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Ana Crhistina Vanali
PRESENÇA AFRICANA EM
CURITIBA
Ana Crhistina Vanali
PRESENÇA AFRICANA EM
CURITIBA
Edições NEP
Curitiba
2017
Edições NEP (Núcleo de Estudos Paranaenses)
Rua General Carneiro, 960 ‐ 9º andar, sala 911
Curitiba – Paraná
CEP 80060‐150
Revista NEP‐UFPR: http://revistas.ufpr.br/nep
Email: revistanep@gmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/NEP‐Núcleo‐de‐Estudos‐Paranaenses‐da‐UFPR
Blog: https://wordpress.com/posts/43785100
Coordenação Editorial: Ana Crhistina Vanali
Editoração: NEP‐UFPR
Capa: Jean Baptiste Debret – 1827– (primeira imagem conhecida da cidade de Curitiba)
COMISSÃO EDITORIAL
Professor Doutor Alessandro Cavassin Alves (FASBAM)
Professora Doutora Ana Crhistina Vanali (NEP‐UFPR)
Professor Doutor José Marciano Monteiro (UFCG/PB)
Professora Doutora Mônica Helena Harrich Silva Goulart (UTFPR/Campus Curitiba)
Professor Doutor Ricardo Costa de Oliveira (UFPR)
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
V141e VANALI, Ana Crhistina
Presença africana em Curitiba. / Ana Crhistina Vanali. Curitiba: Edições NEP, 2017. 62 páginas
ISBN: 978‐85‐917881‐7‐0
1. Relações Inter étnicas. 2. Racismo. 3.Curitiba.
CDD 320.01
APRESENTAÇÃO
O discurso oficial de Curitiba é de que na cidade “quase não há negros”. Esse discurso tem
como fonte o trabalho de Wilson Martins, intitulado “Um Brasil Diferente”, publicado no ano de
1955, onde o autor aponta o Paraná como sendo diferente do restante do país por ter sido
formado “sem escravidão, sem negro, sem português e sem índio, dir‐se‐ia que a sua definição
humana não é brasileira” (Martins, 1989, p. 446)1. Assim Curitiba teria sido fundada por colônias
de imigrantes europeus, sendo puramente branca, o que desemboca na narrativa da “cidade
modelo”2 justamente por sua formação étnica. Nesse discurso, que encontramos na mídia local e
nas propagandas institucionais, está implícita a ligação entre qualidade de vida e o predomínio dos
descendentes de europeus na formação da cidade; como se uma cidade só pudesse ter qualidade
de vida se tivesse em sua formação étnica uma predominância do elemento branco europeu ou,
se todo lugar onde este elemento fosse dominante necessariamente fosse desenvolvido. O
problema é que esse discurso torna invisível a população negra da cidade3, a mesma que muitas
vezes apresenta os piores indicadores sociais.
O problema da invisibilidade social dos negros é uma questão central no entendimento da
sociedade brasileira. Precisa‐se desenvolver uma identidade que esteja aberta às diferenças e à
pluralidade cultural, o que não pode ocorrer sem que, ao menos, se reconheça a existência de
diversos grupos étnicos e culturais que hora se misturam, realizam trocas culturais, hora entram
em conflito.
Apesar de ainda permanecer em grande parte do imaginário e do senso comum dos
curitibanos a ideia de que a cidade é apenas branca‐europeia, outros trabalhos4 vêm tratando
justamente da invisibilidade social dos negros em Curitiba, mostrando que esse discurso foi
1
MARTINS, Wilson (1989). Um Brasil diferente. 2ª edição. SP: Editora T.A.Queiroz.
Wilson Martins não se diz ligado ao Movimento Paranista, mas como este pretende definir uma identidade
paranaense como sendo natural mente constituída por fatores como clima e raça.
2
“cidade modelo” = excelente nível de vida e poucos problemas, sobretudo os de infraestrutura.
3
Os indígenas também são deixados de lado nessa narrativa da “fundação europeia da cidade”, apesar da origem
semântica do nome da cidade ‐ Curitiba ‐ ser de origem tupi e significar “muito pinhão”.
4
Consultar:
‐ IANNI, Octávio (1988). As metamorfoses do escravo. SP: Hucitec.
‐ MORAES, Pedro Rodolfo Bode e SOUZA, Marcilene Garcia de (1999). “Invisibilidade, preconceito e violência racial em
Curitiba”. IN: Revista de Sociologia e Política, Nº 13, Novembro, p.7‐16.
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construído com a ajuda da historiografia tradicional5. A etnia negra é parte importante da
população curitibana. Quase um quinto da população de Curitiba se declara parda (16,9%) e 2,8%
são preztos. Os dados são do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE)6.
Temos que refletir sobre como nos relacionamos com a cidade de Curitiba, que imagem
temos dela e de seus habitantes, o que implica na formação da nossa própria identidade, ou pelo
menos parte significativa dela. O que é “ser paranaense”, “ser curitibano”? Um dos objetivos
desse roteiro é através desse pequeno percurso pelo centro da cidade fornecer aos alunos uma
carga de conhecimento para poderem refletir sobre novos discursos e sobretudo acerca das
identidades curitibanas, multiplicando suas perspectivas, evitando o discurso único do “Paraná
Europeu”. Nossa História mistura diversos elementos e devemos desenvolver uma consciência
mais propriamente histórica, que nos proporcionará uma consciência crítica.
TRABALHO
1. Se você tivesse que contar para uma pessoa de fora da cidade como foi a fundação de
Curitiba, como seria a sua narrativa?
Para os alunos que não são originários da cidade, relatar a imagem que possuíam da cidade
antes de aqui chegarem e como essa imagem foi construída.
5
Aqui nos referimos sobretudo a Romário Martins e Ruy Wachowicz.
‐ MARTINS, Romário (1995) [1899]. História do Paraná. Curitiba: Travessa dos Editores.
‐ WACHOWICZ, Ruy (1988). História do Paraná. 6ª edição. Curitiba: Editora Gráfica Vicentina Ltda.
6
Disponível em http://censo2010.ibge.gov.br/. Acesso 13.maio.2017.
SUMÁRIO
1. LINHA PRETA: UM PASSEIO PELA HISTÓRIA DA POPULAÇÃO NEGRA DE CURITIBA
Ponto 01 – Ruínas de São Francisco ..................................................................... 9
Ponto 02 – Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito ..... 11
Ponto 03 – Arquitetura do Largo da Ordem ......................................................... 16
Ponto 04 – Memorial de Curitiba ......................................................................... 17
Ponto 05 – Bebedouro ......................................................................................... 20
Ponto 06 – Praça Tiradentes ............................................................................... 21
Ponto 07 – Arcadas do Pelourinho ...................................................................... 23
Ponto 08 – Água pro Morro ................................................................................ 25
Ponto 09 – Praça Zacarias (Chafariz) ................................................................... 27
Ponto 10 – Praça Santos Andrade ....................................................................... 31
Ponto 11 – Praça XIX de Dezembro ..................................................................... 35
Ponto 12 – Sociedade Beneficente 13 de Maio ................................................... 38
Ponto 13 – Memorial Africano ............................................................................. 40
Ponto 14 – Viaduto Cultural Capanema (Memória Afrocuritibana) ..................... 44
Ponto 15 – Samba do Compositor Paranaense .................................................... 47
Ponto 16 – Museu Paranaense ............................................................................ 49
2. ENEDINA ALVES MARQUES: MULHER, PRETA, POBRE E ENGENHEIRA
Ana Crhistina Vanali .............................................................................................. 51
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Fonte: Agência de Noticias da Prefeitura de Curitiba
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Linha Preta: um passeio pela história da população negra de Curitiba
Uma opção para quem quiser conhecer mais sobre a presença negra e sua participação na
formação de Curitiba é percorrer a Linha Preta, roteiro com os principais pontos históricos da
população negra em Curitiba7. O trajeto fica no centro da cidade e pode ser feito todo a pé. O
projeto da Linha Preta foi concebido durante o II Congresso de Pesquisadores/as Negros/as da
Região Sul ‐ COPENE SUL, organizado pelo NEAB (Núcleo de Estudos Afro‐Brasileiros) da
Universidade Federal do Paraná, realizado em Curitiba no ano de 2015. O trajeto inicial da Linha
Preta abarcava 13 pontos, entre eles as Ruínas de São Francisco, a Igreja do Rosário, o Memorial
de Curitiba, a Praça Tiradentes e a Sociedade 13 de maio.
O roteiro está em constante aperfeiçoamento e seu traçado deve abarcar, também, o
interior de museus, galerias de arte, prédios históricos, teatros, etc. Aqui indicaremos dezesseis
pontos que na sua maioria procuram retratar o negro de forma positiva, mas há pontos na cidade
que reforçam o estereótipo do elemento negro e que devem ser problematizados.
Também ressaltamos que o roteiro aqui apresentando está centrado no centro da cidade e
leva em torno de duas horas a Pé para ser percorrido. Ele não abarca a presença africana em toda
Curitiba e região metropolitana. Esse é um trabalho interessante e que ainda está para ser feito.
