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CONCEITOS DE FONTES HISTÓRICAS:

O USO DE FONTES ARQUEOLÓGICAS NA CONSTRUÇÃO DA


HISTÓRIA DO AMAZONAS.
Marcos Roberto dos Santos Marinho
Prof. Orientador: Daniel Rodrigues de Lima
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso (HID0421) – Seminário da Prática VII
10/09/2018

RESUMO

Este artigo tem como principal objetivo o estudo das fontes arqueológicas na construção da
História do Amazonas. Portanto, averiguamos os conceitos de fontes históricas e arqueológicas,
também, empreendemos um estudo da História do povoamento da Amazônia. Nossa pesquisa foi de
caráter documental e bibliográfico, e para que isso fosse possível, anexamos uma série de estudos
praticados em obras disponibilizadas por diversos estudiosos especialistas na área, visando a
estruturação do nosso referencial teórico. Após os estudos realizados, nas bibliografias de apoio
sobre os conceitos de fontes históricas e arqueológicas, entendemos como as mesmas podem
contribuir de forma significativa para a elaboração da narrativa histórica. Através disso, pudemos
compreender a importância das fontes arqueológicas para a história da Amazônia de forma geral.
Adquirimos conhecimentos de como era a Amazônia antes da chegada dos europeus, tendo em vista
que esta região já era bastante habitada anteriormente. E finalmente como podemos utilizar as
fontes arqueológicas dentro das salas de aulas, com o objetivo de transforma-las em recursos
didáticos, para despertar o interesse dos alunos pela história do Amazonas.

Palavras-chave: Arqueologia. Fontes Arqueológicas. História. Amazônia. Povos Indígenas.

1 INTRODUÇÃO

Para que se entenda bem o que são as fontes históricas, é necessário que se saiba que a
palavra fonte, aqui é entendida no sentido de documento, ou seja, algo em que está registrado o
testemunho humano de algum evento que ocorreu no passado. Nesse sentido, as fontes históricas
podem ser diversificadas. Tudo o que as sociedades do passado deixaram para as futuras gerações
podem ser utilizadas como vestígios ou indícios para a construção da narrativa histórica.
De acordo com Pinsky (2005), as fontes históricas se constituem no material dos quais os
historiadores se apropriam por meio de abordagens específicas, métodos diferentes, técnicas
variadas para tecerem seus discursos históricos. São exemplos de fontes históricas: documentos
oficiais, jornais, livros, cartas, letras de música, histórias em quadrinhos, pinturas, fotografias,
filmes, mapas, esculturas, relatos orais entre outros.
Além dos documentos citados anteriormente, existem também as fontes materiais estudadas
pela arqueologia, que são: os cacos de cerâmicas, as pedras lascadas e polidas, as urnas funerárias
com restos mortais humanos, as pinturas rupestres e toda uma gama de vestígios deixados pelos
2

povos do passado. As fontes arqueológicas podem ser uma oportunidade de conhecer as ações do
cotidiano e o universo imaginário das antigas sociedades, bem como uma forma de preservar a
memória desses grupos culturais que, em outras épocas, viveram suas vidas nesse planeta.
A justificativa para essa pesquisa é que, só conhecíamos a história do Amazonas por meio
dos relatos escritos deixados pelos colonizadores europeus. Ou seja, apenas as narrativas que foram
elaboradas através de fontes escritas. E a pré-história, ou a fase que não foi escrita? Como estudar?
Assim sendo, o objetivo principal de nossa pesquisa é compreender como os vestígios de
milhares de anos atrás deixados pelos povos do passado, podem contribuir para a construção da
história do Amazonas.
A metodologia empregada para alcançar nossos objetivos se deu através da realização de
pesquisa documental e outas fontes como: sites, vídeos, etc. Também efetuamos estudos
bibliográficos em obras de vários autores que se dedicaram aos temas pesquisados, como por
exemplo os escritores Eduardo Góes Neves, Pedro Paulo Funari, Carla Pinsky, Helena Pinto Lima,
André Prous, entre outros.

