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Poesia e

Imaginário
Jamille Rabelo de Freitas (IC/Fapemig/UFU)

Profa. Ms. Karyne Pimenta de Moura (SME / PMU)

Doutoranda Kamilla Kristina S. F. Coelho (Capes/UFG)


Da essência do mito e de sua
presença na literatura.
A origem do mito e a história
da humanidade

 Mircea Eliade (1907 - 1986): historiador das


religiões romeno, considerado um dos
fundadores da história moderna das
religiões e grande estudioso dos mitos.

 Elaborou uma visão comparada das


religiões, encontrando relações de
proximidade entre diferentes culturas e
momentos históricos.
• Mircea Eliade: in illo tempore, época remota, exemplaridade. Se pauta
no mito cosmogônico, a partir da volta às origens, para, daí, explicar o
surgimento de uma dada realidade.

• “Ao relatar como o cosmos, o homem e toda a natureza tiveram


origem, o mito, sobretudo o cosmogônico, é modelo exemplar de
todos os atos humanos”. (MELLO, 2002, p. 30).
Fundamentos dos mitos
• Repetição periódica de uma palavra reveladora;
• Situados atemporalmente;
• As histórias exemplares;
• A essência das coisas e a unidade com o universo;
• Significam o existir por aproximá-lo do sagrado.
• Homem – mundo;
• O Ser e a Palavra.
Mito e literatura

“(...) os mitos sobrevivem na produção literária – lenda


épica, balada, romance – ou, de forma atenuada, nas
superstições, hábitos, nostalgias, sem que com isso percam
suas estruturas e valores.”(Idem, ibidem, p. 32)
• A relação entre os mitos e a enunciação de atos exemplares de
seres sobrenaturais ou excepcionais entre os humanos.

• Adolpho Crippa, em Mito e cultura (1975): Os mitos


“reproduzem ou repropõem gestos criadores e significativos”.

• A consciência humana conhece a verdade e emite valores a


partir dos mitos.
Adolpho Crippa:

• A consciência mítica e a consciência humana.


• Os mitos fundamentam capacidades ilimitadas.
• Manifestam-se em todas as forças expressivas.
• Assimilável pelo espírito humano, anterior a qualquer
formulação lógica.
Claude Lévi-Strauss (1908 -2009)
• Antropólogo social, professor e filósofo
francês. Fundador da antropologia
estruturalista.

• Investigou os povos indígenas do Brasil,


em campo, de 1935 a 1939 e publicou uma
extensa obra, reconhecida a respeito da
influência dos mitos para a humanidade.
Lévi-Strauss:

• Mediante investigações antropológicas, foi percebida na mente


humana a capacidade de ser a mesma em qualquer época e
contexto. As mentes se diferenciam de acordo com as culturas.
In: Mito e significado (1985)
C. G. Jung (1875- 1961)
• Psiquiatra suíço fundador da
psicologia analítica.
• Deixou contribuições para a
Antropologia, Sociologia e
Psicologia.
• Investigou os arquétipos que
constituem o inconsciente
coletivo.
• Os mitos estão vivos no inconsciente humano, nas produções e
nos sonhos.

• Retorno à origem e à essência das coisas a partir dos


arquétipos.

• Arquétipo: “do grego arkhétypon, modelo primitivo, ideia


inata.”
C. G. Jung e o inconsciente coletivo

• Estrutura cerebral herdada que produz imagens primordiais


coletivas.

• “O inconsciente coletivo, ao contrário do individual, é idêntico


em todos os homens e constitui o fundamento psíquico
universal, presente em cada ser humano.”(Idem, ibidem, p. 36)
Mitos e arquétipos

“No mito, o molde arquetípico manifesta-se em imagens


simbólicas, provenientes da psique coletiva. (...) Os arquétipos
manifestam-se através dos símbolos, que dão corpo aos
significados latentes no inconsciente suprapessoal ou coletivo
e, ao mesmo tempo, enviam ao inconsciente pessoal
mensagem que fornece elementos para o encontro dos
sentidos buscados no desenrolar da vida.”(Idem, ibidem, p. 38)
Mitos e literatura

literatura se serve da dupla funcionalidade do mito,


estrutural (é uma narrativa) e semântica (revelação).
Gilbert Durand (1921 - )

“O mito é um sistema dinâmico


de símbolos, arquétipos e
esquemas, sistema dinâmico que,
sob o impulso de um esquema,
tende a se compor em narrativa.”
(Idem, ibidem, p. 38)
E. M. Mielietinski
• Mito e literatura se assimilam desde as origens:
• Narrativa;
• Drama e lírica;
• O renascimento até o século XVII;
• Hamlet e Dom Quixote;
• O romantismo.
• Mito: revelador de verdades atemporais e critica a sociedade
contemporânea.

• A mitologia tradicional se expressa de outras formas >> James


Joyce e Thomas Mann.

• Passado e presente se aproximam na literatura latino-


americana.
Motivos da tradição mítica recuperados no
teatro contemporâneo
• Contexto: Guerras Mundiais e situações de opressão cultural,
ideológica, social.

