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The ritual play and the pedagogies of the south: pedagogical practices for the
decolonization of the teaching of theater
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Robson Carlos Haderchpek
A fim de instaurarmos uma reflexão acerca das autoritário e unilateral, é preciso repensar a
pedagogias da cena é importante reconhecer prática pedagógica a partir dos sujeitos que a
o modelo de ensino que impera na compõe e lembrar que os processos
contemporaneidade brasileira. Convém educativos são vias de mão dupla.
considerar que nós somos fruto de um
processo de colonização que teve início no [...] embora diferentes entre si, quem
final do século XV e início do século XVI, e forma se forma e re-forma ao formar e
quem é formado forma-se e forma ao ser
desde esta época somos guiados por um formado. É neste sentido que ensinar não
modelo de educação colonizada. Cientes é transferir conhecimentos, conteúdos,
desta situação histórico-social e reconhecendo nem formar é ação pela qual o sujeito
criador dá forma, estilo ou alma a um
que nós temos um modelo de educação
corpo indeciso e acomodado [...] Quem
colonizado, a questão que paira sobre nossas ensina aprende ao ensinar e quem
cabeças é: como desenvolver uma pedagogia aprende ensina ao aprender. (FREIRE,
teatral que transcenda o modelo do 1996, p.23)
colonizador?
Apesar dos numerosos esforços de
Há cerca de quinhentos anos vimos pesquisadores da área do Teatro e da
reproduzindo nas escolas o que o pedagogo Educação para romper com este modelo, o
brasileiro Paulo Freire (1996) chama de campo da pedagogia teatral ainda reproduz o
“educação bancária”, uma educação em que o mesmo modelo. Muitos professores de teatro,
aluno senta-se no banco de forma passiva e o nas diversas instâncias educacionais
professor lhe transfere o conhecimento. Na acreditam que devem ensinar os conteúdos do
tentativa de romper com este modelo Freire teatro aos seus alunos, e para tanto se apóiam
nos propõe uma alternativa: no modelo do teatro europeu, herdado no
processo de colonização.
É isto que nos leva, de um lado, à crítica e
à recusa ao ensino “bancário”, de outro, a Seria ingênuo pensar num teatro que não
compreender, que apesar dele, o tivesse a influência do teatro europeu, visto
educando a ele submetido não está que o colonizador chegou ao Brasil se
fadado a fenecer; em que pese o ensino
“bancário”, que deforma a capacidade utilizando do teatro para catequizar os índios.
criativa do educando e do educador, o E desde então, vimos reproduzindo
educando a ele sujeitado pode, não por inconscientemente este modelo de
causa do conteúdo cujo “conhecimento”
catequização nos palcos brasileiros.
lhe foi transferido, mas por causa do
processo mesmo de aprender, dar, como Geralmente quando perguntamos a uma
se diz na linguagem popular, a volta por
cima e superar o autoritarismo e o erro pessoa que estuda teatro o que ela está
epistemológico do “bancarismo”. (1996, p. aprendendo ela responde o nome de um
25) autor, de um dramaturgo ou de um pensador
do teatro europeu ou russo. Vez por outra
É no processo, na relação entre o aprender e o encontramos alguém que diz estudar as
ensinar que se estabelece entre o professor e linguagens provenientes do teatro oriental,
o educando, que se encontra a chave para entretanto, o ponto chave da discussão não é
romper com este sistema de educação a origem dos estudos teatrais, e sim a origem
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efeito de distanciamento, gestus social, etc. – e sobre a imaginação da matéria, passando pela
a realidade brasileira. Contudo, sempre me tetralogia dos elementos:
intrigava o fato dos alunos necessariamente
terem que revisitar sistematicamente estes Com efeito, acreditamos possível
conteúdos. estabelecer, no reino da imaginação, uma
lei dos quatro elementos, que classifica as
Anos depois, em 2013, já como coordenador diversas imaginações materiais conforme
elas se associem ao fogo, ao ar, à água
do Curso de Teatro propus uma reforma ou à terra. E, se é verdade, como
curricular que permitiu uma maior abertura acreditamos, que toda matéria deve
para os saberes locais, manifestações receber componentes – por fracos que
populares e criações artísticas híbridas, entre a sejam – de essência material, é ainda
essa classificação pelos elementos
dança e o teatro, entre o teatro e a música e materiais fundamentais que deve aliar
entre o teatro e o ritual. Foi neste momento mais fortemente as almas poéticas. Para
que comecei a sistematizar uma prática que um devaneio tenha prosseguimento
pedagógica junto ao Grupo Arkhétypos, grupo com bastante constância para resultar em
uma obra escrita, para que não seja
de pesquisa e extensão da Universidade simplesmente a disponibilidade de uma
Federal do Rio Grande do Norte que dialoga hora fugaz, é preciso que ele encontre
em ampla medida com os Cursos de sua matéria, é preciso que um elemento
Graduação em Teatro e Pós-Graduação em material lhe dê sua própria substância,
sua própria regra, sua poética específica.
