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número 3

Casa


revista semestral

editora Bárbara Bulhosa


director Carlos Vaz Marques
direcção de produção Inês Hugon
assistente editorial Madalena Alfaia
direcção gráfica Vera Tavares
paginação Pedro Serpa
publicidade Rute Dias
assinaturas Joaquim Massano

© Ruy Belo, Mário de Carvalho, Alexandra Lucas Coelho,


Hélia Correia, Luísa Ferreira, Susana Moreira Marques, António Osório,
Tiago Rodrigues, Valério Romão, Teresa Veiga
Um passeio a Koˉbe © 2013, Haruki Murakami
O meu pai, eu mesma © 2008, Siri Hustvedt
Na Villa Moro © 2001, Paul Theroux,
publicado com a autorização de Wylie Agency (UK) Limited
Nuestra Señora de la Asunción © 2013, Lina Wolff,
publicado com a autorização de Nordin Agency, Suécia
No fogo cruzado © 2009, Ha Jin
Abatido © 1998, Hilary Mantel

© ilustrações de Alex Gozblau


© capa de Luísa Ferreira

Publicado sob licença de Granta Publications,


12 Addison Avenue, London W11 4QR
© 2013, Granta Publications
© 2013, Edições Tinta­‑da­­‑china

issn 2182­‑ 9136


isbn 978­‑ 989­‑ 671‑211­‑ 2
Depósito legal 374466/14

R. Francisco Ferrer, 6A|1500­‑461 Lisboa|Portugal


Tels. (00351) 21 726 90 28/9|email: granta@tintadachina.pt

índice

7 Editorial 137 Na Villa Moro


Carlos Vaz Marques Paul Theroux

13 Laparotomia 183 Intimidade


Alexandra Lucas Coelho Luísa Ferreira

23 A casa abandonada 201 Nuestra Señora


Teresa Veiga de la Asunción
Lina Wolff
45 Quando se pôs o meu
irmão fora de casa 217 No fogo cruzado
Valério Romão Ha Jin

61 Um passeio a Koˉbe 249 Abatido


Haruki Murakami Hilary Mantel

81 Volte sempre 267 Cenas de um capítulo


Susana Moreira Marques que nunca existiu
Tiago Rodrigues
97 O meu pai, eu mesma
Siri Hustvedt 301 A clemência de Cremilde
Mário de Carvalho
123 [Foi um Verão exaltante]
Ruy Belo 311 Inferno
Hélia Correia
132 Ruy Belo em verso e prosa
Manaíra Aires Athayde 323 4 poemas
António Osório

330 Autores


editorial

O
« h as casas as casas as casas», exclama o poema de Ruy Belo.
As casas, no plural. Involuntária biografia de pedra.
P asso pela rua onde cresci e tudo nela me fala de mim. Por
detrás daquela janela estou eu. Aquele a que chamo eu. Uma ficção,
de que só eu sei vagamente o enredo, tecida por recordações que
sou incapaz de validar.
Descobri o mundo a partir daquele meu posto de observação. Foi
à janela do primeiro andar que aprendi a temê-lo. Houve um carna‑
val em que os mascarados me fizeram tremer de medo. Desfilavam
como um cortejo de espectros e julguei que vinham por minha causa.
A janela, apesar desse susto, continuou a ser a minha nau e a
minha nave, o meu ponto de fuga. Era ali, em cima de um banco,
que passava os dias antes de aprender a ler. Pelo menos é assim que
me lembro de mim nesse tempo inicial: à janela.
Às voltas com o sortilégio das casas, eu que nunca construí uma
casa tento perceber como elas me construíram a mim. Preciso de
factos, histórias, memórias. Sentada à mesa, a minha mãe estranha
a pergunta: quero saber em quantas casas vivi. As mães são reser‑
vatórios inigualáveis de infância. Há nelas um arquivo profundo de
instantes e episódios, de birras e façanhas nossas, de trivialidades e
revelações. Informações que nas famílias comunicativas se tornam
lenda e que nas famílias silenciosas acabam como pequenos segre‑
dos. Só em ocasiões especiais se tem acesso a esse sótão onde ficou
guardada a tralha do passado.
Surpreendida pela pergunta, a minha mãe conta: três, antes
de irmos para Alvalade. Em Alvalade saí da infância, fiz amigos,

