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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
APÊNDICE METODOLÓGICO REFERENTE À PRIMEIRA PARTE.
I. Os Dados Empíricos.
II. Tratamento Dispensado aos Dados.
III. Modelos da Fichas Utilizadas em nossa Pesquisa.
Notas.
APÊNDICE ESTATÍSTICO.
FONTES E BIBLIOGRAFIA.
INTRODUÇÃO.
Por outro lado, as condições do mercado e dos preços internacionais para os produtos
exportados podiam afetar o ritmo das atividades voltadas para a produção de gêneros
de primeira necessidade. Destarte, provavelmente, as respostas da oferta de alimentos
básicos aos estímulos do mercado interno vinculavam-se estreitamente aos incentivos
gerados na órbita do comércio internacional. Fato a exercer papel fundamental na
alocação da força de trabalho, dos recursos produtivos e, sobretudo, nos processos de
dispersão e convergência populacionais; a influir decisivamente, portanto, nos
movimentos migratórios internos.
* * *
Nossas fontes primárias constam, essencialmente, (1) dos assentos de batismos, óbitos
e casamentos da paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, uma de
duas existentes, no período colonial, em Vila Rica, hoje Ouro Preto. Só a partir da
segunda década do século XVIII podemos contar com registros contínuos e em bom
estado de conservação. Este fato determinou o limite cronológico inferior do período
selecionado para estudo. O limite superior -- final do primeiro quarto do século dezenove
-- escolheu-se primeiramente por imposição metodológica, pois propicia segmento de
tempo suficiente à observação de fenômenos demográficos; em segundo, porque
condicionamentos socioeconômicos de grande importância podem ser considerados
pois, a este tempo, apresentava-se definitivamente superada a exploração aurífera nas
Minas Gerais e escoara-se o período que se nos apresenta como de transição da
atividade exploratória para a agrícola.
Assim, o espaço temporal analisado abarca o surto minerat5rio, seu auge e decadência,
captando as repercussões sociais e econômicas do reflorescimento agrícola na Colônia,
cujas raízes assentaram-se no último quartel do século dezoito. Compreende,
igualmente, a concentração populacional ocorrida nos três primeiros quartos do século
XVIII período no qual se formou o estoque de população que, em segundo momento,
também englobado pelo estudo vertente, dirigiu-se para outras áreas do territ6rio
brasileiro.
Temos, assim, como objeto de análise, o fluxo e refluxo populacional, vale dizer, a
concentração de grande contingente humano (oriundo dos diversos quadrantes do
Brasil, da metrópole e demais dependências coloniais) em pequeno espaço territorial e
sua subsecutiva diáspora. Estes movimentos foram condicionados, de um lado, pela
ascensão e recesso da atividade aurífera e, de outro, pelas atividades econômicas
subsequentes à decadência da mineração.
* * *
Os dados primários receberam tratamento derivado da metodologia preconizada e
desenvolvida, em França, principalmente, por Michel Fleury, Louis Henry e Pierre
Goubert.
PRIMEIRA PARTE
EVOLVER DA POPULAÇÃO OURO-PRETANA.
A interligação das áreas já ocupadas pelo colonizador europeu aparecia como primeiro
elemento de integração econômico-social, ao mesmo tempo esboçava-se o mercado
consumidor interno e intensificava-se o processo de urbanização.
A região das Minas Gerais desenvolveu-se no século XVIII como centro de intensa
atividade, cuja influência se fez sentir nas varias economias da Colônia. Dos mais
importantes é o fato de que o desenvolvimento da mineração deu-se concomitantemente
à decadência da lavoura, atividade que até então havia monopolizado as energias do
colonizador luso. "A mineração teve na vida da colônia um grande papel. Durante 3/4 de
século ocupou a maior parte das atenções do país, e desenvolveu-se à custa da
decadência das demais atividades. O fluxo de população para as minas é desde o inicio
do século XVIII considerável; um rush de proporções gigantescas, que relativamente às
condições da colônia é ainda mais acentuado e violento que o famoso rush californiano
do século XIX.
"Isto já seria o suficiente para desequilibrar a vida do país e lhe transformar
completamente o aspecto. Em alguns decênios povoa-se um território imenso até então
desabitado, e cuja área global não é inferior a 2 milh5es de km2." (3)
Vila Rica surge como expressão deste quadro, do qual encararemos os movimentos
populacionais da paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias.
* * *
Durante cerca de trinta anos explorou-se, apenas, o ouro de lavagem e abriram-se catas
nos tabuleiros. Os primeiros povoados viviam a fase embrionária caracterizada pelo
comércio feito por tropas e com o concurso dos mascates.
Logo as explorações começaram a subir pelas encostas dos morros à procura de ouro
nas aluviões de meia encosta, as chamadas "grupiaras". Somente a partir deste
momento o trabalho tendeu a estabilizar-se. Seu denominador comum foram as
primeiras "catas altas", verdadeiras lavras pelo movimento de terra nelas efetuado. No
morro -- onde inicialmente apenas se trabalhava na época das chuvas, pois as águas
avolumadas impossibilitavam a atividade junto aos rios -- concentraram-se os trabalhos,
que se multiplicaram na razão direta do esgotamento dos leitos dos rios.
A partir de 1720 restavam poucos descobertos a fazer nos rios. Os mineiros, sem
necessitar de novas concessões, subiram pelas encostas dos vales, junto às suas datas,
até atingir o alto dos morros. Os trabalhos vultosos que o ouro de montanha exigia
revelavam-se incompatíveis com a atividade errante dos primeiros tempos. Os homens
passaram a radicar-se à terra. Organizava-se a sociedade, a justiça civil começava a
firmar-se. Desde 1720 grande parte da população das Minas já não vivia nômade. A
concentração e a estabilidade dos trabalhos levaram os senhores a construir suas casas
próximo às minerações e constituíram-se as primeiras famílias regulares.
* * *
Por outro lado, o rendimento das lavras dependia, em grande parte, da diligencia e boa
vontade do trabalhador. Os escravos mais produtivos recebiam prêmios, "há senhores
que, ao fim de umas tantas gramas apuradas pelo negro, consentem que este trabalhe o
resto do dia para o seu próprio proveito. Nos contratos diamantíferos, o escravo que
achar um diamante de certo tamanho obtém a liberdade." (7) Em face do número
crescente de alforrias a coroa adotou medidas inibitórias desta prática. (8)
Os mineradores viam-se, com respeito aos cativos, frente a situação dilemática: por um
lado tendiam a dispensar-lhes -- dadas as condições de trabalho -- bom tratamento, por
outro, fazia-se necessária estrita vigilância para evitar fugas. (10) Apresentavam, no
entanto, via de regra, fácies branda, delegando aos capitães do mato o lado antipático
da ação repressora: "Os capitães do mato agindo por conta dos governos das câmaras,
permitem que os senhores de lavra usem de certa liberalidade junto aos negros e assim
consigam, em troca, maior diligência nos serviços [...] nas vilas, as cadeias -- feitas
sobretudo para abrigar o escravo fujão à espera de que o senhor o reclame, pagando ao
capitão do mato o devido pela captura -- tornam-se os maiores edifícios dentre o
casario." (11)
* * *
Já outro espírito nota-se no Áureo Trono Episcopal (14) relato da posse, em 1748, de
Dom Frei Manuel da Cruz como primeiro bispo da diocese de Mariana, criada que fora
em 1745. O autor, anônimo, pinta-nos o quadro das Minas Gerais no meado do século
XVIII: "... sem embargo de ser tanta a decadência do mesmo país, que por acaso se
acha nele quem possa com o dispêndio necessário para a conservação de sua pessoa, e
fábricas." (15)
O encanto chegara ao fim. Vila Rica -- "pela opulência das riquezas a pérola preciosa do
Brasil" (20) -- transformara-se em "pobre Aldeia" (21), "terra decadente" (22) -- "Humilde
povoado, aonde os Grandes/Moram em casas de madeira a pique" (23)
* * *
* * *
O antigo povoado que veio a ser Vila Rica nasceu da atividade exploratória dos paulistas
nas areias do Tripuí e nas encostas do Itacolomi. Reivindica-se o pioneirismo na área
para Antonio Rodrigues Arzão -- a quem se atribui o primeiro achado de ouro em Minas
-- para o Padre João de Faria Fialho e para Antônio Dias de Oliveira, paulista de Taubaté.
(26). A um deles, ou aos três, deve-se atribuir a fundação do povoado que se constituiria
num dos quatro principais centros auríferos de Minas. Segundo o autor da Memória
Histórica da Capitania de Minas Gerais: "As Minas de Vila Rica, ou do Oiro Preto, tiveram
por descobridores nos anos de 1699, 1700 e 1701, a Antônio Dias, natural de Taubaté, ao
Padre João de Faria Fialho, natural da Ilha de São Sebastião, que viera por Capelão das
Bandeiras do Taubaté, a Thomás Lopes de Camargo, e a Francisco Bueno da Silva,
ambos Paulistas, de todos estes tomaram nome, alguns Bairros de Vila Rica." (27)
Alice Piffer Canabrava, por sua vez, afirma: "Graças ao grande avanço dos estudos
sobre o bandeirismo, com respeito ao fenômeno da ocupação do solo, podemos situar,
no tempo, as descobertas referidas por Andreoni. Nas minas gerais dos Cataguás, os
achados de Antônio Dias de Oliveira, no ribeirão que leva o seu nome, em 1698-9; os do
ribeirão do padre João de Faria Fialho em 1699, que completou as descobertas do
primeiro, no Ouro Preto; os de Bento Rodrigues, no ribeirão do seu nome em 1697; os de
Francisco da Silva Bueno, no ribeiro Bueno e no rio das Pedras; ..." (29) Em verdade,
podemos pensar em uma série de povoados ou arraiais estabelecidos por diversos
desbravadores e, posteriormente, reunidos com o nome de Vila Rica. É justamente esta
conclusão, aliás, que se pode inferir da descrição de Antonil: "Em distância de meia
légua do ribeiro do Ouro Preto, achou-se outra mina, que se chama a do ribeiro de
Antônio Dias; e daí a outra meia légua, a do ribeiro do Padre João de Faria; e, junto
desta, pouco mais de uma légua, a do ribeiro do Bueno e a de Bento Rodrigues." (30)
Baseado neste relato, escreveu Diogo de Vasconcelos: "Esta vila se compunha dos
vários arraiais da Serra, separados por montes cobertos de espessura. Como o
regimento não permitia o título de primeiro descobridor, aos que achassem mina em
distância de menos de meia légua da já descoberta, os primeiros povoadores da serra
estabeleceram-se em distância de meia légua uns dos outros. Antonil ainda em seu
tempo achou pelos caminhos, que havia, as minas de Ouro Preto separadas meia légua
das de Antônio Dias, e estas a meia légua do Padre Faria, e assim as mais, que primeiro
foram repartidas pelo coronel Salvador Fernandes Furtado de Mendonça, em 1700." (31)
Até fins de 1711, Vila Rica desenvolveu-se como simples aglomeração de casas de sapé;
de palha eram as capelas, mesmo que denominadas matrizes. Somente a partir de 1712
começou-se a construir as habitações definitivas, cobertas com telhas. (32) Já estavam,
no entanto, desde então, seus principais bairros (chamados "arraiais") definidos; de seu
entrelaçamento resultou a fisionomia definitiva da vila. O arraial dos Paulistas, o bairro
de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, o de Nossa Senhora do Pilar de Ouro
Preto, o do Padre Faria, o da Cruz das Almas, o da Barra, o do Caquende já existiam,
com essas denominações e com as duas Matrizes (Antônio Dias e Pilar), em 1711. (33)
Tais núcleos foram reunidos aos 8 de julho de 1711, para formar o segundo município
mineiro com a denominação de Vila Rica de Albuquerque. Erigida por Antônio de
Albuquerque Coelho de Carvalho, prosperou de tal modo que, em 172l, tornou-se a sede
do governo da Capitania. (34) Em 20 de março de 1823 foi elevada à categoria de cidade,
com o nome de Ouro Preto.
Antônio Dias deve ter estabelecido o arraial que lhe tomou o nome, em junho de 1698.
Nele foi fundada a Paróquia dedicada a Nossa Senhora da Conceição, construindo-se
para ela, igreja definitiva, a partir de 1727, cujas obras, projetadas e arrematadas de
início por Manuel Francisco Lisboa, se prolongaram até a segunda metade do século.
Não foi estabelecida definitivamente a data de criação de facto da freguesia em estudo;
instituída de jure -- por alvará régio -- aos 16 de fevereiro de 1724, sua existência
remonta, provavelmente, a 1705. Nos livros paroquiais constam assentos de batismos e
óbitos, respectivamente, desde 1707 e 1718; em 1727 aparece o primeiro registro de
casamento.
Vila Rica contava, ainda, com a freguesia de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto. As
irmandades e ordens terceiras faziam-se também presentes. As confrarias constituem-se
em associações de fiéis, organicamente instituídas, para o incremento do culto público;
foram especialmente estabelecidas para aqueles que desejam vantagens de ação prática
proporcionadas pelas organizações religiosas, mas sem vocação para ingressar nas
verdadeiras ordens religiosas. No período colonial as irmandades do Carmo ou de São
Francisco apareciam em grande número de povoados e vilas. Elas rivalizavam na
construção de capelas e igrejas, faziam caridade, seus mesários e festeiros organizavam
grandes festas.
Vila Rica, como já aludimos, apresentava-se como núcleo tipicamente citadino; nela
centralizava-se a vida político-administrativa da capitania. Seus habitantes compunham-
se, na maior parte, de mineradores e negociantes. Artesãos dos mais variados ofícios ali
residiam, as atividades agrícolas eram de pequena monta dada a própria composição
das terras e o fato de estar encravada em terreno acidentado. Apesar destes elementos
desfavoráveis plantavam-se hortaliças e frutas. Delas nos dá notícia -- em 1776 -- José
Joaquim da Rocha: "A situação desta Vila é desagradável bastantemente, não só pela
arquitetura das casas, mas ainda pelo elevado das suas ruas, que fatigam, a todos os
que a passeiam, porém é abundante de víveres necessários para passar a vida; e as
terras produzem muitas hortaliças, como são, couves, repolhos e cebolas... As frutas, se
dão com abundância, principalmente os pêssegos, marmelos, laranjas, maçãs, joazes."
(37) John Mawe, que ali esteve em 1809/10, acrescenta: '1Há também excelentes
hortaliças de toda espécie, tais como alcachofras, aspargos, espinafres, repolhos, feijão
e batatas." (38)
* * *
Delineada a matriz que enformou a ocupação das Gerais, estabelecida a gênese da urbe
que nos ocupa e desenhado seu processo evolutivo até o início do século passado
preocupar-nos-á, adiante, a população ouro-pretense da qual analisaremos a estrutura e
os movimentos. Para tanto, como explicitado acima, servir-nos-emos, nesta primeira
parte deste trabalho, dos manuscritos da freguesia de Antônio Dias que não sofreu, no
período em estudo, mutilações ou acréscimos jurisdicionais.
Gráfico 1
Número Anual Médio de Casamentos, Óbitos e Batismo por Período de 10 Anos
Como no caso de óbitos e batismos, a análise dos dados relativos à evolução dos
casamentos evidencia, de imediato, períodos de acréscimos e quedas no número de
consórcios celebrados. Assim, de 1727 à década compreendida entre 1760-69 verificou-
se substancial aumento na quantidade de uniões. De fins da década dos 60 à dos 80 os
enlaces rarefizeram-se segundo taxa mais elevada do que a correspondente ao
acréscimo verificado no período anterior. Ao final dos anos 70, e em todo o decênio dos
80, o numero de casamentos estabilizou-se em torno da média prevalecente nos anos 30
e 40 -- em 1786 o número de consórcios igualou-se ao registrado em 1737 e, em 1790,
observou-se quantidade correspondente à média dos anos compreendidos entre 1732 e
1741.
Dos 80 ao início do século XIX verificou-se rápida recuperação seguida de baixa que se
estendeu até o segundo decênio do século -- ao que nos parece, à luz do
comportamento das curvas de óbitos e batismos, estes movimentos deveram-se,
sobretudo, à mudança de comportamento dos ouro-pretanos que passaram a legitimar
em grau mais elevado as uniões que, em outras circunstâncias, manter-se-iam no plano
do concubinato. A confirmar esta hipótese aparecem os porcentuais relativos ao número
de bastardos sobre o total de batizados. Enquanto no decênio 1779-88 esta cifra igualava
66,83%, na década 1799-1808 alcançava, apenas, 57,62%; caso considerássemos os
quinquênios 1784-88 e 1804-08 a variação em pauta ficaria ainda mais evidenciada, pois,
os bastardos compreendiam 68,89% dos batizados no primeiro lustro e apenas 56,78%
no segundo.
Por fim, em seqüência aos movimentos acima apontados, registrou-se, nos anos 20 da
décima nona centúria, novo aumento no número de enlaces sacramentados perante a
Igreja.
* * *
Cuidemos, agora, dos principais condicionantes das variações observadas nas curvas
ora analisadas. Ressaltam, desde logo, três fatores explicativos básicos, intimamente
correlacionados. Altamente relevante parece ter sido o grande afluxo e posterior
retração numérica do elemento africano. Para D. Rodrigo da Costa, governador do Brasil,
ao voltar à Europa, em 1706, "representava caminhar o Estado para a ruína total, por
faltarem os escravos, todos vendidos para as minas, mal chegavam aos portos." (42)
A população escrava de Vila Rica apresentou rápido incremento nas quatro primeiras
décadas do século XVIII. Em 1716 contaram-se 6.721 cativos, dois anos depois -- 7.110
(43); em 1728 a cifra subia a 11.521. (44) Em 1735, segundo dados incorporados ao
Códice Costa Matoso, o número de cativos atingia 20.863. (45) Em 1743 somaram 21.746
(46), A partir deste ano a tendência declinante mostrou-se evidente; em 1749 o número
de escravos caíra a 18.293. (47) O Gráfico 2 ilustra as variações do número de cativos de
Vila Rica, no período 1735-49.
Gráfico 2
Variações no Número de Escravos Matriculados
(Vila Rica - 1735/1749; 1735=100)
Com respeito aos cativos deve-se lembrar, ainda, sua alta taxa de mortalidade. Martinho
de Mendonça, delegado da Coroa e conhecedor das condições reinantes em Minas
relatava, em 1734, que os senhores não esperavam conseguir, em média, mais de doze
anos de trabalho dos escravos comprados ainda jovens. (48) Com base no documento
anônimo Considerações sobre as duas classes mais importantes de povoadores da
Capitania de Minas Gerais (49) pode-se estabelecer que, grosseiramente, a taxa de
mortalidade dos escravos estaria entre 50 a 66,6 mortes por mil cativos. (50) Índice
muitíssimo elevado (51) e em muito superior à taxa bruta de mortalidade -- de 23,40
óbitos por mil habitantes -- calculada para a Comarca de Vila Rica Comarca com base em
dados referentes a 1776. (52)
"Cada ano, vêm nas frotas quantidade de portugueses e de estrangeiros, para passarem
às minas. Das cidades, vilas, recôncavos e sertões do Brasil, vão brancos, pardos e
pretos, e muitos índios, de que os paulistas se servem. A mistura é de toda a condição
de pessoas: homens e mulheres, moças e velhos, pobres e ricos, nobres e plebeus,
seculares e clérigos, e religiosos de diversos institutos muitos dos quais não têm no
Brasil convento nem casa." (54)
Por seu lado, o movimento migratório colonial, de grandes proporções, chegou a abalar
a economia agrícola preexistente. "Na borda marítima da colônia, o êxodo, motivado pela
atração das minas, teve conseqüências deploráveis. Despovoavam-se as terras, nâo só
da gente livre, que corria à aventura, mas principalmente dos escravos, sem os quais
não havia lavoura nem indústria possíveis. A cultura e fabricação do açúcar, que era a
riqueza essencial do pais, cessava em muitos lugares, porque os lavradores partiam
com seus negros, ou os vendiam para serem levados à minas, por altos preços, de que
não tinham sonhado em tempo algum. Mas, realizada a operação, impossibilitados
estavam de substituir os trabalhadores perdidos, porque se lhes não ofereciam outros.
Com os negros emigrava juntamente o pessoal de raça branca, a gente hábil dos
engenhos, feitores, mestres, purgadores, carpinteiros das caixas, e outros, de ofícios
necessários à indústria." (57)
Gráfico 3
Número Anual Médio de Casamentos, Óbitos, Batismo e Exportação e Produção de Ouro
por Períodos de 10 Anos
Gráfico 5
Número Anual Médio de Casamentos por Períodos de 10 Anos e Exportação e Produção
de Ouro
As evidências acima apontadas patenteiam o comportamento distinto das curvas
referentes aos segmentos populacionais aludidos. Destarte, distinguem-se claramente
os escravos dos livres e, em posicionamento intermediário, dispõem-se os forros
* * *
* * *
Dos casamentos a envolver escravos -- vale dizer, com a presença de pelo menos um
cônjuge cativo -- 25% realizaram-se entre escravos e forros (vide Tabela 2): 19%
referiram-se a uniões de mulheres forras com homens escravos e apenas 6% entre
forros e mulheres cativas.
TABELA 2
CASAMENTOS A ENVOLVER PELO MENOS UM CÔNJUGE ESCRAVO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESPOSA ESPOSO .
FORRO ESCRAVO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FORRA -- 38
(19,0)
ESCRAVA 12 150
(6,0) (75,0)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS. : Os números entre parênteses são porcentagens.
Ocorriam, por exemplo, consórcios entre senhores e seus próprios cativos. Deste feitio
foi o enlace de "Garcia Pedroso preto forro com Maria da Costa também preta sua
escrava" (61) celebrado aos quinze de novembro de 1744; dois meses depois, aos nove
de janeiro de 1745, celebrava-se a união de "Tomas de Freitas preto de nação Mina es
cravo da contraente, Ana de Jesus, com a dita Ana de Jesus preta forra de nação Guiné"
(62)
Aos cinco de maio de 1740 acontecia outro casamento sui generis: "... na minha
presença se casaram por palavras de presente Brás Gonçalves negro Angola escravo
de Joana Fernandes Lima com Juliana Fernandes Lima filha da dita Joana Fernandes
crioula forra." (63)
Registrou-se maior número de homens livres do que mulheres de igual condição social
(1.013 contra 977), para os forros predominaram as mulheres (445 versus 387) e entre os
escravos prevaleceram os homens (188 sobre 162).
Tabela 3
CASAMENTOS SEGUNDO A COR - CÔNJUGES LIVRES (EXCLUSIVE FORROS)
(em porcentagem)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESPOSA ESPOSO .
BRANCO PARDO PRETO INESPECIFICADO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
BRANCA 13,44 -- -- 0,32
PARDA 6,35 14,68 0,10 0,73
PRETA 0,21 0,10 0,84 0,10
INESPECIF. 14,38 0,94 0,10 47,71
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 4
CASAMENTOS SEGUNDO A COR - CÔNJUGES FORROS
(em porcentagem)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESPOSA ESPOSO .
