Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
GESTÃO DE COMPRAS
EM FARMÁCIA HOSPITALAR
Andréa Cassia Pereira Sforsin
Farmacêutica, especialista em farmácia hospitalar (HC FMUSP), Presidente da Comissão de Farmacologia
da Diretoria Clínica do HC FMUSP, Diretora do Serviço de Assistência Farmacêutica da Divisão de
Farmácia do IC do HC FMUSP e Coordenadora do Subcomitê de Logística do Núcleo de Assistência
Farmacêutica do HCFMUSP.
Renata Ferreira
Especialista em farmácia hospitalar (HCFMUSP) e em logística e cadeia de suprimentos (FMU).
Farmacêutica‑chefe da assistência farmacêutica ambulatorial da Divisão de Farmácia do HCFMUSP e
Coordenadora do Subcomitê de Assistência Ambulatorial do Núcleo de Assistência Farmacêutica do
HCFMUSP.
Gestao de Compras em Farmácia Hospitalar
Número 16 - Março/Abril/Maio 2012
1. INTRODUÇÃO
2. SELECÃO E PADRONIZACÃO
– O QUE COMPRAR
As técnicas de normalização são essenciais
para um efetivo planejamento e controle dos
medicamentos utilizados nos hospitais. Com‑
preende as etapas de seleção, especificação,
classificação e codificação de produtos.
O resultado da ação de normalização é
a consolidação dos dados de especificação,
identificação e codificação de medicamentos
e posterior divulgação à Equipe de Saúde. renciamento do estoque, pois racionaliza a
quantidade de itens.
2.1 SELEÇÃO E PADRONIZAÇÃO DE
MEDICAMENTOS 2.2 DEFINIÇÃO DO ELENCO
conter detalhes que possam distinguir uma cação, facilita a distinção de produtos que tem
apresentação de outra 26. maior probabilidade de serem confundidos,
A especificação de um medicamento deve ou que são extremamente semelhantes em re‑
incluir: dosagem, forma farmacêutica, volume lação ao nome, colocando‑os em seu respecti‑
e/ou peso e nomenclatura do fármaco segundo vo local. A ordenação do estoque pode seguir
a Denominação Comum Brasileira – DCB, cuja diferentes modos:
terminologia empregada na sua descrição deve • Por ordem alfabética;
ser entendida por usuários e fornecedores 22. • Por forma farmacêutica;
Todas as características que definem o • Pela Curva ABC de consumo ou valor.
produto a ser adquirido devem ser descritas de A classificação é de extrema importância
forma explícita. Segue abaixo um exemplo de como forma de acompanhamento de estoque,
descritivo para aquisição de solução fisiológica auxiliando o armazenamento e o emprego de
em sistema fechado: sistemas informatizados. Muitas vezes os con‑
troles são realizados por grupos de medica‑
mentos, possibilitando inclusive, a substituição
Solução fisiológica a 0,9%, 500 ml, estéril, atóxica e apiro‑
gênica, acondicionada em recipiente de material maleá‑ de um produto pelo outro, quando há falha no
vel (bolsa ou frasco plástico), transparente e atóxico. O reabastecimento 26.
volume total da solução deve escoar sem necessidade
de entrada de ar, sem utilização de respiro e com gote‑
jamento constante para garantir o sistema fechado em 2.5 CODIFICAÇÃO
qualquer condição. A escala de graduação deve ser no
recipiente, por processo de moldagem ou impressão.
