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AViNHA E O VINHO
NA HISTÓLUA DO ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA
rI
I
O vinho t uma presença indelkl no devir histórico da cristandade Ociden-
tal. Acompanhou os primeiros cristãos nas catacumbas e a expansáo monástica na
Europa e dos europeus no Atlântico. A presença no acto lithgico e alimentaçáo tra-
çou-lhe o caminho do protagonismo no quotidiano e ecnomia do mundo cristão.
As ilhas atihticas um dos exemplos disso.
Os europeus fizeram chegar as cepas a todo o Iado, mesmo dqueles onde a
cultura teria dificuldades em se adaptar como oi o caso de Cabo Verde. Apenas na
Madeixa, Açores e Canárias a qualidade e fama do produto fizeram com que se
assumisse uma destacada dimensáo comercial que animou o movimento com os
mercados europeu e americano.
A conuirrencia foi feroz. Primeiro a disputa pelo mercado ingih, depois, no
sdculo XVIII, o norte-americano, onde a Madeira usufruiu uma posiqáo de desta-
que, favorecida pelos tratados e leis de navegaçáo estabelecidos pela mroa britânica.
O vinho Madeira foi, sem dúvida, o que mais se evidenciou no universo das
ilhas. O luzidio rubintccar, que continua a encher os cálices de cristal, t , náo s6, a
materiJiza@o da pujanp econdmica presente, mas mrnbdm, o testemunho dum
passado histdrico de riqueza.
Prende-o h ilha uma tradiçáo de mais de cinco séculos. Nele reflectem-se
as kpocas de progresso e de crise. No esquecimento de todos fica, quase sempre, a
parte amarga da labuta diária do colono no campo e adegas, o drduo trabalho das
vindimas, o alarido dos borracheiros.
Hoie, para recriar a arnbiência, torna-se necessário olhar os restos materiais e
er os d&kentos, donde ainda é possívd desbobinar o filme do quotidiano de
que se esconde por entre a ferrugem, a rrap e o p6.
O Vinho Madeira, celebrado por poetas e apreciado por monarcas, príncipes,
militares, exploradores e expedicionários, perdeu paulatinamente nos últimos cem
anos parte significativa do mercado, fruto da conjuntura criada, nos finais do
&c. XVIII e principias do séc. XIX
A desusada procura obrigou o madeirense a utilizar todo o vinho e a acelerar
o processo de edhecimento-de modo a satisfazer os pedidos. Mas o futuro náo
era risonho. A abertura dos mercados conduziu a um certo fastio a partir de 1814.
Depois as doenps acabaram com as cepas de boa qualidade, hzendo-as substituir
pelo produtor directo que se manteve lado a lado com as europeias numa promis-
cuidade pouco adequada h preservação da qualidade.
O passado recente anunciou o retorno das castas tradicionais e abriu portas
a novos momentos de riqueza.
Ad a e o vinho na Madeira
l2 Rupert CROPT-COOKE, M&w, Londres, 1961, pp. 26-28; André L. SIMON, "Introdw
tbn" e 'Notes on Portugal Madeira and rhe Wiies of Madeira", in The B o k L p t t e ~ ~Lmen
. of sn
&@h M m h n t in M d i n z 1695-17714,Londres, 1928.
1" Beth.enaourt ~ ~ S S I E U"Canarias
, Y Inglaterra. e1 Comercio de Vinos(1650-1800)",in
h& I UJ Aalantim, n." 2, 1956, pp. 195-308: IDEM,"Canarias y e1 Comercio de Vinos
&bXWI)'', hH h M Gmerd& h Zshr CamruXr, tomo, 111, 1977,266-273.
4 Citada por A. LOBENZO-CACERES, MuIvs~iuy F k a f l hs finos dc Gmrh, La Laguna,
'8 G. STECKLEY,
nrt.cit., pp. 25-3 1.
34 Alberto fieira
ALGUMAS ESPECIFICIDADES
de volta h ilha, onde foi engarrafado a partir de 1840 com o titdo de Bank of
W e h o . Winston Chwchill de visita h ilha em 1950 foi um dos poucos contem-
piados com uma garrafa.
Em 1992 recriou-se a referida rota e a ttcnica de envelhecimento com o
embarque de 600 litros de Boa1 a bordo do veleiro Ksisei, que participou na regata
Colombo 1992.