PARDO PRETO INESPECIFICADO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PARDA 14,82 4,27 --
PRETA 6,84 73,79 0,28
INESPECIF. -- -- --
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A mesma ordenação observada para os forros ocorreu para cônjuges escravos.
Tabela 5
CASAMENTOS SEGUNDO A COR - CÔNJUGES ESCRAVOS
(em porcentagem)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESPOSA ESPOSO .
PARDO PRETO INESPECIFICADO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PARDA 4,0 2,5 0,5
PRETA 3,0 86,5 --
INESPECIF. -- 0,5 3,0
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 6
CASAMENTOS SEGUNDO A COR DOS CÔNJUGES - HOMEM LIVRE - MULHER FORRA
(em porcentagem)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESPOSA ESPOSO .
BRANCO PARDO PRETO INESPECIFICADO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PARDA 26,79 25,00 -- 5,35
PRETA 7,14 25,00 1,79 5,35
INESPECIF. 1,79 -- -- 1,79
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 7
CASAMENTOS SEGUNDO A COR DOS CÔNJUGES
HOMEM FORRO - MULHER LIVRE
(em porcentagem)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESPOSA ESPOSO .
PARDO PRETO INESPECIFICADO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
BRANCA -- -- --
PARDA 41,67 8,33 --
PRETA -- 20,83 --
INESPECIF. 4,17 12,50 12,50
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Por fim, o confronto das Tabelas 5 e 6, confirma exaustivamente a afirmativa em pauta.
Assim, os brancos casaram com pardas (26,79%) e pretas (7,14%) enquanto mulher
alguma, de cor branca, uniu-se a homem forro.
* * *
Tabela 8
CASAMENTOS DE LIVRES - SEGUNDO O ESTADO CONJUGAL DOS CÔNJUGES
(em porcentagem)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESPOSA ESPOSO .
SOLTEIRO VIÚVO INESPECIFICADO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SOLTEIRA 91,58 4,24 --
VIÚVA 3,02 0,72 --
INESPECIF. 0,15 -- 0,29
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 9
CASAMENTOS DE ESCRAVOS - SEGUNDO O ESTADO CONJUGAL DOS CÔNJUGES
(em porcentagem)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESPOSA ESPOSO .
SOLTEIRO VIÚVO INESPECIFICADO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SOLTEIRA 95,50 0,50 --
VIÚVA 2,50 -- --
INESP. -- -- 1,50
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Para os livres, o peso relativo dos casamentos a reunir viúvos e solteiras foi maior do
que o porcentual de consórcios entre solteiros e viúvas (4,24% e 3,02%,
respectivamente). O mesmo não aconteceu com respeito aos escravos, para os quais
predominaram casamentos entre solteiros e viúvas (2,5%) sobre uniões de viúvos com
solteiras (0,5%).
* * *
Caso consideremos a condição de legitimidade dos cônjuges (64) -- Tabelas 10 a 13 --
evidenciam-se as seguintes conclusões:
i) apenas entre os livres predominaram casamentos de filhos legítimos; por outro lado,
apresentou-se maior o peso relativo das uniões de legítimos para os consórcios entre
homens livres e mulheres forras em face dos casamentos de forros;
Tabela 10
CASAMENTOS SEGUNDO A NATUREZA DA FILIAÇÃO
CONJUGES LIVRES (EXCLUSIVE FORROS)
(em porcentagem)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESPOSA ESPOSO .
LEGÍTIMO NATURAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
LEGITIMA 36,08 12,48
NATURAL 25,32 26,12
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS. : Excluídos os viúvos, para os quais não foi indicada a filiação.
ii) para os forros predominaram as uniões de filhos naturais; ocorreu maior porcentual
de casamentos entre filhos naturais na situação "homem forro - mulher livre" do que
nos consórcios de homens livres com mulheres forras (54,2% contra 37,5%,
respectivamente).
Tabela 11
CASAMENTOS SEGUNDO A NATUREZA DA FILIAÇÃO - CÔNJUGES FORROS
(em porcentagem)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESPOSA ESPOSO .
LEGÍTIMO NATURAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
LEGITIMA 3,98 9,98
NATURAL 7,98 78,06
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS. : Excluídos os viúvos, para os quais não foi indicada a filiação.
Tabela 12
CASAMENTOS SEGUNDO A NATUREZA DA FILIAÇÃO
HOMEM LIVRE X MULHER FORRA
(em porcentagem)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESPOSA ESPOSO .
LEGÍTIMO NATURAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
LEGÍTIMA 10,70 5,30
NATURAL 46,50 37,50
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS. : Excluídos os viúvos, para os quais não foi indicada a filiação.
Tabela 13
CASAMENTOS SEGUNDO A NATUREZA DA FILIAÇÃO
HOMEM FORRO X MULHER LIVRE
(em porcentagem)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESPOSA ESPOSO .
LEGÍTIMO NATURAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
LEGÍTIMA -- 20.80
NATURAL 25,00 54,20
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS. : Excluídos os viúvos, para os quais não foi indicada a filiação.
Tabela 14
CASAMENTOS SEGUNDO A NATUREZA DA FILIAÇÃO E GRUPOS ESPECÍFICOS
(em porcentagem)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FILIAÇÃO SEXO H. FORROS H. LIVRES AMBOS FORROS AMBOS LIVRES
M. LIVRES M. FORRAS exclusive forros
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
H 25,00 57,20 11,96 61,40
LEGÍTIMA
M 20,80 16,00 13,96 48,56
Tabela 15
CASAMENTOS: REPARTIÇÃO SEGUNDO SEXO E NATUREZA DA FILIAÇÃO
(em porcentagem)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SEXO LEGÍTIMOS NATURAIS TOTAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
HOMENS 38,89 61,11 100,00
MULHERES 24,83 75,17 100,00
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS. : Excluídos os viúvos, para os quais não foi indicada a filiação.
* * *
Pelo estudo do número médio de casamentos por mês (Gráfico 6), verificamos que o
padrão estabelecido -- para escravos e livres -- deveu-se às posturas religiosas
contrárias a casamentos durante os períodos de "trevas" ou "penitência" que precedem
o Natal (o chamado Advento) e a Quaresma -- da quarta-feira de Cinzas à Páscoa. Daí
aparecerem poucos casamentos nos meses de março, abril e dezembro; a mesma razão
explica o numero relativamente elevado de enlaces nos meses de fevereiro, maio e
novembro.
Gráfico 6
MOVIMENTOS SAZONAIS DE CASAMENTOS
* * *
Categoria 5 - cônjuge nascido no Bispado de Mariana porém, em local fora do raio de 100
km.
Os resultados (Tabela 16) sugerem menor mobilidade das mulheres em face dos
homens. Assim, 68,8% das mulheres enquadraram-se nas categorias 1 e 2 (nascidas
e/ou batizadas em Vila Rica) enquanto apenas 38,2% dos homens encontraram-se em
igual situação. De um raio de 100 km procederam 55,7% dos homens e 83,6% das
mulheres; 92,1% destas últimas nasceram ou foram batizadas no Brasil enquanto os
homens em igual condição corresponderam a 66,1%. A maior estabilidade da massa
feminina em face dos homens mostrou-se, pois, iniludível.
Tabela 16
ORIGEM DOS CÔNJUGES LIVRES (EXCLUSIVE FORROS)
(960 casamentos)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CATEGORIA HOMENS MULHERES .
No. Absol. Por 1.000 Acumulada No. Absol. Por 1.000 Acumulada
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1 322 335,418 335,418 601 626,044 626,044
2 45 46,875 382,293 60 62,500 688,544
3 146 152,083 534,376 123 128,125 816,669
4 22 22,916 557,292 19 19,791 836,460
5 45 46,875 604,167 33 34,375 870,835
6 55 57,291 661,458 49 51,041 921,876
7 267 278,126 939,584 26 27,083 948,959
8 58 60,416 1.000,000 49 51,041 1.000,000
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
* * *
Quanto aos inocentes dados por forros ao nascerem verificou-se tendência declinante --
entre 1719-43 contamos em média e por ano, cerca de 9 batismos nas condições
aludidas; a partir daí, com fases intermediárias que apresentaram pequena oscilação,
passamos, no último decênio (1809-18) do período em análise, à média de 1,8 batizados
por ano.
Por fim, registrou-se no primeiro quinto do século XIX decremento nos batizados de
livres que, aliado à persistente tendência declinante no número de nascimentos de
crianças escravas, reforçou o perfil decrescente da curva dos batismos tomados
conjuntamente.
* * *
Gráfico 8
Número Anual Médio, por Período de 10 anos, de Batismos, Segundo a Filiação
Referentemente ao peso relativo dos enjeitados sobre o total de batismos verificou-se
movimento igualmente significativo -- de 0,45% na década 1724-33 chegou-se a cifras
que giraram em torno de 11% no intervalo 1779-1818. Este incremento representa um
dos aspectos do impacto, sobre as variáveis demográficas, da decadência da atividade
mineratória (vide Gráfico 9).
Gráfico 9
Porcentagem de Expostos Sobre o Total de Batismos (por qüinqüênios)
Outro fenômeno a merecer realce prende-se ao peso relativo dos sexos no conjunto de
crianças expostas. Considerado todo o espaço temporal em estudo observa-se a
predominância do sexo feminino. A razão de masculinidade igualou 89,10 -- vale dizer, a
cada centena de meninas corresponderam 89,10 párvulos homens --, esta cifra indica o
parcelamento dos enjeitados em 52,88% de meninas e 47,12% de homens.
Outro fato expressivo diz respeito aos porcentuais de enjeitamentos verificados nos dois
sub-períodos em foco. Nos primeiros sessenta e cinco anos -- 1719-1783 -- anotou-se,
tão-somente, 35,96% do total de enjeitamentos (38,29% dos relativos aos meninos e
33,89% dos atinentes às mulheres); nos restantes trinta e cinco anos (1784-1818),
caracterizados pela franca decadência econômica de Vila Rica, deram-se os porcentuais
complementares, vale dizer, 64,04% do total de enjeitamentos -- 61,71% dos referentes
aos meninos e 66,11% dos concernentes às crianças do sexo feminino.
Por fim, cabe notar uma vez mais que, não obstante a queda no número absoluto de
expostos a partir do decênio 1799-1808, o peso relativo deles sobre o total de batismos
manteve-se em nível muito elevado, pois, o declínio tautócrono na quantidade global de
nascimentos mostrou-se altamente significativo.
Gráfico 12
Número Anual Médio de Casamentos e Batismos de Filhos Legítimos,
por Período de 10 anos
Nos anos que sucederam à década 1779-88 e se estenderam até 1793, devido à queda no
número de casamentos, aumentou o peso relativo dos filhos naturais. Nos anos
subseqüentes, dada a mudança de comportamento com respeito à legalização dos
casamentos -- como já tivemos oportunidade de reportar --, os batizados de legítimos
apresentaram peso relativo mais substancial.
Com respeito aos bastardos em geral (naturais e expostos) vis-à-vis os legítimos deve-
se notar que se apresentaram aqueles, sempre, em posição relativa majoritária. De um
máximo de 89,47% no lustro 1719-23 tenderam, no correr do tempo e em termos
proporcionais, a cair paulatinamente -- no primeiro quinto do século passado
representavam cerca de 58,4% dos batizados (vide Gráfico 13).
Gráfico 13
Porcentagem de Bastardos Sobre o Total de Batismos, por Qüinqüênios
* * *
Gráfico 15
Movimentos Sazonais de Batismos de Inocentes, Segundo a Condição Social
(Livres, Forros e Escravos)
Como apontado acima, para os três estratos sociais em foco, os menores valores
verificaram-se em dezembro -- independentemente do posicionamento social dos
inocentes que estivessem a ser batizados.
* * *
Já para o período 1769-1818 a cifra relativa aos expostos alcançava 13 dias enquanto,
para as demais crianças, subia a 15 dias.
Tabela 17
MEDIDAS RELATIVAS AO ESPAÇO DE TEMPO (EM DIAS) TRANSCORRIDO
ENTRE O NASCIMENTO OU EXPOSIÇÃO E O BATISMO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PERÍODO INOCENTES OBSERVAÇÕES MÊDIA MEDIANA MODA
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Expostos 54 12 10 7
1719-1768
Demais 950 11 10 8
Expostos 449 13 10 8
1769-1818
Demais 3.690 15 12 9
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Para efeitos analíticos destacamos desse conjunto, os párvulos livres e escravos (Cf.
Tabela l8). Visamos com isso a detectar as diferenças existentes entre os dois estratos e
as mudanças ocorridas no tempo. Em termos gerais, como afirmado acima, houve
nítida, conquanto modesta, propensão a dilatar-se o interregno entre a nascença e a
administração do sacramento de batismo. Excluída a classe modal, idêntica para ambos
segmentos sociais nos dois períodos considerados e afetada pela menor das variações
observadas (12,5%), as demais medidas confirmaram nossas expectativas, vale dizer, o
elemento livre apresentou mudanças relativas mais amplas em face do escravo, além de
lhe corresponderem, sistematicamente, valores absolutos superiores -- concernentes à
média e à mediana -- aos observados para os inocentes cativos.
Tabela 18
MEDIDAS RELATIVAS AO ESPAÇO DE TEMPO (EM DIAS) TRANSCORRIDO ENTRE O
NASCIMENTO E O BATISMO DE INOCENTES LIVRES E ESCRAVOS
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
INOCENTES PERÍODO OBSERVAÇÕES MÊDIA MEDIANA MODA
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1719-1768 533 11,7 10 8
LIVRES
1769-1818 2.509 15,4 13 9
Quanto à mediana, para o período 1719-1768, anotou-se, para os livres, dez dias em face
de nove, relativos aos cativos -- em termos porcentuais essa discrepância alcançou
11,1%. Relativamente ao espaço temporal 1769-1818, verificaram-se para livres e
escravos, respectivamente, treze e onze dias; o que significa maior espaçamento (18,2%)
entre os segmentos sociais em foco. Esta divergência decorreu do maior diferencial
apresentado pelos livres, consideradas as variações acontecidas no passar do tempo;
assim, ainda em termos relativos, para os cativos a mediana sofreu acréscimo de 22,2%
vis-à-vis os 30,0% atinentes às crianças livres.
* * *
Selecionamos para análise o período em epígrafe porque para os anos anteriores a 1759
os dados relativos a batismos de adultos apresentam-se fragmentários.
Gráfico 16
Número Anual Médio de Batismos de Adultos, por Período de 10 Anos
* * *
Gráfico 17
Movimentos Sazonais dos Batismos de Adultos
VI - ÓBITOS: 1719-1818.
Ressalta, desde logo, o estreito liame entre o lineamento do evoluir das defunções de
cativos e a curva traça da por Virgílio Noya Pinto referente à extração de ouro em Minas
Gerais (Cf. Gráfico 18).
Gráfico 18
Produção de Ouro e Número Anual Médio, por Período de 10 Anos, de Óbitos
(Segundo a Condição Social)
Quanto a este último aspecto parece elucidativo o confronto entre as curvas de óbitos
de adultos em geral, de adultos (forros e livres) e de inocentes.
Como evidenciado pelo Gráfico 19, o número de óbitos de adultos tendeu a cair
acentuadamente a partir do fim do século XVIII. A comparação desta queda com a
verificada no número de defunções de adultos livres e forros indica a expressiva
significância da quebra nos óbitos de escravos.
Gráfico 19
Número Anual Médio, por Período de 10 Anos, de Óbitos e Batismos
Por outro lado, o perfil da curva dos falecimentos de livres e forros -- crescente até fins
do século XVIII (década 1789-98) e declinante até o limite temporal superior de nosso
estudo -- revela que o processo migratório em larga escala acentuou-se, possivelmente,
no último quartel da décima oitava centúria. Por sua vez, o equilíbrio no número de
defunções de inocentes parece indicar que o conjunto de emigrantes compunha-se,
sobretudo, de solteiros livres e forros -- note-se que justamente a partir do decênio em
foco (1789-98) observou-se acentuada queda no peso relativo de batismos de bastardos,
em geral, e de filhos naturais, em particular, com a conseqüente alta, em termos
relativos, dos batismos de filhos legítimos.
ÓBITOS DE ADULTOS
Gráfico 20
Número Anual Médio, por Período de 10 Anos, de Óbitos de Escravos Adultos,
Segundo o Sexo
Quanto aos perfis das curvas de óbitos de ambos os sexos, explica-os, por um lado, o
avultado afluxo de escravos ao tempo do apogeu da atividade mineratória e, por outro, à
época da decadência, o correlato declínio no número de cativos deslocados para a área
aliado, possivelmente, ao movimento emigratório que, supomos, desencadeou-se por
volta dos anos sessenta do século XVIII e ganhou redobrado vigor no último quarto da
aludida centúria.
Com referência aos livres predominou, em quase todo o período analisado, o sexo
masculino.
Uma forma de avaliarmos a preeminência dos homens, nos oferece, a diferença, em
termos absolutos, das defunções de indivíduos de sexos distintos; assim, do diferencial
de 31 óbitos no decênio 1719-28 chegou-se, na década 1754-63, à cifra de 156. A partir de
então observou-se persistente declínio dessa medida, a ponto de computarmos, entre
1809 e 18, maior número de falecimentos de mulheres -- 193 contra 166. Tal fenômeno
decorreu, por um lado, da estagnação na entrada de indivíduos do sexo masculino
aliada ao processo emigratório já referido e, por outro, à crescente quantidade de óbitos
de mulheres livres (Cf. Gráfico 21). A nosso ver, a tendência a demandar novas áreas
mostrou-se muito mais acentuada para os homens enquanto as mulheres -- para as
quais certamente ofereciam-se oportunidades limitadas nos quadros da sociedade
colonial brasileira -- viam-se condenadas a permanecer em Vila Rica, apesar da
decadência defrontada pela urbe.
Gráfico 21
Número Anual Médio, por Período de 10 Anos, de Óbitos de Adultos,
Segundo o Sexo e a Condição Social (livres e forros)
A esta mesma conclusão, nos leva, a análise comparada do comportamento dos óbitos,
dado o sexo, segundo os segmentos populacionais já definidos.
Quanto aos homens, observou-se até o meado do século XVIII, grosso modo, lineamento
similar das curvas de óbitos dos três estratos sociais. A partir desse marco as
discrepâncias tornaram-se notórias: para os cativos tendência declinante clara e
contínua; com respeito aos livres, a relativa estagnação até a década 1779-88, seguiu-se
movimento ascensional brusco no período 1789-98 (de 183 para 237 mortes), ao qual
sucedeu violenta queda -- de 237 óbitos para 166, no decênio 1809-18; relativamente aos
forros, os acréscimos continuados estenderam-se, dada uma só reversão, ao período
1789-98, no qual para forros e livres observou-se o número máximo de defunções a
partir deste ponto de pico e paralelamente ao ocorrido com os homens livres verificou-
se declínio dos mais acentuados: de 176 a 75 óbitos (Cf. Gráfico 22).
Gráfico 22
Número Anual Médio, por Período de 10 Anos, de Óbitos de Homens Adultos,
Segundo a Condição Social (livres, forros e escravos)
Gráfico 23
Número Anual Médio, por Período de 10 Anos, de Óbitos de Mulheres Adultas,
Segundo a Condição Social (livres, forros e escravos)
* * *
Gráfico 24
Razão de Masculinidade, por Qüinqüênio, para o Total de Óbitos e Segundo Segmentos
Populacionais (livres, forros e escravos)
Como esperado, cada estrato social comportou-se de maneira distinta. Apesar de a
razão de masculinidade concernente aos cativos haver caído do máximo de 947,43
(1749-53) para 169,05 (1814-18), os escravos homens, conforme indica esta última cifra,
mostraram-se, sempre, majoritários em face das cativas. Justamente o oposto ocorreu
com respeito ao elemento forro; como avançado houve predomínio constante do sexo
feminino. Para esta camada a razão de masculinidade máxima atingiu, apenas, 94,36
(1769-73) -- ou seja, deram-se, nesse lustro, 94,36 óbitos de homens para cada grupo de
100 óbitos de mulheres de mesmo segmento populacional.
* * *
Ocupemo-nos, por fim, dos agregados correspondentes aos óbitos de adultos forros,
livres e escravos. Do Gráfico 25 infere-se a supremacia dos escravos sobre alforriados
até o decênio e lustro postremos de nosso estudo.
O relacionamento entre as curvas atinentes a libertos e livres viu-se marcado por três
fases. Na primeira predominaram os livres (1719-23 a 1759-63); na intermédia (até 1794-
98) -- frente ao contínuo acréscimo de óbitos de forros (sobretudo de alforriados) e à
estagnação atinente aos livres do sexo masculino -- dominaram os libertos; na terceira
(1799-1803 a 1814-18), a supremacia voltou a caber aos livres devida por um lado, à
queda violenta dos falecimentos de forros, mais do que proporcional vis-à-vis o declínio
observado quanto aos livres do sexo masculino e ao crescente aumento dos óbitos de
mulheres deste último segmento populacional.
Gráfico 28
Movimentos Sazonais de Óbitos de Adultos,
Segundo a Condição Social (livres, forros e escravos)
Correlatamente, os valores aqui reportados confirmam, sem esquecermos o nível de
agregação dos conjuntos em foco, o parcelamento populacional proposto ao longo
deste trabalho; outro elemento a respaldar nosso suposto, encontramo-lo nos Coef.C.
entre os M.S.O. de escravos e forros (0,7495 [0,3] ), de escravos e livres (0,4956 5,1] ) e
de forros e livres: 0,4569 [6,8].
Para os homens forros, o Coef.C. entre M.T.M. e M.S.O. atingiu - 0,7097 [0,5], o valor
relativo às libertas (- 0,4806 [5,7] ), embora mais baixo em face do concernente ao dos
homens do mesmo estrato, não revelou o distanciamento absoluto verificado entre
escravos e cativas. Segundo o indicador em causa, os homens forros defrontariam vida
mais áspera em fade da experimentada pelas libertas e menos brutal vis-à-vis a
enfrentada pelos escravos do sexo masculino.
De outra parte, ao apreciarmos os Coef.C. relativos aos M.S.O. entre os sexos (veja-se o
Quadro 1), levados em conta os estratos populacionais, deparamos relações indicadoras
de liames colocados acima das barreiras representadas pela condição social. Destarte,
os Coef.C. entre os M.S.O. mostrou, para as escravas, vinculo mais estreito entre elas
mesmas e homens livres (0,5246 [4,0] ) e forros do sexo masculino (0,4276 [8.3] ) do que
o observado entre escravas e cativos (0,2142 [25,2] ); o mesmo ocorreu com respeito às
mulheres forras (0,2798 [18,9] ). Relativamente aos livres do sexo feminino verificou-se
Coef.C. negativo (- 0,4017 [9,8] ).
As forras, por seu lado, viam-se estreitamente relacionadas aos libertos (0,7247 [0,4] ),
seu vínculo com os homens livres (0,4199 [8,7] ) revelou-se mais fraco do que o relativo
aos escravos do sexo masculino e mais forte em face do prevalecente entre forras e
escravas. Como nos casos anteriores, a relação entre forras e mulheres livres viu-se
afetada por sinal negativo, embora o Coef.C. se apresentasse estatisticamente
desprezível: - 0,0951 [38,4].
