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BOTÂNICA AGRÍCOLA

Prof. Dra. Adriana Graciela Desiré Zecca

INTRODUÇÃO À BOTÂNICA SISTEMÁTICA

Pelo menos 10 milhões de tipos de organismos vivos compartilham nossa biosfera.


Nós, seres humanos diferimos destes outros organismos tanto no grau de nossa curiosidade
como em nosso poder de falar. Como conseqüência destas duas características, temos há
muito tempo buscado inquirir sobre outras criaturas, bem como trocar informações. Para se
fazer isto, foi necessário dar nomes aos organismos. Aos organismos mais conhecidos
foram dados nomes vulgares, mas mesmo para os mais simples dos propósitos, tais nomes
podem ser inadequados. Algumas vezes os nomes são vagos, particularmente quando
trocamos informações com pessoas de outras partes do mundo. Quando diferentes línguas
estão envolvidas, os problemas se tornam complexos.
Por estas razões, os biólogos designam os organismos com nomes em Latim, que
são oficialmente reconhecidos por organizações internacionais de botânicos,
bacteriologistas e zoólogos.
Estes nomes formais em Latim originaram-se de sistemas informais de nomear
plantas. A diferentes tipos de organismos têm sido dado há muito tempo nomes
correspondentes a categorias tais como ‘carvalhos’, ‘rosas’ ou ‘dentes-de-leão’. Na época
medieval, quando o interesse na comunicação de informações sobre organismos estava
crescendo, o Latim era a língua da ciência. Por esta razão os nomes para estes ‘tipos’ de
organismos foram padronizados e amplamente disseminados em livros impressos com o
recém inventado tipo móvel. Os nomes eram freqüentemente aqueles que os romanos
usavam; em outros casos, eram inventados novos nomes ou os nomes eram colocados na
forma latinizada. Estes ‘tipos’ acabaram por serem chamados de gêneros, e membros
individuais destes gêneros, tais como carvalhos-vermelhos ou carvalho-salgueiro, eram
chamados de espécies.
No inicio, as espécies eram identificadas por frases descritivas em Latim
consistindo em uma ou mais palavras; estas frases eram chamadas ‘polinômios’. A primeira
palavra do polinômio era o nome do gênero ao qual a planta pertencia. Assim, todos os
carvalhos eram identificados por polinômios que começavam com palavra Quercus, e todas
as rosas com polinômios que se iniciavam com a palavra Rosa. Os antigos nomes latinos
para estas plantas continuaram a ser utilizados para designar os gêneros.
A Sistemática Vegetal desempenha um papel de importância capital em favor de
ciências que lidam com as plantas; determinando os nomes com que são conhecidas
internacionalmente milhares de espécies vegetais, estudando sua distribuição, indicando
suas propriedades, acertando as relações existentes entre os grupos taxonômicos e outros
pontos de interesse, sua influencia manifesta-se em todos os domínios da Botânica. Pode-se
afirmar, que sem uma acurada e segura identificação das espécies, a Fitogeografia não

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poderia conduzir trabalhos relativos à origem e interdependência das floras, do mesmo
modo sucedendo com a Ecologia, nos estudos de relacionamento das plantas com o meio.
Do mesmo modo, os farmacologistas, nos seus estudos sobre a presença nas plantas de
substâncias com propriedades medicinais, não podem negligenciar quanto à identificação
fidedigna das espécies. Enfim, todos aqueles que direta ou indiretamente, têm suas
atividades relacionadas com o estudo das plantas, recorrem ao taxonomista para obter
determinações corretas.
No conceito antigo, Sistemática era uma ciência que se restringia ao estudo de
fragmentos de plantas, devidamente etiquetados e conservados em um herbário, baseando-
se no estudo morfológico desses espécimes. A sistemática moderna, tanto estuda o
comportamento da planta na natureza, como se fundamenta na morfologia e na estrutura
dos vegetais, seus caracteres genéticos, sua ecologia, distribuição geográfica, estudo dos
seus antepassados, etc..., para compreender e estabelecer as verdadeiras afinidades e graus
de parentesco existentes entre os diversos grupos de plantas. Baseia-se na hipótese de que
existem relações genéticas entre as plantas e que os vegetais atuais descendem de outros
existentes ou já extintos, através de sucessivas gerações, encontrando-se elas, hoje em dia,
mais aperfeiçoadas.

TAXONOMIA OU SISTEMÁTICA VEGETAL é a parte da Botânica que tem por


finalidade agrupar as plantas dentro de um sistema, levando em consideração suas
características morfológicas e externas, suas relações genéticas e suas afinidades.

IDENTIFICAÇÃO é a determinação de qualquer material botânico, como idêntico ou


semelhante a outro já conhecido. Pode ser feita com o auxilio da literatura ou pela
comparação com outro de identidade conhecida e em qualquer hierarquia (família, gênero,
espécie, subespécie, etc.). Tratando-se de material novo para a Sistemática, por conseguinte
ainda não designado cientificamente, deve receber denominação própria e ser objeto de
descrição, publicação em órgão especializado, observando-se o que preceitua o Código
Internacional de Nomenclatura Botânica.

Classificação é a ordenação das plantas em categorias hierárquicas, segundo as afinidades


naturais ou graus de parentesco e de acordo com um sistema de classificação. Cada espécie
é classificada como membro de um gênero, cada gênero pertence a uma família, as famílias
estão subordinadas a uma ordem, cada ordem a uma classe, cada classe a uma divisão.

Nomenclatura está relacionada com o emprego correto dos nomes das plantas e
compreende um conjunto de princípios, regras e recomendações aprovados em congressos
internacionais de Botânica e publicados num texto oficial. A Botânica necessita de um
sistema preciso e simples de nomenclatura para ser usado pelos botânicos em todos os
países, que lide por um lado com os termos que denotam nível dos grupos ou unidades
taxonômicas e por outro com os nomes científicos que são aplicados as grupos taxonômicos
individuais de plantas.

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HISTÓRICO
A Botânica é tão antiga como a própria humanidade, se bem que não como uma
ciência sistematizada, mas antes em forma de observações acumuladas sobre aparência de
certas plantas, e efeitos que exercem sobre o organismo, seja do Homem ou do animal.
Conforme se iam acumulando conhecimentos empíricos surgia a necessidade de pô-los em
alguma ordem e legá-los às gerações futuras, assim surgiram as primeiras anotações, sobre
vegetais, que encontramos nos escritos da antiguidade.
Minuciosas descrições de plantas e suas virtudes são encontradas nos ‘livros’ dos
templos egípcios. No Talmude hebraico existe uma extensa divisão dedicada ao estudo das
plantas, suas propriedades, uso e cultura.
Nas primeiras épocas da historia européia foram os gregos, a deixarem anotadas as
observações que podem ser consideradas como inicio da ciência. Foram também os gregos
que fizeram a primeira tentativa de sistematizar o material empírico acumulado, baseando-
se nos caracteres que mais saltam à vista. Assim, o primeiro sistema que conhecemos,
criado por Aristóteles e Teofrasto (384-284 a.C.) dividia o reino vegetal em árvores,
arbustos e ervas, distinguindo formas caducifólias e sempreverdes. Esta classificação ficou
em uso durante a maior parte da Idade Média. Em contato com a ciência oriental durante a
invasão árabe, do século IX a XII, os europeus adquiriram conhecimentos sobre plantas, na
época desconhecidas. Foram também enriquecidas as coleções já existentes na Europa.
Mais uma onda de material completamente novo invadiu a Europa em conseqüência das
grandes descobertas. Do século XV em diante, a necessidade de pôr alguma ordem no
material acumulado, tornou-se inadiável.
As primeiras tentativas realizaram-se no sentido de criação dos chamados ‘Livros de
ervas’, ‘Hervanários’, listas e descrições das plantas, na maioria feitas pelos monges ou
médicos, organizados principalmente, para preservação de conhecimentos sobre plantas
medicinais (Período descritivo). A mesma finalidade perseguem também os hortos de
ervas, onde se plantava e preservava vivo, na maioria plantas medicinais, aromáticas ou
tóxicas. Aumentando cada vez mais o fluxo de espécies vindas do estrangeiro, esses hortos
transformaram-se em coleções de plantas vivas de todas as espécies; mais tarde foram
denominados Jardins Botânicos. Os mais antigos foram organizados na Itália, em 1309 em
Salerno.
A descoberta da imprensa e da xilografia facilitou a divulgação de ‘Livros de ervas’
e permitiu a comparação de plantas localizadas em diversos lugares freqüentemente
distantes. Assim, tornou-se indispensável a criação de sistemas de identificação que podiam
ser compreendidos em varias nações e línguas diferentes.
Na base dos sistemas de Aristóteles, Teofrasto, Plínio e Dioscórides, inicia-se a
criação de numerosos sistemas novos, alguns bastante lógicos e adaptados às exigências da
época, uns, porém, mais confusos que os antigos.
Esses sistemas destinavam-se ao reconhecimento da planta e foram baseados na
morfologia externa, anotação sucinta de caracteres, permitindo a comparação de material
localizado em diversas e distantes coleções (Período de sistematização). Tinham
fundamentação morfológica, recebendo, porem, ainda a influencia das premissas filosóficas
relativas ao principio de imutabilidade das espécies.
O primeiro desses sistemas exposto em definições claras, exatas e lógicas, criado
por Andréa Caesalpino (Piza, 1519-1603), foi baseado na estrutura de frutos e sementes.
Esteve em uso por um século, até o aparecimento do sistema também artificial, porém mais
completo e prático, do professor Karl Von Lineé, da Suécia (1707-1775).

