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Transformando o discente em historiador: método e aplicação de oficina historiográfica


com os alunos de ensino fundamental
Lavínia de Moura Lopes1
Gabriel Azevedo de Oliveira2
Guilherme da Silva Toldo3
Resumo:

Este projeto, que está vinculado ao PIBID/Unisinos, subprojeto - História, teve por finalidade
primeira a instrução dos estudantes no modus pensante historiográfico, com o objetivo de
demonstrar métodos de pesquisa em História, assim como o manejo de documentação e fontes
da Historiografia do objeto em estudo e análise. Após o contato de três meses com a escola e
os estudantes, durante as observações em sala de aula, fez-se perceptível a necessidade de
exemplificar a construção do trabalho do historiador. Como diz Freire: “é pensando
criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática” (1996, p.
43‐ 44). Com isso, gostaríamos de compreender se há possibilidade de os alunos mudarem sua
visão, por vezes distorcidas, do papel e do trabalho do historiador, assumindo o protagonismo
de construção da escrita da História. Para tal, elaborou-se uma oficina de historiografia,
organizada pelos alunos Gabriel Azevedo e Lavínia Lopes, respondendo a solicitação da
BNCC, que diz: “Docentes e discentes poderão desempenhar o papel de agentes do processo
de ensino e aprendizagem, assumindo, ambos, uma “atitude historiadora” diante dos
conteúdos propostos, no âmbito de um processo adequado ao Ensino Fundamental.” (2017, p.
401) A aplicação da prática deu-se da seguinte forma: 1ª Aula - A percepção histórica (a
História vista de ambos os lados; utilização de recortes do filme “Ponto de vista”, 2008); 2ª
Aula - Fontes e métodos de pesquisa em História e Escolas historiográficas; 3ª Aula -
Manuseio e reconhecimento de Documentos. Após estas aulas, fez-se pequenas vídeos-
entrevistas com alguns estudantes que foram escolhidos para participarem da da oficina.
Palavras chaves: Historiografia; Ensino de História; Oficina

INTRODUÇÃO 

1
É graduanda em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, tem interesse em pesquisa nas áreas:
Brasil, Afro-Brasileira, História do gênero e suas problemáticas. É monitora da cadeira de Teorias da História
com a Profª. Drª. Marluza Marques Harres, e bolsista PRATIC com a mesma docente. Foi bolsista PIBID -
UNISINOS, na Escola Estadual CAIC Madezzati, trabalhando com ensino fundamental - anos finais e também
foi monitora de Contemporânea II com a Profª. Drª. Sirlei Teresinha Gedoz.
2
Atualmente é bolsista do Instituto Anchietano de Pesquisa, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos,
orientando do Professor Doutor Jairo Henrique Rogge e coorientado pelo Professor Doutor Pedro Ignácio
Schmitz. Se encontra bolsista-PIBID/UNISINOS na Escola Estadual CAIC Madezzati, sob orientação da
Professora Drª. Sirlei Teresinha Gedoz. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da
Religião, Patrimônio e História da América, atuando principalmente nos seguintes temas: Jesuítas, Patrimônio e
Memória Sacra, História Eclesiástica do Brasil, Jesuítas no Rio Grande do Sul e História da religião no Sul do
Brasil.
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É graduando do curso de Licenciatura Plena em História, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS). Possui bolsa PIBID-UNISINOS, atuando na Escola Estadual CAIC Madezzati. Tem interesse nas
áreas de migrações, história moderna, instituições monárquicas e etno-história.
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No cenário atual tem se levantado muitos questionamentos acerca do trabalho do