7
Ver Programa É‐Cultura dia 25/01/2017 ‐ Luca Rischbieter, Linha Preta e a Construção de Curitiba. Disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=wqYxbjIlvg0.
Consultar http://www.gazetadopovo.com.br/haus/estilo‐cultura/rconheca‐13‐pontos‐que‐contam‐a‐historia‐da‐
cultura‐negra‐em‐curitiba/?utm_source=facebook&utm_medium=midia‐social&utm_campaign=gazeta‐do‐povo de 26
de novembro de 2016. Acesso 13.maio.2017.
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PONTO 01 – RUÍNAS DE SÃO FRANCISCO
Endereço: Praça João Cândido – São Francisco
As Ruínas de São Francisco são, na verdade, uma construção inacabada iniciada lá pelos
anos de 1809. Há relatos de que se trata da construção de uma igreja em homenagem a São
Francisco de Paula iniciada por um grupo de devotos portugueses no início do século, mas na
verdade não se sabe que tipo de construção seria ao certo: um convento, uma igreja, um órgão
público. Independente da função, é inegável a participação de trabalhadores negros na construção
desse edifício que exigia mão de obra especializada como a de mestres‐pedreiros, por exemplo,
que dominavam técnicas variadas de construção, principalmente a alvenaria de pedra. Muitos
desses mestres‐pedreiros eram negros de ofício, ou seja, oficiais preparados em oficinas
especializadas para o exercício de profissões bem conhecidas como pedreiros e ferreiros.
Ruínas de São Francisco
Foto: Gazeta do Povo de 26/11/2016
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Jean‐Baptiste Debret8 quando de sua passagem por Curitiba, em 1827 retratou um homem
negro trabalhando no recorte de pedra – um mestre pedreiro, o que demonstra que ele tinha
formação profissional adequada, o que lhe dava certa inserção social e que provavelmente não
era de Curitiba, visto a cidade não ter oficinas de formação desse tipo de ofício.
Aquarela de Jean‐Baptiste Debret retratando a cidade de Curitiba em 1827
Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18749/debret. Acesso 13.maio.2017
8
Jean‐Baptiste Debret (1788‐1848) foi pintor, desenhista e professor de francês. Integrou a Missão Artística
Francesa (1817), que fundou, no Rio de Janeiro, uma academia de Artes e Ofícios, mais tarde Academia Imperial de
Belas Artes, onde lecionou. De volta à França em 1831 publicou Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (1834‐1839),
documentando aspectos da natureza, do homem e da sociedade brasileira no início do século XIX. Disponível em
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18749/debret. Acesso 13.maio.2017.
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PONTO 02 – IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS DE SÃO BENEDITO
Endereço: Praça Garibaldi – São Francisco
A Igreja do Rosário, em Curitiba, inicialmente chamada de Igreja do Rosário dos Pretos de
São Benedito, foi patrocinada, projetada e construída por pessoas negras, em 1737 (alguns
apontam 1731?) organizadas em irmandades9. Construída em estilo colonial, por negros, era
maior e mais imponente que a igreja matriz, bem mais simples, construída em madeira onde os/as
negros/as não podiam entrar. Provavelmente foi a segunda igreja construída na capital
paranaense, pois entre 1875 e 1893 serviu de igreja matriz enquanto a nova catedral era
construída. Em 1931 a antiga igreja foi demolida, dando lugar a igreja atual inaugurada em 1946 já
sob a responsabilidade da igreja católica.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito
Foto: Gazeta do Povo de 26/11/2016
9
As Irmandades Negras representavam espaços de relativa autonomia negra, no qual seus membros construíam
identidades sociais vivenciadas no interior de uma sociedade opressora. A irmandade era uma espécie de família ritual
em que tantos os africanos desenraizados de suas terras, como os negros brasileiros deslocados no contexto social
viviam e morriam solidariamente. Foi um meio de constituição de instrumento de identidade e solidariedade
coletivas. Toda a dinâmica que vivenciavam em torno das políticas dentro das irmandades visavam à integridade do
negro diante da sociedade branca e paternalista. A morte significava o momento de maior ostentação dessas
instituições, um funeral digno orientava as irmandades. Os fundos arrecadados promoviam a vida através de várias
benfeitorias, e a morte a partir de um funeral apresentável.
Até parte do século 19, os negros eram impossibilitados de frequentar a "igreja dos brancos". Havia, entretanto, a
vontade de integrá‐los à fé católica, assim, várias igrejas dedicadas especialmente aos negros foram construídas em
todo o país e a prática religiosa, incentivada. Muitas dessas irmandades, ligadas às ordens católicas, eram devotas, por
exemplo, a Nossa Senhora do Rosário, a São Benedito (o santo filho de escravos), a Santa Efigênia, a Santo Elesbão, a
Santo Rei Baltazar, a Nossa Senhora de Guadalupe e ao Santo Antônio de Categeró. Portugal incentivou a formação de
irmandades negras em todas as suas colônias, onde haviam populações de origem africana. Em Curitiba, a
antiga Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, construída pelos negros em 1731, foi dedicada
aos escravos africanos da cidade. As irmandades iam além das práticas religiosas. Eram comunidades que reforçavam
a integração social e contribuíram fundamentalmente para o sincretismo religioso no Brasil. Fonte: REIS, João José
(1986). Rebelião escrava no Brasil. SP: Brasiliense.
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Desde 2009, em novembro – mês da consciência negra – o Centro Cultural Humaitá realiza
intensa programação de atividades culturais e reflexivas na cidade. No dia 20, quando é celebrada
a morte do rei Zumbi dos Palmares ocorre a lavagem das escadarias da Igreja do Rosário. A
lavagem acontece por volta das 10 horas, após ato inter‐religioso no interior da igreja. Em seguida
o cortejo desce pela Rua do Rosário até a praça Tiradentes. Lá, é colocado o Ojá, uma faixa branca
na Gameleira, uma árvore sagrada, morada do orixá Iroco10.
IROCO: Foi o primeiro filho de Oxalá e é considerado um dos
mais velhos dos Orixás. Iroco está associado a uma árvore que
possui suas próprias características: determinação e
inflexibilidade. Existe uma lenda que conta que Iroco foi a
única árvore que teria sobrevivido no planeta, devastado por
uma seca que ocorreu por causa de uma briga entre o Ceú e a
Terra. Por ser muito grande, suas raízes são bem enterradas
no solo, dando estabilidade. Sua copa se encontra nas alturas
do ceú. No Brasil, a árvore de Iroko é a gameleira branca. Os
filhos deste Orixá procuram ser estáveis em todas as
situações. No trabalho, são dedicados e por isso conseguem
impor muito respeito. Mas no relacionamento pessoal,
algumas vezes acabam se metendo em situações
constrangedoras, pois acreditam apenas em si próprio e não
dão oportunidade dos outros opinarem.
Fonte: http://www.paiogun.com/iroko.htm. Acesso 13.maio.2017.
10
No Brasil, Iroco habita principalmente a gameleira (Ficus insipida). Para os iorubás, a árvore Iroko é a morada de
espíritos infantis conhecidos ritualmente como abiku e tais espíritos são liderados por Oluwere. Quando as crianças se
veem perseguidas por sonhos ou qualquer tipo de assombração, é normal que se façam oferendas a Oluwere aos pés
de Iroko, para afastar o perigo de que os espíritos abiku levem embora as crianças da aldeia. Durante sete dias e sete
noites, o ritual é repetido, até que o perigo de mortes infantis seja afastado. Iroco está ligado à longevidade, à
durabilidade das coisas e ao passar do tempo pois é árvore que pode viver por mais de 200 anos. Consultar VERGER,
Pierre (2000). Notas Sobre o Culto aos Orixás e Voduns na Bahia de Todos. 2ª edição. SP: EDUSP.
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Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito
Foto: Gazeta do Povo de 26/11/2016
Lavagem das escadarias da Igreja de Nossa Senhora do Rosário ‐ 2016
Promoção do Centro Cultural Humaitá
Fonte: https://informativocentroculturalhumaita.wordpress.com/. Acesso 13.maio.2017.
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Descida da Rua do Rosário ‐ Lavagem das Escadarias de 2012
Foto: João Henrique Delfrate
Disponível em http://lavagemdaigrejadorosario.blogspot.com.br/. Acesso 13.maio.2017
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Detalhe do Ojá – faixa branca na gameleira ‐ Lavagem das Escadarias de 2012
Foto: João Henrique Delfrate
Disponível em http://lavagemdaigrejadorosario.blogspot.com.br/. Acesso 13.maio.2017
No interior da Igreja do Rosário está o túmulo do Monsenhor Celso11 que na época da
construção da nova catedral se tornou o Cúria da igreja de Curitiba. Foi ele quem decidiu que a
Igreja do Rosário iria abrigar os fiéis da Catedral, o lugar da religiosidade oficial, durante a reforma.
Ele não chegou a expulsar os negros, mas “branquinizou” a igreja dos pretos com uma
mentalidade voltada para os brancos. Mais tarde ele manda reformar a igreja dos pretos dando
uma feição colonial do branco.
