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Lukács e a estética: o realismo estético na literatura1

Wesley Sousa2

Resumo

O intento do texto a seguir pretende apontar, a partir da filosofia de Gyorgy


Lukács, as análises que o autor realizou durante seu percurso teórico enquanto pensador
da Estética. Desde muito jovem o pensador húngaro tinha como ponto de partida o
pensamento estético voltado à literatura universal, buscando fazer toda uma interpretação
histórica e filosófica da obra de arte em alguns nomes, tais como Goethe e Balzac. Nesse
sentido, a ideia é partir dos escritos de Lukács para analisar a particularidade do estético
como reflexo da vida cotidiana perante a arte literária (seja europeia seja nacional). Dessa
forma, o ponto central é entender de que maneira o nexo categorial do filósofo pode ser-
nos bastante efetivo, não apenas como teoricamente construído dentro da filosofia, mas
sobretudo como pensar a práxis humana da arte como um pôr teleológico frente aos
acontecimentos sociais de cada tempo histórico.

Palavras-chave: Lukács; Estética; literatura; filosofia da arte; realismo.

Introdução

A questão da estética, sob prisma da filosofia – sobretudo a literária – não é, de


modo algum, um tema marginal no filósofo húngaro. Tanto é verdade, desde jovem, seus
escritos eram fundamentalmente “estéticos”. Embora consignada às teses kantiana e,
posteriormente, hegeliana, que transitaram de suas obras “inaugurais” (“A Alma e as
Formas” – 1910 e “Teoria do Romance” (1915), ainda antes dos seus 30 anos de idade
que lhe deram repercussões notáveis. Dessa maneira, vemos o percurso intelectual de
Lukács saindo o Idealismo subjetivo para caminhar ao Idealismo objetivo na sua
juventude. Será, portanto, a partir dos anos 30 que, somada às publicações das obras de
Marx e Engels, na União Soviética, Lukács relata sua “guinada marxista”. Logo, seu

1
Texto elaborado como resultado preliminar de leituras e estudos voltados à estética marxista,
sobretudo, como tentativa de buscar a alternativa materialista que hoje é cada vez mais necessária.
2
Graduando em Filosofia pela Universidade Federal de São João del-Rei (MG) - UFSJ. Email para
contato: wesleysousa666@outlook.com
percurso estético tomará nova roupagem e princípios, sobretudo com as publicações da
“Ideologia Alemã” e dos “Manuscritos Econômicos-Filosóficos” mostraram-no
crucialmente o novo itinerário lukácsiano. Para fins de objetividade, a comunicação
centrará, portanto, nos seus escritos posteriores à década de 30, ou seja, sua fase marxista,
como filósofo herdeiro e continuador do legado de Marx e Engels. É posteriormente que
pode ser encontrado sua obra “O romance histórico”, escrito em Moscou, entre 1936 e
1937.

Antes de qualquer coisa que possa dizer sobre a estética marxista, ou seja,
materialista, é preciso advertir desde logo que, ao contrário da crítica vulgar, moralista e
até mesmo romântica, o marxismo não tem como pedra angular uma análise sociológica
e tampouco pensa toda arte burguesa está inferiorizada ou necessariamente um juízo de
valor negativo, sem quaisquer considerações efetivas e de princípios que norteiam
filosoficamente o procedimento teórico-metodológico exposto. É muito comum, dentro
de uma esquerda “romântica”, um denuncismo quase-comum da arte, ao passo que, ao
fazer concessões às artes de vanguarda, tem-se aqui um duplo aspecto crítico e uma
fragmentada compreensão do objeto observado. Esse predomínio se encontra em seu
trabalho de 1963, “Estética”. Em 1957, ele publicava a “Introdução à uma estética
marxista”, que nela o autor buscava, então, pela “particularidade do estético”. Isso
passava pela filosofia clássica alemã, Kant, Schelling, Goethe, Schiller, entre outros.
Nota-se que subtítulo da sua “Introdução”, não por acaso, é “Sobre a particularidade como
categoria da Estética”.