historiador, ou até mesmo sua utilidade. Esta ideia de desconstrução do historiador vem sendo
construído por diversos meios da sociedade contemporânea, políticas públicas, o pragmatismo
utilitarista de instituições de ensino, “o mercado”, que buscam descredibilizar e minimizar a
produção historiográfica.  Pensamos que, no ofício de educadores, os professores de História
têm a função de questionar essa visão pré-estabelecida entre os estudantes da educação básica.
Pereira (2007) traz que “ ensinar história é ensinar um método”, e nesse contexto, essa
pesquisa busca demonstrar um método de ensino que oportunize uma percepção mais
concreta do fazer historiador e com isso problematizar concepções de senso comum trazidas
para a escola.
A oficina de historiografia que montamos tem a proposta de oportunizar ao discente
uma experiência de ser historiador, além de buscar estimular estudantes a construírem seus
próprios conceitos. No primeiro momento de execução do projeto, houve a instrução dos
estudantes no modus pensante historiográfico, quando falamos de métodos de pesquisa em
História, assim como o manejo de documentação e fontes da Historiografia do objeto em
estudo e análise. Por fim, realizamos a construção de uma linha temporal da história da
escola, buscando inserir os estudantes em seu próprio contexto sócio escolar.4
Após os primeiros meses da vigência do Projeto Pibib realizamos uma reflexão sobre o
desenvolvimento do trabalho, a prática pibidiana e a aprendizagem dos estudantes, então
percebemos a necessidade de problematizar de forma mais concreta o trabalho do historiador,
a construção do conhecimento histórico e a questão do ensino de história na escola
básica. Como diz Freire: “é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode
melhorar a próxima prática” (1996, p. 43‐ 44). Assim a oficina de historiografia foi planejada
com os seguintes passos, estipulamos três aulas de dois períodos cada, em que os alunos
teriam contato com o conteúdo historiográfico, assim como fontes históricas. Também se
elaborou tarefas práticas para cada aula.  
Na primeira aula trabalhamos a percepção histórica, fomentando a análise
historiográfica e discutindo alguns aspectos como subjetividade, imparcialidade, objetivismo
e objetividade na História. Como tarefa, foi solicitado que os estudantes elaborassem uma
descrição e/ou narrativa Histórica, logo após a explicação dos dois conceitos. Em um segundo
encontro desenvolvemos uma aula sobre fontes e métodos de pesquisa em História, em que
apresentamos alguns métodos de pesquisa historiográfica. Posteriormente analisamos algumas

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Freire discute a importância de os estudantes conhecerem seu contexto social para poderem
transformá-lo.
3

escolas historiográficas, e propomos, como tarefa, um exercício de identificar em revistas e


jornais pré-selecionados, as escolas historiográficas e fontes utilizadas.  
Por fim, a última aula se deu com o manuseio e reconhecimento de documentos, tendo
uma problematização sobre métodos de manuseio de acervo documental. Dividimos a turma
em grupos e foi solicitado a elaboração de tabela catalográfica, para que cada coletivo
trabalhasse com matérias jornalísticas que compõe a história da escola e da comunidade. No
final foi montada uma linha temporal cortando a sala de aula. Nesta, os discentes, anexaram
seus resumos e, assim, conseguiram visualizar a construção temporal da história da escola que
frequentam.

Os desafios de um professor de História

As demandas exigidas de uma aula de história hoje em dia são bastante complexas.
Com as constantes dúvidas acerca da utilidade da matéria, os professores da área têm de lidar
com outras expectativas. Não basta apenas trabalhar com o conteúdo histórico ou, ainda, saber
de cor os fatos históricos.
Um dos principais desafios do ensino de história na atualidade é compreender qual o papel dos
acontecimentos do presente no currículo da disciplina escolar de História. Esse é um desafio
que implica ultrapassar os limites do mero presentismo e do anacronismo, tão constantes às
relações entre presente e passado, na sala de aula. (PEREIRA, 2007, p. 152)

