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Ambientis Radioproteção

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SUMÁRIO

Página
1- Introdução 07
2 - Espectro da Radiação Eletromagnética 09
3 – Energia 10
3.1 – Formas de Energias 11
3.2 Conversão de Energia 11
4. Histórico das Radiações 11
5. Fundamentos Básicos 12
5.1 O Átomo 12
5.2 – O Núcleo 13
5.2.1 Conceito de Isótopos 13
6 - Decaimento Radioativo 14
7 - Famílias Radioativas 16
8 - Fontes de Radiação Ionizante 17
8 .1 - Elétrons Rápidos 18
8.1.1 - Decaimento Beta (β) 18
8.1.2 - Conversão Interna 20
8.1.3 - Elétrons Auger 20
8.2 - Partículas Carregadas Pesadas 21
8.2.1 - Decaimento Alfa 21
8.2.2 - Fragmentos de Fissão 21
8.2.3 - Radiação Eletromagnética 22
8.2.4 – Nêutrons 23
9 - Poder de Penetração das Radiações 24
9.1 Partículas Alfa 24
9.2 Partículas Beta 24
9.3 Raios Gama 24
10 – Interação das Radiações com a Matéria 25
10.1 Interação da Radiação Eletromagnética com a Matéria 26
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10.1.1 Absorção Fotoelétrica 27
10.1.2 Espalhamento Compton 27
10.1.3 Produção de Par 28
10.1.4 Atenuação da Radiação Eletromagnética 28
10.2 Interação das Partículas α com a Matéria 29
10.2.1 Alcance das Partículas α 29
1 0.3 Interação dos Elétrons com a Matéria 29
10.3.1 Alcance das Partículas β 30
11. Grandezas e Unidades 30
11.1 Atividade 30
11.2 Intensidade de Radiação (I) 31
11.3 Exposição (X) 31
11.4 Dose Absorvida (D) 32
11.5 Dose Equivalente (H) 32
11.6 Dose Efetiva (E) 33
11.7 LET 34
11.8 RBE 34
12 – A Radioproteção 35
12.1 - Contaminação e Irradiação 35
12.2 Exposições Especiais e Planejadas 36
12.3 Exposições Anormais em Emergência ou Acidentes 37
12.4 Princípios de Proteção Radiológica 37
12.4.1 Justificação 37
12.4.2 Limitação 37
12.4.3 Otimização 38
12.5 Cuidados de Radioproteção 38
12.5.1 Tempo 38
12.5.2 Distância 38
12.5.3 Blindagem 39
12.5.3.1 Cálculo da Taxa de Exposição com a Blindagem 40
12.6 – Classificação das Áreas de Trabalho 41
12.7 Programa e Procedimentos de Monitoração 42

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12.7.1 Monitoração Individual para Radiação Externa 42
12.7.1.1 Filmes Dosimétricos 42
12.7.1.2 Dosimétricos Termoluminescentes (TLD) 43
12.7.1.3 Canetas Dosimétricas 43
12.7.2 Monitoração Individual Interna 44
12.8 Monitoração de Área 44
12.8.1 Monitoração do Nível de Radiação 44
12.8.2 Monitoração do Ar 45
12.8.3 Monitoração da Contaminação de Superfície 45
12.9 Sinais e Avisos de Radiação 45
13 Detectores 46
13.1 – Detectores Gasosos 46
13.1.1. Regiões de Operação para Detectores à Gás 46
13.2 - Detectores de Cintilação 48
13.2.1 Eficiência de Cintilação 48
13.2.2 A Válvula Fotomultiplicadora 49
13.3 – Escolha de um Monitor 50
13.3.1Cuidados na Operação de um Monitor 51
14 – Efeitos Biológicos das Radiações 51
14.1 Radiação de Fundo 51
14.2 Mecanismo de Ação das Radiações Ionizantes 51
14.2.1 Características Gerais dos Efeitos Biológicos das RI 52
14.3 Classificação dos Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes 53
14.3.1 Efeitos Estocásticos 53
14.3.2 Efeitos Determinísticos 53
14.3.3 Efeitos Somáticos 54
14.3.4 Efeitos Hereditários 54
14.3.5 Efeitos Imediatos e Tardios 54
14.4 Síndrome Aguda da Radiação 54
15 Aplicações das Radiações 56
15.1 Aplicações na Medicina 56
15.1.1 Diagnóstico 56

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15.1.2 Terapia 56
15.1.3 Radioesterilização 56
15.2 Aplicação na Indústria 56
15.2.1 Agricultura 56
15.2.1.1 Irradiação de Alimentos 58
15.2.2 Traçadores Radioativos 58
15.2.3 Gamagrafia 59
15.2.4 Medidores Nucleares 59
15.2.4.1 Medidores de Espessura e Gramatura 59
15.2.4.2 Medidor de Nível 60
15.2.4.3 Medidor de Densidade 60
15.2.4.4 Medição de Umidade 61
15.2.4.5 Balanças Nucleares 62
15.3 Datação do Carbono 14 63
16 Transporte de Material Radioativo 63
16.1 Exigências Legais 63
16.1.1 Responsabilidades do Expedidor 64
16.1.2 Responsabilidades do Transportador 64
16.1.3 Documentação para o Transporte 64
16.1.4 Armazenamento em Trânsito 65
16.2 Embalados 65
16.2.1 Informações Exigidas no Transporte de Mat. Radioativos 66
16.2.1.1 Etiquetas do Embalado 66
17 Gerência de Rejeitos Radioativos 67
17.1 Origem dos Rejeitos Radioativos 67
17.2 Gerência dos Rejeitos Radioativos 67
17.2.1 Coleta 68
17.2.2 Segregação 68
17.2.3 Tratamento 69
17.2.4 Armazenamento 69
17.2.5 Disposição Final 69
17.3 Tratamento de Rejeitos Radioativos 69

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17.3.1 Tratamento de Rejeitos Sólidos 69
17.3.2 Tratamento de Rejeitos Líquidos 70
17.3.3 Tratamento de Rejeitos Gasosos 71
17.4 Confinamento 72
18 Os Acidentes de Chernobyl e de Goiânia 73
18.1 O Acidente de Chernobyl 73
18.1.1 Vítimas 74
18.1.2 Impacto Ambiental 74
18.1.3 Impacto Econômico 75
18.2 O Acidente de Goiânia 75
18.2.1 Vítimas 75
18.2.2 Impacto Ambiental 76
18.2.3 Impacto Econômico 76
Anexo A - Comparativo de Níveis de Radiação 77
Anexo B - Riscos de Exposição à Radiação 78

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1 - Introdução
A Radioproteção tem como principal objetivo proteger o homem e o meio ambiente
dos efeitos nocivos das radiações, para isso, é necessário determinar o grau de proteção a ser
estabelecido.

Este trabalho tem por objetivo principal orientar os profissionais envolvidos em


operações e/ou serviços envolvendo radiações a estabelecerem procedimentos adequados a
proteção.

Radiação é um fato da vida. Luz e calor do sol são formas naturais de radiação que
são essenciais à existência humana. Também há outras formas de radiação que são geradas
pelo homem como, por exemplo, microondas, ondas de rádio para telecomunicações, radar
para navegação e raios X para exames médicos.

As emissões de substâncias radioativas são outro exemplo de formas de radiação.


Algumas dessas substâncias ocorrem naturalmente na natureza; outras são produzidas
artificialmente.

Do ponto de vista dos efeitos que as radiações produzem na matéria, há duas classes
de radiações:
• Radiações ionizantes
• Radiações não-ionizantes

Radiações ionizantes incluem raios cósmicos, raios X e radiações emitidas pelo


decaimento de substâncias radioativas.

Radiações não-ionizantes incluem luz, calor, radar, ondas de rádio e microondas. Do


ponto de vista da origem da radiação, pode-se ainda classificar as radiações em radiação
natural e radiação artificial. A Tabela 1 apresenta os diversos tipos de radiações ionizantes e
não-ionizantes.

Tabela 1: Radiações ionizantes e não-ionizantes

Radiação Ionizante Radiação Não-Ionizante


Raios Gama Óptica Campos Eletromagnéticos
Raios X Ultravioleta Microondas
Luz Visível Radiofreqüência
Infra-Vermelho Baixa Frequência

Os benefícios das radiações não-ionizantes naturais são enormes, mas, em geral, é


difícil identificar os benefícios advindos das radiações ionizantes naturais. Contudo, o
homem tem feito considerável uso de ambas as radiações. A Tabela 2 apresenta algumas
utilizações destas radiações.

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Tabela 2 – Alguns exemplos de utilização das Radiações ionizantes e não ionizantes.
RADIAÇÃO RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE
IONIZANTE
Radiodiagnóstico ÓPTICA CAMPOS
ELETROMAGNÉTICOS
Radioterapia Iluminação Radar
Usina Nuclear Aquecimento Televisão
Radiografia Industrial Laser Rádio
Esterilização de produtos Bronzeamento Artificial Aquecimento
médicos
Datação

As radiações artificiais têm permitido enormes avanços em tratamentos e


diagnósticos médicos e são empregadas num largo espectro de técnicas na indústria,
agricultura e pesquisa. Contudo, podem ser prejudiciais ao ser humano e as pessoas devem
se proteger de exposições desnecessárias ou excessivas.

Em países desenvolvidos, as fontes de radiação ionizante que mais contribuem para a


exposição humana são de origem natural e, dentre as de origem artificial, são aquelas
utilizadas em radiodiagnóstico. A Figura 1 apresenta uma estimativa da exposição do
homem a diversas fontes de radiação.

Até pouco tempo atrás, a radiação natural era considerada como não observável e
inalterável, porém agora se sabe que as doses oriundas dos produtos provenientes do
decaimento do radônio nas residências podem ser significativamente altas. Para todos os
propósitos, no entanto, as outras formas de radiação não podem ser alteradas e compõem
uma radiação de fundo da ordem de 1 milisievert por ano (mSv/ano), em média.

Figura 1: Fração da dose na população para diferentes fontes de exposição à radiação


ionizante.

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Os efeitos das radiações ionizantes de maior preocupação são doenças em pessoas
expostas e efeitos hereditários em seus descendentes. A probabilidade de ocorrência de
qualquer efeito causado pela radiação está relacionada com a dose de radiação recebida não
importando se a radiação é de origem natural ou artificial. Nas situações em que um
controle possa ser exercido, uma avaliação cuidadosa deve ser feita entre os riscos e os
benefícios da atividade que causa a exposição. Por exemplo, seria imprudente reduzir doses
em pacientes submetidos a exames radiológicos se isso levasse à perda de informação
essencial ao radiologista.

Os efeitos das radiações não-ionizantes dependem do tipo específico e da intensidade


da radiação e incluem danos à pele e aos olhos e, para aquelas radiações que penetram
tecidos, danos a órgãos internos por aquecimento excessivo. A longo prazo, câncer de pele e
cataratas podem resultar de exposição a algumas formas de radiações não-ionizantes.
Novamente, medidas devem ser tomadas para proteger pessoas de tais conseqüências.

2 - Espectro da Radiação Eletromagnética


Os raios X, raios gama, ondas de rádio, luz, etc. são ondas de energia. Uma onda
pode ser definida como uma variação ou perturbação que transfere progressivamente
energia radiante de um ponto a outro através de um meio. Energia é a capacidade de realizar
trabalho. Uma vez que a energia viaje com movimento ondulatório, uma característica
mensurável é seu comprimento de onda λ. As ondas de natureza elétrica e magnética são
chamadas de ondas eletromagnéticas e se propagam à velocidade c = 300.000 km/s. Neste
caso, os campos elétrico E e magnético B oscilam perpendicularmente entre si com
freqüência ν = c/λ. A Figura 2 apresenta um esquema de representação de onda
eletromagnética.

Figura 2: Representação de onda eletromagnética de comprimento de onda λ se propagando


com velocidade c. O campo magnético B, não indicado, está oscilando no plano
perpendicular ao campo elétrico E.

Todas as formas de radiação eletromagnética são agrupadas de acordo com seu


comprimento de onda λ no que se denomina espectro eletromagnético. O diagrama
apresentado na Figura 3 mostra sua localização no espectro e alguns de seus usos mais
comuns.

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Figura 3: Espectro eletromagnético.

Da Figura 3, pode-se perceber que quanto menor for o comprimento de onda λ, maior
será a freqüência da onda ν e, maior sua energia E o que equivale a dizer que a onda tem
maior poder de penetração num dado material, conforme as equações:
E = h. ν (1)
ν = c/λ (2)
onde c é a velocidade da onda eletromagnética no meio e h a constante de Planck =
6,626.10-34 J.s.

3. Energia
De um modo geral, a energia pode ser definida como a capacidade de realizar
trabalho ou como o resultado da realização de um trabalho.
Na prática, a energia é melhor “sentida” do que definida. Quando se olha para o Sol,
tem-se a sensação de que ele é dotado de muita energia, devido à luz e ao calor que emite
constantemente.

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3.1 Formas de Energias
Existem várias formas ou modalidades de energia:
Energia Cinética: associada ao movimento dos corpos;
Energia Potencial: armazenada num corpo material ou numa posição no espaço e que
pode ser convertida em energia “sensível” a partir de uma modificação de seu estado,
podendo ser citadas, por exemplo, a Energia Potencial Gravitacional, Energia Química,
Energia de Combustíveis e a energia existente nos átomos;
Luz e Calor são duas outras modalidades de energia: Energia Luminosa e Energia
Térmica, fáceis de serem “sentidas”;
Energia Magnética (ímã): só pode ser percebida por meio de sua atração sobre alguns
materiais como o ferro.

3.2 Conversão de Energia


Um bom exemplo de conversão de uma forma de energia em outra é o nosso corpo.
A energia liberada pelas reações químicas que ocorrem nos diversos órgãos (estômago,
intestinos, fígado, músculos, sangue etc.) é convertida em ações ou movimentos (andar,
correr, trabalhar etc.).
Quando suamos, estamos eliminando o excesso de energia recebida pelo nosso corpo
(exposição ao Sol, por exemplo) ou gerado por uma taxa anormal de reações químicas
dentro dele, para que sua temperatura permaneça em um valor constante de 36,5oC. Esse
calor é o resultado da transformação da energia química em energia térmica.
Numa Usina Hidroelétrica, converte-se em eletricidade a energia de movimento de
correntes de água. O dispositivo de conversão é formado por uma turbina acoplada a um
gerador.

4. Histórico das Radiações


Em 1895, o pesquisador alemão Wilhelm Conrad Roentgen descobriu os raios X,
cujas propriedades despertaram o interesse da classe médica. Os raios X atravessavam o
corpo humano, provocavam fluorescência em determinadas substâncias e impressionavam
chapas fotográficas. Eles permitiam obter imagens do interior do corpo. Sua aplicação foi
rápida, pois em 1896 foi instalada a primeira unidade de radiografia diagnóstica nos Estados
Unidos.
Neste mesmo ano, 1896, Antoine Henri Becquerel anunciou que um sal de urânio
com que ele fazia seus experimentos emitia radiações espontaneamente. Mais tarde, mostrou
que essas radiações apresentavam características semelhantes às dos raios X, isto é,
atravessavam materiais opacos, causavam fluorescência e impressionavam chapas
fotográficas. Para este fenômeno foi dado o nome de Radioatividade.
As pesquisas e as descobertas sucederam-se. O casal Pierre e Marie Curie foi
responsável pela descoberta e isolamento dos elementos químicos naturalmente radioativos
- o polônio e o rádio.

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5. Fundamentos Básicos
5.1 O Átomo
Todas as coisas existentes na natureza são constituídas de átomos ou suas
combinações.
O átomo é a menor unidade de um elemento que retém a identidade deste elemento.
Se você quebrar uma pepita de ouro, até o seu menor pedaço, ele continuará sendo ouro.
Mas se você quebrar um átomo de ouro, você não terá mais ouro, mas apenas partículas
subatômicas.
Os átomos são muito pequenos - 1.000.000 de átomos expostos em uma linha pode
ser equivalente à espessura de uma folha de papel. É impossível ver o átomo, mas em 1911,
um cientista chamado Rutherford introduziu o modelo que podemos visualizar como sendo
o desenho de um átomo.
O átomo pode ser visto como um sistema solar. O sol pode representar o núcleo; feito
de prótons e nêutrons, enquanto os planetas representam os elétrons orbitais. A Figura 4
apresenta esta comparação.
Como o Sistema Solar, o átomo possui grandes espaços vazios, que podem ser
atravessados por partículas menores do que ele.

Figura 4 – Comparação do modelo de um átomo com o sistema solar

A Tabela 3 apresenta as características mais importantes das partículas subatômicas.

Tabela 3 – Características mais importantes das partículas subatômicas

Partícula Símbolo Massa Relativa Carga Localização

Próton P 1 uma +1 Núcleo

Nêutron N 1 uma 0 Núcleo

Elétron e 0,00054 uma -1 Eletrosfera

Prótons e nêutrons possuem o mesmo peso, que é definido como Unidade de Massa
Atômica (u.m.a.). Três prótons devem pesar três u.m.a.
Os elétrons são muito pequenos, pesando aproximadamente 0,00054 u.m.a. (unidade
de massa atômica).
Os prótons possuem cargas elétricas ‘+1’ e os elétrons possuem carga ‘- 1’.
Os nêutrons são eletricamente neutros.