2 UM BREVE CONCEITO DE FONTES HISTÓRICAS

Para que se entenda bem o que são as fontes históricas, é necessário que se saiba que a
palavra fonte, aqui é entendida no sentido de documento, ou seja, algo em que está registrado o
testemunho de algum evento que ocorreu no passado. Nesse sentido, as fontes históricas podem ser
diversificadas. Tudo o que as sociedades do passado deixaram para as futuras gerações podem ser
utilizadas como vestígios ou indícios para a construção da narrativa histórica.
Fonte histórica, documento, registro, vestígio são todos termos correlatos para definir tudo
aquilo produzido pela humanidade no tempo e no espaço; a herança material e imaterial
deixada pelos antepassados que serve de base para a construção do conhecimento histórico.
O termo mais clássico para conceituar a fonte histórica é documento. Palavra, no entanto,
que, devido às concepções da escola metódica, ou positivista, está atrelada a uma gama de
ideias preconcebidas, significando não apenas o registro escrito, mas principalmente o
registro oficial. Vestígio é a palavra atualmente preferida pelos historiadores que defendem
que a fonte histórica é mais do que o documento oficial: que os mitos, a fala, o cinema, a
literatura, tudo isso, como produtos humanos, torna-se fonte para o conhecimento da
história. (SILVA, 2009, p.158).

Tanto as fontes escritas como as não escritas fornecem subsídios preciosos para os estudos
históricos. Elas possuem características diferentes. Geralmente, as fontes escritas são mais
objetivas, já as fontes não escritas possuem um caráter subjetivo mais acentuado.
De acordo com Pinsky (2005), as fontes históricas se constituem no material dos quais os
historiadores se apropriam por meio de abordagens específicas, métodos diferentes, técnicas
variadas para tecerem seus discursos históricos.
Os primeiros relatos da vida humana foram grafitos em cavernas com materiais
contundentes, constituindo-se, com outros vestígios, nas fontes primevas dos futuros
3

historiadores. Após milénios - quando pequenas comunidades agrafas deixaram indícios


permitindo a arqueólogos, antropólogos, etnólogos levantarem hipóteses sobre diferentes
modos de vida -, surgiram sociedades complexas, como as do Oriente antigo, e com elas a
instituição da propriedade privada, do comércio, de religiões, de cidades, de estados e
impérios que geraram novas configurações de registros, destacando-se entre elas a invenção
da escrita, responsável pela produção documental dos períodos históricos subsequentes,
constituindo-se nas fontes mais valorizadas pelos pesquisadores até meados do século XX.
(PINSKY, 2005 p.10).

A maioria dos estudiosos desta área, são unanimes em defender que, ser historiador do
passado ou do presente, além de outras qualidades, sempre exigiu sabedoria e sensibilidade no
tratamento de fontes, pois delas depende a construção convincente de seu discurso.
Em vista disso, o nosso pensamento vai de encontro ao que defende Marc Bloch (2002), em
seu livro, Apologia da História ou O Ofício de Historiador, onde o autor aponta que, o trabalho do
historiador é semelhante ao de um detetive. Quando se investiga um caso, o detetive trabalha com
os vestígios deixados pelos envolvidos, como, por exemplo, um objeto deixado no local, um fio de
cabelo, marcas em um copo, pegadas, impressões digitais entre outros. O historiador também,
conduz seu trabalho da mesma maneira, procurando utilizar todos os vestígios ou pistas possíveis
para produzir um conhecimento sobre a História. Esses vestígios, podem ser tanto escritos, quanto
não escritos, como já citados anteriormente. Para o historiador todas essas pistas deixadas pelo
homem durante sua vivência na terra, se transforma no que chamados de fontes históricas.
São exemplos de fontes históricas: documentos oficiais, jornais, livros, cartas, letras de
música, histórias em quadrinhos, pinturas, fotografias, filmes, mapas, esculturas, relatos orais entre
outros. Além disso, também existem, estudos especiais sobre determinados tipos de fontes
históricas, como a numismática.
O estudo denominado numismática tem por objetivo a análise, sob o ponto de vista
histórico, das moedas. “Numisma”, em grego, significa “moeda”. Por meio dos vários tipos de
moedas que já foram cunhadas ao longo da história, desde a primeira delas, feita pelo rei
persa Dario I (chamada dárico), até as atuais, as moedas testemunham situações políticas,
econômicas e culturais.
Outro exemplo de fontes históricas bem instigantes são os monumentos, que são, também,
marcos de memória. Vejamos como exemplo: as pirâmides do Egito, localizadas no Vale de Gizé,
próximo à cidade de Cairo. Elas testemunham o desenvolvimento civilizacional da época dos
faraós, que as construíram para que funcionassem como mausoléus para guardar os corpos e as suas
riquezas.
Em síntese, as fontes históricas são variadas e muito amplas. Cada tipo de fonte exige do
historiador uma habilidade e uma especialidade diferente. Ao historiador compete interpretar bem,
tais fontes, e extrair delas aquilo que sustentará a sua argumentação. A diferença da prova, em
4