O vinho da roda t para o madeirense e britânico uma didiva do oceano. As
i
agitadas águas do AtlAntico e fndico transformaram-se numa grande adega, onde os
vinhos madeirenses envelheciam. Foi uma mais-valia, sabiamente aproveitada pelos
insulares que cativou os tradicionais apreciadores britânicos. Mas nem todos co-
mungaram da mesma ideia, surgindo opinióes contrárias: Comasum&res áe vinho m
Inglaterra s& muitas vezes m g a d s p e h de que u m uhgem h idias Orimtak
ou Ocidentais L sujciente pura garantir a txcekmia do vinho. Mar isto L U M $i%&
dbvia, pois, se o v i d o núofisse k bod q d & qundo expor& ik, mil via-
gem nh o p o h r i ~ mt o h r na qae nuncd tinha sidó. Todos os comcrciwntts m M d i r a
a b e m bem que uma-@nrde parte rios Yinhr assim e q o d s são di ~ r qn ~ l i d d
infirior, c s& adquidos em troca de géneros por pessoa geralmente co~eheci& como
c o m e ~ p a t e ~ pmca25.
or
I
O vinho da roda t considerado um feliz acaso das viagens transodnicas. No
percurso da Madeira à fndia e retorno B Inglaterra, com duas passagens pelos tr6-
picos, melhorava. O calor dos poróes atribuia-lhe um rápido envelhecimento, que
cedo se tornou notado pelos ingleses. Foram eles os primeiros a usufruir da situa@
vantajosa. Este uinbo tem a fim & possuir muitm qw6Ws extraordindh. Tenho
OU& &w p e se Mdiim gmuinofir exposto a temperacrcras muito baixas atkjcar
congeh& numa massa sdlidz de c o~travez descongehb pelo figo,scfir aquecido
ate ao ponto de f m r a e &pois deixado awdeca ou se ficar aposto ao sol durante
semanas arepih em bami abmm m cokocado em caves kzimidzs não s o f i d O mitas'mu
dam apesur k sujeito a t.%o uiok~ltash F ó e $ 6 .
De imediato o vinho da roda ganhou fama e começou a embarcar-se pipas de
vinho nos poróes dos navios para aí envelhecerem. A partir daqui deu-se o salto
27 C.o~uíram-seatd estufas para fruk do d o r do sol, como nos refere Henry Vizetelly [Fam
a h t Pon a d M&P~, London, 1880, in Albcm Vieira, Histdria do fitsko dn M&m L>ommntose
Te$, F~unchai,1993,p. 3971 sobre a casa M e y d e s sobrinho & cia
28 Manod de Santanna e Vasooncellos, C h m r rlor Mudeirnes. Fundia, 1835, p. 8.
29 Alex L i a , M&m London, 1798, pp. 1 2 6 128.
30 Idem, i b h , p. 6.
-&gm, para Id m h r m&hPadoo vi&, ~ j c o l ss d c h a d ak mb roda mundo
ou ss'mphmte vi& de mA31.
O p r o w o g e n e d u - s e rapidamente, embora continuasse a ser oneroso e
demorado para as exigências do mercado. Estamos perante uma situação comu-
mente aceite, mas que no nosso entender &d ter sucedido de forma d i s t i n ~ O .
madeireme náo ignorava o sistema de tratamento usado pelos antigos. Já os Gregos
e Romanos tinham conhecimento da ac+ do d o r dos porões dos barcos e dele se
serviram para trato dos vinhos tal como refere Plfnio, entre outros. Na Madeira a
p d u a p e c e ser m d i i A primeira informação que dispomos data de 15503~e
refere a despesa de dois vinttns feita pela Miseridrdia de Machico parti h h a para
c o m O trinho. Não sabemos a que se reporta a s i t u e e se refere ao fabriu, de
aguardente.
A primeira referência b esnifas remonta a 173033. Daí h afmmçáo do sistema
o salto foi rdpido: Wáo os c o m i a n t e s que o calor áos ~assuiosc dos c l i m mais a&-
ta b+mm c&hI c &s'mhm& os vinbos em tuah a wu q d U , &n& de
M&OY como dP c k m , hgopeh mdo, a ma15 bem &d& scpmuaArã0, c se mnvar-
cerão ak que o vinho Madeim se aperfC;Eoavac mesmo se requin&va com o calor: ocor-
reu kogo, que sendo possível traúi-ko m terra com uma precisa quentura para o seu
&m@& seriam gra& os prom'tos que mherb o comércio, o pdblico, E a & meno5
S.A. h*. Assim, tivemos o primeiro ensaio de est& com vinhos novos, en-
quanto um comerciante aquecia dia e noite u m armazém com vinhos novos outro
colocava no armazCm canos de ar quente35. A primeira estucfa h a n d ncsta ilha
se fabricou no ano de 1794 e 1795, e e o i s &h se haníavrão mcssivammk miras
o u t m p i e bodaE rn bmbalkado até os dItimos mexes pass&fi. Em 1802 segundo
John L e a d eshsfm a* now become g d 7 .
