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RESUMO: HOFFMAN, Jussara.

Avaliação Mediadora, Uma prática em construção da


pré-escola à universidade.
RESUMO - Avaliação Mediadora (p.13 - 104)

Por uma escola de qualidade (p. 13-34)

Há a questão da melhoria da qualidade de ensino e da avaliação classificatória.


Superar a pratica tradicional hoje em dia é uma tarefa difícil de pensar na avaliação
classificatória como garantia na melhoria de qualidade do ensino.
As escolas demonstram medo quando tratam de inovações da avaliação, pois essas
mudanças acabam gerando as principais criticadas da sociedade em relação à educação
(medo de uma avaliação fraca). A realidade atual das nossas escolas não pode ser
considerada como competente, uma vez que não atende adequadamente os alunos que
recebe. Em muitas escolas públicas ocorrem sempre os mesmos casos: Muitas turmas, sala
superlotada, e ao final de cada ciclo muita “evasão e retenção”.
A autora cita o acesso a todas as crianças no ensino fundamental e critica a
reprovação por meio de avaliação classificatória, pois para ela o professor exige critérios
rígidos de aprovação. A crítica é ao ensino e as condições sócio-educacionais da rede pública
como um todo. O educador deve ter o comprometimento de manter o aluno na escola,
favorecendo o acesso ao saber, dando continuidade aos estudos. É necessário perceber que
a educação é um direito da criança e ela precisa reivindicar uma escola com qualidade.
Pensando de forma saudosista (tradicional), o ensino nos leva a uma concepção
elitista, ou seja, que nega as diferença dos alunos e tenta sistematizar a educação. Não
podemos negar o modo multicultural do o “viver” dos alunos, pois limitaremos a nossa ação
pedagógica.
Hoje uma boa escola entende que deve trabalhar pelos alunos, encaminhando-os para
o desenvolvimento e trabalhando por uma educação igualitária, acolhendo a todos em sua
realidade concreta. A inovação a respeito da aplicação de provas e atribuição de notas é a
maior expectativa dos educadores que sentem sua pratica (tradicional) pouco coerente com a
realidade dos alunos.
A sociedade reage de forma negativa às mudanças de paradigmas e ao fim do sistema
tradicional de avaliação, porque todos estão acostumados a esse modelo de ensino (a
mudança gera insegurança). O projeto de “Progressão Continuada” surgiu devido aos altos
índices de evasão e retenção de alunos. O objetivo não foi extinguir a avaliação, ao contrário,
o professor deve sim avaliar o rendimento e desenvolvimento escolar de seus alunos, mas
não com a finalidade de reprová-lo.
A proposta de progressão tira o compromisso de aplicar avaliações apenas pela
obrigação de ter uma nota no fim do bimestre, isso trás um grande choque para os
professores que utilizam a avaliação como ferramenta de autoridade (intimidam o aluno a
partir da nota), pois eles sentem que perdem parte de sua autoridade em sala, já que o aluno
sabe que não vai “repetir de ano”.
Para professores tradicionais as provas e notas são “redes de segurança” para o
trabalho docente, e essa ideologia já está impregnada no sistema de ensino. Se esse
paradigma de qualidade escolar a partir de notas classificatórias não mudar nunca nos
focaremos no verdadeiro objetivo da escola, que é “educar”.
O sucesso do aluno na escola tradicional representa o seu desenvolvimento máximo
possível? Não, pois há várias contradições nesse modelo de avaliação, e o maior exemplo
disso é quando alunos tachados de “ruins” tornam-se excelentes profissionais, enquanto
outros alunos “excelentes” não conseguem se encaixar na sociedade e no mercado de
trabalho.
O que a autora pretende nos mostrar é que o sucesso alcançado por alguns alunos em
escolas tradicionais tem a ver a “memorização”, estudar apenas para passar nos exames,
depois a maior parte do aprendizado acaba sendo esquecido. Essa memorização não agrega
significado algum ao longo da vida do aluno, por isso é descartada.
As crianças e adolescentes frequentam a escola por imposição, seja de pais ou do
Estado, e a escola muitas vezes acaba sendo insignificante para as suas vidas, pois não
trabalha com o que eles entendem, não faz sentido na “vida real” do aluno.
No construtivismo a aprendizagem alcançada pela criança se da a partir da convivência
com o meio, e a escola da essa oportunidade. O termo tratamento de qualidade é
interpretado, então, de diversas maneiras, uma na qualidade que se confunde com
“quantidade”, e outra, na perspectiva mediadora, onde se busca desenvolver o máximo
possível do aluno.
Sendo assim, o objetivo de uma escola que segue o paradigma construtivista é
trabalhar por uma educação significativa, de qualidade, para todos os alunos do país, e não
classificá-los e excluí-los, como ocorre no paradigma tradicional.