história, para a prova no âmbito de outras ciências, diz respeito ao modo como o historiador maneja
as fontes na narrativa que ele constrói.

3 CONTEXTUALIZANDO ARQUEOLOGIA

O que diferencia os registros do homem pré-histórico dos registros dos outros animais é a
produção de sistemas simbólicos. Nenhum outro animal, além do homem, desenvolveu artefatos
como machadinhas feitas de ossos ou de pedra, tampouco desenhou nas paredes das cavernas cenas
com forte carga simbólica.
A palavra arqueologia vem do grego ARCAIOS (antigo) + LOGOS (conhecimento, estudo),
ou seja, o estudo que é antigo, conforme Lima, Costa e Neves (2007). Esta é a ciência que estuda a
história da humanidade, os costumes e a cultura de povos antigos através de seus monumentos,
documentos e objetos encontrados em escavações, assim define o dicionário contemporâneo da
língua portuguesa Aulete (2011). Esses objetos são chamados pelos arqueólogos de cultura material,
e são estudados em associação com o resto da fauna e flora de cada época, depositado com o passar
dos anos.
A Arqueologia deriva, ela própria, da História, tendo surgido como uma maneira de se
disponibilizar as fontes escritas sobre o passado e de complementar as informações
existentes com evidências materiais sem escrita. Pressupondo que a História se escreve com
documentos, a primeira providência dos historiadores, a partir das décadas iniciais do
século XIX, foi a publicação de documentos antigos, transmitidos pela tradição textual dos
copistas, em edições com aparato crítico, ou seja, com notas sobre as diferenças entre os
manuscritos. Iniciou-se, pois, a publicação de coleções de obras latinas e gregas, primeiro, e
depois de uma infinidade de textos em línguas antigas, medievais e modernas. Ao mesmo
tempo, começou a surgir a preocupação com a preservação de documentos de arquivos,
com a criação de instituições arquivísticas públicas e com critérios próprios. (PINSKY,
2005, p.84).

Assim como os historiadores reúnem documentos escritos sobre o passado. Os arqueólogos


descobrem e analisam os materiais deixados pelos antigos habitantes de uma região. As pinturas, os
objetos fósseis e os achados arqueológicos podem revelar como esses grupos antigos viviam. Por
exemplo analisando as cerâmicas deixadas pelos homens do passado em seus acampamentos,
podemos entender quais conhecimentos eles tinham de natureza, quais caminhos fizeram, por onde
andaram.
Mediante o exposto, entendemos que, a arqueologia, é uma ciência que permite um estudo
bastante interdisciplinar, em que diversas áreas do conhecimento científico podem trabalhar juntas,
inclusive a História, em prol dos resultados.

3.1 OS SITIOS ARQUEOLOGICOS.


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Os sítios arqueológicos são áreas especiais onde os arqueólogos trabalham com o objetivo
de encontrar elementos materiais que permitam compreender como viviam os grupos que habitavam
a área há centenas de milhares de anos. Para os arqueólogos, esses, são os locais privilegiados para
encontrarmos as respostas sobre o passado.
Assim, os sítios arqueológicos são locais onde se encontram os vestígios da vida e da
cultura material do passado. Porém podem estar sobre a superfície do solo, ou enterradas.
Alguns exemplos de sítios arqueológicos são: uma aldeia indígena abandonada, uma
fortaleza do século XVIII, as ruinas de uma igreja, ou um 1Sambaqui. (LIMA, 2007, p.10).