Assim, atualmente os professores devem buscar ressignificar seus conteúdos,


aproximando-os da realidade dos alunos. De acordo com Caimi (2015) essa demanda é
recente, e se deve aos processos de mudanças sociais e políticas. “Os docentes em geral, não
só os que atuam na disciplina História, são hoje chamados a exercer o seu trabalho com níveis
mais altos de autonomia, o que traz novas e maiores exigências, muitas das quais de caráter
burocrático.” (CAIMI, 2015, p. 109). Ela também aponta as reformas educativas
implementadas no Brasil nos anos 1990 e 2000 como portadoras dessas demandas.
Algumas dessas exigências são reveladas aos docentes apenas após o contato com a
sala de aula. E foi o que ocorreu durante a nossa experiência com o PIBID na escola CAIC
Madezatti. Após o contato dos primeiros três meses com a escola e os estudantes, durante as
observações em sala de aulas, fez-se perceptível a necessidade de exemplificar a construção
do trabalho do historiador. Para tal, elaborou-se uma oficina de historiografia, organizada
pelos alunos Gabriel Azevedo e Lavínia Lopes. Tais cobranças são oriundas dos próprios
4

alunos que questionam a atuação dos docentes em história, assim como a cientificidade dos
conteúdos trabalhados. Tal qual, estas demandas já se fazem evidentes nas solicitações da
BNCC, onde diz que: “Docentes e discentes poderão desempenhar o papel de agentes do
processo de ensino e aprendizagem, assumindo, ambos, uma “atitude historiadora” diante dos
conteúdos propostos, no âmbito de um processo adequado ao Ensino Fundamental.” (2017, p.
401).
Caimi, em seu texto intitulado “O que precisa saber um professor de história?”,
disserta sobre algumas demandas que o professor de História precisa enfrentar atualmente, e
uma delas justifica a elaboração da oficina aqui relatada. Para além de fatos históricos, é
preciso demonstrar aos alunos os métodos de pesquisa histórica. Um dos argumento
selecionados pela autora para justificar a presença da História na grade curricular está em
“introduzir os alunos em um conhecimento e no domínio de uma metodologia rigorosa,
própria dos historiadores, que estimula as capacidades de análise, argumentação, comparação,
inferência, formulação de hipóteses, dentre outras” (CAIMI, 2015, p. 109).
Também merece destaque a importância do PIBID por permitir uma ligação maior da
Universidade com a escola básica, o que se faz bastante pertinente, facilitando que a pesquisa
e a prática andem juntas, o que favorece o processo de formação docente enquanto a escola e
seus estudantes podem desfrutar da presença universitária e seu contexto diário. Assim,
verifica-se que o PIBID possibilita um “estímulo à corresponsabilização entre universidade e
escola de educação básica na formação docente; superação da dicotomia teoria-prática nas
ações pedagógicas”. (DAL-IGNA, p.79, 2015).

Desenvolvendo a percepção historiadora

Utilizando os textos teóricos de metodologias da história buscou-se elaborar


apresentações de slides com os conceitos historiográficos básicos, para assim resumidamente
apresenta-los aos alunos. A apresentação desses conceitos está foi feita para facilitar a
compreensão dos alunos sobre a pesquisa histórica. “o uso de metodologias próprias do
campo da investigação historiográfica, que aproximem os estudantes do ofício do historiador,
como o trabalho com fontes históricas em sala de aula” (CAIMI, 2015, p.110). A primeira
aula se deu com a temática de compreender a percepção histórica, demonstrando que o
mesmo fato histórico pode ter diferentes formas de ser contato, dependendo de quem o narra.
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Utilizamos, também, de recortes do filme “Ponto de Vista” (2008) 5 para demonstrar a


realidade das diferentes percepções históricas de forma audiovisual aos estudantes, um
recurso cada vez mais necessário em sala de aula 6. Os objetivos dessa primeira aula se faziam
em fomentar a análise histórica, expor os conceitos de subjetividade, imparcialidade,
objetivismo e objetividade histórica e de diferenciar a descrição de narrativa histórica. Como
prática foi solicitado que os alunos escolhessem um dos pontos de vista do filme e
elaborassem uma pequena narrativa relatando o acontecido. Com isso os educandos
conseguiram perceber os passos de uma escrita historiográfica.