7
carlos vaz marques editorial

encontrei o meu epicentro. Antes disso não foram exactamente A devassa não era aliás o único problema. O bufo chegava a
três casas: eram três partes de casa. Assim se chamava na altura casa frequentemente bêbado. As discussões entre o casal pertur‑
ao subaluguer de uma habitação onde morava mais alguém, fosse bavam o silêncio às horas mais inconvenientes. Ele andava armado
proprietário ou também inquilino. A alternativa possível mas inde‑ e gostava de exibir a arma. Certa noite, os gritos da discussão
sejada ficava a dois passos: as barracas do Casal Ventoso. elevaram-se acima do que já era costume. O homem insultava a
Na década de 60 do século xx, Lisboa deu em crescer. Gente mulher e a mulher gritava por socorro, que ele a matava se nin‑
nascida no campo, desejando fugir a uma vida de ceifas e mondas, guém acudisse. O meu pai fez menção de saltar da cama, a minha
na tentativa de escapar a um destino que só prometia trabalho e mãe impediu-o. O caso resolveu-se sem sangue mas com nódoas
pobreza, veio ajudar a tornar a cidade maior. Eram precisos braços negras. No dia seguinte toda a gente se comportou como se nada
para pôr de pé novos edifícios mas faltavam casas acessíveis a esses se tivesse passado. Ainda não fora inventada a expressão violên‑
camponeses urbanos. Nasceram os bairros faça-você-mesmo, casas cia doméstica. Nesse tempo ainda só existia a violência doméstica
construídas em dias de folga, recorrendo a amigos e vizinhos, só propriamente dita.
cimento e chapa, em lugares com nomes improváveis mas eloquen‑ Assim encontraram os meus pais a parte de casa disponível da
tes como Galinheiras, Curraleira, Casal Ventoso. D. Josefa e eu, além da janela para o mundo, a primeira prova mate‑
O Casal Ventoso ficava nas traseiras da parte de casa onde a pro‑ rial da felicidade. A dona da casa fazia regularmente em minha
prietária, a D. Josefa, fez de mim o neto que não teve, embora nunca honra aquele que se tornaria o meu prato preferido na infância.
tenha querido que lhe chamasse avó. Foi o meu primeiro lar feliz. Esmagava um dente de alho num almofariz, juntando-lhe sal e um
Antes da casa da Suzefa, como eu lhe chamava, tinha havido raminho de coentros. Num prato de água a ferver deitava azeite, a
outras duas que não recordo. Na primeira, conta a minha mãe, mistura do almofariz, mais um raminho de coentros e duas grandes
morámos com uma senhora idosa e simpática. Foi para onde me fatias de pão alentejano. Podia acrescentar-se um ovo, mas disso
levaram depois de sair da maternidade. Uma morada breve. Ao eu não gostava. A açorda da Suzefa tinha com certeza um segredo
fim de pouco tempo, a filha da senhoria anunciou que estava noiva qualquer, mas nunca cheguei a saber qual era.
mas não tinha habitação disponível para a vida de casada. Em Lembro-me também de coisas impossíveis. Guardo por exem‑
lágrimas, a dona da casa pediu aos meus pais que encontrassem plo a memória fotográfica de um suicídio. O vizinho da frente, de
outra solução. perfil, põe na boca o cano de um revólver e puxa o gatilho. Depois
Fomos morar com um casal que o tempo viria a revelar muito disso mais nada. Apenas um estore corrido.
pouco recomendável. O homem era agente da polícia política, O caso foi comentado durante vários dias. Parece que o homem
a mulher, uma megera. A minha mãe começou a alimentar suspei‑ tinha dívidas. Eu nunca disse a ninguém que tinha visto acontecer
tas de que quando saía de casa a senhoria lhe entrava no quarto, lhe a tragédia de que se falava baixando a voz, não fosse o suicida zan‑
remexia os haveres e lhe roubava azeite. Um dia, para esclarecer o gar-se ao perceber o tom de incredulidade e recriminação com que
assunto, polvilhou o chão de farinha, antes de sair. No regresso, as a história era contada.
pegadas da intrusa estavam bem desenhadas no soalho. Desfeitas Uns anos mais tarde vim a saber que ele se teria matado na casa
as dúvidas, voltar a mudar de casa era apenas uma questão de de campo para onde ia aos fins-de-semana no boca-de-sapo azul.
tempo. E quanto mais depressa melhor. O facto de durante meses o automóvel ter permanecido do outro

