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Planejamento Estratégico e Apropriação do Espaço Urbano.

Claudia Regina Peterlini *

Resumo

O presente trabalho discorre sobre a constituição do novo paradigma de Planejamento Urbano


em vigor, o Planejamento Estratégico. A partir das transformações econômico-culturais e da
profusão da crítica pós-moderna da arquitetura e do urbanismo a partir da década de 60, o
artigo sugere que o novo modelo de pensar e fazer cidade é resultado do encontro destes dois
movimentos. Sob o desígnio de requalificação, reabilitação, revitalização, redesenvolvimento
urbano, entre outros, a nova prática do planejamento urbano vem se moldando desde a década
de 1960 e tem como palco as antigas áreas centrais das grandes cidades. Nestas áreas, as
intervenções estratégicas atuam para a formação e consolidação de uma paisagem
espetacularizada, onde sua apropriação é apenas visual e direcionada a uma população
específica.

*
Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade da Universidade
Federal de Santa Catarina, PGAU Cidade - UFSC.
Palavras-chave: Planejamento Estratégico, Centro Urbano, Apropriação Espacial.
Introdução

Durante toda a década de 1960, o urbanismo tradicional, baseado nos moldes do


chamado "estilo internacional", que era implementado nas grandes cidades européias e
americanas tornou-se alvo de fortes críticas. As oposições à ideologia do movimento moderno
não se restringiram apenas à classe de especialistas arquitetos e urbanistas, mas levaram uma
série de intelectuais à abordagem do tema, construindo o que se denominou de "crítica pós-
moderna". Movimentos de cunho culturalista também preencheram debates acerca da questão
urbana nas grandes cidades do bloco capitalista e reivindicavam a reapropriação social e
cultural do espaço urbano, o retorno à cidade tradicional - ou seja, dos lugares significativos
para a memória coletiva dos cidadãos, das sensações, do subjetivo - em contraposição à
objetividade e à racionalidade das práticas de um urbanismo funcionalista. Simultaneamente
às manifestações culturalistas, a chamada crise do modelo fordista nos anos 70 impulsionou
uma série de transformações políticas, econômicas, sociais e culturais no âmbito mundial.
Neste período, em um amplo processo de reestruturação do sistema capitalista, assiste-se ao
surgimento de um novo paradigma no Planejamento Urbano. As novas intervenções na cidade
irão buscar o "redesenvolvimento das áreas centrais", sob o efeito de uma "reestruturação
global das relações sócio-espaciais mediante novos padrões de investimentos"
(FEATHERSTONE, 1995).

Pretende-se no presente trabalho, abordar os processos que levaram as novas práticas


de planejamento urbano à fundamentação deste paradigma e, por meio desta abordagem,
compreender em que se baseiam as novas configurações das paisagens das áreas centrais
urbanas. O trabalho parte da idéia de que o processo de reestruturação econômico mundial,
simultaneamente à propagação das críticas pós-modernistas, a partir dos anos 1960,
influenciaram as novas formas de pensar e fazer a cidade. Os dois movimentos encontram-se
no desejo de se (re)construir uma (nova) paisagem identitária nos centros urbanos e na
legitimação deste desejo. O resultado deste "encontro" são novas formas de apropriação do
espaço urbano.
A Nova Ordem Econômica Global

A crise do modelo fordista fez com que o sistema capitalista buscasse novas formas de
restabelecer seu processo acumulativo. A transição para um novo processo de produção se
deu com a "rápida implantação de novas formas organizacionais e de novas tecnologias
produtivas" (HARVEY, 2004, p.257). Ainda segundo Harvey, "a flexibilidade dos processos
de trabalho, dos mercados, dos produtos e padrões de consumo" caracterizam este novo
processo de produção, que é chamado de acumulação flexível.
Característica deste novo processo e grande responsável pelas transformações sobre as
práticas político-econômicas e sobre as relações sociais e culturais é o fenômeno que Harvey
identifica como a "compressão do tempo-espaço",

Os horizontes temporais da tomada de decisões privada e pública se estreitaram,


enquanto a comunicação via satélite e a queda dos custos de transporte
possibilitaram cada vez mais a difusão imediata dessas decisões num espaço
cada vez mais amplo e variegado." (HARVEY, 2004, p.140).