As charadas da avaliação (p.35 - 54)

A autora inicia o segundo capitulo com uma charada destinada a um grupo de


professores, levantando as possíveis respostas. A saber, a charada é: “Uma pessoa mora no
18º andar de um prédio de apartamentos, todos os dias desce pelo elevador para ir ao seu
local de trabalho, ao final do expediente, retornando para casa, vai pelo elevador até o 13º
andar e sobe os demais andares pela escada. Isso se repete todos os dias. Você saberia
dizer por quê?”.
Na discussão surgiram várias respostas válidas e lógicas e, um ou dois professores
descobrem qual está no livro. É interessante revelar a necessidade dos professores em
descobrir a resposta correta e apresentar dúvidas sobre quem descobriu a charada.
Essa situação objetiva uma reflexão sobre a indagação: “por que o aluno não
aprende?”, sendo esta uma das questões mais complexas que a pratica avaliativa propões.
A forma tradicional procura respostas certas, uniformes, objetivas e precisas para
perguntas, as quais podem ter várias respostas possíveis e lógicas, semelhantes à charada
mencionada anteriormente. Essa situação pode ser comparada ao processo de
aprendizagem, no que diz respeito a respostas muito diferentes dos alunos ou apenas um que
acerta todas as questões da prova. Usam-se métodos convencionais na avaliação, deixando
de refletir sobre como se constrói o conhecimento.
Embora atualmente muitos questionem o método tradicional de avaliação, denunciando
suas incoerências, está difícil de acreditar em caminhos possíveis para essa prática que
tenham significado. Daí surge à necessidade de se adotar a postura construtivista de
educação.
Hoffman nos atenta ao fato de existirem outras razões para o aluno não aprender, e
não exclusivamente a desatenção as explicações do professor. Essa situação leva muitos
professores a pensarem em sua pratica avaliativa em sala de aula.
De forma tradicional, existem alunos que participam da aula, fazem todas as atividades,
são atentos às explicações e alcançam resultados; outros faltam às aulas, não realizam as
tarefas, são desatentos e não aprendem. Mas o que nos chama a atenção são situações que
fogem da explicação tradicional: alunos agitados que não apresentam dificuldades sérias e
alunos que fazem as atividades, são atentos as explicações, “comportados”, e não aprendem.
Para esta ultima situação a culpa é remetida ao professor ou ao aluno, encaminhando o
educando a especialistas ou psicólogos.
A autora considera importante discutir os entendimentos sobre os fracassos de
aprendizagem, pois as “culpas” sobre tais fracassos podem significar um dos maiores
obstáculos a discussão entre professores sobre sua pratica avaliativa. Muitos professores
consideram que qualquer assunto pode ser ensinado a qualquer aluno se for transmitido com
competência (concepção beharovista) e ainda são responsáveis em elaborar técnicas para
motivar o aluno pelo tema de estudo (influencia apriorista).
Nesse contexto o fracasso escolar se torna culpa do professor, pela sua incompetência
em transmitir o conteúdo com eficiência e motivar os aluno a aprenderem, o que os torna
inaptos a perceberem aquela experiência como foi apresentada.
Essas posturas conservadoras impedem o dialogo entre os professores, e entre
professores, alunos e família, não havendo uma reflexão conjunta e o aprofundamento teórico
para buscar superar e evoluir nessa situação.
Uma pesquisa realizada com 30 professores estaduais de Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Médio, em Porto Alegre, apresenta justificativas para a indagação: “por que
um aluno não aprende?”. Com a analise dos resultados foi possível constatar que todos os
professores justificam a não aprendizagem pela metodologia inadequada do professor. Isso
mostra a responsabilidade que o professor remete a si sobre o fracasso do aluno, porém,
divide essa culpa com os alunos, os quais não apresentam interesse.