Segundo Lukács, o que se busca está adstrito à “análise do particular que


constitui o ponto central organizador do processo de criação estética, ainda que em suas
consequências ultrapasse os quadros do exame gnosiológico, revela-nos, porém, ao
mesmo tempo, os traços específicos essenciais do reflexo estético da realidade”
(LUKÁCS, 2018, p. 169). Isso quer dizer, então, duas coisas: a primeira é o afastamento
que Lukács fará da estética marxista de uma pretensa “arte engajada” (como fizera
Sartre); pois, como é notável no interior do marxismo, revela-se, segundo o filósofo
marxista mexicano Sánchez Vázquez, no seu livro “As ideias estéticas de Marx”, “na
[presente] atualidade, profundas diferenças de acordo com o aspecto ou função da criação
artística sobre o qual colocam seu acento principal” (VÁZQUEZ, 1978, p. 25); a segunda
advertência, está subsumida à um entendimento da estética posta a partir de sua
particularidade. Outrossim, compreender, mediante as palavras de Lukács, que “a
particularidade é fixada de tal modo que não mais pode ser superada [...] O processo pelo
qual as categorias se resolvem e se transformam [...] tanto a singularidade quanto a
universalidade aparecem sempre superadas na particularidade” (LUKÁCS, 2018, p. 153).

Assim feita as advertências iniciais, parece-nos pertinente enfatizar que o


segundo elemento, a partir do pensamento lukácsiano, mostra-se bastante vigoroso. Na
sua investigação sobre a “particularidade do estético”, ele afirma que “uma criação
realmente artística, [...] conserva sua validade artística mesmo que todos os seus
elementos estruturais, em seus aspectos formais e na técnica artística, já tenham há muito
tempo sido superados no curso da evolução” (LUKÁCS, idem).

O autor foi um grande conhecedor das produções relacionadas à filosofia da arte


e à estética na história da filosofia. Não obstante, ele referiu-se a Aristóteles, como sendo
aquele instaurador da peculiaridade do estético, porque seu pensamento se situava longe
da concepção de modelo e cópia, instituída por Platão. Nas palavras de Lukács, assim
escreve:

[..] pero en el pensamiento de Aristóteles la fuerza pedagógica social del arte


nace de su propia consumación estética, y no, como en el pensamiento platónico,
de la momificación o la simple supresión de los principios propiamente estéticos.
Como descubridor de la peculiaridad de lo estético, Aristóteles ha fundado la
esencia de ello en una cismundanidad humana, en la búsqueda del justo “médio”
de todas las actividades humanas (LUKÁCS, 1982, v.4, p. 381).

Um importante intérprete de Lukács, no que concerne ao pensamento estético,


foi Nicolas Tertulian. No seu livro intitulado “Lukács: etapas de seu pensamento
estético”, faz todo um trabalho de recuperação que revolve a urdidura do filósofo húngaro
na temática, em especial o pensamento estético do então marxista Lukács, tendo notável
expressão na filosofia do séc. XX. Segundo ele, os pontos centrais do pensamento
lukácsiano se concentraram em um sentido de progressão:

Os teoremas do sistema de estética de Georg Lukács devem ser relacionados


com suas teses finais relativas aos problemas fundamentais da filosofia:
causalidade-teleologia, necessidade-liberdade, realidade-valor. A tese cardeal
que estabelece uma proporcionalidade direta entre a profundidade da
subjetividade e a de seu enraizamento no mundo objetivo encontra sua
justificação na análise das formas mais elementares da relação sujeito-bjeto
(TERTULIAN, 2008, p. 198).

Na fruição estética, os sujeitos sociais ultrapassam uma cadeia de


heterogeneidades do mundo cotidiano mais bruto possível, para assim identificar com a
figuração homogeneizadora que concentra toda a sua atenção para adentrar-se nesse
mundo particular – no caso, o estético –, fora das contingencias cotidianas que geram as
descontinuidades do mesmo. Essa concentração da atenção, ou seja, esse momento
particular de esforço que emerge dessa mobilização das forças espirituais, culturais,
produz uma elevação do cotidiano sob a produção e fruição da arte.

Nesse sentido, o que é importante salientar, o pensamento do filósofo húngaro,


Vászquez identifica que na sua estética, a arte e o realismo, pois, no intermédio aqui,
“encontra-se reiteradamente ao longo das investigações estéticas de Lukács”. Isso
significa que, em linhas gerais, “a arte para ele é uma das formas possíveis de que dispõe
o homem para refletir ou captar o real” (VÁZQUEZ, 1978, p. 41). Pode-se aqui, nesse
diapasão, entrever que, para Lukács, de um lado, ele não corrobora com o dito “realismo
socialista” do stalinismo e, por outro, com o vanguardismo moderno. Todavia, a arte
literária, por exemplo, não é um auspício que se esgota nesse “triunfo do realismo” que
ele enxerga, por assim dizer, um realismo “que não vai além dos cânones pictóricos
renascentistas, ou dos critérios formais realistas de Goethe, Balzac ou Tolstoi”
(VÁZQUEZ, 1978, p. 42-3). Esse argumento converge, assim, com o que Tertulian, por
seu turno, indica-nos:

Lukács se dedica a estabelecer como toda uma série de traços, que, nas
produções da atividade estética, aparecem amplificados, atacados, algumas
vezes invertidos, podem encontrar-se em estado germinativo, fundidos em um
magma indiferenciado, na vida e no pensamento cotidianos” (TERTULIAN,
2008, p. 204).