11
Celso Itiberê da Cunha (1849‐1930)
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PONTO 03 – ARQUITETURA DO LARGO DA ORDEM
Endereço: Cavalo Babão – R. Kellers, s/n – São Francisco
Em relação à arquitetura, a contribuição mais conhecida dos povos africanos no Brasil está
associada à introdução de técnicas de construção que usavam o adobe12 e a taipa de mão13
presentes tanto nas áreas rurais quanto urbanas. Associada à pedra essa tecnologia possibilitou a
construção de prédios públicos de grandes proporções em várias partes do país, principalmente
igrejas católicas, muitas delas no estado de Minas Gerais.
Vista do Cavalo Babão ‐ Largo da Ordem
Foto: Gazeta do Povo de 26/11/2016
12
Técnica de construção do período colonial, o adobe é uma lajota feita de barro com dimensões aproximadas de 20 x
20 x 40 cm, compactados manualmente em formas de madeira, postos a secar à sombra durante certo número de
dias e depois ao sol.
13
A taipa de mão, também conhecida como pau a pique, é uma técnica construtiva antiga que consiste no
entrelaçamento de madeiras verticais fixadas no solo, com vigas horizontais, geralmente de bambu amarradas entre si
por cipós, dando origem a um painel perfurado que, após preenchido com barro, transforma‐se em uma parede.
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PONTO 04 – MEMORIAL DE CURITIBA
Endereço: Rua Claudino dos Santos, 79 – Centro
Inaugurado em 1996 o Memorial de Curitiba tem um projeto arquitetônico inspirado no
pinheiro paranaense. É um importante centro cultural da cidade e abriga várias obras de artes,
dentre elas um imenso painel do artista Sérgio Ferro14 que mostra alguns elementos constitutivos
da cultura brasileira. Infelizmente a população negra é retratada de forma estereotipada,
reforçando, por exemplo, discursos que operam para a disseminação de ideias sobre as supostas
subalternidade e subserviência desse grupo racial, bem como para a hipersexualização do corpo
da mulher negra.
Vista externa do Memorial de Curitiba
Foto: Divulgação da Fundação Cultural de Curitiba
14
Sérgio Ferro é filho de Armando Simone Pereira e Beatriz Ferro Pereira, nasceu em Curitiba em 25 de julho de 1938.
Formou‐se em arquitetura e urbanismo pela USP. Fez pós‐graduação em museologia e evolução urbana, na mesma
faculdade e cursou também, sob a orientação de Umberto Eco, o curso de Semiologia na Universidade Presbiteriana
Mackenzie. Após a formatura em arquitetura foi convidado por Vilanova Artigas a ser professor assistente de História
da Arte na USP. Comunista, ligou‐se a Aliança Libertadora Nacional, de Carlos Marighella. Em 1968 participou de um
atentado a bomba no Conjunto Nacional, em São Paulo, com o objetivo de atingir o consulado dos Estados Unidos.
Preso, foi torturado, e afastado da Universidade de São Paulo. Exilou‐se na França, onde não podia exercer a profissão
de arquiteto. Dedicou‐se então a carreira de artista e professor em cursos de arte e arquitetura. Disponível em O que
Sérgio Ferro e Michelangelo têm em comum? <http://arteref.com/pintura/sergio‐ferro/>. Acesso 13.maio.2017.
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Detalhe do painel de Sérgio Ferro onde a mulher negra
aparece de forma estereotipada, hipersexualizada fazendo
alusão ao conceito de mulata.
Foto: Divulgação da Fundação Cultural de Curitiba
Membros do movimento negro15 apontam que o conceito de mulata foi criado durante o
regime escravista para justificar os estupros que essas mulheres sofriam de forma recorrente.
MULATA vem da palavra mula que é o animal estéril resultante do cruzamento da égua com o
jumento, ou do cavalo com a burra. Passou‐se a aplicar o termo aos filhos de homem branco e
mulher negra. O termo mulata tem raiz baseada em um animal, igualmente como o “criolo”, que
também era o nome de uma raça de cavalo.
A mula não produz cria, mas pode realizar o ato sexual com outros animais. Esse era o
argumento para os estupros das filhas de mãe negra e pai branco que não assumiam a
paternidade. No tempo da escravidão, as mulheres negras eram constantemente estupradas pelo
15
Disponível em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/bem‐vindos‐ao‐brasil‐colonial‐a‐mula‐a‐mulata‐e‐a‐
sheron‐menezes/. Acesso 13.maio.2017.
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senhor branco e carregavam o papel daquela que deveria servir sexualmente sem reclamar, nem
pestanejar e ainda deveria fingir que gostava da situação, pois esse era o seu dever. Hoje as
mulheres negras continuam atreladas àquela visão racista do passado que dizia que só serviam
para o sexo e nada mais.
O termo “mulata” é carregado de história, uma história que demonstra que a mulher negra
está ali a serviço dos indivíduos que só a aceitam se ela estiver limpando seu chão, carregando
carga, ou rebolando no seu colo, pois esse é o jeito que um bom animal domesticado deve agir. A
mulher negra é tratada constantemente como um animal e um souvenir que o turista vem buscar
no carnaval.
Detalhe do painel de Sérgio Ferro retratando a etnia negra
Foto: Divulgação da Fundação Cultural de Curitiba
O homem negro é retratado de forma subalternizada, preso a correntes, de maneira
submissa, como se fosse conivente com a situação de escravizado.
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PONTO 05 – BEBEDOURO
Endereço: R. José Bonifácio, 33 – Centro
A construção do bebedouro data de meados do século XVIII e era bastante utilizado por
tropeiros em passagem pela cidade para dar de beber a seus animais. A presença de um número
significativo de tropeiros negros é atestada por algumas aquarelas de Jean‐Baptiste Debret que os
retratou em Curitiba e região.
Bebedouro para cavalos do Largo da Ordem
Foto: Viagem de Fuga
Um tropeiro negro atravessa uma ponte no caminho entre Curitiba e São Paulo.
Jean‐Baptiste Debret, de 1827
Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18749/debret. Acesso 13.maio.2017
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PONTO 06 – PRAÇA TIRADENTES
Endereço: Praça Tiradentes – Centro
A Praça Tiradentes passou por um processo de ressignificação nos últimos anos pela
comunidade negra de Curitiba, especialmente por pessoas ligadas aos movimentos sociais de
negras e negros e por praticantes da Umbanda e do Candomblé. Há nessa praça um conjunto de
gameleiras sagradas. A gameleira é moradia de Iroco, um raro orixá de origem Iorubá. Iroco
também é moradia de espíritos infantis e está associado a longevidade, já que a gameleira vive por
mais de 200 anos. Na praça ainda existe outro símbolo importante para a comunidade negra, um
caminho feito de pedras que revela a importância da mão de obra negra para o processo de
urbanização da capital paranaense.
Praça Tiradentes
Foto: Gazeta do Povo de 26/11/2016
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Árvore Gameleira na Praça Tiradentes
Foto: Flávio Rocha
Detalhe caminho de pedra da Praça Tiradentes*
Foto: http://projetominhasraizes.blogspot.com.br/. Acesso 13.maiio.2017
* Mão de obra escrava no projeto de urbanização da cidade.
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PONTO 07 – ARCADAS DO PELOURINHO
Endereço: Praça José Borges de Macedo – Centro
O Pelourinho da Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais está localizado na Praça José Borges
de Macedo, ao lado do Paço da Liberdade e foi levantado em 04 de novembro de 1668. O
pelourinho marcava a fundação de uma vila e também era um espaço onde pessoas escravizadas,
que por razões diversas, como desafiar o regime escravista, por exemplo, eram castigadas.
Embora o pelourinho traga consigo lembranças de um período marcado por muita violência que
incidia sobre a população negra, ele também representa as inúmeras formas de resistência
desenvolvidas por negras e negros para fazer frente ao regime escravista.
Placa comemorativa, instalada em 1968 no local onde supostamente foi erguido o Pelourinho.
Fonte: http://www.curitiba‐parana.net/patrimonio/pelourinho.htm. Acesso 13.maiio.2017
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O Pelourinho de Curitiba teria sido erguido por Gabriel de Lara, então capitão mor e
procurador do Marquês de Cascais, senhor das Terras da Capitania de Paranaguá. Foi instalado
onde hoje é a praça José Borges de Macedo que na época era parte do Largo da Matriz
(atualmente Praça Tiradentes). Sua instalação era condição necessária para a elevação do povoado
à condição de vila, no caso a vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, que viria a se transformar
na cidade de Curitiba.
O pelourinho português era uma espécie de poste de madeira ou de mármore com argolas
de ferro, erguido em praça pública, onde os condenados pela justiça eram amarrados e
chicoteados. Sendo um símbolo da opressão do governo português, o Pelourinho foi derrubado
pelos patriotas, em 1822, quando da independência do Brasil.