Artes Cênicas. A esta prática pedagógica (BACHELARD, 2013, p. 3-4)
demos o nome de poética dos elementos.
Através desta substância material, própria da
A Poética dos Elementos imaginação, buscamos potencializar os
diferentes tipos de energia provenientes de um
Desde a sua criação em 2010 o Grupo processo de criação, sempre tomando como
Arkhétypos vem trabalhando numa referência um universo simbólico de
perspectiva laboratorial e tem construído seus dimensões arquetípicas. Com base neste
espetáculos a partir de um mergulho no princípio, a busca dos atores do Grupo
universo simbólico de cada ator, sempre Arkhétypos segue no sentido de encontrar
associando a prática artística com a busca metáforas que possam reconectar o homem
pelo autoconhecimento. É comum em seus com os eternos universais, religando-os à
processos de criação3 que o Grupo escolha essência da imaginação material
um elemento da natureza como mote criativo: (BACHELARD, 2013).
terra, água, fogo e ar. Chamamos este
Dentro de um processo de criação de natureza
trabalho de poética dos elementos, inspirados
ritualística o ator torna-se um canal de
por Gaston Bachelard (2013) que escreve
manifestação das paixões, criando fissuras no
tempo e no espaço e permitindo que o
3 Cada um dos processos de criação de criação do Grupo inconsciente coletivo (JUNG, 2012) se revele
Arkhétypos foi guiado por um dos elementos da natureza, através das figuras arquetípicas/personagens
e a partir da poética dos elementos foram construídos
quatro espetáculos: Santa Cruz do Não Sei (2011) que foi que se materializam no “jogo ritual”.
inspirado pela água, Aboiá (2013) que foi guiado pela
terra, Revoada (2014) que foi conduzido pelo ar, e Fogo
de Monturo (2015) que foi alimentado pelo fogo.
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corpo. O aluno pode, assim, reconhecer a dos gestos, do canto, da dança etc.).
sua terra, o fogo, a água e o ar no corpo e (2007, p. 41, grifo nosso)
na voz.7 (BÉLIÈRES e CANCELA, 2013,
p. 47) O “jogo ritual” origina-se dessa ideia do
Grotowski (2007) da não separação entre
No Grupo Arkhétypos nós também atores e espectadores. O “jogo ritual” não pode
trabalhamos a partir do corpo, mas ativamos ser considerado um “jogo dramático”8 (LOPES,
essa energia dos chakras através de um 1989) porque o “jogo ritual” é feito para ser
“estado alterado de consciência” que é visto e o jogo dramático convencional é feito
decorrente do “jogo ritual”. O nosso processo é para se jogado por todos. Dentro do “jogo
desencadeado por um dispositivo inconsciente ritual” nós convidamos o público para observar
que permite que cada ator dentro do processo as ações mágicas do ator e entrar na história
também descubra a sua terra, o seu fogo, a com ele. Também não podemos dizer que o
sua água e o seu ar. “jogo ritual” seja um “jogo teatral” (JAPIASSU,
2001), pois no jogo teatral convencional existe
Entendemos que cada pessoa traz uma
uma separação clara entre o ator e o
qualidade de água, de fogo, de terra e de ar, e
espectador. De acordo com Ricardo Japiassu:
que cada um destes elementos apresenta
nuances que variam de acordo com as
Os jogos teatrais são procedimentos
experiências individuais de cada indivíduo. E lúdicos com regras explícitas. Para
este conteúdo vem sendo atualmente entender a diferença entre o jogo teatral e
trabalhado nas disciplinas de Jogo e Cena I e o jogo dramático, é preciso lembrar que a
Atuação III, respectivamente no primeiro e no palavra theatron, que significa “local de
onde se vê” (platéia). Já a palavra drama,
quarto semestre do Curso de Licenciatura em também oriunda da língua grega, quer
Teatro. dizer “eu faço, eu luto” (Slade, 1978,
p.18). No jogo dramático entre sujeitos,
O Jogo Ritual portanto, todos são fazedores da situação
imaginária, todos são “atores”. No jogo
teatral, o grupo pode se dividir em equipes
Há três anos o conceito de “jogo ritual” vem que se alternam nas funções de
sendo pesquisado pelo Grupo Arkhétypos, que “jogadores” e “observadores”, isto é, os
toma por base os princípios ritualísticos da sujeitos jogam deliberadamente para
outros que os observam. (2001, p. 25)
cena. Para formular este conceito partimos de
uma definição de Grotowski que diz: No caso do “jogo ritual”, todas essas opções
são possíveis. O que o “jogo ritual” retoma é a
O teatro era (e permaneceu, mas em um
âmbito residual) algo como um ato origem primitiva do jogo e propõe uma
coletivo, um jogo ritual. No ritual não há situação entre, ou seja, um jogo em que o
atores e não há espectadores. Há espectador é convidado a observar e a
participantes principais (por exemplo, o interagir com a cena, emancipando-o da
xamã) e secundários (por exemplo, a
multidão que observa as ações mágicas 8Em seu livro Pega Teatro (1989) Joana Lopes defende a
do xamã e as acompanha com a magia perspectiva do jogo dramático espontâneo, em que todos