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O sistema lineano é baseado na morfologia da flor, principalmente na estrutura e
número de estames e pistilos. Lineu dividiu o reino vegetal em Criptógamas – plantas com
processos sexuados encobertos e Fanerógamas – plantas com processos sexuados visíveis.
Esta divisão, com certas modificações é usada até hoje. O maior mérito de Lineu foi o de
pôr em ordem enorme quantidade de material coletado por ele mesmo e outros botânicos e
zoólogos e de idealizar e empregar com sucesso uma nomenclatura e uma terminologia
breve, clara e lógica, que até hoje está em vigor. Foi o primeiro que deu a noção de
‘espécie’ e ‘gênero’ como base para a nomenclatura binária.
Lineu estabeleceu classes e ordens de plantas. As classes em número de 24 se
fundamentavam em caracteres apresentados pelo aparelho reprodutor. Nas plantas com
flores, que abrangiam 23 classes, levou em consideração o sexo, o número de estames, a
relação entre suas partes, etc. A classe XXIV trata das Criptogámas. As ordens, conforme
as classes a que pertenciam, eram denominadas segundo critérios relacionados com o
número de ovários (existindo só um ovário, passou a considerar o número de estiletes ou de
estigmas), com o número de estames e com a natureza do fruto.
Com o incremento dos conhecimentos sobre a flora mundial veio a verificação da
existência de maiores afinidades naturais entre plantas do que as indicadas pelo ‘sistema
sexual’ de Lineu. Os novos sistemas organizam plantas em grupos afins, pela existência de
caracteres morfológicos e anatômicos comuns. Em rigor, não poderiam ser ‘naturais’ por
não se compatibilizarem com a idéia da evolução, o que só ocorreu com os atuais sistemas
filogenéticos, também chamados naturais modernos.
Dos muitos sistemas que se seguiram, mais um que merece ser mencionado é o de
Antoine Jussieu (1748-1836, Paris). Também artificial, porém baseado num maior conjunto
de caracteres morfológicos. Este sistema tenta agrupar os organismos numa seqüência
partindo dos mais primitivos e simples aos mais complexos morfologicamente. Esta
disposição aproxima-se aos princípios de sistemas naturais ou filogenéticos.
Uma inovação feliz de Jussieu foi empregar na definição das classes de fanerógamas
o número de cotilédones: Monocotiledôneas: plantas com uma folha germinal e
Dicotiledôneas: plantas com duas folhas germinais.
Por mais que Jussieu e contemporâneos, instintivamente se aproximavam à idéia de
um sistema natural ou evolutivo, não podiam formulá-lo antes de formulada a própria teoria
da evolução.
A vitória final das idéias evolucionistas coube Charles Darwin (1809-1882) com a
publicação do seu famoso trabalho sobre a origem das espécies.
A teoria de descendência e de desenvolvimento evolutivo de formas mais
complexas e perfeitas a partir de formas mais antigas e primitivas fornecem um sólido
alicerce em que poderia ser construído um verdadeiro sistema filogenético, isto é, seqüência
de organismos pela afinidade de origem, sua sucessão e como nos parece, a marcha do
processo evolutivo a partir de organismo unicelular até o mais perfeito.
A maioria dos sistemas desta época (Sistemas filogenéticos) fundamentam-se nas
teorias de Darwin. Merecem ser destacados o Sistema de Engler e mais recentemente o
Sistema de Arthur Cronquist.
Adolf Engler (1844-1930) – elaborou, num guia de plantas do Jardim Botânico de
Breslan, um esquema de classificação que foi usado durante muito tempo como um dos
melhores sistemas de classificação, publicado pela primeira vez na obra Engler & Plantl
(1887-1899). Ainda que não seja filogenético em exato sentido, representa um esforço em

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divisar um esquema que tenha a utilidade e a praticabilidade de um sistema natural, firmado
sobre relações de forma e compatível com os princípios da evolução.
Foram considerados caracteres essenciais e secundários, sem deixar de ser
reconhecido que, muitas vezes, tais caracteres não apresentavam valor absoluto. Foi
admitido que no desenvolvimento diverso das flores, dos frutos e das sementes, existe, até
certo grau, uma progressão que corresponde ao desenvolvimento filogenético.
Em 1964, foram propostas modificações na seqüência e na posição de diversos
grupos, à luz de novos conhecimentos derivados da anatomia, da química, da embriologia e
de outros campos da ciência.

SISTEMA DE A. ENGLER (Edição de 1936)


I. Schyzophyta
II. Myxomycetes
III. Flagelatae
IV. Dinoflagellatae
Divisões ? Silicoflagellatae
V. Heterocontae
VI. Bacillariophyta
VII. Conjugatae
VIII. Chlorophyceae
IX. Charophyta
X. Phaeophyceae
XI. Rhodophyceae
XII. Eumycetes
XIII. Archegonitae
Subdivisão 1a Bryophyta
Subdivisão 2a Pteridophyta
XIV. Embryophyta Syphonogama
Subdivisão 1a Gymnospermae
Subdivisão 2a Angiospermae
Classe 1a Monocotyledoneae
Classe 2a Dicotyledoneae

Arthur Cronquist (Estados Unidos), ocupou-se da sistemática das Angiospermas.


Apresentou uma versão do seu sistema em 1968, depois em 1981, com alterações em 1988.
Foi o maior responsável pela nova classificação das Angiospermas. O Sistema de Cronquist
é dividido em duas classes amplas, mono e dicotiledôneas. As ordens relacionadas estão
colocadas em subclasses. O sistema, como descrito em 1981, tem 321 famílias e 64 ordens.

SISTEMA DE CRONQUIST (1981)

DIVISÃO MAGNOLIOPHYTA (Antophyta, Angiospermae)


A. CLASSE MAGNOLIOPSIDA (Magniolatae, Dicotyledoneae)

Subclasse I. Magnoliidae
Ordem 1. Magnoliales 8. Annonaceae
Família. 1. Winteraceae 9. Myristicaceae

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2. Degeneriaceae 10. Canellaceae
3. Himantandraceae Ordem 2. Laurales
4. Magnoliaceae Família. 1. Amborellaceae
5. Lactoridaceae 2. Trimeniaceae
6. Austrobaileyaceae 3. Monimiaceae
7. Eupomatiaceae 4. Gomortegaceae
5. Calycanthaceae 4. Cabombaceae
6. Idiospermaceae 5. Ceratophyllaceae
7. Lauraceae Ordem 7. Ranunculales
8. Hernandiaceae Família. 1. Ranunculaceae
Ordem 3. Piperales 2. Circaeasteraceae
Família. 1. Chlorantaceae 3. Berberidaceae
2. Saururaceae 4. Sargentodoxaceae
3.Piperaceae 5. Lardizabalaceae
Ordem 4. Aristolochiales 6. Menispermaceae
Família. 1. Aristolochiaceae 7. Coriariaceae
Ordem 5. Illiaceales 8. Sabiaceae
Família. 1. Illiciaceae Ordem 8. Papaverales
2. Schisandraceae Família. 1. Papaveraceae
Ordem 6. Nymphaeales 2. Fumariaceaeaceae
Família. 1. Nelumbonaceae
2. Nymphaeaceae
3. Barclayaceae

Subclasse II. Hamamelidae


Ordem 1. Trochodendrales 3. Cannabaceae
Família. 1. Tetracentraceae 4. Moraceae
2. Trochodendraceae 5. Cecropiaceae
Ordem 2. Hamamelidales 6. Urticaceae
Família. 1. Cercidiphyllaceae Ordem 7. Leitneriales
2. Eupteliaceae Família. 1. Leitneriaceae
3. Platanaceae Ordem 8. Juglandales
4. Hamamelidaceae Família. 1. Rhoipteleaceae
5. Myrothamnaceae 2. Juglandaceae
Ordem 3. Daphniphyllales Ordem 9. Myricales
Família. 1. Daphniphyllaceae Família. 1. Myricaceae
Ordem 4. Didymelales Ordem 10. Fagales
Família. 1. Didymelaceae Família. 1. Balanopaceae
Ordem 5. Eucommiales 2. Fagaceae
Família. 1. Eucommiaceae 3. Betulaceae
Ordem 6. Urticales Ordem 11. Casuarinales
Família. 1. Barbeyaceae Família. 1. Casuarinaceae
2. Ulmaceae

Subclasse III. Caryophyllidae


Ordem 1. Caryophyllales 9. Portulacaceae

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Família. 1. Phytolaccaceae 10. Basellaceae
2. Achatocarpaceae 11. Molluginaceae
3. Nyctaginaceae 12. Caryophyllaceae
4. Aizoaceae Ordem 2. Polygonales
5. Didiereaceae Família. 1. Polygonaceae
6. Cactaceae Ordem 3. Plumbaginales
7. Chenopodiaceae Família. 1. Plumbaginaceae
8. Amaranthaceae

Subclasse IV. Dilleniidae


Ordem 1. Dilleniales 12. Dioncophyllaceae
Família. 1. Dilleniaceae 13. Ancistrocladaceae
2. Paeoniaceae 14. Turneraceae
Ordem 3. Theales 15. Melesherbiaceae
Família. 1. Ochnaceae 16. Passifloraceae
2. Sphaerosepalaceae 17. Achariaceae
3. Sarcolaenaceae 18. Caricaceae
4. Dipterocarpaceae 19. Fouquieriaceae
5. Caryocaraceae 20. Hoplestigmataceae
6. Theaceae 21. Cucurbitaceae
7. Actinidaceae 22. Datiscaceae
8. Scytopetalaceae 23. Begoniaceae
9. Pentaphylacaceae 24. Loasaceae
10. Tetrameristaceae Ordem 7. Salicales
11. Pellicieraceae Família. 1. Salicaceae
12. Oncothecaceae Ordem 8. Capparales
13. Marcgraviaceae Família. 1. Tovariaceae
14. Quiinaceae 2. Capparaceae
15. Elatinaceae 3. Brassicaceae
16. Paracryphiaceae 4. Moringaceae
17. Medusagynaceae 5. Resedaceae
18. Clusiaceae Ordem 9. Batales
Ordem 3. Malvales Família. 1. Gyrostemonaceae
Família. 1. Elaeocarpaceae 2. Bataceae
2. Tiliaceae Ordem 10. Ericales
3. Sterculiaceae Família. 1. Cyrillaceae
4. Bombacaceae 2. Clethraceae
5. Malvaceae 3. Grubbiaceae
Ordem 4. Lecythidales 4. Empetraceae
Família. 1. Lecythidaceae 5. Epacridaceae
Ordem 5. Nepenthales 6. Eriaceae
Família. 1. Sarraceniaceae 7. Pyrolaceae
2. Nepenthaceae 8. Monotropaceae
3. Droseraceae Ordem 11. Diapensiales
Ordem 6. Violales Família. 1. Diapensiaceae
Família. 1. Flacourticeae Ordem 12. Ebenales

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2. Peridiscaceae Família. 1. Sapotaceae
3. Bixaceae 2. Ebenaceae
4. Cistaceae 3. Styracaceae
5. Huaceae 4. Lissocarpaceae
6. Lacistemataceae 5. Symplocaceae
7. Scyphostegiaceae Ordem 13. Primulales
8. Stachyuraceae Família. 1. Theophrastaceae
9. Violaceae 2. Myrsinaceae
10. Tamaricaceae 3. Primulaceae
11. Frankeniaceae