Escravo açoitado num pelourinho. Gravura de Debret, 1835
Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18749/debret. Acesso 13.maio.2017
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PONTO 08 – ÁGUA PRO MORRO
Endereço: Praça Generoso Marques – Centro
“Água pro Morro” é uma criação do artista curitibano Erbo Stenzel16 e foi apresentada
como trabalho final de curso de escultura na Academia Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro
no ano de 1944. A obra, originalmente em gesso, retrata Anita, namorada e modelo do artista à
época. A escultura mostra uma bela jovem negra com uma lata d’água sobre a cabeça, sugerindo o
movimento de quem caminha em direção a um plano mais elevado. De grande sensualidade, a
obra dá a impressão de que o vestido usado pela modelo está molhado, por isso cola ao corpo e
desenha os seios, mas não os expõem. Em 1995 uma réplica da obra foi fundida em bronze pela
Prefeitura Municipal de Curitiba e colocada na Praça Generoso Marques.
A cena coloca em discussão algumas questões, como por exemplo, o reconhecimento da
beleza da mulher negra, o seu lugar em nossa sociedade (a mulher excluída vinha de longe pegar
água no centro da cidade), além de demonstrar como as políticas públicas negavam as negras e
aos negros o direito à cidadania os excluindo – as primeiras obras de saneamento no centro da
cidade foram para atender a classe dominante tradicional.
16
Erbo Stenzel (1911‐1980) foi artista plástico e escultor paranaense que realizou inúmeros monumentos e bustos de
personalidades políticas do Paraná. Era filho de João e Maria Stenzel, descendentes de alemães e austríacos que
moravam em Curitiba. Disponível em https://docs.ufpr.br/~coorhis/kimvasco/stenzel.html. Acesso 13.maio.2017.
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Monumento Água do Morro (réplica de 1995) – também conhecida como Maria Lata d’Água
Fonte: Gazeta do Povo de 26/11/2016
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PONTO 09 – PRAÇA ZACARIAS – CHAFARIZ
Endereço: Praça Zacarias – Centro
Essa praça faz uma homenagem ao primeiro presidente da província do Paraná: Zacarias
Góes e Vasconcelos (1815 ‐1877), nomeado em 185317. Foi ele quem criou a infraestrutura
necessária para o desenvolvimento da recém fundada província que até então pertencia a
província de São Paulo. A praça ainda preserva outro elemento importante que marca a presença
negra no Paraná, um antigo chafariz que faz alusão ao primeiro sistema de água encanada de
Curitiba. Esse sistema foi projetado pelo engenheiro Antônio Rebouças em 1871, que ao passar
perto de uma fonte onde é a atual Praça Rui Barbosa, em Curitiba, provou e aprovou a água. O
problema era levar o líquido até o centro da cidade. Mandou comprar canos de cobre no Rio de
Janeiro e sistematizou a canalização até o Largo da Ponte – hoje Praça Zacarias –, por meio de 21
tubos de cobre. As torneiras do chafariz vieram da Europa. Os pipeiros, que conduziam carroças
com pipas, pegavam a água e vendiam de casa em casa. O chafariz foi desativado no começo do
século XX.
Chafariz da Praça Zacarias
Foto: Gazeta do Povo de 26/11/2016
17
Foi na gestão do prefeito Cândido de Abreu, no ano de 1915, que a praça passou a se chamar Zacarias. Ela teve três
nomes anteriores: Largo da Entrada, Largo da Ponte (haviam três pontes para atravessar o Rio Ivo, hoje totalmente
canalizado) e Largo da Fonte.
P á g i n a | 28
Os irmãos baianos André e Antônio Rebouças foram dois negros alforriados que viveram
em pleno período de escravidão e possuem seus nomes na história paranaense. Ao desembarcar
no Paraná, eles assumiram parte da responsabilidade de transformar uma província ainda em
construção. Em 1864, uma década depois da Emancipação de São Paulo, iniciaram sua trajetória
na região sul do país e passam por Santa Catarina antes de chegarem ao Paraná. O chafariz na
Praça Zacarias, em Curitiba, a Estrada da Graciosa, a Ferrovia Paranaguá‐Curitiba e o Parque
Nacional do Iguaçu são alguns dos legados dos engenheiros.
A primeira missão dos Rebouças foi comandar a construção da Estrada da Graciosa, que
desde 1854 estava sendo idealizada para ligar o planalto ao litoral paranaense. Em 1864, Antônio
foi nomeado engenheiro‐chefe da Estrada da Graciosa e formulou o projeto do empreendimento.
Os irmãos também vislumbraram o que poderia ser o futuro econômico do estado. A iniciativa do
primeiro grande investimento madeireiro no Paraná se deve aos Rebouças, que organizaram a
Companhia Florestal Paranaense, instalada em 1871 nas margens da Graciosa. Foi a primeira
indústria do Paraná a utilizar a energia de máquina a vapor. Com a abertura da Estrada da
Graciosa, em 1873, o cenário se tornou promissor. A serraria, além de explorar o potencial do
pinheiro, criou barricas de madeira de pinha para transportar erva‐mate ao mercado europeu18.
Irmãos Rebouças (Antônio a esquerda e André a direita)
Fonte: Gazeta do Povo, 05/06/2015
18
Consultar TRINDADE, Alexandre Dantas (2011). André Rebouças: um engenheiro do império. SP: Editor HUCITEC.
P á g i n a | 29
Antônio Pereira Rebouças Filho (1839‐1874), engenheiro militar brasileiro, em 1858, seguiu
para a Europa com a finalidade de especializar‐se em construção de estradas de ferro e portos
marítimos. Regressando ao Brasil, trabalhou em diversos projetos sendo o responsável pela
construção da Estrada de Ferro de Campinas a Limeira e Rio Claro, além da Estrada de
Ferro Curitiba‐Paranaguá (famosa pelas soluções encontradas por Rebouças para que ela
transpusesse a Serra do Mar) e da rodovia Antonina‐Curitiba, conhecida como estrada da
Graciosa.
Estrada da Graciosa
Fonte: https://www.tripadvisor.com.br/. Acesso 13.maio.2017
Estrada de Ferro Curitiba‐Paranaguá
Fonte: Acervo Museu Paranaense
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Ao lado de Machado de Assis, Cruz e Souza, José do Patrocínio, André Rebouças foi um dos
representantes da pequena classe média negra em ascensão no Segundo Reinado e uma das vozes
mais importantes em prol da abolição da escravatura. Ajudou a criar a Sociedade Brasileira Contra
a Escravidão, ao lado de Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e outros. Participou também da
Confederação Abolicionista e redigiu os estatutos da Associação Central Emancipadora.
Com a queda do império, em 1889, André Rebouças embarca, juntamente com a família
imperial, com destino à Europa. Permanece junto deles até a morte do imperador Pedro II em
1891. Depois segue para Luanda. Ele passou seus últimos seis anos trabalhando pelo
desenvolvimento de alguns países africanos19.
19
CARVALHO, Maria Alice de Rezende (1998). O quinto século. André Rebouças e a construção do Brasil. RJ: Editora
Revan.
PESSANHA, Andrea Santos (2005). Da Abolição da Escravatura à Abolição da Miséria: A vida e as ideias de André
Rebouças. SP: Quartet Editora.
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PONTO 10 – PRAÇA SANTOS ANDRADE
Endereço: Praça Santos Andrade – Centro
Na Praça Santos Andrade há um pequeno monumento em homenagem a “Colônia Afro‐
Brasileira”. Iniciativa da Câmara dos Vereadores, a modesta homenagem é composta por um bloco
de granito e uma placa de bronze. Foi feita ano de 1988 quando do primeiro centenário da
abolição da escravidão no Brasil. A placa realiza homenagem à Enedina Alves Marques20 e outros
negros, porém não corresponde a importância desta comunidade para a cidade de Curitiba.
Placa comemorativa do 1º Centenário da Abolição
Foto: acervo da autora
20
Ver artigo sobre Enedina Alves Marques nesse trabalho.
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CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA
A COLÔNIA AFRO‐BRASILEIRA 100 ANOS
As homenagens dos vereadores de Curitiba, que unindo‐se as comemorações do centenário da abolição,
destacam a participação dinâmica, uma e altamente relevante do negro da comunidade. Com os nomes
aqui gravados, que representam os vários segmentos da etnia negra, perpetuamos nosso carinho à Colônia
Afro‐brasileira.