O artista está, portanto, vinculado a esta ou àquela classe, ainda que consciente
ou não disso; mas, a sua ideologia, original ou adotiva, pode ser neutralizada pelo próprio
processo de criação. Há exemplos bastante conhecidos, como Balzac: este era
monarquista. Porém, a distância entre suas ideias políticas e sociais, na época reacionária
e a concepção do mundo expressa na sua “Comédia humana”, cujo o escritor, retratando
a aristocracia decadente e analisando a vida social burguesa, extraiu de uma e de outra a
atmosfera histórica, realista, que envolve os personagens, as coisas e os recantos do
universo fictício que criou. Outro exemplo notável é a obra de Dante em “A divina
Comédia” que, sintetizando exemplarmente a visão medieval do mundo, antecipa a
eclosão do humanismo renascentista3.

Para que possamos mencionar um caso nacional, temos Machado de Assis. O


autor de “Memórias póstumas de Brás Cubas”, algumas vezes tido como um
“conservador”, criticou a passagem do Império para a República, não como um

3
C.f. NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. São Paulo: Editora Ática, 2010.
reacionário, mas porque viu que os mesmos membros da aristocracia rural fizeram a
manutenção status quo dessa transição. É interessante pensar, nesse aspecto, pois a
própria concessão do direito ao voto não foi algo “benevolente”, mas porque os grandes
latifundiários temiam uma insurreição armada e popular pela socialização das terras no
início da República; no caso das cidades, a proletarização necessitava-se de direitos.
Então, Machado de Assis, ao lado de Lima Barreto (autor de “Triste fim de Policarpo
Quaresma”), bem como o outro poeta e romancista (Cruz e Souza), fizeram críticas
semelhantes à passagem do Império para República4.

Veja-se, nesse sentido, o “realismo” não é um simples posicionamento engajado


político, uma “visão socialista de mundo”, ou sua reprodução pura e simples. Na
historiografia nacional, dizem que o Brasil dormiu Monarquia e acordou República. Não
houve revolução, luta, ou qualquer coisa do tipo. Desde 1870, notou-se o aumento do
número de partidos liberais, abolicionistas, porque já estavam enxergando a monarquia
como uma instituição moribunda. A primeira república toda foi dominada pela política
do “café com leite”. É tão notório, que até hoje falar de reforma agrária no Brasil seria,
para muitos reacionários, “socialismo”5.

Entretanto, voltando ao que nos é central aqui no pensamento estético de Lukács,


percebemos que o “triunfo do realismo” é muito mais do que se pensa. Lukács, ao
escrever o prefácio à uma edição italiana de “Guerra e Paz” de Tolstoi, afirma: “Apenas
os problemas são os precursores sócio-históricos dos nossos; sua solução artística possui,
todavia, um arredondamento e uma plasticidade que nos é negada” (LUKÁCS, 2019, p.
52). Em outra oportunidade, no seu ensaio “Narrar ou descrever?”, que faz parte de um
conjunto de ensaios sob título de “Ensaios sobre literatura”, o pensador húngaro, verbaliza
sobre a questão da narrativa e da descrição. Pode-se, a partir disso, questionar: em que

4 C.f. COUTINHO, Carlos Nelson. Cultura e sociedade no Brasil: ensaios sobre ideias e formas.
4.ed. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
5
A luta pela conquista de direitos no Brasil é complicada, isto pela própria dinâmica da
escravidão brasileira. O Brasil tardou a se emancipar: sua “independência” foi em 1822. Com todas as
particularidades, na segunda metade do século XIX, existiam movimentos de negros libertos, brancos sem
renda, etc., que buscavam o seu direito de votar e de serem eleitos. Após abolição da escravidão,
proclamação da República, se tinha a ideia a qual grande maioria dos brasileiros iriam ter a tríade de
direitos (civil, político e social). Tiveram, precariamente, o civil. Pois, sem esse tipo de direito, na nova
configuração do capitalismo, era um retorno à escravidão e ela não nos interessava mais. O capitalismo
exigia novas formações sociais no Brasil. Portanto, para se tornar um trabalhador “livre”, assalariado e
assinar contratos, precisara-se do direito civil. Contudo, o social foi o que perdurou e marca grande parte
da nossa história.
sentido a visão de Lukács é um equívoco quando crê que Flaubert confundiria a vida em
geral com a vida cotidiana do burguês médio em “Madame Bovary”? Para o pensador
húngaro, a obra seria a trama burguesa, porque se há uma trama, esta somente cabe aos
Bovary, não se exteriorizando enquanto prática social da realidade romântica. Nas
palavras de Lukács:

Flaubert descreve, aqui, efetivamente, só o ‘cenário’, uma vez que toda


exposição não passa de uma ocasião para enquadrar a cena decisiva do amor
entre Rodolfo e Ema Bovary. O cenário é casual, um verdadeiro cenário, no
sentido literal da palavra. Esta casualidade vem claramente sublinhada pelo
próprio Flaubert (LUKÁCS, 1968, p. 52).

O ponto central para Lukács é distinguir a narrativa literária com a simples


descrição. A alternativa “participar ou observar” estaria vinculada à duas posições
socialmente postas em que os escritores assumem em “dois sucessivos períodos do
capitalismo” (LUKÁCS, 1968, p. 57). Ou seja, a preocupação do autor, contudo, passaria
a ver a “alternativa narrar ou descrever corresponde aos dois métodos fundamentais de
representação próprios destes dois períodos” (LUKÁCS, idem). Isso distinguiria um
Balzac de um Émile Zola. Assim, Lukács explica:

Balzac, Dickens e Tolstoi representam a sociedade burguesa que se está


consolidando através de graves crises; [...] participaram ativamente dele, se bem
que em formas diversas; [...] Flaubert e Zola [como filhos da sociedade burguesa
consolidada e não aceitando os caminhos do ódio e desprezo pelo regime
político, social de seu tempo] são demasiado grandes e sinceros para seguir esse
caminho. Por isso, como solução para a trágica contradição do estado em se
achavam, só puderam escolher a solidão, tornando-se observadores e críticos da
sociedade burguesa (LUKÁCS, 1968, p. 56-7).

Portanto, o pensamento de Lukács nesse sentido permeia os aspectos cotidianos


por meio do reflexo estético, característico da literatura, por exemplo, na vida social dos
seres humanos e suas expressões literárias. O movimento particular do que é próprio da
arte, de ruptura e retorno ao cotidiano protesta contra as tentativas de diluição na vida
cotidiana em simples letargia da realidade ou então uma postura de engajamento que
dinamite o que há de mais essencial na arte frente a realidade mesma. Lukács faz essa
busca na distinção do realismo e do naturalismo; o segundo seria para ele uma postura até
mesmo anti-humanista. O realismo artístico tem seu lugar na estética não como postura
exógena das subjetividades humanas.

Em um outro ensaio, com título “O Humanismo de Shakespeare”, Lukács mostra


como, mesmo com passar dos séculos, a arte consegue ultrapassar sua temporalidade da
criação e ainda marcar outras gerações sem perder sua particularidade como obra de arte:
basta que pensemos a tragédia grega, com expressão de Sófocles. O exemplo de
Shakespeare é notável para nós. Segundo Lukács, a Renascença seguia princípios pelos
quais as realizações humanas na Terra tinham seu amplo valor, sobretudo cultural; ao
passo que “criava atitudes particulares do homem em relação ao mundo, à natureza e à
sociedade [...]” (LUKÁCS, 1968, p. 149).

A tragédia de “Romeu e Julieta”, relata bem esse conflito entre as vontades


subjetivas e a moral de época. O que importa é como ela tem uma profundidade estética,
em mostrar como o conflito moral das famílias Capuleto e dos Montecchio, diante do
amor romântico entre a única filha dos Capuleto e o único filho dos Montecchio. O final
trágico mostra-nos bem o conflito da moral da época e uma nova epopeia que surge: o
romance. Por outro lado, a recordação da obra “Hamlet”, o que nos resta é a tragédia após
a loucura se materializar em meio as traições, violências, mortes, cujo personagem
evidencia o retrato do mundo em si mesmo, por sentir-se impotente e solitário em meio
ao seu mundo. Por intermédio de uma vivência dolorosa que o compele para a reavaliação
e o conduz à morte, Shakespeare remonta a vida como ela é nos seus abrutamentos
sentimentais: amor, desconfiança, tristeza, ódio, vingança, presentes no “podre Reino da
Dinamarca”. Nas palavras de Lukács, ninguém antes dele tinha, na arte, traduzido “tão
bem a integridade e a indivisibilidade do homem, isto é, a absoluta primazia do que se
passa no interior do homem sobre todas as suas realizações objetivas” (LUKÁCS, 1968,
idem).