A formação e consolidação da nova ordem econômica mundial constituiu-se pela


redistribuição das atividades produtivas e a formação de novas territorialidades, apoiada pela
intensificação das relações comerciais e nas novas tecnologias de informação e comunicação.
Grandes coorporações buscam a expansão de seus mercados e ultrapassam cada vez
mais as fronteiras do território. As chamadas empresas multinacionais ou transnacionais
instalam-se em grandes cidades emergentes que oferecem enorme quantidade de mão-de-
obra, constituem um mercado consumidor promissor e dispõem de razoável infra-estrutura
urbana, de transporte e comunicação. As grandes cidades passaram a concentrar em seus
territórios as principais atividades industrias e principalmente de serviços, tornando-se
grandes pólos de investimentos, de acumulação e fluxos de capital, ascendendo a uma
economia global "tipicamente urbana" (IANNI, 2002). A integração específica das cidades
na nova ordem econômica global deu origem a um sistema de "hierarquia urbana de
influências e controle" (IANNI, 2002).

As metrópoles sofreram uma revalorização ou um reposicionamento dentro do sistema


produtivo internacional, surgindo um novo conceito, o de cidade global, definido
primeiramente por Saskia Sassen já na década de 90. Segundo a socióloga, a hierarquia global
das cidades está relacionada com a acumulação progressiva de grande poder econômico das
metrópoles globais em contraposição a decadência de outras cidades, antigos centros de
produção. O elevado crescimento quantitativo destas cidades ocasionou obviamente uma
transformação qualitativa de seus espaços. A necessidade de manutenção dos investimentos
internacionais e a possibilidade de atrair ainda mais capital para dentro do território, em um
panorama de competição inter-cidades, motivou implementações estratégicas nas práticas de
Planejamento Urbano.

Um parêntesis sobre o Pensamento Estratégico

A nova práxis urbanística parece surgir de modo emergencial. Tentando atender as


novas e voláteis exigências dos investidores internacionais e à efemeridade do mercado
global, passando por cima, muitas vezes, de planos e leis implementados a priori através dos
planos diretores municipais. Vasconcellos (2006) aponta para o fato de que a "as novas
intervenções urbanas passaram a ser pautadas não mais numa análise e planificação da cidade,
como se pretendia antes […], mas sim numa questão de oportunidade". Promoção de eventos
internacionais ou espetáculos, criação de novos distritos de negócios e a criação de centros
culturais e de entretenimento são alguns exemplos de estratégias no urbanismo
contemporâneo que, fortemente baseadas nas leis do mercado global, tornam-se convenientes
às cidades que buscam sua inserção na economia mundial. Não por acaso, os conceitos do
chamado Planejamento Estratégico procedem das práticas empresariais de gestão e marketing
norte-americanas e seria necessário no atual cenário de competitividade global entre as
metrópoles mundiais, "em razão de estarem as cidades submetidas às mesmas condições e
desafios que as empresas" (VAINER, 1999)1.

1
VAINER, Carlos. Pátria, Empresa e Mercadoria: Notas sobre a estratégia discursiva do Planejamento
Estratégico Urbano. ARANTES, Otília; VAINER, Carlos; MARICATO, Ermínia. A Cidade do Pensamento
Único. 5ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
A Nova Ordem Cultural Global

Além da destruição das barreiras mercadológicas conquistada pela grandes


coorporações multinacionais e a emergência de uma hierarquia econômica global de cidades,
a nova ordem da economia reduziu de forma dramática o tempo de giro na produção, o que na
lógica capitalista significa a redução equivalente no tempo de giro do consumo. Uma das
consequências dessa aceleração generalizada, como aponta Harvey (2004), "foi acentuar a
volatilidade e efemeridade de modas, produtos, técnicas de produção, processos de trabalho,
idéias e ideologias, valores e práticas estabelecidas", o que materializou-se na
"instantaneidade e descartabilidade" na produção de mercadorias e, no âmbito do consumo,
com "a passagem do consumo de bens para o consumo de serviços", o que, segundo
Featherstone (1995), "resultou na proeminência cada vez maior do lazer e das atividades de
consumo".

A indução do mercado ao consumo, em meio a profusão de mercadorias, determinou a


inserção do fator cultural como estratégia de venda. O apelo às simbologias e acepções
culturais presentes no interior das sociedades foi adicionado ao "valor" da mercadoria,
tornando-a um signo. Repleta de significantes e significados, a mercadoria como signo é
consumida como tal, o que levou Featherstone (1995) a afirmar que atualmente "o consumo
não deve ser apreendido apenas como consumo de valores de uso, de utilidades materiais, mas
primordialmente como consumo de signos."