A segunda aula, intitulada “Fontes e métodos de pesquisa em História” buscava expor


algumas metodologias que podem ser utilizadas na pesquisa, assim como algumas das linhas
de pensamento histórico. Selecionamos o uso de história oral, memória, narrativas,
patrimônio, micro-história, arqueologia e história documental. A segunda parte compreendeu
as escolas historiográficas: Escola dos Annales; Positivismo; Relativismo Histórico;
Marxismo; Materialismo; Historicismo; Iluminismo. Além de problematizar os principais
conceitos, também pretendeu-se contextualizar cada escola em sua época de criação além de
apresentar os principais pensadores correspondentes às escolas selecionadas. Depois da
oficina, os estudantes foram divididos em cinco grupos de trabalho, quando num primeiro
momento analisaram os hinos nacional e estadual para a compreensão das escolas
historiográficas envolvidas em suas produções, assim como a bandeira do Brasil. Também em
conjunto com a turma buscamos outras imagens que pudessem ilustrar outras escolas. Por fim,
foram distribuídas revistas de história para que os estudantes pudessem identificar as escolas
historiográficas através do método de escrita presente nos textos selecionados.

Retirados principalmente da coleção de livros Teoria da História de José D’Assunção


Barros (2011), selecionamos para essa aula os seguintes conceitos: História Oral; Memória;
Narrativas; Patrimônio; Micro história; Arqueologia; Imagem; Artes em geral e História. As

5 Ficha técnica básica: título -Ponto de Vista; diretor - Pete Travis; roteiro - Barry L. Levy; ano de lançamento -2008;
nacionalidade – Estados Unidos; locação - Cuernavaca e Puebla /México; companhias produtoras - Relativity Media, Original
Film, e Art In Motion; .; produção - Callum Greene, Tania Landau e Lynwood Spinks; música - Atli Örvarsson. elenco - Dennis
Quaid (Agente Thomas Barnes), William Hurt (Presidente Ashton), Matthew Fox (Kent Taylor), Forest Whitaker (Howard
Lewis), Sigourney Weaver (Rex Brooks), Édgar Ramírez (Javier), Ayelet Zurer ( Veronica).
6
O PIBID Subprojeto de História busca a aplicação de conhecimentos e metodologias do ensino de História, por
meio de experiências pedagógicas embasadas em inovador referencial teórico-metodológico e tecnológico,
garantindo um produtivo diálogo entre o conhecimento acadêmico e a realidade vivenciada pelos estudantes e
pelas escolas conveniadas.
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linhas de pesquisa histórica e escolas historiográficas abordadas foram: Iluminismo;


Positivismo; Materialismo; Marxismo; Relativismo Histórico e Escola dos Annales.

A última etapa da oficina foi a aula prática. Para essa foi necessário o uso de luvas de
látex e máscaras cirúrgicas, demonstrando a seriedade que devemos ter ao trabalhar com
documentos antigos. No tópico de manuseio e reconhecimento de documentos temos
primeiramente a aula expositiva sobre métodos de manuseio do acervo documental e a
explicação de como fazer uma tabela catalográfica e a forma de utilização da mesma. Nessa
primeira parte apresentamos a explicação de que todo documento histórico deve ser tratado
com o máximo cuidado. Para utilizá-los deve-se observar alguns aspectos como: o ambiente;
o local de colocação do mesmo (mesa); utilização de luvas e máscaras quando necessário;
pincel para limpeza; não ter sobre o local de trabalho comida ou líquidos; não utilizar
borracha ou demais produtos abrangentes para limpeza dos mesmos; não alterar os
documentos em sua integridade física; sempre scanear ou fotografar os documentos em
trabalho, antes de iniciar o manuseio; fazer uma ficha descritiva catalográfica documental.

Depois a turma foi dividida em grupos e deixamos que cada um trabalhasse com
algum ano de reportagens sobre a escola, com documentação preservadas pela instituição. A
escola é jovem, os documentos recentes, sendo os primeiros de 1991, o que também pode
facilitar uma aproximação dos estudantes com os conteúdos.