O recipiente deve possuir sítio de adição de medica‑
Codificar significa simbolizar todo o con‑
mentos com elastômero que garanta a estanqueidade teúdo de informações necessárias por meio de
(autovendável), e via para conexão de equipo dotada números e/ou letras com base na classificação
de diafragma ou mecanismo similar. O produto deve
ser identificado adequadamente, ostentando em seu
obtida do medicamento, de forma clara e con‑
rótulo a seguinte frase: “sistema fechado”. O recipiente cisa evitando interpretações duvidosas ou con‑
plástico cheio com solução parenteral pode se neces‑ fusas 22.
sário, conservar‑se também dentro de uma embalagem
protetora externa, hermeticamente fechada, e não deve Os sistemas de codificação podem ser
perder mais de 2,5% da massa ao ano a 28º c e a 65% de divididos em alfabético, alfanumérico e numé‑
umidade relativa. rico. Esse arranjo pode gerar significados diver‑
sos, porém mantendo uma relação onde um
Fonte: Adaptado do descritivo técnico do Sistema de Administração código nunca tenha mais que um item e um
de Materiais do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo. item não tenha mais que um código 26.
De acordo com a necessidade da Institui‑
2.4 CLASSIFICAÇÃO ção, pode ser dividido em subgrupos e sub‑
classes. Atualmente a codificação tem sido fei‑
Classificar um medicamento é agrupá‑lo ta por sistemas informatizados que apontam
elegendo critérios para a sua posterior codifi‑ esses dados automaticamente 26.
3. PROGRAMAÇÃO DE
COMPRA – QUANDO E
QUANTO COMPRAR
Para a construção da curva ABC de consumo podemos seguir as etapas descritas abaixo:
1. Relacionar os itens (a), quantidade consumida no período (b) e o valor unitário (c);
2. Para a definição do custo total (d), multiplicar a quantidade consumida pelo valor unitário
(b *c = d);
3. Ordenar os itens com os valores superiores na parte superior da coluna (e);
4. Determinar o percentual gasto com cada item (f);
5. Calcular o percentual acumulado(g);
6. Definem‑se os itens ABC (h);
A seguir exemplificamos as etapas para construção da curva ABC e o aspecto da curva para
os itens.
Valor %
Item Consumo Valor Total Ordem % Classe
Unitário Acumulado
Valor
R$ 64.221,10 ‑ 100 ‑ ‑
Total
Baixa Criticidade
− Faltas não acarretam paralisações, nem riscos à segurança do paciente; elevada possibilidade de
CLASSE X
usar materiais equivalentes;
− Grande facilidade de obtenção.
Criticidade Média
− Faltas podem provocar paradas e colocar em risco as pessoas, o ambiente e o patrimônio da
CLASSE Y
organização;
− Podem ser substituídos por outros com relativa facilidade.
Máxima Criticidade
− Imprescindíveis;
CLASSE Z
− Faltas podem provocar paradas e colocar em risco a segurança do paciente e a organização;
− Não podem ser substituídos por outros equivalentes ou seus equivalentes são difíceis de obter.
Fonte 15
dipirona 1
1117137/6 g/2ml amp. 0,19 34496 38000 90758 63242 36000 17.244,02
2ml
dimeticona
1111140/9 0,41 8025 10000 23383 26617 0 9.587,03
75mg/ml
meropenem
1127445/3 1.000mg – 28,9 3190 2600 10888 1687 425 314.663,20
frasco/ampola
4. AQUISIÇÃO
– COMO COMPRAR
Fonte: 15
5. SELEÇÃO DE FORNECEDORES
– ONDE COMPRAR
Com a diversidade de fornecedores de
medicamentos, faz‑se necessária uma busca
das melhores opções para o fornecimento de
medicamentos que atendam os critérios de Outras características que devem ser leva‑
qualidade, bem como prazo de entrega satisfa‑ das em consideração são os serviços pós‑ven‑
tório a preços acessíveis. Deve‑ se também le‑ da (sistema de suporte), a localização do forne‑
var em consideração se o fornecedor tem uma cedor que seja preferencialmente próximo do
estrutura adequada para atender a solicitação, comprador, esta consideração, na medida do
para habilidade técnica para produzir, fornecer possível, leva a redução de tempo de entrega
a matéria‑prima ou item, deve estar bem des‑ evitando a falta do medicamento, principal‑
crita no edital ou em documento que descreva mente para aqueles itens de alto consumo e
as condições de compra dos fornecedores. rotatividade.
