Mn Cr
6101 0,6 0,5 - - -
6201 0,8 0,7 - - -
6009 0,6 0,8 0,37 0,5 -
6010 0,8 1,0 0,37 0,5 -
6013 1,0 0,8 0,9 0,6 -
6022 0,58 1,28 0,07 0,08 -
6151 0,6 0,9 - - 0,25
6351 0,6 1,0 - 0,6 -
6951 0,6 0,35 0,28 - -
6053 1,2 0,7 - - 0,25
6061 1,0 0,6 0,2 0,28 0,2
6262 1,0 0,6 0,28 - 0,09
6063 0,7 0,4 - - -
6066 1,1 1,3 1,0 0,8 -
6070 0,8 1,3 0,28 0,7 -
Obs. : Alumínio é o restante (em todas as ligas). A liga 6262 contém também 0,6 %
Bi e 0,6 % Pb.
Limite de
Limite de Limite de
resistência
resistência Alongamento Dureza resistência
Liga Têmpera ao
à tração em 50 mm (%) Brinell à fadiga
escoamento
(MPa) (MPa)
(MPa)
6101 T6 220 195 15 71 -
6201 T81 330 - 6 - 105
6009 T4 230 125 25 62 -
6010 T4 290 170 24 78 -
6013 T651 406 372 9 132 -
6151 T6 330 295 17 100 85
6351 T6, T651 340 295 13 95 90
6951 T6 270 230 13 82 -
6053 T6 255 220 13 80 90
6063 T6 240 215 12 73 70
6463 T6 240 215 12 74 70
6061 T6 310 275 12 95 95
6262 T9 400 380 10 120 90
6066 T6, T651 395 360 12 120 110
6070 T6 380 350 10 120 95
Ligas Al-Mn
Ao contrário das ligas Al-Cu, as ligas Al-Mn (série 3XXX da Aluminum Association
entre as ligas trabalhadas) não são endurecíveis por precipitação, ou sejam, não
obtêm nenhum ganho de dureza mediante tratamento térmico (o chamado
envelhecimento). Como as ligas dos sistemas Al-Si (série 4XXX) e Al-Mg (série
5XXX) (Al-Mg), as ligas Al-Mn somente podem ser endurecidas por encruamento
(trabalho mecânico). Entretanto, as ligas não tratáveis termicamente contendo mais
de 1 % de manganês, como por exemplo a 3003, muito utilizada na fabricação de
panelas, possuem considerável importância comercial. Outro exemplo de liga do
sistema Al-Mn de larga aplicação industrial é a 3004, utilizada na fabricação de
latas para acondicionamento de bebidas. O manganês também é usado como
elemento de liga minoritário em ligas dos sistemas Al-Cu (série 2XXX) e Al-Mg-Si
(série 6XXX) e de um modo geral aumenta a resistência mecânica das ligas
trabalhadas, seja através da formação de fases intermetálicas como AlFeMnSi e
AlMnSi, ou por meio de endurecimento por solução sólida. Entretanto, em
quantidade excessiva as fases intermetálicas podem reduzir a dutilidade. Outro
efeito importante do manganês no alumínio e suas ligas é a redução da
susceptibilidade à corrosão sob tensão [3].
Ligas Al-Si
O amplo uso das ligas Al-Si em aplicações nas quais a qualidade da estrutura
resultante da solidificação é tão importante (fundição e soldagem) está relacionado
com as características que o seu principal elemento de liga, o silício, confere às
ligas de alumínio. Nestas ligas o silício é usado em teores de até 12 ou 13 % e
aumenta a fluidez do alumínio líquido permitindo que o mesmo flua melhor através
das cavidades do molde de fundição, permitindo a obtenção de produtos com
formatos mais complexos. Também propicia a redução da contração durante o
resfriamento, reduz a porosidade nas peças fundidas, reduz o coeficiente de
expansão térmica e melhora a soldabilidade. Em teores mais elevados dificulta a
usinagem. Ao ser combinado com o magnésio torna a liga tratável termicamente.
Deve estar preferencialmente presente sob a forma de cristais arredondados e
dispersos na liga de alumínio, o que pode ser obtido pelo tratamento de
"modificação", que consiste na adição de um pequeno teor de sódio às ligas Al-Si,
alterando a microestrutura da liga favoravelmente sob o ponto de vista das
propriedades mecânicas, já que a microestrutura de placas angulares de silício
provocariam concentração de tensões, prejudicando as propriedades mecânicas da
mesma [1]. O tratamento térmico (recozimento) permite o coalescimento e a
esferoidização do silício A dureza das partículas de silício promove o aumento da
resistência ao desgaste destas ligas. O sistema Al-Si, com solubilidade sólida
limitada em ambas as extremidades, forma um eutético simples à temperatura de
580 ºC para um teor de 12,5 % de silício [3].