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5.2 – O Núcleo
O núcleo possui toda a carga positiva e cerca de 99% da massa do átomo. O elétron
contém a carga negativa e muita pouca massa.
O núcleo do átomo é formado, basicamente, por partículas de carga positiva,
chamadas prótons, e de partículas de mesmo tamanho, mas sem carga, denominadas
nêutrons.
O número de prótons identifica um elemento químico comandando seu
comportamento em relação aos outros elementos.
O elemento natural mais simples, o hidrogênio, possui apenas um próton; o mais
complexo, o urânio, tem 92 prótons, sendo o elemento químico natural mais pesado.
O número de prótons no núcleo de um átomo é chamado de número atômico,
simbolizado pela letra Z. O número atômico determina a propriedade química de um
elemento. Por exemplo, todas as formas do elemento hidrogênio, possuem número atômico
1. Sempre que lhe alterarmos o número de prótons, teremos um elemento inteiramente
diferente.
Em um átomo eletricamente neutro (não ionizado), o número de elétrons na órbita é
exatamente igual ao número de prótons no núcleo. Desta forma, as cargas negativas dos
elétrons se anulam com as cargas positivas dos prótons.
A massa atômica (A) de um átomo é a soma do número de prótons e de nêutrons no
núcleo.

A=Z+N (3)

5.2.1 Conceito de Isótopos

O número de nêutrons no núcleo pode ser variável, pois eles não têm carga elétrica.
Com isso, um mesmo elemento químico pode ter massas diferentes. Átomos de um mesmo
elemento químico com massas diferentes são denominados isótopos. O hidrogênio tem 3
isótopos: o hidrogênio, o deutério e o trítio. A Figura 5 apresenta os isótopos do hidrogênio.

Figura 5 - Isótopos do Hidrogênio

6 - Decaimento Radioativo
O núcleo de um átomo contém nêutrons e prótons. Como visto anteriormente, os
prótons são partículas carregadas positivamente e, como cargas de mesmo sinal repelem-se
umas às outras, é de se esperar que um conjunto de prótons fechados no núcleo de um
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átomo tenda a se desagregar. A razão para isso não ocorrer é a força nuclear de atração que,
a pequenas distâncias, é muito maior que a força elétrica de repulsão. Ambos os prótons e
nêutrons estão sujeitos a essa força nuclear e a presença de nêutrons ajuda a estabilizar o
núcleo. Os nêutrons, que são partículas não carregadas, acrescentam força atrativa ao núcleo
sem, no entanto, aumentar a força elétrica de repulsão. Enquanto a força nuclear sobrepuja a
força elétrica de repulsão, o núcleo permanece intacto indefinidamente e é dito ser estável.
Há cerca de 270 elementos naturais com átomos estáveis.
Seria de se esperar que quanto mais nêutrons o núcleo tivesse, mais estável seria,
mas não é esse o caso. Em geral, o núcleo é estável somente para certas proporções entre
número de nêutrons e número de prótons. No caso de núcleo leve, a relação é de 1: 1,
enquanto que para núcleos mais pesados, a relação chega a 3:2. Por exemplo, 16O tem 8
prótons e 8 nêutrons (1:1 ou razão 1), enquanto que 208Pb tem 82 prótons e 126 nêutrons
(126:82 ou razão 1,54).
Observa-se também que o núcleo atômico contendo número ímpar de prótons ou de
nêutrons é normalmente menos instável do que aquele contendo número par de prótons e
elétrons. Por exemplo, 12C com 6 prótons e 6 nêutrons é mais estável do que 13C com 6
prótons e 7 nêutrons.
A Figura 6 mostra como a relação número de nêutrons/número de prótons varia na
medida em que os elementos tornam-se mais pesados. Os núcleos estáveis caem sobre ou
próximos ao que se denomina Linha da Estabilidade. As espécies nucleares longe da linha
de estabilidade são instáveis e desintegram-se para buscar a estabilidade.

Figura 6 – Gráfico de Z (número atômico) por N (número de nêutrons) para todos nuclídeos.

Cerca de 2500 nuclídeos já foram identificados e a maioria é instável. Um núcleo


com muito ou pouco nêutrons em relação ao número de prótons será instável e pode
rearranjar suas partículas constituintes de modo a formar um núcleo mais estável. Durante
esse processo, o núcleo pode emitir uma ou mais partículas energéticas tais como partículas
beta, partículas alfa, pósitrons, e até mesmo nêutrons e prótons se for altamente instável.
Também pode emitir energia em excesso denominada de radiação gama.
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Essas partículas energéticas e os raios gama emitidos pelos núcleos estáveis são
formas de radiação ionizante, juntamente com os raios X, provenientes da forte
desaceleração de partículas carregadas, principalmente elétrons.
Substâncias constituídas de átomos que têm núcleos instáveis são chamadas de
radioativas e o processo pelo qual o núcleo radioativo rearranja suas partículas constituintes
é chamado de decaimento radioativo. O tipo de decaimento depende muito da razão
(número de nêutron/número de próton), mas também é afetada por outros fatores como o
tamanho do núcleo, por exemplo.
Diferentes espécies radioativas decaem a diferentes taxas. O número de núcleos de
uma fonte radioativa que se desintegram por unidade de tempo é denominado de atividade
da fonte.
Radioatividade é um processo randômico de modo que é possível apenas estimar a
probabilidade de um dado átomo decair num dado intervalo de tempo. Por exemplo, seja a
probabilidade de um certo átomo decair de 10 % por minuto. Se houver 100 milhões desses
átomos, após um minuto, haveria apenas 90 milhões. Passado mais um minuto, restariam 81
milhões e assim por diante. Após um certo tempo decorrido quando somente 50 milhões de
átomos ainda não tivessem decaído, a fonte teria perdido exatamente metade de sua
atividade inicial. Esse período de tempo é denominado de meia-vida da fonte. A Figura 7
mostra um exemplo da atividade relativa de uma fonte em função do tempo decorrido.

Figura 7: Atividade relativa de uma fonte em função do tempo. O período de 8 dias


para que a atividade diminua à metade do valor inicial é a meia-vida do material.

A meia-vida de uma substância radioativa é, portanto, o tempo necessário para que


sua atividade se reduza em 50%. Valores de meia-vida oscilam entre frações de segundo e
milhões de anos, mas cada radionuclídeo tem uma meia-vida característica.
O cálculo da meia-vida de uma substância radioativa é dado pela expressão abaixo:

ln 2
T1 / 2 = (4)
λ

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7 - Famílias Radioativas
Na natureza existem elementos radioativos que realizam transmutações ou
“desintegrações” sucessivas, até que o núcleo atinja uma configuração estável. Isso significa
que, após um decaimento radioativo, o núcleo não possui, ainda, uma organização interna
estável e, assim, ele executa outra transmutação para melhorá-la e, ainda não conseguindo,
prossegue, até atingir a configuração de equilíbrio.
Em cada decaimento, os núcleos emitem radiações dos tipos alfa, beta e/ou gama e
cada um deles é mais “organizado” que o núcleo anterior. Essas seqüências de núcleos são
denominadas:

Séries radioativas ou famílias radioativas naturais.

No estudo da radioatividade, constatou-se que existem apenas 3 séries ou famílias


radioativas naturais, conhecidas como:

Série do Urânio, Série do Actínio e Série do Tório.

A Série do Actínio, na realidade, inicia-se com o urânio-235 e tem esse nome, porque
se pensava que ela começava pelo actínio-227.
As três séries naturais terminam em isótopos estáveis do chumbo, respectivamente:

Chumbo-206, chumbo-207 e chumbo-208.

Os principais elementos das séries acima mencionadas são apresentados na Figura 8.

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Figura 8 - Séries Radioativas Naturais

8 - Fontes de Radiação Ionizante


As radiações ionizantes são assim denominadas pela sua capacidade de excitar e
ionizar átomos da matéria com a qual interagem. Desde que a energia necessária para fazer
com que um elétron de valência escape de um átomo é da ordem de 4-25 eV, a radiação
deverá possuir energia cinética (se for uma partícula) ou energia quântica (se for radiação
eletromagnética) além desse valor para ser ionizante. Do contrário, no caso específico de
radiação eletromagnética, é dito ser radiação não-ionizante.

As radiações ionizantes podem ser agrupadas em 4 categorias:


• Elétrons Rápidos;
• Partículas Carregadas Pesadas;
• Radiação Eletromagnética; e
• Nêutrons.

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Os elétrons incluem partículas beta (positivas ou negativas) emitidas no decaimento
nuclear assim como elétrons energéticos produzidos por qualquer outro processo. Partículas
carregadas pesadas abrangem todos os íons energéticos com pelo menos uma unidade de
massa atômica (u.m.a.) tais como partículas alfa, prótons, produtos de fissão e produtos de
muitas reações nucleares. A radiação eletromagnética inclui os raios X emitidos no rearranjo
das camadas eletrônicas (radiação característica) ou no freamento de partículas carregadas, e
raios gama originados das transições no interior do núcleo. Nêutrons são gerados em vários
processos nucleares e geralmente divididos em duas subcategorias: nêutrons lentos e
nêutrons rápidos.
A ICRU (International Commission on Radiation Units and Measurements)
recomenda que as radiações ionizantes no que diz respeito às diferenças entre interações
de radiações com e sem carga com a matéria, sejam classificadas em direta e indiretamente
ionizantes.
Radiações diretamente ionizantes são todas as partículas energéticas com carga
elétrica e que perdem energia para a matéria diretamente através de interações entre forças
coulombianas ao longo de sua trajetória.
Radiações indiretamente ionizantes são fótons de raios X e gama e nêutrons que
depositam energia na matéria de forma indireta, isto é, primeiramente transfem energia às
partículas carregadas. Estas efetivamente perdem energia para a matéria diretamente através
das interações entre forças coulombianas ao longo de sua trajetória.

8 .1 - Elétrons Rápidos
8.1.1 - Decaimento Beta (β)
Se o núcleo tem muitos nêutrons, a forma mais provável de decaimento será a
emissão de um elétron de alta energia (cinética) conhecido como partícula beta para indicar
sua origem nuclear. Se o elétron tiver carga negativa, têm-se a partícula beta-menos (β-);
analogamente, se o elétron tiver carga positiva (pósitron), têm-se a partícula beta-mais (β+).
Elétrons independentes não existem no núcleo. A partícula β- é emitida na transformação
instantânea de um nêutron num próton mais a energia do elétron que escapa do núcleo. Esse
processo pode ser expresso por:

onde X e Y são os núclídeos inicial e final (pai e filho) e é o antineutrino. Um exemplo


de decaimento beta-menos é ocorre na transformação do trítio 3H em 3He:

Nos casos em que a relação nêutron/próton é muito baixa e a emissão alfa não é
energeticamente possível, o núcleo pode obter estabilidade emitindo uma partícula β+ pela
transformação instantânea de um próton em um nêutron:

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Um exemplo de decaimento β+ é transformação do 11C em 11B:

Como neutrinos e antineutrinos têm massa inferior à dos elétrons e não têm carga
elétrica, são praticamente indetectáveis e não serão abordados neste texto. Assim, apenas as
partículas beta são a única radiação ionizante significante.
A maioria dos decaimentos beta é seguida da emissão gama pelo núcleo do
radionuclídeo. Alguns deles, no entanto, decaem diretamente para o estado de energia
fundamental e são, portanto, denominados de emissores beta-puros. A Tabela 4 apresenta
alguns radionuclídeos emissores beta puros.

Tabela 4: Alguns emissores beta-puros.


Nuclídeo Meia-Vida Energia máxima da
partícula β (MeV)
3
H 12,26 anos 0,0186
14
C 5730 anos 0,156
35
Cl 3,08. 105 anos 0,714
90
Y 64 horas 2,27

A energia liberada no processo de emissão é dividida entre a partícula beta e o


neutrino (ou antineutrino). A partícula beta, assim, apresenta-se com energia que varia de
um decaimento a outro, desde valor zero até um valor máximo. Em espectro representativo
da energia beta está representado na Figura 9.

Figura 9: Esquema de decaimento do 36Cl e a distribuição de energia da partícula beta


resultante.

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8.1.2 - Conversão Interna
Após a emissão beta, a forma mais comum de desexcitação do núcleo é a emissão
gama, mas ocorre em estados nos quais a energia de excitação do núcleo é transferida
diretamente a um elétron orbital do átomo, num processo denominado de conversão interna.
Um exemplo de conversão interna está apresentado na Figura 10. Como o elétron de
conversão pode se originar de qualquer camada eletrônica, uma única desexcitação nuclear
geralmente leva vários grupos de elétrons com diferentes energias (espectro discreto).

Figura 10: Espectro dos elétrons de conversão da conversão interna do 113mIn.

8.1.3 - Elétrons Auger


Elétrons Auger são análogos aos elétrons de conversão interna quando a energia de
excitação ocorre no átomo ao invés do núcleo. Um evento anterior (como a captura
eletrônica, por exemplo) pode deixar o átomo com uma vacância numa das camadas
eletrônicas. A vacância é sempre preenchida por um elétron de uma das camadas mais
externas do átomo com a subseqüente emissão de radiação característica.
Alternativamente, a excitação do átomo pode ser transferida diretamente a um dos
elétrons mais periféricos, causando sua ejeção. Esse elétron é denominado de Auger e tem
energia cinética igual à diferença da energia de excitação do átomo e da energia de ligação
de sua camada de origem.

8.2 - Partículas Carregadas Pesadas


8.2.1 - Decaimento Alfa
Núcleos muito grandes podem emitir espontaneamente uma partícula alfa. A
partícula alfa é um núcleo 4He consistindo de dois prótons e dois nêutrons. O processo de
decaimento é escrito como:

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onde X e Y são os núclídeos inicial e final (pai e filho). Um exemplo de decaimento alfa é a
transformação do 241Am em 237Np. A Figura 11 apresenta o decaimento do 241Am.

Figura 11: Decaimento alfa do Am-241

8.2.2 - Fragmentos de Fissão


Por ocasião, o processo de fissão é a única fonte espontânea de partículas carregadas
pesadas com massa maior que a massa de partículas alfa. Cada fissão dá origem a dois
fragmentos (íons positivos), emitidos em direções opostas com energia total de ±185 MeV.
Pode haver emissão simultânea de partículas alfa. Exceto para núcleos externamente
pesados, a fissão é inibida pela barreira de potencial.

8.2.3 - Radiação Eletromagnética


A emissão de radiação eletromagnética pode ocorrer nos seguintes casos:

• Quando o núcleo decai por emissão alfa ou beta, e ainda permanece excitado.
Neste caso, para atingir o estado fundamental, ocorre geralmente a emissão de
energia residual sob a forma de radiação eletromagnética que recebe o nome
particular de radiação gama. Como os estados nucleares são bem definidos, as
energias dos fótons gama são bem específicas.

• Quando um pósitron (e+), após perder quase toda sua energia cinética, interage
com um elétron (e-) e ambos sofrem aniquilação, isto é, são transformados em
energia, sendo emitidos dois fótons, em sentidos opostos, com energia de 0,511
MeV cada um. Embora tais fótons não tenham origem nuclear, a radiação também é
denominada de radiação gama.

• Quando partículas carregadas, principalmente elétrons, interagem com o


campo elétrico de núcleos pesados ou com a eletrosfera e mudam de direção ao
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mesmo tempo em que têm sua energia cinética reduzida bruscamente. As energias
perdidas pelas partículas desaceleradas desta forma são emitidas na forma de
radiação eletromagnética e recebem o nome de radiação de freamento ou
bremsstrahlung. A Figura 12 apresenta o esquema representativo da desaceleração
de um elétron.

Figura 12: Desaceleração do elétron com emissão de radiação de freamento.

• Quando um elétron orbital de um estado menos ligado (mais afastado do


núcleo) ocupa um estado mais ligado, a diferença das energias de ligação entre os
estados é emitida na forma de radiação eletromagnética. Como a estrutura dos
níveis de energia dos elétrons é característica de cada elemento químico, a radiação
emitida tem espectro discreto e é denominada radiação característica. A Figura 13
apresenta um esquema de emissão de radiação característica.

Figura 13: Emissão de radiação característica.

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Juntamente com a produção de raios X de freamento também ocorre a produção de
raios X característicos próprios do material onde os elétrons estão sendo desacelerados.
Ambos os espectros contínuo e discreto, então, acabam se superpondo. A Figura 14
apresenta esta condição.

Figura 14: Espectro da radiação de freamento com os picos da radiação característica K α e Kβ.

8.2.4 - Nêutrons
Como nêutrons não têm carga elétrica, a interação com átomos se processa
basicamente com seus núcleos.

• Fontes (α,n): Ra-Be; Pu-Be; Am-Be

Exemplo:
4
α + 9Be → 12C + 1n + 5,71 MeV

• Fotonêutrons: sua emissão se dá por irradiação gama sobre isótopos leves (2H,
9
Be, etc.)
Exemplos:
hν + 9Be → 8Be + 1n + 3,26 MeV
hν + 2H → 1H + 1n - 2,226 MeV

• Bombardeamento por partículas carregadas aceleradas


Exemplos:
2
H + 2H → 3He + 1n + 3,26 MeV
2
H + 3H → 4He + 1n + 17,6 MeV

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9 – Poder de Penetração das Radiações
9.1 Partículas Alfa

As partículas alfa têm um alcance no ar inferior a 10 cm. São barradas por papel,
roupas e pela pele. Portanto, quando as partículas alfa são provenientes de uma fonte
externa ao organismo humano, praticamente não oferecem nenhum perigo para o
organismo. No entanto, se a partícula alfa for proveniente de uma fonte interna ao
organismo (o material radioativo foi ingerido ou inalado ou ainda absorvido pela pele ou
ferimentos), oferece sério perigo, pois a partícula alfa se move mais lentamente e tem um
alto poder de ionização ao longo de seu trajeto.