8 9
LAPARoTOMIA
Alexandra Lucas Coelho
1.

N unca tinha sido levada assim na horizontal, é levemente nau‑


seante. O tecto foge como o túnel de um comboio, quarto­
‑corredor­‑elevador­‑corredor. Estacionam­‑me numa antecâmara do
bloco enquanto a cirurgia anterior não acaba. Alguém concluiu que
azul­‑petróleo era uma cor boa para hospital. Os auxiliares flutuam
de Crocs azuis, bata azul. Também estou de bata, deitada na maca,
pulseira de papel, meia de compressão até à virilha, para evitar uma
trombose. Nada disto é meu, tudo o que trazia ficou no quarto,
incluindo o verniz das unhas. Precisamos de ver o nível de oxigénio
durante a cirurgia, disse a enfermeira no quarto, antes de ir buscar
acetona. Escreva­‑me, escreva­‑me, porque, além das suas cartas, nada
tenho de meu, escreveu Camilo Pessanha em Macau. Encontrei os
bisnetos dele quando voei para Macau, depois de deixar a minha
última casa. Vai fazer um ano.

Durante anos consegui contar em quantas casas já tinha morado,


10, 15, 20. É como contar amantes, há um momento em que a mão
larga a corda (e beijei pessoas com quem não dormi, e dormi com
pessoas que não beijei). Penso como se estivesse no México, onde
sem qualquer droga vi o tempo confluir. Não me apetece pensar
cronologicamente. Deitada numa maca em Lisboa, tenho milha‑
res de livros em Alfama, malas junto ao estádio da Luz, livros e
malas em Xabregas, os caixotes da última casa no Baixo Gávea,
contas de telefone no Alto Jardim Botânico, um computador na
Praça São Salvador: inquilinas, melhores amigas, ex­‑namorados,

15
a casa
abandonada
Teresa Veiga
C alem­‑se, meninas, e ouçam­‑me com atenção. Aliás quem não
quiser ouvir tape os ouvidos ou saia desta sala mas sem fazer
barulho por favor. É que estou com uma tremenda dor de cabeça e
se não fosse a urgência da comunicação que tenho a fazer atirava­
‑me para cima da cama e não me mexia até amanhã.
É realmente uma notícia de arromba. Tentem apreendê­‑la com
os vossos cerebrozinhos anémicos a trabalhar na sua capacidade
máxima e esqueçam por momentos a tralha que os preenche. Ama‑
nhã a nossa benfeitora, a senhora dona Maria da Purificação de
Figueiredo e Morais, por quem rezamos um terço todas as noites,
a mecenas da Casa­‑Asilo Florinhas do Campo, vem visitar­‑nos e
escolher de entre vós uma afilhada, uma espécie de filha adoptiva,
para ir viver com ela e usufruir de todos os privilégios inerentes ao
seu estatuto e à sua enorme fortuna.
Será a primeira vez que sai de casa desde que há longos anos se
abateu sobre ela a tragédia que a amarrou ao leito, depois a uma
cadeira de rodas, até que recentemente deitou fora as muletas, aju‑
dada talvez, quem sabe?, pelas nossas orações.
Não pensem no entanto que vão ver uma pessoa normal, como
eu e vocês, que tivemos a sorte de nunca termos caído de uma
altura de dez metros. Nem sequer como a nossa lavadeira Marisa,
cada dia mais corcunda à força de carregar alguidares de roupa
pesadíssimos, apesar de eu lhe estar sempre a chamar a atenção
para os benefícios de uma postura correcta. A dona Maria da Puri‑
ficação, além de uma bossa que mais parece um cotovelo espetado a
meio das costas, ficou com um olho encolhido e a face metida para
dentro do lado em que partiu o maxilar. Desde então usa sempre