Outras respostas merecem destaque nessa pesquisa: apenas três professores
consideram que falta a relação de dialogo na escola, necessária para a construção do
conhecimento: o aluno não tem espaço para se expressar, falar suas opiniões, discutir suas
ideias e duvidas, e somente um professor apresentou a falta de conhecimento do educador
quanto às questões de aprendizagem como justificativa.
Os professores, reunidos em Conselho decidiram que essa aluna deveria prestar mais
atenção nas aulas, realizando todas as tarefas solicitadas e estudar mais em casa. Nesse
contexto, pode-se observar que a melhoria do desempenho é de responsabilidade exclusiva
da aluna.
Ao levantar hipóteses sobre essa situação, percebe-se que as disciplinas que a aluna
apresenta dificuldades (História, Geografia e Língua Portuguesa) envolvem práticas de leitura,
escrita e interpretação de textos, trabalhadas, talvez, com intuito de memorização. Isso resulta
uma visão beharovista, que sugere que o aluno não aprende por não fazer as tarefas
propostas, manter-se desatento as explicações do professor, não ser um “bom aluno”.
A teoria de Piaget contribui para o avanço de sérias questões da pratica avaliativa.
Leva ao professor a reflexão sobre suas tradicionais “culpas” e o entendimento de como se
constrói o conhecimento em cada estágio de desenvolvimento da criança, percebendo a
aprendizagem como um processo contínuo e inacabado (Teoria Construtivista).
O aluno constrói seu conhecimento na interação com o meio em que vive, dessa forma
depende das condições que o meio oferece, da vivencia de objetos e situações para avançar
determinados estágios de desenvolvimento e estabelecer relações mais complexas e
abstratas. A compreensão dos alunos decorre do seu desenvolvimento próprio em relação às
áreas de conhecimento.
Numa sala de aula não lidamos com pessoas iguais, possuímos alunos de diversos
ambientes, desde aqueles que vivem protegidos pelos pais (crianças que vivem em espaços
favoráveis a vivencias variadas), aos que ingressam cedo no trabalho, para ajudar nas
despesas do lar ou cuidar dos irmãos mais novos. Todos carregam consigo diversas
experiências e aprendizagens, portanto não se pode esperar que eles tenham a mesma
compreensão do material de leitura, de atividades dadas em aula.
Considerando a aprendizagem como um processo em construção, dependente das
oportunidades que o meio oferece, o professor assume o compromisso diante das diferenças
individuais dos alunos. A explicação clara do educador não desencadeara a mesma
compreensão por todos os alunos; esse entendimento ocorre de acordo com as vivencias
anteriores e experiências de situações de cada aluno. Muitos educadores não fazem
perguntas durante as aulas, pois construíram entendimentos próprios, ao longo de suas vidas,
a respeito de determinados assuntos apresentados pelo professor. Dessa forma, se a
compreensão dos alunos deriva de sua experiência de vida, o mesmo acontece com o
educador: há diferentes maneiras do professor entender o aluno, pela sua maior de menor
facilidade em determinada área do conhecimento, expectativas predeterminadas.
Diante do exposto, voltaremos à questão inicial: por que um aluno não aprende?
Considerando que o conhecimento se constrói, portanto não acabado, “não aprender” é
incoerente, pois o aluno está permanentemente em processo de aprendizagem. Nesse
contexto a prática avaliativa deve investigar os desentendimentos e o professor deve traçar
esse caminho negando metodologias precisas e generalistas, pois cada situação tem suas
especificidades.
Na avaliação do desempenho dos alunos é preciso superar as posturas convencionais
e isso requer conhecimento em questões de aprendizagem e domínio de diferentes
disciplinas. Além disso, é necessário acreditar que há várias respostas coerentes e válidas
para as charadas possíveis que enfrentamos e que devem ser respeitadas.