9.2 Partículas Beta

Como as partículas beta são constituídas de elétrons bem mais leves e de maior
velocidade que as partículas alfa, elas possuem maior poder de penetração que estas, porém
o seu poder de ionização é menor.
Assim, elas podem atravessar até 1mm de alumínio e, no ar, podem alcançar até
13m.

9.3 Raios Gama

A penetrabilidade dos raios gama é muito maior, pois são ondas eletromagnéticas de
comprimento de onda muito pequeno. O alcance no ar é muito grande. Seu poder de
ionização é menor que as partículas alfa e beta. Os materiais mais utilizados como
blindagem para este tipo de radiação são: alumínio, concreto, cobre e chumbo.
A Figura 15 apresenta um esquema representativo de blindagem para as radiações
alfa, beta e gama.

Figura 15 – Blindagem das radiações

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10 – Interação das Radiações com a Matéria
Todas as radiações possuem energia, seja por sua própria natureza, como no caso das
radiações eletromagnéticas, ou em forma de energia cinética, como no caso de partículas em
movimento.
O resultado da interação das radiações com a matéria, é caracterizado pela
transferência de energia da radiação para os átomos e moléculas do meio através do qual a
radiação está passando.
Como já visto anteriormente, a transferência de energia de uma partícula ou de um
fóton para os átomos do material absorvente, ocorre através de dois mecanismos: a
ionização e a excitação.
Qualquer processo do qual resulta a remoção de um elétron de um átomo ou
molécula, deixando-o com uma carga positiva, denomina-se ionização.
A adição de energia a um sistema atômico ou molecular, leva-o do estado normal de
energia ao estado de excitação.
Em decorrência das diferenças existentes entre as partículas e as radiações, em suas
cargas e massas, cada uma delas interage de modo diferente com a matéria.
Em geral, pode-se dizer que, quando as partículas carregadas ou a radiação
eletromagnética atravessa a matéria, o mecanismo que mais contribui para a perda de
energia é a sua interação com os elétrons. No caso das partículas carregadas, isto é
evidenciado a partir da dispersão que elas experimentam ao interagir com a matéria: as
partículas pesadas (prótons, partículas alfa, etc.) são pouco desviadas da sua direção
original, quando interagem, perdendo energia. Os elétrons ou partículas beta, pelo contrário,
são desviadas com ângulos muito maiores. As perdas de energia resultantes da colisão com
núcleos resultam várias ordens de grandeza menores que na interação com elétrons.
Isso não ocorre, porém, com os nêutrons, pois eles interagem quase exclusivamente
com núcleos.
No caso de ocorrer interação das partículas carregadas com os elétrons dos átomos do
material que atravessa, uma parte da energia transportada pela partícula incidente é
transferida para um elétron.
Dependendo da quantidade de energia que seja transferida, ocorrerão dois fenômenos
diferentes:

Ionização: o elétron absorve certa quantidade de energia maior que a energia que o
mantém ligado ao átomo e, portanto, este é arrancado do átomo. O elétron liberado e o
átomo ionizado (com carga positiva) constituem o que se chama um par de íons.

Excitação: quando a energia transferida da partícula carregada para o elétron não é


suficiente para o arrancar do átomo, o elétron passa a ocupar outras órbitas mais externas,
com energia superior. O átomo não chega a se ioniar. Quando o elétron excitado volta ao
seu nível normal, emite Raios-X característicos.

As Figuras 16a e 16b apresentam os esquemas de ionização e excitação de um átomo.

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a) Ionização.

b) Excitação.

Figuras 16 a e 16 b – Processos de Ionização e Excitação de um átomo

10.1 Interação da Radiação Eletromagnética com a Matéria

Há diversos tipos de mecanismos de interação da radiação eletromagnética com a


matéria, aqui serão abordados apenas três: absorção fotoelétrica, espalhamento Compton e
produção de par, por envolverem transferência total ou parcial de energia do fóton para o
meio.

10.1.1 Absorção Fotoelétrica

No processo de absorção fotoelétrica, o fóton sofre interação com o átomo


absorvedor quando a energia total do fóton desaparece completamente. Em seu lugar, um
elétron, também chamado de fotoelétron, é ejetado de uma das camadas eletrônicas do
átomo, geralmente, a camada K. A Figura 17 apresenta esta condição. A interação ocorre
com o átomo como um todo e não pode ocorrer com elétrons livres. A energia do
fotoelétron é dada por:

Ee- = hν - Eb (5)

onde (Ee-) é a energia do fotoelétron, hν é a energia do fóton e Eb é a energia de ligação do


fotoelétron à sua camada de origem.
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Figura 17: Absorção fotoelétrica.

A absorção fotoelétrica é predominante para fótons de baixa energia e absorvedores


de alto número atômico.

10.1.2 Espalhamento Compton

O espalhamento Compton é o mecanismo de interação em que um fóton incidindo


sobre o elétron é defletido num ângulo θ em relação à sua direção original. O fóton transfere
parte de sua energia inicial hν ao elétron (assumido estar em repouso e “não-ligado”)
denominado elétron de recuo. A Figura 18 apresenta esta condição. Como todos os ângulos
de espalhamento são possíveis, a energia transferida ao elétron pode variar de zero a uma
grande fração da energia do fóton incidente.

Figura 18 - Espalhamento Compton

10.1.3 Produção de Par

Se a energia do fóton excede em duas vezes a energia da massa de repouso de um


elétron (2 x 0,511 MeV = 1,02 MeV), o processo de produção de par é energeticamente
possível embora a probabilidade desse tipo de interação permaneça muito baixa até que a
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energia seja da ordem de vários MeV. Na interação, que sempre ocorre no campo
coulombiano de uma partícula (geralmente, um núcleo), o fóton desaparece e é substituído
por um par elétron-pósitron (e- - e+). Toda a energia do fóton que excede a 1,02 MeV é
dividida entre o par elétron-pósitron como energia cinética. A Figura 19 apresenta um
esquema característico de produção de pares.

Figura 19 - Produção de Par

O elétron e o pósitron são partículas carregadas e irão transferir suas energias ao


meio sendo que o pósitron irá sofrer aniquilação com um elétron livre quando estiver
próximo do repouso. Da aniquilação, resultam dois fótons de 0,511 MeV cada um, emitidos
em sentidos opostos.

10.1.4 Atenuação da Radiação Eletromagnética


A importância de cada um dos três processos descritos acima para diferentes
materiais absorvedores e energias dos fótons está representada na Figura 20.

Figura 20: Importância relativa dos três principais tipos de interação da radiação
eletromagnética.

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10.2 Interação das Partículas α com a Matéria

As partículas α perdem energia basicamente por ionização, e o perfil da curva de


ionização contra a distância percorrida se mantém praticamente o mesmo, nele destacando 3
regiões importantes:
a. a partícula α, inicialmente com grande velocidade, interage por pouco tempo com
os elétrons envoltórios dos átomos do meio e, assim, a ionização é pequena e quase
constante;
b. à medida que a partícula α vai perdendo energia, ela passa a interagir mais
fortemente com os elétrons envoltórios dos átomos do meio e o poder de ionização vai
aumentando até chegar a um máximo, quando captura um elétron do meio, e passa do íon
+2 para um íon +1;
c. a carga da partícula α caindo de +2 para +1, faz o seu poder de ionização cair
rapidamente até chegar a zero, quando o íon +1 captura um outro elétron e se torna um
átomo de hélio, neutro.

10.2.1 Alcance das Partículas α

A penetração da partícula α é muito reduzida, não sendo capaz de ultrapassar a


espessura da pele do ser humano.

10.3 Interação dos Elétrons com a Matéria

Elétrons perdem energia principalmente pelas ionizações que causam no meio


material e em segunda instância, pela produção de radiação de freamento (bremsstrahlung).
Como são relativamente leves, sua trajetória é irregular, podendo ser defletidos para a
direção de origem.

10.3.1 Alcance das Partículas β

Apesar das partículas beta não possuírem um alcance preciso, existem várias relações
semi-empíricas entre elas e a energia para que se possa calcular este alcance, tais como:

R = 0,542 · E - 0,133 (g/cm2) para E > 0,8 MeV


R = 0,407 · E1,38 (g/cm2) para 0,15 < E < 0,8 MeV
R = 0,530 · E - 0,106 (g/cm2) para 1 < E < 20 MeV.

11. Grandezas e Unidades

Há dois tipos de grandezas utilizadas na proteção radiológica: atividade e dose. A


grandeza atividade determina a quantidade de radiação emitida por uma determinada fonte
radiativa. A grandeza dose descreve a quantidade de energia absorvida por um determinado
material ou por um indivíduo.
A toda grandeza física está associada uma ou mais unidades e os valores das medidas
muitas vezes são expressos com múltiplos e submúltiplos destas unidades.

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11.1 Atividade

A grandeza atividade, cujo símbolo é A, é utilizada para expressar a quantidade de


material radioativo. A atividade de um material radioativo é medida em termos de
desintegrações por unidade de tempo.
Se considerarmos um certo número de átomos N, num instante de tempo t, e supondo
que depois de um intervalo de tempo muito pequeno (Δt) o número de átomos N diminui de
um valor (ΔN) , a relação entre ΔN e Δt dará o número de desintegrações desses átomos por
unidade de tempo, que é denominada ATIVIDADE do material radioativo.
A unidade atual da grandeza atividade é o becquerel (Bq) e 1 Bq corresponde a uma
desintegração por segundo. A unidade antiga, ainda empregada, é o curie (Ci) que
corresponde a 3,7x1010 desintegrações por segundo.
As relações existentes entre o becquerel e o curie são:

1 Bq = 1 dps = 2,7.10-11 Ci
1 Ci = 3,7x1010 dps = 3,7x1010 Bq

1 Bq = 1 dps 1 GBq = 109 dps

1 kBq = 103 dps 1 TBq = 1012 dps

1 MBq = 106 dps 1 PBq = 1015 dps

A atividade A de um dado radionuclídeo pode ser determinada a qualquer instante t


se o valor da meia-vida T1/2 desse radionuclídeo for conhecida, e o valor da atividade A0
num dado instante t0, através da fórmula abaixo:

A(t ) = A0e −λt (6)


Onde:
A (t) – atividade no instante t em Bq;
A0 – atividade inicial;
t – tempo; e
λ – constante de desintegração.

Apenas lembrando que λ = ln2/ T1/2.

11.2 Intensidade de Radiação ( I )

Chama-se intensidade de radiação (I), em um determinado ponto, a energia por


unidade de tempo que atravessa uma esfera com centro neste ponto e cuja seção de reta tem
uma superfície unitária.
Para um feixe de radiação, de direção definida, sua intensidade em um ponto
qualquer pode ser considerada como a energia que passa na unidade de tempo, por uma

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superfície unitária normal à direção da radiação nesse mesmo ponto. As unidades de
intensidade de radiação mais comum são:
- erg . cm-2. s
- MeV . cm-2 . s -λt (7)
I = I0 . e

11.3 Exposição (X)

A grandeza exposição, cujo símbolo é X, foi a primeira grandeza definida para fins
de radioproteção.
Esta grandeza é uma medida da habilidade ou capacidade dos raios X e γ em produzir
ionizações no ar. Ela mede a carga elétrica total produzida por raios X e γ em um
quilograma de ar.
A unidade atual da grandeza exposição é o coulomb por kilograma (C/kg). A unidade
antiga é o roentgen (R).

1R = 2,58x10-4 C/kg.

Os instrumentos de medida da radiação, em sua maioria, registram a taxa de


exposição que é a medida por unidade de tempo, isto é, C/(kg.h) ou C/(kg.s).
Para calcular a taxa de exposição é utilizada a seguinte equação:

• ΓA
X = (8)
d2

Onde:
Г- Gamão – constante de desintegração;
A – atividade; e
d – distância.

A Tabela 5 apresenta alguns valores característicos de Г para determinados


radioisótopos.

Tabela 5 – Gamão de alguns radionuclídeos

RADIOISÓTOPO Γ (mR.m2 / h. mCi)

Césio 137 0,33

Cobalto 60 1,30

Irídio 192 0,57

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11.4 Dose Absorvida (D)

Esta grandeza foi definida para suprir as limitações da grandeza exposição e possui
como símbolo D.
A grandeza dose absorvida é mais abrangente que a grandeza exposição, pois é válida
para todos os tipos de radiação ionizante (X, γ, α, β) e é valida para qualquer tipo de
material absorvedor. Ela é definida como a quantidade de energia depositada pela radiação
ionizante na matéria, num determinado volume conhecido.
A unidade atual da grandeza dose absorvida é o gray (Gy) que equivale a 1 J/kg. A
unidade antiga é o rad.

1 rad = 10-2 J/Kg = 10-2 Gy

1Gy = 100 rad

A medida da taxa de dose absorvida tem por definição a medida da dose absorvida
por unidade de tempo, ex: Gy/h.

Para calcular a taxa de dose podemos utilizar a seguinte equação:

• (9)
Γ. A. f
D=
d2

Onde:
f = fator de correção (para raios X e γ o fator á aproximadamente 1).

Para raios X e γ, 1 R = 1 rad.

11.5 Dose Equivalente (H)

As grandezas definidas até agora levaram em conta a energia absorvida no ar e no


tecido humano, porém não dão uma idéia de efeitos biológicos no homem. Foi então
definida a grandeza dose equivalente, cujo símbolo é H, que considera fatores como o tipo
de radiação ionizante, a energia e a distribuição da radiação no tecido, para se poder avaliar
os possíveis danos biológicos.
A dose equivalente é numericamente igual ao produto da dose absorvida (D) pelos
fatores de qualidade Q e N.
(10)
H=D.Q.N

Por exemplo, 1 Gy de dose absorvida de radiação alfa produz no tecido um dano


vinte vezes maior do que 1 Gy de radiação gama. Este Q representa na realidade o poder de
ionização dos diferentes tipos de radiação ionizante no meio e os valores obtidos para Q são
apresentados na Tabela 6.

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Tabela 6 – Fator de Qualidade da Radiação

Tipo de Radiação Fator de Qualidade Q


Raios-X, Raios Gama, Elétrons 1

Prótons de alta energia 10


Nêutrons de energia desconhecida 20

O N é o produto de outros fatores modificadores, que permitem avaliar a influência


na dose de um radionuclídeo depositado internamente. Atualmente o valor utilizado para o
fator N é 1.
A unidade antiga da dose equivalente é o rem (Roentgen Equivalent Man). A unidade
nova é o sievert (Sv).

1 rem = 10-2 J/Kg . FQ= 10-2 Sv


1Sv = 100 rem

A medida da taxa de dose equivalente tem por definição a medida da dose


equivalente por unidade de tempo, ex: Sv/h.

11.6 Dose Efetiva (E)

A dose efetiva é a soma ponderada das doses equivalentes em todos os tecidos e órgãos
do corpo, expressa por:

E = ∑T WT . HT (11)

A Tabela 7 apresenta os valores de fatores de ponderação para os diversos órgãos do


corpo humano.

Tabela 7 – Alguns valores de WT de acordo com a ICRP 60

ÓRGÃO WT
Gônadas 0,20
Mama 0,05
Medula Óssea 0,12
Pulmão 0,12
Tireoide 0,05
Superfície Óssea 0,01
Estômago 0,12
Pele 0,01
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ÓRGÃO WT
Fígado 0,05
Bexiga 0,05
Útero 0,12
Esôfago 0,05

11.7 LET

O depósito microscópico de energia, ao longo dos traços de ionização produzidos pelas


partículas carregadas de alta energia ocorre de forma mais acentuada, ou mais dispersa,
conforme a natureza da partícula incidente. Essa característica é quantificada através da
grandeza chamada “LET”, (linear energy transfer, ou “transfência linear de energia”). O
LET é a quantidade de perda de energia por unidade de comprimento linear em um dado
meio (em geral, água).
As partículas alfas apresentam um LET maior do que fótons ou elétrons de energia
equivalente. Por esse motivo, partículas alfa são usualmente denominadas de “partículas de
alto LET”. Elétrons e fótons, por sua vez, são denominados de baixo LET.

11.8 RBE

A influência da qualidade de radiação nos sistemas biológicos pode ser quantificada


utilizando a Eficiência Biológica Relativa, Relative Biological Effectiveness (RBE).
Para um dado tipo de radiação A e supondo constantes todas as variáveis físicas e
biológicas, exceto o tipo de radiação, a RBE é definida pela relação adimensional:

RBE(A) = Dosereferência / DoseRadiação A (12)

Onde:
Dosereferência é a dose da radiação de referência necessária para produzir um específico nível
de resposta;
Dose radiação A é a dose da radiação A necessária para produzir igual resposta.