são atuantes, mas nem todos se tornam atores. Vivenciar
a experiência teatral faz parte dos processos de
metamorfose do sujeito, mas nem todos escolhem o
7 Tradução livre do autor. caminho do teatro como profissão.
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situação de mero espectador e atribuindo-lhe o limiar entre a dança e o teatro, entre o teatro e
papel de viver o sentido da cena junto com o a música e entre todos estes e o ritual, por isso
ator. Na proposta do “jogo ritual” as fronteiras o termo “jogo ritual” tem refletido a nossa
entre palco e plateia são borradas e o público busca cênica e a nossa proposta pedagógica.
participante integra o ato de comunhão O “jogo ritual” retoma a origem primitiva do
ritualístico completando o sentido da ação, jogo e o coloca numa categoria anterior à
assumindo o papel de espectador emancipado divisão entre jogo dramático e jogo teatral.
(RANCIÈRE, 2002).
Dentro do círculo do jogo, as leis e
Este tipo de jogo remete a uma ação própria costumes da vida quotidiana perdem a
dos rituais dos povos antigos, povos estes que validade. Somos diferentes e fazemos
habitavam a América antes da colonização e coisas diferentes. Esta supressão
temporária do mundo habitual é
que traziam saberes que podem e devem ser inteiramente manifesta no mundo infantil,
resgatados. mas não é menos evidente nos grandes
jogos rituais dos povos primitivos.
No Grupo Arkhétypos e nas disciplinas de (HUIZINGA, 2010, p. 15-16)
Jogo e Cena I e Atuação III nós buscamos nos
reconectar com esses saberes trabalhando Os saberes dos povos primitivos podem ser
numa perspectiva de jogo que parte do resgatados então a partir de uma prática
encontro do ator com si mesmo, com o seu pedagógica que transcende os sabres do
universo interior, e o coloca numa dimensão colonizador europeu nos colocando em
limiar, que será compartilhada posteriormente diálogo com uma dimensão que está para
com o público. Por isso, o “jogo ritual” se além do conceito de teatro e para além de uma
aproxima mais da festa e da dança do que do técnica: a dimensão da experiência e da troca.
teatro propriamente dito. É tal como coloca
Se o ator e/ou o bailarino não estiverem
Johan Huizinga:
abertos para o “jogo ritual” ele não acontece, e
Existem entre a festa e o jogo, estamos tratando aqui de uma espécie de
naturalmente, as mais estreitas relações. “estado alterado de consciência”, ou um tipo
Ambos implicam uma eliminação da vida de “transe consciente”. De fato não há uma
cotidiana. Em ambos predominam a perda da consciência, o que acontece é uma
alegria, embora não necessariamente,
pois também a festa pode ser séria. imersão tão grande do ator/bailarino nessa
Ambos são limitados no tempo e no suspensão do tempo que ele deixa de seguir a
espaço. Em ambos encontramos uma sua lógica convencional cotidiana e passa a
combinação de regras estritas com a mais
adotar uma lógica ficcional, uma lógica
autêntica liberdade. Em resumo, a festa e
o jogo têm em comum suas ancestral, que transcende a ideia da
características principais. O modo mais personalidade, do eu interior e atinge uma
íntimo de união entre ambos parece dimensão arquetípica, universal.