ACIR FERNANDES LUIZ FERNANDO MARQUES
ADELINO ALVES DA SILVA MALU NUNES DA SILVA
AMILTON AMBROSIO RIBEIRO MANUEL NUNES DA SILVA
ANTONIO DIONISIO FILHO MARIA APARECIDA DA SILVA
ANTONIO SILVA DE PAULO MARIA LUCIA DE SOUZA
ANTONIO CALAZANS MARIA MERCIS G. ANICETO
ARTUR MIRANDA JUNIOR MARIA NICOLAS
AROLDO ANTONIO DE FARIAS MARILENE DA GRAÇA RIBAS
CANDIDO ALVES DE SOUZA MARINA DE ANDRADE SOUZA
CLOVIS AZAURY DO NASCIMENTO MARINA PEREIRA
DALZIRA MARIA APARECIDA MARIO FERREIRA
ELIDIO ALVES TEODORO MARIO VASCONCELOS
EUCLIDES DA SILVA NARCISO J.R.ASSUMPÇÃO
HASIEL PEREIRA (vereador) NATALÍCIO SOARES
HUGO JORGE BENTO NELSON CARLOS DA LUZ
IDELCIO JOSÉ DE OLIVEIRA ODELAIR RODRIGUES
ISAAC OTÁVIO OLGA MARIA S. FERREIRA
JOÃO FERREIRA DOS SANTOS ORLANDO DIAS DA SILVA
JOÃO FREDERICO ALVES OSVALDO FERREIRA DOS SANTOS
JOÃO FERREIRA DA SILVA OSIEL MOURA DOS SANTOS (cônsul Senegal)
JORGE DE OLIVEIRA PAULO CHAVES DA SILVA
JOSÉ AUGUSTO G. ANICETO PAULO LOPES SANTOS
JOSÉ CARLOS M. DOS SANTOS PEDRO ADÃO PEREIRA
JOSÉ DIONÍSIO DA SILVA RAIMUNDA FERREIRA DOS SANTOS
JOSÉ MOREIRA DE ASSIS RAIMUNDO NONATO SIQUEIRA
JOSÉ PEREIRA FILHO SERAPHINA JACIRA GONÇALVES
JOSÉ RAMOS SIDNEY LIMA SANTOS (ex‐vereador)
JOSÉ SALVADOR DE SOUZA TEREZA ERMELINO DE LEÃO
JOSÉ S. SILVA FELINTO (ex‐vereador) VALDIR ISIDORO SILVEIRA
JURANDIR NUNES PEREIRA ZELIA MOURA DOS SANTOS
HOMENAGENS PÓSTUMAS
ANTENOR ALENCAR LIMA ENEDINA ALVES MARQUES
ANTENOR P.DOS SANTOS (ex‐vereador) HAROLDO FERREIRA DOS SANTOS
ANTONIO PINTO REBOUÇAS JOSÉ FERREIRA DOS SANTOS
EDGAR ANTUNES SILVA (TATU) JOSÉ PINTO REBOUÇAS
Curitiba, 26 de maio de 1988
Horácio Rodrigues
Presidente da Nona Legislatura
P á g i n a | 33
LEI Nº 3.353, DE 13 DE MAIO DE 1888 conhecida como Lei Auréa
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM3353.htm. Acesso 13.maio.2017.
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LEI Nº 3.353, DE 13 DE MAIO DE 1888.
Declara extinta a escravidão no Brasil.
A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os
súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1°: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. 2°: Revogam‐se as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a
cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.
O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e interino dos Negócios
Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar
e correr.
Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67º da Independência e do Império.
Princesa Imperial Regente
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PONTO 11 – PRAÇA 19 DE DEZEMBRO
Endereço: Praça 19 de Dezembro – Centro
O conjunto arquitetônico da Praça 19 de Dezembro, assinado pelo escultor Erbo Stenzel, é
composto por um painel de duas faces, um espelho d’água, um obelisco e a escultura de um
homem nu com 18 metros de altura. No painel de duas fases a ideia do artista foi contar um pouco
da história do Paraná e seus ciclos econômicos. Já o Homem Nu representa o Paraná dando um
passo em direção ao futuro. Com traços negros bem destacados a escultura apresenta ainda forte
semelhança com a arte do antigo Egito, com características que permitem dialogar com a Lei da
Frontalidade. A Lei da Frontalidade se caracteriza por ser bastante simétrica, em que uma linha
imaginária divide a obra em duas partes iguais, estando a figura em pé, sentada ou de joelhos. Os
braços estão sempre colados ao corpo, estendidos ou cruzados sobre o tronco. Mesmo em
esculturas que retratam pessoas em pé o movimento é contido, ainda que simule uma caminhada.
Praça XIX de Dezembro
Foto: Gazeta do Povo de 26/11/2016
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A Praça 19 de Dezembro, também conhecida como Praça do Homem Nu foi inaugurada em
19 de dezembro de 1953, na esteira do programa de obras públicas comemorativas do centenário
da emancipação política do estado do Paraná, ocorrida em 19 de dezembro de 1853. A praça
conta com um obelisco de pedra, contendo dizeres comemorativos ao centenário da emancipação
acima referida e uma grande estátua em granito de um homem nu (daí o apelido popular do
logradouro ser Praça do Homem Nu). O título correto da escultura do Homem Nu é “o homem
paranaense”. Ele está em pé, em busca do progresso, andando atrás do desenvolvimento
econômico. Essa escultura recebeu muitas críticas, sobretudo de David Carneiro21 que alegava que
ela não representava o “homem loiro e belo do Paraná”.
A Mulher Nua (sentada só contemplando) é de autoria de Humberto Cozzo22 e
originariamente ficava no fundo do Palácio Iguaçu. Em 1972 foi trazida para a praça a fim de
complementar o conjunto e representar a Justiça. A praça ainda possui um biombo com dois
painéis, um de Poty Lazzarotto, em azulejos, representando a evolução política do Estado e o
outro, de Erbo Stenzel, em alto relevo, representando os ciclos econômicos do Paraná. Nos dois
painéis temos a representação do trabalho escravo africano.
21
David Antônio da Silva Carneiro (1904‐1990) era filho do industrial de erva‐mate David Afonso da Silva Carneiro.
Estudou no Colégio Militar do Rio de Janeiro e diplomou‐se em Engenharia Civil pela Universidade do Paraná em 1928.
Lecionou História e Economia em universidades dos Estados Unidos e a partir da década de 1950, foi professor
da Universidade Federal do Paraná. Ao longo de sua vida, escreveu mais de 70 livros, a grande maioria com temas
sobre a história do Paraná. Disponível em http://www.academiapr.org.br/artigos/o‐parana‐esqueceu‐david‐carneiro/.
Acesso 13.maio.2017.
22
Bartolomeu Cozzo mais conhecido como Humberto Cozzo (1900‐1981) foi um escultor e autor
de mosaicos brasileiros. Suas peças de arte multiplicaram‐se por todo o país, algumas delas causadoras de polêmicas.
É o caso da Mulher Nua (1955), em Curitiba, que realizou em parceria com Erbo Stenzel, a quem coube fazer a estátua
do Homem Nu. Também em Curitiba, está situada outra obra do artista, uma escultura em pedra sabão situada no
alto do Museu do Expedicionário, representando uma patrulha de infantaria em ação, homenageando os soldados
brasileiros que participaram da Segunda Guerra Mundial. Disponível em
http://blog.jaireliasjunior.com.br/2011/01/mulher‐nua‐provincianismo‐vesgo/. Acesso 13.maio.2017.
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Painel de Poty Lazaroto na Praça XIX de Dezembro
Fonte: http://www.curitibamilgrau.com.br/conheca‐os‐sinais‐ocultos‐da‐praca‐19‐de‐dezembro/. Acesso
13.maio.2017.
Painel de Erbo Stenzel na Praça XIX de Dezembro
Fonte: http://www.curitibamilgrau.com.br/conheca‐os‐sinais‐ocultos‐da‐praca‐19‐de‐dezembro/. Acesso
13.maio.2017.
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PONTO 12 – SOCIEDADE BENEFICENTE TREZE DE MAIO
Endereço: Rua Desembargador Clotário Portugal, 274 – Centro
Conscientes de que precisavam se organizar para defender seus direitos, sua identidade,
sua cultura e sua memória, a população negra criou associações e clubes sociais em várias regiões
do país, ainda no regime escravista. O Clube Beneficente Treze de Maio foi fundado em 6 de junho
de 188823 e ficava numa região conhecida como Boulevard São Francisco, onde vivia um grande
número de pessoas negras e onde ficavam os cavalos dos senhores que vinham para a cidade. Era
o lugar mais pobre da cidade na década de 188024.
O clube ajudava os mais necessitados, comprava material escolar para as pessoas pobres e
providenciava enterros dignos a quem não tinha condições. É a segunda associação negra mais
antiga do Brasil ainda em funcionamento. A primeira está em Porto Alegre e se chama Sociedade
Floresta Aurora, fundada em 31 de dezembro de 187225.
Reinaugurado em 1995 atualmente é conhecido como Sociedade 13 de maio, importante
espaço de preservação da memória e de demarcação da presença sempre ativa da população
negra em Curitiba26. Foi e continua a ser um ponto de encontro da cultura negra desde sua
fundação, no ano em que a escravatura foi abolida no Brasil: 1888. Seu nome homenageia a data.
Atualmente todo primeiro sábado do mês tem o “Samba da Nega” dedicado inteiramente para a
música de raiz que atrai os amantes de uma boa roda de samba.
A partir de abril de 2015, todo segundo sábado do mês tem “Um Baile Bom” que é um
movimento‐festa‐ato político de mobilização da comunidade negra de Curitiba e Região
23
Por Vicente Moreira de Feitas, descendentes de escravos e trabalhador da construção civil.
24
Para saber mais consultar SANTIAGO, Fernanda Lucas (2015). Sociedade 13 de Maio: uma estratégia de
sobrevivência no pós Abolição (1888‐1896). Curitiba: Monografia em História da UFPR.
