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ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
Iniciação Científica
PROJETO
1.2. Identificação:
Não se aplica.
INTRODUÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO
A alta carga orgânica solúvel desse efluente não é removida com eficiência pelos
processos convencionais de tratamento, como lodos ativados, lagoas aeradas e reatores
anaeróbios (GRAVES e JOYCE, 1994). Os tratamentos convencionais citados também
demandam grandes áreas e a tendência é a utilização de sistemas compactos, que
utilizam uma conjugação de processos visando maior eficiência em um menor espaço.
OBJETIVOS
METODOLOGIA
Investigação da incrustação:
O cálculo das resistências da membrana (Rm), por adsorção estática (Ra), por bloqueio
dos poros (Rbp) e por formação de torta (Rt) foram realizados de acordo com o método
das resistências e paralelo proposto por Choo & Lee (1998). O método é composto por
4 etapas. Primeiramente a membrana foi imersa em um tanque de água destilada e o
fluxo de água (Ji) foi obtido a uma pressão de 0,2bar, que é a pressão necessária para se
obter o tempo de detenção hidráulica estabelecido.
Na quarta etapa, a membrana era retirada do tanque e lavada em água corrente para a
remoção da torta. O fluxo, então, é medido com água destilada empregando 0,2bar (Jv).
Ao BRM descrito no relatório anterior, foi acrescentada uma quantidade de carvão tal
que a concentração fosse de 10 g/L (62 g). O sistema operou com TRH de 9,5 h e com
uma vazão de ar de 0,5 Nm3/h. a retrolavagem era acionada durante 15 s a cada 15 min
e a idade do lodo era considerada infinita. Quando retiradas alíquotas para análise, a
quantidade de carvão retirada era reposta de acordo com o volume retirado,
considerando o meio homogêneo. A figura X mostra a comparação entre o
funcionamento do BRM e o BRM com CAP.
DQO alimentação DQO permeado MF DQO permeado BRM
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51
Tempo (dia)
DQO (mg/L)
250 250
200 200
150 150
100 100
50 50
0 0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Tempo de operação (dias) Tempo de operação (dias)
(a) (b)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51
Tempo (dia)
A sistema, com a adição do CAP, ganhou desempenho de remoção média de DQO: foi
de 82% sem CAP para 88% com CAP. As figuras abaixo mostram os gráficos de
controle para a avaliação da remoção de DQO no BRM, no BRM com CAP e nos
sistemas MF/BRM.
94 94
Remoção de DQO no BRM (%)
91 91
88 88
85 85
82 82
79 79
76 76
73 73
70 70
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Tempo de operação (dias) Tempo de operação (dias)
(a) (b)
96 96
(%)
(%)
94 94
92 92
90 90
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Tempo de operação (dias) Tempo de operação (dias)
(a) (b)
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51
Tempo (dia)
A significativa remoção de cor do sistema com CAP pode ser melhor observada nas
figuras abaixo.
140 140
120 120
100 100
Cor (mg/L)
Cor (mg/L)
80 80
60 60
40 40
20 20
0 0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Tempo de operação (dias) Tempo de operação (dias)
(a) (b)
Figura 4.68 – Gráfico de controle estatítico de processo para avaliação da cor durante
operação do sistema (a) MF/BRM e (b) MF/BRM com CAP
Após a adição de CAP, a cor do permeado, de acordo com a figura, reduziu de 73 para
12 mg de Pt-Co/L, além de apresentar maior estabilidade do processo. Isso evidencia
que o BRM com adição de CAP se mostra como um processo adequado para a remoção
de matéria orgânica e cor de efluente de branqueamento. Na figura X são apresentadas
algumas fotos do permeado do BRM com e sem adição de CAP.
(a) (b)
Figura 4.69 – Permeado do BRM operado (a) sem adição de CAP e (b) com adição de
CAP
A figura abaixo mostra os valores de pressão aplicada, fluxo operacional e fluxo crítico
empregados na operação do BRM com e sem adição de CAP.
Limpeza química Fluxo Fluxo crítico Pressão
Operação sem CAP Operação com CAP
42 1,3
39 1,2
36 1,1
33 1,0
30 0,9
Fluxo (L/m2h)
27
0,8
Vácuo (bar)
24
0,7
21
0,6
18
0,5
15
12 0,4
9 0,3
6 Operação sem 0,2
retrolavagem
3 0,1
0 0,0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57 60
Tempo (dia)
Visando a comprovação da idéia de que o fluxo operacional deve ser menor que o fluxo
crítico, o sistema foi operado com fluxo maior que o fluxo crítico durante os dias 52 a
56. O resultado foi o esperado: um aumento da pressão aplicada para a manutenção do
fluxo. Após a limpeza, a pressão aplicada voltou aos patamares anteriores, mostrando
que a incrustação não foi irreversível. Retornado o sistema ao fluxo operacional normal,
abaixo do fluxo crítico, a pressão voltou a ser constante para a manutenção do fluxo.
O aumento do fluxo crítico com a adição de CAP ao BRM pode ser atribuído a fatores
físicos e/ou físico-químicos. Os primeiros se devem à abrasividade do carvão, que
auxilia a remoção da torta da membrana. Os efeitos físico-químicos são relativos à
adsorção de SMP e EPS pelo carvão, reduzindo a concentração destes no meio e
diminuindo, assim, a incrustação na membrana.
5.5.3. Investigação da incrustação
A Figura X apresenta os valores das resistências durante a operação do BRM com e sem
adição de CAP.