Como a criança ainda tem um pensamento pouco conceitual, demasiado baseado no concreto,
realidades distantes no tempo e no espaço são mais difíceis de serem abstraídas, desse modo,
inserir o presente na sala de aula permitiria aproximar esse passado distante, tornando a
aprendizagem significativa. (PEREIRA, 2007, p. 157)

Voltando ao processo, os estudantes devem fizeram o manuseio do documento e


elaboraram a sua ficha catalográfica. Colocamos uma linha de barbante dividindo a sala e no
final montamos uma linha temporal com os trabalhos, os deixando expostos durante a
discussão com turma sobre as próprias escolhas das matérias jornalísticas por eles mesmo
feitos e suas opiniões acerca da metodologia aplicada pelos docentes para demonstrar o
trabalho do historiador.

A Experiência de ser Historiador

Após o desenvolvimento das aulas realizamos o fechamento com os alunos, que


acabou se tornando uma das partes mais importantes. Esse foi o momento de avaliar o que
eles compreenderam da oficina e se a proposta foi efetiva. Abrimos espaço para a discussão
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em sala de aula e também realizamos pequenas vídeos-entrevistas com alguns alunos que
participaram da aplicação da oficina, buscando perceber se houve o melhoramento da visão
do historiador e da escrita da História.

Durante as discussões uma parcela dos estudantes apontou que algumas notícias
envolvendo a escola estavam relacionadas à violência encontrada em bairros próximos, local
onde residem. Então buscamos mostrar que a escolha por aquelas reportagens estava ligada a
subjetividade do pesquisador, uma vez que se deram a partir das experiências deles.
Observamos, também, que muitos pareceram entender que a História é um campo da ciência,
com pesquisa científica e métodos e que historiadores não são “doutrinadores”, mas que sim
escrevem o que encontram em suas fontes.

Também as respostas foram positivas acerca do uso de materiais diferentes, como as


luvas e máscaras, além de que, o fato de mostrar uma parte de como pode ser feito o trabalho
do historiador foi divertido para eles. Num primeiro momento pareceram bastante
comprometidos e sérios sobre o documento.

Escolhemos cinco estudantes e para fazer as entrevistas e aplicamos três questões, a


primeira perguntando se eles achavam que os historiadores utilizam método científico, a
segunda questão o que havia mudado na percepção deles acerca do trabalho do historiador e a
última indagando o que eles haviam achado da atividade prática. Todos os alunos concordam
que há um método científico no estudo da História.

Individualmente, separamos alguns depoimentos. O Estudante Vitor Emanuel Santos


Gonçalves, 15 anos, acrescentou que “Isso foi uma coisa que mudou muito sobre a minha
percepção do assunto. Que a gente pensava que era algo mais ‘só ler e outras coisas e agora a
gente vê que tem realmente métodos científicos inseridos na historiografia.”. Também Emily
Viegas, 14 anos, completou “Conforme as nossas aulas, vendo os documentos, aprendemos
que tem uma pesquisa sim”, referindo-se à aula de história.

Na segunda questão tivemos respostas diferentes, que refletiam a experiência singular


de cada um com as aulas e o que mais lhes prendeu atenção. Vitor relatou que teve a sua
percepção transformada ao se deparar com os métodos de comprovação. “A gente vê que
realmente tem método científico ‘pra comprovar aquilo que ta’ sendo efetuado na matéria.”
Emily nos contou que “Eu achava que os historiadores eram apenas quem escavava e coisas
assim, não achava que eles trabalhavam com documentos tão antigos e isso foi ‘pra mim
aprender a ter um conhecimento amplo sobre o que eles trabalham.”. Também tivemos
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respostas comentadas de Gisele Goulart da Costa, de 14 anos, que respondeu “Eu achei que os
cientistas, historiadores no caso, tinham que achar objetos antigos, voltar ao passado e fazer
vários negócios assim. Através da aula da ‘sora, eu vi ao contrário, porque, escrevendo, vendo
papeis antigos, qualquer coisa que se refere ao passado você pode ser um historiador. ” Kevin
Bueno, 15 anos, nos relatou que “Eu acho que eu aprendi mais sobre ter cuidado com artigos
antigos.” e Nicoly de Avila Barros, 14 anos, “Eu consegui entender melhor como os
historiadores trabalham. Tipo, eu consegui mudar um pouquinho o que eu pensava de como
era o trabalho deles e também entender melhor a matéria. ”