Subclasse V. Rosidae
Ordem 1. Rosales 9. Eremolepidaceae
Família. 1. Brunelliaceae 10. Balanophoraceae
2. Connaraceae Ordem 10. Rafflesiales
3. Eucryphiaceae Família. 1. Hydnoraceae
4. Cunoniaceae 2. Mitrastemonaceae
5. Daviddoniaceae 3. Rafflesiaceae
6. Dialypetalanthaceae Ordem 11. Celastrales
7. Pittosporaceae Família. 1. Geissolomataceae
8. Byblidaceae 2. Celastraceae
9. Hydrangeaceae 3. Hippocrateaceae
10. Columelliaceae 4. Stackhousiaceae
11. Grossulariaceae 5. Salvadoraceae
12. Greyiaceae 6. Aquifoliaceae
13. Bruniaceae 7. Icacinaceae
14. Anisophylleaceae 8. Aextoxicaceae
15. Alseuosmiaceae 9. Cardiopteridaceae
16. Crassulaceae 10. Corynocarpaceae
17. Cephalotaceae 11. Dichapetalaceae
18. Saxifragaceae Ordem 12. Euphorbiales
19. Rosaceae Família. 1. Buxaceae
20. Neuradaceae 2. Simmondsiaceae
21. Crossosomataceae 3. Pandaceae
22. Chrysobalanaceae 4. Euphorbiaceae
23. Surianaceae Ordem 13. Rhamnales
24. Rhabdodendraceae Família. 1. Rhamnaceae
Ordem 2. Fabales 2. Leeaceae
Família. 1. Mimosaceae 3. Vitaceae
2. Caesalpinaceae Ordem 14. Linales
3. Fabaceae Família. 1. Erythroxylaceae
Ordem 3. Proteales 2. Humiriaceae
Família. 1. Eleagnaceae 3. Ixonanthaceae
2. Proteaceae 4. Hugoniaceae
Ordem 4. Podostemales 5. Lineaceae
Família. 1. Podostemaceae Ordem 15. Polygonales

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Ordem 5. Haloragales Família. 1. Malpighiaceae
Família. 1. Haloragaceae 2. Vochysiaceae
2. Gunneraceae 3. Trigoniaceae
Ordem 6. Myrtales 4. Tremandraceae
Família. 1. Sonneratiaceae 5. Polygonaceae
2. Lythraceae 6. Xanthophyllaceae
3. Penaeaceae 7. Krameriaceae
4. Crypteroniaceae Ordem 16. Sapindales
5. Thymelaeaceae Família. 1. Staphyleaceae
6. Trapaceae 2. Melianthaceae
7. Myrtaceae 3. Bretschneideraceae
8. Punicaceae 4. Akaniaceae
9. Onagraceae 5. Sapindaceae
10. Oliniaceae 6. Hippocastanaceae
11. Melastomataceae 7. Aceraceae
12. Crombetaceae 8. Burseraceae
Ordem 7. Rhizophales 9. Anacardiaceae
Família. 1. Rhizopharaceae 10. Julianiaceae
Ordem 8. Cornales 11. Simaroubaceae
Família. 1. Alangiaceae 12. Oneoraceae
2. Nyssaceae 13. Meliaceae
3. Cornaceae 14. Rutaceae
4. Garryaceae 15. Zygophyllaceae
Ordem 9. Santalales Ordem 17. Geraniales
Família. 1. Medusandraceae Família. 1. Oxalidaceae
2. Dipentodontaceae 2. Geraniaceae
3. Olacaceae 3. Limnathaceae
4. Opiliaceae 4. Tropaeolaceae
5. Santalaceae 5. Balsaminaceae
6. Misodendraceae Ordem 18. Apiales (Araliales)
7. Loranthaceae Família. 1. Araliaceae
8. Viscaceae 2. Apiaceae

Subclasse VI. Asteridae


Ordem 1. Gentiales 4. Globulariaceae
Família. 1. Loganiaceae 5. Myoporaceae
2. Gentianaceae 6. Orobanchaceae
3. Saccifoliaceae 7. Gesneriaceae
4. Apocynaceae 8. Acanthaceae
5. Asclepiadaceae 9. Pedaliaceae
Ordem 2. Solanales (Polemoniales) 10. Bignoniaceae
Família. 1. Duckeodendraceae 11. Mendonciaceae
2. Nolanaceae 12. Lentibulariaceae
3. Solanaceae Ordem 7. Campanulales
4. Convolvulaceae Família. 1. Pentaphragmataceae
5. Cuscutaceae 2. Sphenocleaceae

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6. Menyanthaceae 3. Campanulaceae
7. Retziaceae 4. Stylidiaceae
8. Polemoniaceae 5. Donatiaceae
9. Hydrophyllaceae 6. Brunoniaceae
Ordem 3. Lamiales 7. Goodeniaceae
Família. 1. Lenndaceae Ordem 8. Rubiales
2. Boraginaceae Família. 1. Rubiaceae
3. Verbenaceae 2. Theligonaceae
4. Lamiaceae Ordem 9. Dipsacales
Ordem 4. Callitrichales Família. 1. Caprifoliaceae
Família. 1. Hippuridaceae 2. Adoxaceae
2. Callitrichaceae 3. Valerianaceae
3. Hydrostachyaceae 4. Dipsacaceae
Ordem 5. Plantaginales Ordem 10. Calycerales
Família. 1. Plantaginaceae Família. 1. Calyceraceae
Ordem 6. Scrophulariales Ordem 11. Asterales
Família. 1. Buddlejaceae Família. 1. Asteraceae
2. Oleaceae
3. Scrophulariaceae

B. CLASSE LILIOPSIDA (Liliatae, Monocotyledoneae)

Subclasse I. Alismatidae
Ordem 1. Alismatales 4. Potamogetonaceae
Família. 1. Butomaceae 5. Ruppiaceae
2. Limnocharitaceae 6. Najadaceae
3. Alismataceae 7. Zannichelliaceae
Ordem 2. Hydrocharitales 8 . Posidoniaceae
Família. 1. Hydrochritaceae 9. Cymodoceaceae
Ordem 3. Najadales 10. Zosteraceae
Família. 1. Aponogetonaceae Ordem 4. Triuridales
2. Scheuchzeriaceae Família. 1. Petrosaviaceae
3. Juncaginaceae 2. Triuridaceae

Subclasse II. Arecidae


Ordem 1. Aracales Família. 1. Pandanaceae
Família. 1. Aracaceae Ordem 4. Arales
Ordem 2. Cyclantales Família. 1. Araceae
Família. 1. Cyclanthaceae 2. Lemnaceae
Ordem 3. Pandanales

Subclasse III. Commelinidae


Ordem 1. Commelinales Ordem 4. Juncales
Família. 1. Rpateaceae Família. 1. Juncaceae
2. Xyridaceae 2. Thurniaceae
3. Mayacaceae Ordem 5. Cyperales

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4. Commelinaceae Família. 1. Cyperaceae
Ordem 2. Eriocaulales 2. Poaceae
Família. 1. Eriocaulaceae Ordem 6. Hydatellales
Ordem 3. Restionales Família. 1. Hydatellaceae
Família. 1. Flagellariaceae Ordem7. Typhales
2. Joinvilleaceae Família. 1. Sparganiaceae
3. Restionaceae 2. Typhaceae
4. Centrolepidaceae

Subclasse IV. Zingiberidae


Ordem 1. Bromeliales 4. Lowiaceae
Família. 1. Bromeliaceae 5. Zingiberaceae
Ordem 2. Zingiberales 6. Costaceae
Família. 1. Strelitziaceae 7. Cannaceae
2. Heliconiaceae 8. Marantaceae
3. Musaceae

Subclasse V. Liliidae
Ordem 1. Liliales 11. Hanguanaceae
Família. 1. Philydraceae 12. Taccaceae
2. Pontederiaceae 13. Stemonaceae
3. Haemodoraceae 14. Smilacaceae
4. Cyanastraceae 15. Dioscoreaceae
5. Liliaceae Ordem 2. Orchidales
6. Iridaceae Família. 1. Geosiridaceae
7. Velloziaceae 2. Burmanniaceae
8. Aloeaceae 3. Corsiaceae
9. Agavaceae 4. Orchidaceae
10. Xanthorrhoeaceae

Em relação às Angiospermas, modernamente, análises cladísticas baseadas na


morfologia, rRNA, rbcL e seqüências nucleotídicas de atpB não confirmam a tradicional
divisão das angiospermas em monocotiledôneas e dicotiledôneas; as monocotiledôneas
constituem um grupo monofilético, ou seja, possuem um ancestral comum, enquanto que as
dicotiledôneas formam um complexo parafilético. Entretanto, um grande número de
espécies consideradas ‘dicotiledoneas’ constituem um bem suportado clado-tricolpadas
(que apresentam grão de pólen tricolpados) ou eudicotiledôneas. Assim, temos hoje, nas
angiospermas o grupo das monocotiledôneas, o grupo das tricolpadas (eudicotiledôneas) e
resta um grupo ainda carente de relacionamento filogenético, denominado basal que inclue
Nymphaeales, Ceratophyllales, Piperales e Aristolochiales (paleoervas ou não
monocotiledôneas) e Magnoliales, Laurales e Illiciales (complexo Magnoliides).

Sistema de Engler Sistema de Cronquist

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Angiospermae Magnoliophyta
Dicotyledoneae Magnoliopsida
Monocotyledoneae Liliopsida

UNIDADES SISTEMATICAS OU CATEGORIAS TAXONOMICAS


De acordo com o conceito de que existem relações entre as plantas, elas devem ser
enquadradas em categorias que indiquem suas presumíveis afinidades sistemáticas. Cada
categoria taxonômica representa um grupo de plantas, e há categorias maiores e menores de
classificação. As categorias taxonômicas representam níveis hierárquicos, segundo critérios
adotados nos diversos sistemas de classificação, os táxons são os termos aplicados aos
agrupamentos considerados incluídos nessas categorias:

CATEGORIA TÁXON
Divisão Magnoliophyta, Briophyta
Ordem Malvales, Rosales
Família Araceae, Rutaceae

As regras Internacionais de Nomenclatura estabelecem que uma categoria de plantas


pode se subdividir em categorias intermediarias e de hierarquia mais baixa, acrescentando-
se ao seu nome o prefixo sub.
Consideradas as categorias principais pode-se ter a seguinte gradação:

Reino – Divisão – Subdivisão – Classe- Subclasse – Ordem – Subordem – Família –


Subfamília – Tribo – Subtribo – Gênero – Subgênero – Seção – Subseção – Série –
Subsérie - Espécie – Subespécie – Variedade – Subvariedade – Forma – Subforma.