A cultura passa a ser fundamental para a reprodução e expansão do capitalismo e é


produzida pela lógica e da mesma forma como uma mercadoria. Como argumenta Harvey,

A acumulação flexível foi acompanhada na ponta do consumo, portanto, por


uma atenção muito maior às modas fugazes e pela mobilização de todos os
artifícios de indução de necessidades e transformação cultural que isso implica.
A estética relativamente estável do modernismo fordista cedeu lugar a todo o
fermento, instabilidade e qualidade fugídias de uma estética pós-moderna que
celebra a diferença, a efemeridade, o espetáculo, a moda e a mercadificação de
formas culturais" (2004, p.148).

Em face a este panorama de mundialização da economia, das mercadorias e consumos


culturais, diversos autores atentaram para a ascensão de uma cultura global e principalmente
para a necessidade de salvaguardar a essência da cultura enraizada local. Parte da crítica pós-
moderna que se fez acerca da arquitetura e do urbanismo incidiu sobre estas questões e o
rebatimento deste cenário global no que podemos chamar de nova configuração do espaço
urbano. Tangenciando uma cultura globalizada e temendo a homogeneização do ambiente
construído e a consequente perda da identidade, as discussões contribuíram para que se
buscasse, no pensar a cidade, o resgate aos antecedentes históricos no interior de cada
sociedade como forma de preservacão da cultura local - em contraposição à ruptura com o
passado proposta pela arquitetura e urbanismo modernistas.

Talvez a maior expressão cultural de uma sociedade esteja mesmo expressa na


arquitetura de seus monumentos e impressa na arquitetura de seus edificios vernaculares. O
meio artificial construído pelo homem é um produto social produzido enquanto coletividade,
os resquícios dos valores dessa produção ao longo de sua existência no interior de uma
comunidade é parte maior de sua cultura.

O Centro da Cidade - memória e identidade

Como núcleo de origem, os centros urbanos concentram os prédios mais antigos,


ditos históricos e potencialmente referenciais para o passado da urbe; neste
espaço central teve ainda início o processo de instalação dos primeiros
equipamentos urbanos, assim como também tais sítios de origem são, via de
regra, centros políticos, culturais, religiosos e, sobretudo, locais de intensa
sociabilidade (PESAVENTO, 2007).

Como narrativas de um passado, carregados de história e memória, os centros urbanos


se fazem presentes no imaginário das sociedades. Como lugares dotados de significados que
compõem o imaginário coletivo, são teoricamente os portadores essenciais das identidades
locais.
A valorização atual de suas ambiências históricas também está relacionada com o
imaginário como "prática social de atribuir significados a significados, ou seja, prática social
pela qual os significados passam a acumular imagens e a significar mais. Através dessa
prática pessoas, datas, espaços, fatos ou objetos podem incorporar significados extras e
passam a constituir representações autônomas que desconhecem a prática social que lhes deu
origem […]" (FERRARA, 2002).2
A aplicação desse conceito à construção das novas espacialidades urbanas é bastante
pertinente, pois o imaginário no interior de uma sociedade se mistura e se confunde, na nova
ordem global, em meio a profusão de novos valores culturais na forma de imagens e signos,
vem possibilitando a (re)invenção das culturas e identidades urbanas locais e a sua
materialização na paisagem.

Em qualquer região do mundo, a paisagem resultante é, ao mesmo tempo, mais


similar ou global, e mais diferente ou local do que antes parecia ser (ZUKIN,
1996).3

A nova paisagem se constitui atendendo às novas relações econômicas globais que


estão fortemente ligadas às novas formas de apropriação cultural. As culturas locais
materializadas na paisagem urbana dos centros históricos tornaram-se o diferencial local
frente ao global. O específico, o singular, é cada vez mais valorizado. O grande trunfo da
competição econômica inter-cidades está diretamente associado à construção desse
diferencial. Os legados arquitetônico e urbanístico, como expressões artísticas e culturais,
essenciais para a consolidação das identidades locais, tornaram-se o foco dos discursos dos
novos projetos e intervenções urbanísticas. As reivindicações da crítica pós-moderna foram
assimiladas por um novo pensamento urbano estratégico que, como foi explicitado, está
fortemente atrelado ao temperamento do mercado global e, este, atento às novas formas de
produção e apropriação do (capital) cultural.

O urbanismo é a tomada de posse do ambiente natural e humano pelo


capitalismo que, ao desenvolver sua lógica de dominação absoluta, pode e deve
agora refazer a totalidade do espaço como seu próprio cenário (DEBORD, 1994,
p.112).