Quadro 1
COEFICIENTES DE CORRELAÇÃO ENTRE OS MOVIMENTOS SAZONAIS DE ÓBITOS DE
ADULTOS, SEGUNDO O SEXO E SEGMENTOS POPULACIONAIS
----------------
ESCRAVAS
---------------------------------
0,2142
(25,2) ESCRAVOS
---------------------------------------------------
0,2798 0,5159
(18,9) (4,3) FORRAS
--------------------------------------------------------------------
0,4276 0,8085 0,7247
(8,3) (0,1) (0,4) FORROS
----------------------------------------------------------------------------------------------
- 0,4017 - 0,2759 - 0,0951 - 0,3912 MULHERES
(9,8) (19,3) (38,4) (10,4) LIVRES
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
0,5246 0,5246 0,4199 0,5431 - 0,3705 HOMENS
(4,0) (4,0) (8,7) (3,4) (11,8) LIVRES
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: Os números entre parênteses indicam o nível de significância.
Quadro 2
COEFICIENTES DE CORRELAÇÃO ENTRE AS MÉDIAS TÉRMICAS MENSAIS
E OS MOVIMENTOS SAZONAIS DE ÓBITOS DE ADULTOS,
SEGUNDO O SEXO E SEGMENTOS POPULACIONAIS
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Segmento Pop. Coeficiente de Posicionamento segundo Posicionamento segundo
(Sexo) Correlação o segmento populacional segundo o sexo
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESCRAVOS (H) - 0.9257 (0,1) --- 1
ESCRAVAS (M) - 0.0172 (47,9) --- 5
ESCRAVOS (H+M) - 0.8796 (0,1) 1 ---
FORROS (H) - 0.7097 (0,5) --- 2
FORRAS (M) - 0.4806 (5,7) --- 3
FORROS (H+M) - 0.6460 (1,2) 2 ---
LIVRES (H) - 0.2180 (24,8) --- 4
LIVRES (M) 0.0608 (42,6) --- 6
LIVRES (H+M) - 0.2146 (25,2) 3 ---
* * *
Resta-nos, ainda, discorrer sobre o confronto entre inocentes livres e escravos (o
pequeno número de observações relativas aos inocentes forros levou-nos a
desconsiderá-los nesta parte de nosso estudo). Separamo-los dos demais conjuntos à
vista das peculiaridades apresentadas pelos párvulos (Gráfico 29). Ressalta, desde logo,
a alta correlação entre os M.S.O. das crianças livres e escravas: 0,8190 [0,1]. Por outro
lado, os inocentes de ambos estratos caracterizaram-se por respostas dissemelhantes
das oferecidas pelos adultos. Assim, o Coef.C. entre as M.T.M. e os MS.O. de inocentes,
fossem livres ou cativos, não discreparam significativamente de zero: 0,1392 [33,33] para
escravos e - 0,0617 [42,4] correspondente aos livres. A defasagem, pelo espaço de um
mês, das M.T.M. resultou em Coefs.C. significantes, porem, com sinal positivo, vale dizer
para os inocentes ocorria relação direta entre mudanças térmicas e os M.S.O. -- quanto
menor a temperatura, mais reduzido o número de óbitos e, reciprocamente, subia a
quantidade de óbitos dadas temperaturas relativamente elevadas. Os Coefs.C. em pauta
alcançaram para os escravos a cifra 0,4432 [7,4] e, para inocentes livres, 0,4269 [8,3].
Outro fato a assinalar diz respeito aos resultados decorrentes da defasagem, pelo
período de um mês, do diferencial entre as médias térmicas máximas e mínimas relativas
a cada mês. Para os adultos tal procedimento mostrou-se sistematicamente inócuo, vale
dizer os Coef.C. entre os M.S.O. e os diferenciais aludidos não diferiram
significativamente de zero. No entanto, com respeito aos inocentes chegou-se a
resultados significativos: - 0,6620 [1,0] para escravos e - 0,5963 [2,0] concernente aos
párvulos livres. Note-se, mais uma vez, o sinal dos coeficientes; segundo tais
correlações, quanto maior (menor) o diferencial térmico menor (maior) a quantidade de
óbitos de inocentes. Caso não efetuássemos a referida defasagem chegaríamos a
resultados similares: - 0,4323 [8,0] para escravos e - 0,3705 [11,8] respeitante aos
inocentes livres.
Gráfico 29
Movimentos Sazonais de Óbitos de Inocentes,
Segundo a Condição Social (livres e escravos)
Levamos em conta, ademais, o confronto entre os movimentos sazonais de batismos e
óbitos. Para os escravos encontramos correlação positiva, porém tênue (0,3448 [13.6]);
quanto aos livres deparamo-nos com Coef.C. negativo e extremamente baixo: - 0,2183
[24,8].
Vemo-nos, pois, em face de problema para o qual não nos ocorreu qualquer justificativa
plausível: inocentes, fossem livres ou escravos, apresentaram relacionamento estreito
quanto aos M.S.O., no entanto, divergiram em muito dos adultos e revelaram
comportamento oposto ao destes últimos quando consideradas as M.T.M. Deixamos, em
aberto, pois, esta questão.
Para o período em estudo (1719-1818) verificou-se que 18,5% dos mortos pertenceram a
irmandades; quanto ao sexo predominaram as mulheres -- 28,0% filiaram-se a confrarias
contra 15,3% entre os homens.
Com referência aos segmentos populacionais a preeminência coube aos livres -- 47,6%
deles foram "irmãos" (50,1% dos homens e 41,8% de pessoas do sexo oposto). Quanto
aos forros, 35,0% pertenceram a irmandades -- 29,2% dos homens e 39,3% de elementos
do sexo feminino. Para os escravos a cifra mostrou-se bem mais modesta; apenas 6,4%
deles foram "irmãos" -- 5,9% dos homens versus 9,6% das mulheres.
A par dos porcentuais distintos para os três grupos sociais considerados, note-se que
os pesos relativos em termos de sexo indicaram, também, discrepâncias; enquanto para
os escravos e forros as porcentagens de mulheres filiadas a irmandades mostraram-se
superiores às relativas aos homens, o contrário ocorreu entre os livres, para os quais os
indivíduos do sexo masculino, em termos relativos, apresentaram porcentual maior vis-
à-vis as mulheres (Cf. Apêndice Estatístico).
Deixaram testamento 20,5% dos indivíduos livres ou forros mortos entre 1719 e 1818 --
dentre os homens 27,5%; das mulheres, 11,4%. Dos livres, pouco menos de um terço
(30,2%) -- 38,9% entre os homens e apenas 10,8% das mulheres. Para os forros a cifra
referente a ambos os sexos apresentou-se bem menor: 10,1% -- 7,7% dos homens
versus 11,9% das mulheres. Estas últimas cifras indicam, mais uma vez, a preeminência
relativa, entre os forros, do sexo feminino (Cf. Apêndice Estatístico).
Dos indivíduos que pertenciam a irmandades, 39,4% deixaram testamento (51,1% dos
homens; 23,2% das mulheres). Por outro lado, das pessoas que deixaram testamento
79,2% também foram filiadas a irmandades (78,5% dos homens e 81,3% dentre as
mulheres). Como seria de se esperar tais porcentagens apresentaram-se distintas
quando considerados, isoladamente, os dois segmentos populacionais em foco. Assim,
dentre os livres, 23,1% (30,1% dos homens e 7,5% das mulheres) deixaram testamento e
pertenceram a irmandades. Dos que se filiaram a irmandades 48,5% deixaram
testamento (60,0% dos homens; 17,9% das mulheres). Dentre os que legaram
disposições testamentárias, vincularam-se a irmandades, 76,4% -- 77,3% dos homens e
69,3% das mulheres. Dos alforriados, deixaram testamento e pertenceram a irmandades
8,9% -- 6,9% dos homens e 10,5% das mulheres. Dos que pertenciam a irmandades,
25,5% fizeram testamento (23,5% dos homens; 26,6% das mulheres); dentre os que
deixaram testamento 88,3% também filiaram-se a irmandades -- 89,3% dos homens e
87,8% das mulheres (Cf. Apêndice Estatístico).
* * *
As médias anuais -- por período de dez anos encadeados cinco a cinco -- dos óbitos de
indivíduos qualificados como pobres, apresentaram largas oscilações em torno de
tendência nitidamente crescente; comportamento evidenciado no Gráfico 30.
Gráfico 30
Número Anual Médio, por Período de 10 Anos, de Óbitos de Pobres
e Porcentagem Sobre os Óbitos de Adultos Livres e Forros
Segundo R. Nina Rodrigues (74) e Arthur Ramos (75) para aqui dirigiram-se tanto
Sudaneses como Bantos. Os primeiros teriam ampla participação relativa na Bahia e,
talvez em menor escala, em Pernambuco e no Maranhão; os Bantos, por sua vez,
ocupariam área maior -- do Maranhão ao centro e sul do pais.
Estes autores vieram por cobro a engano largamente difundido e que perdurou por
longo período na historiografia brasileira. Referimo-nos, em particular, ao ponto de vista
de Spix e Martius (76); segundo estes estudiosos, somente os Bantos teriam composto a
população negra do Brasil. Lembre-se que a tese defendida pelos aludidos visitantes
europeus foi endossada por vários historiadores brasileiros entre os quais encontramos
Sílvio Romero (77) e João Ribeiro (78).
Afirmam, por seu lado -- ao fazerem reparos à tese de Nina Rodrigues e Arthur Ramos
sobre a dispersão dos africanos no território nacional --, F. M. Salzano e N. Freire-Maia:
"há evidência de que o esquema [...] de Nina Rodrigues e Arthur Ramos, não
corresponde totalmente à realidade dos fatos. Há, por exemplo, evidencia de caráter
histórico e lingüístico da presença de largos contingentes de Sudaneses em Minas
Gerais" (79). A corroborar a opinião destes últimos autores encontram-se meu trabalho
em demografia histórica (80) e o estudo de Lucinda C.M. Coelho (81).
Para Édison Carneiro (82) os Sudaneses foram levados para as Minas em razão de
possuírem nível mais avançado de conhecimentos e estarem familiarizados com os
trabalhos de mineração em suas "nações" de origem. Segundo C. R. Boxer "os
mineiros preferiam os 'minas' exportados principalmente de Ajudá, tanto por serem mais
fortes e mais vigorosos do que os bantos como porque acreditavam terem eles poder
quase mágico para descobrir ouro [...] A procura dos 'minas' também se vê refletida nos
registros dos impostos para escravos, fosse para pagamento dos quintos ou para o da
capitação" (83).
MORTALIDADE INFANTIL.
Tabela 19
DISTRIBUIÇÃO DOS ÓBITOS DE INOCENTES
(Freguesia de Na. Sa. da Conceição de Antônio Dias, 1800-1809)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FALECIDOS... No. DE ÓBITOS % SOBRE O TOTAL(a) % ACUMULADA
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ao 1o. mês de vida 78 19,80 19,80
entre o 1o. e o 12o. mês 130 33,00 52,80
entre o 12o. e o 24o. mês 78 19,80 72,60
entre o 24o. e o 36o. mês 35 8,88 81,48
entre o 36o. e o 48o. mês 18 4,56 86,04
após o 48o. mês de vida 55 3,96 100,00
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) Computados, apenas, os inocentes para os quais foi possível estabelecer a
idade ao falecerem.
* * *
Para efeito do cálculo da taxa de mortalidade infantil consideramos, como falecidos com
mais de um ano de existência, os inocentes para os quais foi impossível determinar a
idade (84). Computados os batismos ocorridos entre 1800 e 1809 determinou-se o índice
de 151,8 por mil para a taxa de mortalidade no período em analise.
Tabela 21
TAXAS DE MORTALIDADE INFANTIL, SEGUNDO A FILIAÇÃO DO INOCENTE
(Freguesia de Na. Sa. da Conceição de Antônio Dias, 1800-1809)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
VARIÁVEIS GERAL LEGÍTIMOS EXPOSTOS NATURAIS BASTARDOS
(Expost.+Natur.)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Óbitos 208 63 31 114 145
Batismos 1.370 574 162 634 796
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) Os índices referem-se a mortes por mil batismos.
Gráfico 31
Número Anual Médio, por Períodos de 10 anos, de Batismos e Óbitos de Inocentes
Este último resultado devia-se à entrada de novos escravos, à alta taxa de óbitos dos
cativos e à alta taxa de mortalidade infantil que distinguia o segmento social em apreço.
Gráfico 32
Número Anual Médio, por Períodos de 10 anos, de Óbitos e Batismos,
Segundo a Condição Social
A ausência da causa mortis para a maioria das crianças -- apenas 10,8% dos assentos
(11 sobre 102) a registrou -- é lacuna sensível. Para os adultos, 73,2% dos mortos (ou
seja, 280 sobre 382), a causa do óbito viu-se explicitada em 82,2% dos casos (230 sobre
280); porcentual satisfatório para o estudo vertente (86).
As doenças das crianças foram tratadas juntamente com as dos adultos não só por
causa do pequeno número de registros relativos a inocentes que declaram a causa
mortis mas, sobretudo, porque os males apontados como causadores da morte de
crianças são os mesmos que o foram para adultos; não apresentam, portanto, qualquer
especificidade que pudesse ser entendida como característica da infância.
Considerando-se apenas os assentos dos adultos, a causa mortis vem indicada para
95% dos brancos, 81% dos escravos, 76% dos forros e 83% dos demais livres (exceto
brancos e forros).
Dos registros sem especificação da causa mortis, em 72% (77% para escravos, 80% para
forros e 45% para "demais livres") anotou-se: "morreu repentinamente" ou "de morte
apressada". Tais assentos foram desprezados nesta parte de nossa análise, pois a
circunstância apontada diz respeito à impossibilidade de serem ministrados os
sacramentos da penitência e extrema unção, sem caracterizar realmente as condições
físicas do passamento.
Com base nos grandes grupos de moléstias ou causas de morte (Tabela 24) elaboramos
a tabela abaixo.
Tabela 22
PARTICIPAÇÃO DE CADA GRUPO DE DOENÇAS, SEGUNDO
OS DIFERENTES SEGMENTOS SOCIAIS
(Freguesia de Na. Sa. da Conceição de Antônio Dias, abril de 1799 a junho de 1801; os
valores -- índices -- são as proporções por mil óbitos, isto para cada segmento social)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CAUSAS DOS DEMAIS LIVRES .
ÓBITOS (a) ESCRAVOS FORROS EXCLUSIVE INCLUSIVE GERAL
BRANCOS BRANCOS BRANCOS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
I. 213 188 233 250 237 216
II. 35 - 36 83 50 33
III. 9 - - - - 4
IV. 88 21 71 42 63 66
V. 514 666 500 376 462 527
VI. 9 21 18 83 37 21
VII. 53 62 71 83 75 63
VIII. - - 18 - 13 4
IX. 35 21 53 83 63 41
X. 44 21 - - - 25
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Participação, sobre o total, dos principais grupos de doenças
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
I, IV, V e VII 868 937 875 751 837 872
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
(a) Os grupos de doenças, em algarismos romanos, vão especificados na Tabela 24.
A análise do quadro acima leva à conclusão de que para cada segmento social de per si
existem disparidades significativas com referência ao peso de cada grupo no total das
mortes. Por outro lado, entre os grupos populacionais revelam-se duas discordâncias
de maior monta. A primeira refere-se ao grupo I. Neste grupo, forros e brancos, colocam-
se em posicionamento excêntrico com referência à população como um todo; o que
provavelmente se deva, por um lado, como pode ser visto na Tabela 23, à maior
incidência de tuberculose entre os alforriados, doença de grande peso (42,3%) no grupo
infecto-contagioso, e, por outro, à maior susceptibilidade apresentada pelos forros à
hidropisia, componente do grupo V.
Tabela 23
PARTICIPAÇÃO DAS PRINCIPAIS DOENÇAS NOS DIFERENTES SEGMENTOS SOCIAIS
(os índices são as proporções, por mil óbitos, para cada grupo de doenças e para cada
segmento social)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CAUSAS DE PESO DA DEMAIS LIVRES .
ÓBITOS DOENÇA NO ESCRAVOS FORROS Exclusive BRANCOS Inclusive
(a) SEU GRUPO Brancos Brancos
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
I. (216)(b)
Febre re-
corrente 365 291 444 539 167 421
Tuberculose
Pulmonar 423 542 222 308 500 368
Total 788 833 666 847 667 789
IV. (66)
Pneumonia 438 500 -- 500 -- 400
V. (527)
Hidropisia 969 966 1.000 929 1.000 946
VII. (63)
Gangrena 667 834 667 250 1.000 500
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) Os grupos de doenças, indicados em algarismos romanos, estão especificados
na Tabela 24. (b) Os índices entre parênteses indicam a participação do grupo por mil
mortes em geral.
* * *
A comparação destes nossos resultados com os obtidos por Maria Luíza Marcílio (89)
para a paróquia da Sé, São Paulo (SP), evidencia a existência pontos de concordância e
divergência entre os dois conjuntos de dados. Os grupos II, VI, VII e X (tomamos aqui os
dados relativos aos livres exclusive os forros e incluídos os brancos) estão bem
próximos, por sua composição, dos apontados para a área paulista. Para os grupos I, IV
e V largas diferenças distinguem mineiros e paulistas.
* * *
Não se revelou grande discrepância entre os diferentes grupos sociais em que foi
decomposta a amostra. Os grupos são relativamente homogêneos, quer no que diz
respeito à incidência de moléstias, quer no que tange ao peso relativo delas.
II. Doenças do Sistema Nervoso e dos Órgãos dos Sentidos: Deficiência Mental (doido,
mentecapto); Epilepsia (gota coral); Paralisia (parlezia, estupor).
IX. Sintomas e Estados Mórbidos mal Definidos: Apoplexia (apoplexia); Cólica (cólica);
Entrevada (entrevada); Hemorragia de sangue (hemorragia de sangue).
V) Doenças do Aparelho
Digestivo:
Hidropisia 45 11 26 41 71 52 123
Obstrução Intestinal
e Hérnia 2 - 1 1 3 1 4
Total 47 11 27 42 74 53 127 527
VI) Doenças do Aparelho
Geniturinário:
Anúria - - 4 - 4 - 4
Hemorragia Uterina - 1 - - - 1 1
Total - 1 4 - 4 1 5 21
VIII) Doenças do
Sist. Osteomuscular:
Reumatismo não
especificado - - - 1 - 1 1 4
X) Acidentes, Envenena-
mentos e Violências:
Afogamento 1 - - - 1 - 1
Acidentes devidos a
fatores ambientais 1 - - - 1 - 1
Soterramentos 2 1 1 - 3 1 4
Total 4 1 1 - 5 1 6 25
O quadro desta área mineira ao abrir-se o século XIX revelava-se desolador. Superada a
'febre" do ouro, a economia estagnara-se e apresentava-se franca recessão
populacional. Nos arredores de Vila Rica descortinavam-se campos desertos, sem
lavouras ou rebanhos. Dos morros, esgaravatados até a rocha, havia-se eliminado a vida
vegetal; neles restavam montes de cascalho e casas, na maioria , em ruínas.
O mesmo autor deplorava, ainda, que -- numa capital onde despendera-se grande soma
de dinheiro na ereção de templos religiosos -- o único hospital fosse mantido pela
Irmandade da Misericórdia, sem contar com apoio governamental. (3)
Conforme o autor citado, a área oferecia condições favoráveis a varias culturas: pereira,
oliveira, amoreira, vinha, milho e trigo. O gado, por sua vez, se bem tratado e fornido de
alimentação adequada, propiciaria o estabelecimento de promissora industria de
laticínios.
* * *
Nosso propósito, como já avançamos no inicio deste tópico, não é apresentar o balanço
pormenorizado das causas da decadência econômica da área mineratória. No entanto,
permitimo-nos, como mera conjectura, arrolar os principais condicionantes do aludido
recesso. A nosso ver o empobrecimento da região em apreço deveu-se a um conjunto de
fatores. À exaustão dos depósitos mais ricos de ouro (6) somam-se o meio físico
relativamente adverso; inexistência de mercados significativos e boas vias de
transporte (7); despreparo no que se refere a técnicas mais sofisticadas para trabalhar o
solo, bem como a mentalidade do colonizador que desprezava o trabalho manual e
rotineiro em geral, e a faina agrícola, em particular (caso típico dos mineradores).
Neste quadro movimentava-se, ao fim do século XVIII e início da décima nona centúria, a
população ouro-pretense da qual, a seguir, analisaremos a estrutura, com base no censo
levado a efeito em 1804.
II - OS DADOS EMPÍRICOS.
Utilizamos, aqui, os dados empíricos revelados por Herculano Gomes Mathias (8)
relativos ao levantamento populacional efetuado em Minas Gerais no ano de 1804; o
autor deu a público as listas referentes à área que corresponderia, na atualidade, ao
perímetro urbano de Ouro Preto. (9) Na obra em pauta observou-se rigorosamente o
conteúdo e a disposição formal correspondente aos códices que lhe deram origem. O
autor restringiu-se a algumas observações qualitativas e a apresentar dados
quantitativos genéricos, sem tratamento estatístico minucioso. Relacionou os distritos
de Antônio Dias, Ouro Preto, Alto da Cruz, Padre Faria, Cabeças e Morro. (10)
Fato lamentável, ao qual nos reportamos desde logo, refere-se à cor e à condição de
"forro". Conforme pudemos verificar -- baseados no confronto entre os dados
censitários e os registrados nos códices da Paróquia de Antônio Dias -- houve, por parte
dos responsáveis pelo levantamento populacional, número imponderável de omissões
relativas tanto à cor como à situação de "forro". Destarte, encontramos quantidade
substancial de africanos para os quais não se registrou o posicionamento de forros
(explicitado nos códices aludidos). Por outro lado, para os "crioulos" (negros nascidos
no Brasil) verificamos faltar tanto este qualificativo como o relativo à condição de
libertos. Tais eventos impediram a elaboração de análises correspondentes à cor e aos
forros.
* * *
Os ouro-pretanos distribuíam-se pelos seis distritos já mencionados. Nos dois mais
populosos -- Ouro Preto e Antônio Dias -- concentrava-se 50,77% da população -- 48,13%
dos livres e 56.56% dos cativos. (17) Neste núcleo principal centralizava-se, ademais, a
vida administrativa, militar e religiosa da urbe. Assemelhavam-se, ainda, pela
estratificação de seus moradores e com respeito ao peso relativo dos sexos. Destarte,
68,20% dos residentes em António Dias tratava-se de livres enquanto no Ouro Preto
contávamos com 63,81% de indivíduos de igual estrato. Neste último distrito a razão de
masculinidade dos livres alcançava 84,68, muito próxima da prevalecente em Antônio
Dias: 84,20. (18)
A visão de conjunto dos habitantes de Vila Rica, no ano de 1804, distribuídos segundo
sexo, faixas etárias e estado conjugal, considerado ainda o posicionamento social, nos é
proporcionada pelas tabelas do Apêndice Estatístico. Vejamos as evidências
alcançadas.