O cobre também pode ser adicionado às ligas do sistema Al-Si, dando origem ao
subgrupo Al-Si-Cu [3]. Sua principal virtude, como nas ligas Al-Cu, é aumentar a
resistência mecânica da liga, tanto antes como após tratamento térmico. Sendo
assim, o cobre torna as ligas Al-Si-Cu tratáveis termicamente, ou seja, passíveis de
endurecimento mediante tratamento térmico de envelhecimento (endurecimento por
precipitação). O cobre é adicionado em teores entre 3 e 11 %, que permitem que
este elemento esteja total ou parcialmente solúvel no alumínio em temperaturas
logo abaixo do ponto de fusão. Do ponto de vista do processo de fundição,
favorece a diminuição da contração interna durante o resfriamento e a melhoria da
usinabilidade das peças fundidas. Entretanto, ao contrário do silício, acarreta
fragilidade a quente e menor fluidez, além de reduzir a resistência à corrosão [1]. A
fragilidade a quente é maior no limite de solubilidade sólida, quando a quantidade
de eutético na liga é mínima. No sistema Al-Si-Cu não se formam fases ternárias,
as fases em equilíbrio são Al2Cu e silício. Numa liga de alumínio a presença de um
segundo elemento de liga normalmente reduz a solubilidade sólida do primeiro e
vice-versa. A solidificação em condições de não equilíbrio praticamente não altera
as características de cada fase presente na liga [3].
O magnésio, ao ser adicionado às ligas Al-Si, torna as mesmas termicamente
tratáveis, devido à formação da fase Mg2Si, que é a responsável pelo
endurecimento das ligas Al-Mg-Si (série 6XXX). Entretanto, no caso das ligas Al-Si
o teor de magnésio não poder ser muito elevado a ponto de dificultar a fundição,
devido à formação da borra (oxidação excessiva do banho). Por outro lado, o
magnésio melhora a resistência à corrosão e a usinabilidade [1].
O boro é empregado em teores ainda mais baixos (até 0,01%), juntamente com o
titânio, tem por efeito reforçar o efeito deste e torná-lo mais duradouro em caso de
refusões [1].
Liga Si Fe Cu Mg Zn Al
413.0 12 2,0 máx 1,0 máx 0,10 máx - Bal.
A 413.0 12 1,3 máx 1,0 máx 0,10 máx - Bal.
443.0 5,25 0,8 máx 0,6 máx 0,05 máx 0,50 máx Bal.
A 443.0 5,25 0,8 máx 0,30 máx 0,05 máx 0,50 máx Bal.
B 443.0 5,25 0,8 máx 0,15 máx 0,05 máx 0,35 máx Bal.
C 443.0 5,25 2,0 máx 0,6 máx 0,10 máx 0,50 máx Bal.
444.0 7,0 0,6 máx 0,25 máx 0,10 máx 0,35 máx Bal.
A 444.0 7,0 0,20 máx 0,10 máx 0,05 máx 0,10 máx Bal.
Resistência
Resistência à ao Alongamento Dureza
Liga Têmpera
tração (MPa) escoamento (%) Brinell
(MPa)
443.0 F 131 55 8,0 40
A 444.0 F 145 62 9,0 -
A 444.0 T4 159 62 12,0 -
Ligas Al-Zn
O endurecimento por precipitação nas ligas que contêm zinco em excesso (em
relação ao magnésio) ocorre em uma seqüência que se inicia com a formação de
zonas GP a partir da solução sólida supersaturada, seguida pelo aparecimento dos
precipitados coerentes metaestáveis M' até chegar na fase de equilíbrio M, já na
etapa de superenvelhecimento, caracterizada pela queda de dureza. Se o teor de
magnésio for um pouco mais alto que o de zinco, ocorre seqüência de precipitação
semelhante, havendo entretanto a formação da fase T ao invés da fase M [3].
Nas ligas quaternárias que contêm cobre, o zinco é o principal elemento de liga,
mas o teor de magnésio é superior ao teor de cobre. A composição da fase M varia
de MgZn2 até AlCuMg e pode ser descrita como Mg(Al,Cu,Zn)2. A fase T varia de
Al2Mg3Zn3 até Al6CuMg4 e pode ser descrita como Mg3(Al,Cu,Zn)5. Se o teor de
cobre for muito alto aparece a fase S (Al2CuMg), cuja variação de composição é
pouco significativa. De um modo geral nas zonas GP e precipitados coerentes o
teor de cobre é menor do que nos precipitados de equilíbrio. O ferro, o silício e o
manganês interagem uns com os outros e também com o cobre e com o magnésio.
O cromo reage com o alumínio e o magnésio para formar um dispersóide [3].