Alguns sítios são identificados e classificados por sua localização geográfica e sua estrutura;
outros, pelos vestígios arqueológicos que se encontram neles. No Brasil, existem vários sítios
arqueológicos espalhados por diversas regiões, e que representam diferentes épocas e com
características muito diversas que também guardam informações sobre as antigas populações que
viveram neste território que hoje forma o nosso país.
Dentre os vários tipos de sítios arqueológicos existentes, os arqueólogos, certamente
definem, os sítios de arte rupestre, como sendo os mais fáceis de reconhecer, talvez por ficarem
localizados em abrigos sob rochas nas serras, ou grutas, nas entradas de cavernas, em grandes
pedras soltas e nas pedras que margeiam rios e riachos.
Conforme a analogia de Funari (2003), uma das condições mais comuns de trabalho do
arqueólogo é a escavação. Porém para que isso ocorra, costuma-se antes de tudo, encontrar
informações em documentos, em testemunho orais, fotos, pinturas, entre outros, sobre possíveis
ocupações antigas naquele local, dessa forma o estudioso faz-se, um reconhecimento do terreno por
meio de uma sondagem.
A partir de identificados tais vestígios, delimita-se uma área para realizar a escavação onde
atuam os arqueólogos, voluntários, estudantes, entre outros. As ferramentas de trabalho desses
profissionais, geralmente são: pinceis, pás, picaretas, colher de pedreiro, baldes, peneiras, fita
métrica, cordas, cadernos para anotações, e hoje em dia, equipamentos tecnológicos, como: câmeras
digitais, filmadoras e etc.
Nos últimos anos, os resultados das pesquisas arqueológicas tornaram-se elementos
importantes na construção da História de modo geral. Tendo, como fonte de pesquisa, os objetos
utilizados por homens e mulheres em suas atividades diárias no passado. Esta ciência obtém
importantes informações sobre aspectos do dia-a-dia, das tradições populares, dos modos de fazer e
de viver das sociedades, que as fontes escritas nem sempre revelam.

3.2 FONTES ARQUEOLÓGICAS.

1
Sambaquis ou cocheiros são acúmulos artificias de conchas de moluscos, vestígios da alimentação de grupos
humanos, conforme Lima (2007).
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Como já mencionado anteriormente, os historiadores reúnem documentos escritos sobre o


passado. Jornais, cartas, livros entre outros, são fontes escritas sobre o que as pessoas faziam,
criavam e pensavam. Também trabalham com fotografias e vídeos, que registram eventos e
atividades. Na atualidade a internet, também funciona como uma grande fonte de pesquisas.
Enquanto isso os arqueólogos, utilizam como fontes de estudos os materiais extraídos durante as
escavações.
Grupos humanos que viveram no passado mais recente ou mesmo há milhares de anos
deixaram indícios de seus modos de vida, suas práticas e suas visões de mundo. Alguns
desses vestígios, que variam desde utensílios usados no dia a dia até grandes construções ou
pinturas nas rochas, ficaram preservados e, no presente, permitem que não apenas se
conheça mais sobre o passado como também que se faça a reconstituição da origem e da
evolução da espécie Homo sapiens. Nesse contexto, desponta a importância da arqueologia,
a ciência que disponibiliza estratégias e métodos de pesquisa que possibilitam conhecermos
o passado. (BUCO, 2014, p.11).

Estes resgates arqueológicos geram importantes acervos sobre os períodos estudados,