Tabela 1
RAZÃO DE MASCULINIDADE PARA OS SOLTEIROS LIVRES
(Vila Rica - 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FAIXAS ETÁRIAS RAZÃO DE MASCULINIDADE
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
0-4 104,97
5-9 93,94
10 - 19 99,44
20 - 29 61,87
30 - 39 68,97
40 - 49 62,28
50 - 59 69,27
60 - 69 61,96
70 - 79 61,44
80 e mais 102,50
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ESTRUTURA ETÁRIA.
Atenhamo-nos, por ora, aos dados referentes à população como um todo. Verificou-se
um índice de dependência concernente às crianças (0-14 anos) igual a 452 -- vale dizer,
contávamos 452 crianças para cada grupo de 1.000 indivíduos em idade ativa --, a taxa
de dependência respeitante aos anciãos igualou 81; assim, o índice de dependência
total correspondia a 533 (452 + 81).
Por outro lado, deparamo-nos, indubitavelmente, com uma população jovem, pois,
apenas 9,3% dos habitantes de Vila Rica tinham 60 ou mais anos de idade.
Quanto ao peso relativo dos idosos verifica-se maior índice para os livres -- 10,2% -- vis-
à-vis escravos -- 7,2%.
Tais discrepâncias devem-se a três fatores principais: à taxa de mortalidade infantil mais
elevada para escravos, à ocorrência da entrada de escravos africanos já crescidos e, por
último, à menor esperança de vida dos cativos. Destarte, 40,7% dos livres contavam 19
ou menos anos contra apenas 30,2% de escravos em idêntica condição. Por outro lado,
os cativos na faixa etária dos 20 aos 59 anos compunham 62,6% da massa escrava,
enquanto para os livres do mesmo intervalo etário o porcentual alcançava, apenas, 49,1.
PIRÂMIDES DE IDADES.
Por outro lado, patenteia-se o predomínio do sexo feminino. Assim, depois do relativo
equilíbrio verificado nas faixas etárias referentes aos dois primeiros degraus (até os 19
anos) acentua-se, na faixa etária dos 20 aos 39 anos, a discrepância favorável às
mulheres; já para idades acima dos 40 anos volta a balancear-se a participação relativa
dos sexos.
Gráfico 3
Pirâmide de Idades: População Total
(Vila Rica, 1804)
Para os escravos encontramos uma base estreita a se ampliar paulatinamente até a faixa
dos 15 aos 19 anos, o degrau correspondente ao estrato dos 20 aos 29 anos apresenta
brusco aumento; a seguir, estreitam-se os degraus. Ademais, os homens aparecem
como elemento dominante em todas faixas etárias (excluída a primeira).
Gráfico 5
Pirâmide de Idades: População Escrava
(Vila Rica, 1804)
GRÁFICO 6
FAIXAS DE IDADES: ESCRAVOS COLONIAIS (CRIOULOS E PARDOS)
(Vila Rica - 1804)
GRÁFICO 7
FAIXAS DE IDADES: ESCRAVOS AFRICANOS (SUDANESES E BANTOS)
(Vila Rica - 1804)
Tabela 2
REPARTIÇÃO PORCENTUAL DOS ESCRAVOS AFRICANOS,
SEGUNDO GRANDES GRUPOS ETÁRIOS
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FAIXAS ETÁRIAS SUDANESES BANTOS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
0 - 19 anos 2,91 10,33
20 - 59 anos 66,86 81,32
60 e mais anos 30,23 8,35
Dado o grande peso relativo assumido, na sociedade colonial brasileira, pela parcela de
filhos ilegítimos torna-se obrigatório o estudo quantitativo referente à filiação dos
contingentes populacionais analisados. Deve-se notar, desde logo, que a existência de
elevado porcentual de filhos naturais e expostos, além de se apresentar como um
problema em si, condicionava a configuração da estrutura populacional quando
analisada segundo o estado conjugal ou vista sob a perspectiva das unidades familiares.
Por outro lado, como já salientamos em capítulo precedente, a regular a freqüência
relativa de filhos naturais e, sobretudo, a de crianças enjeitadas estava, ao lado de
outros fatores, a situação econômica defrontada pelas comunidades pretéritas.
No estudo vertente consideramos a filiação das crianças de até quatorze anos de idade.
Fomos obrigados a limitar a faixa etária a analisar porque no censo em apreço a filiação
indicou-se, apenas, para indivíduos de baixa idade; por outro lado, pareceu-nos
conveniente o limite superior quatorze anos porque, assim, selecionamos o grupo aqui
identificado como o correspondente às "crianças". Tal conjunto somou 2.575 indivíduos.
Desconsideramos 44 por serem escravos africanos e 70 outros por serem casados,
morarem sós ou com irmãos -- nesses casos os recenseadores, sistematicamente,
omitiram qualquer referência a filiação.
Restaram, portanto, 2.461 crianças; destas, 904 (36,73%) apareceram como legítimas e
1.557 (63,27%) indicou-se como bastardas; entre estas últimas computamos 126
expostos e 1.431 filhos naturais.
Tabela 3
FILIAÇÃO (EM PORCENTAGENS) DAS CRIANÇAS COM 14 OU MENOS ANOS,
SEGUNDO A CONDIÇÃO SOCIAL
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FILIAÇÃO LIVRES ESCRAVOS TOTAL
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Legítimos 47,82 0,70 36,73
Naturais 52,18 99,30 63,27
Por outro lado, mesmo entre os livres podemos distinguir dois grupos: um relativo aos
agregados, outro referente aos "independentes" (entendidos aqui como livres não
agregados). A maioria (56,02%) destes últimos compunha-se de filhos legítimos contra
apenas 9,12% dos agregados. Vê-se pois, que a condição de legitimidade condicionava-
se, também, pelo status econômico dos pais, pois os agregados, via de regra, eram
menos abonados.
Tabela 4
FILIAÇÃO (EM PORCENTAGENS) DAS CRIANÇAS LIVRES, COM 14 OU MENOS ANOS,
REPARTIDAS EM "INDEPENDENTES" E AGREGADAS
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CONDIÇÃO SOCIAL "INDEPENDENTES" AGREGADAS TOTAL
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Legítimos 56,02 9,12 47,82
Naturais 43,98 90,88 52,18
Tabela 5
PORCENTAGEM DE SOLTEIROS LIVRES, SEGUNDO SEXO E FAIXA ETÁRIA
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FAIXA ETÁRIA HOMENS MULHERES
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
10 - 19 99,63 95,24
20 - 29 85,59 77,42
30 - 39 64,51 68,88
40 - 49 52,50 63,61
50 - 59 64,25 72,18
60 - 69 67,78 73,71
70 - 79 64,56 76,15
80 e mais 90,25 85,00
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
AS FAMÍLIAS.
Para as famílias independentes, como explicita o quadro abaixo, admitimos três sub-
categorias: a) família do chefe de domicílio; b) famílias de filhos do chefe de domicílio; c)
famílias de parentes do chefe de domicílio. Como categorias distintas aparecem as dos
agregados e escravos. Os viúvos ou viúvas solitários bem como aqueles a viver com
filho(s) com prole, não constituem, de per si, uma família, e enquadram-se no grupo
"Pseudo Famílias" subdividido em três sub-categorias: uma relativa aos viúvos a viver
sós, outra referente aos moravam com filho(s) e respectiva prole e a terceira composta
de viúvos ou viúvas -- agregados ou escravos -- que não constituíssem família.
Quadro 1
FAMÍLIAS: POR CATEGORIAS E SUB-CATEGORIAS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CATEGORIA SUB-CATEGORIAS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1. Independentes a. do chefe de domicílio (C.D.);
b. de filhos do C.D.;
c. de parentes do C.D.
2. De Agregados
3. De Escravos
4. Pseudo Famílias a. viúvos ou viúvas solitários;
b. viúvos ou viúvas em vivência com filho(s)
que constituíssem família;
c. viúvos ou viúvas, agregados ou escravos,
que não constituíssem família.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FAMÍLIAS: EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS.
Como se verifica, o peso relativo das famílias de agregados equilibra-se com o referente
às de filhos e de parentes do chefe de domicílio. O porcentual modesto explica-se pelo
fator acima posto, aliado ao fato de predominarem, entre os agregados, indivíduos que
não constituíam família.
Quanto aos escravos, a própria precariedade das informações (32) aliada aos óbices
colocados ao estabelecimento de famílias regulares de cativos aparecem como
elementos explicativos do baixo peso relativo observado.
Tabela 6
FAMÍLIAS: POR CATEGORIAS E SUB-CATEGORIAS
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CATEGORIAS E
SUB-CATEGORIAS No. ABSOLUTO PORCENTAGEM % POR CATEGORIA
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1.a 891 78,50
1.b 70 6,18
1.c 13 1,14 85,82
2 82 7,22 7,22
3 34 3,00 3,00
4.a 37 3,26
4.b 4 0,35
4.c 4 0,35 3,96
* * *
Com referência ao número médio de filhos com 20 ou menos anos, levada em conta a
faixa etária do chefe de família, verificou-se existir pequena discrepância entre famílias
independentes e de agregados. O mesmo não ocorreu com respeito às famílias de
escravos que apresentaram marcada divergência vis-à-vis as duas categorias acima
aludidas. As diferenças observadas devem-se, certamente, à taxa de mortalidade mais
elevada para os filhos de cativos, à mais baixa esperança de vida para escravos em geral
e, talvez, ao fato de separarem-se pais e filhos por motivo de transações a envolver
cativos. Por outro lado, relativamente aos chefes de família com menos de 25 anos,
verificou-se média mais elevada para cativos do que para livres; este diferencial explicar-
se-ia pelo mais livre intercurso sexual entre os escravos
Tabela 7
NÚMERO MÉDIO DE FILHOS COM 20 OU MENOS ANOS,
SEGUNDO A FAIXA ETÁRIA DO CHEFE DE FAMÍLIA
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FAIXA ETÁRIA DO NÚMERO MÉDIO DE FILHOS .
CHEFE DE FAMÍLIA INDEPENDENTES AGREGADOS LIVRES ESCRAVOS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
menos de 25 anos 1,36 1,33 1,35 1,40
25-34 1,89 1,31 1,83 1,19
35-44 2,41 2,13 2,39 1,44
45-54 2,42 2,00 2,40 0,67
55-64 1,36 0,80 1,34 --
65 e mais anos 0,55 0,28 0,54 --
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS. : Computados os filhos sobreviventes a viver com os pais.
* * *
Tabela 8
LIVRES: NÚMERO DE FAMÍLIAS A CONTAR COM FILHOS VIVOS E PRESENTES,
COM 20 OU MENOS ANOS DE IDADE
(número de filhos a variar de zero a sete e mais)
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Faixa Etária do Número de Famílias (a) Número total
Chefe de Família 0 1 2 3 4 5 6 7e+ Total dos filhos
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Menos de 25 anos 7 41 20 5 1 -- -- -- 74 100
25-34 42 73 57 30 24 7 3 1 237 433
35-44 46 73 45 22 42 18 8 14 268 641
45-54 57 43 36 21 24 9 6 21 217 521
55-64 65 27 17 9 6 7 5 1 137 184
65 ou mais anos 84 22 10 5 1 1 -- -- 123 66
Total 301 279 185 92 98 42 22 37 1.056 1.945
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 9
LIVRES: NÚMERO PROPORCIONAL DE FAMÍLIAS A CONTAR COM FILHOS
VIVOS E PRESENTES, COM 20 OU MENOS ANOS DE IDADE
(número de filhos a variar de zero a sete e mais)
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Faixa Etária do Número Proporcional de Famílias (a) .
Chefe de Família 0 1 2 3 4 5 6 7e+ Total
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
menos de 25 anos 94 554 271 68 13 -- -- -- 1.000
25-34 177 309 241 126 101 29 13 4 1.000
35-44 172 272 168 82 157 67 30 52 1.000
45-54 263 198 166 97 110 41 28 97 1.000
55-64 474 197 124 66 44 51 37 7 1.000
65 ou mais anos 683 179 81 41 8 8 -- -- 1.000
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Obs.: (a) Número de filhos variando de 0 a 7 e mais.
Total 7 15 8 4 34 41
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Obs.: Número de filhos variando de 0 a 3 e mais.
TABELA 11
ESCRAVOS: NÚMERO PROPORCIONAL DE FAMÍLIAS A CONTAR COM FILHOS
VIVOS E PRESENTES, COM 20 OU MENOS ANOS DE IDADE
(número de filhos a variar de zero a três e mais)
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Faixa etária do Número Proporcional de Famílias (a) .
chefe de família 0 1 2 3e+ Total
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
menos 25 anos -- 600 400 -- 1.000
25 - 34 188 500 250 62 1.000
35 - 44 222 222 222 334 1.000
45 - 54 333 667 -- -- 1.000
55 ou mais anos 1.000 -- -- -- 1.000
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Obs.: Número de filhos variando de 0 a 3 e mais.
OS DOMICÍLIOS.
* * *
Quanto aos escravos, registramo-los em 40,9% dos domicílios. Acima desta cifra
colocaram-se as categorias domiciliares 3, 4 e 5 que apresentam como característica
comum a existência de famílias de chefes de domicílios ou de seus parentes. Com
porcentuais menos significativos aparecem os domicílios sem estrutura familiar
imediatamente vinculada aos chefes de domicílios. (36)
Verificou-se, por outro lado, que em 29,61% dos domicílios apareciam agregados.
Destacou-se neste caso o grupo relativo aos domicílios familiares ampliados -- 42,3%
deles contavam com agregados; para as demais categorias encontra mos porcentuais
bem inferiores e com pequena discrepância em torno de 29,0%. (37) Exceção deve ser
feita com referência à categoria 2, colocada em nítida inferioridade relativa.
* * *
Note-se serem as médias mais elevadas referentes aos distritos que apresentavam
menor excisão populacional, conforme tivemos oportunidade de observar na abertura
desta parte de nosso trabalho.
Tabela 12
NÚMERO MÉDIO DE PESSOAS POR DOMICÍLIO
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
DISTRITOS MÉDIA
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Antônio Dias 5,31
Ouro Preto 5,19
Alto da Cruz 4,53
Padre Faria 4,33
Morro 5,06
Cabeças 5,33
Por outro lado, o papel desempenhado pelos indivíduos e grupos populacionais mostra-
se fundamental para o entendimento da história das comunidades, pois, além de permitir
a visão do momento pesquisado dá-nos elementos do processo pretérito que o
estruturou e sugere-nos as linhas básicas explicativas do desenvolvimento ulterior do
corpo social.
Esta ordem de razões fundamenta a analise ora empreendida, com referência à qual
fazem-se necessárias algumas qualificações preliminares. Coloca-se, desde logo, o
problema representado pela massa escrava. (40) Entendemos ser errôneo desconsiderá-
la no estudo das atividades produtivas; no entanto, imperioso é o fato de aparecer, no
censo em pauta, numeroso contingente de cativos cuja única qualificação era a de
prestarem-se aos "serviços domésticos". (41) A própria ambigüidade do termo, com
respeito às possíveis tarefas que cabiam a estas pessoas, levou-nos a excluí-las de
nossa análise. Por outro lado, a simples indicação "escravo" sem qualquer outro
qualificativo impede-nos, como é evidente, a inferência de que tais elementos
desempenhassem atividades homogêneas no largo espectro de atribuições produtivas
da sociedade mineira.
Estamos, portanto, a tomar apenas parte dos membros ativos da comunidade. A lacuna
maior, evidentemente, refere-se aos cativos que em sua maioria esmagadora (com
exclusão apenas daqueles de tenra idade, dos incapazes e dos que apresentavam idade
provecta) deveriam estar integrados ao processo produtivo.
Cabe-nos notar, ainda, que algumas das atividades econômicas acusadas no censo de
1804 não puderam merecer maiores cuidados de nossa parte, dada a ambigüidade da
terminologia utilizada pelos recenseadores. Deste rol figuram atividades como: "vive de
sua agência" e "homem particular", por nós qualificadas como "indeterminadas".
Também computamos à parte -- por não se referirem a atividades produtivas
propriamente ditas -- as seguintes atribuições: "estudantes", "vive do aluguel de suas
casas", "do jornal de seus escravos".
Reservamos tópico especial para o estudo dos mendigos e daquelas pessoas ditas
"pobres" ou qualificadas como a ''viver de esmolas".
Por último, cabe notar que as atividades foram enquadradas nos três setores
econômicos básicos classicamente distinguidos pelos economistas: primário,
secundário e terciário. (44)
Apesar dos fatores restritivos apontados justifica-se, por dois motivos, a categorização
setorial aludida: em primeiro por nos permitir uma perspectiva mais agregada,
(globalizante) das atividades então existentes, em segundo, por prestar-se utilmente a
confrontos entre as várias "economias" do Brasil colônia. (45)
* * *
Gilberto Freire, por seu lado, assim realça o caráter específico do tema em pauta:
"Minas Gerais foi outra área Colonial onde cedo se processou a diferenciação no sentido
urbano. Nas minas, o século XVIII é de diferenciação intensa, às vezes em franco conflito
com as tendências para a integração das atividades ou energias dispersas no sentido
rural, Católico, castiçamente português". (47)
O secundário aparecia com preeminência -- nele colocavam-se 53,61% das pessoas --, as
atividades relacionadas ao setor terciário, também em concordância com as
características citadinas da urbe, ocupavam posição de realce -- a ele correspondiam
39,35% dos elementos computados.
* * *
Tabela 13
DISTRIBUIÇÃO PORCENTUAL DE HOMENS E MULHERES, SEGUNDO SETORES
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SETORES HOMENS MULHERES
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Primário 5,16 13,86
Secundário 54,60 50,00
Terciário 40,24 36,14
Por outro lado, como se depreende das Tabelas 14 e 15, observavam-se significativas
discrepâncias quanto à participação de homens e mulheres, nos setores aludidos,
quando computados, em conjunto, ambos os sexos.
Tabela 14
DISTRIBUIÇÃO PORCENTUAL DOS INDIVÍDUOS POR SETORES, SEGUNDO O SEXO
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SETORES HOMENS MULHERES HOMENS+MULHERES
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Primário 4,04 3,00 7,04
Secundário 42,82 10,79 53,61
Terciário 31,55 7,80 39,35
Tabela 15
DISTRIBUIÇÃO PORCENTUAL, POR SETORES, DE HOMENS E MULHERES
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SETORES HOMENS MULHERES TOTAL
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Primário 57,50 42,50 100,00
Secundário 79,87 20,13 100,00
Terciário 80,17 19,83 100,00
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
* * *
Tabela 16
DISTRIBUIÇÃO PORCENTUAL DE LIVRES E ESCRAVOS, SEGUNDO SETORES
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SETORES LIVRES ESCRAVOS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Primário 5,54 20,47
Secundário 53,72 52,63
Terciário 40,74 26,90
Tabela 17
DISTRIBUIÇÃO PORCENTUAL, POR SETORES, DE LIVRES E ESCRAVOS
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SETORES LIVRES ESCRAVOS TOTAL
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Primário 70,83 29,17 100,00
Secundário 90,15 9,85 100,00
Terciário 93,14 6,86 100,00
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 18
DISTRIBUIÇÃO PORCENTUAL DOS INDIVÍDUOS POR SETORES,
SEGUNDO O POSICIONAMENTO SOCIAL
(Vila Rica - 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SETORES LIVRES ESCRAVOS ESCRAVOS+LIVRES
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Primário 4,99 2,05 7,04
Secundário 48,33 5,28 53,61
Terciário 36,65 2,70 39,35
* * *
Outro fato marcante diz respeito à maior presença de faiscadores (169) vis-à-vis os
mineradores: 59. Estas cifras, por si mesmas -- como anotado por Caio Prado Júnior --
atestam a decadência da exploração aurífera em Vila Rica.
Tabela 19
DISTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES DO SECUNDÁRIO, SEGUNDO O SEXO
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Atividades exercidas exclusivamente por homens
Atividades desempenhadas por homens e mulheres 5
Atividades exclusivamente atribuídas às mulheres 4
Tabela 20
DISTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES DO TERCIÁRIO, SEGUNDO O SEXO
(Vila Rica, 1804)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ATIVIDADES EXERCIDAS PROFISSÕES IGREJA ADMINSTRA- COMÉRCIO TRANSPORTE OUTROS TOTAL
LIBERAIS ÇÃO CIVIL SERVIÇOS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Só por homens 7 2 9 4 3 6 31
Por homens e mulheres 1 -- -- 3 1 3 8
Só por mulheres 1 -- -- -- -- 1 2
Quanto aos "outros serviços" contamos 2 caixeiras (de um total de 21), 4 criadas (a
superar os homens, em número de 3), 12 cozinheiras (entre 19) e 28 lavadeiras -- função
exclusiva do sexo feminino.
Com referência aos homens, cabe realce particular aos músicos, funcionários da
administração civil, eclesiásticos, negociantes e, sobretudo, aos militares. Estes, em
número de 125, representavam pouco menos de um quarto (23,23%) do total de homens
enquadrados no terciário.
* * *
A repartição das pessoas para as quais indicou-se a profissão, segundo faixas etárias
correspondentes a crianças (0 a 14 anos) , em idade ativa (15 aos 64 anos) e anciãos (65
e mais anos), mostrou que os intervalos etários escolhidos adequaram-se às
características dos dados compulsados. Destarte, menos de 3% colocou-se no primeiro
intervalo, pouco mais de 6% situou-se no terceiro, enquanto mais de 90% apareceu na
faixa correspondente à idade ativa (vide Apêndice Estatístico).
* * *
Quanto aos pobres, apresentou-se dominante o sexo feminino: 170 em 220; vale dizer
que mais de três quartos (exatamente 77,27%) das pessoas identificadas como
mendigos, pobres ou a viver de esmolas compunham-se de mulheres.
Por outro lado, verificou-se estar entre os indivíduos com mais de 50 anos o maior
contingente de despossuídos -- 58,06%. Para os menores de 20 anos observou-se a cifra
de 6,45% (Cf. Apêndice Estatístico). Destarte, as mulheres em idade avançada
compunham a massa dos pobres.
* * *
Finalmente, o distrito das Cabeças -- com 15,82% dos habitantes da urbe -- revelava-se,
proporcionalmente, menos rico do que o Alto da Cruz com respeito ao terciário. No
entanto, no secundário, era mais significativo o peso das atividades artesanais.
Enquanto no Alto da Cruz, alfaiates, carpinteiros, ferreiros, latoeiros e sapateiros
correspondiam a 55,96%; no distrito das Cabeças a cifra respectiva alcançava 70,58%.
Por outro lado, os faiscadores e mineradores representavam, apenas, 11,76% das
pessoas adstritas ao secundário.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vila Rica, objeto deste trabalho, não é, ao que parece, o protótipo de comunidade a
apresentar evolver "normal", pois, injetou-se nela grande contingente de imigrantes --
tanto livres como escravos -- durante o período de ascensão exploratória e ocorreram
profundas sangrias com as emigrações provocadas pela decadência da atividade
mineradora. Aliás, as circunstâncias ideais acima alinhavadas mostram-se,
possivelmente, inatingíveis desde que, em todo o cenário da área de mineração,
assistimos à vivência de sociedades tumultuadas pelo afluxo e evulsão de levas
humanas impelidas pelo fascínio dos achados auríferos e presas da nostalgia quando do
esgotamento dos depósitos mais facilmente exploráveis. Sociedades que, somente ao
raiar do século XIX, estariam a encontrar outra dinâmica -- a do curso mais calmo, que
parece coadunar-se com a sedentariedade dos grupos humanos dedicados às fainas da
atividade agrícola.