Nesse processo, a cultura foi dissolvida na paisagem, a paisagem na imagem cultural,

FERRARA, Lucrécia. Do Mundo como Imagem à Imagem do Mundo. In: SANTOS, M; SOUZA, M. A. A. de;
SILVEIRA, M. L. (Org.). Território: Globalização e Fragmentação. 5. ed. São Paulo: Hucitec,
Annablume/ANPUR, 2002.
3
ZUKIN, Sharon. Paisagens do Século XXI: Notas sobre a mudança social e o espaço urbano. In: ARANTES,
A. A.(Org.). O Espaço da Diferença. Campinas, SP: Papirus, 2000.
e a apropriação social e cultural do sítio histórico em mera apropriação visual de uma
"Paisagem Espetacularizada", como denomina LEITE (2010), e fortemente atrelada à
finalidade do consumo cultural.

Dar determinada imagem à cidade através da organização de espaços urbanos


espetaculares se tornou um meio de atrair capital e pessoas (do tipo certo) num
período (que começou em 1973) de competição inter-urbana e de
empreendimentos urbanos intensificados (HARVEY, 2004, p.92).

Diante deste quadro, o paradigma do planejamento urbano, que no presente trabalho é


designado pelo nome de Planejamento Estratégico, visa, em todos os casos, a inserção da
cidade na economia mundial através da produção de uma imagem - positiva - para atender ao
exigente mercado (consumidor) global. Os centros históricos passaram a ser considerados
elementos importantes para a composição desta imagem frente ao mercado globalizado
(MOTTA, s/d)4.
As novas intervenções urbanas terão, portanto, seu principal foco nos centros
históricos das cidades e se darão sob diversos nomes: requalificação, revitalização,
reabilitação, reestruturação, redesenvolvimento, entre outros. As práticas giram em torno,
como foi dito, da construção de uma imagem positiva da cidade e, por este motivo, pode-se
afirmar que são superficiais, pois "têm como resultado a apropriação cenográfica dos espaços
sem a preocupação de considerar as cidades como objeto socialmente construído e seu
patrimônio como fonte de conhecimento" (MOTTA, s/d).5 As paisagens resultantes dessas
intervenções têm apresentado características semelhantes por estarem sujeitas às mesmas
exigências do mercado global, e se definem pela acentuação e transformação das formas e
fachadas dos monumentos arquitetônicos, segurança, ordenamento e limpeza do espaço
urbano, além do reforço ou "a criação de traços culturais que objetivam caracterizar a
singularidade de um espaço urbano através de um forte apelo visual e práticas sociais
momentâneas, com vistas à apreensão consumível da história e da cultura em forma de uma
mercadoria" (LEITE, 2010)6. As novas paisagens históricas centrais se convertem em
caricaturas de si mesmas, pela acentuação e excesso visual de seu conjunto arquitetônico e
das práticas sociais voltadas ao consumo de signos.

4
MOTTA, Lia. A Apropriação do Patrimônio Urbano: Do estético-estilístico nacional ao consumo visual global.
In: ARANTES, A. A.(Org.). O Espaço da Diferença. Campinas, SP: Papirus, 2000.
5
Idem.
6
O mesmo autor se refere à esta nova paisagem construída como a "Espetacularização da Cultura".
Observa-se a profusão das imagens dos novos centros históricos como cenários
pictóricos, onde se implementam leis municipais de tombamento de fachadas, incentivos e
parcerias público-privadas para a pintura e conservação das mesmas. A presença de
iluminação cenográfica nos grandes edifícios referenciais, que acentuam sua
monumentalidade arquitetônica, também contribui para a formação da nova imagem
(paisagem) urbana. As alterações no uso e apropriação deste espaço central encerram a
constituição da nova identidade urbana.

De forma estratégica, as cidades que objetivam sua inserção na economia global


admitem, ao mesmo tempo, o desejo de se (re)constituir em uma nova paisagem.

As novas espacialidades criadas com vistas à um mercado consumidor global tem


como finalidade, obviamente, sua apropriação por este. As novas paisagens urbanas centrais
são assim produzidas para a apropriação de um número restrito de pessoas.
Muitos autores sugerem que as novas práticas estratégicas de planejamento urbano nas
áreas centrais, sua "reabilitação", "requalificação", etc. representam os mesmos processos de
gentrification, gentrificação ou enobrecimento do espaço urbano.
Arantes (1998)7, por exemplo, afirma que "o planejamento dito estratégico pode não
ser mais do que um outro eufemismo para gentrification […] o que importa nisso tudo é
sempre determinar quem sai e quem entra, só que agora se trata de uma apropriação do espaço
legitimada pelo upgrading cultural."
O enobrecimento, ou gentrificação de uma região, implica em sua apropriação física e
cultural por grupos sociais de classes mais abastadas. No caso dos centros urbanos, a nova
dinâmica sócio-espacial é imposta para que se construa uma boa imagem da cidade. As
populações de menor renda que residem e/ou trabalham nestes espaços não resistem às
pressões das práticas de enobrecimento e acabam sendo expulsas e cedendo lugar à
apropriação deste espaço para a profusão e consumo do (capital) cultural.
A apropriação cultural dos distritos centrais se daria, segundo Zukin (1991), em duas
etapas:
Primeiramente, um grupo social não relacionado de modo nativo à paisagem ou