contribuindo significativamente com a reconstrução do objeto na História. Funari (2003), explica
que, a reconstrução proposta pelo arqueólogo é sempre subjetiva, ou seja, depende em grande parte
de sua imaginação, incrementada com outros estudos e muito conhecimento sobre o povo e a época
estudada.
Lima (2007), explica que, o processo cientifico de construção do conhecimento se pauta em
três etapas principais: coleta, analise e interpretação de dados. Para a arqueologia, essas três partes
podem ser descritas como: a descoberta de tesouros do passado, o trabalho meticuloso de análise de
imaginação coletiva.
Diante disso, entendemos que as fontes arqueológicas, são uma espécie de leitura em que o
texto que se estuda, não é composto de palavras, e sim de objetos concretos, em geral despedaçados
e deslocados do seu local de utilização original. Portanto é praticamente impossível ignorar a
subjetividade do trabalho do arqueólogo.
O esforço da pesquisa reintegra o arqueólogo no mundo material, aproxima-o da dureza da
vida, de trabalho das pessoas que viveram naquele local, e se reflete na formação de fontes
arqueológicas. De maneira idêntica, Funari (2003), acrescenta, o esforço arqueológico traz consigo,
além do suor, a possibilidade de apoderar-se da história real, indo em busca do cansaço e
exploração.
São exemplos de fontes arqueológicas: os cacos de cerâmicas, as pedras lascadas e polidas,
as urnas funerárias com restos mortais humanos, as pinturas rupestres e toda uma gama vestígios
deixados pelos povos do passado. O estudo desses objetos, são de extrema importância para a
formação da narrativa histórica de forma geral, pois dizem respeito aos ancestrais do homem
contemporâneo.
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Assim sendo, as fontes arqueológicas podem ser uma oportunidade de conhecer as ações do
cotidiano e o universo imaginário das antigas sociedades, bem como uma forma de preservar a
memória desses grupos culturais que, em outras épocas, viveram suas vidas nesse planeta.

4 ARQUEOLOGIA NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

Através de nossa pesquisa sobre a arqueologia, chegamos ao conhecimento de que, a história


pré-colonial da Amazônia, foi construída através da análise e interpretação dos registros materiais
deixados pelos povos que a habitaram no passado. Conforme Lima (2007), essa constatação se dá
justamente pelo fato de que os vestígios de artefatos cerâmicos, utilizados no dia a dia pelos
indígenas, tem uma longa durabilidade, além disso, existe uma grande profusão desses materiais,
em diversos locais da Amazônia, inclusive ao longo das margens dos grandes rios da região. Dessa
forma, entende-se que, esses são os vestígios arqueológicos mais utilizados para compreender as
sociedades 2horticultoras.
Além de cerâmicas e líticos, os restos faunísticos, sepultamentos humanos, vestígios
paleobotânicas, etc. São passiveis de utilização como fonte potencial de informação
histórica e cultural. As chamadas terras pretas de índio (TPI), por exemplo que são solos
ricos em materia orgânica, por tanto muito férteis, tem uma origem antrópica, sugerindo
que o manejo ambiental era praticado em diversas partes da Amazônia há pelo menos dois
mil anos. (LIMA, 2007, p.30).

Certamente através das investigações desses vestígios, os arqueólogos acreditam que a


história da Amazônia se inicia quando as primeiras pessoas começaram a ocupar essa região,
procurando alimentos, água e lugar para morar, por volta de 10.000 anos atrás.
Dentre os varios especialistas que se dedicaram à pesquisa sobre a ocupação inicial da
Amazônia, podemos citar a professora 3Anna Roosevelt, que em 1996, coordenou uma pesquisa na
região da pedra pintada na cidade de Monte Alegre que fica localizada no estado do Pará. Conforme
Ribeiro (2014), Roosevelt e sua equipe, encontrou pontas de lanças e cacos de cerâmicas de mais de
6 mil anos.
A fase que sucede o processo de pesquisa nos sítios arqueológicos, envolve diversas
especialidades como: logística para transportar os materiais até o laboratório, trabalho com
cerâmica, ferro, biologia, geologia e química. No laboratório os materiais passam por catalogação,
limpeza e armazenamento de forma que sejam preservados com segurança. Posteriormente, esses

2
Por volta de 3.000 a.C., as sociedades de horticultores passaram a marcar sua presença na região amazônica. Esses
povos se utilizam de ferramentas e armas feitas de pedras e madeiras.
3
Anna Roosevelt é uma arqueóloga americana e professora de antropologia na Universidade de Illinois em Chicago.
Ela estuda a evolução humana e a interação homem-ambiente a longo prazo. Ela é uma das principais arqueólogas
americanas que estudam paleoíndios na bacia amazônica.
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objetos serão estudados detalhadamente e comparados com materiais encontrados em outros sítios
arqueológicos.
Os arqueólogos alertam que, por mais fascinante que sejam essas descobertas, tudo isso
corre perigo. Ao longo dos anos muitos desses materiais foram retirados dos locais por pessoas que
não tinham informações históricas, e na maioria das vezes visavam apenas interesses comerciais.
Além disso existe o perigo das queimadas, e as construções irregulares de nosso tempo, que
colocam em risco as formas de registro do passado. É preciso cuidar desse patrimônio para não
apagar a história, pois esses achados se tornam matérias muito importantes, pelo fato de que nos
ajuda a compreender a ocupação da Amazônia.