Nossa análise revelou uma sociedade altamente estratificada, em que pese sua maior
flexibilidade vis-à-vis as condições prevalecentes em outras áreas econômicas da
colônia. Pudemos identificar, em termos de parâmetros demográficos, três segmentos
populacionais básicos, aliás, comuns ao Brasil -- livres, forros e cativos.
Revelou-se, em Vila Rica -- por mais provinciana que a quiséssemos --, um horizonte
social, econômico e cultural mais ancho do que nas demais economias da colônia.
Por fim, acreditamos que nosso trabalho evidencia a urgência de estudos referentes à
própria sociedade mineira e às demais economias vigentes no período colonial
brasileiro. O confronto entre os resultados de nossa pesquisa e aqueles oferecidos por
futuros trabalhos sobre a época do ouro e dos diamantes possibilitar-nos-á avaliar as
similitudes e dessemelhanças dos movimentos demográficos dos inúmeros núcleos da
área em apreço, oferecendo-nos, ademais, o balizamento necessário à formulação de
hipóteses abrangentes, capazes de compor quadro teórico explicativo do
comportamento populacional da sociedade mineira.
Por outro lado, o conhecimento mais profundo das populações das várias economias do
Brasil colônia darão embasamento empírico indispensável ao estabelecimento de
eventual teoria demográfica original, apta a abarcar a formação populacional pátria.
* *
*
I - OS DADOS EMPÍRICOS.
Em dois livros de registros de óbitos (MSS. - Cód. 2RO - Livros A e B) aparece, além dos
assentos, cópia dos respectivos testamentos -- tal prática foi abolida por se ter adotado,
na segunda metade do século XVIII, livro específico para lançamento das disposições
testamentárias. Até o meado do século XVIII havia livros de óbitos especiais para livres e
escravos. A partir de então os registros foram lançados em códices comuns a cativos e
livres.
REGISTROS DE BATISMOS.
MSS. - Cód. 5RB - Livro de Assento de Batizados - 1780/ 1792. Com 238 folhas, das quais
faltam as de números: 108, 111, 115 e 166.
MSS. - Cód. 7RB - Livro 6o. de Batizados - 1798/1819. Completo, com 322 folhas.
A par das lacunas apontadas -- de pequena monta, aliás -- encontramos ainda duas
outras fontes de perdas. Em primeiro aparece o fato de nem todos os livros
apresentarem termo de encerramento, o que nos indica a existência de lacunas
correspondentes ao extravio das últimas folhas dos códices em questão. Esta
possibilidade confirma-se pelo espaço de tempo, relativamente amplo, que separa o
último assento de um livro do primeiro registro do códice sucessivo, fato por nós
observado em todos os livros passíveis desta análise.
Vejamos dois desses registros, aqui transcritos como aparecem nos livros:
"Pedro
adulto
Aos quatorze dias do mês de fevereiro de mil setecentos e trinta nesta Matriz batizei e
pus os Santos Óleos a Pedro escravo de João Gonçalves Batista foram padrinhos
Francisco mina e Ana forra de que fiz este assento dia ut Sa.
O Pe. Coadjutor Nicolau Barreto de Gusmão." (4)
Este primeiro exemplar foi tomado do Cód. 2RB (1727-1740), o segundo, buscamos em
ponto mais avançado no tempo -- Cód. 4RB (1773/1780):
"Joana
Adulta
Aos vinte e oito de Janeiro de mil setecentos e setenta e seis nesta Matriz batizei e pus
os Santos Óleos a Joana mina escrava de José da Cunha casado com Severina Pereira
da Silva moradores junto à ponte: foram padrinhos Felis Moreira preto forro, e Tereza de
Jesus preta forra. E para constar fiz este assento.
O Coadjutor Bento Mel. Pereira." (5)
* * *
Com respeito aos inocentes apresentou-se variação mais larga do que a verificada entre
os adultos. Assim, registros concernentes a filhos de escravos trazem parcas
informações. Vejamos um espécime:
"Vicente
Aos 14 dias do mês de Dezembro (de 1712) nesta Igreja Matriz de Nossa Senhora da
Conceição donde sou vigário Batizei, e pus os Santos Óleos a Vicente filho de Antonia
escrava do Mestre de Campo Pascoal da Silva Guimarães. Foram padrinhos José, e sua
mulher Tereza escravos de Antonio Ramos dos Reis, e para constar fiz este assento. Vila
Rica, era ut Sa.
"Manuel
Aos vinte de Junho de mil setecentos e noventa e quatro nesta Matriz batizou, e pôs os
Santos Óleos o Padre Coadjutor Silvério da Costa e Oliveira a Manoel inocente nascido
em sete do corrente filho legítimo de Paulo Lourenço da Silva batizado na freguesia de
Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto, e de sua mulher Clara Maria Teixeira, batizada na
freguesia da Sé da Cidade de Mariana, e moradores no Caminho Novo: Neto por parte
Paterna de André Lourenço da Silva batizado na Freguesia de São Salvador de Rosas do
Arcebispado de Braga, e de Mariana Eugênia da Silva, batizada na do Ouro Preto: e pela
Materna de Manuel Luiz Soares da Freguesia de Santa Maria de Gilmonda, Termo da Vila
de Barcelos do Arcebispado de Braga, e de Ignácia Maria Teixeira, da Sé de Mariana:
foram Padrinhos; Jose Peixoto de Carvalho solteiro morador na Freguesia de Antonio
Pereira; e Maria Eugênia do Pillar, solteira filha de André Lourenço da Silva, do Morro de
São Sebastião do Ouro Preto.
Do que fiz este assento, que assinei
O Vigário Bernardo José da Encarnação." (7)
Com respeito aos pais, padrinhos e donos de escravos podem constar, também, alguns
dos seguintes elementos: condição social, cor, estado conjugal, local de moradia,
"nação" de origem (para africanos).
No caso das crianças que haviam sido batizadas em perigo de vida abria-se assento no
qual se indicava a circunstância em que se dera o batismo e quem o ministrara; de resto,
o registro seguia as normas gerais acima descritas.
REGISTROS DE ÓBITOS.
MSS. - Cód. 2RO - Livro de Assento dos Mortos (livres e escravos) e Testamentos da
Freguesia de Nossa Senhora da Conceição: Livro A (1727/1753); Livro B (1753/1764).
Com 441 folhas (inclusive na numeração das folhas, o livro B sucede ao A) das quais
faltam as de números 185, 186,187,188 e 192, todas do livro A. O livro B conservou-se
completo.
MSS. - Cód. 3RO - Livro de Assento de Óbitos - 1741/1770. Completo, com 144 folhas.
MSS. - Cód. 4RO - Livro de Assento de Óbitos 1770/1796. Sem lacunas, 342 folhas.
MSS. - Cód. 5RO - Livro de Assento de Óbitos 1796/1821. Com 323 folhas e completo.
- data do óbito;
- prenome (para inocentes, escravos e parte dos forros e livres) ou nome completo do
falecido;
- os últimos sacramentos dispensados ao morto;
- local de moradia e da sepultura;
- assinatura do clérigo.
Vêm expressos, ainda, um ou mais dos seguintes elementos: filiação, cor, estado
conjugal, naturalidade, freguesia de origem, nome do cônjuge, nome do senhor(quando
escravos) ou do antigo dono (para forros), causa da morte e condição social --
"escravo", "forro", "quartado" ou "homem branco". A situação patrimonial está implícita
nas expressões: "com solene testamento" e "pobre". Indistintamente, no que se refere
ao sexo, cor e condição social, vem expresso o nome da Irmandade a que se associara o
defunto. Os militares (ou pessoas que tinham patentes) foram identificados, mas não
consta a profissão dos civis. As crianças ("inocentes") qualificaram-se como legítimas,
naturais ou expostas; presente, via de regra, o nome dos pais para as primeiras, da mãe
para as segundas e de quem as recebeu como enjeitadas para as últimas. Infelizmente a
idade do defunto, informação de máxima importância, declarou-se em número irrisório
de registros.
"Maria, angola
Aos vinte e sete de maio de mil setecentos e noventa e nove faleceu de um froxo mas
com todos os Sacramentos Maria angola Escrava de Antonio Gonçalves dos Santos
homem branco morador no Taquaral; foi encomendada e sepultada no Alto da Cruz de
que fiz este assento.
O Vigário João Antônio Pinto Moreira" (9)
REGISTROS DE CASAMENTOS.
MSS. - Cód. 1RC - Livro de Registros de Casamentos 1727/1782. Completo, com 286
folhas.
MSS. - Cód. 2RC - Livro de Registros de Casamentos 1782/1827. Com 166 folhas, sem
lacuna alguma.
"Salvador da Silva
Maria Teixeira, preta forra
Aos vinte dias do mês de Agosto de mil setecentos e vinte e sete pelas cinco horas da
tarde, nesta Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Vila Rica, feitas as admoestações
na forma do Sagrado Concílio Tridentino nas Freguesias desta vila onde os contraentes
são moradores, se casaram solenemente por palavras de presente, em presença do
Reverendo Padre Coadjutor Nicolao Barreto de Gusmão, de licença minha, Salvador da
Silva, preto da Costa da Mina, escravo de José da Silva morador no Ouro Podre com
Maria Teixeira preta forra; sendo presentes por testemunhas, Diogo Pereira de Almeida;
José da Silva, que todos assinaram comigo, de que fiz este assento dia ut Sa.
O Vigário Félix Simões de Payva
O pe. Nicolao Barreto de Gusmão
José da Silva
Diogo Pereira de Almeida." (13)
1) batizados: 1719 a 1818; de 1707 a 1718 apresentaram-se muitas lacunas, fato que nos
levou a desprezar estes anos. De 1719 a 1744 aparecem, em anos isolados, algumas
falhas. Quanto aos batismos de adultos estudamos o período 1759-1818.
Colunas Informações
1a5 número de identificação do assento.
6 a 20 prenome do batizado.
21 a 27 data em que se deu o batismo.
28 a 33 data do nascimento ou enjeitamento.
34 sexo do batizado, com indicação adicional sobre a "faixa etária":
inocente ou adulto.
35, 36, 37 ainda em relação ao batizado respectivamente: cor, situação
social e condição de filho legitimo, natural ou "exposto".
38 e 39 cor e situação social da mãe do inocente.
40 e 41 origem da mãe das crianças batizadas.
42 e 43 cor e situação social do pai.
44 e 45 origem ("nação") do adulto a receber batismo.
ÓBITOS.
Colunas Informações
1a5 número de identificação do registro.
6 a 12 data do óbito.
13 sexo e faixa etária do falecido; consideramos as três faixas
(inocentes, menores de idade e adultos), explicitamente
colocadas nos códices estudados.
14,15,16 respectivamente: cor, situação social e condição de legitimidade
do falecido.
17 dado referente à situação: batizado ou não em perigo de vida.
18 informação sobre a existência ou não de testamento; anotamos
aqui, também, se o morto foi ou não dito "pobre".
19 estado conjugal do falecido.
20 anotamos neste dígito se o morto pertencia ou não a irmandade.
21 e 22 idade do falecido.
23 e 24 cor e situação social da mãe do morto.
25 e 26 cor e situação social do pai.
27 a 29 "origem" do falecido: local de nascimento, freguesia e/ou
bispado em que foi batizado ou "nação" (para os africanos).
30 "nacionalidade" do morto: "brasileiro", "português", "africano"
ou "outras".
31 a 46 prenome do falecido.
47 e 48 dias de vida do inocente sepultado.
49 e 50 meses de vida da criança falecida.
CASAMENTOS.
Seguem os modelos, na escala de 1 para 2, das fichas de que nos servimos para a coleta
dos dado relativos à primeira parte do presente estudo.
Modelo 1 - Batismos
Modelo 2 - Óbitos
Modelo 3 - Casamentos
APÊNDICE ESTATÍSTICO
Tabela 1
NÚMERO DE CASAMENTOS DE LIVRES (INCLUSIVE FORROS) E ESCRAVOS,
POR ANO CIVIL
(Continua)
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ANO ESCRAVOS LIVRES TOTAL ANO ESCRAVOS LIVRES TOTAL
(a) (b) (a) (b)
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1727 2 3 5 1765 10 22 32
1728 1 6 7 1766 7 13 20
1729 -- 4 4 1767 4 16 20
1730 -- 2 2 1768 3 15 18
1731 -- 3 3 1769 1 10 11
1732 -- 4 4 1770 2 17 19
1733 -- 8 8 1771 1 20 21
1734 -- 6 6 1772 -- 16 16
1735 6 12 18 1773 -- 10 10
1736 3 12 15 1774 1 14 15
1737 1 5 6 1775 1 11 12
1738 3 7 10 1776 1 7 8
1739 1 12 13 1777 -- 4 4
1740 5 9 14 1778 2 9 11
1741 5 11 16 1779 3 15 18
1742 3 14 17 1780 -- 18 18
1743 -- 17 17 1781 -- 12 12
1744 4 9 13 1782 -- 8 8
1745 3 9 12 1783 1 20 21
1746 2 13 15 1784 -- 7 7
1747 3 15 18 1785 1 14 15
1748 3 18 21 1786 -- 6 6
1749 -- 11 11 1787 -- 13 13
1750 5 13 18 1788 4 17 21
1751 9 9 18 1789 1 20 21
1752 5 12 17 1790 -- 11 11
1753 1 14 15 1791 -- 20 20
1754 2 13 15 1792 1 11 12
1755 3 12 15 1793 1 12 13
1756 2 21 23 1794 -- 16 16
1757 7 6 13 1795 1 8 9
1758 5 7 12 1796 1 16 17
1759 6 18 24 1797 2 20 22
1760 7 17 24 1798 1 37 38
1761 6 16 22 1799 -- 15 15
1762 4 18 22 1800 2 29 31
1763 10 18 28 1801 1 21 22
1764 1 20 21 1802 2 25 27
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) pelo menos um cônjuge escravo; (b) inclusive forros.
Tabela 1
NÚMERO DE CASAMENTOS DE LIVRES (INCLUSIVE FORROS) E ESCRAVOS,
POR ANO CIVIL
(Conclusão)
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ANO ESCRAVOS LIVRES TOTAL ANO ESCRAVOS LIVRES TOTAL
(a) (b) (a) (b)
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1803 1 22 23 1816 2 15 17
1804 1 19 20 1817 1 18 19
1805 2 20 22 1818 2 16 18
1806 2 18 20 1819 -- 15 15
1807 -- 5 5 1820 -- 23 23
1808 1 20 21 1821 -- 14 14
1809 1 19 20 1822 1 11 12
1810 2 13 15 1823 -- 21 21
1811 2 15 17 1824 3 35 38
1812 1 10 11 1825 1 24 25
1813 1 7 8 1826 -- 11 11
1814 2 7 9
1815 1 14 15 Total 200 1.391 1.591
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) pelo menos um cônjuge escravo; (b) inclusive forros.
Tabela 2
NÚMERO DE CASAMENTOS DE LIVRES, FORROS E ESCRAVOS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PERÍODO ESCRAVOS(a) LIVRES . TOTAL
FORROS(b) DEMAIS LIVRES TOTAL GERAL
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1727-1736 12 22 38 60 72
1732-1741 24 45 41 86 110
1737-1746 27 55 51 106 133
1742-1751 32 54 74 128 160
1747-1756 33 68 70 138 171
1752-1761 44 77 59 136 180
1757-1766 63 64 91 155 218
1762-1771 43 65 104 169 212
1767-1776 14 55 81 136 150
1772-1781 8 49 67 116 124
1777-1786 7 46 67 113 120
1782-1791 7 41 95 136 143
1787-1796 9 41 103 144 153
1792-1801 10 36 149 185 195
1797-1806 14 43 183 226 240
1802-1811 14 37 139 176 190
1807-1816 13 16 109 125 138
1812-1821 10 11 128 139 149
1817-1826 8 16 172 188 196
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) pelo menos um cônjuge escravo; (b) pelo menos um cônjuge forro.
Tabela 3
NÚMERO DE CASAMENTOS DE ESCRAVOS, LIVRES E FORROS
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Livres: Forros e Demais Livres .
Período Escravo Livre(b) Livre Livre Forro Forro Forro Indet. Indet. Livres Total
(a) Livre(c) Forro Indet. Livre Forra Indet. Forra Indet.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1727-1731 3 16 1 -- -- 1 -- -- -- 18 21
1732-1736 9 22 5 -- 1 14 -- -- -- 42 51
1737-1741 15 19 3 -- -- 22 -- -- -- 44 59
1742-1746 12 32 2 -- 1 27 -- -- -- 62 74
1747-1751 20 42 1 -- -- 23 -- -- -- 66 86
1752-1756 13 28 4 -- 5 35 -- -- -- 72 85
1757-1761 31 31 5 -- 1 27 -- -- -- 64 95
1762-1766 32 57 5 -- 1 25 3 -- -- 91 123
1767-1771 11 43 7 1 -- 27 -- -- -- 78 89
1772-1776 3 36 4 -- 2 15 -- -- 1 58 61
1777-1781 5 29 1 -- 2 25 -- 1 -- 58 63
1782-1786 2 37 5 -- 1 12 -- -- -- 55 57
1787-1791 5 58 3 -- 2 18 -- -- -- 81 86
1792-1796 4 45 1 -- -- 17 -- -- -- 63 67
1797-1801 6 103 2 -- -- 16 1 -- -- 122 128
1802-1806 8 78 1 -- 1 23 -- -- 1 104 112
1807-1811 6 60 2 -- -- 10 -- -- -- 72 78
1812-1816 7 49 1 -- -- 3 -- -- -- 53 60
1817-1821 3 79 -- -- 1 6 -- -- -- 86 89
1822-1826 5 93 2 -- 2 5 -- -- -- 102 107
TOTAL 200 957 55 1 20 351 4 1 2 1.391 1.591
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) pelo menos um cônjuge escravo; (b) linha correspondente ao esposo; (c) linha
correspondente à esposa.
Tabela 4
MOVIMENTO SAZONAL DE CASAMENTOS DE LIVRES E ESCRAVOS
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
M. D. P.(a) JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ. TOTAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Livres 108 231 42 49 113 107 88 98 93 98 143 30 1.200
Escravos 152 193 12 60 158 115 88 93 67 105 139 18 1.200
Liv.+Escrav. 114 226 38 50 119 108 88 97 89 99 143 29 1.200
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) média diária proporcional.
Tabela 5
ORIGEM DOS ESPOSOS (continua)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ORIGEM HOMENS MULHERES
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CATEGORIA 1 - cônjuge nascido e/ou batizado
na Freguesia de Nossa Senhora da Conceiçãode
Antônio Dias.
Freguesia do Pilar 45 60
Passagem 4 5
Antônio Pereira 9 8
Casa Branca 1 3
Mariana (Sé) 21 34
Sumidouro 9 10
Itatiaia 15 14
Ouro Branco 7 0
São Bartolomeu 15 9
São Sebastião 2 4
São Caetano 6 1
Cachoeira 7 5
Inficcionado 6 4
Catas Altas 4 3
Congonhas 14 7
Itaverava 13 4
Santa Bárbara 3 3
Camargos 0 1
Itabira do Campo 1 4
Guarapiranga 9 4
Caeté 7 0
Sabará 9 9
Queluz 2 2
Curral D'El Rei 1 2
Olhos D'Água 1 0
São Miguel 2 0
São José 0 5
Antônio Dias Abaixo 0 1
Total da Categoria 22 19
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 5
ORIGEM DOS ESPOSOS (conclusão)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ORIGEM HOMENS MULHERES
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CATEGORIA 5 - cônjuge nascido no Bispado de
Mariana, porém, em local fora do raio de 100 km.
Total da Categoria
45 33
Total da Categoria
55 49
Braga
113 4
Porto
69 0
Lisboa
28 10
Coimbra
7 0
Lamego 8 0
Miranda 2 0
Leiria 2 0
Algarve
2 0
Tomar 2 0
Viseu
1 0
Guarda 2 0
Évora
2 0
Portugal (demais)
3 0
Ilhas
22 11
Angola
2 1
Itália
2 0
Total da Categoria
267 26
Indefinidos
58 49
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 1
BATISMOS DE ADULTOS (ESCRAVOS), POR ANO CIVIL
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ANO BATISMOS ANO BATISMOS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1759 28 1789 2
1760 60 1790 2
1761 48 1791 3
1762 70 1792 4
1763 46 1793 --
1764 49 1794 3
1765 42 1795 4
1766 62 1796 4
1767 27 1797 4
1768 29 1798 --
1769 25 1799 1
1770 21 1800 1
1771 31 1801 1
1772 28 1802 1
1773 25 1803 --
1774 16 1804 --
1775 29 1805 1
1776 24 1806 --
1777 4 1807 --
1778 5 1808 1
1779 2 1809 --
1780 9 1810 7
1781 5 1811 1
1782 5 1812 3
1783 7 1813 10
1784 12 1814 6
1785 15 1815 2
1786 12 1816 4
1787 9 1817 1
1788 3 1818 4
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 2
BATISMOS DE ADULTOS - ESCRAVOS
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PERÍODO HOMENS MULHERES TOTAL H/M x 100
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1759-1763 195 57 252 342,1
1764-1768 156 53 209 294,3
1769-1773 80 50 130 160,0
1774-1778 43 35 78 122,8
1779-1783 15 13 28 115,4
1784-1788 33 18 51 183,3
1789-1793 5 6 11 83,3
1794-1798 8 7 15 114,3
1799-1803 1 3 4 33,3
1804-1808 1 1 2 100,0
1809-1813 11 10 21 110,0
1814-1818 13 4 17 325,0
Tabela 3
MOVIMENTO SAZONAL DE BATISMOS DE ADULTOS
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
MESES MÉDIA DIÁRIA PROPORCIONAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
JANEIRO 66
FEVEREIRO 253
MARÇO 43
ABRIL 84
MAIO 111
JUNHO 147
JULHO 131
AGOSTO 75
SETEMBRO 81
OUTUBRO 78
NOVEMBRO 65
DEZEMBRO 66
TOTAL 1.200
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 4
BATISMOS DE ESCRAVOS ADULTOS, SEGUNDO A ORIGEM
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PORCENTAGEM ACUMULADA
ORIGEM N. ABSOLUTO % Por grupo Total
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Sudaneses
Mina 375 45,85
Nagô 116 14,18
Fom 42 5,13
Sabaru 40 4,89
Ladá 16 1,96
Cobu 9 1,10
Courana 5 0,61
Dagomé 6 0,74
Xamba 3 0,37
Gebu 2 0,24
Timbu 2 0,24
Gruma, Tapa 2 0,24
Dazá (a), Agoni, Gorim (a)
Cabo Verde, Ladana 5 0,61 76,16 76,16
Bantos
Maquino 47 5,75
Angola 42 5,13
Congo 12 1,46
Banguela 6 0,74
Cabinda 4 0,49
Rebolo, Monjolo 2 0,24 13,81 89,97
Índios
Botecudo 4 0,49
Puri 3 0,37 0,86 90,83
Não Consta 75 9,17 9,17 100,00
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS. : (a) presumivelmente Sudaneses.