Nesta definição, a radiação usada como referência, nem sempre é bem estabelecida. Em
muitos experimentos, utilizou-se a radiação X, filtrada, de 250 kVp. A relação parece clara,
como definição, mas a dificuldade está em estabelecer o que significa um específico nível
de resposta.
Para propósitos de radioproteção, a RBE é considerada como sendo função da
qualidade da radiação, expressa em termos da Transferência Linear de Energia (LET). Em
muitos sistemas a RBE aumenta com o LET até cerca de 100 keV μm-1 e depois diminui.
A rigor, a RBE para uma determinada radiação não é somente dependente do LET, mas
também da dose, da taxa de dose, do fracionamento da dose e até da idade da pessoa
exposta. Seu valor só é reprodutível para um determinado sistema biológico, tipo de
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radiação e o conjunto de circunstâncias experimentais. Seus valores dependem então da
natureza e condição do material biológico, do estado fisiológico, temperatura, concentração
de oxigênio, condições de nutrição e estágio do ciclo celular.
A magnitude do efeito e tipo de resposta com a dose também influenciam, pois as curvas de
resposta nem sempre são semelhantes e regulares; assim, depende do intervalo de dose em
que são comparadas.

12 – A Radioproteção

12.1 - Contaminação e Irradiação

É comum, entre pessoas leigas, confundir os conceitos de irradiação e de


contaminação. Na prática, o termo irradiação é empregado para indicar a exposição externa
de organismos, parte de organismos ou, mesmo, materiais, à radiação ionizante. Já o termo
contaminação refere-se à presença indesejável de material radioativo em (dentro de) um
organismo ou material ou, ainda, em suas superfícies externas.
Assim, a irradiação externa de um corpo animado ou inanimado pode ocorrer à
distância, sem necessidade de contato íntimo com o material radioativo.
A contaminação, no entanto, implica no contato com o material radioativo de uma
fonte não selada, ou que tenha perdido a selagem, e sua subseqüente incorporação por
pessoas (ingestão, inalação) ou deposição em superfícies (pele, bancadas, pisos, vidraria,
etc.).
Por outro lado, pessoas e objetos contaminados estão sujeitos à irradiação causada
pela emissão de radiação pelo material radioativo incorporado, ou depositado na superfície,
e podem, por sua vez, provocar, a distância, irradiação externa de pessoas ou objetos ou,
ainda, podem transferir, por contato, parte de sua contaminação superficial.
A exposição interna devido à inalação ou ingestão de material radioativo pode causar
danos ao organismo, danos estes cuja gravidade varia em função do tipo de emissor (α ou β)
e da associada Transferência Linear de Energia (LET), da taxa de absorção de materiais
radioativos pelos órgãos, da solubilidade dos radionuclídeos e de sua taxa de transferência
para os fluidos do corpo, bem como da meia-vida biológica.
A meia vida biológica, T1/2 biológica, é definida como sendo o tempo necessário
para que a quantidade de material radioativo presente no organismo seja fisiologicamente
reduzida à metade. Assim, o efeito combinado do decaimento radioativo (meia-vida física),
T1/2 , com o de excreção fisiológica pelo organismo, T1/2 efetivo, é expresso pela relação:

1/T 1/2 efetivo = 1/T 1/2 + 1/T 1/2 biológica. (13)

É importante esclarecer a diferença entre contaminação radioativa e irradiação.


A Figura 21 apresenta um esquema relativo a contaminação e irradiação.

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Figura 21 – Diferença entre contaminação e irradiação

Sendo assim, a irradiação é a exposição de um objeto ou um corpo à radiação, o que


pode ocorrer a alguma distância, sem necessidade de um contato físico.
Irradiar, portanto, não significa contaminar. Contaminar com material radioativo, no
entanto, implica em irradiar o local, onde esse material estiver. Por outro lado, a
descontaminação consiste em retirar o contaminante (material indesejável) da região onde
este se alojou. A partir do momento da remoção do contaminante, não há mais irradiação.

Um objeto ou o próprio corpo, quando irradiado


(exposto à radiação) por uma fonte radioativa,
NÃO FICA RADIOATIVO.

Importante: a irradiação por fontes de césio-137, cobalto-60 e similares não torna os


objetos ou o corpo humano radioativos.

Deve-se lembrar sempre que:

IRRADIAÇÃO NÃO CONTAMINA, MAS CONTAMINAÇÃO IRRADIA.

12.2 Exposições Especiais e Planejadas

A ICRP reconhece que podem ocorrer situações ocasionais, durante operações


normais, em que seja necessário permitir alguns poucos trabalhadores, receber equivalentes
de dose maiores que os limites recomendados. Nessas circunstâncias, quando nenhum
procedimento alternativo está disponível ou praticável, é permitido desde que:

a) Somente poderão participar em exposições especiais (ou de emergências)


trabalhadores que tenham recebido previamente informações sobre os riscos associados;
b) A dose prevista naquele evento não venha a ultrapassar 100 mSv;
c) As tarefas a cumprir em exposições especiais, em casos da dose prevista
ultrapassar 100 mSv, deverá ser voluntário.
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12.3 Exposições Anormais em Emergência ou Acidentes

A ICRP estabelece que não é possível recomendar limites de intervenção apropriados


em todas as circunstâncias. Entretanto como certos tipos de acidentes são previsíveis, é
possível fazer uma análise de custo/ação e determinar limites abaixo, dos quais não é
necessário tomar providências.

12.4 Princípios de Proteção Radiológica

A principal finalidade da proteção radiológica é proteger os indivíduos, seus


descendentes e a humanidade como um todo dos efeitos danosos das radiações ionizantes,
permitindo, desta forma, as atividades que fazem uso das radiações.
Para atingir essa finalidade, três princípios básicos da proteção radiológica são
estabelecidos: Justificação, Limitação de dose e Otimização.

12.4.1 Justificação

Como visto anteriormente, toda exposição à radiação ionizante pode levar a algum
risco de dano à saúde humana, e este risco aumenta com o aumento da exposição.
Consequentemente, qualquer aplicação da radiação que conduza a um aumento da
exposição do homem deve ser justificada, para garantir que o benefício decorrente dessa
aplicação seja mais importante que o risco devido ao aumento à exposição.

12.4.2 Limitação

As medidas adotadas para situações normais de operação devem ser tais que os
limites de dose para trabalhadores e para indivíduos do público não excedam aos níveis
recomendados pela CNEN.
A Tabela 8 apresenta os limites de dose anual para trabalhadores e para o público.

Tabela 8 - Limites anuais de dose


Região Trabalhadores (mSv) Público

Corpo Inteiro 20 * 1 mSv

Cristalino 150 Dose EFETIVA

Extremidades 500

*Limite de dose efetiva de 100 mSv em 5 anos consecutivos e 50 mSv em um único ano

12.4.3 Otimização

Ainda que a aplicação das radiações ionizantes seja justificada e que os limites de
dose sejam obedecidos, é necessário otimizar os níveis de radiação, ou seja, a exposição de

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indivíduos a fontes de radiação deve ser mantida “tão baixo quanto razoavelmente
exequível”, filosofia ALARA (as low as reasonably achievable).
ALARA é um caminho usado na radioproteção para gerenciar e controlar as doses
individuais e coletivas com intenção de atingir níveis tão baixos quanto exeqüível, levando-
se em consideração a conjuntura social, econômica, técnica, política e a praticidade.
ALARA não é um limite de dose e sim um processo para atingir e manter níveis de
dose abaixo dos limites estabelecidos pelas normas. O princípio baseia-se na suposição de
que a dose devido as radiações penetrantes aumenta o risco de indução de câncer – quanto
menor a dose, menor o risco. Mesmo que esta premissa não tenha sido comprovada, deve-se
fazer um planejamento formal e tomar medidas práticas para aplicar o processo ALARA as
exposições ocupacionais a radiação.

12.5 Cuidados de Radioproteção

A dose equivalente recebida pelo trabalhador na irradiação externa é função da taxa


de dose no início da irradiação e de sua variação com o transcorrer do tempo de irradiação.
Desta forma existem três maneiras para se reduzir a dose equivalente do trabalhador, ou
seja, fornecer-lhe proteção adequada. A primeira considera a variação do tempo de
irradiação, a segunda considera a redução da taxa de dose, conseguida por redução da
atividade da fonte, aumento da distância fonte-indivíduo e a terceira com o uso de
blindagem.

12.5.1 Tempo

A dose recebida é diretamente proporcional ao tempo. Quanto maior o tempo de


irradiação maior a dose recebida. Evidentemente, a redução do tempo de irradiação deve ser
compatível com a correta realização das operações necessárias para o bom funcionamento
da instalação.
Caso seja necessário o trabalho em áreas com níveis da radiação elevados, para que
as doses recebidas não excedam os limites estabelecidos, é necessário planejar
detalhadamente a tarefa a ser executada, a fim de minimizar o tempo de exposição e
controlar o tempo de permanência no local de trabalho. Isso, às vezes, leva ao método de
rodízio entre vários trabalhadores para a complementação de uma determinada tarefa.

12.5.2 Distância

A dose de radiação recebida por um indivíduo é inversamente proporcional ao


quadrado da distância entre o indivíduo e a fonte, ou seja, à medida que um indivíduo se
afasta da fonte de radiação, a dose por ele recebida diminui.
Conhecendo-se, portanto, a taxa de dose a uma determinada distância da fonte, pode-
se calcular a taxa de dose resultante em qualquer distância. A equação abaixo é bastante
utilizada para estabelecer a distância fonte-indivíduo mínima de modo a atender aos limites
de dose derivados de trabalho. A Figura 22 apresenta a relação entre taxa de dose e
distância, que é a Lei do Inverso do Quadrado da Distância.

X1 / X2 = (d2)2 / (d1)2 (14)

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onde:

X1 = taxa de exposição à distância d1;


d1 = distância desconhecida;
X2 = taxa de exposição à distância d2;
d2 = distância a qual se quer saber a taxa de exposição.

Na prática, o aumento da distância fonte-indivíduo, durante o manuseio com


substâncias radioativas, é conseguido por meio da utilização de pinças e garras.

Figura 22 – Representação da Lei do Inverso do Quadrado da Distância

12.5.3 Blindagem

Denomina-se blindagem a todo sistema destinado a atenuar um campo de radiação


por interposição de um meio material entre a fonte de radiação e as pessoas ou objetos a
proteger, sendo a blindagem o método mais importante de proteção contra a irradiação
externa.
· blindagem para partículas alfa - O reduzido alcance das partículas alfa no ar e sua
pouca penetração no tecido, não chegando a atravessar a camada morta da pele, torna
desnecessário qualquer tipo de medida de proteção contra a radiação alfa externa.
· blindagem para partícula beta - A proteção, no caso de irradiação externa por
partículas beta, tem por objetivo evitar a irradiação da pele, cristalino dos olhos e gônadas.
Devido ao pequeno alcance das partículas beta, a taxa de dose pode ser reduzida a zero
quando se interpõe um material de espessura maior ou igual que o alcance das partículas
beta mais energéticas neste material.
· blindagem para radiação gama ou X - O método mais prático para a estimativa da
espessura de blindagem para radiação X e γ é a utilização do conceito de camada semi-
redutora. A camada semiredutora de um material utilizado para blindagem é a espessura

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necessária para reduzir a intensidade de radiação à metade. A Tabela 9 apresenta valores de
camada semi-redutora para alguns radionuclídeos.

Tabela 9 – Valores de CSR de chumbo

Radionuclídeo Espessura (cm)


Césio 137 0,6
Cobalto 60 1,2
Ferro 59 1,1
Ouro 198 0,3
Sódio 24 1,5

A seleção dos materiais a serem empregados numa blindagem dependerá das


condições técnicas e econômicas. A Tabela 10 apresenta alguns materiais que são utilizados
como blindagens para emissões beta e gama.

Tabela 10 – Materiais utilizados para blindagem

Tipo de Radiação Material para blindagem


Chumbo - a espessura dependerá da
atividade da fonte e da energia da
γ, X radiação emitida. Também são usados
concreto, ferro, urânio e outros materiais
de alta densidade.
Normalmente usa-se 1 cm de lucite ou
outro material plástico seguido de uma
folha de chumbo de 1 cm de espessura,
β que é usado para blindar a radiação de
freamento (bremsstrahlung). Para fontes
de baixa atividade pode ser dispensável
o uso da folha de chumbo.

12.5.3.1 Cálculo da Taxa de Exposição considerando a Blindagem

O cálculo da taxa de exposição considerando a blindagem utilizada é feito a partir da


seguinte equação (simplificada):

· -μ.x
X = Γ.A. e
(15)
2
d

onde:
X = taxa de exposição (mR/h);
Γ = constante de decaimento (mR.m /h.mCi);
A = atividade (mCi);
d = distância total = x’ + x” (m);
μ = coeficiente de atenuação linear (cm-1);
x = espessura da blindagem (cm).
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A Figura 23 apresenta o esquema relativo a equação 13.

d P
Fonte
x’ x’’

Figura 23 – Representação esquemática para cálculo da taxa de exposição com blindagem

A Tabela 11 apresenta valores de coeficiente de atenuação linear (µ) para alguns


radioisótopos.

Tabela 11 – Valores de Coeficientes de atenuação linear

Radioisótopo Blindagem μ (cm-1)

Co-60 Chumbo 0,645

Cs-137 Chumbo 1,248

Ir-192 Chumbo 1,155

12.6 – Classificação das Áreas de Trabalho

As áreas de trabalho são classificadas de acordo com o nível potencial de exposição.


De acordo com a Norma CNEN NN-3.01 as áreas são classificadas como livres ou
controladas. A designação de área controlada fica a critério do SPR – Supervisor de
Proteção Radiológica. A indicação de área livre se refere a áreas em que a taxa de dose
efetiva seja inferior a 1 mSv/ano.
Para facilitar os valores estabelecidos na norma anterior, NE 3.01, ainda são
utilizados. As áreas controladas são locais onde podem ocorrer exposições acima de 3/10
dos limites primários de dose equivalente para trabalhadores.

12.7 Programa e Procedimentos de Monitoração

A proteção radiológica dispõe de vários recursos para evitar que os indivíduos


recebam doses excessivas ou desnecessárias, e avalia se esses recursos foram eficientes por
meio da monitoração.
Para que as monitorações atinjam suas finalidades, devem ser racionalmente
planejadas e realizadas dentro de um programa, que deve incluir:
· a obtenção de medições,
· a interpretação das medições obtidas,
· registro dos dados e
· as providências, quando necessário , para melhorar os dispositivos de proteção.

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Um programa de monitoração pode requerer um ou mais métodos, dependendo da
natureza da radiação e das circunstâncias em que a radiação pode afetar um indivíduo.
As avaliações podem ser feitas por meio das medidas tomadas no próprio indivíduo
(monitoração individual) e no local onde ele trabalha (monitoração de área). Os principais
tipos de monitoração são apresentados esquematicamente na figura a seguir.

12.7.1 Monitoração Individual para Radiação Externa

A monitoração individual externa tem como objetivo a obtenção de dados para


avaliar as doses equivalentes recebidas pelo corpo inteiro, pela pele ou pelas extremidades,
quando o indivíduo é irradiado.
Nesta monitoração, dosímetros pessoais são colocados em determinadas regiões do
corpo e são utilizados continuamente pelo indivíduo, durante o seu trabalho.
Os dosímetros mais utilizados com esta finalidade são: os filmes dosimétricos, os
dosímetros termoluminescentes, as câmaras de ionização de bolso e os dosímetros
eletrônicos de alerta.

12.7.1.1 Filmes Dosimétricos

O filme dosimétrico, também chamado de “badge”, faz medida de dose integrada, e


deve ser utilizado por fora da roupa, entre a cintura e o pescoço (de preferência na altura do
peito). Os filmes dosimétricos são de leitura indireta e necessitam ser recolhidos
periodicamente (geralmente dentro de um mês) para a avaliação das doses.
São colocados filtros de diferentes materiais, junto ao filme. A radiação ionizante irá
atravessar os filtros antes de atingir o filme. As manchas escuras que aparecem no filme
depois de revelado é proporcional à radiação ionizante à qual foi exposto.
A Figura 24 apresenta um filme dosimétrico. Na Tabela 12 são apresentadas as
vantagens e desvantagens deste dosímetro.

Figura 24 – Filme Dosimétrico

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Tabela 12 - Vantagens e desvantagens do filme dosimétrico

Vantagens Desvantagesns

Registro da dose Leitura indireta

Discriminação Sensibilidade a
em energia luz e umidade

Determinação Descartável
da direção do
feixe

12.7.1.2 Dosimétricos Termoluminescentes (TLD)

Os dosímetros termoluminescentes são cristais que, quando irradiados, armazenam a


energia da radiação incidente. Se este dosímetro for aquecido, a uma certa temperatura, após
ter sido irradiado, a energia armazenada será liberada com emissão de luz, fenômeno
conhecido como termoluminescência. A quantidade de luz emitida durante o aquecimento é
proporcional à dose absorvida pelo dosímetro.
Os dosímetros TLD têm o formato de pastilhas e geralmente, são utilizados num
estojo que acomoda vários filtros, com a mesma finalidade daqueles utilizados nos
dosímetros fotográficos. Os TLD’s apresentam pouca dependência energética e quase
nenhuma dependência direcional, mas a informação armazenada só pode ser avaliada uma
única vez.
A grande vantagem desses dosímetros é que podem ser reutilizados.

