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também lhe perguntara: “Quando é que você vai nos convidar para outro jantar?

Os que você
oferece são sempre ótimos.”
Agora o sentido do sonho estava claro, e pude dizer a minha paciente: “É como se,
quando ela fez essa sugestão, a senhora tivesse dito a si mesma: ‘Pois sim! Vou convidá-la para
comer em minha casa só para que você possa engordar e atrair meu marido ainda mais! Prefiro
nunca mais oferecer um jantar.’ O que o sonho lhe disse foi que a senhora não podia oferecer
nenhuma ceia, e assim estava realizando seu desejo de não ajudar sua amiga a ficar mais
cheinha. O fato de que o que as pessoas comem nas festas as engorda lhe fora lembrado pela
decisão de seu marido de não mais aceitar convites para jantar, em benefício de seu plano de
emagrecer.” Só faltava agora alguma coincidência que confirmasse a solução. O salmão defumado
do sonho ainda não fora explicado. “Como foi”, perguntei, “que a senhora chegou ao salmão que
apareceu em seu sonho?” “Oh”, exclamou ela, “salmão defumado é o prato predileto de minha
amiga!” Acontece que eu mesmo conheço a senhora em questão e posso afirmar o fato de que ela
se ressente tanto de não comer salmão quanto minha paciente de não comer caviar.
O mesmo sonho admite uma outra interpretação, mais sutil, que de fato se torna
inevitável se levarmos em conta um detalhe adicional. (As duas interpretações não são
mutuamente contraditórias, mas ambas cobrem o mesmo terreno; constituem um bom exemplo do
fato de que os sonhos, como todas as outras estruturas psicopatológicas, têm regularmente mais
de um sentido.) Minha paciente, como se pode lembrar, ao mesmo tempo que estava ocupada
com seu sonho de renúncia a um desejo, também tentava efetivar um desejo renunciado (pelo
sanduíche de caviar) na vida real. Sua amiga também dera expressão a um desejo - de engordar -,
e não seria de surpreender que minha paciente tivesse sonhado que o desejo de sua amiga não
fora realizado, pois o próprio desejo de minha paciente era que o de sua amiga (engordar) não se
realizasse. Mas, em vez disso, ela sonhou que um de seus próprios desejos não era realizado.
Portanto, o sonho adquirirá nova interpretação se supusermos que a pessoa nele indicada não era
ela mesma, e sim a amiga: que ela se colocara no lugar da amiga, ou, como poderíamos dizer, que
se “identificara” com a amiga. Creio que ela de fato fizera isso, e a circunstância de ter efetivado
um desejo renunciado na vida real foi prova dessa identificação.
Qual é o sentido da identificação histérica? Isso exige uma explicação um tanto extensa.
A identificação é um fator altamente importante no mecanismo dos sintomas histéricos. Ela permite
aos pacientes expressarem em seus sintomas não apenas suas próprias experiências, como
também as de um grande número de outras pessoas: permite-lhes, por assim dizer, sofrer em
nome de toda uma multidão de pessoas e desempenhar sozinhas todos os papéis de uma peça.
Dirão que isso não passa da conhecida imitação histérica, da capacidade dos histéricos de
imitarem quaisquer sintomas de outras pessoas que possam ter despertado sua atenção -
solidariedade, por assim dizer, intensificada até o ponto da reprodução. Isso, porém, não faz mais
do que indicar-nos a trilha percorrida pelo processo psíquico na imitação histérica. Essa trilha é
diferente do ato mental que se processa ao longo dela. Este é um pouco mais complicado do que o

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