Os nomes aplicados a todas as categorias taxonômicas são latinos e recebem, em


geral, nomes com terminações próprias, relacionadas à categoria a que pertencem.
Resultam, nestes casos, nomes que têm o mesmo radical da palavra com que é designado
um gênero. Exemplo: Magnólia (gênero), Magnoliaceae (família), Magnoliales (ordem),
Magnoliopsida (classe) e, Magnoliophyta (divisão).
As terminações próprias dos nomes de grupos taxonômicos, correspondentes às
categorias acima de gênero são:

Divisão phyta
Subdivisão phytina
Classe opsida
Subclasse idae
Ordem ales
Subordem inae
Família aceae
Subfamília oideae
Tribo eae
Subtribo inieae

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Tendo em vista sistemas de classificação diferentes, observa-se que os nomes
aplicados a grupos taxonômicos correspondentes a determinadas categorias podem manter-
se iguais ou não, inclusive, casos em que ao mesmo nome são atribuídos níveis hierárquicos
variados, conforme a conceituação dos autores:

Sistemas Divisão Subdivisão Classe Subclasse


Bentham & Phanerogamae Angiospermae Dicotyledoneae Polypetala
Hooker
Engler Embryophyta Angiospermae Dicotyledoneae Archyclamideae
Siphonogama
Cronquist Magnoliophyta - Magnoliopsida Magnoliidae
(Angiospermae) (Magnoliatae)

1. Divisão: é a categoria que fica logo abaixo do Reino, formada por um conjunto de
classes. Em regra, são tomados para sua constituição caracteres gerais relacionados
com estruturas reprodutivas, morfológicas ou anatômicas.
2. Classe: categoria hierarquicamente inferior à Divisão, constituída por um conjunto
de Ordens.
3. Ordem: formada por um conjunto de famílias, é estabelecida com base em
particularidades mais definidas (caracteres filogenéticos).
4. Família: constituída por mais de um gênero. Sua descrição é feita de modo a
contemplar características dos gêneros quase sempre numerosos. Quando se está
interessado em identificar um material botânico desconhecido, comumente procura-
se, em primeiro lugar, conhecer a família a que pertence. A partir daí, com ou sem
uso de chaves, chega-se aos grupos subordinados.
O nome da Família é formado pelo radical do nome de um de seus gêneros,
acrescido da terminação aeae.
5. Gênero: categoria formada pela reunião de espécies semelhantes, cujo
relacionamento não se baseia somente em caracteres morfológicos, mas também em
particularidades de outra natureza, como a origem, as migrações, o comportamento
genético, fisiológico e ecológico.
6. Espécie: até meados do século XVII, a designação de uma planta era
freqüentemente polinomial, isto é, formada por varias palavras que eram uma
descrição da espécie. À medida que crescia o número de espécies conhecidas,
evidenciava-se a impraticabilidade desse procedimento. O sistema binomial passou
a ser adotado a partir de Lineu (1753), daí por diante se tornou normativa a
nomenclatura binária. Usa-se sp. ou spp. para espécie ou espécies respectivamente.
6.1. Nomenclatura binária: segundo o sistema de nomenclatura binária, universalmente
adotado, as plantas são cientificamente designadas por um conjunto de duas
palavras latinas ou latinizadas, correspondentes ao nome genérico e ao epíteto
especifico (exemplo: Croton sonderianus). A primeira palavra (nome genérico)
indica o gênero a que pertence a espécie e a segunda (epíteto especifico) permite
designar espécies diferentes dentro de um mesmo gênero.

13
Para distinguir as espécies com exatidão, torna-se necessário que em todo o Reino
Vegetal só haja um nome de gênero válido e que em determinado gênero não se
repita o mesmo epíteto especifico.
6.2. Categorias infraespecíficas: no Código de Nomenclatura Botânica, são previstas as
seguintes categorias taxonômicas: subespécie, variedade, subvariedade, forma e
subforma. Subespécie, variedade e subvariedade são abreviadas para subsp., var. e
subvar.

Citação dos nomes dos autores


Os nomes das plantas devem ser escritos seguidos dos nomes dos autores:
Mimosa platycarpa Ducke
Cassia catártica var. tenuicaulis Irwin
Quando os autores são botânicos bastante conhecidos, podem ser escritos
abreviadamente: Tricogonia Endl. (Endlicher).
Às vezes, são usadas abreviações extremas como L. para Lineu, M. para
Martius, etc. as quais são inteligíveis por representarem nomes consagrados.

Casos especiais – Plantas cultivadas


As plantas cultivadas se desenvolvem como populações artificiais, mantidas
e propagadas pelo homem. Por esta razão, a hierarquia botânica de categorias
infraespecificas baseia-se na categoria Cultivar, sendo às vezes chamadas
erroneamente de variedades.
Uma cultivar é um conjunto de plantas cultivadas o qual se distingue
claramente por uma serie de caracteres, os quais se mantêm nos descendentes,
quando estes se reproduzem tanto sexuada como assexuadamente. Algumas
cultivares têm-se originado naturalmente, mas a maioria é criada por cultivo. O
nome da cultivar se escreve com inicial maiúsculo e precedido pela abreviação cv.,
ou colocando-o entre aspas. Por exemplo: Phaseolus vulgaris L.cv. Carioca. O
nome da cultivar deve ser imaginário, em línguas modernas (não se usa o latim).

As Fanerógamas (plantas com órgãos de reprodução visíveis) ou Espermatófitas


(plantas cuja reprodução se realiza através da semente) ou Embriófita Sifonógamas
(plantas que como resultado da fecundação formam um embrião e apresentam tubo
polínico), compreendem dois grupos de plantas, que são as Pinophyta (Gimnospermae) e as
Magnoliophyta (Angiospermae).
Uma das mais importantes inovações que apareceram durante a evolução das
plantas vasculares foi a semente. As sementes parecem ser um dos fatores responsáveis pela
dominação das espermatófitas na flora atual. A razão é simples, a semente tem capacidade
de sobrevivência.
Todas as plantas com sementes possuem macrofilos e incluem cinco Divisões com
representantes atuais: Cycadophyta, Ginkgophyta, Coniferophyta, Gnetophyta
(Gimnospermas) e, Anthophyta (Angiospermas).

14
GIMNOSPERMAS

A palavra Gimnosperma, oriunda do grego, significa semente (sperma) nua


(gymnos). A etimologia indica que os componentes desta Subdivisão carecem de frutos
verdadeiros, apresentando sementes provenientes de óvulos nus, dispostos na superfície do
macrosporófilo. A palavra foi cunhada por Teofrasto, discípulo de Aristóteles no ano 300
a.C.
As gimnospermas, pouco numerosas no contexto da flora atual, reúnem apenas 675
espécies, arranjadas em 63 gêneros. Correspondem a um grupo de plantas que surgiu
provavelmente no período Devodiano da era Paleozóica, há cerca de 400 milhões de anos.
Com o aparecimento das angiospermas no período Jurássico (cerca de 160 milhões de
anos), o conjunto das gimnospermas entrou em rápido declínio mantendo, contudo, uma
grande importância na composição florestal das regiões temperadas e frias do mundo.
Como grupo de plantas produtoras de madeira, as gimnospermas cumprem um
papel insubstituível.
As espécies de gimnospermas são em geral gregárias, compondo florestas
relativamente homogêneas. A vasta região das florestas boreais euro-siberianas, inclui
algumas espécies de Pinus, Larix e Picea. Só as florestas de lariço (Larix sp.) cobrem cerca
de 2,5 milhões de Km2 na Sibéria. Mesmo em países tropicais como o Brasil, pode ser
observada esta tendência gregária. O gregarismo das gimnospermas vincula-se à
polinização anemófila, característica do grupo, que pressupõe e requer um adensamento de
indivíduos, para haver uma adequada fertilização.
As gimnospermas também se notabilizam pelo crescimento monopodial. A
dominância permanente do meristema apical do tronco sobre s demais, acaba por produzir
uma forma arbórea vantajosa, composta de um longo fuste retilíneo, e ramos relativamente
delgados.
Sob o ponto de vista tecnológico, as gimnospermas constituem o grupo das
chamadas ‘madeiras macias’ ou ‘madeiras de fibras longas’, ‘Softwood’ em inglês. O termo
‘madeira de fibra longa’ explica-se pela predominância no lenho das gimnospermas de um
único tipo celular: o traqueóide longitudinal (condução e sustentação mecânica). Os
gêneros Ephedra, Gnetum e Welwitschia constituem uma exceção dentro das
gimnospermas por apresentar vasos verdadeiros e fibras na estrutura básica do xilema,
assemelhando-se às angiospermas.

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GIMNOSPERMAS
CLASSE ORDEM Família Gênero - espécie
Cycadophyta Cycadales Zamiaceae Dioon spp.
Encephalartos spp.
Zamia ulei, Zamia boliviana, Z. brogniarti *
Cycadaceae Cycas revoluta *, C. circinalis, C. media
Ginkgophyta Ginkgoales Ginkgoaceae Ginkgo biloba *
Coniferophyta Coniferales Pinaceae Abies alba *, A. balsamea
Larix decidua, L.laricina*
Picea abies *
Cedros atlântica *, C. deodora *, C. libanii *
Pinus canariensis, P.echinata, P.elliottii *, P.taeda *,
P.patula
Cupressaceae Chamaesyparis lawsoniana, Chamaesyparis pisifera *,
Cupressus arizonica, C. funebris *, C. lusitanica *, C.
macrocarpa*, C. sempervirens *, Thuja occidentalis,
Thuja orientalis *, Junniperus communis
Taxodiaceae Cryptomeria japonica , Cunninghamia lanceolata *,
Metasequoia glyptostroboides *, Sequóia sempervirens*,
Sequoiadendron giganteum, Taxodium disticum*,
Podocarpaceae Podocarpus lambertii *, P. selowii
Cephalotaxaceae Cephalartus harringtonia
Araucariaceae Agathis robusta, A. angustifólia *, A. araucana, A.
bidwilii*, A. columnaris*, A.heterophylla
Taxophyta Taxales Taxaceae Taxus baccata
Chlamydospermae Gnetales Ephedraceae Ephedra tweeieana

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Verifica-se uma nítida preponderância das coníferas (Classe Coniferophyta – Ordem
Coniferales) sobre os demais táxons gimnospérmicos, a qual se manifesta tanto no número
de espécies como na amplitude da distribuição geográfica e na importância econômica.
Não se pode esquecer, que gimnospermas e coníferas não são termos equivalentes e
que o ultimo, é apenas parte do primeiro. Os Ginkgo, Taxus e Ephedra, por exemplo, não
são coníferas, apesar de verdadeiras gimnospermas.
As gimnospermas são pouco numerosas na flora brasileira, incluindo apenas os
gêneros Araucaria, Podocarpus, Zamia, Gnetum e Ephedra. Destes, somente os dois
primeiros incluem espécies arbóreas. Os demais carecem de interesse econômico atual e
não produzem madeira utilizável, tendo os indivíduos adultos uma estrutura caulinar pouco
lenhosa (Zamia) ou do tipo cipó (Gnetum e Ephedra).
O gênero Zamia possui de seis a oito espécies amazônicas. O gênero Gnetum
também inclui diversas espécies hileianas, conhecidas localmente como ‘toás’ e utilizadas
em trabalhos de cestaria. Ephedra tweediana, a única espécie sul-rio-grandense do gênero,
é também arbusto trepador, pouco conhecido e se interesse na atualidade. Os gêneros
Araucária e Podocarpus possuem espécies nativas valiosas pela produção de madeira.
Apesar de reduzido o número de espécies de gimnospermas na flora brasileira, o
grupo assume grande importância, devido às numerosas espécies introduzidas para fins
ornamentais ou madeireiros. O catálogo das gimnospermas cultivadas depende da região
focada. As espécies mais comuns no sul do Brasil são originarias dos Estados Unidos
(Pinus elliottii, Pinus taeda) e Europa (P. silvestris, P.pinaster e P.pinea), ao passo que no
centro e norte do país são cultivadas espécies de caráter mais tropical, provenientes de
América Central (Pinus caribeana, P.oocarpa) ou Sudeste Asiático (P.merkusii, P.kesiya).