12.7.1.3 Canetas Dosimétricas

As canetas dosimétricas ou câmara de ionização de bolso possuem dimensões de uma


caneta comum. No seu interior existe uma câmara de ionização acoplada a um capacitor que
armazena as cargas produzidas no volume detector. A carga armazenada no capacitor e
medida após a exposição através de um leitor externo. A Figura 25 apresenta um esquema
de caneta dosimétrica ou dosímetro de bolso.
Este tipo de dosimetro integrador necessita de calibração prévia. Operam no intervalo
de leitura entre 0 a 200 mR (51,6 C/kg) com pouca precisão (15%, aproximadamente).

Figura 25 – Esquema de uma caneta dosimétrica


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12.7.2 Monitoração Individual Interna

A monitoração individual interna é utilizada para determinar a quantidade de


radionuclídeos incorporados pelo indivíduo e avaliar a respectiva dose equivalente. Pode ser
feita pela análise de excretas (técnica “in vitro”) ou pela contagem direta (técnica “in vivo”).
Pela técnica “in vitro”, a quantidade de material radioativo incorporado pelo
indivíduo pode ser estimada pela análise de urina, fezes, secreções nasais, escarro, etc. Esta
técnica pode ser aplicada para qualquer radionuclídeo desde que se conheça a relação entre
a quantidade eliminada pelo corpo e a quantidade existente dentro do corpo.
Pela técnica “in vivo”, a avaliação da quantidade de materiais radioativos presentes
no corpo ou num órgão é feita pela medida direta das radiações, posicionando-se detectores
sensíveis, junto ao corpo do indivíduo.
Essa medida deve ser realizada dentro de um recinto blindado com baixa radiação de
fundo. O sistema mais comumente utilizado para esta monitoração é chamado de “contador
de corpo inteiro”.

12.8 Monitoração de Área

12.8.1 Monitoração do Nível de Radiação


É utilizada para dar uma indicação dos níveis de radiação existentes em locais de
trabalho. Por este método, pode-se estimar com antecedência a dose esperada nas pessoas
que permanecerem nesta área, por um determinado tempo, podendo-se adverti-las quando os
níveis de radiação forem inadequados.
Os instrumentos utilizados na monitoração do nível de radiação são: câmaras de
ionização, detectores Geiger-Muller, cintiladores, etc. Estes monitores, utilizados nas áreas
de trabalho, são geralmente calibrados para medir as taxas de dose (mSv/h ou mGy/h) ou as
taxas de exposição (mC/(kg.h)). Os detectores antigos possuem escala em mrad/h ou mR/h.
Podem ser portáteis ou fixos.
Um aparelho portátil comumente utilizado é o detector Geiger-Muller, muitas vezes
denominado “detector beta-gama”.
Este tipo de aparelho possui um invólucro metálico com uma janela. Quando esta
janela estiver fechada, permite detecção apenas da radiação gama e, quando aberta, permite
detectar as radiações gama e beta.
Monitores do tipo fixo podem ser instalados em locais estratégicos. Medem o nível
de radiação constantemente e, quando um nível pré-determinado for atingido, um sinal de
alerta luminoso e/ou sonoro chama a atenção do operador, não permitindo que ele receba
uma dose excessiva de radiação.

12.8.2 Monitoração do Ar

Esta monitoração tem como objetivo detectar a dispersão de material radioativo no


ar, com a finalidade de providenciar a proteção apropriada ao trabalhador exposto ao ar
contaminado e auxiliar a avaliação da quantidade de radionuclídeos incorporados por
inalação. A monitoração de ar é importante nos locais de trabalho onde há possibilidade de
ocorrer a contaminação por poeira, aerossóis e gases radioativos.

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12.8.3 Monitoração da Contaminação de Superfície

Tem como objetivo avaliar a quantidade de material radioativo depositado em objetos


ou superfícies. Pode ser realizado por método direto ou indireto.
No método direto, o detector é colocado sobre a superfície com suspeita de estar
contaminada. A medida da contaminação pode ser lida diretamente no aparelho.
O método indireto é empregado quando for impossível realizar medidas diretas ou
para complementá-las.
Consiste em obter amostras da superfície contaminada, por exemplo, esfregando
papéis de filtro sobre uma área determinada, em geral de 100 cm2. O papel de filtro com a
contaminação transferida é analisado.

12.9 Sinais e Avisos de Radiação

Os equipamentos, os recipientes, as áreas ou os recintos, que possuam riscos


potenciais de radiações ionizantes, devem ser marcados com sinais de advertência de
radiação.
O sinal consiste de um trifólio que representa a radiação, juntamente com dizeres
apropriados. Os dizeres mais comuns são: PERIGO: - ÁREA RADIOATIVA, PERIGO: -
MATERIAL RADIOATIVO ou PERIGO: - RISCO DE RADIAÇÃO.
A Figura 26 apresenta o símbolo da radiação, o trifólio.

Figura 26 – Trifólio de radiação


Além de serem adequadamente sinalizadas, as áreas perigosas geralmente são
isoladas por barreiras ou cordões e têm o acesso permitido só para pessoas especialmente
autorizadas.

13 Detectores

A radiação por si só não pode ser medida diretamente, portanto, a detecção é


realizada pela análise dos efeitos produzidos pela radiação quando esta interage com um
material.
Um sistema de detecção de radiação é constituído de duas partes: um mecanismo
detector e outro de medição. A interação da radiação com o sistema ocorre no detector e o
sistema de medição interpreta esta interação. De maneira geral, os sistemas de detecção de
radiação são chamados de detectores.

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13.1 – Detectores Gasosos

Nos detectores à gás, a carga gerada pelos pares de íons é coletada por meio do
campo elétrico criado de forma conveniente por um circuito elétrico. A carga, ao atingir o
eletrodo, produz uma variação na carga do circuito, que pode ser detectada e transformada
em um sinal elétrico. Essa carga corresponde a uma corrente, que pode ser medida
utilizando-se eletrômetros.
O modo de operação que mede a corrente média gerada em um intervalo de tempo é
denominado modo de operação tipo corrente.
Outra forma de operar o detector é registrar o sinal gerado pela radiação, criando um
pulso referente à variação de potencial correspondente. Esse modo é denominado modo de
operação tipo pulso. Nesse caso, o número de pares de íons gerados e coletados corresponde
também à intensidade (ou amplitude) do pulso gerado para o detector.

13.1.1. Regiões de Operação para Detectores à Gás

A probabilidade de interação da radiação com o gás, resultando na formação de pares


de íons, varia com o campo elétrico aplicado (ou diferença de potencial aplicada) ao gás
dentro do volume sensível. A Figura 27 mostra a variação do número de pares de íons em
relação à variação do campo elétrico, para duas radiações de mesmo tipo e energias
diferentes. Pode-se separar o intervalo de variação do campo elétrico em seis regiões, pelas
características específicas de geração e coleta de carga. Essas regiões são:

VI

IV

III

II
I

Tensão aplicada no gás

Figura 27 - Variação do nº de cargas coletadas com a intensidade do


campo aplicado.

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I - Os pares de íons recombinam-se e não há registro de pulso.

II - Região das Câmaras de Ionização: Cessa a recombinação, todos os pares de íons são
coletados. Ocorre a produção de pulsos independentes da tensão aplicada, mas proporcional
a energia da radiação incidente.

III - Região proporcional: nesta região, os elétrons livres são capazes de provocar novas
ionizações. O detector obtido mantém a proporcionalidade entre a energia absorvida e o
número de cargas coletadas.
O detector que opera nesta região é o detector proporcional, que assim como a câmara de
ionização é capaz de distinguir radiações de diferentes níveis de energia.

IV - Região pouco utilizada, pois a carga depende da tensão de forma não linear.

V - Região do Geiger-Muller: - os pulsos formados neste detector são constantes e


independem da energia da radiação.
O detector que opera nesta região é o Geiger-Müller (GM). Os GM não são capazes de
diferenciar tipos de energia.

VI - Região de descarga elétrica contínua (avalanche). Nesta região os detectores não


operam.

13.2 - Detetores de Cintilação

A utilização de materiais cintiladores para detecção de radiação é muito antiga - o


sulfeto de zinco já era usado nas primeiras experiências com partículas α - e continua sendo
uma das técnicas mais úteis para detecção e espectroscopia de radiações.
Algumas das características ideais de um bom material cintilador são:

- que transforme toda energia cinética da radiação incidente ou dos produtos da


interação em luz detectável;
- que a luz produzida seja proporcional à energia depositada;
- que seja transparente ao comprimento de onda da luz visível que produz;
- que tenha boa qualidade ótica, com índice de refração próximo ao do vidro
(aprox.1,5);
- que seja disponível em peças suficientemente grandes para servir para construção
de detectores;
- que seja facilmente moldável e/ou usinável para construir geometrias adequadas de
detectores.

Embora seja difícil encontrar um material que reúna todas essas condições ideais,
alguns materiais apresentam boas características para sua utilização.

13.2.1 Eficiência de Cintilação

A eficiência de cintilação para um cintilador é definida como a fração da energia de


todas as partículas incidentes que é transformada em luz visível. Existe uma série de
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interações da radiação com o material cintilador com transferência de energia e, a
desexcitação, não ocorre através da emissão de luz, mas principalmente sob a forma de
calor.
Existem dos tipos de cintiladores: inorgânicos e orgânicos.
O mecanismo de cintilação em materiais inorgânicos depende dos estados de energia
definidos pela rede cristalina do material. Dentro dos materiais isolantes ou semicondutores
os elétrons têm disponíveis para ocupar somente algumas bandas discretas de energia. A
banda de valência representa os elétrons que estão essencialmente ligados aos sítios da rede
cristalina, enquanto que a banda de condução representa os elétrons que têm energia
suficiente para migrar livremente através do cristal. Existe uma banda de energia
intermediária, denominada banda proibida, onde os elétrons nunca são encontrados. Quando
determinadas substâncias são introduzidas no cristal (ainda que em quantidades muito
pequenas) são criados sítios especiais na rede cristalina dentro da chamada banda proibida,
como mostra a Figura 28.

Figura 28 – Estrutura de bandas de energias em um cintilador

Os elétrons da banda de valência ao receberem energia suficiente da radiação,


ocupam os níveis de energia criados pela presença do ativador. Ao se desexcitarem e
retornarem aos níveis de valência, os elétrons emitem a energia referente à diferença dos
níveis, na forma de fótons, que são então propagados pela estrutura cristalina. A produção
dos fótons é proporcional à energia da radiação e a eficiência de detecção irá variar com a
radiação e com o material utilizado como cintilador.
Somente dois materiais alcançaram grande popularidade como cintiladores cristalinos
orgânicos: o antraceno e o estilbeno. O antraceno é um dos materiais orgânicos mais antigos
utilizados para cintilação e tem a característica de ter a maior eficiência de cintilação entre
os materiais orgânicos. Os dois materiais são relativamente frágeis e difíceis de obter em
grandes peças. Além disso, a eficiência de cintilação depende da orientação da partícula
ionizante em relação ao eixo do cristal.

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13.2.2 A Válvula Fotomultiplicadora

Um dispositivo fundamental para a utilização dos detectores à cintilação é a


fotomultiplicadora, que transforma os sinais luminosos produzidos pela radiação,
usualmente muito fracos, em sinais elétricos com intensidade conveniente para serem
processados em um sistema de contagem ou de espectroscopia.
A Figura 29 apresenta uma válvula fotomultiplicadora. Os dois elementos principais
são o fotocatodo e a estrutura de multiplicação de elétrons. A função do fotocatodo, que é
acoplado ao detector onde ocorre a cintilação (no caso, o cristal detector), é transformar em
elétrons os sinais luminosos originados pela interação com a radiação. Como, normalmente,
os fótons produzidos no cristal pela interação de uma partícula são apenas algumas
centenas, o número de elétrons gerados pelo fotocatodo também é muito pequeno. Em
conseqüência, o sinal gerado seria muito pequeno para ser convenientemente processado. O
número de elétrons produzidos originalmente pelos fótons no fotocatodo é então
multiplicado pelo conjunto de dinodos adequadamente arranjados. Cada dinodo funciona
como um elemento de multiplicação: o elétron que sai do estágio anterior, é acelerado pelo
dinodo seguinte, ganha energia, e ao colidir com a superfície do dinodo arranca um número
maior de elétrons, que são atraídos e acelerados para o próximo estágio e assim
sucessivamente. Um conjunto típico de dinodos consegue a multiplicação por um fator de
105 a 106, com a produção de 107 a 109 elétrons, carga suficiente para gerar um pulso de
tensão ao ser coletada no anodo da fotomultiplicadora. O fenômeno de multiplicação de
elétrons é também conhecido como emissão secundária.

Figura 29 – Válvula Fotomultiplicadora

13.3 – Escolha de um Monitor

Existem no mercado diversos monitores de radiação. Porém, a escolha do monitor,


depende da necessidade de cada empresa. Os monitores descritos aqui são apenas alguns
dentre muitos que existem.
Para determinar qual o monitor que você precisa, deve saber qual o tipo de fonte que
tem, a precisão desejada na medição, como ele será utilizado, o limite de operação desejado,
etc.

A Tabela 13 apresenta uma relação de detectores e suas aplicações.


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Tabela 13 – Detectores e suas aplicações

DETECTORES APLICAÇÃO
Câmara de - Dosimetria;
Ionização - Padronização para raios X e gama
Proporcional - Muito usado para determinação de
atividade α e β;
- Medição de raios X e γ de baixa energia
GM - Muito usado nos equipamentos
comerciais de monitoração de radiação;
- Pouca sensibilidade para raios X e γ de
baixa energia
Cintiladores - Possuem melhor resolução em energia
que os gasosos;
- São mais adequados para espectrometria
da radiação eletromagnética;
- Podem ser usados em dosimetria.

13.3.1Cuidados na Operação de um Monitor

Antes de utilizar um monitor, você deve ter certeza que:

- A bateria possui carga mínima necessária;


- Equipamento está calibrado;
- Ele está em bom estado de conservação e funcionamento;
- Foi escolhido um monitor adequado ao tipo de radiação; e
- A escala utilizada é correta.

14 – Efeitos Biológicos das Radiações

A exposição do corpo humano às radiações ionizantes, quer originária de uma fonte


externa, quer por contaminação interna do corpo por substâncias radioativas, ocasiona
efeitos biológicos que podem se revelar posteriormente através de sintomas clínicos. A
natureza, a severidade e tempo em que eles aparecem, depende da quantidade de radiação
absorvida.

14.1 Radiação de Fundo

A vida no planeta sempre foi sujeita à exposição das radiações provenientes dos raios
cósmicos e dos elementos radioativos existentes na crosta e atmosfera terrestre. Estas
radiações são denominadas radiações de fundo (BACKGROUND - BG).
Os efeitos das radiações de fundo sobre o homem não são fáceis de discernir, mas o
conhecimento dessas fontes de radiações e das doses que o homem recebe proveniente das
mesmas é de grande utilidade na avaliação dos níveis de exposição dos quais não se
esperam efeitos significantemente danosos.
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14.2 Mecanismo de Ação das Radiações Ionizantes

Os efeitos biológicos produzidos pela ação das radiações ionizantes no organismo


humano são resultantes da interação dessas radiações com os átomos e as moléculas do
corpo. Nessa interação, o primeiro fenômeno que ocorre é físico e consiste na ionização e na
excitação dos átomos, resultante da troca de energia entre a radiação e a matéria. Seguindo-
se a este, ocorre o fenômeno químico que consiste de rupturas de ligações químicas nas
moléculas. A seguir aparecem os fenômenos bioquímicos e fisiológicos. Após um intervalo
de tempo variável aparecem as lesões observáveis, que podem ser no nível celular ou no
nível do organismo como um todo. Na maioria das vezes, devido à recuperação do
organismo, os efeitos não chegam a serem visíveis ou detectáveis.
Um dos processos mais importantes de interação da radiação no organismo humano é
com as moléculas de água. Esta importância é devido a grande quantidade de água presente
no organismo humano (aproximadamente 70 % do corpo humano).
Quando a radiação interage com as moléculas de água do organismo humano, essas
moléculas se quebram formando uma série de produtos danosos ao organismo, como os
radicais livres e a água oxigenada. Esse processo é chamado de radiólise da água.

14.2.1 Características Gerais dos Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes

· Especificidade
Os efeitos biológicos das radiações ionizantes podem ser provocados por outras
causas que não as radiações, isto é, não são característicos ou específicos das radiações
ionizantes. Outros agentes físicos, químicos ou biológicos podem causar os mesmos efeitos.
Exemplo: O câncer é um tipo de efeito que pode ser causado tanto pelas radiações
ionizantes como por outros agentes.

· Tempo de latência
É o tempo que decorre entre o momento da irradiação e o aparecimento de um dano
biológico visível. No caso da dose de radiação ser alta, esse tempo é muito curto. Os danos
decorrentes da exposição crônica, doses baixas com tempo de exposição longo, podem
apresentar tempos de latência da ordem de dezenas de anos. O tempo de latência é
inversamente proporcional à dose.

· Reversibilidade
Os efeitos biológicos causados pelas radiações ionizantes podem ser reversíveis. A
reversibilidade de um efeito dependerá do tipo de célula afetada e da possibilidade de
restauração desta célula. Existem, porém, os danos irreversíveis como o câncer e as
necroses.