25
Fundada por negros forros para ser entidade para arrecadar fundos para o caso de óbitos, a Floresta Aurora tinha
como uma das primeiras lideranças a escrava Maria Chiquinha. Ela organizava reuniões no bairro Floresta, nas
proximidades da rua Aurora, hoje Barros Cassal. Fonte: Correio do Povo/RS, 11/03/2013.
26
Para saber mais ver o documentário "Sob a Estrela de Salomão" realizado através do Edital de Patrimônio Imaterial
da Fundação Cultural de Curitiba (2011‐12). O documentário foi integrante de projeto de pesquisa homônimo que
teve como foco a Sociedade Operária Beneficente 13 de Maio, fundada em Curitiba no ano de 1888. Disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=wzKQY9Tr_Gs. Acesso 13.maio.2017.
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Metropolitana. Um Baile Bom busca nos bailes black das décadas de 70 e 80 seu fundamento. A
história desses bailes no Brasil começa no Rio de Janeiro da década de 1970 e vem no embalo da
luta americana pelos pelos direitos civis27.
Sociedade Treze de Maio
Foto: Gazeta do Povo de 26/11/2016
27
Disponível em https://umbailebom.wordpress.com/. Acesso 13.maio.2017.
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PONTO 13 – MEMORIAL AFRICANO
Endereço: Rua Lothário Boutin, 374 – Pinheirinho
O maior portal africano do mundo foi inaugurado em Curitiba, em maio de 2010, na praça
Zumbi dos Palmares, Pinheirinho, distante do centro. O Memorial é uma homenagem de Curitiba
ao povo afrodescendente do Brasil e ao continente‐sede dos jogos da Copa do Mundo de 2010. No
portal da entrada principal foram colocadas 54 colunas representando cada um dos países do
continente africano. O projeto é do arquiteto Fernando Canalli28.
Quadradas, as colunas de quatro metros de altura levam o nome do país, bandeira e a
localização no continente. As descrições e desenhos são feitos em azulejos. A ideia é que cada
missão oficial de países africanos em Curitiba fixe uma placa na coluna correspondente ao país.
Além das 54 colunas, outras duas, amarelas, com o dobro do tamanho e diferenciadas das demais,
completam o portal. As duas colunas simbolizam a educação e a cultura. Uma delas, da educação,
de aço perfurado com iluminação internada. A outra, em argamassa com desenhos africanos em
baixo relevo. Um mosaico de pedras nas cores preto, branco e vermelho forma o mapa do
continente africano, com o desenho dos países. A praça tem ainda espaço para feiras de
artesanato étnico.
28
Fernando Antônio Canalli (Joaçaba/SC, 1955) é ilustrator, escultor e arquiteto. Residindo em Curitiba desde 1970,
cursou Edificações (Ensino Médio), no CEFET (1975) e graduou‐se em Arquitetura e Urbanismo, pela PUCPR, em 1982.
De 1983 a 1986, atuou como professor no Curso de Arquitetura da PUCPR. De 1992 a 1994, voltou a exercer o
magistério lecionando Análise Gráfica na PUCPR. O Prêmio Nacional de Urbanismo Cidade de Pato Branco (1995) e o
Prêmio do Creci‐PR (1995), vencidos em equipe, definem sua reintegração às atividades de arquiteto e urbanista.
Projetou em Curitiba, as fontes de Jerusalém (Rua Arthur Bernardes), Mocinhas da Cidade (Rua Cruz Machado), Maria
Lata D’Água (Largo Generoso Marques), a passarela de travessia de pedestres do campus da UFPR. Em 1999,
participou em Den Hagen/Holanda do projeto urbanístico voltado a neutralizar a segregação social, registrado no
livro The Hague, de Olof Koekebakker, sob o título A luz que vem de Curitiba. Disponível em
http://www.artesnaweb.com.br/index.php?pagina=home&abrir=arte&acervo=660. Acesso 13.maio.2017.
P á g i n a | 41
Memorial Africano na Praça Zumbi do Palmares
Fonte: Gazeta do Povo de 26/11/2016
Há muitas críticas com relação a esse memorial:
‐ ele foi criado no âmbito da definição das sedes da copa do mundo no ano de 2010 e não na
década de 1990 quando foram criados os outros bosques que homenageiam as etnias europeias
para comemorar os 300 anos da fundação da cidade de Curitiba;
‐ se localiza em um bairro distante da cidade e por isso é pouco frequentado;
‐ não está no roteiro da Linha Turismo da Cidade;
‐ no sítio do Instituto Municipal de Turismo de Curitiba29, na opção referente aos atrativos
turísticos/memoriais, aparece o Memorial Africano, mas diferentemente das outras etnias onde
tem‐se a opção de “Saiba mais” que remete ao sítio da Fundação Cultural de Curitiba e maiores
informações sobre o memorial é fornecido, na opção do Memorial Africano apenas as informações
de endereço, bairro, telefone, email e observação estão disponíveis.
29
Disponível em http://www.turismo.curitiba.pr.gov.br/conteudos/memoriais/7/. Acesso 13.maio.2017.
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Tela do Instituto de Turismo de Curitiba referente ao Memorial Africano
Fonte: http://www.turismo.curitiba.pr.gov.br/conteudos/memoriais/7/. Acesso 13.maio.2017.
Tela da Fundação Cultural de Curitiba referente ao Memorial Africano
Fonte: http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/espacos‐culturais/. Acesso 13.maio.2017.
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Tela do Instituto de Turismo de Curitiba referente ao Memorial Polonês
Fonte: http://www.turismo.curitiba.pr.gov.br/conteudos/memoriais/7/. Acesso 13.maio.2017.
Tela da Fundação Cultural de Curitiba referente ao Memorial Polonês
Fonte: http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/espacos‐culturais/memorial‐da‐imigracao‐polonesa/. Acesso
13.maio.2017.
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PONTO 14 – VIADUTO CULTURAL CAPANEMA (MEMÓRIA AFROCURITIBANA)
Endereço: Cristo Rei, Curitiba
Antes da construção do Viaduto Capanema, nas décadas de 30, 40, 50, o local abrigava os
ensaios da primeira escola de samba de Curitiba, a Colorado, à sombra de três imponentes
eucaliptos. A importante presença negra na comunidade dos ferroviários e a proximidade da Vila
Tassi, faz do local um importante foco de memória negra da cidade. Por este motivo, o local foi
destinado à construção de um Centro de Referência da Cultura Negra em Curitiba, em processo de
viabilização e com previsão de inauguração para 2018.
Viaduto Capanema
Foto: https://informativocentroculturalhumaita.wordpress.com. Acesso 13.maio.2017
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Mais conhecido como “Vila Tassi”, o Viaduto Capanema é o berço do samba na capital
paranaense, conforme João Carlos Freitas30. A presença negra entre os ferroviários remete
também à presença de outras atividades além do samba, como o partido alto, a capoeira, o jongo
e outras. Vizinho do Bairro Rebouças e em face da linha férrea, o local lembra fortemente a
importância dos irmãos Rebouças, engenheiros negros responsáveis pelo projeto ousado e
imponente da ferrovia Curitiba – Paranaguá.
Desde a abolição as mais diversas manifestações culturais negra tiveram na rua lugar
privilegiado de manifestação: samba, maracatu, capoeira, afoxé, congada. A construção de um
Centro de Referência da Cultura Afro em Curitiba visa suprir uma lacuna histórica na cidade “da
cultura europeia” que conta com cerca de 24% de sua população autodeclarada afrodescendente
(quase 600 mil habitantes). O Paraná como um todo, estado mais negro do sul, segundo dados do
IBGE, também ganha, já que a historiografia oficial manteve a presença negra invisibilizada e, com
a criação de um Centro de Referência, toda a rede de ensino poderá se beneficiar de um espaço
de visitação, valorizando a presença negra, reunindo amplo acervo de pesquisa e com eventos
temáticos durante o ano todo.
Foto do Maé da Cuíca
Fonte: Gazeta do Povo de 20/12/2012
30
FREITAS, João Carlos de (2009). Colorado: a primeira escola de samba de Curitiba. Curitiba: [s.e].
P á g i n a | 46
Fonte: http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/noticias/linha‐preta‐um‐passeio‐pela‐historia‐da‐populacao‐
negra‐de‐curitiba/. Acesso 13.maio.2017.
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PONTO 15 – SAMBA DO COMPOSITOR PARANAENSE
Endereço: TUC (Teatro Universitário de Curitiba). Galeria Júlio Moreira, Tv. Nestor de Castro, s/nº ‐
Centro
O Samba do Compositor Paranaense (SCP) é um projeto realizado semanalmente em
Curitiba desde 2010 com foco na disseminação do samba autoral local, a partir da articulação de
compositores, músicos e público. As rodas do SCP ocorrem toda terça‐feira, a partir das 20 horas
no Teatro Universitário de Curitiba.