Tabela 1
BATISMOS DE INOCENTES POR ANO CIVIL
(continua)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ano Situação Social Filiação Total
Escravos Livres Forros(a) Legítimos Naturais Expostos N.C.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1719 40 15 11 7 44 -- -- 51
1720 27 2 4 2 31 -- -- 33
1721 15 5 14 4 30 -- -- 34
1722 17 4 8 3 26 -- -- 29
1723 13 5 6 2 22 -- -- 24
1724 19 9 1 5 24 -- -- 29
1725 52 11 13 8 68 -- -- 76
1726 46 6 9 5 56 -- -- 61
1727 32 7 9 7 41 -- -- 48
1728 59 7 14 7 73 -- -- 80
1729 34 13 3 13 37 -- -- 50
1730 52 25 7 15 67 2 -- 84
1731 87 17 2 11 95 -- -- 106
1732 91 38 14 14 129 -- -- 143
1733 123 38 20 15 164 2 -- 181
1734 97 29 8 16 116 2 -- 134
1735 102 41 18 19 140 2 -- 161
1736 94 37 15 17 127 2 -- 146
1737 131 41 8 20 159 1 -- 180
1738 83 39 10 20 110 2 -- 132
1739 45 19 5 6 62 1 -- 69
1740 20 16 1 9 25 3 -- 37
1741 96 52 14 24 138 -- -- 162
1742 82 48 4 33 99 2 -- 134
1743 71 38 4 21 92 -- -- 113
1744 34 29 2 20 43 2 -- 65
1745 67 55 4 27 95 4 -- 126
1746 69 55 7 31 99 1 -- 131
1747 77 57 3 34 98 4 1 137
1748 75 65 -- 36 100 4 -- 140
1749 73 57 3 31 98 4 -- 133
1750 58 82 2 39 97 6 -- 142
1751 78 66 3 43 97 7 -- 147
1752 64 72 -- 34 97 5 -- 136
1753 71 62 -- 39 91 3 -- 133
1754 68 76 3 47 96 4 -- 147
1755 51 62 4 36 78 3 -- 117
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) dados por forros ao nascerem.
Tabela 1
BATISMOS DE INOCENTES POR ANO CIVIL
(continua)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ano Situação Social Filiação Total
Escravos Livres Forros(a) Legítimos Naturais Expostos N.C.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1756 52 55 5 36 72 4 -- 112
1757 63 69 4 43 87 6 -- 136
1758 53 78 3 49 80 5 -- 134
1759 65 77 4 44 93 9 -- 146
1760 57 77 4 47 84 7 -- 138
1761 69 73 4 59 82 4 1 146
1762 72 100 5 58 117 2 -- 177
1763 59 94 6 60 91 7 1 159
1764 65 91 8 62 96 6 -- 164
1765 81 111 3 66 113 16 -- 195
1766 54 94 10 68 83 7 -- 158
1767 70 104 6 61 110 9 -- 180
1768 58 98 8 64 93 7 -- 164
1769 64 89 7 52 99 9 -- 160
1770 66 90 5 61 92 7 1 161
1771 54 106 9 68 92 9 -- 169
1772 75 101 3 60 108 11 -- 179
1773 51 109 7 58 97 12 -- 167
1774 74 118 8 85 109 5 1 200
1775 49 114 10 62 100 11 -- 173
1776 47 97 9 53 94 6 -- 153
1777 45 94 2 55 79 7 -- 141
1778 52 103 3 46 103 8 1 158
1779 49 101 6 64 87 5 -- 156
1780 45 99 5 51 89 8 1 149
1781 50 104 3 54 88 13 2 157
1782 47 92 5 45 87 11 1 144
1783 42 87 3 46 75 11 -- 132
1784 50 113 7 52 92 26 -- 170
1785 44 103 2 47 84 18 -- 149
1786 30 81 5 39 67 10 -- 116
1787 39 101 6 50 83 13 -- 146
1788 44 106 2 40 92 20 -- 152
1789 39 107 4 52 87 11 -- 150
1790 36 115 7 57 82 19 -- 158
1791 49 112 3 53 106 5 -- 164
1792 51 110 4 54 96 15 -- 165
1793 40 98 4 48 87 7 -- 142
1794 40 108 9 54 84 19 -- 157
1795 34 108 4 46 85 15 -- 146
1796 52 109 5 48 105 13 -- 166
1797 31 114 6 54 85 11 1 151
1798 29 76 1 34 57 13 2 106
1799 37 121 4 73 73 16 -- 162
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) dados por forros ao nascerem.
Tabela 1
BATISMOS DE INOCENTES POR ANO CIVIL
(conclusão)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ano Situação Social Filiação Total
Escravos Livres Forros(a) Legítimos Naturais Expostos N.C.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1800 25 117 1 58 70 15 -- 143
1801 30 132 4 67 80 19 -- 166
1802 27 102 6 52 67 16 -- 135
1803 26 112 1 60 61 18 -- 139
1804 15 107 0 54 55 13 -- 122
1805 21 123 1 65 63 17 -- 145
1806 23 122 5 67 66 17 -- 150
1807 16 100 3 50 54 15 -- 119
1808 21 119 2 57 64 21 -- 142
1809 14 95 -- 44 54 11 -- 109
1810 18 129 1 57 78 13 -- 148
1811 23 124 -- 53 76 18 -- 147
1812 22 105 1 60 55 12 1 128
1813 18 107 3 46 71 11 -- 128
1814 20 101 4 54 56 12 3 125
1815 14 84 2 46 45 8 1 100
1816 22 105 2 51 61 17 -- 129
1817 23 102 1 44 68 14 -- 126
1818 11 108 4 52 57 13 1 123
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) dados por forros ao nascerem.
Tabela 2
BATISMOS DE INOCENTES, SEGUNDO CONDIÇÃO SOCIAL E FILIAÇÃO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Período Situação Social Filiação Total
Escravos Livres Forros(a) Legítimos Naturais Expostos N.C.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1719-1723 97 31 43 18 153 -- -- 171
1724-1728 208 40 46 32 262 -- -- 294
1729-1733 387 131 46 68 492 4 -- 564
1134-1738 507 187 59 92 652 9 -- 753
1739-1743 314 173 28 93 416 6 -- 515
1744-1748 322 261 16 148 435 15 1 599
1749-1753 344 339 8 186 480 25 -- 691
1754-1758 287 340 19 211 413 22 -- 646
1759-1763 322 421 23 268 467 29 2 766
1764-1768 328 498 35 321 495 45 -- 861
1769-1713 310 495 31 299 488 48 1 836
1774-1778 267 526 32 301 485 37 2 825
1779-1783 233 483 22 260 426 48 4 738
1784-1788 207 504 22 228 418 87 -- 733
1789-1793 215 542 22 264 458 57 -- 779
1794-1798 186 515 25 236 416 71 3 726
1799-1803 145 584 16 310 351 84 -- 745
1804-1808 96 571 11 293 302 83 -- 678
1809-1813 95 560 5 260 334 65 1 660
1814-1818 90 500 13 247 287 64 5 603
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) dados por forros ao nascerem.
Tabela 3
BATISMOS DE INOCENTES, NATURAIS E EXPOSTOS
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Período Total Bastardos=Naturais+Expostos % Bastardos Expostos por mil
(1) (2) + (3) [(2)+(3)]/(1) [(3)/(1)] x 0,10
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1719-1723 171 153 89,47 0,00
1724-1728 294 262 89,11 0,00
1729-1733 564 496 87,94 7,09
1734-1738 753 661 87,78 11,95
1739-1743 515 422 81,94 11,65
1744-1748 599 450 75,12 25,04
1749-1753 691 505 73,08 36,18
1754-1758 646 435 67,34 34,05
1759-1763 766 496 64,75 37,86
1764-1768 861 540 62,72 52,26
1769-1773 836 536 64,11 57,42
1774-1778 825 522 63,27 44,85
1779-1783 738 474 64,23 65,04
1784-1788 733 505 68,89 118,69
1789-1793 779 515 66,11 73,17
1794-1798 726 487 67,08 97,80
1799-1803 745 435 58,39 112,75
1804-1808 678 385 56,78 122,42
1809-1813 660 399 60,45 98,48
1814-1818 603 351 58,21 106,13
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 4
BATISMOS DE INOCENTES EXPOSTOS, SEGUNDO O SEXO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Período Homem Mulher Total Razão de Masculinidade
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1719-1723 -- -- -- --
1724-1728 -- -- -- --
1729-1733 2 2 4 100,00
1734-1738 7 2 9 350,00
1739-1743 5 1 6 500,00
1744-1748 8 7 15 114 ,28
1749-1753 12 13 25 92,30
1754-1758 7 15 22 46,66
1759-1763 19 10 29 190,00
1764-1768 17 28 45 60,71
1764-1773 26 22 48 118,18
1774-1778 20 17 37 117,64
1779-1783 21 26 47(a) 80,76
1784-1788 34 53 87 64,15
1789-1793 29 28 57 103,57
1794-1798 40 31 71 129,03
1799-1803 39 45 84 86,66
1804-1808 32 51 83 62,74
1809-1813 33 32 65 103,12
1814-1818 25 39 64 64,10
Tabela 5
MOVIMENTO SAZONAL DE BATISMOS DE INOCENTES
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
M. D. P.(a) JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ. TOTAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Livres (b) 99 101 100 104 100 101 100 96 106 109 100 84 1.200
Escravos (b) 97 109 107 110 106 101 100 99 95 108 100 68 1.200
Forros (b) 79 102 107 93 128 105 99 84 102 99 123 79 1.200
Todos (c) 95 102 99 106 104 104 102 97 102 109 101 79 1.200
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) média diária proporcional; (b) período considerado: 1719-1818; (c) período
considerado: 1745-1818.
Tabela 1
ÓBITOS POR ANO CIVIL, SEGUNDO A CONDIÇÃO SOCIAL
(continua)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ANO ESCRAVOS LIVRES FORROS NÃO CONSTA TOTAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1719 125 -- 1 -- 126
1720 93 3 1 -- 97
1721 107 1 -- -- 108
1722 31 3 -- -- 34
1723 16 5 1 -- 22
1724 42 10 -- -- 52
1725 1 8 1 -- 10
1726 4 4 -- -- 8
1727 42 2 3 -- 47
1728 100 6 -- -- 106
1729 76 11 -- -- 87
1730 43 20 3 -- 66
1731 49 9 1 -- 59
1732 48 13 1 -- 62
1733 95 23 1 -- 119
1734 121 15 5 -- 141
1735 141 12 -- -- 153
1736 81 14 1 -- 96
1737 74 10 -- -- 84
1738 60 11 -- -- 71
1739 97 13 3 -- 113
1740 62 15 1 -- 78
1741 63 18 -- -- 81
1742 73 22 3 -- 98
1743 204 20 7 3 234
1744 229 27 3 1 260
1745 211 22 3 1 237
1746 232 21 9 1 263
1747 203 24 13 2 242
1748 177 11 9 4 201
1749 132 11 4 6 153
1750 246 27 12 3 288
1751 178 25 10 6 219
1752 257 24 9 6 296
1753 189 19 13 1 222
1754 140 19 19 1 179
1755 188 20 16 -- 224
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 1
ÓBITOS POR ANO CIVIL, SEGUNDO A CONDIÇÃO SOCIAL
(continua)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ANO ESCRAVOS LIVRES FORROS NÃO CONSTA TOTAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1756 206 27 19 -- 252
1757 187 27 18 -- 232
1758 198 29 16 -- 243
1759 128 22 9 2 161
1760 152 49 18 1 220
1761 192 55 25 12 284
1762 166 47 28 1 242
1763 138 39 23 2 202
1764 135 43 31 3 212
1765 169 62 25 -- 256
1766 155 54 28 -- 237
1767 175 63 38 2 278
1768 150 53 28 -- 231
1769 113 43 16 -- 172
1770 108 55 29 -- 192
1771 112 56 23 1 192
1772 100 48 37 -- 185
1773 109 66 37 -- 212
1774 116 62 45 4 227
1775 103 67 30 -- 200
1776 89 48 26 1 164
1777 102 59 32 -- 193
1778 81 46 42 1 170
1779 98 70 31 -- 199
1780 116 75 53 1 245
1781 77 28 48 -- 153
1782 79 61 34 -- 174
1783 120 42 36 -- 198
1784 87 39 24 -- 150
1785 95 60 30 1 186
1786 99 61 40 2 202
1787 93 43 48 1 185
1788 87 76 36 -- 199
1789 86 77 39 -- 202
1790 77 70 37 -- 184
1791 73 71 37 -- 181
1792 120 79 40 1 240
1793 88 83 37 -- 208
1794 99 58 44 -- 201
1795 70 69 40 -- 179
1796 85 78 53 1 217
1797 67 68 31 1 167
1798 73 62 41 1 177
1799 78 62 26 -- 166
1800 66 69 28 -- 163
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 1
ÓBITOS POR ANO CIVIL, SEGUNDO A CONDIÇÃO SOCIAL
(conclusão)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ANO ESCRAVOS LIVRES FORROS NÃO CONSTA TOTAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1801 70 84 34 -- 188
1802 82 115 41 -- 238
1803 64 75 16 1 156
1804 70 63 30 -- 163
1805 44 66 52 -- 162
1806 52 56 41 -- 149
1807 43 93 38 1 175
1808 43 85 19 1 148
1809 43 65 32 -- 140
1810 38 73 28 1 140
1811 62 92 30 1 185
1812 36 70 20 -- 126
1813 52 86 13 2 153
1814 36 82 17 15 150
1815 33 60 3 -- 96
1816 41 68 20 -- 129
1817 33 66 22 1 122
1818 31 88 8 -- 127
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 2
ÓBITOS, SEGUNDO A CONDIÇÃO SOCIAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PERÍODO ESCRAVOS LIVRES FORROS NÃO CONSTA TOTAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1719-1723 372 12 3 -- 387
1724-1728 189 30 4 -- 223
1729-1733 311 76 6 -- 393
1734-1738 477 62 6 -- 545
1739-1743 499 88 14 3 604
1744-1748 1.052 105 37 9 1.203
1749-1753 1.002 106 48 22 1.178
1754-1758 919 122 88 1 1.130
1759-1763 776 212 103 18 1.109
1764-1768 784 275 150 5 1.214
1769-1773 542 268 142 1 953
1774-1778 491 282 175 6 954
1779-1783 490 276 202 1 969
1784-1788 461 279 178 4 922
1789-1793 444 380 190 1 1.015
1794-1798 394 335 209 3 941
1799-1803 360 405 145 1 911
1804-1808 252 363 180 2 797
1809-1813 231 386 123 4 744
1814-1818 174 364 70 16 624
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 3
ÓBITOS DE ADULTOS, SEGUNDO O SEXO E A CONDIÇÃO SOCIAL
(continua)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PERÍODO Escravos Livres Forros .
H M H+M H M H+M H M H+M
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1719-1723 321 39 360 7 1 8 -- 2 2
1724-1728 139 28 167 27 2 29 -- 4 4
1729-1733 212 38 250 63 8 71 2 4 6
1734-1738 342 50 392 54 3 57 2 4 6
1739-1743 356 51 407 64 4 68 5 9 14
1744-1748 765 92 857 62 6 68 15 22 37
1749-1753 739 78 817 81 8 89 20 28 48
1754-1758 614 75 689 95 13 108 35 52 87
1759-1763 559 86 645 95 21 116 44 57 101
1764-1768 573 81 654 93 21 114 61 84 145
1769-1773 338 85 423 100 19 119 67 71 138
1774-1778 322 73 395 95 33 128 67 103 170
1779-1783 322 70 392 78 24 102 87 113 200
1784-1788 307 60 367 105 51 156 72 105 177
1789-1793 268 57 325 126 72 198 86 97 183
1794-1798 236 79 315 111 68 179 90 115 205
1799-1803 220 70 290 111 93 204 67 76 143
1804-1808 136 54 190 86 92 178 68 108 176
1809-1813 128 46 174 84 75 159 44 78 122
1814-1818 71 42 113 82 118 200 31 37 68
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 3
ÓBITOS DE ADULTOS, SEGUNDO O SEXO E A CONDIÇÃO SOCIAL
(conclusão)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PERÍODO Não Consta TOTAL .
H M H+M H M H+M
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1719-1723 -- -- -- 328 42 370
1724-1728 -- -- -- 166 34 200
1729-1733 -- -- -- 277 50 327
1734-1738 -- -- -- 398 57 455
1739-1743 3 -- 3 428 64 492
1744-1748 5 -- 5 847 120 967
1749-1753 5 4 9 845 118 963
1754-1758 -- 1 1 744 141 885
1759-1763 -- 1 1 698 165 863
1764-1768 3 -- 3 730 186 916
1769-1773 -- -- -- 505 175 680
1774-1778 2 1 3 486 210 696
1779-1783 1 -- 1 488 207 695
1784-1788 -- -- -- 484 216 700
1789-1793 -- 1 1 480 227 707
1794-1798 2 -- 3 (a) 439 262 702 (a)
1799-1803 1 -- 1 399 239 638
1804-1808 1 1 2 291 255 546
1809-1813 -- -- 1 (a) 256 199 456 (a)
1814-1818 1 2 3 185 199 384
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: (a) inclusive um indivíduo para o qual não constou o sexo.
Tabela 4
ÓBITOS DE INOCENTES, SEGUNDO A CONDIÇÃO SOCIAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PERÍODO ESCRAVOS LIVRES FORROS TOTAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1719-1723 12 4 1 17
1724-1728 22 1 -- 23
1729-1733 61 5 -- 66
1734-1738 85 5 -- 90
1739-1743 92 20 -- 112
1744-1748 195 41 -- 236
1749-1753 185 30 -- 215
1754-1758 230 14 1 245
1759-1763 131 113 2 246
1764-1768 130 163 5 298
1769-1773 119 150 4 273
1774-1778 96 157 5 258
1779-1783 98 174 2 274
1784-1788 94 127 1 222
1789-1793 119 182 7 308
1794-1798 79 156 4 239
1799-1803 70 201 2 273
1804-1808 62 185 4 251
1809-1813 57 230 1 288
1814-1818 61 177 2 240
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 5
ÓBITOS DE INOCENTES, SEGUNDO A FILIAÇÃO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PERÍODO LEGÍTIMOS NATURAIS EXPOSTOS NÃO CONSTA TOTAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1719-1723 4 1 -- 12 17
1724-1728 -- 20 -- 3 23
1729-1733 2 38 -- 26 66
1734-1738 4 10 -- 76 90
1739-1743 7 14 -- 91 112
1744-1748 16 26 -- 194 236
1749-1753 11 21 2 181 215
1754-1758 -- 19 6 220 245
1759-1763 62 119 11 54 246
1764-1768 96 175 21 6 298
1769-1773 85 149 20 19 273
1774-1778 83 137 13 25 258
1779-1783 74 139 21 40 274
1784-1788 48 130 30 14 222
1789-1793 72 200 35 1 308
1794-1798 69 134 30 6 239
1799-1803 81 157 31 4 273
1804-1808 89 114 31 17 251
1809-1813 98 135 36 19 288
1814-1818 70 113 27 30 240
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 6
DISTRIBUIÇÃO DOS ADULTOS, SEGUNDO SEXO E POSICIONAMENTO SOCIAL, QUE
PERTENCIAM OU NÃO A IRMANDADES
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Irmandades Escravos Forros Livres . Não Consta
Total .
H M H+M H M H+M H M H+M H M H+M
H M H+M
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Não Pert. 6526 1112 7638 609 708 1317 774 405 1179 22 10 32
7931 2235 10166
Pertenciam 406 118 524 251 458 709 778 291 1069 -- 1 1
1435 868 2303
Total 6932 1230 8162 860 1166 2026 1552 696 2248 22 11 33
9366 3103 12469
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: H = Homens; M = Mulheres.
Tabela 6a
DISTRIBUIÇÃO DOS ADULTOS, SEGUNDO SEXO E POSICIONAMENTO SOCIAL, QUE
PERTENCIAM OU NÃO A IRMANDADES - EM PORCENTAGENS
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Irmandades Escravos Forros Livres . Não Consta
Total .
H M H+M H M H+M H M H+M H M H+M
H M H+M
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Não Pert. 94,1 90,4 93,6 70,8 60,7 65,0 49,9 58,2 52,4 100 90,9 97,0
84,7 72,0 81,5
Pertenciam 5,9 9,6 6,4 29,2 39,3 35,0 50,1 41,8 47,6 --- 9,1 3,0
15,3 28,0 18,5
Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
100 100 100
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: H = Homens; M = Mulheres.
Tabela 7
DISTRIBUIÇÃO DOS ADULTOS, SEGUNDO SEXO E POSICIONAMENTO SOCIAL, QUE
DEIXARAM OU NÃO TESTAMENTO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Testamento Livres Forros . Não Consta
Total .
H M H+M H M H+M H M H+M H
M H+M
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Não Deixaram 781 559 1340 545 826 1371 18 9 27
1344 1394 2738
Deixaram 604 75 679 66 139 205 -- -- --
670 214 884
Pobres 167 62 229 249 201 450 4 2 6
420 265 685
Tabela 7a
DISTRIBUIÇÃO DOS ADULTOS, SEGUNDO SEXO E POSICIONAMENTO SOCIAL, QUE
DEIXARAM OU NÃO TESTAMENTO - EM PORCENTAGENS
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Testamento Livres Forros . Não Consta
Total .
H M H+M H M H+M H M H+M H
M H+M
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Não Deixaram 50,3 80,3 59,6 63,4 70,9 67,7 81,8 81,8 81,8
55,2 74,4 63,6
Deixaram 38,9 10,8 30,2 7,7 11,9 10,1 --- --- ---
27,5 11,4 20,5
Pobres 10,8 8,9 10,2 28,9 17,2 22,2 18,2 18,2 18,2
17,3 14,2 15,9
Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100
100 100 100
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: H = Homens; M = Mulheres.
Tabela 8
DISTRIBUIÇÃO DOS ADULTOS QUE DEIXARAM TESTAMENTO E PERTENCIAM A
IRMANDADES
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Números Absolutos e Porcentagens Livres Forros .
Total .
H M H+M H M H+M H
M H+M
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Irmandades e Testamento 467 52 519 59 122 181
526 174 700
% sobre o total de indivíduos 30,1 7,5 23,1 6,9 10,5 8,9
21,8 9,3 16,4
% sobre os que pertenciam a Irmandade 60,0 17,9 48,5 23,5 26,6 25,5
51,1 23,2 39,4
% sobre os que deixaram testamento 77,3 69,3 76,4 89,3 87,8 88,3
78,5 81,3 79,2
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: H = Homens; M = Mulheres.