· Transmissibilidade
A maior parte das alterações causadas pelas radiações ionizantes que afetam uma
célula ou um organismo não são transmitidos a outras células ou outros organismos. Deve-
se, porém, citar os danos causados ao material genético das células dos ovários e dos
testículos. Esses danos podem ser transmitidos hereditariamente por meio da reprodução.

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· Dose Limiar
Certos efeitos biológicos necessitam, para se manifestar, que a dose de radiação seja
superior a um valor mínimo, chamada de dose limiar. Existem também os efeitos que não
necessitam de uma dose mínima para se manifestar. Como exemplo, pode-se citar a anemia
cuja dose limiar é de 1 Sv e todas as formas de câncer que teoricamente não necessitam de
uma dose limiar.

· Radiosensibilidade
Nem todas as células, os tecidos, os órgãos e os organismos respondem igualmente à
mesma dose de radiação. As diferenças de sensibilidade observadas seguem a “lei de
Bergonie e Tribondeau” a qual diz: “a radiosensibilidade das células é diretamente
proporcional a sua capacidade de reprodução e inversamente proporcional ao seu grau de
especialização”. Por exemplo, a pele e as células produtoras de sangue.

14.3 Classificação dos Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes

Os efeitos radioinduzidos podem receber denominações em função do valor da dose e


forma de resposta, em função do tempo de manifestação e do nível orgânico atingido.
Assim, em função da dose e forma de resposta, são classificados em estocásticos e
determinísticos; em termos do tempo de manifestação, em imediatos e tardios; em função do
nível de dano, em somáticos e genéticos (hereditários).

14.3.1 Efeitos Estocásticos


Os efeitos estocásticos são aqueles para os quais a probabilidade de ocorrência é
função da dose, não apresentando dose limiar.
Exemplo: o câncer e os efeitos hereditários.
A curva característica deste tipo de efeito é mostrada na Figura 30.

Figura 30 – Efeito Estocástico

14.3.2 Efeitos Determinísticos


Os efeitos determinísticos são produzidos por doses elevadas, acima do limiar, onde a
severidade ou gravidade do dano aumenta com a dose aplicada. A probabilidade do efeito
determinístico, assim definido, é nula para valores de dose abaixo do limiar, e 100%, acima.
Exemplo: anemia, catarata, radiodermites etc.

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A curva característica deste tipo de efeito é mostrada na Figura 31.

Figura 31 – Efeito determinístico

14.3.3 Efeitos Somáticos

Surgem do dano nas células do corpo e o efeito aparece na própria pessoa irradiada.
Dependem da dose absorvida, da taxa de absorção da energia da radiação, da região e
da área do corpo irradiada.

14.3.4 Efeitos Hereditários

São efeitos que surgem no descendente da pessoa irradiada, como resultado do dano
produzido pela radiação em células dos órgãos reprodutores, as gônadas. Têm caráter
cumulativo e independe da taxa de absorção da dose.

14.3.5 Efeitos Imediatos e Tardios

Os primeiros efeitos biológicos causados pela radiação, que ocorrem num período de
poucas horas até algumas semanas após a exposição, são denominados de efeitos imediatos,
como por exemplo, a radiodermite. Os que aparecem depois de anos ou mesmo décadas, são
chamados de efeitos retardados ou tardios, como por exemplo o câncer.
Se as doses forem muito altas, predominam os efeitos imediatos, e as lesões serão
severas ou até letais. Para doses intermediárias, predominam os efeitos imediatos com grau
de severidade menor, e não necessariamente permanentes. Poderá haver, entretanto, uma
probabilidade grande de lesões severas a longo prazo. Para doses baixas, não haverá efeitos
imediatos, mas há possibilidade de lesões a longo prazo.
Os efeitos retardados, principalmente o câncer, complicam bastante a implantação de
critérios de segurança no trabalho com radiações ionizantes. Não é possível, por enquanto,
usar critérios clínicos porque, quando aparecem os sintomas, o grau de dano causado já
pode ser severo, irreparável e até letal. Em princípio, é possível ter um critério biológico e
espera-se algum dia ser possível identificar uma mudança biológica no ser humano que
corresponda a uma mudança abaixo do grau de lesão. Por enquanto, utilizam-se hipóteses
estabelecidas sobre critérios fisicos, extrapolações matemáticas e comportamentos
estatísticos.

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14.4 Síndrome Aguda da Radiação

O conjunto e a sucessão de sintomas que aparecem em vítimas de acidentes


envolvendo doses elevadas de radiação é denominado de Síndrome de Irradiação Aguda. Os
sistemas envolvidos são o circulatório, particularmente o tecido hematopoiético; o
gastrointestinal e o sistema nervoso central. Para valores de dose e os sintomas associados
podem ser representados de modo simplificados, conforme mostra a Figura 32.

Figura 32 – Síndrome de Irradiação Aguda

Os sintomas da síndrome aguda de irradiação com relação a dose e tempo de


manifestação são apresentados na Tabela 14.

Tabela 14 - Sintomas de doença resultantes da exposição aguda à radiação ionizante, em


função do tempo.

Tempo de Sobrevivência
Manifestação Provável Possível Improvável
(semanas) 1 – 3 Gy 4 – 7 Gy > 8 Gy
1 Fase latente, nenhum Náusea, vômito Náusea, vômito,
sintoma definido diarréia, garganta
inflamada, febre,
emagrecimento
rápido, morte.
2 Depilação, perda de
apetite, indisposição,
garganta dolorida,
diarréia,
emagrecimento,
morte
3 Depilação, perda de
apetite, indisposição
4 garganta dolorida,
emagrecimento
moderado
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15 Aplicação das Radiações

No início da era nuclear, houve um incentivo muito grande para o desenvolvimento


de aplicações dos materiais radioativos. O objetivo era encontrar usos benéficos que
proporcionassem retorno econômico, conhecimento científico avançado e, principalmente,
melhorasse a qualidade de vida da sociedade. Nos dias de hoje, a energia nuclear é utilizada
para geração de energia elétrica, sendo uma forte concorrente com os demais recursos
energéticos; os materiais radioativos, por ela produzidos, são largamente utilizados na
medicina, indústria e agricultura. Algumas dessas aplicações serão descritas a seguir.

15.1 Aplicações na Medicina

O uso de materiais radioativos na medicina engloba tanto o diagnóstico como a


terapia, sendo eles ferramentas essenciais na área de oncologia.

15.1.1 Diagnóstico

Os ensaios realizados para diagnóstico podem ser “in vivo” ou “in vitro”. Nos
ensaios “in vivo”, o radioisótopo é administrado diretamente no paciente. O material a ser
administrado, contendo uma pequena concentração do radioisótopo, deve ter afinidade com
o tecido ou o órgão que se quer observar.
A radiação emitida produz uma imagem que revela o tamanho, a forma, as condições
do órgão e, principalmente, sua dinâmica de funcionamento.
Pode-se dizer que este tipo de ensaio é utilizado para todos os órgãos e sistemas do
corpo humano, destacando-se, entre muitos, os estudos do miocárdio, da função renal e
tireoidiana.
Os ensaios “in vitro” consistem na retirada de material orgânico do paciente, em
geral plasma sangüíneo (sangue), e na reação de substâncias marcadas com material
radioativo com algumas substâncias presentes no plasma, e posteriormente, medidas em
detectores de radiação. A atividade detectada indica a presença e a concentração das
substâncias que estão sendo analisadas.

15.1.2 Terapia

Nesta prática, a irradiação do paciente, a fim de destruir as células cancerígenas de


um órgão, pode ser feita de três formas distintas:

a) A fonte radioativa é posicionada a certa distância do paciente e a irradiação se dá


por feixe colimado (teleterapia).
b) A fonte radioativa é posicionada em contato direto com o tumor ou inserida no
mesmo (braquiterapia).
c) A substância radioativa é injetada no paciente, a qual se instala no órgão de
interesse por compatibilidade bioquímica.

Recentemente, os materiais radioativos têm sido utilizados também para o tratamento


da dor. É o caso do uso de Samário 153 em pacientes portadores de metástases ósseas de
câncer, nos quais o uso de analgésicos potentes não surte efeitos.

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15.1.3 Radioesterilização

A radioesterilização é outra tecnologia importante, com as seguintes aplicações na


medicina:
- Irradiação de produtos sangüíneos destinados a transplantes, prevenindo possíveis
rejeições;
- Esterilização de tecidos humanos destinados a implantes;
- Esterilização de válvulas cardíacas, rejeitos biomédicos, dispositivos contraceptivos
intra-uterinos, preservativos masculinos e outros produtos e materiais descartáveis.

15.2 Aplicação na Indústria

15.2.1 Agricultura

Na agricultura, os materiais radioativos são utilizados para controle de pragas e


pestes, hibridação de sementes, preservação de alimentos, estudos para aumento de
produção etc...
A conservação de alimentos por períodos prolongados é conseguida por meio de
esterilização desses alimentos com altas doses de radiação, e o controle de pragas e pestes
pode ser efetuado por meio da esterilização por raios γ. A Figura 32 apresenta algumas
ilustrações sobre os usos de fontes radioativas na agricultura, sendo o quadro “a” referente
ao controle de pragas e pestes, o quadro “b” referente à esterilização de alimentos e o
quadro “c” referente à hibridação de sementes.

Figura 32 – Uso da radiação na agricultura

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15.2.1.1 Irradiação de Alimentos

Devido este assunto ainda ser polêmico, cabe aqui estuda-lo.


A tecnologia de irradiação de alimentos, aprovada pela Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e utilizada em 37 países, é um método
eficaz para melhorar a qualidade de produtos alimentícios.

15.2.2 Traçadores Radioativos

As radiações emitidas por radioisótopos podem atravessar a matéria e, dependendo


da energia que possuam, são detectadas (“percebidas”) onde estiverem, através de aparelhos
apropriados, denominados detectores de radiação. Dessa forma, o deslocamento de um
radioisótopo pode ser acompanhado e seu percurso ou “caminho” ser “traçado” num mapa
do local. Por esse motivo, recebe o nome de traçador radioativo.
Traçadores Radioativos - Radioisótopos que, usados em quantidades muito pequenas,
podem ser “acompanhados” por detectores de radiação.

15.2.3 Gamagrafia

Uma técnica bem conhecida nesta área é a gamagrafia industrial, similar a uma
radiografia de peças metálicas ou de estrutura de concreto.
Torna-se possível verificar se há defeitos ou rachaduras que poderiam causar
vazamentos. A Figura 33 apresenta a utilização desta técnica.
Na construção do gasoduto Brasil-Bolívia utilizou-se esta técnica

Figura 33 - Gamagrafia

Os fabricantes de válvulas usam a gamagrafia, na área de Controle da Qualidade,


para verificar se há defeitos ou rachaduras no corpo das peças.
As empresas de aviação fazem inspeções freqüentes nos aviões, para verificar se há
“fadiga” nas partes metálicas e soldas essenciais sujeitas a maior esforço (por exemplo, nas
asas e nas turbinas) usando a gamagrafia.

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15.2.4 Medidores Nucleares

Medidores Nucleares é o termo utilizado para descrever um equipamento que utiliza


radiações ionizantes ou partículas nucleares, emitidas por uma fonte selada, o qual é
utilizado em processos de controles industriais.

15.2.4.1 Medidores de Espessura e Gramatura

Na produção contínua de materiais na forma de lâminas ou folhas existe a


necessidade de medir, durante o processo de fabricação, a espessura ou o peso por unidade
de superfície com que vão sendo manufaturados tais materiais. Essa medição pode ter um
duplo propósito: controlar a qualidade do produto e servir também de base para a regulação
automática do processo. Um esquema de medidor de espessura é apresentado na Figura 34.

D1 Material de D2
Material recobrimento
base

λ λ

F1 F2
1º Equipamento 2º Equipamento

Figura 34 – Medidor de Espessura

15.2.4.2 Medidor de Nível

Os medidores nucleares de nível são aplicáveis a materiais líquidos, pastosos ou na


forma de sólidos granulados. O fato de operarem sem contato com os produtos contidos nos
reservatórios, os torna especialmente recomendados quando as características físico-
químicas do processo (pressão, temperatura, viscosidade, poder abrasivo ou corrosão)
dificultam ou excluem o emprego de sistemas clássicos de medição.
A medição nuclear apresenta também vantagens nos casos em que, por qualquer
razão, a montagem do sistema deve ser realizada sem interrupção dos processos em
andamento e sem interferências com as instalações já existentes.
A Figura 35 apresenta um esquema de um medidor de nível.

15.2.4.3 Medidor de Densidade

Os densímetros nucleares são recomendados para a medição contínua e sem contato


de líquidos, lamas, suspensões aquosas e soluções de todo tipo, além de sólidos compactos
ou granulados, circulando em tubulações ou armazenados em vasos e reatores químicos, sob
qualquer condição de pressão, temperatura, abrasividade e/ou corrosividade.

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FONTE DETETOR FONTE


DETETOR

SEM MATERIAL COM MATERIAL


NO TANQUE NO TANQUE

Figura 35 – Medidor de Nível

A Figura 36 apresenta um esquema representativo de um medidor de densidade.

FONTE
DETETOR

SENTIDO DO FLUXO

Figura 36 – Medidor de Densidade

15.2.4.4 Medição de Umidade

As técnicas de medição de umidade baseiam-se na influência da concentração de


hidrogênio no processo de moderação de nêutrons, quando o material é irradiado com uma
fonte nêutrons rápidos.
O hidrogênio tem, com relação aos demais elementos normalmente encontrados nas
rochas, uma seção eficaz de espalhamento elástico de nêutrons relativamente alta e, ao
mesmo tempo, apresentam o máximo “decremento logarítmico” médio de energia por
colisão. Em outras palavras: os nêutrons rápidos têm grande probabilidade de provocar uma
colisão elástica com um núcleo de hidrogênio, e a perda fracionária média de energia por
choque é também grande.
Portanto, dentro do material irradiado, os nêutrons rápidos atingirão a energia térmica
num percurso tanto menor, quanto maior seja a concentração de hidrogênio.
A Figura 37 apresenta um esquema representativo de um medidor de umidade.
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SONDA

Figura 37 – Medidor de Umidade

15.2.4.5 Balanças Nucleares

No caso de esteiras transportadoras, combinando as medições instantâneas do peso


por unidade de área do material sobre a correia com a velocidade de deslocamento desta
última, é possível obter o peso de material transportado por unidade tempo.
Basicamente, o sistema funciona com a passagem de uma esteira entre um sensor de
radiação na parte inferior da esteira, e uma fonte radioativa com sua blindagem na parte
superior da esteira. Tanto o sensor (detector) como a fonte com sua blindagem não devem
possuir nenhum contato com a esteira, o que garantirá que o sistema não será afetado nem
pela variação da tensão na esteira, nem mesmo pelas condições ambientais adversas, como
variações da temperatura, do vento, etc.
Parte da energia emitida por uma fonte radiação gama é absorvida pela massa do
material transportado pela esteira. A energia residual é transmitida ao detector. A
quantidade de energia recebida pelo detector é inversamente proporcional à massa
transportada pela esteira. Para o ajuste do sistema, basta deixar a esteira movimentar-se
vazia durante um ciclo completo, ajustando a saída do detector para zero e depois, carregue
a esteira com a carga máxima pretendida e ajuste a saída do detector na indicação máxima.
Para análise do sistema de medição, será utilizado o esquema da Figura 38.
O medidor de peso possui uma pequena roldana em braço móvel colocada debaixo da
esteira, com a finalidade de transmitir a velocidade da esteira a um tacômetro. A medida do
tacômetro constitui um dos parâmetros para o cálculo da massa real transportada.

Principais características de um sistema medidor de peso:


- baixo custo;
- instalação simples;
- não há contato com o produto;
- manutenção mínima;

Como também as medições independem:


- da tensão da esteira;
- da temperatura;
- da velocidade do vento; e
- de vibrações em geral.

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FONTE

DETETOR
Figura 38 – Balança Nuclear

15.3 Datação do Carbono 14

Fósseis de madeira, papiros e animais contêm C-14, cuja meia-vida é de 5.600 anos.
Isso significa que, a cada 5.600 anos, a atividade do C-14 é reduzida à metade. Medindo-se
a proporção de C-14 que ainda existe nesses materiais é possível saber a “idade” deles. Foi
assim, por exemplo, que se determinou a idade dos Pergaminhos do Mar Morto. O C-14
resulta da absorção contínua dos nêutrons dos raios cósmicos pelos átomos de nitrogênio
nas altas camadas da atmosfera. Esse isótopo radioativo do carbono se combina com o
oxigênio, formando o CO2 , que é absorvido pelas plantas.

16 Transporte de Material Radioativo

O objetivo de todo sistema de transporte de materiais perigosos é assegurar o


controle adequado sobre os riscos a que estão expostos as pessoas, os objetos e o meio
ambiente durante o transporte de um material radioativo.
Todo o material radioativo, para ser transportado, deve ser acondicionado em uma
embalagem apropriada. Esta embalagem é projetada e construída para ser uma barreira
efetiva entre o meio ambiente e o material radioativo. O conjunto formado pelo material
radioativo e sua embalagem é chamado de embalado.
Uma série de normas definem os requisitos para todas as modalidades de transporte
de materiais radioativos, seja ele por via terrestre, aquática ou aérea, com veículos de
qualquer tipo e inclui não somente o trânsito de materiais, mas também todas as operações
envolvidas no transporte. O transporte de materiais radioativos deve estar em acordo com a
Norma de Transporte da CNEN – NE.5.01, assim como com as Leis Nacionais de Transito,
para transporte de cargas perigosas.
Para a realização de transporte de material radioativo, é necessário um Plano de
Transporte aprovado pela CNEN e pelo IBAMA.
À medida que a quantidade, a concentração e o risco potencial do material radioativo
aumentam, as exigências legais tornam-se mais restritivas.
Vários organismos possuem jurisdição durante o transporte de material radioativo de
um local para outro. Os principais deles são:
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· Comissão Nacional de Energia Nuclear;
· Ministério dos Transportes;
· Ministério da Marinha;
· Ministério da Aeronáutica;
· Organismos Internacionais que regulamentam o transporte seguro.