Para apresentar seu samba nas rodas do SCP, basta chegar às 19h30 com 30 cópias da letra
da sua composição. É só passar a melodia com o pessoal da harmonia antes do início da roda e na
hora em que for chamado, cantar sua canção junto com os músicos e o público. Recentemente a
identidade do samba no estado do Paraná, a história do projeto Samba do Compositor Paranaense
e seus desdobramentos foi o tema do documentário “A Hora do Samba” dirigido por Renato
Prospero31. O filme reúne depoimentos dos fundadores e de sambistas frequentadores do projeto
que contam um pouco sobre as rodas, os registros e as produções coletivas realizadas desde 2010
quando o projeto deve início32.
Uma das rodas de samba do Samba do Compositor Paranaense
Fonte: http://www.sambadocompositor.com.br/. Acesso 13.maio.2017
31
Documentário do ano de 2017 “A Hora do Samba ‐ A história do Samba do Compositor Paranaense” está
disponível em https://www.youtube.com/watch?v=qjD1Kt4S0go. Acesso 13.maio.2017.
32
Para saber mais acessar http://www.sambadocompositor.com.br/.
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A HORA DO SAMBA
(Léo Fé, Xandi da Cuíca, Ricardo Salmazo)33
PANDEIRO CHAMOU
VIOLA MANDOU AVISAR
NOSSA SENHORA VEIO NOS ABENÇOAR
CUÍCA CHOROU E FEZ O POVO CANTAR
CHEGOU A HORA DO SAMBA DO PARANÁ
O largo já deu sua ordem
Que toda desordem tem que obedecer
Sambistas reunidos sambando e cantando até o amanhecer
Pedimos licença ao Maé e ao Lápis cantando com emoção
O Samba do Compositor vem receber a nova geração
Do tempo da Colorado
Tradição e reinado fizeram ecoar Improvisado e sincopado o samba renasce pro povo cantar
Poesia e nostalgia sempre estão num samba canção
Se materializa a magia das dores do coração
Samba emoção do povo
Que chega de novo pra gente saber
Que o Centro Sul e os Campos Gerais na caneta vão dizer
Médio Paranapanema, Noroeste, Sudeste e Norte Pioneiro
Descem para o Litoral, Capital, fazendo um samba verdadeiro
33
Para escutar a melodia acessar https://www.youtube.com/watch?v=5UeHXUssrBs. Acesso 13.maio.2017.
P á g i n a | 49
PONTO 16 – MUSEU PARANAENSE
Endereço: R. Kellers, 289 ‐ Alto São Francisco
Idealizado por Agostinho Ermelino de Leão e José Candido Murici, o Museu Paranaense foi
inaugurado no dia 25 de setembro de 1876, no Largo da Fonte, hoje Praça Zacarias, em Curitiba.
Com um acervo de 600 peças, entre objetos, artefatos indígenas, moedas, pedras, insetos,
pássaros e borboletas, era então, o primeiro no Paraná e o terceiro no Brasil34.
A exposição de longa duração do Museu Paranaense, no circuito referente a Ocupação do
Território Paranaense mostra‐se indícios da presença humana entre 10 e 8 mil atrás até século XX
no território que se tornaria o Paraná, após 1853. Foi concebido inicialmente como uma trajetória
histórica linear, das primeiras populações caçador‐coletoras das quais se encontraram vestígios
arqueológicos em diversas localidades do Paraná, seguidas pelos povos que cultivavam
agricultura, aos conflitos do início do século XX. Nesse circuito há uma mostra de objetos relativos
à fundação da cidade de Curitiba, do final do século XVII ao XVIII, incluindo a imagem original em
terracota da padroeira Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, trazida pelos imigrantes portugueses.
Mostra também alguns aspectos da vida dos tropeiros, que ao lado dos garimpeiros foram os
fundadores da vila que se tornaria capital do Paraná, bem como de instrumentos ligados ao
trabalho escravo, a base da economia nesse período.
34
Disponível em http://www.museuparanaense.pr.gov.br/. Acesso 13.maio.2017.
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Instrumentos ligados ao trabalho escravo em exposição no Museu Paranaense
Fonte: http://www.museuparanaense.pr.gov.br/. Acesso 13.maio.2017.
Atualmente há um grupo de trabalho discutindo como ressignificar a exposição
permanente do museu valorizando a cultura negra e sua contribuição para a constituição da
identidade paranaense.
Convite para mesa redonda O Negro no Museu Paranaense realizada dia 17 de maio de 2017.
Fonte: https://www.facebook.com/events/museuparanaense. Acesso 13.maio.2017.
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ENEDINA ALVES MARQUES: mulher, preta, pobre e engenheira
Ana Crhistina Vanali
RESUMO: A historiografia tradicional do Paraná excluiu a participação de negros na formação da sociedade
paranaense. Em alguns casos a presença do indígena, com aquela visão romântica ainda era apontada, mas essa etnia
também não teria dado grande contribuição segundo essa mesma historiografia. Dessa maneira negros e índios
foram deixados de fora da narrativa e a atenção foi toda centrada nas etnias europeias. Hoje essa visão está superada
e vários trabalhos, nas diferentes áreas de conhecimento, tem realizado estudos que demonstram a contribuição dos
negros e índios na construção da sociedade paranaense. Enedina Alves Marques (1913‐1981) é um exemplo da
presença africana no Paraná.
Palavras‐chave: Enedina Alves Marques. Negros no Paraná. Faculdade Engenharia do Paraná.
Enedina Alves Marques35
35
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Enedina_Alves_Marques. Acesso 30.agosto.2016
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Pensando na composição da sociedade brasileira atual, mais de 25% da sua população é
mulher, negra e pobre que além de enfrentarem diariamente as condições de pobreza, ainda tem
que lutarem permanentemente contra a discriminação (MARCONDES, 2013). Carregando essa
tripla discriminação parece ser inimaginável romper essas barreiras de gênero, cor e classe, mas
quando analisamos a presença africana no Paraná, nos deparamos com uma vida que conseguiu
fazer essa ultrapassagem. Enedina Alves Marques, negra e de família pobre, foi a primeira mulher
a ser formar na Faculdade de Engenharia do Paraná tornando‐se a primeira engenheira negra do
Paraná e do Brasil (SANTANA, 2013).
Enedina Alves Marques (a Dindinha) nasceu em Curitiba em 8 de janeiro de 1913. Filha de
Paulo Marques e de Virgínia Alves Marques (Dona Duca). Os pais se separaram enquanto ainda era
criança. A mãe era lavadeira e durante a infância de Dindinha foi morar e trabalhar na casa da
Família Nascimento. O major e delegado de polícia Domingos Nascimento Sobrinho36, patrão da
mãe de Enedina, casado com Josephina do Nascimento Teixeira37, foi o incentivador de seus
estudos. Ela é alfabetizada por volta dos 12 anos de idade na escola particular da professora Luiza
Netto Correia de Freitas38. Realiza o exame de proficiência e conclui o curso primário no grupo
escolar anexo à Escola Normal. Entre os anos de 1926 a 1931 faz o curso da Escola Normal
Secundária juntamente com Isabel, a filha do major Domingos que lhe pagou o bonde durante a
formação como normalista para que fizesse companhia à filha. Durante toda essa fase da sua
formação trabalhou como criada de servir e de babá para a família Nascimento.
36
O Major Domingos Nascimento Sobrinho faleceu em 1958 deixando Enedina como uma de suas beneficiárias em
seu testamento. Não confundir com Domingos Virgílio Nascimento (1862‐1915) que foi escritor, autor do hino do
Paraná e do movimento republicano paranaense (Dicionário Histórico‐biográfico do Paraná. Curitiba: Editora do Chain,
1991).
37
O Estado do Paraná de 17/02/1925.
38
Para saber mais da professora Luiza Correia de Freitas ver Vanali, 2016. Não confundir a professora Luiza que
alfabetizou Enedina com a professora Luiza Pereira Dorfmund que era colega de profissão de Enedina na escola em
Rio Negro. Luiza Dorfmund não poderia ter alfabetizado Enedina, pois nasceu em 1918, assim no ano de 1925, quando
Enedina foi alfabetizada, Luiza Dorfmund teria por volta de sete anos de idade.
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Resultados dos exames de português da Escola Normal de Curitiba do ano de 1930
Enedina atinge grau 4,2
Fonte: A República de 28/06/1930
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No ano de 1932 inicia sua carreira como professora da rede pública de ensino. Interrompe
seu trabalho doméstico na casa da família Nascimento e segue para o interior do estado trabalhar
como professora no Grupo Escolar de São Mateus do Sul. Leciona também no Grupo Escolar de
Cerro Azul, no Grupo Escolar Barão de Antonina em Rio Negro, na Escola Isolada do Passaúna em
Campo Largo. Retorna para Curitiba em 1935 e vai trabalhar na Escola da Linha de Tiro do Juvevê
em Curitiba. O seu regresso à Curitiba ocorreu para realizar o Curso de Madureza, exigência da
nova legislação da Instrução Pública, que era um curso de capacitação profissional de três anos de
duração para o exercício de professor. Nesse mesmo ano, para completar seu rendimento abre
uma escola particular para crianças que não frequentavam a rede pública39. Realizou o Curso de
Madureza no Ginásio Novo Ateneu finalizando‐o no ano de 1937. Um dos seus colegas de curso,
Jota Caron, era membro da Família Caron e por seu intermédio vai trabalhar e morar com essa
família.