I. CLASSE CYCADOPHYTA – CYCADATAE


Os representantes incluídos nesta classe têm folhas inteiras ou mais ou menos
penadas, grandes, em geral pecioladas. Óvulos produzidos em megasporófilos, em geral
modificados.

Ordem Cycadales:
São plantas caulescentes ou acaules, com folhas grandes, penadas, dispostas em
espiral. As folhas nascem enroladas e em geral são produzidas em grupos numerosos,
periodicamente; são longamente persistentes e ao caírem deixam os restos do pecíolo
revestindo o caule. Este pode ter a forma de estipe ou então se apresentar algumas vezes
bifurcado, sempre com o ponto vegetativo coroado por um tufo de folhas. Nos gêneros
acaules, as folhas nascem diretamente de uma porção subterrânea, globoide. As plantas são
de sexo separado.

1. Família Zamiaceae

As flores masculinas e femininas estão reunidas em densos estróbilos e ocupam uma


posição lateral na coroa de folhas. São cultivadas como ornamentais. Destacam-se Dioon
(originário do México), Encephalartos (originário da África) e Zamia (com espécies no
Brasil, Bolívia, Porto Rico e Estados Unidos).
Zamia ulei, Zamia boliviana, Z. Brongniarti: as três espécies são espontâneas no Brasil,
na Bacia Amazônica até os Andes Bolivianos.

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2. Família Cycadaceae

Flores masculinas em enormes estróbilos laterais. Flores femininas terminais, não


estrobiliformes, são livres, dispostas no centro da coroa das folhas assimiladoras.
Cycas revoluta: o tronco alcança 5-8m de altura, sustenta uma coroa de folhas; o
comprimento das folhas varia entre 1,5 e 2m. Folíolos rígidos, retos, lanceolados, com
margem revoluta. O parênquima da medula do tronco fornece matéria prima para
preparação de sagu. Por isto e por ser altamente ornamental é cultivada em larga escala nos
países de clima tropical e subtropical. Espécie dióica, originária da Ilha de Java. No Sul o
Brasil é conhecida como ‘sagu-de-jardim’ ou ‘palma-de-ramos’.
As folhas são verde-escuras na face superior e verde-claras na inferior, apresentam uma
única nervura longitudinal.
Os estróbilos masculinos são oblongos (30 a 40mm) e compostos por escamas planas de
cor castanha. Os indivíduos cultivados, em geral femininos, apresentam cone terminal não
estrobiliforme reunindo folhas carpelares aveludado-ocráceas. Os óvulos, em número de 2 a
8, dispõem-se na parte inferior e lateral das folhas carpelares.

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I. CLASSE GINKGOPHYTA

Ordem Ginkgoales:

1. Família Ginkgoaceae
Restringe-se atualmente a um único gênero e espécie – Ginkgo biloba -, tida como um
verdadeiro fóssil vivo por seus caracteres morfológicos e anatômicos. O nome genérico
vem do japonês ‘gin-kyo’, que significa ‘fruto-de-prata’.
A família teve uma distribuição muito ampla no passado. No Rio Grande do Sul, por
exemplo, registra-se a presença de Ginkgoites antartica no afloramento Passo das Tropas,
da Formação Santa Maria.

Ginkgo biloba L.
Sinonímia: Salisburia adiantifolia Smith. Originário do Leste da Ásia é cultivado como
curiosidade cientifica e para fins ornamentais em muitos países. A espécie nunca foi
encontrada em forma silvestre e sobreviveu até hoje por serem as árvores reverenciadas por
monges budistas na China e Japão. No século XVIII foi introduzida na Europa, sendo desde
então muito admirada no mundo ocidental e amplamente difundida. É arvore de grande
porte, dióica, caducifólia e de ramificação simpodial. Alcança 30m de altura, constituindo-
se de um ou vários troncos e copa geralmente estreita, de forma piramidal. A casca varia de

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castanho-acinzentada a castanho-escura, mostrando fissuras profundas e entrelaçadas em
indivíduos adultos.
As folhas, simples, pecioladas e reunidas em fascículos, estão dispostas em curtos
raminhos laterais. O limbo varia de 3 a 8 cm de comprimento e tem forma de leque, inteiro,
lobulado ou dentado na parte superior, e com nervação dicotômica muito característica. A
forma e disposição das nervuras lembram certas pteridófitas, sugerindo a especulação sobre
a origem das gimnospermas a partir deste grupo de plantas.
As flores masculinas, reunidas em estróbilos cilíndricos, de cor amarela, dispostos
sobre curtos brotos, compõem-se de muitos estames, com anteras bitecas divergentes. A
polinização é anemófila.
A estrutura feminina reduz-se a dois ou três óvulos, sustentados por um longo
pedúnculo comum. Quando desenvolvida, tem o aspecto de uma falsa drupa de cor amarela
e odor desagradável, medindo de 1,5 a 2,5 cm de comprimento. A semente, comestível
quando tostada, tem forma oval.
A maioria dos indivíduos cultivados no Rio Grande do Sul é do sexo feminino. São
arvores muito ornamentais, destacando-se pela coloração amarela das folhas no outono.
Pode ser considerada como a mais primitiva das espécies arbóreas existentes.
A estrutura anatômica do tronco de Ginkgo biloba é semelhante à das Coniferophyta,
que são de evolução superior. A medula é fracamente desenvolvida. Da medula para a
periferia acha-se o xilema secundário, composto de traqueídes e contendo estreitos raios
medulares. A camada cambial acrescenta cada ano novos cilindros de xilema secundário.
As árvores de Ginkgo biloba podem alcançar até 4m de circunferência.
Esta espécie é considerada um fóssil vivo, pois é o único sobrevivente de um numeroso
grupo. Mesmo este sobrevivente está desaparecendo sem que se saibam as causas.

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FECUNDAÇÃO: nas Cycadaceas e Ginkgoáceas, a fecundação é intermediária entre as
samambaias e outras plantas sem frutos, os anterozóides ‘nadam’. Os gametófitos
masculinos são haustoriais, absorvendo nutrientes do óvulo enquanto crescem. O tubo
polínico não penetra no arquegônio, se rompe na vizinhança e libera anterozóides
multiflagelados. Os anterozóides nadam para o arquegônio e um deles fecunda a oosfera.

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III. CLASSE CONIFEROPHYTA
Plantas com folhas geralmente pequenas, sésseis, inteiras, de orma aciculada,
lanceolada ou escamiforme.
Órgãos de reprodução reunidos em cones (estróbilos), freqüentemente
acompanhados de escamas estéreis. Tem o maior número de representantes vivos, com
cerca de 600 espécies, distribuídas principalmente no Hemisfério Norte, tanto nas planícies
como nas montanhas, formando em algumas regiões, matas extensas, compostas de uma só
ou poucas espécies. No Hemisfério Sul ocorrem com freqüência nas zonas temperadas,
formando matas nas planícies. Nas zonas tropicais adaptam-se ao ambiente de altitudes
maiores, ocorrendo nas planícies, com maior freqüência os grupos termófilos.
A maioria são plantas arborescentes com ramificação monopodial.

Ordem Coniferales:

Famílias: Pinaceae, Cupressaceae, Taxodiaceae, Podocarpaceae, Araucariaceae.

1. Família Pinaceae
Plantas arbóreas de grande porte. Tem grande importância econômica, pois são
fornecedoras de madeira, matéria prima para produção de papel, resinas e vários outros
produtos.
As folhas são persistentes, com exceção de Larix, que são caducas. Os estróbilos
são unissexuados e a maioria dos gêneros é monóico-diclinos. Os estróbilos masculinos são
menores, quando novos de cor amarelada ou avermelhada; os femininos são de tamanho
maior, verdes quando jovens e de cor marrom após a maturação. É a maior família de
Gimnospermas vivas, com centro de dispersão no Hemisfério Norte. Pertencem a ela os
gêneros: Abies, Cedrus, Larix, Picea e Pinus.

Gênero Abies Mill., com cerca de 40 espécies, conhecidas popularmente como


abetos, caracteriza-se pela presença de cones eretos e folhas solitárias, providas de duas
faixas estomáticas esbranquiçadas na face inferior. Das várias espécies européias de
interesse florestal, destaca-se Abies alba Mill., produtora de madeira valiosa para confecção
de tampos de instrumentos musicais e, Abies balsamea (L.) Mill., originária da América do
Norte, é a fonte do ‘bálsamo-do-Canadá’, utilizado em microscopia.

Gênero Larix Mill., reúne cerca de 10 espécies caducifólias, raramente encontradas


no Brasil, mas de grande importância florestal em seus países de origem. Com cinco ou
mais folhas lineares curtas por fascículo, e cones eretos de maturação anual, os ‘lariços’
apresentam algumas espécies que merecem destaque. Larix decidua Mill., originaria da
Europa Central, é a arvore produtora da ‘terebentina-veneziana’. Larix laricina (DuRoi) K.
Kock, uma das mais importantes árvores do Canadá.

Gênero Picea A. Dietrich, compreende cerca de 40 espécies de interesse madeireiro


e ornamental. As árvores apresentam folhas solitárias de secção quadrada e cones
pendentes. Picea abies (L.) Karsten é uma das mais importantes essências florestais da

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Europa Central, sendo ainda tradicionalmente utilizada como árvore de natal em sua região
de origem.

Gênero Cedrus Link – compreende apenas quatro espécies, originárias da região do


Mediterrâneo e Himalaia. Árvores ornamentais e de aspecto majestoso pela copa ampla e
longos ramos horizontais, apresentam folhas persistentes em secção geralmente triangular,
que se reúnem em fascículos com mais de cinco acículas, concentradas na extremidade de
curtos raminhos laterais. Os cones, eretos, levam de 2 a 3 anos para amadurecerem. Ao
contrario das demais coníferas, os cedros florescem em outono. São de relativa freqüência
em praças e jardins no Sul do Brasil.

Cedrus atlantica (Endl.) Carr.