• Duas reescrituras de Antígona de Sófocles: Antigone de Jean Anouilh e


A Antígona de Sófocles de Bertolt Brecht, ambas produzidas na década
de 40 do século XX, no contexto da Segunda Guerra Mundial.

• Antígona é a voz que se levanta contra o poder para denunciar seus


abusos:
“Não te bastava
Reinar sobre os irmãos da própria cidade,
A doce Tebas, onde
Se vive sem medo, na sombra das árvores;
Tu tinhas que arrastá-los a Argos distante,
E dominá-los também ali. A um converteste em verdugo
Da pacífica Argos, mas ao outro apavorado,
Exibe-o agora despedaçado para apavorar o teu povo.”

(BRECHT, 1993, p. 217)


• A Antígona brechtiana recusa-se a compreender ou a silenciar
seus protestos.

• Determinação e coragem, os mesmos traços já presentes na


criação sofocliana, que ultrapassam os limites do tempo. “Assim
como a guerra é uma presença constante na história da
humanidade, também a atitude de Antígona de afrontamento do
poder pretende ser um modelo indelével para gerações
presentes e futuras.”(PASCOLATI, p. 1866, 2006)
Nelson Rodrigues: Álbum de Família, Anjo Negro,
Doroteia, Senhora dos Afogados
Mito
e
Poesia
Mito e poesia

“Mito e linguagem brotam do mesmo impulso de formação simbólica,


a partir de uma experiência emotiva. Da mesma fonte indivisível deriva
a arte, especialmente a poesia, que, ‘em determinados motivos míticos-
mágicos’, mantém conexão com esse estágio anterior, solo do mito.”
(p.p. 43-44)
Os cantos e os mitos

emas: assuntos sobrenaturais;

resença de ritmo e melodia como recursos mnemônicos;

proximação entre o homem e os mistérios que envolvem a condição


humana;

anifestação da linguagem: dimensão simbólica.

Os temas sagrados são matéria essencial desses cantos primeiros.


Os arquétipos e as imagens simbólicas
“Essas imagens [os arquétipos] são símbolos arquetípicos que se expandem
por muitas obras literárias e, assim, passam a pertencer à literatura como um
todo. É próprio do símbolo, ou ‘arquétipo’ (...) o caráter da permanência na
tradição literária, porque constitui patrimônio cultural da humanidade.” (p.48)

O poema lírico, ao privilegiar as imagens simbólicas, bem como as metafóricas


(...), provoca a ruptura com a linguagem cotidiana e, desse modo, instaura o
‘sagrado’. Nesse sentido, ‘poesia é mitologia’; em suas manifestações
primitivas, ‘limita-se a dizer o sagrado e talvez nunca cesse de sacralizar,
mesmo quando parece laicizar-se”. (p. 48)
“[...] poesia é símbolo ou expressão simbólica – linguagem que se
oculta e se mostra, ao mesmo tempo; poesia é ritmo que faz pulsar as
palavras e possibilita o retorno a um tempo original, no ato de criar e
em cada ato de leitura; expressão simbólica e movimento rítmico
associam-se para proceder a uma revelação”. (p. 53)

“Os poetas são os intérpretes da consciência humana, lugar e princípio


gerador das representações mitológicas e poéticas. Ao poetizar, o
artista dissolve os contornos do eu e do mundo, ratificando a unidade”.
(p. 56)
“Mito e poesia são, assim, produções da cultura humana que têm em
comum certo uso da linguagem, que difere do profano ou do prosaico.
Traços de origem arcaica e mítica marcam a produção poética na sua
evolução até a modernidade, e o deciframento do poema lírico exige,
em primeiro lugar, a compreensão dos elementos e categorias que nele
predominam”. (p. 57)
Órfica
Não me destruas, Poema,
enquanto ergo
a estrutura do teu corpo
e as lápides do mundo morto.
Não me lapidem, pedras,
se entro na tumba do passado
ou na palavra-larva.
Não caias sobre mim, que te ergo,
ferindo cordas duras,
pedindo o não-perdido
do que se foi. E tento conformar-te
à forma do buscado.
Não me tentes, Palavra,
além do que serás
num horizonte de Vésperas.
(SILVA, 2004, p. 30)
Referências
• BRECHT, Bertolt. A Antígona de Sófocles. In: Teatro completo. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1993.
• CRIPPA, Adolpho. Mito e cultura. São Paulo: Convívio,1975.
• DURAND, Gilbert. Les structures anthropologiques de l’imaginaire. Paris:
Bordas,1984.
• LÉVI-STRAUSS, Claude. Mito e significado. Lisboa: Ed. 70, 1985.
•MELLO, Ana Maria Lisboa de. Poesia e imaginário. Porto Alegre: EDIPUCRS,
2002.
•PASCOLATI, Sônia Aparecida Vido. Faces de Antígona no teatro moderno. In:
Revista Estudos Linguísticos. Araraquara: Editora UNESP, 2006.
•RODRIGUES, Nelson. Teatro completo. (Org.) Sábato Magaldi. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 2003.
• SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004.

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