I
31 Q. Cit, voL I11 (19651, p. 1 19.
32 A l m Mamo de Sousa, O Fato do D&. Curiosas Notas sobre a Miseridrdia de Ma-
chico,in DasArres e & História h M&ra, n.' 5069,5 de Maio de 1949, p. 234.
33 R u e CroftXmk, i&&, p. 65-
39 AHU, h 4 d i m c Porto &=to. no I43 1.
35 D. Joh da Câmara Leme, i&h, p. 6.
36 João da C h a m Leme, i b i h , p. 6.
37 Ruppm Crofthk, $i&, p. 66. Numa carta de 1800, o mesmo descreve a primeira esd
I& que teve na ilha, dando wnm do mcwimenta dar estufas, e da discussão sobre o vinho ertdado:
we#m~a~~m~~~fi&hptohw~tjivniskcll~tiuomthrre~~~~~
commoa -I. good k tbt h t q m ' e i c , in o& tbat wc mwy w k t e tbt kb; UM threj5t-c
by yoir willsend oirt s muph uety c ~ ~ y p k t e~ hedp e tkis neut nw& of &ng wine wdl a-, but
~m~~ofrhoJeuihoshipírr-~m1~0i~mmonofdthchollKIure~f~-s
tAnnkb&chrni&ocAcrsgutthn'~UIIACintdhind~rhrf.., w h ~ p q 5 m O W I . p . p ~ j W 3
flwRsr, stewing. Wc m rnotyct* d q % d of ai/tbe &CS p& bry tAc applicah of h a t to thc
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wiw, ht tkink in pmI tbq k e q mofierce s +e of hedt, nickcI k e q s th winc constundy builin~and
d e r i>urpido f w e ~ kW. nn ofopinion tbat n m o n &te tempmnin w i l rucmd b e m d rhdl
; p h n g the p m d to sUc imtead of tkwe wionth u.r we bave s ~ H. o m p a t te~twil! &e, bow it is
qprnzwd by &use who are no goodju&es, tke nau winc witb thwr months fitufi imitam wine of 4 or 5
ym oM & we h n k tbink tbut tbe h q t i o l a w d be e m . 4 & o v d - perhups prejdce the ckaracter of
d&&m wíne. Wud ht ciimate~i& i m p m m w b quicker tban in go$okdmin: b i w h m n t h i n th l h t or
West I d m ha m &ct fhan 3 years here, or fiur orfiwyears in E n g h d - t k $ r &e beut m w be on
ben@ & we rnnrst d e a climate [Idem, íb&, pp. 67168; vide tambdm I! E da Câmara, i b i h ,
pp. 7617, onde faz uma dmriçáo da estufa; Confronte-se o texto de H.Vmtelly in Alberto Vieira,
Histdria h i430L Mrsliira, Funchal, 1983,pp. 375-399.
38 Antbnio Aragh, i b i h , p. 159.
39 Ant6nio Ara*, ib&, pp. 197-198.
4 h p e r t Crofc-Cooke, Mlukira, p. 66.
41 Alberto Vieira, Histdrid clo Knho da M&w, p. 392.
42 Vide M. L. Pasteur, Études rsr ic i&, ~ e sMnhda'c~,CC~IAT~I qvi k hvoquant PtocBdis
~ r h VieiI&s, Paris, 1873, pp. 1301204, dando pp. 2051262 aparelhos
N m w a x r p o u r ie C o ~ c etpour
de aquecimento.
43 Q. cit., p. 6112.
443 Alberto Vi~ira
44 Idem, i b h , p. 7.
45 Idem, i b i h pp. 10 e 12.
46 Idem, i b i h , p. i 3.
47 D.Joáoda C h a t a Leme, Sobre o K h Cnmial, Funchal, 1892.
48 AHU, Madeitu e Potao Santo, n . O 9480.
49 D. Joáo da C h a r a Leme, Ib&, pp. 17-19.
A vinha e o vinho na histdria & arquipélagoda Madeira
quase sempre de anda, enquanto os demais sáo de canteiro. Apenas uma empresa,
Artur Barros & Sousa Lda., continua fiel i tradiçáo do sistema de mnteiro em
&s os vinhos que comercidii
Na estratégia imperial a Madeira foi uma pedra chave. Náo era o clima ameno,
nem táo pouco a n d d a d e de rima antBc%mara& adapmfão ao d o r dmdo dos
uópiuis ou frio que a valoriaav;im. Tuda isso foi o &nus para o d empenho &
hdo F u n d d uma base para as incursócs dén~A h a u i . A iiha foi dmade
deiros t vapores, sedentos de carváo, A estas condicionantes associa-se o vinho.