Itens avaliados
6. REQUISITOS E FATORES
IMPORTANTES RELACIONADOS
AO PROCESSO DE AQUISIÇÃO
e computacionais para geração e uso da infor‑ acesso e organização das informações para se
mação. A TI está fundamentada nos seguintes atingir uma gestão de compras eficiente.
componentes 21:
• Hardware e seus dispositivos periféricos: 6.3 MONITORAMENTO –
Materiais Tecnológicos (hardware) itens INDICADORES
de hardware que compõem a chamada
“Tecnologia da Informação”, como com‑ A modernização da Farmácia Hospitalar
putadores, redes de computadores e quanto aos aspectos de gestão, passa pelas
dispositivos auxiliares como periféricos mudanças de paradigmas, decorrentes das
itens de comunicação de dados etc.; novas necessidades dos clientes e da socie‑
• Software e seus recursos: Programas de dade. A dinâmica dos processos de trabalho
Computador (software) inter‑relaciona‑ para obtenção de melhores resultados exige a
dos entre si e entre os bancos de dados incorporação do uso de ferramentas de qua‑
que eles tratam, compondo assim um lidade, que se tornaram estratégias para a me‑
“Sistema”; lhoria do desempenho da gestão da Farmácia
• Sistemas de telecomunicações Manu‑ Hospitalar 9.
ais e Procedimentos relacionados com Assim a utilização de indicadores constitui
a correta operação do sistema e com o um instrumento gerencial fundamental para
fluxo das informações por ele tratadas; acompanhamento dos processos.
• Gestão de dados e informações: Bancos Os indicadores são elementos essenciais
de Dados ou repositórios das informa‑ para a elaboração do planejamento e o con‑
ções que são tratadas pelo sistema; trole dos processos das organizações, sendo os
• Recursos Humanos: Recursos Humanos indicadores da qualidade associados ao julga‑
(peopleware) habilitados a usarem o sis‑ mento do cliente e os indicadores de desem‑
tema de maneira eficiente e segura. penho associados às características do produ‑
Assim o uso bem planejado de Tecnolo‑ to e do processo 9.
gia da Informação dará suporte aos processos Como indicadores de desempenho dos
envolvidos na gestão de compra, propiciando processos relacionados à gestão de compras,
a busca de vantagem competitiva e apoio à alem dos indicadores já citados para o acom‑
tomada de decisão gerencial. Estes benefícios panhamento de desempenho de fornecedo‑
agregados vêm de encontro às necessidades de res, podemos exemplificar:
Indicador Fórmula
Valor total das compras efetivadas x 100
Volume de compra
Valor total previsto para compra
Número de requisições atendidas no prazo x 100
Pontualidade do atendimento das requisições de compra
Número total de requisições realizadas
Bibliografia
2. ALARCON PC, SFORSIN ACP, MADEIRA MCV. Modelo de avaliação de fornecedores de es‑
pecialidades e insumos farmacêuticos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de
São Paulo [monografia].São Paulo; Divisão de Farmácia do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo;2010.
6. BORGES FILHO, W.M. Provisão de materiais e medicamentos. “In”: Ferracini, F.T.; Borges Filho,
W. M. Práticas Farmacêuticas no Ambiente Hospitalar: do planejamento à Realização. São
Paulo: Ed. Atheneu, 2005.
8. CIPRIANO SL, PINTO VB, CHAVES CE. Gestão estratégica em farmácia hospitalar: aplicação
prática de um modelo de gestão para qualidade. São Paulo: Ed. Atheneu; 2009.
11. DIAS, M.A.P. Administração de Materiais. 4 ed. São Paulo Atlas 1997
12. GARCIA, L.C.; PEREIRA, M.; OSÓRIO, W.R. Gestão dos parâmetros e estoque: Estudo de
caso de itens de medicamentos em farmácias hospitalares e convencionais. Revista Gestão
Industrial. Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. v. 05, n. 01: p. 109‑121,
2009.