Sinonímia: Cedrus africana Gordon ex Knight; Pinus atlantica Endl.; Abies
atlantica Lindley & Gordon.
Árvore de grande porte (40m), originaria da África. São muito características a copa
cônico-irregular organizada em camadas, a ramificação horizontal, a folhagem verde-
azulada e a posição ereta dos brotos terminais. A casca, lisa e castanho-acinzentada, torna-
se escura e sulcada ao envelhecer, desprendendo-se em lâminas. O crescimento é lento,
ultrapassam os 500 anos de idade.
As folhas, de 1 a 3cm de comprimento, apresentam secção quadrada e se agrupam
em fascículos de 40 a 70 acículas, dispostas na extremidade de curtos raminhos laterais, à
semelhança de um pincel.
Os estróbilos masculinos, de cor amarela e com 2 a 5cm de comprimento, são
cilíndricos, estreitos e ligeiramente curvos em direção ao ápice. Os cones femininos,
cilíndrico-oblongos e de cor marrom clara, medem cerca de 6 cm de comprimento e 4 cm
de diâmetro. As escamas muito largas têm o ápice achatado ou ligeiramente fendido, e as
sementes, resinosas, são providas de asa bem desenvolvida (2cm).
As árvores, muito ornamentais pela forma e tonalidade da copa, requerem espaços
abertos, sendo indicadas para parques e praças públicas. A propagação é fácil via sementes.
Preferem solos permeáveis, arenosos ou pedregosos. Resiste bem a geadas e poluição
ambiental.
A madeira é durável e de boa qualidade para carpintaria, moveis de jardim e
revestimentos.

Cedrus deodora (Roxb.) Loud.


Sinonímia: Cedrus indica Chambray; Cedrus libani var. deodora Hook; Abies
deodora Lindley; Larix deodora K.Koch; Pinus deodora Roxb.
Árvore de grande porte, copa piramidal e longos ramos horizontais. O ápice do
tronco e as extremidades dos ramos são pendentes.
A casca, acinzentada e lisa em plantas jovens, quando velha forma escamas de cor
escura, com 5 a 25cm de comprimento.
As folhas são aciculares, verde-escuras e um pouco mais longas do que na espécie
atlantica. Os estróbilos masculinos, de cor amarela, medem entre 2,5 e 5 cm de
comprimento, os femininos, eretos, marrom-avermelhados e sésseis, variam de 7 a 12 cm
de comprimento e têm forma ovóide.

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Espécie de crescimento rápido, requer solos profundos, férteis e arejados, as árvores
são parcialmente caducas em invernos muito frios.
É originário do Himalaia e largamente cultivado em todo o mundo para fins
ornamentais. Produz madeira aromática moderadamente dura e muito resistente à
intempérie, prestando-se para a construção civil, telhas, dormentes, móveis e trabalhos de
carpintaria.

Cedrus libani (Loud.) A. Rich.


Sinonímia: Cedrus libanensis Juss. ex Mirbel; Cedrus libanitica Trew ex Pilger;
Cedrus cedrus Hunt; Cedrus patula K.Koch; Pinus cedrus L.; Larix cedrus Mill.;
Larix patula Salib.; Abies cedrus Poiret.
Árvores de grande porte (até 40m), apresentam tronco geralmente bifurcado,
folhagem verde-escura e casca acinzentada. Os indivíduos velhos caracterizam-se pela
forma aplanada do ápice da copa e a disposição em camadas das robustas ramificações.
Distingue-se da espécie do Himalaia pelos ramos com extremidades eretas, não
pendentes.
A casca, castanho escura, é densamente fissurada e as acículas, muito curtas (2 a
3cm), aparecem reunidas em fascículos, na extremidade de curtos braquiblastos.
Os estróbilos masculinos são oblongos, de 2,5 a 4 cm de comprimento. Os cones
femininos, eretos e dispostos em ramos de cor castanha, mostram uma forma ovóide-
oblonga, com 9 a 14 cm de comprimento. As sementes são aladas, irregularmente
triangulares e membranáceas.
Originaria das montanhas do Líbano. A espécie se propaga com facilidade através
de sementes, que conservam o poder germinativo por até 2 anos. Prefere terrenos
permeáveis, pedregosos ou arenosos, desde que a umidade seja suficiente. Resiste bem a
geadas. Possui crescimento lento, alcança cerca de 1.000 anos. Apresenta madeira leve,
amarelada, muito cheirosa e de grande durabilidade natural.

Gênero Pinus L. – os pinheiros incluem as gimnospermas mais comuns, eles


dominam em amplas extensões da América do Norte e Eurásia e são amplamente
cultivados mesmo no Hemisfério Sul.
Há cerca de 90 espécies de pinheiros, todas caracterizadas pela filotaxia das folhas,
que é única entre todas as coníferas atuais. As folhas dos pinheiros são aciculares. Nas
plântulas, elas têm arranjos espiralados e nascem solitárias sobre os caules. Após um ou
dois anos de crescimento, o pinheiro começa a produzir suas folhas em grupos ou
fascículos, cada um dos grupos de pinheiros contendo um número especifico de folhas
aciculadas e longas, de uma a cinco dependendo da espécie.
A identificação das espécies de Pinus baseia-se principalmente em caracteres das
folhas, cones e sementes.
O gênero Pinus L., de fácil cultivo em povoamentos homogêneos, são plantas
largamente utilizadas em reflorestamento, inclusive no Brasil. Sua importância florestal é
extraordinária, devido à qualidade da madeira, valorizada para fins construtivos e
mobiliários, também para produção de celulose e resina.
As espécies de Pinus que se destacaram, inicialmente, na silvicultura brasileira,
foram Pinus elliottii e Pinus taeda, introduzidos dos Estados Unidos, visto que as
atividades com florestas plantadas eram restritas às regiões Sul e Sudeste. A partir dos anos

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60, iniciaram-se experimentações com espécies tropicais como P.caribeana, P.oocarpa,
P.patula, entre outros, possibilitando a expansão da cultura de Pinus em todo o Brasil,
usando-se a espécie adequada para cada região ecológica.

Pinus canariensis Smith


Originário das Ilhas Canárias. As árvores com até 30m de altura, formam uma copa
estreita e curtos ramos laterais. A casca, espessa e gretada, compõe grandes placas
irregulares castanho-avermelhadas.
As acículas, longas (20-25cm), pendentes e dispostas em verticilos de 3, possuem
cor verde-clara, bordos finamente serrilhados, secção triangular e apresentam dois canais
resiníferos em cada lado do feixe libero-lenhoso.
Os cones femininos são pendentes, com pedúnculos curtos e providos de apófise
escura e obtusa. Medem de 12 a 20 cm de comprimento por 5 a 7 cm de diâmetro. As
sementes têm cerca de 12 mm de comprimento e exibem asa lateral bem desenvolvida
(cerca de 2 cm), membranácea e estriada.
A espécie é bastante sensível ao frio e exigente em luz (heliófila), produz madeira
de boa qualidade, pesada, durável e com alto teor de resina, sendo indicada para dormentes,
carpintaria e construção em geral. O cerne é cor castanho-avermelhado e o alburno é
amarelo.

Pinus echinata Mill.


As árvores caracterizam-se pelo porte grande (24-31m), fuste reto, pode alcançar
120 a 180 cm de diâmetro, casca espessa e avermelhada, dividida em placas de forma
irregular.
As folhas, encontradas geralmente em pares, às vezes em fascículos de 3, são curtas
(7 a 12 cm), possuem cinco canais resiníferos no mesófilo e dois feixes vasculares
internamente à endoderme. Cor verde-azulada e secção semicircular.
Os cones femininos, oblongos, escuros e reunidos geralmente aos pares ou em
grupos, são pequenos (4 a 6 cm), sésseis ou em curtos pedúnculos. As escamas delgadas
terminam em um curto espinho. As sementes, com formato triangular, possuem asa
avermelhada de 3,5 cm de comprimento.
Originário do Leste dos Estados Unidos. Fornece madeira pesada, resistente e
moderadamente resinosa.

Pinus pinea L.
Nativa do sul da Europa e cultivada no Rio Grande do Sul, principalmente como
ornamental, esta espécie de pinheiro apresenta árvores que alcançam de 25 a 30 m de
altura, produzindo uma copa ampla, muito ramificada e semi-esférica (forma de
sombrinha). Este aspecto, de expressivo efeito plástico, reduz o valor da espécie para fins
madeireiros, devido à produção de troncos grossos, relativamente curtos e retorcidos. É,
contudo indicada para o cultivo em faixas litorâneas por aliar rusticidade e beleza,
qualidades importantes para o reflorestamento de dunas marítimas e arborização de
balneários. Na América do Sul é bastante cultivada no litoral uruguaio.
Apresenta casca acinzentada-escura, com fissuras profundas e raminhos marrom-
claros.

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As acículas, em número de 2 por fascículo, são rígidas e de cor verde-clara, tendo
margem serrilhada e comprimento variável entre 10 e 20 cm. Possuem secção semi-
circular.
Os cones femininos maduros, com formato arredondado, medem de 8 a 15 cm de
comprimento por 7 a 10 cm de diâmetro. A cor oscila do castanho-claro ao castanho-
avermelhado.
As sementes são grandes (até 2 cm) e comestíveis, ápteras ou providas de asas
rudimentares. São muito ricas em óleos, constituindo alimento bastante apreciado na região
de origem e utilizadas em numerosos pratos da cozinha italiana.
A madeira contém pouca resina, dureza baixa a média, resistência mecânica
mediana e baixa retratibilidade, sendo indicada para postes, estacas, esteios de minas,
estruturas, soalhos, parquetes, janelas, mobiliário maciço e embalagens.

Pinus elliottii Engelm – ‘Pinheiro-americano’


Originário do Sudeste dos Estados Unidos, este pinheiro cresce em terras de baixa
altitude (até 150 m). Em razão do excelente crescimento em zonas de clima subtropical
úmido, é largamente cultivado no sul do Brasil.
As árvores alcançam de 25 a 30 m de altura com 60 a 90 cm de D.A.P. A casca,
acinzentada e sulcada em indivíduos jovens, modificam-se apresentando placas espessas (2
a 4 cm), marrons-avermelhadas em exemplares adultos.
As folhas, reunidas em fascículos de 2 a 3 acículas, são longas (12 a 30 cm),
flexíveis, cor verde-brilhante e com margem finamente serrilhada. Possuem 2 a 10 canais
resiníferos, situados internamente no mesófilo, e bainha persistente.
Produzidos no inicio da primavera, os estróbilos masculinos concentram-se nas
extremidades dos brotos jovens; os cones femininos, pedunculados, têm forma ovóide,
ligeiramente, curva e assimétrica. As sementes possuem asas oblíquas de 2 a 3 cm de
comprimento.
Espécie heliófila, de rápido crescimento. Assemelha-se a Pinus taeda, diferindo em
alguns aspectos importantes. As acículas de P. elliottii, mais longas e de cor verde mais
clara, têm secção semicircular, ocasionalmente triangular; os cones são nitidamente
pedunculados e castanho-avermelhados. Em P.taeda, as acículas, normalmente mais curtas,
mostram um tom mais escuro e secção sempre triangular; os cones são sub-sésseis e de cor
acinzentada.
A madeira é usada para construções leves e pesadas, confecção de embarcações e
caixas, para poste requer tratamento preservativo. As fibras são longas e adequadas para
fabricar papel. Produz bastante resina.
A planta tem baixa exigência nutricional o que permite seu plantio em ambientes
com condições adversas, como regiões áridas, frias, topos de montanhas e solos com baixa
fertilidade. Em 8 anos já está pronto para o corte.
P. elliottii é um simbionte obrigatório de um basidiomiceto que forma micorrizas.
Essa micorriza tem maior chance de se estabelecer em solos ácidos. A associação entre o
fungo e as raízes facilita o estabelecimento deste Pinus em solos pobres.
Foi introduzido em São Paulo em 1948 por interesse florestal. É a principalmente
espécie plantada para fins comerciais no sul do Brasil. Suas principais finalidades são
madeira (móveis, celulose, laminação, compensados, etc.), celulose de fibra longa e resina.