A aecessidade e p-9 na dieta alimentar de marinheiros, soldadas e coloniza-
&m 4 hqumiondvel.
O cosmopolitismo brithio, evidente na s x k h d e loml, coruava o impacto
ala comunidade, acrevenda &mas das pdginas mais significativas da Hist6ria
da ilha. Os ingieses foram os iilcimos [h$ quem diga que teriam sido os primeiras,
kmeado-se na faddia aventura de Machim] a se envolvmm no fasdnio da ilha.
Os portugueses dcsbrmwam o temmo e abriram &O para a p m p europeia.
~is&~osi~~~,h~eflam~parafnrirdas.;S~.56mu
mais tarde vieram os ingless, a d o s pelo aroma da debre &ia. A &a, pm-
damada na abra de Shakesp-, foi o mote para a irnposi* ao paladar da misto-
=
macia brisa que ddiciava atd ao +ato nos tonéis cheias de vinho.
Q M t h h madeireme encantou a e coroa inglems, animando os
dos mtWmde Sua M a j d e , dentro c fora da p d e &
Mdtiplas e miidas xazões fizeram com que o Fundial se aiirmasse: a v i r do
século XVIII como centro chave das transformasões duo-politicas operadas de am-
bos os kbdo oceano. Aqui M siaalizar-se a p m p da comunidade i n g k c
o hde ter t r a n s f o d a ilha num importante centro para a afir- çoloníai
e maritima. A vincula@ ao impdrio britbia foi notdrk+na quotidiano e dwir
hisr6rico madeirenses dos dedos XVIH e XIX.
O vinho, n5o d alepv1z o comçdo, como t a m b h supria as defici$neias m1&
r m Era assim que o encaravam os homens da +oca. Os portugueses haviam pm-
d o que era o bico a resistir ao calor dos trópicos e que se adaptara muita bem L
constantes mudanças de temperama Tudo isto junu, gerou a aliança da Madeira
w m o irnptrio brit%nim.O vinho e a p i + o geo&m da ilha fõram os promgo-
nistas. A aliança fez prosperar a ilha, encheu-a de ia&, de quintas e @e.ses, se-
dentos do vinho.
A a f i r m e na vida l o d , controlo econdmico e das rdaq6es externas lrvararn
h conquista de uma desusada posiçk e A afirmação no plano polium, por meio de
tratados ou de uma interessada hs autoridada da &a e país. A feitoria, ao
dvcl local, as autoridades consulares, no reino e ilha, conjugavam-se para o mesmo
objectivo. A siíuaçáo dos ingleses era especial. Desde o s8culo XVII que a feitoria
ddiniu um matuto parte para a comunidade, que permitia ter c o m -
vatória e juiz privativo. O espirito de u n h da kitoria, que persistiu atd 1842,
h r e c e u a posição na sociedade madeirense e demarcou a fosso com os naturais.
A influhcia inglesa foi @a nos bastidores do poder político e, por vezes, sob o
ohar complacente daqueles [os republicanos] que, i primeira vista, pareciam ser
idmigm O caso da h d a Hinton e o céiebre engenho t exemplo disso.
Os relatdrios dos oBnsuies, que surgem na &a a partir de 1658, iiicidem a
at.en@o no plano econ6mico. O ponto da situa*, feito em Juho, era elaborado de
aço& mm as orienwes do Fum'p wce.A incidencia sobre os sdbditos de Sua
Majestade era, acima de tudo, uma hrma de controlo do trafico comercial de e
p a i as coldnias. A ilha era um dos eixos da estratégk Foi por isso que em prind-
pios do dado XM fói ocupada por duas vezes pelas tropas brfthias. Mais do que
preservar os i n m brit%iim na ilha estava a necessidade de impedir o avanço
h&no Atlântico, o que poderia molestar os ainda importantes dominios colo-
niais. Os tratados & e n m a posição mnfodvel dos &fies, enquanto que
as leis de nmegaçk do s é d o chusete mais não fmmm que refonp os iaçm defi-
nidos pelo mmcmtilismo inglk.