Tabela 9
ÓBITOS DE POBRES
-------------------------------------------------------------------
PERÍODO POBRES
-------------------------------------------------------------------
1719-1723 --
1724-1728 1
1729-1733 10
1734-1738 9
1739-1743 19
1744-1748 15
1749-1753 37
1754-1758 42
1759-1763 26
1764-1768 32
1769-1773 25
1774-1778 53
1779-1783 64
1784-1788 65
1789-1793 28
1794-1798 40
1799-1803 60
1804-1808 83
1809-1813 72
1814-1818 4
-------------------------------------------------------------------
Tabela 10
REPARTIÇÃO DOS AFRICANOS SEGUNDO A ORIGEM
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ORIGEM 1719-1743 1744-1768 1769-1793 1794-1818 1719-1818
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Sudaneses
Mina 42 391 688 394 1.515
Courana 4 27 29 4 64
Cobu 5 10 9 4 28
Nagô 1 8 15 4 28
Sabaru 1 8 2 3 14
Fom 4 4 -- -- 8
São Tomé (a) 1 3 -- -- 4
Fulá 1 -- -- -- 1
Guiné -- 1 -- -- 1
Cabo Verde 3 13 17 2 35
Chambe (a) 1 2 3 -- 6
Ladá -- 3 5 -- 8
Timbu -- 1 -- -- 1
Ladano 1 -- -- -- 1
Bantos
Angola 19 195 447 521 1.182
Banguela 10 30 43 23 106
Congo 7 7 16 23 53
Cambunda 1 1 2 9 13
Cassange -- -- 2 2 4
Monjolo 1 3 1 2 7
Rebolo -- -- 2 6 8
Moçambique 2 7 1 -- 10
Loanda 1 -- 1 -- 2
Tabela 11
DISTRIBUIÇÃO DOS AFRICANOS SEGUNDO GRANDES GRUPOS:
SUDANESES E BANTOS
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ORIGEM 1719-1743 1744-1768 1769-1793 1794-1818 1719-1818 .
N. Ab. % N. Ab. % N. Ab. % N. Ab. % N. Ab. %
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Sudaneses 64 60,95 471 65,97 768 59,85 411 41,22 1.714 55,31
Bantos 41 39,05 243 34,03 515 40,15 586 58,78 1.385 44,69
Total 105 100,0 714 100,0 1.283 100,0 997 100.0 3.099 100,0
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: Computados, apenas, os africanos para os quais constou, explicitamente, a
"nação" de origem.
Tabela 12
MOVIMENTO SAZONAL DE ÓBITOS, SEGUNDO O SEXO E A CONDIÇÃO SOCIAL
(Períodos selecionados)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
M. D. P.(a) JAN. FEV. MAR. ABR. MAIO JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ. TOTAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
H. Livres adultos 117 106 100 113 106 117 102 88 100 95
72 84 1.200
M. Livres adultas 88 110 100 108 106 82 100 113 95 93
100 105 1.200
Livres adultos (Total) 107 107 100 111 106 105 101 97 98 95
82 91 1.200
Inocentes Livres (a) 101 110 112 125 112 104 97 102 69 81
89 98 1.200
Inocentes Escravos 94 118 126 109 108 98 92 102 82 82
93 96 1.200
Inocentes (Liv.+Esc.) (a) 98 114 118 117 110 101 95 102 75 82
91 97 1.200
Tabela 2
REPARTIÇÃO PORCENTUAL DOS HABITANTES, POR DISTRITOS E
SEGUNDO A CONDIÇÃO SOCIAL
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Distritos Livres Escravos Total
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Antônio Dias 68,20 32,80 100%
Ouro Preto 63,81 36,19 100%
Alto da Cruz 77,85 22,15 100%
Padre Faria 73,35 26,65 100%
Morro 73,20 26,80 100%
Cabeças 66,86 33,14 100%
Tabela 3
REPARTIÇÃO DOS HABITANTES POR DISTRITO: SEGUNDO SEXO
E CONDIÇÃO SOCIAL
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Distritos Livres Escravos Total Total
H M H+M H M H+M H M H+M (em %)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Antônio Dias 501 595 1.096 299 236 535 800 831 1.631 18,39
Ouro Preto 840 992 1.832 565 474 1.039 1.405 1.466 2.871 32,38
Alto da Crus 338 481 819 128 105 233 466 586 1.052 11,87
Padre Faria 183 271 454 113 52 165 296 323 619 6,98
Morro 425 520 945 226 120 346 651 640 1.291 14,56
Cabeças 432 506 938 283 182 465 715 688 1.403 15,82
Total 2.719 3.365 6.084 1.614 1.169 2.783 4.333 4.534 8.867 100,00
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: H = Homens, M = Mulheres.
Tabela 4
RAZÃO DE MASCULINIDADE POR DISTRITO
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Distritos Livres Escravos Total
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Antônio Dias 84,20 126,69 96,27
Ouro Preto 84,68 119,20 95,84
Alto da Cruz 70,27 121,90 79,52
Padre Faria 67,53 217,31 91,64
Morro 81,73 188,33 101,72
Cabeças 85,37 155,49 103,92
Tabela 5
POPULAÇÃO TOTAL: SEGUNDO SEXO, FAIXA ETÁRIA E ESTADO CONJUGAL
(VILA RICA - 1804)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Faixa etária Sexo Masculino . Sexo Feminino .
S C V Total S C V Total
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
0-4 390 - - 390 391 - - 391
5-9 466 - - 466 475 - - 475
10-14 449 - - 449 402 2 - 404
15-19 313 2 - 315 349 24 1 374
20-24 338 14 - 352 397 56 1 454
25-29 281 35 2 318 366 86 3 455
30-34 321 69 1 391 378 82 6 466
35-39 193 59 1 253 190 57 8 255
40-44 298 73 1 372 240 78 20 338
45-49 121 59 4 184 108 30 7 145
50-54 204 43 3 250 178 38 19 235
55-59 72 25 5 102 69 11 7 87
60-64 145 36 3 184 128 20 18 166
65-69 37 10 - 47 48 2 11 61
70-74 61 21 4 86 56 5 17 78
75-79 29 3 - 32 38 2 2 42
80 e + 61 2 2 65 44 3 3 50
Tabela 7
POPULAÇÃO LIVRE: SEGUNDO SEXO, FAIXA ETÁRIA E ESTADO CONJUGAL
(VILA RICA - 1804)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Faixa etária Sexo Masculino . Sexo Feminino .
S C V Total S C V Total
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
0- 4 317 - - 317 302 - - 302
5- 9 341 - - 341 363 - - 363
10-14 332 - - 332 295 2 - 297
15-19 205 2 - 207 245 24 1 270
20-24 161 13 - 174 260 52 1 313
25-29 136 35 2 173 220 84 3 307
30-34 135 66 1 202 214 80 6 300
35-39 94 58 1 153 118 57 7 182
40-44 102 70 1 173 161 78 20 259
45-49 45 58 4 107 75 30 7 112
50-54 91 41 3 135 131 38 19 188
55-59 42 25 5 72 61 10 7 78
60-64 75 35 3 113 101 20 18 139
65-69 26 10 - 36 42 2 11 55
70-74 33 21 4 58 47 5 17 69
75-79 18 3 - 21 36 2 2 40
80 e + 37 2 2 41 34 3 3 40
Tabela 8
REPARTIÇÃO DOS HABITANTES SEGUNDO GRANDES GRUPOS ETÁRIOS - 1
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Faixas Etárias Livres Escravos Total
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Em
Números Absolutos:
Crianças: 0 - 14 anos 1.952 623 2.575
Idade Ativa: 15 - 64 anos 3.657 2.039 5.696
Velhos: 65 e mais anos 360 101 461
Total 5.969 2.763 8.732
Tabela 9
REPARTIÇÃO DOS HABITANTES SEGUNDO GRANDES GRUPOS ETÁRIOS - 2
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Faixas Etárias Livres Escravos Total
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Em Números Absolutos:
Jovens: 0 - 19 anos 2.429 835 3.264
Adultos: 20 - 59 anos 2.928 1.729 4.657
Velhos: 60 e mais anos 612 199 811
Total 5.969 2.763 8.732
Tabela 10
REPARTIÇÃO DOS ESCRAVOS SEGUNDO A ORIGEM
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Origem N. Absoluto Porcentagem Porcentagem Acumulada
Por Grupo Total
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Sudaneses:
Mina 165 5,93
Nagô 7 0,25
Xambá 1 0,03 6,21 6,21
Bantos:
Angola 757 27,21
Banguela 117 4,21
Rebolo 21 0,76
Cassange 3 0,11
Cambunda 16 0,57
Congo 36 1,29
Mofumbé, Maçumbi,
Ambaca, Nebumbe e
Maumbé 5 0,18
Monjolo 4 0,14
Ganguela 2 0,07 34,54 40,75
Coloniais:
Crioulos 1.305 46,89
Pardos 343 12,33 59,22 100,00
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: Dos escravos Africanos, 15,24% eram Sudaneses e, 84,67%, eram Bantos; para
0,09% deles não se determinou a origem.
Tabela 11
REPARTIÇÃO DOS ESCRAVOS SEGUNDO A ORIGEM E GRANDES GRUPOS ETÁRIOS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Faixas Etárias Sudaneses Bantos Ouros Africanos Crioulos Pardos Outros Coloniais
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
0 - 19 5 99 104 563 168 731
20 - 59 115 779 895 668 166 834
60 e mais 52 80 132 61 6 67
Idade ignorada 1 3 4 13 3 16
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 12
FILIAÇÃO DAS CRIANÇAS COM 14 OU MENOS ANOS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FILIAÇÃO LIVRES ESCRAVOS TOTAL
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Legítimos 900 4 904
Naturais 982(a) 575 1.557
Tabela 13
FILIAÇÃO DAS CRIANÇAS LIVRES (COM 14 OU MENOS ANOS) REPARTIDAS
EM "INDEPENDENTES" E AGREGADAS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FILIAÇÃO "INDEPENDENTES" AGREGADOS TOTAL
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Legítimos 870 30 900
Naturais 683 299 982
Roceiros, Lavradores e
Hortelãos 27 51 77 1 78
Lenheiros 41 -- 7 34 41
Caçador 1 -- 1 -- 1
Total 69 51 85 35 120
II - Setor Secundário
III.2 Igreja
Eclesiásticos 40 -- 40 -- 40
Sacristães 7 -- 7 -- 7
III.4 Comércio
Botequineiro 1 -- 1 -- 1
Estalajadeiros 7 -- 7 -- 7
Mascates 3 -- 3 -- 3
Negociantes em Geral 62 43 105 -- 105
Fazenda Seca 21 2 23 -- 23
Fazenda Molhados 14 -- 14 -- 14
Quitandeiros 2 36 23 15 38
III.5 Transporte
Boleeiro 1 -- 1 -- 1
Carreiros e Carreteiros 10 2 12 -- 12
Carregadores 2 -- 2 -- 2
Tropeiros 3 -- 3 -- 3
Tabela 17
REPARTIÇÃO SEGUNDO ATIVIDADES GENÉRICAS E/OU INDETERMINADAS E SEXO
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Atividades Homens Mulheres Total
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1. Aluguel de Casas 2 -- 2
2. Estudantes 3 -- 3
3. Vive do Jornal de seus Escravos -- 3 3
4. Vive de sua Agência 11 47 58
5. Mendigos, Pobres, Esmola 50 170 220
6. Indeterminadas 4 -- 4
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBS.: Não ocorreu, com respeito ás atividades ora indicadas, a presença de escravos e
nem a de forros.
Tabela 18
REPARTIÇÃO DOS ESCRAVOS, SEGUNDO ATIVIDADES PRODUTIVAS
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Atividades Número Absoluto Porcentagens
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Alfaiate 7 4,09
Barbeiros e Cabeleireiros 4 2,34
Capineiros 8 4,69
Carpinteiros 8 4,69
Costureira 1 0,58
Cozinheiros 17 9,94
Esteireiro 1 0,58
Faiscadores 21 12,28
Ferreiros 6 3,52
Hortelão 1 0,58
Jornaleiros 7 4,09
Latoeiros 3 1,75
Lavadeiras 3 1,75
Lenheiros 34 19,89
Mineiro 1 0,58
Pedreiros e Serventes 7 4,09
Quitandeiras 15 8,77
Relojoeiro 1 0,58
Sapateiros e Aprendizes 22 12,87
Seleiros 2 1,17
Serralheiros 2 1,17
Tabela 19
DISTRIBUIÇÃO, SEGUNDO FAIXAS ETÁRIAS, DOS INDIVÍDUOS
PARA OS QUAIS INDICOU-SE "ATIVIDADE ECONÔMICA"
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tabela 21
REPARTIÇÃO DOS HABITANTES POR SETORES ECONÔMICOS, SEGUNDO DISTRITOS
DE VILA RICA
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Setores e Atividades Antônio Ouro Alto da Padre Morros Cabeças Total
Dias Preto Cruz Faria
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
I - Setor Primário
Roceiros, Lavradores e
Hortelãos 2 4 11 42 6 13 78
Lenheiros 6 34 -- -- -- 1 41
Caçador -- 1 -- -- -- -- 1
Total 8 39 11 42 6 14 120
II - Setor Secundário
III.2 Igreja
Eclesiásticos 8 25 2 2 1 2 40
Sacristães 1 2 4 -- -- -- 7
III.4 Comércio
Botequineiro -- 1 -- -- -- -- 1
Estalajadeiros 3 2 -- -- -- 2 7
Mascates 1 1 -- -- 1 -- 3
Negociantes em Geral 22 64 6 4 5 4 105
Fazenda Seca 5 12 2 -- -- 4 23
Fazenda Molhados 5 8 -- -- -- 1 14
Quitandeiros 2 28 8 -- -- -- 38
III.5 Transporte
Boleeiro -- 1 -- -- -- -- 1
Carreiros e Carreteiros 2 2 -- -- 8 -- 12
Carregadores 1 -- -- 1 -- -- 2
Tropeiros -- -- -- -- 1 2 3
INTRODUÇÃO.
1. Servimo-nos, também, dos dados empíricos, revelados por Herculano Gomes Mathias,
relativos ao levantamento populacional efetuado, em Minas Gerais, em 1804. Com base
nele desenvolve-se a segunda parte do presente estudo.
PRIMEIRA PARTE.
(*) Não nos anima, aqui, a pretensão de sermos originais, condensamos, tão-somente, as
idéias de vários autores, reordenando-as de acordo com nosso objetivo, qual seja:
estabelecer o relacionamento entre a população das Gerais e o meio físico circundante.
(1) PRADO JÚNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. Brasiliense, São Paulo, 5a.
edição, 1959, p. 65-66.
(4) CANABRAVA, Alice Piffer. João Antônio Andreoni e sua Obra, in ANTONIL, André
João (pseudônimo de João Antônio Andreoni), Cultura e opulência do Brasil, Introdução
e Vocabulário por A. P. Canabrava, 2a. edição, Editora Nacional, São Paulo, s/d, (Roteiro
do Brasil, vol. 2), p.83.
(5) Para uma descrição minuciosa das formas de ocorrência do ouro e as maneiras de
explorá-lo veja-se: ESCHWEGE, W. L. von. Pluto Brasiliensis, Editora Nacional, São
Paulo, s/d, il. , 2 volumes, (Brasiliana, Biblioteca Pedagógica Brasileira, vol. 257 e vol
257-A), 377 p. e 469 p. ANTONIL, André Joâo (pseudônimo de João Antônio Andreoni.
Cultura e opulência do Brasil, Introdução e Vocabulário por A. P. Canabrava, 2a. edição,
Editora Nacional, São Paulo, s/d, (Roteiro do Brasil, vol. 2), 316 p. LATIF, Miran M. de
Barros. As Minas Gerais, a aventura portuguesa, a obra paulista, a capitania e a
província, A Noite, Rio de Janeiro, s/d, il. 208 p.
(6) Em pleno século XIX, Eschwege viu-se vencido pelas águas engrossadas dos rios:
"Trabalhei durante quatro meses para estabelecer uma barragem de vinte metros de
altura no ribeirão do Carmo, e, quando estava quase terminada, veio, à noite, um
temporal extraordinariamente violento, que engrossou o ribeirão e aniquilou a barragem
até a base. Em virtude da aproximação do tempo das chuvas, nenhuma esperança tive
de poder reconstruí-la logo no mesmo lugar, e, por isso, resolvi abandonar essas águas
de regime incerto", ESCHWEGE, W. L., von, op. cit., p. 69-70.
9) FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, 10a. edição, Editora Nacional, São
Paulo, 1970, p. 75.
(10) "Mas os escravos fogem muito. Os que logram escapar acham fácil subsistência
mineirando, num córrego escondido, um ouro que não lhes é difícil negociar -- o que não
acontece nos canaviais do norte, nem acontecerá mais tarde nas lavouras de café",
LATIF, M. M. de Barros. Op. cit., p. 167.
(14) Anônimo. Áureo Trono Episcopal, colocado nas Minas de Ouro, publicado por
Francisco Ribeiro da silva, Oficina de Miguel Manescal da Costa, Lisboa, 1749.
(17) Para uma análise pormenorizada das Cartas Chilenas e de outros textos aqui
referidos veja-se: ÁVILA, Affonso. Resíduos seiscentistas em Minas - textos do século
do ouro e as projeções do mundo barroco, Imprensa da Universidade Federal de Minas
Gerais & Centro de Estudos Mineiros, Belo Horizonte, 1967, 2 volumes, 695 p.
(25) Cf. PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo (Colônia), 8a. edição,
Brasiliense, São Paulo, 1965, p. 50-51.
(27) ROCHA, José Joaquim da. Memória Histórica da Capitania de Minas Gerais, Revista
do Arquivo Público Mineiro (doravante indicada como R.A.P.M.), ano II, fascículo 3,
Imprensa Oficial de Minas Gerais, Ouro Preto, 1897, p. 446.
(32) A fisionomia atual da cidade data da segunda metade século XVIII; as construções
de pedra iniciaram-se a contar de 1738.
(33) Para uma visão minuciosa do crescimento de Vila Rica nas duas primeiras décadas
do século XVIII veja-se: VASCONCELOS, Salomão de. Os primeiros aforamentos e os
primeiros ranchos de Ouro Preto, Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, no. 5, Arquivo Nacional, 1941, p. 241-257.
(34) Em 1709 foi criada a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, desdobrada em duas,
em 1720; ato este que deu nascimento à Capitania de Minas Gerais.
(35) Estas confrarias vêm indicadas em ROCHA, JOSÉ Joaquim da. Op. cit., escrita ao
encerrar-se o século XVIII. No Triunfo Eucarístico, publicado em 1734, foram arroladas as
seguintes irmandades: Irmandade da Senhora do Rosário dos Pretos, Irmandade do
Divino Sacramento, Irmandade do Santíssimo, Irmandade dos Pardos da Capela do
Senhor São José, Irmandade de Santo Antônio de Lisboa, Irmandade das Almas e São
Miguel, Irmandade da Senhora do Rosário intitulada a do Terço dos Brancos, Irmandade
da Senhora da Conceição e Irmandade da Senhora do Pilar.
(36) Sobre este tema veja-se: VASCONCELOS, Sílvio de Carvalho. A Arquitetura Colonial
Mineira, Primeiro Seminário de Estudos Mineiros, Ponte Nova, Minas Gerais, 1972, p. 59-
77.
(38) MAWE, John. Viagens ao Interior do Brasil, Zélio Valverde, Rio de Janeiro, 1944, il.,
p. 167.
(41) Os números absolutos, por ano civil, constam do Apêndice Estatístico; nele
encontram-se, também, os valores computados por períodos de cinco anos. Nos
Gráficos referidos tomamos períodos de dez anos, de forma que, de cada intervalo, a
partir do segundo, constassem as cifras correspondentes a cinco anos do período
imediatamente anterior.
(42) AZEVEDO, João Lúcio de. Épocas de Portugal Econômico: esboços de história,
Livraria Clássica Editora, Lisboa, 3a. edição,, 1973, p. 323.
(45) Cf. BOXER, C. R. A Idade de Ouro do Brasil, 2a. edição, Cia. Editora Nacional, São
Paulo, 1969, (Brasiliana, volume 341), p. 351-355.
(46) Cf. BOXER, C. R. Op. cit. Dado referente à segunda matrícula do ano de 1743.
(47) Cf. BOXER, C. R. Op. cit. Dado referente à segunda matrícula do ano de 1749.
(48) "Mas advirto, que suposta a idade dos que entram nas minas e vida que cá passam,
estão poucos vivos, dos que se acharam no ano de 1724. Porque entrando quase todos
em idade de logo servirem sendo tão poucos os que vejo velhos, e tantos os que
morrem cotidianamente, entendo que todos os senhores que os compram se
contentariam com doze anos certos de serviço, uns pelos outros, e que a comum
duração compensada, não pode passar deste espaço, que não pode parecer curto".
PROENÇA, Martinho de Mendonça de Pina e de. "Reflexões de Martinho de Mendonça de
Pina e de Proença sobre o sistema da Capitação", carta de março de 1734, in Obras
Várias de Alexandre de Gusmão, organizadas e comentadas por Jaime Cortesão, Parte II
- Tomo I, Instituto Rio Branco, Rio de Janeiro, 1950, p. 418-419.
(49) "um mineiro que tem cem negros, no fim de 10 anos, não os reformando, não terá 50
ou pouco mais, perdendo anos por outros um em cada vintena, e às vezes um em cada
quinzena". Anônimo. Considerações sobre classes mais importantes de povoadores da
de Minas Gerais, como são as de mineiros e agricultores, e a maneira de as animar,
Revista do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do Brasil, Tip. de Luiz dos
Santos, Rio de Janeiro, 1862, tomo XXV, III trimestre de 1862, p. 421.
(50) Neste intervalo colocava-se a taxa de mortalidade dos escravos calculada com base
em dados publicados por Eschwege -- reproduzidos "dos Mapas dos Párocos do
Bispado de Mariana" -- relativos, possivelmente, ao começo da terceira década do século
XIX. Assim, para os escravos em geral (mulatos e pretos) teríamos uma taxa de
mortalidade da ordem de 64,3 por mil. Para os pretos a cifra subia a 68,6 por mil,
enquanto, para os mulatos, seria de 60 por mil. Cf. ESCHWEGE, W. L. von. Notícias e
reflexões estadísticas da província de Minas Gerais, R.A.P.M., ano IV, fascículos III e IV,
julho a dezembro de 1899, Imprensa Oficial, Belo Horizonte, 1900, p. 741.
(51) "Seguramente, una taxa bruta de 45 a 50 por mil há debido constituir um limite que
no podia escederse sin comprometer la supervivencia de la espécie" PRESSAT, Roland,
El análisis demográfico: métodos, resultados, aplicaciones, Fondo de Cultura
Económica, México D.F., 1967, p. 79.
(53) "nem a fecundidade das negras é atendível, pela que tem mulheres vulgarmente
prostituídas, achaques e mortes de infância nos negrinhos", PROENÇA, Martinho de
Mendonça de Pina e de. Reflexões..., carta de março de 1734, in CORTESÃO, J. Op. cit.,
p. 419. A baixa fecundidade das escravas foi observada, também, por Eschwege nos
primeiros anos da terceira década do século XIX. Cf. ESCHWEGE, W. L. von. Noticias e
reflexões estadisticas..." , op. cit., p. 741.