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Impactos ecológicos: na região da Estepe, representa a total substituição da
vegetação original, pois essas espécies são heliófilas. Já em ambientes florestais, tendem a
permanecer algumas espécies do sub-bosque. Os povoamentos de Pinus spp.tendem a ser
monoespecíficos impedindo a instalação de outras formas de vegetação. Aumentam a
acidez do solo. Transformação de ecossistemas abertos (campos, restingas, etc.) em
ecossistemas fechados (florestal) com perda de biodiversidade por sombreamento, o que
leva à exposição do solo e erosão, e assoreamento de cursos de água, com impactos sobre a
fauna aquática. A deposição de serrapilheira de lenta decomposição dificulta a germinação
de espécies nativas.
Prevenção: espécies anemocóricas são muito difíceis de controlar após o
estabelecimento, pois o vento pode propagar suas sementes por centenas de metros, o
melhor é não plantar a espécie, mas caso isto ocorra, deve-se plantar uma linha de árvores
quebra-vento ao redor do talhão.
O fomento ao uso da espécie no país carece de medidas adequadas de controle da
dispersão das plântulas. O uso da espécie deve ser destinado exclusivamente para produção
comercial, cessando o uso ornamental, de paisagismo rodoviário ou de sombreamento.

Pinus taeda L. – ‘Pinheiro-americano’


Oriundo das planícies do Golfo de México e Costa Atlântica do sudeste dos Estados
Unidos. Embora coincidente com a área original do P. elliottii, apresenta distribuição mais
ampla.
É a espécie madeireira mais importante dos Estados Unidos. No Brasil, é cultivado
principalmente nas terras mais altas da Serra Gaúcha, Planalto Catarinense e Paraná, com
aproximadamente 1 milhão de hectares.
As árvores alcançam 20m de altura e 100cm de D.A.P., com copa densa, ramos
acinzentados e casca gretada.
Folhas aciculares, verde-escuras, reunidas em grupos de 3 por fascículo e medem 15
a 20 cm de comprimento.
Cones masculinos cilíndricos e amarelados. Os cones femininos ovado-oblongos,
com 6 a 12 cm de comprimento, são sésseis ou sub-sésseis, muito persistentes e com
escamas espinhosas. As sementes são pequenas (5mm) com asas de até 25 mm.
A espécie asemelha-se a P. elliottii, diferindo em vários aspectos de fácil
reconhecimento:
P. taeda P. elliottii
Acículas *mais curtas e mais escuras, *mais longas, verde mais
secção transversal triangular clara, secção semi-circular,
às vezes triangular
*sempre 3 *3 ou às vezes 2
Cones *praticamente sésseis, cor *pedunculados, tendem ao
acinzentada castanho-avermelhado

A madeira é usada para construção, móveis e caixotaria. Fibras longas adequadas


para fabricação de papel. Produz bastante resina.
Prefere locais com precipitação entre 900 e 2.200 mm, com períodos de seca de até
2 meses, com temperatura mínima de 4ºC e máxima de 25ºC. solos de textura leve a
pesada, geralmente ácidos, suporta curtos períodos de alagamento.

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Espécie heliófila, de rápido crescimento e alta competitividade. Invasora nos
mesmos ecossistemas que P. elliottii.

Pinus patula Cham.et Schlecht.


Originário da região montanhosa do México Central, em regiões com altitude entre
1.500 a 3.100m, apresenta o melhor desenvolvimento em solos úmidos e bem drenados, em
locais com precipitação média anual entre 1.000 e 1.500 mm.
É uma espécie facilmente identificada pelas acículas verde-pálidas, finas e
pendentes, acículas longas (20 a 30 cm), bordes finamente serrilhados, reunidos em
fascículos de 3, bainha persistente.
Casca grossa, acinzentada e fissurada na base, e casca fina marrom-avermelhada e
desprendendo-se em escamas na parte superior.
Os cones femininos são sésseis, extremamente persistentes, medem de 7 a 10 cm de
comprimento e dispõem-se em grupos de 3 a 6.
A espécie foi introduzida com muito sucesso em numerosos países tropicais e
subtropicais. Sua madeira tem grande utilidade para processamento mecânico e na
fabricação de papel.
Na Serra da Mantiqueira, no Sudeste de Minas Gerais e no Nordeste de São Paulo,
bem como no Oeste de Santa Catarina e Serra do Rio Grande do Sul, esta espécie apresenta
produtividade de madeira mais alta do que P. taeda.

2. Família Taxodiaceae

Cerca de 15 espécies pertencentes a 10 gêneros. Tiveram no passado geológico


grande importância na composição das florestas do Hemisfério Norte, apresentando na
atualidade uma distribuição nitidamente retidual.
São árvores monóicas, de grande porte, e folhas escamiformes ou aciculares.
Os estróbilos femininos, em geral terminais e solitários, compõem-se de numerosas
escamas persistentes e brácteas. As sementes, de pequeno tamanho, têm asa circundante
reduzida.
As principais taxodiáceas cultivadas no Brasil são:

Cryptomeria japonica (L.f.) D.Don. ‘cedro-japonês’


Árvore de grande porte, de forma colunar ou piramidal. Folhas aciculares, de
filotaxia espiralada, medem de 10 a 15 mm de comprimento, com ponta aguda e arqueada
em direção ao ramo.
Os estróbilos masculinos são ovóides, reunidos nas extremidades dos raminhos,
cerca de 10 mm de comprimento. Os cones femininos são globosos, de maturação anual,
medem de 10 a 25 mm, as escamas têm 4 a 5 dentes na margem superior e um múcron
curvo.
A espécie chega a ocupar 30% da área florestal do Japão. Foi introduzida no Brasil
para fins ornamentais e produção de celulose. Em São Paulo o crescimento é satisfatório, de
0,5 a 1,5 m/ano.

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Cunninghamia lanceolata (Lamb.) Hook. ‘pinheiro-chinês’
Inadequadamente conhecido como ‘pinheiro-alemão’. A área natural de ocorrência
compreende a China Central e Meridional, Taiwan, Vietnam e Laos, onde cresce em
altitudes de 500 a 1.800m. Fora desta área original, é plantada em vários países de clima
subtropical, tropical e temperado, incluindo o Brasil.
A árvore apresenta tronco retilíneo, copa piramidal e ramificação irregular, tende a
formar verticilos com a idade. Alcança 25 a 30 m de altura e 200 cm de D.A.P. A casca é
espessa, cor castanha, com fissuras longitudinais.
Folhas lanceoladas, de 2 a 5 cm de comprimento, dispostas em raminhos segundo
dois planos divergentes. Coloração verde-escura na face superior e duas faixas estomáticas
esbranquiçadas na face inferior.
Cones masculinos dispostos em fascículos na extremidade dos ramos do ano. Cones
femininos terminais, ovóides e sésseis; medem cerca de 2 cm de comprimento, compostos
de numerosas escamas coriáceas, imbricadas e providas de dentes.
A espécie é pouco competitiva, resiste mal à pressão exercida por espécies
sombreadoras. A regeneração natural ocorre apenas em povoamentos adultos e ralos.
Apresenta intensa rebrota a partir de gemas dormentes, esta propriedade assegura
uma brotação de cepo, o que a torna uma das poucas coníferas possíveis de serem
manejadas por talhadia.
A madeira é muito leve e uniforme, bastante durável, resistindo à intempérie e
insetos; empregada para construção em geral, miolo de compensados, caixotaria,
revestimentos internos, palitos de fósforo, industria de celulose.

Metasequoia glyptostroboides Hu et Cheng


Árvore de até 45m de altura, com ramificação ascendente e copa longa, caducifólia.
Folhas opostas, lineares, achatadas, retas, medem 1 a 3 cm de comprimento por
2mm de largura. No outono, antes de cair adquirem coloração de amarelo-claro a marrom-
avermelhado.
Cones femininos com longo pedúnculo, globosos ou fusiformes, medem até 2,5cm
de comprimento.
A espécie é considerada um ‘fóssil-vivo’ por ser a única remanescente de um gênero
que teve larga distribuição na era Terciária. Por sua raridade, é cultivada como ornamental
ou curiosidade cientifica. A utilização da madeira é desconhecida. Podemos encontrá-la em
Canela, RS.

Sequoia sempervirens (D.Don.) Endl.


Árvore de grande porte, copa piramidal, com folhagem persistente e casca espessa,
marrom-avermelhada. É o ‘redwood’ dos Estados Unidos, a espécie arbórea de maior porte
em todo o mundo, com alguns exemplares gigantes com mais de 100m de altura.
Folhas lineares ou lanceoladas, de até 2,5cm de comprimento; cor verde-escura e
duas faixas estomáticas mais claras na face inferior, organizadas em planos divergentes, nos
dois lados dos raminhos.
Estróbilos masculinos solitários, em disposição lateral ou terminal, medem 7mm. Os
cones femininos têm consistência lenhosa, são ovóides, medem de 1,5 a 2,5cm de
comprimento, com maturação anual; sementes achatadas, com asa lateral estreita.

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Espécie originária de uma faixa costeira estreita dos Estados Unidos que vai do Sul
do Oregon até o Centro da Califórnia, região de clima muito úmido.
Merece maior difusão no Rio Grande do Sul, na Serra demonstrou excelente
crescimento.
A madeira é muito resistente à decomposição e ao ataque de insetos; muito forte
indicada para obras ao ar livre ou para interiores.

Sequoiadendron giganteum (Lindl.) Bucholz.


Árvore de grande porte, copa piramidal e folhagem persistente. Originária da Serra
Nevada, na Califórnia, conhecida como ‘big tree’ ou ‘sequoia gigante’, famosa por sua
extraordinária longevidade (alguns possuem ao redor de 4.500 anos).
A casca é muito grossa (até 60 cm), macia, avermelhada, com profundas fissuras.
Folhas escamiformes ou sub-aciculares, com 11 mm de comprimento; cor verde-
azulada, dispostas espiraladamente em raminhos.
Estróbilos masculinos terminais, solitários e sésseis. Cones femininos de forma
ovóide e maturação bianual.
A espécie distingue-se pelo tronco mais robusto que a Sequóia sempervirens,
produzindo maior volume de madeira. O famoso ‘General Sherman’, no Parque Nacional
das Sequóias (Califórnia), ultrapassa os 9 m de D.A.P. e o peso do seu tronco foi estimado
em 1.400 tn.
A altura dos maiores indivíduos é inferior à Sequóia sempervirens, alcançando no
máximo 80 a 90 m.