7
ARANTES, Otília. Uma Estratégia Fatal: A cultura nas novas gestões urbanísticas. In: ARANTES, Otília;
VAINER, Carlos; MARICATO, Ermínia. A Cidade do Pensamento Único. 5ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2009.
ao vernacular assume uma perspectiva de ambos. Em segundo lugar, a imposição
de sua visão - convertendo o vernacular em paisagem - conduz a um processo
material de apropriação espacial (ZUKIN, 1991).8

O que se observa é que neste tipo de planejamento urbano prioriza-se a apropriação do


espaço urbano por "interesses empresariais globalizados" (VAINER, 1999)9. As populações
que de fato, pertenciam ao lugar, ou que, de alguma forma, construíam socialmente aquele
espaço, acabam se distanciando deste em suas relações.

Considerações Finais

As transformações econômico-culturais globais que se iniciaram partir dos anos 60


configuram o fundamento do novo pensamento urbanístico.
Como um rebatimento do cenário global, as culturas e identidades locais são
dissolvidas e mescladas umas às outras e a paisagem local se (re)constitui sobre novas bases
identitárias, culturais e econômicas. As consequencias sócio-espaciais destas intervenções,
que foram apontadas no decorrer do trabalho, são premeditadas enquanto política de uso e
ocupação destes espaços.
É necessário que se questione a capacidade destes espaços - paisagens - de se
manterem, diante da volatilidade do mercado global. Caminharemos, quem sabe, à decadência
do espaço pela obsolescência de sua imagem?

8
ZUKIN, Sharon. Paisagens Urbanas Pós-Modernas: Mapeando Cultura e Poder. In: ARANTES, A. A.(Org.).
O Espaço da Diferença. Campinas, SP: Papirus, 2000.
9
Referências

ARANTES, Otília; VAINER, Carlos; MARICATO, Ermínia. A Cidade do Pensamento


Único. 5ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2009.

DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

FEATHERSTONE, Mike. Cultura de Consumo e Pós-Modernismo. São Paulo: Studio


Nobel, 1995.

FERRARA, Lucrécia. Do Mundo como Imagem à Imagem do Mundo. In: SANTOS, M;


SOUZA, M. A. A. de; SILVEIRA, M. L. (Org.). Território: Globalização e Fragmentação.
5. ed. São Paulo: Hucitec, Annablume/ANPUR, 2002.

HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. 13 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2004.

IANNI, Octávio. A Era do Globalismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

LEITE, Rogério Proença. A Exaustão das Cidades: Antienobrecimento e Intervenções


Urbanas em Cidades Brasileiras e Portuguesas. Revista Brasileira de Ciências Sociais,
vol.25, nº 72, 2010.

MOTTA, Lia. A Apropriação do Patrimônio Urbano: Do estético-estilístico nacional ao


consumo visual global. In: ARANTES, A. A.(Org.). O Espaço da Diferença. Campinas, SP:
Papirus, 2000.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História, Memória e Centralidade Urbana. Nuevo Mundo


Mundo Nuevos. In: Debates, 2007. Disponível em:
<http://nuevomundo.revues.org/index3212.html>
SASSEN, Saskia. As Cidades na Economia Mundial. São Paulo: Estúdio Nobel, 1998.

VASCONCELLOS, Lélia M. de. Projeto urbano: um novo termo para definir


intervenções na cidade? In: A Arquitetuta da Cidade nas Américas. Diálogos entre o local e
o global, 52° Congresso Internacional de Americanistas. ASSEN de Oliveira, Lisete & Do
AMARAL e Silva, Gilcéia Pesce (organizadoras), Sevilha, 2006, (meio digital).

ZUKIN, Sharon. Paisagens do Século XXI: Notas sobre a mudança social e o espaço urbano.
In: ARANTES, A. A.(Org.). O Espaço da Diferença. Campinas, SP: Papirus, 2000.

______. Paisagens Urbanas Pós-Modernas: Mapeando Cultura e Poder. In: ARANTES, A. A.


(Org.). O Espaço da Diferença. Campinas, SP: Papirus, 2000.

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