A arte enquanto arte é o momento mais crucial das investigações de Lukács. Por
isso, o intento aqui foi delinear, ainda que preliminarmente, conforme o que o filósofo
italiano marxista Guido Oldrini, no seu livro “Os marxistas e as artes”, explica de maneira
direta:

O ponto de partida para o marxismo, neste como em todos os outros campos da


cultura, é a concepção materialista da realidade e da história. [...] Para a estética,
disciplina responsável por investigar como, através do sujeito criativo,
concretiza-se a objetividade nova da obra de arte, [...] Precisamente a natureza
de suas categorias específicas, como a particularidade, o típico, síntese resultante
da dialética entre reflexo e criatividade (OLDRINI, 2019, p. 51).

Em outro momento, o autor italiano explica acerca das contribuições de Lukács,


que “o comportamento estético, na verdade, não é mais que um, dentre muitos outros
possíveis, de o homem reagir às solicitações da realidade objetiva” (OLDRINI, 2017, p.
239).
Em suma, a edificação de um potencial de apreciação superior, de auto-
reconhecimento e o pertencimento de um vínculo onto-prático com sua objetivação
mundana, encontra-se também na arte. Sua particularidade mesma que propulsiona,
dentro de sua função específica no mundo social, as vicissitudes da elevação qualitativa
de seu espírito para aquela então requisitada catarse6 artística supracitada; isto é, para que
a devida apreciação e fruição do real existente e da vida humana, se tornem possíveis.
Conclusivamente, em outro momento, Lukács sintetizaria: “A realidade é então, para a
humanidade, não um caos estranho e hostil, mas sim um lar a ser construído” (LUKÁCS,
2019, p. 244).

Bibliografia
LUKÁCS, Gyorgy. Estética: La peculiaridad de lo estético. Barcelona: Ediciones
Grijalbo, 1982. 4 v.

LUKÁCS, Gyorgy. Introdução à uma estética marxista: sobre a particularidade como


categoria da estética. São Paulo: Instituto Lukács, 2018.

LUKÁCS, Gyorgy. “Guerra e Paz” – prefácio. In: Anuário Lukács: Maceió, 2019. 51-
66 p.

LUKÁCS, Gyorgy. Narrar ou Descrever? In: Ensaios sobre Literatura. Prefácio


Leandro Konder. 2° edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
LUKÁCS, Gyorgy. O Humanismo de Shakespeare. In: Ensaios sobre Literatura.
Prefácio Leandro Konder. 2° edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

OLDRINI, Guido. Gyorgy Lukács e os problemas do marxismo do séc. XX. Maceió:


Coletivo Veredas, 2017.

OLDRINI, Guido. Os marxistas e as artes: princípios de uma metodologia crítica


marxista. Tradução Mariana Andrade. Maceió: Coletivo Veredas, 2019.

TERTULIAN, Nicolas. Georg Lukács: etapas de seu pensamento estético. Tradução


Renira Lisboa de Moura Lima, revisão técnica Sérgio Lessa. São Paulo: Editora
UNESP, 2008.

6
Sobre esse debate: Cf. TERTULIAN, Nicolas. Distanciamento ou cartase? (sobre as divergências
entre Brecht e Lukács). In: Lukács e seus contemporâneos. São Paulo: Perspectiva, 2016.
VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. As ideias estéticas de Marx. 2° edição. Tradução Carlos
Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

Outras referências

COUTINHO, Carlos Nelson. Cultura e sociedade no Brasil: ensaios sobre ideias e


formas. 4.ed. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. São Paulo: Editora Ática, 2010.

LUKÁCS, György. Arte e sociedade: escritos estéticos 1932-1971. Rio de Janeiro:


Editora UFRJ, 2009.

LUKÁCS, György. O romance histórico. Tradução Rubens Enderle. São Paulo:


Boitempo, 2011.

TERTULIAN, Nicolas. Lukács e seus contemporâneos. Org. Pedro Corgozinho. São


Paulo: Perspectiva, 2016.

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