25
Agora em edição de bolso,
o livro que inaugurou a Colecção Pessoa,
dirigida por Jerónimo Pizarro.

QUANDO SE PÔS
O MEU IRMÃO
FORA DE CASA
Valério Romão

Toda a literatura consiste num esforço para tornar a vida real. Como
todos sabem, ainda quando agem sem saber, a vida é absolutamente
irreal na sua realidade direta; os campos, as cidades, as ideias, são
coisas absolutamente fictícias […]. São intransmissíveis todas as
impressões salvo se as tornarmos literárias.
Fernando Pessoa
À Teresa

N ão me lembro exactamente o que motivou as discussões entre


o meu pai e o meu irmão, que chegavam a tardar dias a fio,
pairando sobre o almoço, sobre a televisão no volume máximo,
sobre a hora do banho
um ficava à porta a desenrolar argumentos atrás de
argu­mentos enquanto o outro gritava, de dentro da casa de banho
não te ouço, não te ouço!
E foi assim durante muito tempo, até nos esquecermos, a minha
mãe e eu
e o Chinelo, o cão em miniatura que tremia não se sabe
nunca se de frio ou de medo
de que havia sido de outra forma, de que nos tínhamos dado bem,
até certa altura e de que, de repente
ninguém se lembra do quando ou do como
se instalou lá em casa a discórdia, essa voz de muitas vozes, às vezes
na boca do meu pai mas, na maior parte do tempo, a orientar as
palavras cada vez mais estranhas do meu irmão
cada vez mais herméticas, mais políticas, mais talhadas
de um sentido unicamente acessível a estudiosos ou a fiéis
e por ali ficou, anos a fio, a cabriolar entre um e outro até o meu pai,
num acesso de fúria como nunca lhe tínhamos visto, pôr o meu irmão
fora de casa, aos repelões, enquanto gritava, no paroxismo da raiva
anda cá, meu camelo, anda cá
e com isso lhe abria e fechava a porta na cara, pondo um abrupto
e inesperado fim a um sem­‑número de anos de um contencioso
verbal que, ironicamente, acabou por resolver­‑se à chapada.

47
paul theroux

— Por favor, permite­‑me — implorei, debatendo­‑me um pouco


com ela, enquanto lançava olhares em torno, para me certificar de
que estávamos sós no jardim, de que ninguém nos observava.
Ela nada disse, mas estava a resistir­‑me, sem sombra de dúvida;
tinha um corpo semelhante a uma árvore jovem, magro mas forte.
Acerquei a boca do ouvido dela. Ofeguei um pouco, e senti no
rosto o meu fôlego quente depois de reverberar na cabeça dela, tão
próxima. Estava à beira do precipício, sabia­‑o bem; só me restava
atirar­‑me para o abismo.
— Amo­‑te — disse, e, no momento em que o disse, faltou­‑me o
intimidade
ar e senti­‑me desfalecer, como se tivesse proferido uma frase per‑
versa ou, pior ainda, como se lhe tivesse rogado uma praga — como
se a tivesse apunhalado no coração e depois me tivesse apunhalado Luísa Ferreira
a mim próprio. E foi também assim que ela reagiu, porque começou
a chorar, e abraçou­‑me e soluçou e tornou a ser uma garotinha.
— Ajuda­‑me — suplicou. A voz soou­‑lhe débil no crepúsculo.
Com aquela mentira, tornei­‑me amante dela. Permaneci na Villa
Moro, e Haroun foi pagando a conta com o dinheiro da Gräfin.
Ao fim de duas semanas, parti, apanhei o comboio para Palermo e
o navio de regresso a casa.
E depois vivi a minha vida, outros quarenta anos, os que mais
contam, os anos da família e da luta, do amor e dos louvores do
público, das minhas viagens ilustradas.
Quando os críticos me acusam de pintar quadros «acessíveis», eu
respondo que a minha força reside no talento para contar histórias.
O que eu nunca disse foi que os contadores de histórias mais enge‑
nhosos são os que evitam uma determinada história, a única história
que possuem; o próprio esforço para evitar essa história constitui o
motivo para as outras narrativas mais imaginosas. A fonte de nar‑
rativas fantásticas é muitas vezes este segredo, e o fantasista usa um
subterfúgio para aludir à verdade, mas sempre contornando a his‑
tória fundamental. Trata­‑se de um ritual criativo. Tal como eu disse
no início, esta é a minha única história. ■

