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DOCUMENTAÇÃO OBSERVAÇÃO
ENTREVISTA
Apuração: ENTREVISTA
Como fazer uma
entrevista?
I. Como fazer uma entrevista
Antes de entrevistar
Há perguntas que induzem o entrevistado a uma resposta simples: sim, não, amanhã, verde.
São o que chamamos de perguntas fechadas:
Grave (com consentimento do entrevistado). Importante quando se quer publicar aspas, pois é preciso
garantir a literalidade.
Cheque sempre como se soletra o nome do entrevistado, sua idade, seu cargo.
Comece a entrevista explicando qual a pauta e onde será publicada.
Anote com atenção.
Faça uma pergunta de cada vez. Cuidado com perguntas múltiplas.
Ouça as respostas com interesse.
Se houver outros entrevistadores, fique atento também às perguntas que eles fazem e às respostas que
obtêm.
Aproveite os ganchos da entrevista.
Mude o rumo da entrevista quando ela estiver em um beco sem saída.
Tome cuidado para não esfriar a entrevista num bom momento com uma pergunta fora do tema ou mais
fria.
Refaça a pergunta se o entrevistado não tiver respondido a contento.
Combata respostas vagas.
Nunca deixe de perguntar alguma coisa que não tenha sido esclarecida.
Evite concordar com o entrevistado ou interpretar suas respostas.
Ser crítico ou incisivo não significa ser agressivo nem marcar posição.
Evite fazer afirmações durante a entrevista.
Não complete respostas do entrevistado.
Ajude o outro a lembrar. Muitas vezes a fonte não diz muito porque não se lembra ou
não é articulada. Com as perguntas certas, você pode ajudá-la a construir a história.
Não reaja de forma emocional.
Aproveite a entrevista para ampliar suas fontes. Pergunte sempre: a quem mais você
indicaria para falar sobre o assunto?
Sempre agradeça ao final pelo tempo do entrevistado.
Na hora de escrever
Escreva assim que possível. Não confie na memória; não deixe a conversa esfriar.
Quando quiser reproduzir frases entre aspas e não tiver certeza da literalidade, volte a falar
com a fonte e pergunte especificamente sobre aquilo. Se tiver a gravação, consulte-a, desde
que tenha razoável ideia de onde está a frade e tempo para procura-la.
Se houver dúvidas, não hesite em voltar a consultar o entrevistado.
Depois de publicada
Se você vai a um evento e não conhece a pessoa que terá que entrevistar, pesquise fotos dela antes de sair
do jornal.
Se for entrevistar várias pessoas num mesmo local, como um congresso ou comício, procure folhetos ou
programas com nomes e contatos básicos.
Ouça as perguntas dos outros jornalistas também. Não fique concentrado só no que você precisa indagar,
pois a notícia pode estar na resposta dada a um colega.
Se não conseguir chegar perto do entrevistado, passe seu gravador para outro repórter gravar.
Em alguns casos, os assessores podem passar o texto de discursos antes. Isso permite que você adiante sua
reportagem, mas fique atento, porque a fonte pode falar de improviso ou alterar trechos do que havia sido
previamente preparado.
Fique atento também à plateia. Se era grande ou pequena, quem estava lá e como reagiu ao discurso
podem ser informações relevantes.
Há perguntas proibidas?
Algumas perguntas são inúteis ou até prejudiciais. Veja uma lista do que evitar:
Para tornar seu relato mais rico, se puder, observe. Vai entrevistar o diretor do Metrô e ele diz
que só pode a tarde, porque de manhã tem que vistoriar uma obra? Dê um jeito de ir com ele, só
para ficar olhando. Observe tudo, anote tudo. Isso garante perguntas melhores; mais que isso,
permite um perfil mais rico.
Diálogos podem ajudar na narrativa e enriquecer o texto. Se sua fonte está cantando um fato,
extraia dela os diálogos. Pergunte: “O que você disse quando tal coisa aconteceu?”, “Qual foi a
primeira coisa que lhe disseram quando assumiu o novo cargo?”.
IV. Entrevistas por telefone
Entrevistas por telefone acontecem quase todos os dias na atividade jornalística. É preciso
lembrar quais são os limites:
▪ Sem ver a expressão da fonte, a compreensão do que ela diz fica limitada;
▪ As chances de o entrevistado se distrair aumentam;
▪ Se você nunca falou antes com essa pessoa, há o risco de ser enganado (entrevistar o
assessor, se fazendo passar pela fonte;
Alguns cuidados:
Explique claramente que é uma entrevista e estime o tempo que ela vai durar
Se o entrevistado estiver ocupado, combine de voltar a ligar em certo tempo. Deixei a
iniciativa com você, ou terá que ficar esperando pela chamada
Cheque a grafia de nomes e peça para soletrar
Livrar-se de um repórter por telefone é bem mais fácil que pessoalmente, basta a fonte
desligar o telefone: faça as perguntas mais importantes primeiro
Cuidado com assuntos delicados
Faça perguntas curtas
Grave sempre
Pergunte se pode ligar mais tarde, caso tenha dúvidas
IV. Entrevistas por e-mail
Entrevistas por e-mail é sempre pior que por telefone ou pessoalmente por alguns motivos:
▪ O repórter não pode interagir com o entrevistado, aprofundar uma resposta, contrapor,
esclarecer dúvidas;
▪ As respostas sempre soam artificiais, mais formais, menos precisas;
▪ É sempre um problema garantir que o próprio entrevistado tenha respondido às
perguntas.
Entrevista, Diálogo Possível
“Aspecto importante a ser lembrado é
que a entrevista é um relacionamento.
Depende da sua capacidade de
conversar. De interessar-se pelo que o
outro tem a dizer”. (PINTO, 2014)
A entrevista nas ciências
sociais e na radiotelevisão Edgar
Morin (1973)
A autora irá investir num jornalismo que, ainda que atento para suas determinações
de habitus, não se deixe levar pelo autoritarismo e reconheça o outro como
nascente de um rio potencialmente dialógico, ansioso em aflorar comportamentos,
valores – a concretização do perfil humanizado que visa à comunicação coletiva.
As complementações de Medina ao mapa de Edgar Morin atualizam as duas
frentes organizadas pelo autor, oferecendo aos gêneros globais de
espetacularização (rito e anedótico) e de aprofundamento (dialógico e
neoconfessional), linhas menores que esquadrinham os perfis construídos
na entrevista: numa ponta, os pitorescos, inusitados, condenativos e de
ironia intelectualizada; na outra, as entrevistas conceituais, de enquete,
investigativas, de confrontação e os perfis humanizados.
▪ Entrevistas gravadas
▪ Declarações por escrito
▪ Documentos administrativos ou legais – certificados de propriedade de imóveis, registros de
empresas, contratos, processos judiciais, boletins de ocorrência, balanços, prestações de
contas
▪ Notas fiscais e recibos
▪ Relatórios oficiais
▪ Atas de reuniões
▪ Fotos
▪ Vídeos
▪ Auditorias ou testes realizados por laboratórios confiáveis
Referências
MEDINA, Cremilda de A. Entrevista: O diálogo possível. São Paulo: Ática, 1995.
MORIN, Edgar. A entrevista nas Ciências Sociais, no rádio e na televisão. In:
MOLES,Abraham A. et al. Linguagem da Cultura de Massa. Petrópolis: Editora
Vozes, 1973.
PINTO, A. E. de S. Jornalismo diário: reflexões, recomendações, dicas e
exercícios. São Paulo: Publifolha, 2014.