Uma Visão Construtivista do erro (p. 55 - 78)

Hoffman, no terceiro capítulo do livro começa comentando a postura de professores


durante suas aulas alertando que suas próprias ideias influenciam no comportamento de seus
alunos, mesmo aqueles educadores dóceis e gentis, com jeito carinhoso, muitas vezes
impossibilitam o educando de discutir, interagir e apenas no decorrer da aula.
A interação entre professor e aluno, segundo Kimii, é fundamental para o
desenvolvimento da autonomia do educando. Dessa forma é importante o educador refletir
sobre suas atitudes autoritárias e sobre sua postura na correção de tarefas e testes,
atentando-se a questão de encontrar diferentes respostas dos alunos.
A preocupação em elaborar anunciados claros e precisos com a finalidade de
respostas uniformes e, durante a correção encontrar diferentes soluções, leva o professor a
revisar a formulação ou anular o exercício. Questões objetivas, de múltipla escolha ou
completar lacunas, requer do aluno memorização do conteúdo, sendo uma atividade pouco
significativa para o educando.
É preciso refletir sobre as tarefas propostas ao aluno a partir das práticas cotidianas,
analisando as questões que o professor elabora e as diversas respostas dos alunos. É por
essas respostas que se pode compreender o entendimento e o que o leva a responder
daquela maneira.
Entende-se objetividade como objetividade com a forma de elaboração de um teste e
as respostas adquire tais características pela correção. Questões objetivas são aquelas que
apresentam resposta única (alternativas, lacunas), não considerando interpretações, apenas
“certo ou errado” no momento da correção. Já questões subjetivas precisam de respostas
pessoais, onde o aluno apresenta opiniões e considerações e o professor, ao corrigi-la,
necessita de interpretação para considerá-la certa ou errada.
A subjetividade é inerente tanto ao processo de elaboração de tarefas quanto à
interpretação da tarefa pelo aluno, e dessa forma quando um professor elabora questões
subjetivas ele seleciona temas que lhe convém, o vocabulário utilizado é de suas práticas de
vida, a pergunta segue um significado próprio.
Essas questões revelam seu entendimento sobre o assunto, sua visão de
conhecimento e a compreensão das possibilidades ao aluno. Quanto à interpretação sobre as
questões por parte dos educandos, ocorrem diferentes compreensões com relação a termos
utilizados, aos temas selecionados, a experiência do aluno com determinados exercícios, sua
disposição para fazer o que lhe foi proposto.
Na concepção tradicional de avaliação, evitar tarefas que tragam como respostas
interpretações dos alunos, ou seja, respostas subjetivas seria o caminho mais viável, pois não
se cometeria injustiças na correção, visto que questões objetivas requerem respostas
uniformes e facilita na contagem de acertos e erros a fim de possibilitar a média final do aluno.
Já na concepção mediadora de avaliação a subjetividade na elaboração e correção de
tarefas é um elemento positivo, pois o “erro” do aluno e as duvidas do professor em interpretá-
los levarão a um momento de reflexão e discussão em sala, analisando os conceitos criados
pelos alunos, as considerações que levaram aquela resposta e, portanto, a correção não é
definitiva avaliando acertos e erros.
O caráter seletivo ainda presente nas avaliações nos níveis escolares negam a relação
dialógica resultantes de momentos de interação entre professores e alunos, tão fundamentais
para uma pratica significativa. Investigar e analisar as respostas dos alunos, procurarem
entender o motivo dessas respostas, planejarem novas ações educativas e repensar na sua
pratica em sala de aula é fundamental para que o aluno construa seu conhecimento e veja
sentido na aprendizagem.
Hoffman inicia o tópico com uma vivencia que certa aluna teve suas respostas
consideradas erradas numa atividade de interpretação de texto. A professora justificou que
uma das respostas estava errada por não representar uma cópia fiel do texto e outra porque a
aluna escrever de fato o que entendeu. Esse tipo de postura deixa claro que as expectativas
do professor se sobrepõem a reflexão sobre as possibilidades dos alunos no seu processo de
construção do conhecimento.
Portanto os alunos procuram respostas sugeridas pelo professor para contentá-lo,
evoluindo qualquer reflexão ou entendimento próprio ao elaborar suas respostas e assumindo
posturas passivas diante das posturas autoritárias de correção dos professores.
Para uma ação avaliativa mediadora, Hoffman aponta alguns princípios importantes, entre
eles:
· Oportunizar aos alunos muitos momentos de expressar suas ideias: considerando as