5 A AMAZÔNIA PRÉ-COLONIAL

De acordo com o que descrevemos nos capítulos anteriores, na Amazônia, existe uma
grande quantidade de vestígios arqueológicos, tais como urnas funerárias e potes cerâmicos, entre
outros, que até hoje, ainda são encontrados, por viajantes, curiosos e arqueólogos. Esses objetos são
fontes materiais, pois os povos dessa época, não deixaram fontes documentais escritas, o que se
torna um grande obstáculo para o historiador.
Um grande desafio surge quando não há documentação escrita produzida pela sociedade
estudada, naquilo que chamamos, por convenção, de Pré-História. O historiador que se
volta para o passado mais recuado confronta-se com vestígios materiais, em geral, muito
limitados. Ossos fossilizados de animais e ou de humanos, indícios de ocupação no solo,
como fogueiras ou buracos feitos por suportes de barracas, restos de objetos de pedra, ou
líticos, e, nos casos mais recentes, de cerâmica. Como então avançar na pesquisa?
(PINSKY, 2008, p.94).

Na Amazônia os mais antigos relatos em que se tinham conhecimentos, foram fixados a


partir de informações registradas pelos primeiros cronistas vindo com as expedições europeias nos
séculos XVI e XVII. Conforme Figueiredo (2011), esses cronistas deixaram documentos
importantes sobre os povos amazônicos e suas formas de vida social. Dentre esses cronistas estão:
O frei Gaspar de Carvajal, Mauricio de Heriarte, Cristobal de Acunã e o padre Samuel Fritz, que
registraram as mais importantes impressões da Amazônia pré-colonial.
Diante dessa situação, nos questionamos como estudar a história do Amazonas, sendo que,
este é um estado relativamente novo, em relação a alguns outros estados existentes no Brasil. O
Amazonas só possui História tradicional, escrita? E a Pré-História, que vem antes dos relatos
escritos? Este e outros questionamentos nos fizeram refletir sobre a importância das fontes
arqueológicas na construção da identidade histórica do estado do Amazonas. Essa reflexão nos
remete a meados do século XX, quando a História ampliou-se passando a incorporar novas fontes
além dos documentos escritos.
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Os grandes movimentos historiográficos do século XX mostram bem essa preocupação,


como no caso da chamada Escola dos Annales, com suas origens nas primeiras décadas do
século, na Filosofia de Henri Berr e na Sociologia de Emile Durkheim. Desde seus inícios,
a ênfase dos renovadores da História, em sua luta contra a História positivista, consistiu
tanto na busca dos referenciais teóricos nas Ciências Humanas, como na ampliação
significativa. Os historiadores e a cultura material das fontes, para além da tradição textual
e dos arquivos. (PINSKY, 2005, p.90).

A partir de então as fontes arqueológicas passaram a ser parte integrante e essencial da


pesquisa histórica e os bons historiadores, mesmo quando não se dedicam, no detalhe, à cultura
material, não deixam de levá-la em conta, afirma Pinsky (2005). Nesse sentido, percebemos que, o
estudo das fontes arqueológicas pode contribuir de forma notável, com os discursos a serem
interpretados pelo historiador, principalmente no que diz respeito a história do Amazonas.

5.1 O USO DE FONTES ARQUEOLÓGICAS NA CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA DO


AMAZONAS.