Publicado originalmente na Granta 75, Outono de 2001.

182
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Ruy Belo
Cenas de um
capítulo
que nunca
existiu
Tiago Rodrigues
Eu? A trair-te? No final
tiago rodrigues
do último capítulo? cenas de um capítulo que nunca existiu
Estou. Acho que sim.

Nada… Pensei que…

Estás bem?

Pensaste o quê?
Sim. Entrei aqui inflamada
pelo monstro do ciúme.

No final do último capítulo, tinha


todas as razões para acreditar
que me estavas a trair.

Não estou a entender.

Nada parece poder deter a Eu também não.


avalanche destruidora que se abate
sobre o matrimónio de Luísa e Jorge.

Nada. Devo ter


O que é que queres
imaginado coisas.
dizer com “no final
do último capítulo”?

Não sei.

Que coisas?

270 271
Não consigo.
Não sabes? Mas foste
tiago rodrigues cenas de um capítulo que nunca existiu
tu que disseste “no final
do último capítulo”.

O que é que
se passa
contigo hoje?

É o que eu sinto. Não consigo mexer-me.


Não sei explicar! Ajuda-me.

Pronto. Tem calma. Abre os braços e


Imaginaste coisas. enrola-os à minha
É normal. volta. Simples.

É?

Sim. Toda a gente


imagina coisas. Não dá.

Desculpa. Fui uma parva.


Estavas só a ler.
Também não
consigo.
Estás a brincar,
não estás?
Pronto. Deixa lá.
Dá-me um abraço.

Não. Porque é que


não me abraças tu?