O turismo c o vinho estáo indissociavelmente ligados aos ingleses. Foram eles
os principais mentores, Ultervenientes e usufru&ios, que tqaram os rumos do
n m - d o m l o d c d$iniram o processo de vinificqáo adequado ao paladar e h
conmgên8as da roa e destino. Para o turismo a presenp 4 por demais evidente.
Foram os primeiros mistas e os promotores dos hotéis, desde finais do dado XM.
O W s hotel C o emblema de ouro.
A p m p inglesa foi uma constante no quotidiano5°. Muitos visitantes tes-
temunham-no, -do a extrema depend&ncia51. Em 1873 Alvaro Rodrigues
50Faltam um estudo sobre a pmença britanicã na Madeira. A maioria dos remos misttnm
t de origem inglesa, aimo C o caso de Desmond Grepry, &e Bm* Uswrpm, London, 1988;
Walter Minchinron, British Rcsidents and their Pmblems in Madeira Before 18 15, in Actrrs do I1
G&& I n w m c h d h H - IfrP M&M, Funchai, 1990, pp. 477-492. De enue w p o m g w
ou náo*evidencia o interne pela do- da Madeira que, embora náa
msiunado na d i d a d e , veio a existir de k r o . Com base no rmtad~
ses temos k Sarmento, Os Ingleses na Madeira, in Dufrio de No&kv, MarçoIAbril, 1930; Paulo
I
i b h , fl. 45,26 de Janeirode 1662.
divel para o m s a marfrimo [a forma 4 de r e p d i a ms mares] e porto obriga-
t6fio para o &asrecimerixo dos por6es das embar&es, r50 procurada nas &as
iondritias mrno uas meares das hostes brithhu ddm Atlântico.
A fehoria brithia surgiu na segunda metade do dedo XVII como hrma de
organi- e defesa dos interesses da comunidade raa &a, wufiuindo de um esta-
tuto dikkndado que ihe dava a possibiidade de possuir de& 1761 cmnit4rio pr6-
pio, p*a d h do direito a igreja, enfermaia, consewatdtia55 e juiz privativo.
Sabemos,&da, que estavam k m do papmenáo de. qualquer direito na d h h -
ga, cobrando, par iniciativa prdpria, um tributo sobre os barcos ingleses para as
despesas da feitarizi. A situa+, segunda o Governador J o hh t ó n i ~de Sd Pe-
reira56, era antiga e contava com o Mbito de pbseqasiar os g a d m p a r a w &r
smp p&pf&is la$m G% melhor mnti'niiar nar p d s iintmr~rqw tira d ' h i k ...
A feitoria arredava o chamrtdo tribuxo de nação, isto dj m a quantia sobre
os produtos ~~ pda ingleses, que no caso do vinho era de 240 d i s por
cada pipa, d o depois para a d m S~m , apoio aos setviços m&s e rehgmos
da oamunidade57. A comunidade todos os a o s no dia de %i rmibiliam as favu-
res do gwerno da &a, na figura do Governadgr, com uma oferta de Q00$000,que
repmentava m e d e do que A r i a ã autoridade de vencimento durante um ano.
-
Com o tratado de 1661 abriram-se de novo as partas para a dominiù inglb
do mertado h&, mercê de medidas de privilbo e a ken+ dos direitos de a-
a i d a J. Jonbsan, &&h., ,
cntos e T m , F m d , 1993,
do vido. Em 1689 foi-lhes concedida a faculdade & se hcom
mmdâis $e vinhos comestíveis e rnan&umi h n d o entrar m ilha os ar-
& luxG8 .Com o m d o de W u e n (1703) pbs-se cobro i aihTa@o crida
I
que conduziram ? diminuiçáo
i das tarifas aduaneiras em certos produtos67 ou atra-
vds dos salvo-condutos aos naviosh8. As medidas confirmaçáo pelo tratado dri
181069 que perdurou atC 1836.