16.1 Exigências Legais

Todo indivíduo autorizado, responsável pela transferência, embalagem e embarque


de material radioativo deve estar familiarizado com os regulamentos existentes e estabelecer
instruções em forma de procedimentos quanto à conduta a ser seguida pelos trabalhadores,
com relação aos seguintes itens:
- Tipo e quantidade de material radioativo;
- Tipo de embalado;
- Selos, rótulos e etiquetas;
- Níveis de dose nos embalados e veículos;
- Documentação para embarque.

16.1.1 Responsabilidades do Expedidor

- Preparar os documentos de transporte;


- Assegurar a colocação de placas, rotulagem e marcação dos embalados;
- Fornecer informações, documentos e instruções ao transportador;
- Enviar notificações às autoridades competentes;
- Requerer autorizações às autoridades.

16.1.2 Responsabilidades do Transportador

- Satisfazer os requisitos para transporte de materiais perigosos;


- Fornecer informações sobre itinerário a ser seguido, estabelecido e paradas
noturnas, providências a serem tomadas em caso de emergência;
- Obedecer ao itinerário estabelecido;
- Obedecer aos requisitos de radioproteção e proteção física;
- Providenciar a utilização correta do símbolo internacional da presença de material
radioativo.

A Figura 39 apresenta um veículo de transporte devidamente sinalizado.

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Figura 39 – Veículo para transporte de material radioativo

16.1.3 Documentação para o Transporte

Os documentos necessários para o transporte de material radioativo são:


- Declaração do expedidor;
- Ficha de emergência;
- Ficha de monitoração do veículo;
- Declaração da IATA para embarque de artigos perigosos, quando aplicável;
- Autorização da CORAD/CNEN para a realização do transporte (RAR, RTR, etc.).
Para o preenchimento dos formulários para transporte de material radioativo, são
necessárias as seguintes informações:
- Nome do material ou item;
- N.º da classe “7” da ONU;
- As palavras MATERIAL RADIOATIVO;
- N.º da ONU atribuído ao material;
- Nome e símbolo de cada radionuclídeo;
- Forma física e química do material;
- Atividade máxima do conteúdo;
- Categoria do embalado;
- Índice de transporte (o maior entre os embalados), quando aplicável.

16.1.4 Armazenamento em Trânsito

O material radioativo, quando em trânsito, deve ser segregado de:


- Locais ocupados por trabalhadores e indivíduos de público;
- Filme fotográfico virgem;
- Carga viva;
- Alimentos;
- Outros produtos perigosos.

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16.2 Embalados

Os tipos de embalados para material radioativo existentes são os seguintes:


· Embalado exceptivo;
· Embalado industrial;
· Embalado Tipo A;
· Embalado Tipo B.

As exigências de desempenho dos embalados refletem o grau de risco associado com


o tipo, quantidade e outras características do material radioativo expedido.
Muitas expedições radioativas envolvem quantidades de radioatividade e níveis de
exposição na superfície que são extremamente baixos. Tais expedições, denominadas
expedições com quantidades limitadas, podem ser empacotadas em embalagens comuns
utilizadas para qualquer tipo de material. O risco potencial radiológico oferecido por esse
tipo de expedição é muito baixo.
Os materiais radioativos típicos expedidos em embalados com quantidades limitadas
(embalados exceptivos) incluem certos conjuntos para diagnóstico médico, materiais de
verificação usados na pesquisa e indústria, e dispositivos contendo material radioativo tais
como ponteiros luminosos de relógio e instrumentos eletrônicos especiais. Tais materiais
são expedidos rotineiramente por transportadoras comuns.
Para expedições com risco potencial significativo (maior que no caso anterior), os
embalados são projetados para evitar a liberação do material radioativo para o meio
ambiente, tanto em condições normais de transporte como também em certas condições de
acidente.
Não existem informações conhecidas sobre exposição à radiação, resultante de
acidentes graves com transporte de material radioativo, apesar de serem feitas milhões de
expedições por ano. Este registro excelente de segurança se deve ao controle efetivo sobre o
transporte de embalados.

16.2.1 Informações Exigidas no Transporte de Materiais Radioativos

As informações exigidas no transporte de materiais radioativos incluem:


- Etiquetas do embalado;
- Marcas do embalado;
- Placas de sinalização do veículo;
- Documentos de expedição.

16.2.1.1 Etiquetas do Embalado

Todos os embalados devem exibir uma etiqueta indicativa de material radioativo,


com exceção dos embalados com quantidade limitada (embalado exceptivo).
Existem três tipos de etiquetas que são utilizadas para identificar os materiais
radioativos. Todas estas etiquetas exibem o símbolo na forma de trifólio, que é a maneira
universal para identificação de radioatividade ou radiação. As informações contidas na
etiqueta de um embalado são suficientes para determinar o risco associado, sem o uso de um
detector de radiação.

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A etiqueta radioativa Branca-I é usada em embalados com uma taxa de dose máxima
de 0,005 mSv/h (0,5 mrem/h) sobre qualquer ponto encostado à superfície externa do
embalado.
A etiqueta radioativa Amarela - II é usada em embalados que apresentam uma taxa
de dose máxima de 0,5 mSv/h (50 mrem/h) sobre qualquer ponto encostado à superfície
externa do embalado. A etiqueta radioativa Amarela - III é usada em embalados com uma
taxa de dose máxima de 2 mSv/h (200 mrem/h ) sobre qualquer ponto encostado à superfície
externa do embalado.
As cores apresentadas nas etiquetas da Figura 40 são padronizadas
internacionalmente. A cor do texto e do símbolo de radiação é preta, exceto a cor dos
numerais I, II ou III que deve ser vermelha.

Figura 40 - Etiquetas para Embalados

O tipo de etiqueta indica, rapidamente, para qualquer pessoa informada do público ou


para autoridades, a taxa de dose próxima ao embalado, se o embalado não estiver
danificado. Caso contrário, este valor deve ser avaliado.
As etiquetas indicam também o tipo de material radioativo contido no embalado e
sua respectiva atividade.
Estas informações são úteis para os especialistas de radioproteção, na determinação
do grau de risco apresentado se o embalado for danificado e apresentar liberação de material
radioativo.

17 Gerência de Rejeitos Radioativos

“Lixo atômico” é o termo popular empregado para designar o “lixo” radioativo


gerado nos reatores nucleares e nas usinas de reprocessamento de elementos combustíveis
queimados. Contudo, o termo mais adequado e utilizado pela comunidade científica é
“rejeito radioativo” que abrange todos aqueles materiais gerados nos diversos usos dos
materiais radioativos, já apresentados anteriormente, que não podem ser reaproveitados e
que contêm substâncias radioativas em quantidades tais que não podem ser tratados como
lixo comum.

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17.1 Origem dos Rejeitos Radioativos

Os rejeitos radioativos são classificados em dois grupos principais: os rejeitos


institucionais e os rejeitos do ciclo do combustível.
Os rejeitos institucionais originam-se nas instalações radiativas, ou seja, instituições
de pesquisa, laboratórios de análises clínicas, hospitais, indústrias e universidades. Os
materiais mais comuns que constituem esta categoria são: rejeitos sólidos, compostos de
luvas, papéis, algodão, vidros e mais uma série de materiais comuns utilizados em
laboratório que, pelo contato com substâncias radioativas, ficaram contaminados; e rejeitos
líquidos, constituídos principalmente da água utilizada na descontaminação de instrumentos
e das soluções que são utilizadas nas análises de laboratório.
Quase todas as substâncias radioativas utilizadas nestas instalações são produzidas
artificialmente, a partir de substâncias não radioativas, em aceleradores de partículas ou,
principalmente, em reatores nucleares os quais, para funcionarem, necessitam de
combustível nuclear: o urânio.
Para poder ser utilizado nos reatores, o urânio é extraído de minérios, concentrado,
purificado e processado.
As instalações onde são realizados estes processos são chamadas de “instalações
nucleares” e é nelas que são gerados os “rejeitos do ciclo do combustível".
Estes rejeitos aparecem com volumes e atividades muito maiores que os rejeitos
institucionais e têm, além disso, uma variedade de composição muito maior. Tanto podem
ser as milhares de toneladas de material com baixa radioatividade das sobras do minério,
como os poucos litros de líquido com altíssima radioatividade que resultam do
reprocessamento do combustível nuclear após seu uso no reator.

17.2 Gerência dos Rejeitos Radioativos

Os rejeitos radioativos precisam ser cuidados de forma adequada para não causarem
danos ao homem e ao meio ambiente, da mesma forma que qualquer resíduo convencional.
Cuidar convenientemente dos rejeitos radioativos significa realizar uma série de
ações que vai desde a coleta dos rejeitos no ponto onde são gerados, até seu destino final,
obedecendo-se aos requisitos de proteção aos trabalhadores, aos indivíduos, do público e ao
meio ambiente.
A esta série de ações dá-se o nome de "Gerência de Rejeitos Radioativos". Ela inclui
a coleta, a segregação dos diversos tipos de rejeitos, o transporte, a caracterização, o
tratamento, o armazenamento e a disposição final (dispersão ou confinamento).

17.2.1 Coleta

É a colocação dos rejeitos em recipientes adequados, separados dos resíduos comuns


e feita por quem gera os rejeitos, no local onde são gerados.

17.2.2 Segregação

Significa a separação física de cada tipo de rejeito no momento da coleta de modo a


facilitar e permitir o tratamento posterior. Ela é feita de acordo com a natureza física,
química e radiológica dos materiais presentes no rejeito e reflete também a infra-estrutura de

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tratamento existente na instituição que vai tratá-lo. De modo a orientar a segregação,
estabelece-se, em geral, uma classificação para os diferentes tipos de rejeitos.
As classificações mais comuns são:
a) Pelo estado físico dos rejeitos:
- sólidos: que podem subdividir-se, em função do tratamento que podem sofrer, em:
compactáveis ou não compactáveis, incineráveis ou não incineráveis, biológicos, fontes
seladas, sólidos úmidos etc.
- líquidos: que podem subdividir-se, em função da natureza química, em: orgânicos
ou inorgânicos, ácidos ou alcalinos, inflamáveis ou não inflamáveis etc.
- gasosos: que podem subdividir-se, em função de sua constituição, em: gases ou
aerossóis.
b) Pela natureza radiológica dos rejeitos:
- em função da sua atividade: baixa, média ou alta. Os rejeitos de baixa atividade são
aqueles que não necessitam blindagem para serem manipulados; os de média atividade
requerem o uso de blindagens para proteção dos operadores; e os de alta atividade requerem,
além da blindagem, o constante resfriamento para remover o calor que geram
continuamente. Os rejeitos institucionais são quase todos de atividade baixa; os rejeitos do
ciclo do combustível são de atividade baixa, média ou alta, dependendo do processo em que
se originam.
- em função da meia-vida: curta, intermediária e longa. Os rejeitos de meia-vida
curta são aqueles que decaem com meia-vida de até poucos anos; os de meia-vida
intermediária são aqueles com meia-vida de poucas dezenas de anos; e os de longa são os
restantes. Um exemplo do primeiro é o rejeito gerado no uso do radioisótopo Iodo-131 em
diagnóstico de doenças, o qual tem meia-vida de 8 dias; um exemplo do segundo é o rejeito
da operação dos reatores, que contém Césio-137, com meia-vida de 30 anos; um exemplo
do terceiro é o rejeito do reprocessamento do combustível nuclear que contém Plutônio-239,
cuja meia-vida é 24.000 anos.
- em função do tipo de radiação que emitem: emissores beta/gama, emissores alfa.
Esta distinção é importante porque os emissores alfa são quase sempre mais radiotóxicos
que os emissores beta/gama.

17.2.3 Tratamento

É o processamento físico e químico dos rejeitos para deixá-los numa forma adequada
aos processos das etapas posteriores da gestão.

17.2.4 Armazenamento

É a guarda temporária dos rejeitos já tratados na própria instalação de tratamento.

17.2.5 Disposição Final

É a colocação dos rejeitos no meio ambiente de forma controlada, não recuperável e


definitiva. A disposição final dos rejeitos radioativos de forma segura, permite duas formas
possíveis de destinação final: a dispersão imediata no meio ambiente ou o confinamento
definitivo nos chamados repositórios.
A dispersão é o processo pelo qual os rejeitos radioativos, após um devido tratamento
físico-químico, são lançados diretamente nos vários compartimentos do ecossistema: na
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atmosfera em se tratando de rejeitos gasosos, em cursos d'água em se tratando de líquidos e
em aterros sanitários convencionais no caso de rejeitos sólidos. A dispersão é adotada
somente quando estudos prévios asseguram que os riscos ecológicos e à saúde humana
decorrentes de tal prática são inferiores àqueles cotidianamente aceitos pela sociedade e
aprovados pelas autoridades.
Os riscos associados à dispersão imediata dos rejeitos no meio ambiente, acima de
certos níveis de radioatividade, são inaceitáveis e, em consequência, estes rejeitos precisam
ser confinados definitivamente nos repositórios.
O confinamento implica no isolamento dos rejeitos dentro dos repositórios, por
longos períodos de tempo – da ordem de centenas a milhares de anos, dependendo da meia-
vida. Os repositórios são construções, em geral subterrâneas, projetadas e realizadas de
modo a minimizar o contato antecipado do rejeito com a biosfera.
Após esta breve descrição dos aspectos relevantes da Gerência de Rejeitos, são
detalhados nos capítulos seguintes as etapas consideradas mais importantes e que mais
preocupação causam ao público: o tratamento e o confinamento dos rejeitos.

17.3 Tratamento de Rejeitos Radioativos

O tratamento dos rejeitos é realizado com o objetivo de promover transformações nas


propriedades físicas e químicas dos rejeitos, que resultam em um aumento da segurança e
numa redução dos custos de transporte e disposição final. O tratamento de rejeitos emprega,
em geral, processos bem estabelecidos nas indústrias convencionais, adaptados para as
condições de trabalho com radiação.
Alguns processos de tratamento são específicos para certas classes de rejeitos
enquanto que outros podem ser utilizados para vários tipos diferentes. A seguir são
apresentados os principais processos de tratamento para as classes mais comuns de rejeito.

17.3.1 Tratamento de Rejeitos Sólidos

Rejeitos sólidos são gerados em grandes quantidades tanto nas instalações nucleares
como nas instalações radiativas. Em geral, são constituídos de materiais descartados em
laboratórios, como luvas, papéis, algodão, vidros, peças de roupa, máscaras, filtros etc.
Demandam muito espaço de estocagem, o que representa um custo muito alto de operação
das instalações. Estes rejeitos contêm, entretanto, grandes quantidades de materiais inertes o
que justifica o uso de processos para redução de volume.
Os métodos de redução de volume mais empregados são: a compactação e a
incineração.
No processo de compactação, os rejeitos que geralmente são recolhidos em sacos de
papel ou plástico, são prensados dentro de um tambor metálico de 200 litros, que será a
embalagem definitiva; o fator de redução de volume é da ordem de 4.
Na incineração, os rejeitos são queimados em fornos especiais até se converterem em
cinzas; o fator de redução de volume pode chegar a 80.
Em ambos os casos, os radionuclídeos não são removidos do rejeito. Na incineração,
a maior parte dos radionuclídeos se concentra nas cinzas e o restante, que é transportado
com a fumaça, fica retido nos filtros.
O rejeito compactado ou as cinzas são então armazenados e depois transportados para
o repositório final.

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Os rejeitos sólidos que não podem ser compactados e que não são incineráveis são
simplesmente acondicionados em tambores ou caixas metálicas, armazenados e depois
transportados para o repositório.
Quando estes rejeitos são de média atividade, são antes “encapsulados” dentro dos
tambores ou caixas, colocando-se sobre eles uma pasta de cimento, betume fundido ou outro
agente solidificante para se obter um bloco monolítico.