encontrar-se na dança. (2010, p. 25)
Em seu livro Grotowski estados alterados de
No nosso caso, como trabalhamos na consciência: teatro, máscara, ritual a autora
perspectiva do Teatro Ritual, nós criamos num Joice Aglae Brondani reúne uma série de
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práticas pedagógicas para a descolonização do ensino do teatro
como coloca Paulo Freire: “[...] transformar a os conhecimentos abstratos, mas sob as
experiência educativa em puro treinamento práticas de conhecimento e seus impactos nas
técnico é amesquinhar o que há de práticas sociais:
fundamentalmente humano no exercício
educativo: o seu caráter formador.” (FREIRE, É à luz delas que importa questionar o
1996, p. 33). Precisamos romper com este impacto do colonialismo e do capitalismo
modernos na construção das
pensamento colonizado e descobrir novos epistemologias dominantes. O
modos de fazer. colonialismo, para além de todas as
dominações porque é conhecido, foi
No teatro todo modo de fazer está intimamente também uma dominação epistemológica,
relacionado a um modo de pensar, ou seja, uma relação extremamente desigual de
toda prática cênica está relacionada a um saber-poder que conduziu à supressão de
muitas formas de saber próprias dos
conhecimento, a uma teoria que se faz carne povos e nações colonizados, relegando
na efemeridade da cena. Por isso, é de muitos outros saberes para um espaço de
fundamental importância dar espaço ao novo e subalternidade. (SANTOS; MENESES,
repensar as pedagogias da cena 2009, p.07)
transcendendo essa ideia de técnica.
Quando Boaventura fala das epistemologias
O teatro europeu vem há muito tempo do sul, ele fala da metáfora9 de um sul
difundindo os mesmos princípios, e nós sem colonizado, fala de um campo de desafios
exercermos o nosso senso crítico, vimos epistêmicos que procuram ganhar voz diante
reproduzindo os mesmos modelos sem nos dos danos e impactos historicamente
darmos conta da riqueza que temos em nossa causados pelo capitalismo. Boaventura define
terra, dos saberes que estão presentes em as epistemologias do sul da seguinte forma:
cada região do país e dos modos de fazer que
emergem de realidades tão distintas. Trata-se do conjunto de intervenções
epistemológicas que denunciam a
É muito difícil se pensar numa arte brasileira, supressão dos saberes levada a cabo, ao
num teatro brasileiro, numa pedagogia teatral longo dos últimos séculos, pela norma
epistemológica dominante, valorizam os
brasileira se não pensarmos os diversos brasis saberes que resistiram com êxito e as
que temos dentro do Brasil. Precisamos reflexões que estes têm produzido e
valorizar os saberes da nossa gente, da nossa investigam as condições de um diálogo
cultura, da cidade onde moramos e revisitar os entre conhecimentos. (SANTOS;
MENESES, 2009, p. 07)
saberes que foram relegados e
desconsiderados pelos colonizadores.
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Falar de uma ação pedagógica dentro do E se recordarmos das palavras de Paulo Freire
universo artístico sem dar liberdade para o que diz que: “ensinar não é transferir
surgimento de antíteses, que se contrapõem conhecimento, mas criar as possibilidades
ou que abrem brechas no pensamento original para sua própria produção ou a sua
seria ir contra a própria pedagogia, a própria construção” (FREIRE, 1996, p. 47), se
arte e o próprio teatro. Precisamos abraçar as pensarmos desta forma, podemos criar novas
pedagogias do sul e olhar para elas com o possibilidades de produção e de construção de
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O jogo ritual e as pedagogias do sul:
práticas pedagógicas para a descolonização do ensino do teatro
um saber teatral, não aquele arraigado nos Fondazione Pontedera Teatro, Editora
modelos do teatro europeu, mas aquele que Perspectiva, 2007.
usa os modelos para transcender a ideia
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo
original e propor um teatro a partir de uma
como elemento da cultura. São Paulo:
realidade epistemológica do sul, dialogando
Perspectiva, 2010.
com a realidade na qual estamos inseridos, no
nosso caso, a realidade de um nordeste JAPIASSU, Ricardo. Metodologia do Ensino
múltiplo, plural e miscigenado. do Teatro. Campinas, SP: Papirus, 2001.
BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos: LOPES, Joana. Pega Teatro. Campinas, SP:
ensaio sobre a imaginação da matéria. São Papirus, 1989.
Paulo, Martins Fontes, 2013. RANCIÈRE, Jacques. O Mestre Ignorante:
BARBA, Eugenio e SAVARESE, Nicola. A cinco lições sobre emancipação intelectual.
Arte Secreta do Ator: Dicionário de Tradução de Lilian Valle. Belo Horizonte:
Antropologia Teatral. São. Paulo: É Autêntica, 2002.
Realizações, 2012. SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES,
BÉLIÈRES, Patricia; CANCELA, Alejandro; Paula Maria (org.). Epistemologias do Sul.
SÁNCHEZ, Rodolfo. El cantante popular y la Coimbra: Edições Almedina/CES, 2009.
interpretación: Una proposta metodológica
integradora de saberes. Buenos Aires: Melos,
2013.
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