Nomeação de Enedina para o grupo escola de São Mateus
Fonte: Correio do Paraná de 16/06/1932
Entre 1938 e 1939 realizou o curso de pré‐engenharia na Faculdade de Engenharia do
Paraná. Durante o dia trabalhava como professora e nos trabalhos domésticos da residência da
família Caron. À noite frequentava o curso preparatório e durante as madrugadas copiava a
matéria dos livros que não tinha condições de adquirir e que emprestava dos colegas para estudar
(SANTANA, 2013). Morou com essa família até o ano de 1954 quando mudou‐se para um
apartamento no Edifício Tijucas no centro de Curitiba.
39
Alugou casa na frente do Colégio Nossa Senhora Menina, no bairro Juvevê.
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Segundo entrevista concedida para o jornal Diário do Paraná de 7 de maio de 1972,
Enedina optou pelo curso de engenharia por eliminação: era professora primária formada, mas
“viu que não tinha vocação”. Não podia ver sangue, portanto medicina foi eliminada da lista de
opções. Não conseguia falar em público, então também não seria Direito. Gostava de cálculo e
engenharia era a opção que havia sobrado.
No ano de 1940 entra para a Faculdade de Engenharia do Paraná. Alguns casos de
perseguição e discriminação que sofreu durante a realização do curso são relatados por pessoas
que a conheceram e foram entrevistas por Santana (2013). Formou‐se engenheira em 1945 aos 32
anos de idade.
Relação dos formandos em Engenharia pela Faculdade de Engenharia do Paraná no ano de 1945
Fonte: Diário do Paraná de 15/12/1945
No ano seguinte a sua formação, no ano de 1946, Enedina começou a trabalhar na
Secretaria de Viação e Obras Públicas do Paraná aposentando‐se no ano de 1962. Durante essa
fase exerceu várias funções: foi chefe da seção de hidráulica, chefe da divisão de estatística,
realizou o levantamento topográfico da Usina Capivari‐Cachoeira, participou da construção da
Usina Parigot de Souza, do Colégio Estadual do Paraná e da Casa do Estudante em Curitiba.
Durante um tempo exerceu o serviço de engenharia da Secretaria de Educação e Cultura. Santana
(2013) aponta que Enedina teve seu trabalho e capacidade técnica reconhecidos pelos
governadores Moises Lupion e por Ney Braga o que lhe permitiu construir uma rede de
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sociabilidades e receber uma compensação profissional através de decretos, dispositivos legais
que revisaram a contagem de seu tempo de serviço e a sua remuneração, o que parece ter lhe
garantido uma aposentadoria rentável.
Enedina em frente da sua residência nas obras da Usina de Cotia, onde foi a engenheira fiscal.
Fonte: Diário do Paraná de 07/05/1972
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Enedina realizou várias viagens de trabalho para diferentes países e estados brasileiros.
Fonte: Diário do Paraná de 29/11/1959
Depois de aposentada Enedina começou a prestar serviços na Construtora Vaticano, mas
isso não a impedia de viajar. Os jornais da época anunciavam com frequência as suas viagens
fossem elas de férias, como membro do Clube Soroptimista ou em cursos e congressos de
engenharia. Sua vida social era agitada e fazia parte das colunas sociais da década de 1970 pois
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frequentava os círculos feministas de cultura da capital paranaense como o Centro Feminino de
Cultura, a União Cívica Paranaense, Clube Soroptimista, Instituto de Engenharia do Paraná e da
Associação Brasileira de Engenheiros e Arquitetos do Brasil40.
Viagem ao Japão para realizar curso de especialização pela Construtora Vaticano.
Fonte: Diário do Paraná de 09/08/1964
Enedina homenageada no dia internacional da mulher de 1976 como uma das construtoras do progresso paranaense.
Fonte: Diário do Paraná de 07/03/1976
40
Ver Diário do Paraná de 15.12.1945 e 03.12.1958. Correio do Paraná de 16.06.1932, 09.01.1933, 09.10.1962,
08.11.1964, 08.12.1964, 27.12.1964. Disponíveis no site da Hemeroteca Digital Brasileira da Biblioteca Nacional
(http://memoria.bn.br/hdb/periodo.aspx).
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Enedina homenageada no dia internacional da mulher de 1977 como um dos destaques
da área de engenharia.
Fonte: Diário do Paraná de 23/03/1977
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Enedina faleceu em Curitiba, aos 68 anos, vítima de infarto no dia 20 de agosto de 1981,
solteira e sem filhos. Está sepultada no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, num túmulo
mantido pelo Instituto de Engenharia do Paraná.
Em 2013 ocorreu o ano do centenário do seu nascimento e sua memória foi recuperada
sendo publicada várias reportagens dando conta da sua existência. Todas as narrativas biográficas
sobre Enedina procuram passar a imagem de alguém que venceu na vida pelo próprio esforço, que
não se contentou com as “migalhas” que eram reservadas ao pobre, preto e mulher, saindo da
invisibilidade.
Hoje, empresta o nome para uma rua do bairro Cajuru em Curitiba (LEI Nº 6372 de 1982)41,
batiza o Instituto de Mulheres Negras de Maringá (fundado em 2006)42 e o Coletivo Enedina dos
estudantes afrodescendentes da UTFPR/Campus Curitiba (fundado em 2015)43.
REFERÊNCIAS
FERNANDES, José Carlos (2013). Negra Enedina, a engenheira. Disponível em
http://www.gazetadopovo.com.br/vida‐e‐cidadania/colunistas/jose‐carlos‐fernandes/negra‐
enedina‐a‐engenheira‐11zwmvt8aj8h2nbi9qb61drr2. Acesso e 21.agos.2016.
FERNANDES, José Carlos (2014). Conheça a história da engenheira Enedina Alves Marques.
Disponível em http://www.gazetadopovo.com.br/vida‐e‐cidadania/conheca‐a‐historia‐da‐
engenheira‐enedina‐alves‐marques. Acesso e 21.agos.2016.
FISENGE (2013). Mulher, negra e pobre: a primeira engenharia do Paraná. Disponível no site da
Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros
http://www.fisenge.org.br/index.php/noticias/item/953‐mulher‐negra‐e‐pobre‐a‐primeira‐
engenheira‐do‐parana. Acesso 21.agos.2016
41
Disponível em https://leismunicipais.com.br/a/pr/c/curitiba/lei‐ordinaria/1982/638/6372. Acesso em
13.agosto.2016. Ver Anexo A.
42
Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques ‐ Facebook https://www.facebook.com/IMNEAM. Acesso
13.maio.2017.
43
Coletivo Enedina – endereço eletrônico: enedinacoletivo@gmail.com.
Facebook https://www.facebook.com/neabiutfpr.
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MARCONDES, Mariana Mazzini (et all) (2013). Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de
vida das mulheres negras no Brasil. Brasília: IPEA. Disponível em
file:///C:/Users/Usuario/Downloads/dossie_mulheres_negrasipea.pdf. Acesso 13.agosto.2016.
SANTANA, Jorge Luiz (2013). Rompendo barreiras: Enedina, uma mulher singular. Curitiba:
Monografia Graduação História da UFPR.
SILVA, Maria Nilza e PANTA, Mariana (2010). O Doutor Preto: Justiniano Clímaco da Silva.
Londrina: UEL.
VANALI, Ana Crhistina (2016). “Professoras Correia de Freitas: trajetórias femininas na Curitiba
republicana”. IN: OLIVEIRA, Ricardo Costa de (org). Nepotismo, parentesco e mulheres. Curitiba: RM
Editores, p. 103‐194.
ANEXO A
LEI Nº 6372/1982 ‐ DATA 16/12/1982
DENOMINA LOGRADOUROS PÚBLICOS DA CAPITAL, CONFORME ESPECIFICA,
DE: ENGENHEIRA ENEDINA ALVES MARQUES, JOÃO CRYSOSTOMO DA ROSA,
LADISLAU PASZKIEWICZ E MARCILIA VAZ CARNEIRO".
A Câmara Municipal de Curitiba, Capital do Estado do Paraná, decretou e eu, Prefeito Municipal sanciono a seguinte lei:
Artigo 1º ‐ Fica o Chefe do Poder Executivo Autorizado a dar as denominações de: Engenheira Enedina Alves Marques,
uma das vias públicas da Capital localizada no Bairro de Vilas Oficinas, João Crysostomo da Rosa a Rua nº 38, no Bairro de
Vilas Oficinas entre as Ruas Olga Balster e Estevam Ribeiro de Souza; Ladislau Paszkiewicz uma das vias públicas da Capital,
localizada no Bairro de Ahú de Baixo; e Marcilia Vaz Carneiro uma das vias públicas da Capital,localizada no Bairro de
Uberaba.
Artigo 2º ‐ Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
PALÁCIO 29 DE MARÇO, em 16 de dezembro de 1982.
JAIME LERNER
PREFEITO MUNICIPAL
Justiniano Clímaco da Silva, primeiro deputado negro do Paraná
Fonte: http://blogdomatosinho.zip.net. Acesso 13.maio.2017
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