Os súbditos britânicos concretizaram a velha ambigo de fazer da ilha um re*
canto de Sua Majestade. O primeiro indício da apetência surgiu em 1661, quando
nas negociações para o dote do casamento da infanta D. Cacarina com o rei
Carlos I1 a parte inglesa reivindicou a inciusáo da iiha da Madeira. A tradiçáo, que
surge sempre quando os documentos se caiam, afirma que os madeirenses teriam
recusado tal opção levando a coroa portuguesa a substitui-la pela ilha de Bombaim I
e a fortaieza de Tanger, para aidm de uma elevada quantia em dinheiro foi o resgate
pago pelos madeirenses para manterem a fidelidade h coroa portuguesa. Todavia a
&dade parece ser outra. A doa@o feita em 1 de Novembro de I656 por D. João TV
h Infante D. Camrina contraria o princípio que levou D. Manuel em 1498 ao fazer
. 70 Quando nos refèrimos ao fim que teve Napoleáo, todos, ou quase todos, reclamam a inevi-
tihei refertncia h passagem do mesmo pela iiha ao mminho do cativeiro em Santa Helena e o retorno
'
dos seus restos mortais em 1840. Alguns, mais afoitos, rcwrdãm a importante peça literária que a esse
I
m ioteu J. Reis Gomes na sessão da classe de letras da academia de Ciências em 18 de Janeirode
t
1934 e publicado, em separado, com o titulo O h l do I m p d r , Fundial, 1936. Na nossa mente
outras questóes mais importantes, que definem o perfil do dwi aconbmiw rnadeirense em tai
momento.
O facto mais evidente da conjuntura n50 foi a subordinaçáo do madeirense A
soberania britânica mas o que isso implicou em termos da consolidaçáo da comuni-
dade. As principais casas comerciais viram a posiçáo reforpda dominando o mer-
cado de exporta@o de vinho e i m p o r t e 0 de artefactos e alimentos. O periodo que
decorre a partir da d8cada de noventa do &ulo dezoito foi marcado por uma acen-
tuada subida da produm do vinho resultante da cada vez maior pr&uta nos mer-
cados americano e indica. O momento de 1794 a 1813 ficou para a Hist6ria do
vinho madeirense como o de maior solicitaçáo do mercado, aungindo-se no último
ano o maior número de pipas exportadas, isto t , cerca de 22.000.
A elevada pmcura de vinho fez esgotar os stocks, prejudicando o processo de
envelhecimento mas promovendo a expansáo da cultura. O p r e p de venda era ele-
vado e a aposta na vinha compensadora. A conjuntura revolucionou as ttcnicas
de vinifica@o, adaptando-se a esta cada vez maior procura. Generalizou-se o uso
das estufas e aguardentes. As primeiras permitiram o rdpido e prematuro envelhe-
cimento dos vinhos, enquanto as segundas possibilimram o recurso a vinhos de
baixa qdidade para o embarque. A addteraçáo foi fatal para a boa reputa60 do
vinho Madeira, repercutindo-se, mais tarde, com a abertura dos mercados curo-
peus. A conjuntura emergente das guerras napole6nicas propiciou um momento
alto da economia vitivinicola, enquanto que a derrota de Waterho (18 15) foi o
prelúdio de pr6xima fatalidade o vinho e a ilha.
Náo conhecemos qualquer manifesta#o de agravo por parte da coroa ingiesa
h inesperada mudança, mas de uma coisa temos a certeza, os ingleses nunca volta-..,
ram costas h ambiçáo hegemdnica, pelo que quando o momento o propiciasse a
espexãnp acabava por se tornar uma reaiidade. Sucedeu assim com a situafáo con-
Gbada de princíiios do s8nilo dezanove e, mais perto de nós, com a d e b r e re-
volta da M d i r a de Abril de 193lT1. Por algum tempo os ingleses náo se coibiram
de fazer jus i pretensão ao proclamarem em Dezembro de 1807 a soberania brita-
nica na ilha72.
Subjacente ao fasdnio b r i h i c o , dizem aiguns, estd a polémica questáo da
&ti& & Machim. Diz-se atk que ela era reabilitada a cada momento que semelhante
conjuntura fosse realidade. ia sucedido assim na dkcada de sessenta do &da de-
zassete mm a promogo feita pela Epsdfira Amorosa de D. Francisco Manuel de
Melo, repetindo-se em 1814 com o benemkrito Robert Page, que dizia ter encon-
trado o madeiro da vera cruz que encimou a cova do par amoroso. Mas tudo isto
n h passará de mera coincidencia, considerada por aiguns, como Avaro Rodrigues
i
73 J, J, de Sousa, O Movirnabo do Porto & Funckd, p. 99.
74 J. Barrow, A V q q c to Conckinckina in tbe Ean 1792 a d 1793, London, 1806, in Aberta
Vieira, Hisl6ria & Enho da M&m DOCICIPI~PIWJ C T e $ ,Fwdial, 1993, p. 339; E R.G.S.,Wa&