(55) Lei de 20 de março de 1720: "Não tendo bastado, as providências dos decretos de 26
de novembro de 1709 e 19 de Fevereiro de 1711, para obstar a que do reino passe ao
Brasil a muita gente que todos os anos dele se ausenta, mormente da província do
Minho, que sendo tão povoada já não tem a gente necessária para a cultura das terras,
cuja falta é tão sensível, que se torna urgente acudir com um remédio eficaz à freqüência
com que se vai despovoando o reino"; resolveu, o rei que "Nenhuma pessoa de qualquer
qualidade poderá passar às capitanias do Brasil, senão as que forem despachadas com
governos, postos, cargos ou ofícios, as quais não levarão mais criados do que a cada
um competir conforme sua qualidade e emprego, e sendo os criados, em todo o caso,
portugueses.
"Das pessoas eclesiásticas, somente as que forem como bispos, missionários, prelados
e religiosos da religião do mesmo Estado, professos nas províncias dele, como também
capelães dos navios que para ali navegarem.
"E das seculares, além das já referidas, só poderão ir as que, além de mostrarem que
são portugueses, justificarem com documentos que ali vão a negócio considerável com
fazendas suas e alheias, para voltarem, ou as que, outrossim, justificarem que têm
negócios tão urgentes e precisos que se lhes seguirá muito prejuízo se não for acudir a
eles.
"Só nestes termos, e depois de rigorosa averiguação judicial, se lhes poderá dar
passaporte na Secretaria do Estado.
"Na hora da partida dos navios para o Brasil, e estando eles já à vela, se lhes dará busca,
e serão presos todos os indivíduos encontrados sem passaportes, assentando-se praça
aos que tiverem idade para isso e sofrendo os mais seis meses de cadeia e cem mil réis
de multa.
"À chegada dos navios ao Brasil, e antes de comunicarem com a terra, repetir-se-á a
diligência da busca: e quantos se encontrarem sem passaporte e não pertencerem à
equipagem, de que haverá lista, serão remetidos para o reino.
"E porque estas providências de per si não bastam para atalhar a passagem de gente
para o Brasil, a fim de as tornar mais eficazes há El Rei por bem que metade daquelas
condenações seja para os denunciantes". Apud LIMA JÚNIOR, Augusto de. A Capitania
das Minas Gerais, Livraria Ed. Zélio Valverde, Rio de Janeiro, 1943, p. 83-84.
(60) SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas
Gerais, Itatiaia e Editora da USP, tradução de Vivaldi Moreira, São Paulo, 1975, (Coleção
Reconquista do Brasil, vol. 4), p. 84.
(68) Apud VASCONCELOS, Diogo de L. A. P. História Antiga das Minas Gerais (1703-
1720). Instituto Nacional do Livro, Rio de Janeiro, 1948, (Biblioteca Popular Brasileira,
XXIV), 2o. volume, p. 245-246.
Outros pormenores, igualmente sugestivos, nos oferece a "Provisão Régia ordenando
ao Governador da Capitania do Rio de Janeiro desse parecer sobre a petição do Padre
Angolês João Gonçalves para batizar no Rio de Janeiro todos os escravos africanos
aqui entrados, antes de partirem para as Minas, -- de 5 de dezembro de 1718: 'Dom João
por graça de Deus Rei de Portugal [,,,] Faço saber a vós Governador da Capitania do Rio
de Janeiro que o Padre João Gonçalves [...] me fez petição em que representa que ele
quer fazer viagem para essa Cidade onde assistiu alguns anos, e porque nela viu, e
notou muito que aportando no dito porto várias embarcações carregadas de negros dos
de Angola, Loango, e Costa da Mina vendidos os tais se remetiam logo para as Minas
Gerais do Ouro, sem serem batizados com notável detrimento das almas destes
miseráveis, que assim como entram no trabalho das bateias, assim perseveram toda a
vida, sem mais notícia da fé que a curiosidade de algum deles procura saber, mas sem
proveito por lhe faltar o batismo que devia receber depois de bem instruído nos
mistérios da fé, como se observa em Angola, onde antes que embarquem para o Brasil
os Negros que vêm do Sertão são primeiro catequizados por alguns Sacerdotes
deputados para este ministério; que movido ele superiormente do zelo do Serviço de
Deus, e meu, e outrossim compadecido das almas destes pobres escravos, dos quais ele
superiormente sabe falar a língua, quer tomar à sua conta examinar primeiro na
Alfândega dessa Cidade todos os Negros que costumam ir a ela para serem
despachados, e os que achar não estão batizados catequizá-los depois em sua casa
instruindo-os nos mistérios da fé até se porem correntes de receber o batismo; e que
assim o devia eu encarregar do dito exame, ordenando que não vá nenhum para as ditas
Minas sem o dito exame, e que seus donos tenham a obrigação de os mandarem a sua
casa para o dito efeito os dias que forem necessários para ficarem bem instruídos, e de
como estão capazes lhe passará Certidão, e que sem esta circunstância não possam ir.
Me pareceu ordenar-vos informeis com vosso parecer'..." in Documentos Interessantes,
volume 49, Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, 1929, p. 246-248.
(70) Quase todas organizações profissionais da Idade Média tiveram, de acordo com o
espírito da época, caráter religioso. Em muitos casos, os oficiais que formavam uma
corporação, organizavam-se, independentemente desta, numa confraria religiosa para
praticarem em comum os atos de piedade. Cada confraria adotava, como a corporação
respectiva, um santo padroeiro. Associação de fiéis, constituída organicamente, para o
incremento do culto público, as irmandades ou confrarias regulam-se pelo Código de
Direito Canônico e não podem existir sem decreto formal de ereção. Foram
especialmente instituídas, como avançado, para os que desejassem vantagens de ação
prática encontradas nas organizações religiosas, mas não dotados de vocação para
entrar nas verdadeiras ordens religiosas. No Brasil, encontramos, com freqüência,
corporações religiosas autorizadas pela Coroa. No período colonial as Irmandades do
Carmo ou de São Francisco apareciam em grande número de freguesias; rivalizavam na
construção de capelas e igrejas, faziam caridade e seus mesários e festeiros
organizavam grandes festas.
(71) COSTA, Iraci del Nero da. Análise da morbidade nas Gerais (Vila Rica, 1799-1801),
Revista de História, no. 107, FFLCH-USP, São Paulo, 1976.
(72) Dos brancos, 12,5%, eram pobres. Tal porcentagem, aparentemente discrepante,
poderá ser entendida como resultado de prováveis insucessos nos negócios. Para uma
descrição da atitude dos homens brancos com respeito ao trabalho rotineiro e às
iniciativas aventureiras veja-se ESCHWEGE, W. L. von. Pluto Brasiliensis, Editora
Nacional, São Paulo, s.d. , 2o. volume, p. 464 e seguintes.
(73) "Carta datada de Sabará a 30/3/1805. Assinada por Basílio Teixeira de Sá Vedra", in
R.A.P.M., ano II, fascículo 3, 1897, p. 673.
(74) RODRIGUES, R. Nina. Os Africanos no Brasil. 3a. edição, Editora Nacional, São
Paulo, 1945, (Coleção Brasiliana, volume 9), p. 44 e seguintes.
(75) RAMOS, Arthur. As Culturas Negras no Novo Mundo, Civilização Brasileira, Rio de
Janeiro, 1937, (Biblioteca de Divulgação Científica, volume XII), p. 282 e seguintes.
(76) SPIX, J. B. von e MARTIUS, C. F. P. von. Viagem pelo Brasil, Imprensa Nacional, Rio
de Janeiro, 1938, 2o. volume, p. 300.
(78) RIBEIRO, João. História do Brasil, Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1909, p. 245 e
seguintes.
(80) COSTA, Iraci del Nero da. Vila Rica: Mortalidade e Morbidade (1799-1801), A moderna
história econômica, coordenação de C. M. Peláez e M. Buescu, APEC, Rio de Janeiro,
1976, p.118-119.
(83) BOXER, C. R. A Idade de Ouro do Brasil, 2a. edição, Editora Nacional, São Paulo,
1969, (Coleção Brasiliana, volume 341), p.195.
(85) Evidentemente, não se pode considerar mortes e batismos dos forros, pois, a maior
parte dos libertos que vinham a falecer compunha-se de indivíduos alforriados quando
adultos; por outro lado, os batismos referem-se, apenas, às crianças alforriadas ao
nascer.
(86) Indicações complementares sobre os registros de óbitos, para o período em
epígrafe, vêm nas tabelas abaixo.
Tabela 25
REPARTIÇÃO DOS ASSENTOS DE ÓBITOS
(números absolutos)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CATEGORIA INOCENTES ADULTOS .
DO ASSENTO ESCRAVOS LIVRES ESCRAVOS FORROS LIVRES(a) TOTAL
H M H M H M H M H M
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
com causa mortis - 4 5 2 81 28 21 27 41 32 241
sem causa mortis 7 16 41 27 22 4 9 6 5 4 141
Tabela 26
REPARTIÇÃO DOS ASSENTOS DE ÓBITOS DE ADULTOS
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CATEGORIA ESCRAVOS FORROS LIVRES (a) TOTAL .
DO ASSENTO (1) (2) (1) (2) (1) (2) (1) (2)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
com causa mortis 109 80,7 48 76,2 73 89,0 230 82,2
sem causa mortis 26 19,3 15 23,8 9 11,0 50 17,8
(87) É impossível falar sobre os grupos III e VIII no referente às relações de proporção
entre os grupos sociais porque aparecem, nos grupos em apreço, casos isolados de
aneurisma e reumatismo. A discrepância verificada no grupo X deve-se ao fato de se
tratar de soterrados, com certeza, trabalhadores das minas.
(88) "Citada a cada passo pelos autores antigos, a hidropisia -- acúmulo de líquido
seroso numa cavidade ou no tecido conjuntivo subcutâneo -- foi sintoma observado com
freqüência no Brasil. Afecções hepáticas, cárdio-renais e até infestações parasitárias
causaram, no país, os numerosos caos de hidropisia, relatados pelos escritores dos
séculos passados", SANTOS FILHO, Lycurgo. História da Medicina no Brasil (do século
XVI ao século XIX), Brasiliense, São Paulo, 2o. vol., p. 159.
(89) MARCÍLIO, Maria Luíza. A Cidade de São Paulo: povoamento e população, 1750-
1850, com base nos registros paroquiais e nos recenseamentos antigos, São Paulo,
Pioneira e Editora da USP, 1973, 220 p., il., (Biblioteca Pioneira de Estudos Brasileiros),
p. 174 e seguintes.
(90) "Vila Rica está situada... nas abas meridionais de uma Serra, chamada do Ouro
Preto, e por isso quase sempre está a Vila coberta de névoas, que de ordinário fazem
padecer os habitantes, seus defluxos, e são as moléstias comuns neste país, por ser
bastante frio". ROCHA, José Joaquim da. Memória Histórica da Capitania de Minas
Gerais, R.A.P.M., ano II, fascículo 3, 1897, p. 445.
(91) Cf. COSTA, Iraci del Nero da. Análise da morbidade nas Gerais (Vila Rica, 1799-1801,
Revista de História, no. 107, FFLCH-USP, SÃO Paulo, 1976.
SEGUNDA PARTE.
(1) SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem pelas Províncias do Rio de Janeiro e Minas
Gerais, Itatiaia e EDUSP, tradução de Vivaldi Moreira, São Paulo, 1975, (Coleção
Reconquista do Brasil, vol. 4), xii+378 p. ESCHWEGE, W. L. von. Pluto Brasiliensis,
Editora Nacional, São Paulo, s/d, il., 2 volumes, (Brasiliana, Biblioteca Pedagógica
Brasileira, vol. 257 e vol, 257-A), 377 p. e 469 p. MAWE, John. Viagens ao Interior do
Brasil, Zélio Valverde, tradução de Solena Benevides Viana, Rio de Janeiro, 1944, il., 347
p. RUGENDAS, João Maurício. Viagem Pitoresca Através do Brasil, Martins e EDUSP,
tradução de Sérgio Milliet, São Paulo, 1972, (Biblioteca Histórica Brasileira), il., 161 p
(4) Lembremos as palavras de Caio Prado Júnior: As regiões mineradoras não eram, em
conjunto, favoráveis nem à agricultura nem à pecuária. O relevo acidentado, a natureza
ingrata do solo se opunham a tais indústrias". PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil
Contemporâneo, Colônia. Brasiliense, 8a. edição, São Paulo, 1965, p. 51.
(7) "A inexistência de boas estradas constituiu grande empecilho ao povoamento rápido,
e, ainda hoje, é uma das razões do quase nenhum progresso das províncias centrais."
ESCHWEGE, W. L. von. Op. cit., 1o. volume, p. 41.
(9) O material publicado faz parte do acervo de documentos manuscritos de Ouro Preto
transferidos, em 1913, para o Rio de Janeiro.
(10) Indicamos a seguir os títulos dos códices publicados, os nomes dos responsáveis
pelo censo e a data em que o apresentaram. 1. "Lista dos Habitantes do Destricto de
Antônio Dias desta Villa de que he Capitam Antonio Joze Roiz de Azevedo". Datada aos
30 de agosto de 1804, assinada pelo referido capitão. 2. "Relação dos Abitantes do
Destricto de Ouro Preto de q'he Capm. Joze Bento Soarez". Assinada por Joze Anto. de
Assumao. -- Alfes; Comande. -- aos 10 de setembro de 1804. 3. "Relação fiel das
Pessoas existentes no Destricto do Alto da Crúz de Villa Rica, do qual he Capp. Francco.
Caetano Ribro., dada pelo Alferes do mesmo, que ohe Joze Soterio de Jezus." Assinada
por este último aos 31 de agosto de 1804. 4. "Mapa das pessoas habitantes q. ao preze.
constão neste Destrito das Cabeças desta Villa conforme a ordem do Dor. Ouvidor e do
meu Capm. Mor Antonio Agostinho Lobo Leite Pera. datada de 3 de Agosto de 1804 de q.
he Capm. Manoel Ferndes. da Silva". Datado aos 28 de agosto de 1804, assinado por
Manoel Frz. da Sa. -- Cappam. 5. "Relação das pessoas existentes no Destrito do Padre
Faria, Agoa Limpa, e Tacoaral, de que he Comandante o Capm. Pantalião Alves da Silva
com o numero de escravos q. cada um possue". Assinada por este último aos 20 de
agosto de 1804. 6. "Relação das pessoas existentes no Destricto do Morro desta Villa, de
que he commandante o Capam. Luiz Joze Maciel, com o Numero dos Escravos que cada
hum possue". Assinada pelo referido capitão, aos 14 de agosto de 1804.
(14) Verificaram-se, ainda, residências (em número de quatro) habitadas unicamente por
escravos; englobamo-las na categoria 2.c, adiante especificada.
(20) População da Província de Minas Gerais. R.A.P.M., Ano IV, fascículos I e II, Janeiro-
Junho de 1899, Imprensa Oficial de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1899, p. 294.
Tabela 21
REPARTIÇÃO PORCENTUAL DOS ESCRAVOS AFRICANOS E COLONIAIS,
SEGUNDO GRANDES GRUPOS ETÁRIOS
(Vila Rica, 1804)
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
FAIXAS ETÁRIAS COLONIAIS AFRICANOS
CRIOULOS PARDOS CRIOULOS+PARDOS
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
0 - 19 anos 43,57 49,41 44,79 9,19
20 - 59 anos 51,71 48,82 51,10 79,14
60 e mais anos 4,72 1,77 4,11 11,67
(27) Segundo informações colhidas por Vilhena, o escravo oriundo da Costa da Mina
custava (em 1798) 100$000, o de Angola 80$000, vale dizer, os Sudaneses alcançavam
preço 25% mais elevado do que os Bantos. VILHENA, Luiz dos Santos.- Recopilação de
Notícias Soteropolitanas e Brasílicas. Imprensa Oficial do Estado, Bahia, 1921, Livro I, p.
54-55.
(28) Excluídos os indivíduos explicitamente indicados como forros pelos recenseadores.
(29) Entendemos por "famílias independentes" aquelas cujos chefes não guardavam
nenhum laço de dependência (vale dizer, não eram agregados nem escravos) com
respeito a outros chefes de família ou ao chefe do domicilio.
(32) Raramente identificou-se, para a massa escrava, mães e respectivos filhos; o que
nos impediu computar o número efetivo de famílias de escravos, observada a
conceituação aqui adotada.
(34) Esta modificação, por nos endossada, introduzida no esquema de P. Laslet aparece
como a principal contribuição metodológica proposta por Jean-Claude Peyronnet (Cf.
artigo citado na nota 33).
(35) As dúvidas que porventura persistirem poderão ser esclarecidas com a simples
leitura dos artigos acima citados.
(36) Tabela 22
PORCENTAGEM DE DOMICÍLIOS COM E SEM ESCRAVOS
(Vila Rica, 1804)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CATEGORIAS NÚMERO TOTAL SEM ESCRAVOS COM ESCRAVOS .
DE DOMICÍLIOS Nos. ABSOLUTOS % Nos. ABSOLUTOS %
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1 689 430 62,4 259 37,6
2 125 83 66,4 42 33,6
3 769 432 56,2 337 43,8
4 97 48 49,5 49 50,5
5 62 36 58,1 26 41,9
6 11 7 63,6 4 36,4
(38) Tabela 24
PORCENTAGEM DE DOMICÍLIOS COM E SEM ESCRAVOS OU AGREGADOS
(Vila Rica, 1804)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CATEGORIAS SEM ESCRAVOS OU AGREGADOS COM ESCRAVOS OU AGREGADOS
Nos. ABSOLUTOS % Nos. ABSOLUTOS %
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1 323 46,9 366 53,1
2 71 56,8 54 43,2
3 338 44,0 431 56,0
4 33 34,0 64 66,0
5 30 48,4 32 51,6
6 5 45,5 6 54,5
Tabela 25
NÚMERO MÉDIO DE ESCRAVOS POR DOMICÍLIO, SEGUNDO CATEGORIAS
(Vila Rica, 1804)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CATEGORIAS DE DOMICÍLIO NÚMERO MÉDIO DE ESCRAVOS
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1 3,52
2 4,45
3 3,68
4 4,45
5 4,54
6 10,25
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
(40) Para efeitos estatísticos agrupamos, nesta parte deste estudo, escravos e
quartados; procedimento que em nada altera os resultados obtidos, pois, encontramos
apenas 2 quartados em u'a massa de 171 escravos e quartados para os quais
especificou-se a profissão.
(41) Esta qualificação apareceu apenas no distrito do Ouro Preto, cujo recenseador
mostrou-se o mais minucioso na indicação das atividades e ofícios, tanto de livres como
de cativos. Assim, computamos 366 escravos destinados ao "serviço da casa",
quantidade que corresponde a 13,15% do total de cativos da urbe e a 35,22% dos
escravos do distrito em foco.
(42) Para os distritos de Antônio Dias, alto da Cruz e Morro não constou qualificação
para escravo algum. Com respeito ao Padre Faria e Cabeças os recenseadores apenas
indicaram atividades para os escravos que exerciam algum ofício. Para o Ouro Preto,
como já anotado, contamos com maior riqueza de pormenores; nesse distrito o
recenseador anotou, para livres e escravos, atividades, funções, ofícios e, ainda, a
circunstância de tratar-se, o recenseado, de aprendiz.
(43) Temos, portanto, para os escravos a seguinte distribuição: 6,14% com atividades
produtivas claramente definidas, 13,15% ocupados no "serviço da casa" e os restantes
80,71% sem especificação ocupacional.
(45) Visando a este último objetivo adotamos a distribuição setorial proposta por Luís
Lisanti e igualmente aceita por Maria Luíza Marcílio (Cf. MARCÍLIO, Maria Luíza. Op. cit.,
p.129 e seguintes).
(46) REIS FILHO, Nestor Goulart. Contribuição ao Estudo da Evolução Urbana do Brasil:
(1500/17200), Pioneira e Editora da USP, São Paulo, 1968, il., p. 65.
(48) IGLÉSIAS, Francisco. Minas Gerais, Pólo de Desenvolvimento no Século XVIII, op.
cit., p. 98-99.
(50) Deve-se ter presente que as atribuições de livres e escravos, como veremos adiante,
diferiam -- côo no caso de homens e mulheres --, pela sua natureza.
(3) Exceção feita a um livro de batismos (MSS - Cód. 2RB) que se destinou
exclusivamente a escravos e filhos de escravos.
(14) Deparamo-nos, para Vila Rica, com os mesmos óbices relatados por MARCÍLIO,
Maria Luíza. A cidade de São Paulo: povoamento e população, 1750-1850, com base nos
registros paroquiais e nos recenseamentos antigos, São Paulo, Pioneira e Editora da
USP, 1973, 220 p., il., (Biblioteca Pioneira de Estudos Brasileiros), páginas 69 e
seguintes.
FONTES E BIBLIOGRAFIA.
1 - FONTES MANUSCRITAS.
MSS. - Cód. 1RO. - Livro de Assentos de Óbitos - 1713/1735 (com suplemento de assento
de batizados-1813/1856).
MSS. - Cód. 2RO. - Livro de Assento dos Mortos (livres e escravos) e Testamentos da
Freguesia de Nossa Senhora da Conceição - Livro A (1727/1753); Livro B (1753/1764).
2 - FONTE IMPRESSA.
3 - AUTORES CITADOS.
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Ribeiro da Silva, Oficina de Miguel Manescal da Costa, Lisboa,1749.
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Clássica Editora, Lisboa, 3a. edição, 1973.
BOXER, C. R. A Idade de Ouro do Brasil, 2a. edição, Cia. Editora Nacional, São Paulo,
1969, (Brasiliana, volume 341).
COSTA, Iraci del Nero da. Vila Rica: Mortalidade e Morbidade (1799-1801), in A Moderna
História Econômica, coordenação de C. M. Peláez e M. Buescu, APEC, Rio de Janeiro,
1976.
COSTA, Iraci del Nero da. Análise da Morbidade nas Gerais (Vila Rica, 1799-1801),
Revista de História, no. 107, FFLCH-USP, São Paulo, 1976.
ESCHWEGE, W. L. von. Pluto Brasiliensis, Editora Nacional, São Paulo, s/d., il., 2
volumes, (Brasiliana, Biblioteca Pedagógica Brasileira, vol. 257 e vol. 257-A)
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, 10a. edição, Editora Nacional, São
Paulo, 1970.
LIMA JÚNIOR, Augusto de. A Capitania das Minas Gerais, Zélio Valverde, Rio de Janeiro,
2a. edição, 1943.
MAWE, John. Viagens ao Interior do Brasil, Zélio Valverde, Rio de Janeiro, 1944, il.
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fascículos I e II, janeiro-junho de 1899, Imprensa Oficial de Minas Gerais, Belo Horizonte,
1899.
PRADO JÚNIOR, Caio. História Econômica do Brasil, Brasiliense, São Paulo, 5a.edição,
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Arquivo Público Mineiro, ano II, fascículo 3, Imprensa Oficial de Minas Gerais, Ouro
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RODRIGUES, R. Nina. Os Africanos no Brasil, 3a. edição, Editora Nacional, São Paulo,
1945, (Coleção Brasiliana, volume 9).
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