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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas


Departamento de Geografia

Eric Trindade Bonfim – Nº USP: 9338910

FLG0263 – Geografia Social

Prof. Dr. Anselmo Alfredo

Fichamento do texto:

“A Indústria cultural: O Esclarecimento como mistificação das massas” por Adorno e Horkheimer

O autor começa seu raciocínio com um contraponto,

“Na opinião dos sociólogos, a perda do apoio que a religião objetiva fornecia, a dissolução dos
últimos resíduos pré-capitalistas, a diferenciação técnica e social e a extrema especialização levaram a
um caos cultural. Ora, essa opinião encontra a cada dia um novo desmentido. Pois a cultura
contemporânea confere a tudo um ar de semelhança. O cinema, o rádio e as revistas constituem um
sistema.” (p.113)
Para Adorno e Horkheimer, a cultura configura como falsa identidade do particular e do universal
e sob o poder do monopólio, toda cultura de massas acaba por ser idêntica. Essa cultura difundida é
portanto padronizada, pré-definidas e pré-estabelecidas de modo que seu consumo é feita através de
uma falsa sensação de liberdade de escolha enquanto seu gosto em verdade é modelado. Logo, o rádio,
o cinema e etc. compõem um sistema. Essa falsa identidade tem o papel de perpetuar o indivíduo como
se ele fosse independente, mas o subordinam em realidade, ao capital. (p.114)

“Sob o poder do monopólio, toda cultura de massas é idêntica, e seu esqueleto, a ossatura
conceitual fabricada por aquele, começa a se delinear. Os dirigentes não estão mais sequer muito
interessados em encobri-lo, seu poder se fortalece quanto mais brutalmente ele se confessa de público. O
cinema e o rádio não precisam mais se apresentar como arte. A verdade de que não passam de um negócio,
eles a utilizam como uma ideologia destinada a legitimar o lixo que propositalmente produzem. Eles se
definem a si mesmos como indústrias” (p. 114)

Para os autores a indústria cultural também não é um segmento imutável e permamente e sim
um produto do seu tempo (pós Revolução Industrial), condicionada também pelo ônus da II Revolução
Industrial através da a produção de energia elétrica, a fabricação do aço, entre outros. O consumo
massivo e a padronização por sua vez esvaziaram o que tradicionalmente fazia usufruto da arte, nas
obras literárias, plásticas ou na música consumida por privilegiados. Sua adequação então o confere
uma característica meramente de divertimento em detrimento do valor social da arte.

“Desde o começo do filme, já se sabe como ele termina, quem é recompensado, e, ao escutar a
música ligeira, o ouvido treinado é perfeitamente capaz, desde os primeiros compassos, de adivinhar o
desenvolvimento do tema e sente-se feliz quando ele tem lugar como previsto.” (p.118). Na lógica do
autor, esse sistema ainda que se observado superficialmente possua ares democráticos por uma suposta
acessibilidade a bens da indústria cultural é em realidade autoritário em sua ilusão de escolhas para
consumo por realmente não existirem diferenças. Desse modo, como colocado por Adorno “o
denominador comum “cultura” já contém virtualmente o levantamento estatístico, a catalogação, a
classificação que introduz a cultura no domínio da administração. Só a subsunção industrializada e
consequente é inteiramente adequada a esse conceito de cultura.”

“ A reconciliação do universal e do particular, da regra e da pretensão específica do objeto, que é


a única coisa que pode dar substância ao estilo, é vazia, porque não chega mais a haver uma
tensão entre os polos: os extremos que se tocam passaram a uma turva identidade, o universal
pode substituir o particular e vice-versa” (p.122)

Para Adorno e Horkheimer, o fator chave para a indústria cultural é sobretudo a dominação
econômica, onde os monopólios culturais são diretamente dependentes dos industriais. Sendo o intuito
dessa indústria "ocupar os sentidos dos homens da saída da fábrica, à noitinha, até a chegada ao relógio
do ponto, na manhã seguinte, com o selo da tarefa de que devem se ocupar durante o dia (p.123) “A
diversão é o prolongamento do trabalho sob o capitalismo tardio. Ela é procurada por quem quer
escapar ao processo de trabalho mecanizado para se pôr de novo em condições de enfrentá-lo.”(p. 128)

Os autores implicam também que a diversão é o prolongamento do trabalho no capitalismo


tardio, um recurso para se escapar do processo de trabalho mecanizado para após, pôr-se novamente a
enfrentá-lo. Todavia, mesmo no lazer há uma espécie de doutrinação das classes trabalhadoras a
exemplo do Pato Donald:

“Na medida em que os filmes de animação fazem mais do que habituar os sentidos ao novo ritmo, eles
inculcam em todas as cabeças a antiga verdade de que a condição de nesta sociedade é o desgaste
contínuo, o esmagamento de toda resistência individual. Assim como o Pato Donald dos cartoons, assim
também os desgraçados na vida real recebem a sua sova para que os espectadores possam se acostumar
com a que eles próprios recebem.” (p.130)

Esse divertimento ainda que possa ser visto e tomado como por uma fuga da realidade, não
contempla a imaginação para uma nova realidade, mas configura um cenário em que o torna o
consumidor passivo para com a realidade em que está inserido, a tal “distração perversa” os autores
fazem objeção. Logo, para os autores cultura cumpre um papel fundamental em domar instintos
revolucionários. Portanto, o que essa indústria proporcionaria por sua vez é uma anti-cultura.
Desapontando seus consumidores em comparação com os que é prometido, a indústria cultural estraga
o prazer com o envolvimento de tendência comercial nos clichês ideológicos da cultura em vias de se
liquidar a si mesma. Tomando como diversão o esquecimento, uma espécie de letargia infringida em seu
consumidor. Ainda sobre o papel desse setor, os autores continuam "A indústria só se interessa pelos
homens como clientes e empregados e, de fato, reduziu a humanidade inteira, bem como cada um de
seus elementos, a essa fórmula exaustiva. (p.137) Reduzindo a existência do homem, o indivíduo torna-
se genérico e somente um exemplar substituível.

Sobre a publicidade como essência da cultura de massa, de tendência monopolista e totalitária


os autores incluem em seus raciocínios: “Mas como seu produto reduz incessantemente o prazer que
promete como mercadoria a uma simples promessa, ele acaba por coincidir com a publicidade de que
precisa, por ser intragável” (p. 151)

ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. A Indústria Cultural: O Esclarecimento Como Mistificação das Massas.
In: ______. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. p. 113-157.

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