Ao ser fundida, e antes de ser trabalhada, a liga 7075 forma uma ou mais variantes
de Al12(Fe,Cr)3Si, Mg2Si e um pseudo-binário eutético feito de alumínio e MgZn2.
Esta fase contém alumínio e cobre como substitutos parciais do zinco e pode ser
descrita como Mg(Zn,Cu,Al)2. O tratamento térmico posterior faz com que as fases
ricas em ferro transformem-se em Al7Cu2Fe. A fase Mg2Si é relativamente
insolúvel e tende a se esferoidizar até certo ponto. A fase Mg(Zn,Cu,Al)2
rapidamente começa a se dissolver , ao mesmo tempo que formam-se alguns
precipitados de Al2CuMg, os quais necessitam de altas temperaturas e longos
tempos para serem completamente dissolvidos. O cromo se precipita da solução
sólida supersaturada como dispersóides de Al18Cr2Mg8, concentrado
principalmente nas regiões dendríticas primárias. Uma liga Al-Zn-Mg bem
solubilizada contém apenas Al7Cu2Fe, Al12(Fe,Cr)3Si e Mg2Si e o dispersóide
mencionado. Os grãos recristalizados são muito alongados ou achatados por causa
do bandeamento de dispersóides e regiões não recristalizadas não são incomuns.
As regiões não recristalizadas são formadas por subgrãos muito finos cujos
contornos são decorados por precipitados endurecedores. Isso é mais óbvio nas
estruturas trabalhadas a quente, principalmente nas regiões mais próximas à
superfície, onde a deformação crítica levou à formação de grãos recristalizados
grosseiros. Os dispersóides inibem a recristalização, mas favorecem a formação de
subgrãos finos. A fase Al3Zr é coerente com a matriz tem efeitos semelhantes [3].
O recozimento nas ligas termicamente tratáveis tem dois propósitos: a remoção dos
efeitos do trabalho a frio residual e a precipitação de soluto a partir da solução
sólida. O último é acompanhado por um resfriamento lento controlado, resultando
numa distribuição aleatória de precipitados. A presença desses precipitados
densamente distribuídos torna a difícil a revelação da estrutura de grãos resultante
da têmpera O (recozida) [3].
As ligas 7X49, 7X50, 7175 e 7475 nas têmperas T6X e particularmente nas
têmperas T7X, assim como as ligas 2124, 2419 e 2048 nas têmperas T8X,
apresentam uma combinação favorável de propriedades. Elas têm alta resistência
mecânica, alta resistência à corrosão sob tensão, e quando submetidas a
tratamentos térmicos e mecânicos especiais, alta resistência ao crescimento
instável de trincas, ou seja, tenacidade à fratura [3].
Nos últimos anos as ligas Al-Zn-Mg têm recebido muita atenção. Essas ligas
contêm teores reduzidos de zinco e magnésio com pequenas adições de
manganês, cromo, titânio e zircônio. O cobre é eliminado ou limitado a teores muito
baixos. Esse controle de composição química reflete-se na completa solubilização
dos elementos de liga em temperaturas de tratamento térmico em contraste com as
ligas de uso aeronáutico e alta resistência mecânica. Os níveis de resistência
mecânica ótimos são atingidos mesmo com taxas de resfriamento lentas. A menor
sensibilidade ao resfriamento destas ligas, permite que, quando usadas na
fabricação de peças espessas sejam reduzidas as distorções e as tensões
residuais. Isso é possível quando apenas zircônio (excluindo-se o cromo e o
manganês) é adicionado para controlar o crescimento de grão [3].
Liga Zn Mg Cu Mn Cr Zr Ti Al
7001 7,4 3,0 2,1 - 0,26 - - Bal.
7005 4,5 1,4 - 0,45 0,13 0,14 0,03 Bal.
7016 4,5 1,1 0,8 - - - - Bal.
7021 5,5 1,5 - - - 0,13 - Bal.
7029 4,7 1,6 0,7 - - - - Bal.
7049 5,6 2,5 1,6 - 0,16 - - Bal.
7050 6,2 2,2 2,3 - - 0,12 - Bal.
7150 6,4 2,4 2,2 - - - - Bal.
7075 5,6 2,5 1,6 - 0,23 - - Bal.
7475 5,7 2,2 1,6 - 0,22 - - Bal.
7076 7,5 1,6 0,6 0,50 - - - Bal.
7178 6,8 2,7 2,0 - 0,23 - - Bal.