272 273
autores Luísa Ferreira nasceu em 1961. Trocou o curso
de Geografia pelo de Fotografia e começou a foto‑
Awards (Melhor Romance e Livro do Ano); em
2013 recebeu, pelo conjunto da sua obra, o David
Paul Theroux nasceu no Massachusetts, EUA,
em 1941. Autor de vários romances, distinguiu-se
grafar profissionalmente em meados dos anos 80. Cohen Prize. na literatura de viagens, nomeadamente com O
Em 1989, integrou a equipa de fotojornalistas Grande Bazar Ferroviário (1975). Os seus livros
fundadores do Público. Interrompeu a actividade Susana Moreira Marques nasceu no Porto, em estão traduzidos em inúmeras línguas. Em portu‑
diária de fotojornalista em 1998, depois de ter 1976. É escritora e jornalista freelance. É autora do guês, encontram-se, por exemplo, O Velho Expresso
Ruy Belo (1933-1978) é um dos mais importantes passado também pela Associated Press. Expõe livro Agora e na Hora da Nossa Morte (Tinta­‑da­ da Patagónia, Viagem por África ou Comboio-Fan‑
poetas portugueses da segunda metade do século individualmente com regularidade desde 1989, ‑china, 2011). Vive em Lisboa. tasma Para o Oriente. O romance Picture Palace
xx. Publicou o primeiro livro, Aquele Grande Rio desenvolvendo projectos pessoais e trabalhos por recebeu o Whitbread Prize e Riding the Iron Rooster
Eufrates, em 1961. Estudou Direito e doutorou-se encomenda. Haruki Murakami nasceu em Quioto, no Japão, recebeu o Thomas Cook Travel Book Award. A
em Direito Canónico, em Roma, vindo posterior‑ em 1949. Em 1986 partiu para a Europa, acabando Costa do Mosquito foi distinguido com o James Tait
mente a licenciar-se em Filologia Românica. Viveu João Gambino trabalha desde 2005 em cinema, por fixar-se nos EUA. Autor de vários romances, Black Memorial Prize.
em Madrid, como leitor de Português, entre 1971 teatro, publicidade e produções institucionais. a sua obra encontra-se traduzida em dezenas de
e 1977. Desenvolveu ainda uma importante acti‑ Foi o director de fotografia das curtas­‑metragens países. Em Portugal estão publicados, entre outros, Teresa Veiga nasceu em Lisboa, em 1945. Entre
vidade ensaística, destacando-se neste aspecto a Valsinha (2013), de Miguel Carranca, Candy Riot Sputnik, Meu Amor, Kafka à Beira-Mar, A Sul da 1980 e 2008 escreveu seis livros. Um deles, História
colectânea de ensaios Na Senda da Poesia, publi‑ (2011), de David Tutti dos Reis, e de vários vídeo‑ Fronteira, a Oeste do Sol, 1Q84 e Underground. da Bela Fria (1992), recebeu o Prémio Pen Clube
cada em 1969. Tem a obra poética reunida no clips. Em teatro, trabalhou como desenhador A sua obra tem vindo a ser distinguida com vários Português de Ficção e o Grande Prémio de Conto
volume Todos os Poemas. de luz e operador de câmara nos espectáculos prémios, entre os quais o Franz Kafka Prize Camilo Castelo Branco. Este último foi novamente
Enquanto Vivermos (2012), de Pedro Gil, e Os Dias (2006), o Jerusalem Prize (2009) e o International atribuído à autora pelo seu mais recente título, Uma
Mário de Carvalho nasceu em Lisboa, em São Connosco (2012), de Raquel Castro. Catalunya Prize (2011). Aventura Secreta do Marquês de Bradomín (2008).
1944. Advogado. Participação nos movimentos
estudantis e na resistência organizada à dita‑ Alex Gozblau é autor de trabalhos regulares António Osório nasceu em 1933. Publicou o pri‑ Lina Wolff nasceu em 1973, em Lund, na Suécia.
dura. Prisão, privação do sono e condenação a de ilustração para a imprensa desde 1997. Tem meiro livro, A Raiz Afectuosa, em 1972, embora tenha Escreveu a colectânea de contos Många människor
dois anos de cadeia. Exílio na Suécia. Regresso também trabalho em pintura, banda desenhada, começado a escrever ainda na década de 50. Filho dör som du («Muita Gente Morre Como Tu»).
após a Revolução de 25 de Abril. Longa lista de cinema de animação, publicidade, cartazes, capas de mãe italiana e pai português, bilingue, cresceu Em 2012, publicou Bret Easton Ellis och de andra
publicações entre romance e novela, conto, teatro. de livros e discos, design gráfico, argumento, ban‑ acompanhado pela poesia de Dante e de Camões, hundarna («Bret Easton Ellis e os Outros Cães»),
Muitos prémios literários e traduções em várias das sonoras, teatro e rádio. Em 2009, recebeu o de Camilo Pessanha e de Eugénio Montale, entre romance nomeado para vários prémios literários
