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Como visto na aula passada, quando numa obrigação indivisível concorrem
vários devedores, todos estão obrigados pela dívida toda, como se existisse uma
solidariedade entre eles (259). Assim, se várias pessoas devem coisa indivisível, a
obrigação é também solidária. Mas pode haver obrigação solidária mesmo de coisa
divisível devida por várias pessoas.
- a obrigação indivisível é impossível pagar por partes, pois resulta da natureza
da prestação (ex: cavalo, lote urbano, diamante, barco, fazer um quadro, etc). Já a
obrigação solidária até poderia ser paga por partes, mas por força de contrato não
pode, tratando-se de uma garantia para favorecer o credor. Na solidariedade cada
devedor deve tudo, na indivisibilidade cada devedor só deve uma parte, mas tem que
pagar tudo diante da natureza da prestação. Pelas suas características a solidariedade
não se presume, decorre de contrato ou da lei (265). Exemplo de solidariedade
decorrente de lei é a patroa que responde pelos danos causados a terceiros por sua
empregada doméstica (932, III, 942 e pú).
- pode haver obrigação solidária de coisa divisível (ex: dinheiro), de modo que
todos os devedores vão responder integralmente pela dívida, mesmo sendo coisa
divisível. Tal solidariedade nas coisas divisíveis serve para reforçar o vínculo e facilitar
a cobrança pelo credor.
- o devedor de obrigação solidária que paga sozinho a dívida ao credor, vai
cobrar dos demais co-devedores a quota de cada um, sem solidariedade que não se
presume (265 e 283). Então A, B e C devem solidariamente dinheiro a D. Se A pagar a
dívida toda ao credor, A vai cobrar a quota de B e C sem solidariedade entre B e C.
5.1 - Solidariedade ativa
Como se vê, na solidariedade ativa cada credor fica sujeito à honestidade dos
outros concredores. Por estes inconvenientes a solidariedade ativa é rara, afinal não
interessa ao credor.
Assim, havendo três devedores solidários, o credor terá três pessoas para
processar e exigir pagamento integral, mesmo que a obrigação seja divisível. O credor
escolhe se quer processar um ou todos os devedores (pú do 275). Aquele devedor
que pagar integralmente a dívida, terá direito de regresso contra os demais
coobrigados (283).
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS.
Esta é a chamada obrigação “mosqueteira”, ou seja, um por todos e todos por
um, sendo considerada uma das obrigações mais importantes.
A solidariedade pode ser ativa ou passiva, quando todos possuem direito
sobre a dívida toda (credores), ou todos possuem o dever de cumpri-la na
integralidade (devedores).
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
Urge destacar que se numa dada obrigação nada estiver pactuado quanto à
solidariedade, o juiz não poderá presumi-la, salvo se em tal obrigação a solidariedade
for imposta por lei.
O artigo 2º, § 2º da CLT determina que haja solidariedade de empresas
pertencentes ao mesmo grupo econômico, pelos débitos trabalhistas de uma delas.
Ou ainda, o artigo 134, I do CTN, estabelece que os pais sejam solidariamente
responsáveis pelos tributos devidos pelos filhos.
Outro exemplo trazido por Silvo de Salvo Venosa é o caso de um incêndio
causado num prédio que se alastrou para o vizinho. Há responsabilidade do dono do
prédio e da seguradora. Esta responderá nos limites do contrato e aquele pela
totalidade da dívida
Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona destacam a dificuldade existente nos dias
de hoje de encontrar uma solidariedade ativa, por acordo de vontades, pois os
credores preferem se valer do mandato, no sentido de nomear um dos credores para
buscar a satisfação de suas obrigações. Do mesmo modo, citam apenas um exemplo
de solidariedade ativa legal, disposta no artigo 12 da Lei nº 209/1948.
É importante ressaltar que o devedor deverá pagar o valor integral para poder
se eximir da obrigação. E tal pagamento poderá ser feito a qualquer um dos credores,
enquanto estes não ajuizarem nenhuma ação.
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o
cumprimento da prestação por inteiro.
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor
comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o
montante do que foi pago.
Urge destacar que o credor escolhido pelo devedor para receber o pagamento
poderá, eventualmente, perdoar (remir) integral ou parcialmente a dívida. Neste caso,
se os demais credores não tiverem anuído na remissão, o remitente deverá pagar aos
demais a quota-parte que lhes pertence.
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá
aos outros pela parte que lhes caiba.
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes
só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
b) Exceções não pessoais: Se o devedor alegar que os juros cobrados são
excessivos e o Juiz aceitar, reduzirá o crédito em prejuízo de todos, mas se não
aceitar, a dívida persiste na íntegra.
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções
pessoais oponíveis aos outros.
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o
julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao
credor que o obteve.
Nesta hipótese, o credor poderá exigir a dívida integral de todos, de alguns ou
de um dos devedores solidários. Nada impede que se um dos co-devedores for
acionado, ao ser citado, faça o “chamamento ao processo” dos demais devedores
solidários.
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores,
parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os
demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-
devedor.
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida
não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou
relevada.
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação
tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela
obrigação acrescida.
O artigo 278 do Código Civil ainda destaca que a cláusula pactuada entre
credor e um dos devedores e que venha a onerar o contrato, sem que tenha existido
anuência dos demais, não prejudicará estes.
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos
devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem
consentimento destes.
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes
será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário,
salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um
devedor solidário em relação aos demais devedores.
Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona destacam que se a obrigação for indivisível
(ex. entrega de uma vaca), qualquer dos herdeiros acionados deverá pagar a divida
toda. Se for divisível, cada herdeiro responderá apenas pela sua quota-parte.
Como já dito anteriormente, essa é a solidariedade mais comum e que trás um
maior benefício ao credor, pois uma vez estabelecida a solidariedade ele poderá exigir
de qualquer dos devedores, por exemplo: locatário/fiador; mutuário/avalista,
endossantes.
A obrigação subsidiária não está expressa na sequência adotada pelo Código
Civil, ou seja,não se encontra expressamente no Livro das Obrigações, mas é
facilmente encontrada em diversos dispositivos no próprio Código Civil, a saber:
Art. 1.091. Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como
diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade.
II – subsidiária, quando não tiver exigido garantia legal do tutor, nem o removido,
tanto que se tornou suspeito.
Pelo que podem perceber, a obrigação subsidiária está presente em diversas
passagens do nosso Código Civil. Ela nada mais é do que uma ordem de preferência
no cumprimento da obrigação.
Tal ordem parte, como regra geral, daquele que se obrigou originariamente
com o credor e, na sequência (na ordem), caso o devedor original não pague, o credor
poderá exigir o crédito daqueles que garantiram o pagamento.
Nos contratos de locação pode estar estipulado que locatário e fiador são
solidariamente responsáveis, sendo assim, no inadimplemento da obrigação locatícia,
o credor poderá exigir seu crédito de qualquer um dos dois, ou dos dois.