Limite de
Limite de Limite de
resistência Alongamento
resistência Dureza resistência
Liga Têmpera ao %
mecânica Brinell à fadiga
escoamento (em 50 mm)
(MPa) (MPa)
(MPa)
7001 T6 675 625 9 160 150
7005 T5 360 315 15 96 -
7021 T62 420 380 13 - 138
7029 T5 430 380 15 - -
7049 T73 540 475 10 146 -
7050 T74 510 450 13 142 -
7075 T6, T73 505 435 13 - 150
7475 T7351 505 435 14 - -
7076 T61 510 470 14 150 -
7178 T6, T651 605 540 10 160 150
Além das ligas classificadas pela Aluminum Association como ligas das séries
1XXX a 7XXX, existem outras ligas de alumínio, cujo principal elemento de liga é
diferente dos elementos de liga mais significativos das ligas dessas séries. Entre
estas estão as ligas alumínio-lítio, desenvolvidas nos anos 80 como possíveis
alternativas às ligas da série 7XXX (Al-Zn) e que receberam a numeração da série
8XXX, como as ligas 8090 e 8091, por exemplo, além de diversos outros tipos de
liga, cujos principais elementos de liga são outros que não o lítio, algumas dessas
nem mesmo numeradas oficialmente pela AA. Estas ligas constituem o tema do
presente capítulo.
As ligas binárias Al-Li estão entre as de mais baixa densidade entre as ligas de
alumínio, uma vez que a densidade do lítio é ainda mais baixa do que a do
alumínio: apenas 0,534 g/cm3, contra 2,70 g/cm3 no caso do alumínio, enquanto a
maioria dos principais elementos de liga geralmente adicionados ao alumínio têm
densidade muito mais alta: 8,92 g/cm3 no caso do cobre, 7,14 g/cm3 no caso do
zinco, 7,20 g/cm3 nos casos do manganês e do cromo. Sendo assim, enquanto a
adição destes elementos de liga tem o efeito de aumentar a densidade da liga de
alumínio, ao contrário do lítio. E como se sabe, uma das principais vantagens do
uso das ligas de alumínio é a sua baixa densidade, que aliada a uma boa
resistência mecânica que pode ser obtida por meio de diferentes tipos de
tratamentos térmicos e mecânicos, as torna o tipo de material mais indicado para
várias aplicações industriais. Nas ligas Al-Li o teor de lítio que corresponde à
composição eutética é de 9,9 % de lítio e a temperatura eutética é 600 ºC. O lítio
possui elevada solubilidade no alumínio (máximo de 5,2 %) e as ligas binárias
mostram apreciável capacidade de endurecimento por precipitação, o qual se deve
à formação da fase metaestável e ordenada delta' (Al3Li) sob a forma de
precipitados finos e dispersos na matriz [3].
Além das ligas binárias Al-Li surgiram com certa presença no mercado outras ligas
que contêm Li como um de seus principais elementos de liga, como as ternárias Al-
Cu-Li e Al-Mg-Li. A adição de cobre às ligas do sistema binário alumínio-lítio reduz
significativamente a solubilidade do lítio, para cerca de 1,5 % a 515 ºC. Para teores
mais baixos de lítio, há 3 fases em equilíbrio com o alumínio: a TB, a T1 e a T2. A
fase TB é a de composição Al7Cu4Li, correspondendo a 56,5 % de cobre e 1,5 %
de lítio. A estrutura é semelhante à da fase theta' (precursora da fase theta: Al2Cu),
formada nas ligas Al-Cu endurecíveis por precipitação. A fase T1 (Al2CuLi) contém
cerca de cerca de 52,8 % de cobre e 5,4 % de lítio. A fase T2 tem composição
química próxima de AlCuLi3 (26,9 % de cobre e 8,8 % de lítio). Dependendo da
variação de temperatura e de composição química, podem ser variadas as
proporções das fases TX e delta', obtendo-se diferentes níveis de propriedades
mecânicas. Entre as liga Al-Cu-Li encontra-se a liga 2090 [3].
A adição de magnésio (densidade: 1,74 g/cm3) às ligas Al-Li, formando as ligas Al-
Mg-Li, reduz ainda mais a densidade, mas tem um efeito pouco significativo no
módulo de elasticidade. A adição de magnésio também reduz a solubilidade do lítio
no alumínio. A presença do lítio restringe o domínio das fases Al8Mg5 e E (AlMg),
expandindo porém o campo de existência da fase Al12Mg17 a 470 ºC. Sendo
assim, o alumínio está em equilíbrio com ambas as fases Al8Mg5 e Al12Mg17,
assim como com as fases Al2LiMg e AlLi. A fase ternária Al2LiMg forma-se com
aproximadamente 8,5 % de lítio e 28,2 % de magnésio. Ao se envelhecer uma liga
com 5 % de magnésio e 2 % de lítio na faixa de temperaturas de 130 a 180 ºC,
surgem as fases delta' (Al3Li) e Al2LiMg. Nas ligas Al-Mg-Li o magnésio contribui
para o aumento da resistência mecânica de dois modos: através de endurecimento
por solução sólida e pelo decréscimo da solubilidade do lítio no alumínio, o que
resulta em aumento na fração volumétrica de delta' [3].