tarefas como elementos importantes para observação das hipóteses construídas pelos
alunos, por meio delas os professores poderão traçar uma relação dialógica com os
estudantes para identificarem o momento em que estes se encontram com relação a
produção do conhecimento.
A autora sugere muitas tarefas diversificadas em todos os momentos da escola, respeitando
os saberes elaborados pelos alunos e garantindo espontaneidade ao realizá-las.
· O professor deve estar atento a finalidade das tarefas que propõe: O motivo de tais
perguntas nesse momento, o que se pretende investigar em relação à compreensão do
educando, levantando as dificuldades dos alunos como ponto de partida para planejar novas
ações educativas.
· Oportunizar discussão entre os alunos a partir de situações desencadeadoras: Promover
tarefas e trabalhos em que os alunos interajam entre si, discuta situações problemas,
levantem hipóteses a partir de vários pontos de vista, refletir entre as diversas opiniões e
encontrar uma alternativa. O professor nesse contexto aparece como mediador, que
estabelece relações dinâmicas entre o aluno e o objeto do conhecimento.
Discussões em grupos, debates permitem que os alunos se expressem de forma
espontânea, façam descobertas construam conceitos. Todo esse trabalho deve ser
acompanhado pelo professor, oportunizando o desenvolvimento de novas questões que
façam os alunos progredirem na aprendizagem, mas nunca como elemento de avaliação
individual.
· Realizar várias tarefas individuais, menores e sucessivas, investigando teoricamente,
procurando entender razões para as respostas apresentadas pelos estudantes: Avaliar de
forma mediadora requer a observação individual de cada aluno, com atenção ao seu
momento no processo de construção do conhecimento. Para isso é necessária uma relação
direta, por meio de muitas tarefas orais ou escritas para que se possa entender os motivos
das soluções apresentadas, considerando o estágio de pensamento, a área do conhecimento
e as experiências de vida dos alunos.
De acordo com a teoria construtivista o erro pode ser visto de forma positiva, mais
produtiva e fecunda do que um acerto imediato, pois o aluno vai criando estratégias de ação
para alcançar um resultado. Porém nem todos os erros são passiveis de descoberta,
Cartorina (1988) aponta que há erros sistemáticos que um aluno consegue e não consegue
fazer, erros que aparecem em um processo de descoberta onde os alunos criam hipóteses,
num primeiro momento e gradativamente vão sendo reformulado por meio de observação dos
fenômenos em suas relações.
Essas hipóteses no processo de conhecimento são os erros construtivos. Nesse contexto
a intervenção do professor deve ser desafiador, propondo perguntas ou novas tarefas a fim de
confrontar o aluno com outras respostas para defenderem suas opiniões pelo momento do
educando.
O que acontece em muitas escolas é o fato do professor corrigir as respostas dos alunos
não considerando ou impossibilitando que estes reformulem as hipóteses por meio de suas
descobertas. Os estudantes acabam memorizando as soluções sem compreendê-las, não
tomando significado nenhum para sua aprendizagem.
Se o educando não entender o assunto, deixará de responder questões, já que a tarefa
não apresenta sentido e consequentemente não consegue elaborar uma resposta. Essa
situação deve chamar a atenção do professor, exigindo uma reflexão com outros educadores
e uma revisão de suas propostas pedagógicas.
· Em vez de certo/errado e da atribuição de pontos, fazer comentários sobre as tarefas dos
alunos, auxiliando-os a localizarem as dificuldades de descobrirem melhores e variadas
soluções: A autora critica a atribuição de notas nas atividades realizadas elos alunos. Provas
e recuperação repercutem no educando como obrigação, induzindo a memorização, a
reprodução de textos do livro e da fala do professor, deixando de lado sua crença
verdadeiramente espontânea. É necessário respeitar e valorizar a tarefa dos estudantes,
atribuindo significado ao que se observa em suas atividades, superando a ideia tradicional de
buscar acertos e erros.
· Transformar os registros de avaliação em anotações significativas sobre o
acompanhamento dos alunos em seu processo de construção do conhecimento: Os registros
de avaliação visam a responder questões que parecem esquecidas na escola sobre a
aprendizagem dos alunos. Se o aluno aprendeu, se ainda não aprendeu, o porquê de não ter
aprendido em encaminhamentos foram feitos ou estão por fazer nesse sentido.
A preocupação em atribuir nota as tarefas faz o educador deixar de lado tais
questionamentos.
Por que corrigir, professor? (p. 79 - 104)