Sobre as impressões envolvendo a aula prática os estudantes responderam “Foi bem


legal e bem divertido. Porque foram coisas que a gente pensou que não podiam conviver
juntas: História e ser algo divertido. Foi algo que agregou bastante pra mim no meu ano e eu
vou levar pra minha vida toda.” (Vitor Emanuel). “Eu achei bem legal, descobri coisas novas
sobre a minha escola e sobre o trabalho do historiador”. (Emily) “Eu achei muito bom, a
escola tinha vários ‘bagulhos que eu não sabia e agora eu sei. E eu me senti muito cientista.”
(Gisele) “Achei a aula bem interessante, quando a gente tá aprendendo sobre ter mais cuidado
com documentos antigos.” (Kevin) “Eu achei bem legal a experiência, estar ali, como se fosse
uma historiadora. E também de descobrir um pouco melhor sobre o como era a escola
antigamente. ” (Nicoly)

Considerações Finais

A aula de História tem se tornado um espaço onde não basta ensinar conteúdo, e sim
preparar os alunos para lidar com questões políticas e sociais. Essa tarefa cabe principalmente
ao professor de História. E para evitarmos os títulos de doutrinadores, demonstrar aos
estudantes como é feita a pesquisa histórica é um passo importante. Se podemos mudar a
percepção de algumas pessoas sobre a profissão, que sejam os alunos e que seja através de um
método que envolve o ensino e aprendizagem.

Ensinar o método científico histórico para os alunos é importante para que eles
consigam criar seus próprios conceitos sobre a matéria, e também que compreendam que o
trabalho do historiador não consiste em inventar fatos. Entender que todo ser humano está
sujeito a subjetividade ajuda a refletir sobre outros discursos circulantes, principalmente
daqueles que se dizem detentores da verdade absoluta, imparciais.
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A escola e a Universidade, a pesquisa e o ensino devem andar juntas para que assim a
teoria e prática se conectem cada vez mais. Freire (1996) diz que não existe ensino sem
pesquisa.

Assim, não é demasiado apontar que, incentivar os estudantes no método científico e


na pesquisa lhes permite um começo no pensamento de pesquisador também. Sobre o alcance,
a oficina foi pensada para a História, mas nada impede que sejam feitas adaptações para
outras áreas, especialmente das ciências humanas, que também tem sofrido desvalorização.

Referenciais

BALDISSERA, José Alberto; BRUINELLI, Tiago de Oliveira. Tempo e Magia: A História


vista pelo cinema – Antiguidade. Porto Alegre: Escritos, 2014.

BARROS, José D’Assunção. Teoria da História. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

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CAIMI, Flávia Eloisa. O que precisa saber um professor de História? História & Ensino,
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CARDOSO, Ciro Flamarion (Org.); VAINFAS, Ronaldo. Domínios da História: ensaios de


teoria e Metodologia. Rio de janeiro: Elsevier, 1997.

DAL’Igna, Maria Cláudia. FABRIS, Eli. Constituição de um ethos de formação no


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Unisinos, V.19, n. 1, 2015. P. 77-87.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo:
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http://plataforma.redesan.ufrgs.br/biblioteca/pdf_bib.php?COD_ARQUIVO=17339 Acesso
em: 11/02/2019

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São


Paulo: Paz e Terra, 1996.

ROGGE, Jairo, WITT, Marcos Antônio. América Latina sob o olhar do cinema: as
possibilidades do uso do de filmes na docência em História. Projeto Pibid, Unisinos, 2018.
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PEREIRA, Lara Rodrigues. Abordagem didática do uso do cinema em sala de aula.


UDESC 2012.

PEREIRA, Nilton Mullet. O Ensino de História e o Presente. Ágora, Santa Cruz do Sul, v.
13, n. 1, p. 151-166, jan./jun. 2007

RANZI, Serlei M. F.. Cinema e aprendizagem em História. História e Ensino,


1998.Disponível em:
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/histensino/article/viewFile/12494/10950.

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