línguas. Para exemplo, os romances Um Deus Grande Prémio Stuart de Desenho de Imprensa. muitos outros. Publicou, entre outros, os livros no seu país. Os seus livros não estão traduzidos
Passeando pela Brisa da Tarde, Era Bom Que Tro‑ A Ignorância da Morte, Décima Aurora e Casa de em português.
cássemos Umas Ideias Sobre o Assunto e o livro de Siri Hustvedt nasceu no Minnesota, EUA, em Sementes. O mais recente é O Concerto Interior – evo‑
contos A Liberdade de Pátio. 1955. É autora de vários livros, traduzidos em cações de um poeta, editado em 2012. Tem a obra poé‑
dezenas de línguas. Em Portugal estão disponíveis, tica reunida no volume A Luz Fraterna. AC TORES
Alexandra Lucas Coelho nasceu em Lisboa, em entre outros, De Olhos Vendados, Elegia Para Um Isabel Abreu foi dirigida por encenadores como
Dezembro de 1967. Publicou cinco livros de repor‑ Americano e Verão Sem Homens. Acaba de publi‑ Tiago Rodrigues nasceu em 1977. É drama‑ Marco Martins, Tiago Guedes, Nuno Cardoso,
tagem-crónica-viagem:  Oriente Próximo (2007), car um novo romance, The Blazing World. Vive em turgo, actor e encenador. Com a sua companhia, Ana Luísa Guimarães, Tiago Rodrigues, João
Caderno Afegão (2009), Viva México (2010), Tahrir Nova Iorque desde 1978. Mundo Perfeito, criou trinta peças durante a Mota, entre outros. Além do percurso premiado
(2011), Vai, Brasil (2013) e o romance E a Noite última década, tendo já apresentado trabalho em no teatro, ganhou notoriedade também pelo seu
Roda (Grande Prémio de Romance e Novela APE, Ha Jin nasceu em Liaoning, na China, em 1956, vinte países da Europa, da América do Sul, da Ásia trabalho em televisão e cinema. Foi nomeada para
2012). Tem carteira de jornalista desde Janeiro de e foi viver para os Estados Unidos em 1984. Escreve e do Médio Oriente. Tem desdobrado a sua acti‑ o prémio de Melhor Actriz no Festival Internacio‑
1987. Viveu em Jerusalém e no Rio de Janeiro. em inglês. Recebeu duas vezes o PEN/Faulkner vidade pelo cinema, pela dança, pelo jornalismo, nal de Televisão de Monte Carlo, pela interpre‑
Award (com Destroços de Guerra e À Espera; este pela curadoria e pelo ensino. Várias das suas peças tação na minissérie Noite Sangrenta. Em cinema,
Hélia Correia nasceu em Lisboa, em 1949. Poetisa último foi ainda vencedor do National Book foram publicadas recentemente em livro pela Uni‑ trabalhou com realizadores como Sandro Aguilar,
e dramaturga, revelou‑se enquanto ficcionista com Award). Em Portugal estão também publicados versidade de Coimbra. Tiago Guedes e Frederico Serra, entre outros.
O Separar das Águas. Seguiram‑se outros roman‑ O Noivo e Os Alienados. Além de escritor, é profes‑
ces, como Lillias Fraser e Adoecer. A sua escrita para sor de Inglês na Universidade de Boston. Valério Romão nasceu em França, em 1974. Tónan Quito nasceu em 1976. Trabalha regu‑
tea­tro tem privilegiado os clássicos gregos, desta‑ Já em Portugal, licenciou­ ‑se em Filosofia. Tem larmente com Tiago Rodrigues/Mundo Perfeito,
cando‑se, por exemplo, Desmesura – Exercício com Hilary Mantel nasceu em Glossop, Inglaterra, em escrito contos, peças de teatro e feito traduções. com quem co­ ‑criou o espectáculo Entrelinhas.
Medeia. É também autora de livros infanto‑juvenis, 1952. Escreveu dez romances. Em Portugal estão Colabora regularmente em projectos multi­ Começou o percurso como actor em 4.º Período
como A Chegada de Twainy. A Terceira Miséria é o publicados Wolf Hall e O Livro Negro. A autora foi dis­ciplinares. Publi­­cou em 2012 o seu primeiro — O do Prazer, dirigido por António Fonseca.
seu mais recente livro de poesia. Distinguida com amplamente distinguida com prémios: o Booker romance, Autismo, e em 2013 publicou O da Joana, Tem trabalhado em teatro, cinema e televisão.
diversos outros prémios, recebeu em 2013 o Prémio Prize duas vezes, para Wolf Hall e Bring Up the segundo volume da trilogia Paternidades Falhadas, Em 2003 co­‑fundou a Truta, onde dirigiu vários
Vergílio Ferreira pelo conjunto da sua obra. Bodies; este último recebeu também dois Costa assim como um livro de contos, Facas. espectáculos.

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A Granta foi
composta em caracteres
Plantin e impressa na Guide, Artes
Gráficas, em Arcoprint Milk de 85 g e
X­‑Per Premium White de 120 g, em Maio de 2014.

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