13. LOURENÇO, GK; CASTILHO V. Classificação ABC dos Materiais: Uma Ferramenta Gerencial
de Custos em Enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem. 2006 jan‑fev; 59(1): 52‑5
14. MAIA NETO, JF. Farmácia hospitalar e suas interfaces com a saúde. 1ª Edição. São Paulo: RX
Editora, 2005.
15. MARIN, N. (org.) Assistência farmacêutica para gerentes municipais. / Organizado por Nelly
Marin et al. Rio de Janeiro : OPAS/OMS, 2003. 187‑ 373p.
16. MARK ,D; CHASE,RB; AQUILANO; NJ. Fundamentos Da Administraçao Da Produçao. Book‑
man Editora: São Paulo, 2000.
17. MORAES,A. Gestão de compras. Apostila do curso de Administração Industrial. CEFDET. Rio
de Janeiro 2005
18. NETO CENTDOROGLO, M. Custo X benefícios. Einstein: Educ Contin Saúde. 2009; 7(3 Pt 2):
159‑62
19. OSMO, F.P.F.; OSMO, A.A. Gestão de suprimentos e custos hospitalares. “In” STORPIRTS, S; et
al. Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008b.
21. REZENDE D.A; ABREU FA. Tecnologia da informação aplicada a sistemas de informações em‑
presariais. São Paulo: Atlas, 2000.
22. ROSA , M.B.; GOMES, M.J.V.M.; REIS, A.M.M.. Abastecimento e Gerenciamento de Materiais.
“In”: Gomes MJ, Reis, AM. Ciências farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. 1.
Ed. São Paulo: Editora Atheneu,2003.
23. SANTOS, AM; RODRIGUES, IA. Controle de Materiais com Diferentes Padrões de Demanda:
Estudo de Caso em uma Indústria Química. Gestão e Produção. V.13, n. 2, p. 223‑231, maio –
ago.2006
24. SFORSIN ACP, CHAVES CE, ARAÚJO IO, MADEIRA MCV, FERREIRA R, SEVERO AS. Guia de
Boas Práticas de Fornecedores de Medicamentos e Insumos Farmacêuticos da Divisão de Far‑
mácia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da FMUSP. Coordenação Marin MLM,
Cipriano SL, Pinto VB.São Paulo, 2009. 4ª edição.
27. TUMA, I.L.; CARVALHO, F. D.; MARCOS, J. F.Programação, aquisição e armazenamento de me‑
dicamentos e produtos para saúde.“In” NOVAES, MRCG; Orgs. SBRAFH: Guia de Boas Práticas
em Farmácia Hospitalar e Serviços de saúde, 1° edição. São Paulo, Ateliê Vide o Verso, 2009:
149‑163p.
28. VECINA NETO, G.; REINHARDT FILHO, W. Gestão de Recursos Materiais e de Medicamentos,
volume 12 / São Paulo : Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 1998. (Série
Saúde & Cidadania)
Fonte: Adaptado do fluxo de comunicação com fornecedores do Sistema de Administração de Materiais do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.
Fonte: Adaptado do fluxo de comunicação com fornecedores do Sistema de Administração de Materiais do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.
Marco Aurélio Ilenir Leão Tuma Eugenie Desireé José Ferreira Marcos George Washington
Schramm Ribeiro Rabelo Neri Bezerra da Cunha
Este encarte foi idealizado e organizado pela Comissão de Farmácia Hospitalar do Conselho Federal de Far‑
mácia (Comfarhosp), composta pelos farmacêuticos hospitalares Marco Aurélio Schramm Ribeiro, Presidente
(CE), Ilenir Leão Tuma (GO), Eugenie Desireé Rabelo Nery (CE), José Ferreira Marcos (SP) e George Washing‑
ton Bezerra da Cunha (SP). O e‑mail da Comissão é comfarhosp@cff.org.br