É comum, hoje em dia, se dizer que as “respostas erradas” têm valor para a
continuidade da ação educativa, mas três pontos, levantados por professoras municipais de
Porto Alegre, ainda geram duvidas sobre o assunto.
1. Em que medida corrigir tarefas ajuda o aluno a compreender seus erros?
2. Como ajudar o aluno a descobrir novos conceitos a partir de suas primeiras hipóteses
(certo ou errado)?
3. Qual o significado (para professores e alunos) do trabalho, tarefa, realizado?
Esse grupo de professoras de Porto Alegre, tentando de responder tais perguntas,
eliminou a atribuição de notas e adotou “relatórios de avaliação bimestral e final” como forma
de avaliação, modificando também o regimento escolar.
Acabaram com as “provas datadas”, realizando tarefas constantes sem a preocupação
com notas, e a analise de aprovação e retenção passou a ser feita a partir do beneficio que
essa decisão trará para a criança, significa o fim dos parâmetros por nota ou comportamento
colaborativo para a aprovação, e colocar o que o aluno aprendeu como critério principal.
Outra grande questão que aflorou ao longo do trabalho foi: “Como corrigir os alunos?”.
A intervenção do professor sobre as tarefas completas ou não dos alunos muitas vezes
incomodava, pois eles não entendiam o motivo de “corrigir”.
Outros questionamentos afloraram, como: “O que a ação de corrigir significa para pais,
alunos e professores?”, “Como trabalhar com os registros observados sem adotar as praticas
tradicionais (qualitativa e quantitativa)?” e “É possível, a partir dessas observações adotar
uma ação mediadora que provoque o aluno a refletir e descobrir melhores soluções sem a
imposição do professor?”.
Não se pode analisar as expectativas de professores, alunos e pais com relação as
disciplinas e metodologias de avaliação de forma separada, excluindo uns e valorizando
outros pontos de vista, já que as expectativas de ambos devem estar inter-relacionadas para
o bom andamento das praticas educacionais.
Sobre a “correção”, quando se utiliza métodos não tradicionais, os pais têm medo dos
filhos receberem “instrução” de baixa qualidade, pois tem a impressão de que a nova
metodologia é menos exigente, já que valoriza mais as manifestações cognitivas da criança
do que as notas obtidas em exames.
A maioria dos pais que não entende esquema de avaliação construtivista, que não
classifica por notas os alunos, pede pela volta do tradicional, e os filhos, que estão entre os
“temores dos pais” e a “postura construtivista da escola”, tem no adulto o modelo de “saber
competente” esperado pela educação, e preocupam-se muito mais em “acertar” do que
“construir”.
Com relação à postura do professor que trabalha com o construtivismo avaliativo a
autora cita dois modelos:
1. Construtivista modinha: Preocupa-se com os rumos da escola e aceita mudanças, mas
carece de estudos aprofundados. Segue metodologias sugeridas pelos coordenadores ou
imita colegas, mas não acredita plenamente no que está fazendo. Desenvolve uma
metodologia tradicional “fantasiada de construtivista”.
2. Construtivista aprofundado: Sofre com grandes obstáculos entre a “teoria e pratica”, o
que gera sentimento de insegurança com o trabalho realizado, resultando no retrocesso ao
tradicional, isso por medo de não saber mensurar ou atingir os objetivos esperados.
A prática de avaliação, ainda hoje, segue um modelo secular, que segundo a autora é
seletivo e excludente, sendo assim são duas posturas opostas, a “classificatória” e a
“mediadora”:
1. Avaliação classificatória: Verificar respostas certas e erradas, tomar decisões sobre o
aproveitamento, aprovar ou reprovar a partir desse aproveitamento (método tradicional de
“certo/errado”).
2. Avaliação mediadora: Analisar as várias manifestações dos alunos em situações de
aprendizagem de forma a exercer uma ação educativa que lhe ajude na descoberta de novas
formas de encontrar soluções (acesso gradativo do aluno ao saber).
Tradicionalmente a escola enaltece os procedimentos competitivos e classificatórios de
avaliação (certo/errado), e nesse modelo dificilmente o professor chama a atenção do aluno
por uma “resposta interessante”, mas sim pelos erros, com as seguintes afirmações, “O que é
isso?”, “Não entendi”, como se o erro, ou a forma diferente de pensar do aluno, como se o
pensar diferente fosse algo absurdo ao seu entendimento de resposta certa.
A visão “Positivista” vai além do tradicional e trata com os “absurdamente certos e
errados”, isso na visão do professor, o que da um forte tom de autoritarismo na pratica
docente, mesmo que o professor acredite não ser autoritário.
Segundo Kamii (1991, p. 23), “Infelizmente, várias escolas tem a tendência de exigir