Provavelmente sem o apoio das fontes arqueológicas, seria quase que impossível, construir
uma narrativa histórica mais abrangente sobre o estado do Amazonas, antes da chegada dos
europeus, nos primórdios de ocupação destas terras pelos primeiros núcleos humanos. Pois, a partir
das pesquisas realizadas por vários estudiosos, tomamos o conhecimento, de que, aqui, já era um
lugar bastante habitado antes da aparição dos colonizadores.
As sociedades indígenas da Amazônia tornaram-se muito densas em termos populacionais,
isto é, tinham significativo número de pessoas, conforme nos tem sido exposto pelos
estudiosos da região. Esses agrupamentos viviam em grandes povoados, muitas vezes
divididos em estratos sociais. (PONTES FILHO, 2000, p.34).

Segundo a pesquisadora Anna Roosevelt, nessa farta cultura material das sociedades
complexas da Amazônia, podemos encontrar: cerâmicas, estatuetas, vasos, efigies, drogas, selos,
instrumentos de música, tamboretes, amoladores, de setas, moedores, pilões, raspadores,
ornamentos de jade, e outras pedras, rocas e etc.
Então deste modo, percebe-se que os indígenas que habitavam a Amazônia, viviam numa
sociedade organizada econômica, política e culturalmente. Além disso os pesquisadores mostram
que os mesmos sabiam, portanto, conviver com a natureza, extraindo os alimentos de forma não
predatória. Essas organizações só sofreram desestruturações a partir do contato violento com os
colonizadores.
Mediante todos esses enunciados sobre a Amazônia de um modo geral, entendemos que um
de seus maiores estados, o Amazonas, não pode basear sua História apenas nos relatos e outras
fontes oriundas da tradição textual, mas estaria calcada, acima de tudo, nos vestígios arqueológicos
deixados pelos povos do passado vindos à luz graças à Arqueologia.
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Pinsky (2005), afirma que, a arqueologia passa a fornecer uma grande quantidade de
informações precisamente sobre tais aspectos do passado, já que a maioria do que se encontra, em
uma pesquisa arqueológica, são artefatos de uso quotidiano.

5.2 TRABALHANDO COM FONTES ARQUEOLÓGICAS DURANTE AS AULAS DE


HISTÓRIA DO AMAZONAS.

O trabalho desenvolvido com as fontes arqueológicas no Amazonas, nos ajuda a pensar


como essas populações viviam e lidavam tanto com o ambiente natural, quanto com o contexto
social. Sendo que, o que é ensinado nas escolas sobre a história do estado até hoje, praticamente,
ainda são frutos dos relatos da história dos europeus.
Como forma de aproveitar essa gama de fontes materiais deixadas pelos povos pretéritos,
entendemos que se faz necessário, que os responsáveis pela educação, principalmente os
professores, anexem a história indígena pré-colonial da Amazônia e valorizem isso dentro da
realidade local e nacional atual, objetivando entender como essas populações viviam, estavam
organizadas entre outros, antes do contato com os europeus.
Conforme nossos estudos desenvolvidos sobre a arqueologia amazônica, vimos que os
arqueólogos encontraram objetos de aproximadamente oito mil anos atrás, como por exemplo uma
ponta de flecha que foi encontrada no município de Iranduba na região metropolitana de Manaus.
Através de vídeo aulas organizadas pelo 4CEPAN – 5SEDUC, no mês de maio de 2017, e
que foram transmitidas via internet para 61 municípios do estado do Amazonas, o arqueólogo
Nogueira Almeida, enfatiza que, todos esses vestígios de milhares de anos atrás, são de extrema
relevância pois nos mostram que, enquanto muitos buscam a história de Roma, Grécia, Egito antigo
entre outros, estão deixando de lado a nossa história local, que é tão antiga e importante quantos as
demais em que se tem conhecimento.
Se um professor optar por trabalhar com o tema domesticação de plantas, verá que muitos
dos alimentos que temos até hoje como a mandioca e pupunha, por exemplo, foram inseridos em
nossa alimentação graças ao trabalho dos povos indígenas que habitaram a Amazônia no passado.
Não é exagero falar que esses povos também desenvolveram tecnologias que estão presentes até
hoje, principalmente na alimentação de muitos habitantes da região norte do país, como é o caso da
farinha de mandioca.