17.3.2 Tratamento de Rejeitos Líquidos

O tratamento de rejeitos líquidos consiste em uma ou mais etapas de


condicionamento físico-químico, com o objetivo de reduzir o volume dos rejeitos e adequá-
los às etapas seguintes da gerência dos rejeitos, diminuindo os custos e aumentando a
segurança.
Os processos e os métodos de tratamento são muito variados porque os rejeitos
líquidos produzidos tanto nas instalações do ciclo do combustível como nas instalações
radioativas variam muito em volume, atividade e características químicas. Os processos
mais comuns são: a neutralização para condicionar quimicamente o rejeito; a precipitação, a
evaporação e a troca iônica para reduzir o volume pela eliminação do solvente não
radioativo; e a imobilização ou solidificação, para transformar o rejeito líquido em um bloco
sólido, adequado aos requisitos de segurança do transporte, armazenamento e disposição
final.
A neutralização consiste em ajustar o pH dos rejeitos ácidos ou básicos, os quais são
incompatíveis com os processos de imobilização; são também mais agressivos
quimicamente e por isso mais difíceis de armazenar com segurança; por fim, para serem
liberados no meio ambiente precisam ter pH neutro.
A precipitação é um processo em que são adicionados produtos químicos que reagem
com as substâncias presentes nos rejeitos, formando sais insolúveis que vão para o fundo do
recipiente. Isto permite uma separação fácil do precipitado, os sais que vão para o fundo, do
sobrenadante, o líquido limpo que sobra. O precipitado, separado do sobrenadante,
apresenta um volume muito menor que o rejeito original e contém quase toda a atividade
inicial. Este precipitado pode ser estocado para decaimento e posterior liberação ou pode ser
imobilizado para confinamento prolongado. O sobrenadante descontaminado pode, após
monitoração, ser lançado no meio ambiente como resíduo convencional. Caso ainda esteja
contaminado, mais etapas de tratamento são utilizadas.
A evaporação é um processo de concentração no qual o rejeito é aquecido para
permitir a evaporação da água ou outro solvente, até restar um concentrado que se
assemelha a uma lama; os radionuclídeos presentes não se evaporam. Esta lama resultante
tem um volume muito menor que o volume do rejeito inicial e tem o mesmo destino que a
lama resultante da precipitação.
Os rejeitos líquidos que requerem muito tempo de confinamento devido à presença
de radionuclídeos de meia-vida intermediária ou longa precisam ser imobilizados antes de
irem para a disposição final, para minimização do risco da dispersão antecipada ao meio
ambiente. Isto pode ser conseguido transformando estes rejeitos em materiais sólidos, por
meio dos chamados "processos de imobilização".
Estes processos consistem na incorporação dos rejeitos em materiais que têm a
propriedade de formar blocos sólidos e manter sua estrutura estável por muito tempo.
Exemplos típicos são o cimento, o material mais utilizado para a imobilização, o betume

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(asfalto), o vidro, os materiais cerâmicos e vários polímeros. Estes materiais são chamados
"matrizes de imobilização".
O cimento, o betume e os polímeros são empregados para a imobilização de rejeitos
de atividade baixa ou média. O vidro e as cerâmicas, que possuem excelentes propriedades
de imobilização, são restritos aos rejeitos de atividade alta devido à complexidade e ao custo
elevado do processo de imobilização.

17.3.3 Tratamento de Rejeitos Gasosos

Os rejeitos gasosos são formados por misturas de gases radioativos ou por partículas
de materiais radioativos em suspensão no ar. Os rejeitos gasosos são, portanto, mistura de
gases radioativos ou aerossóis radioativos no ar.
Estes rejeitos se formam continuamente durante as operações que envolvem a
manipulação de substâncias radioativas e estão presentes não só no interior dos ambientes
confinados onde são manipuladas estas substâncias como também escapam para o ambiente
de trabalho. Eles devem ser continuamente removidos desses locais para se manter as
concentrações em níveis seguros para os trabalhadores. Isto é feito por meio de exaustores
que conduzem o ar contaminado por uma tubulação para fora da instalação.
Antes porém de serem lançados na chaminé, estes rejeitos precisam passar por
processos de tratamento para retenção dos radionuclídeos de modo a proteger o meio
ambiente. Os dois processos mais empregados são a filtração e a lavagem de gases.
A filtração é um processo comum, sendo empregado com eficiência nas instalações
nucleares. O ar contaminado passa através do filtro que retém as substâncias radioativas e
deixa passar ar limpo que é descarregado na atmosfera. O que diferencia um filtro de
qualidade nuclear de um filtro de uso comum é o material utilizado como meio filtrante e a
eficiência de retenção das partículas. A eficiência dos filtros de qualidade nuclear deve
chegar próximo a 100% e os materiais devem suportar condições adversas como
temperatura elevada, altos graus de umidade e presença de agentes agressivos, de modo a
garantir proteção adequada sob as mais diversas condições. O meio filtrante mais utilizado
para a filtração de gases é um adsorvedor feito com carvão ativado. O filtro mais empregado
para a retenção de aerossóis é um papel de filtro feito de fibras microscópicas de vidro.
A lavagem de gases é muito usada no controle da poluição na indústria convencional.
É a passagem dos gases por uma solução líquida com propriedades químicas apropriadas
para reter as partículas de poeira em suspensão e absorver os gases poluentes. Quando a
capacidade de retenção desta solução líquida se esgota, ela é tratada como rejeito radioativo
líquido por algum dos processos já descritos.

17.4 Confinamento

Como foi visto anteriormente, os rejeitos radioativos que não podem ser eliminados
diretamente no meio ambiente são confinados nos chamados repositórios.
Os rejeitos contendo radionuclídeos de meia-vida intermediária ou longa e atividade
baixa ou média são dispostos em repositórios construídos a pouca profundidade, em geral da
ordem de até 30 metros. Os locais onde são construídos estes repositórios são selecionados
de tal forma que, mesmo nas décadas ou séculos em que os rejeitos ficarão estocados, o
risco para as populações presentes ou futuras seja mínimo.

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São locais afastados de centros urbanos, com baixa probabilidade de ocupação para a
exploração mineral, agropecuária ou de outra natureza, distantes de rios e lagos, com água
subterrânea ausente ou profunda, e sem atividade sísmica.
Além destas características favoráveis do local, os repositórios são dotados de
"barreiras de engenharia", com o objetivo de aumentar a sua segurança.
Estas barreiras são constituídas de camadas de concreto, argila e outros materiais
impermeáveis ao redor das embalagens contendo o rejeito. Elas dificultam a entrada de água
no repositório e a saída das substâncias radioativas, aproveitando a baixa permeabilidade do
concreto e a capacidade da argila de absorver os radionuclídeos eventualmente liberados das
embalagens. Desta forma retarda-se o contato das substâncias radioativas com o meio
ambiente. A Figura 41 apresenta uma ilustração do repositório brasileiro localizado em
Abadia/Go.
Para os rejeitos de atividade alta contendo radionuclídeos de meia-vida longa, o
isolamento deve ser mais prolongado e por isso a disposição deve ser feita em
profundidades de centenas de metros ou mais, em um meio geológico estável e com baixa
permeabilidade à água.
Um exemplo de meio geológico de grande estabilidade são as minas de sal a centenas
de metros de profundidade, pois a própria existência da mina comprova que o local
permaneceu intacto e sem contato com água por milhões de anos. A figura ao lado mostra
um repositório profundo.

Figura 41 – Repositório de Abadia/Go

Em qualquer tipo de repositório, o risco de que ocorra algum dano biológico no


homem pelo escape de material radioativo deve ser minimizado e independente do tempo.
Para isso, as barreiras de engenharia e o meio geológico devem impedir o escape do
material radioativo para o meio ambiente enquanto a atividade presente nos rejeitos for
elevada. Num futuro remoto, o meio geológico sofrerá alterações e os materiais das
barreiras de engenharia vão se degradar deixando as substâncias radioativas presentes nos
rejeitos escapar para a biosfera. Quando isto acontecer, a radioatividade já deverá ter
decaído para níveis semelhantes à da radiação natural. Nos repositórios construídos a pouca
profundidade, este tempo é da ordem de alguns séculos. Nos repositórios profundos, o
tempo de confinamento é de centenas de milhares de anos.
A garantia de que o confinamento é um processo seguro, do ponto de vista
radiológico, é obtida portanto pela conjugação dos diversos requisitos de segurança citados:
localização adequada do repositório, matrizes de imobilização e embalagens que
mantenham sua integridade pelo tempo de contenção necessário, existência de barreiras
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naturais e artificiais no local de disposição e supervisão durante e após a operação do
repositório.

18 Os Acidentes de Chernobyl e de Goiânia

18.1 O Acidente de Chernobyl

Às 9:30 h do dia 27 de abril de 1986, monitores de radiação da Usina Nuclear de


Forsmark, Uppsala, Suécia, detectavam concentrações anormais de iodo e cobalto no ar.
Especialistas, embora não tivessem constatado problema algum na Usina, observaram níveis
anormais de radiação no vento que soprava do leste.
Níveis anormais de radioatividade também foram constatados no norte e centro da
Finlândia e em Oslo, Noruega, apresentaram valores duas vezes mais altos do que aqueles
normalmente esperados. Na Dinamarca, foram detectados níveis de radiação cinco vezes
superiores aos normalmente verificados na região.
O então Governo Soviético, após ter negado durante dois dias a ocorrência de
qualquer evento radiológico em seu território, reconheceu ter ocorrido um acidente na usina
nuclear de Chernobyl, localizada em Pripyat, Ucrânia.
Assim, foi revelado que, em 25 de abril de 1986, antes do desligamento da Unidade 4
da Central Nuclear de Chernobyl, desligamento esse previsto para execução de serviços de
manutenção preventiva da instalação, os responsáveis pela operação da usina iniciaram a
implementação de teste destinado à verificação do desempenho do sistema de refrigeração
do núcleo do reator, sob condições simuladas de operação anormal (perda temporária da
alimentação de energia elétrica até o acionamento do gerador de emergência).
Conforme prescrito no procedimento do teste, a potência do reator foi
progressivamente reduzida, a partir da 01:00 h da madrugada do dia 25. Entretanto, ao cair
da tarde, em função do aumento de demanda energética pelos consumidores da região, o
processo de redução de potência foi interrompido e o reator permaneceu operando. A
redução de potência só foi retomada às 23:00 h daquele mesmo dia.
Como o teste que se pretendia realizar não previa a utilização do sistema automático
de controle da usina, o reator estava sendo controlado manualmente. Porém, como os
operadores não conseguiram contrabalançar com suficiente rapidez o desequilíbrio do
sistema, a potência do reator caiu excessivamente.
Durante o período de operação em baixa potência, ocorreram diversas falhas de
procedimento por parte dos operadores (incluindo o desligamento de três sistemas de
segurança), o que culminou na explosão do reator, sendo que a tampa do vaso, pesando em
torno de 1000 toneladas, foi arrancada e seus destroços lançados até cerca de 2 km de
distância.
O acidente de Chernobyl vitimou um grande número de pessoas e causou danos tanto
econômicos como ao meio ambiente, conforme descrito a seguir, tendo se tornado
referência para o grau máximo de acidente nuclear (Nível 7 na Escala Internacional -INES).

Durante o período de operação em baixa potência, ocorreram diversas falhas de


procedimento por parte dos operadores (incluindo o desligamento de três sistemas de
segurança), o que culminou na explosão do reator, sendo que a tampa do vaso, pesando em
torno de 1000 toneladas, foi arrancada e seus destroços lançados até cerca de 2 km de
distância.

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O acidente de Chernobyl vitimou um grande número de pessoas e causou danos tanto
econômicos como ao meio ambiente, conforme descrito a seguir, tendo se tornado
referência para o grau máximo de acidente nuclear (Nível 7 na Escala Internacional -INES).

18.1.1 Vítimas

• Dos 600 trabalhadores presentes no momento do acidente, 134 receberam altas


doses de radiação (0,7-13,4 Gy), sendo 30 o número de trabalhadores e bombeiros mortos
nas primeiras semanas após o acidente;

• Durante os anos de 1986 e 1987, 200.000 pessoas envolvidas nos trabalhos de


descontaminação receberam doses entre 0,01 Gy e 0,5 Gy e necessitam de acompanhamento
médico até hoje;

• Cerca de 116.000 pessoas foram evacuadas em 1986 e, após essa data, outras
220.000 de regiões vizinhas foram transferidas para outros locais;

• A incidência de câncer na tireóide de indivíduos que foram expostos quando ainda


na infância (cerca de 1800), em particular, aqueles oriundos de áreas severamente
contaminadas, foi identificada com sendo consideravelmente maior do que o esperado antes
do acidente;

• Transcorridos 17 anos, não foi possível precisar o percentual de acréscimo, na


população, de câncer e outras enfermidades associadas à radiação ionizante decorrente dessa
exposição acidental de indivíduos.

18.1.2 Impacto Ambiental

• Lançamento na atmosfera de uma quantidade de radiação equivalente à proveniente


de 500 bombas atômicas do porte da lançada sobre a cidade japonesa de Hiroshima;

• Isolamento de uma área ao redor de Chernobyl, mantido até o presente, com um


raio de 30km, denominada “Zona de Exclusão”;

• Contaminação do solo e água em inúmeros países da Europa;

• Nos 5 anos que se seguiram ao acidente, a concentração de radioatividade em


plantas, peixes e na água decresceu 90%. Porém, na década de 90, a contaminação
retrocedeu muito pouco e ainda permanece alta, segundo medições realizadas na Inglaterra e
na Noruega.

18.1.3 Impacto Econômico

• Mais de 3 milhões de ucranianos, incluindo 1,2 milhão de crianças, vêm recebendo


ajuda financeira governamental, em função do acidente;

• Este ano o Governo reduziu (sob o protesto das vítimas) ajuda a cerca de 290
milhões de dólares, aproximadamente 50% do que pagava em 1998.
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18.2 O Acidente de Goiânia

Em 13.09.87, na cidade de Goiânia, Goiás, um equipamento contendo uma fonte


radioativa de cloreto de césio (Cs-137) que se encontrava abandonado em uma clínica
desativada foi roubado e, posteriormente, vendido a um ferro-velho.
Violada a blindagem de chumbo e aberta a cápsula onde se encontrava o Cs-137,
adultos e crianças, encantados pelo fato desse material emitir uma luz azul brilhante e não
sabendo que se tratava de material radioativo, manipularam aquele “pó cintilante”,
distribuindo-o entre parentes e amigos. Assim, um encadeamento de fatos resultou na
contaminação de três depósitos de ferro-velho, um quintal, algumas residências, um
escritório da Vigilância Sanitária e locais públicos diversos. Devido ao fato da cápsula ter
sido rompida a céu aberto, houve, também, contaminação direta do solo.
O acidente de Goiânia provocou um desgaste político intenso no país, tendo o Estado
de Goiás sido bastante discriminado (por exemplo, aquele Estado brasileiro foi
desconvidado a participar da Feira da Providência, cidadãos goianos foram forçados a andar
com atestado de não contaminação; automóveis com placa de Goiás foram apedrejados em
São Paulo) e discussões calorosas ocorreram entre governadores de diversos Estados sobre o
local mais apropriado para a construção de um depósito de lixo radioativo. Ademais, esse
acidente, que vitimou algumas pessoas e causou danos tanto econômicos como ao meio
ambiente, foi considerado internacionalmente como o mais sério acidente ocorrido em
instalação não nuclear, tendo sido classificado como nível 6 na escala internacional INES.

18.2.1 Vítimas

• 249 pessoas (das 112.800 monitoradas pela CNEN) apresentaram níveis de radiação
acima do normal para a região;

• 20 pessoas foram hospitalizadas (tendo uma delas o antebraço direito amputado);


149

• 4 mortos nos primeiros 2 meses após o acidente e outros 3 mortos alguns anos
depois.

18.2.2 Impacto Ambiental

• 50 animais domésticos sacrificados;

• Contaminação de plantas, verduras, ervas, raízes e frutos a um raio de


aproximadamente 50 metros dos principais focos de contaminação. Árvores foram
arrancadas e uma grande quantidade de solo, altamente contaminado, foi escavada e
substituída por “solo limpo”;

• Contaminação pelo Cs-137, por meio da rede de águas pluviais e de esgotos, de


trechos do curso dos rios, córregos e ribeirões situados nas circunvizinhanças dos locais
contaminados. Felizmente, a água que abastece a região não foi afetada;

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• Cerca de 1.700 toneladas de lixo radioativo (acondicionado em contêineres e
tambores) foram gerados em decorrência do acidente, tendo sido armazenados
temporariamente e, cerca de dez anos depois, depositados em repositório construído em
Abadia de Goiás, a 20 km de Goiânia.

18.2.3 Impacto Econômico

• Diversos produtos oriundos do Estado de Goiás foram rejeitados nos demais


Estados;

• A exportação de produtos brasileiros foi prejudicada;

• A construção e o controle do depósito de Abadia de Goiás custou ao país cerca de


15 milhões de dólares;

• Vítimas do acidente vêm recebendo auxílio financeiro do governo.

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Anexo A
Comparativo de Níveis de Radiação

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ANEXO B
Riscos de Exposição à Radiação

≅ 100 % de risco de
> 6.000 mSv
morte
50% de risco de morte 4.000 mSv
Doença de radiação 1.000 – 2.000
temporária mSv
Limite de dose para Atual 50 mSv/ano
trabalhador Objetivo 20 mSv/ano
Dose típica para
3 mSv/ano
trabalhador
3–4
Dose de tripulação aérea
mSv/ano
Limite de dose para o Atual 1 mSv/ano
público Objetivo 5 mSv/ano
1–4
Normal
Dose devido ao radônio mSv/ano
dentro de casa 0,5 – 500
Extremas
mSv/ano
1–2
Normal
Radiação de fundo mSv/ano
(background) Em algumas 10 – 20
regões mSv/ano
Dose de Raios-X, em
2-20 mSv
exames médicos
Limite
0,1 mSv/ano
Liberações de Reatores autorizado
Nucleares Liberações 0,002
normais mSv/ano
Média global por todos
5mSv/ano
os motivos

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