respostas corretas”, pois isso inferioriza o ponto de vista e a processo de criação de hipóteses
do aluno. A solicitação de certo/errado faz o aluno ter dependência da “palavra final” do
adulto, interiorizando seu trabalho e entendendo a escola como um espaço que está ali para
“classificá-lo”.
O professor que segue esse modelo classificatório de conhecimentos dos alunos arma-
se de critérios, métodos e padrões avaliativos. A avaliação torna-se um meio de comprovar o
juízo final do professor em aprovar ou reprovar o aluno.
Conhecimentos impostos de forma pronta e com a “resposta correta absoluta” tiram do
aluno a possibilidade de criar sua própria metodologia para chegar à resposta certa, e
fortalece o medo de errar.
Ao refazer alguma atividade professor e aluno devem ter em mente que esse processo
esta em busca da compreensão do erro, refazer sem reflexão é insignificante ao
desenvolvimento cognitivo do educando.
Enquanto a perspectiva tradicional das respostas prontas pune o aluno pelos erros, a
construtivista o faz pensar, valorizando o trabalho do aluno. Deve-se considerar a dificuldade
do aluno e criar meios de induzi-lo a compreender o erro e corrigi-lo, sem dar a ele a resposta
esperada logo de cara.
Considerar, valorizar, não significa observar e deixar como está, mas sim refletir
teoricamente e planejar situações provocativas ao aluno.
Certo/Errado: Visão secular de avaliação. Não é fácil para os pais, coordenadores e
professores abandonarem essa visão, ainda mais que a visão construtivista de avaliação
exige confiança de todos para dar certo, e para isso é preciso que a escola envolva a família
nesse processo.
No construtivismo a avaliação está voltada ao sócio-afetivo e ao cognitivo, e não
classificação por notas, isso gera surpresa aos alunos, que precisam mensurar de imediato
seu trabalho, e o método que conhecem é a nota.
Durante os trabalhos escolares os alunos exigem que o professor preste atenção na
sua atividade, comente e escreva algo a respeito. Comentários com caráter de
questionamento valorizam e desafiam o aluno a prosseguir na construção da aprendizagem
(método construtivista).
Diferente da censura do modelo tradicional, que faz o aluno apagar, mudar suas ideias
particulares, o construtivismo aponta seus avanços e encaminham questões que o auxiliam a
encontrar as respostas adequadas.
A avaliação torna-se disciplinadora, punitiva e discriminatória quando utiliza notas,
conceitos e métodos de classificação de alunos (os que não tiram notas tão boas sentem-se
excluídos, inferiorizados).
O sistema exige notas, mas não exige que os professores usem avaliações
classificatórias para mensurar o aproveitamento dos alunos. Essa forma de medir pode
comprometer os progressos escolares dos alunos, pois eles comparam entre si suas notas e
classificam uns aos outros de burros ou inteligentes.
A ação mediadora não pode ser uniforme, já que os erros dos alunos seguem cursos
diversos (não existe um padrão para o erro). É necessária a reflexão teórica sobre cada
resposta do aluno. Não da para desenvolver procedimentos de intervenção que sirvam de
regras gerais (verdades absolutas).
A tentativa de inverter a hierarquia tradicional (resposta certa é valorizada e o erro é
punido) não deve seguir extremos, pois nenhum extremo é válido, mas é preciso trabalhar
para que os alunos entendam que o “erro não é um pecado”, pois isso fará com que eles
fiquem mais confiantes em perguntar e comentar suas tarefas, já que o peso da punição será
inferiorizado.
Deve-se aplicar a ação mediadora entre uma tarefa do aluno e a posterior, analisando
o entendimento dele sobre o assunto trabalhado e criando métodos que favoreçam a criança
na construção de um saber competente, próximo da “verdade cientifica” vigente.
Cada tarefa do aluno é uma etapa de sua evolução cognitiva, e isso não da pra somar,
classificar ou medir por notas. O grande receio da família e da sociedade, que estão
acostumadas com o método tradicional é que o método de registro do professor sobre as
avaliações seja superficial, que não mostre realmente o desenvolvimento real do aluno.
Quando a correção é feita respeitando a criança em suas etapas de desenvolvimento o
professor deixa de analisar friamente o “certo e errado” e analisa o que o aluno “aprendeu e
não aprendeu”, reflete sobre o que ele “ainda” não sabe e o que pode “vir a ser” aprendido.

Autores:
Rafaela Angeloni
Rodrigo Bastos
Thaminne Coutinho

Referência bibliográfica
HOFFMAN, Jussara. Avaliação Mediadora, Uma prática em construção da pré-escola à
universidade. Ed. Mediação. 2012.

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