Rm Ra Rbp Rt
3,0
Operação sem CAP Operação com CAP
Resistência (x 1015 m-1)
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51
Tempo de operação (d)
Figura 4.72 – Variação das resistências Rm, Ra, Rbp e Rt durante operação com e sem
adição de CAP
Após a adição de CAP, ocorreu uma redução da resistência devido ao bloqueio de poros
e formação de torta. Isso se deve, provavelmente, à redução de SMP e EPS no lodo e ao
efeito abrasivo do carvão que resulta na minimização da torta.
240
210
180
150
120
90
60
30
0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51
Tempo de operação (d)
10
Relação C/P
0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51
Tempo de operação (d)
Figura 4.78 – Perfil da relação C/P durante operação do BRM com e sem adição de
CAP
Observa-se grande aumento da relação C/P durante a operação do sistema com CAP, o
que é um comportamento inverso ao do perfil das resistências, mostrando a importância
do controle da relação C/P para o controle da incrustação.
70
60
50
40
30
20
10
0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51
Tempo (d)
(a)
25
20
15
10
5
0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51
Tempo (d)
(b)
Figura 4.79 – Concentração de SMP e EPS no (a) líquido do BRM e (b) material
depositado na superfície da membrana em termos de proteína
As espécies coloidais não foram afetadas pelo CAP, uma vez que a adsorção dessas
substâncias não é favorecida. As figuras abaixo mostram os perfis de SMP e EPS no
líquido do BRM e no material incrustado em termos de carboidrato, antes e após a
adição de CAP.
60
50
40
30
20
10
0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51
Tempo (d)
(a)
SMP solúvel SMP coloidal EPS solúvel EPS coloidal
50
Carboidrato (g)
40
30
20
10
0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51
Tempo (d)
(b)
Figura 4.80 – Concentração de SMP e EPS no (a) líquido do BRM e (b) material
depositado na superfície da membrana em termos de carboidrato
600
DQO (mg/L)
500
400
300
200
100
0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51
Tempo (d)
(a)
SMP solúvel SMP coloidal EPS solúvel EPS coloidal
(b)
Figura 4.81 – Concentração de SMP e EPS no (a) líquido do BRM e (b) material
depositado na superfície da membrana em termos de carboidrato
Ocorreu uma redução significativa de SMP e EPS, tanto no líquido reacional quanto no
material incrustado, no qual a concentração dessas substâncias ainda se manteve
constante ao longo da operação. Esses dados apontam para a contribuição para a
redução da incrustação, por parte do carvão, pelas razões físico-químicas listadas.
Conclusões
O sistema de BRM com CAP mostrou ser capaz de tratar o efluente de branqueamento
de pasta celulósica com eficiência superior à sistemas de tratamento terciário,
adequando o permeado final para os padrões de lançamento em termos de DQO e cor.
Os resultados sugerem regeneração do carvão dentro do BRM, pois, mesmo com baixa
reposição, a eficiência do processo não apresentou grandes variações. As substâncias
que apresentam cor possivelmente possuem cinética de degradação desfavorável, e o
aumento do TRH resultante no BRM pelo CAP permitiu que elas fossem degradadas,
proporcionando um permeado de melhor qualidade, sem prejuízo de produção.
O sistema com CAP apresentou um maior fluxo crítico, o que resultou em uma menor e
constante pressão aplicada para manutenção do fluxo. Quando o fluxo operacional era
maior que o fluxo crítico, a pressão aplicada aumentava com como tempo de operação,
e somente retornava ao normal após limpeza química. Esses resultados ilustram o
quanto trabalhar abaixo do fluxo crítico é importante para prevenir incrustação em
membranas e manter a sustentabilidade da operação.
O aumento do fluxo crítico pode ser atribuído a fatores físicos e/ou físico-químicos: os
primeiros relacionados à abrasão do carvão, capaz de reduzir a formação de torta; e os
físico-químicos estão relacionados à adsorção de SMP e EPS no CAP e,
conseqüentemente, a incrustação deles na membrana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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American Public Health Association, Washington, DC, 2005.
BURA, R.; CHEUNG, M.; LIAO, B.; FINLAYSON, J.; LEE, B.C.; DROPPO, I.G.;
LEPPARD, G.G.; LISS, S.N. Composition of extracellular polymeric substances in the
activated sludge floc matrix. Water Sci. Technol., v.37, n.4–5, p.325–333, 1998.
DUBOIS, M., GILLES, K.A. Colorimetric method for determination of sugars and
related substances. Analytical Chemistry, v.28, n.3, p.350-356, 1956.
GRAVES, J.W.; JOYCE, T.W. A critical review of the ability of biological treatment
systems to remove chlorinated organics discharged by the paper industry. Water. v. 20,
n. 2, p.155-160, 1994.
LEE, C.H.; YEON, K.Y.; LEE, W.N.; HWANG, B.K.; HONG, S.H.; PARK, P.K.;
CHANG, I.S. Let’s open the blackbox “Biofilm” in MBR. In: MBR workshop,
Trondheim, July, 2006.
LOWRY, O. H.; ROSEBROUGH, N. H.; FARR, A. L.; RANDALL, R. J. Protein
Measurements with the Folirn Phenol Reagent. Journal of Biological Chemistry, v.193,
p.265 – 275, 1951.
Como fator negativo, posso citar o conflito de horários que ocorria entre a faculdade e o
projeto, ocasionando em horários que não contribuíam para ambos. Os horários da
faculdade mudavam sempre e eu acabei tendo que encaixar o trabalho no projeto nas
janelas, que nem sempre eram suficientes e ocasionavam dias onde eu ficava o dia
inteiro no laboratório e dias que eu não podia ir. No mais, a orientação, o trabalho, a
estrutura e o comprometimento dos membros da equipe são pontos positivos decisivos
na execução desse projeto.
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X_ Ingressar na Pós-Graduação
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