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Criado pelo decreto nº 3.633 de 03/11/76, o Centro de Formação Profissional Pe. José Anchieta (Cepan) tem a missão
voltada para o aprimoramento dos profissionais da área de educação, sustentada em princípios e políticas que se
operacionalizam por meio de linhas de ação, de projetos e subprojetos voltados para a formação dos profissionais da
educação da SEDUC.
5
Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de Ensino do Amazonas - SEDUC – Amazonas.
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Ao analisar a mandioca, percebemos que a mesma não pode ser consumida ao natural, pois
trata-se de um tubérculo em forma de raiz altamente venenoso e nocivo à saúde humana, e também
de outros seres vivos. Porém através de suas técnicas os povos do passado conseguiram transformar
um alimento venenoso em algo comestível e que serve para alimentar pessoas, desde os primórdios
até os dias atuais.
Assim sendo, entendemos que as fontes arqueológicas se tornam muito importantes para
embasar os conteúdos de História principalmente no interior das escolas do estado do Amazonas,
pois pode facilitar o entendimento dos alunos sobre a formação de seu estado de origem, e também
quebrar vários paradigmas preconceituosos que se estenderam ao longo do tempo sobre as
populações indígenas.
Acreditamos que através da transposição didática realizada com o objetivo de mostrar aos
alunos o processo da história do Amazonas, eles irão compreender de forma concisa, e
provavelmente irão ter um maior interesse pela mesma, além disso podem despertar em si, um
maior senso de pertencimento e orgulho sobre a história do seu estado de origem.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho apresentou um estudo sobre o conceito de fontes históricas, exemplificando o


que é, e quais são os tipos de documentos que podem ser utilizados pelo historiador na construção
das narrativas históricas. Além disso, realizamos um breve contexto sobre o que é a arqueologia e
de que forma os arqueólogos trabalham para resgatar os vestígios deixados pelos povos do passado
que aqui habitaram.
Após o entendimento de fontes históricas e arqueologia, percebemos que os vestígios
arqueológicos, são de grande importância, para se entender que a Amazônia já era bastante
povoada, muito antes da chegada dos primeiros colonizadores. Os estudos realizados nos diversos
sítios arqueológicos espalhados por toda a região, nos mostram que, aqui viveram, sociedades
estruturadas e organizadas de forma econômica, social e cultural, além do mais viviam em harmonia
com a natureza, extraiam da floresta apenas o suficiente para seus sustentos e de suas famílias.
Os estudos arqueológicos nos revelaram também, que esses povos que viveram na floresta
Amazônica, já dominavam técnicas agrícolas e domesticação de plantas, sendo que até hoje muitas
servem de alimentação para as gerações que sucederam essas sociedades pretéritas.
Como forma de concretizar esse trabalho, realizamos um vasto estudo bibliográfico sobre a
utilização de fontes arqueológicas na construção da História da Amazônia de forma geral, com o
objetivo e entender e compreender, como os professores podem se apropriar dessas fontes, visando
12

o melhoramento dos conteúdos históricos sobre o Amazonas, durante a transposição didática dos
conteúdos de História regional.
Através desta pesquisa, percebemos que a História do Amazonas, ainda tem muitas áreas
para serem exploradas, pois todos os arqueólogos afirmam categoricamente, que aqui, é um campo
muito fértil, em termos de fontes materiais, deixadas pelos povos do passado. Dessa forma
entendemos que, as fontes arqueológicas podem nos conduzir ao passado, nos possibilitando,
desenvolver pesquisas com o objetivo de enriquecer cada vez mais, a História do Amazonas.

REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023. Informação e documentação –


Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

ALMEIDA, Nogueira. CEPAN | Arqueologia Amazônica - Sociedade e Ambiente na Amazônia


Pré Colombiana. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=gBkwcgSbEmI>. Acesso
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BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Apologia da história ou O ofício de historiador. Prefácio de


Jacques Le Goff. Apresentação à edição brasileira de Lilia Moritz Schwarcz. Tradução de André
Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002.

BUCO, Cristiane de Andrade. Sítios arqueológicos brasileiros | Brazilian archeological sites


textos/texts: versão para o inglês/English translation: Jennifer Sarah Cooper, Bethânia Frota, Nilo
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