Taxodium distichum (L.) Rich. ‘cipreste-calvo’ ou ‘cipreste-dos-pântanos’


Árvore de grande porte, copa cônica e folhagem caducifólia. Casca espessa (até 6
cm), cor marrom-avermelada.
Folhas lineares, dispostas em dois planos divergentes nos raminhos, cor verde-
claras, de até 2cm de comprimento.
Originaria das planícies costeiras do sudeste dos Estados Unidos, encontra-se
principalmente no Delta do Mississipi e na Florida, onde cresce em altitudes de até 30m.
Nos solos pantanosos desenvolve raízes respiratórias ou pneumatóforos.
Fácil propagação por sementes ou estacas, em substrato muito úmido.
Espécie de crescimento lento; madeira com alta durabilidade natural.
É uma espécie de alto potencial para a silvicultura brasileira, tendo em vista sua
preferência por áreas alagadiças, ecologicamente incompatíveis com a maioria das espécies
florestais nativas e comumente deixadas sem utilização.

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3. Família Cupressaceae

Arbustos ou arvores, muito ramificados. Folhas geralmente escamiformes,


pequenas, imbricadas.
Estróbilos masculinos pequenos, terminais, dispostos nas curtas ramificações.
Estróbilos femininos com poucos pares de macrosporófilos.
A família está dividida em três subfamílias, segundo características dos estróbilos
femininos:

3.1. Subfamília Cupressoideae


Estróbilos lignificados. Os macrosporófilos ao amadurecer afastam-se longe uns dos
outros. Plantas monóicas. Cones femininos de maturação bianual (Cupressus). Cones
femininos de maturação anual (Chamaesyparis).

Chamaesyparis lawsoniana (A. Murr.) Parl.


Árvore de grande porte (até 60m), copa piramidal; raminhos planos dispostos
horizontalmente. Folhas escamiformes.
Estróbilos masculinos terminais, avermelhados quando maduros. Cones femininos
globosos, castanho-claros, com 10 mm de diâmetro; possuem 8 escamas, com múcron
agudo.
A madeira é de excelente qualidade para todos os usos e duradoura em contato com
o solo.

Chamaesyparis pisifera (Sieb. et Zucc.) Endl.


Freqüente em parques e jardins no Sul do Brasil. Copa Piramidal, raminhos
comprimidos, dispostos em forma horizontal.
Folhas escamiformes, acuminadas, de ápice recurvado, com bordas inteiras e faixas
esbranquiçadas na parte inferior.
Cones globosos, de maturação anual, 7mm de diâmetro, com 10 a 12 escamas
rugosas, providas de pequeno múcron dorsal. Sementes aladas.

Cupressus arizonica Greene


Árvore de madeira e ornamental, de crescimento rápido. Tronco reto e copa
piramidal.
Folhas escamiformes, agudas, imbricadas, verde-azuladas e com finos dentes nas
margens.
Cones femininos esféricos (2 a 3 cm), de cor verde-azulada, 6 a 8 escamas.
Espécie rústica, aceita qualquer condição de solo, mesmo terrenos superficiais,
calcários ou secos. Resistente a baixas temperaturas, indicado para quebra-ventos.

Cupressus funebris Endl.


Árvore ornamental, de porte médio a grande (25 m). Distingue-se facilmente dos
outros ciprestes por ter raminhos pendentes e ramificados num mesmo plano.
Folhas escamiformes, verde-claras, agudas e livres no ápice.
Cones femininos castanho-escuros, pequenos, globosos, 7 mm de diâmetro.
O porte pequeno limita o interesse para a silvicultura, seu cultivo é valorizado em
cemitérios. No Sul do Brasil é conhecido como ‘cipreste-chorão’.

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Cupressus lusitanica Mill.
A árvore alcança até 30 m de altura, ampla copa piramidal, ramos horizontais que se
curvam para baixo nas extremidades.
Folhagem verde-clara e casca marrom. Folhas escamiformes, ovadas, de 1 mm.
Cones femininos globosos, medem de 10 a 15 mm de diâmetro e reúnem 6 a 8
escamas peltadas, providas de robusta apófise dorsal. Têm coloração cinza-azulada quando
jovens, que desaparece na maturação.
Espécie muito difundida no Brasil como ornamental, isoladamente, em cercas-vivas
e quebra-ventos. Também desperta grande interesse para produção de madeira e celulose.

Cupressus macrocarpa Hartw.


Árvore de grande porte, com tronco curto e grande copa piramidal. No Rio Grande
do Sul é conhecido como ‘cipreste-de-Monterrey’ ou ‘cipreste-lamberciana’.
As folhas verde-escuras, escamiformes e obtusas, dispostas em mais de um plano
nos raminhos terminais, medem 1mm de comprimento e exalam odor resinoso
característico quando esmagadas.
Cones femininos castanho-claros, sub-globosos, com 8 a 14 escamas, 2 a 2,5 cm de
diâmetro.
A planta prefere solos férteis, profundos, não compactados. Ressente-se com o frio e
exige umidade atmosférica elevada. Também suporta secas prolongadas e podas freqüentes.
Indicada para quebra-ventos.

Cupressus sempervirens L.
Árvore de grande porte, até 30 m de altura. Distingue-se com facilidade por ter copa
colunar e ápice agudo, folhagem verde-escura, os cones com tamanho nitidamente maiores
que os outros.
Folhas escamiformes, obtusas, 1mm, dispostas em diversos planos nos raminhos
terminais.
Os cones masculinos são solitários, amarelados, terminais, de até 8mm de
comprimento. Os cones femininos são acinzentados, medem 3 a 4 cm de diâmetro e têm 8 a
14 escamas.
Conhecido popularmente como ‘cipreste-italiano’. É rústico e de rápido
crescimento inicial.

3.2. Subfamília Thujoideae


Estróbilos lignificados. Os macrosporófilos ao amadurecer se curvam para os lados.

Thuja occidentalis L.
Árvore de porte média (até 20 m de altura e 90 cm de diâmetro). No Brasil o seu
cultivo é ornamental. Existem várias variedades.
Copa cônica, estreita. Folhas escamiformes, muito aproximadas em arranjo oposto-
cruzado nos raminhos horizontais.
Cones masculinos globosos, pequenos, terminais, amarelos, constituídos por 3 pares
de folhas polínicas. Cones femininos oblongos, cor marrom-clara, até 10 mm de diâmetro;
8 a 10 escamas delgadas e lisas, com um pequeno múcron espinhoso.

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Thuja orientalis L.
Conhecida como ‘tuia’ ou ‘árvore da vida’. Possui grande valor ornamental, sendo
cultivada em jardins, cemitérios e parques no Rio Grande do Sul. Adapta-se à formação de
cercas-vivas.
Alcança uma altura máxima de 20 a 30 m, copa piramidal.
Folhas escamiformes, imbricadas, com disposição oposta-cruzada, estando os
raminhos organizados em planos mais ou menos verticais.
Cones masculinos terminais, amarelos, com diversas folhas polínicas peltadas, e
arranjo oposto. Cones femininos ovóides, de até 15 mm, pendentes, de cor verde-azulada
quando jovens e castanho-avermelhada quando maduros, têm escamas lenhosas com
múcron recurvo.

3.3. Subfamília Juniperoideae


Estróbilos femininos carnosos. Cerca de 70 espécies desde o Ártico até os
subtrópicos.

Junniperus communis L.
Arbusto ou pequena árvore (até 12m). Conhecido como ‘zimbro’ em Portugal, é
conhecido por ser matéria prima para fabricação de gim.
Planta de forma piramidal. Folhas aciculares de 12 a 15 mm de comprimento, verde-
escuras, com uma faixa esbranquiçada na face superior, dispostas em verticilos trímeros.
Os cones femininos (gálbulas) são carnosos, ovóides (6mm) de cor preto-azulada. A
maturação é lenta, ocorre no outono do segundo ou terceiro ano.

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4. Família Podocarpaceae

Abrange sete gêneros e 150 espécies distribuídas nas regiões tropicais, subtropicais
e temperadas do mundo. É família mais numerosa de coníferas do Hemisfério Sul; com
espécies monóicas e dióicas.
Os amentilhos masculinos compõem-se de muitas folhas polínicas bitecas, enquanto
que as flores femininas aparecem em geral solitárias e reduzidas a um único óvulo. As
sementes estão presas a um receptáculo carnoso, chamado epimácio.
Na flora brasileira destacam-se Podocarpus lambertii e Podocarpus sellowii, por
ocorrerem no Sul do país (nativas).

Podocarpus lambertii Klotz. ‘Pinheiro-bravo’


Árvore de porte média (15m de altura), que ocorre desde Minas Gerais até o Rio
Grande do Sul.
Os indivíduos jovens apresentam tronco reto, crescimento monopodial e copa
cônica, na fase adulta verifica-se uma tendência à tortuosidade, inclinação e ramificação do
tronco, bem como formação de copa arredondada.
Folhas simples, lineares, verde-escuras brilhantes na face superior e opacas na
inferior, medem 7cm de comprimento; são glabras, uninervadas e de margem inteira.
Estróbilos masculinos com 8 a 12 mm de comprimento, reunidos em grupos de 3 a
6, no ápice de um delgado pedúnculo axilar, com 5 a 10 mm de comprimento.
A estrutura reprodutiva feminina é axilar, solitária e sustentada por um curto
pedúnculo (15mm). A semente, subglobosa, mede cerca de 5mm de diâmetro.
Conhecida como ‘pinheiro-bravo’ ou ‘pinheirinho’, tem ampla distribuição
geográfica no Rio Grande do Sul. Participa da composição da Floresta Ombrófila Mista e
de outras formações no Estado, sendo particularmente abundante no município de
Encruzilhada do Sul (Parque Estadual do Podocarpus).
Em todas as áreas de ocorrência prefere encostas de morros, ravinas e outros sítios
úmidos.
A madeira é leve, macia, branco-amarelada, fácil de ser trabalhada, presta-se para
construção civil, móveis, caixotaria, embalagens para alimentos, lápis e palitos de fósforo.
Como o receptáculo carnoso que aparece associado à semente é utilizado por
pássaros, a dispersão é favorecida.

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Podocarpus sellowii Klotz.
Distingue-se da espécie anterior por suas folhas lanceoladas maiores, de até 10cm
de comprimento por 15mm de largura, e pela ausência de um pedúnculo comum aos grupos
de estróbilos masculinos.
Ocupa uma área mais tropical que a anterior, incluindo a Floresta Amazônica, o
Brasil Central e a Serra do Mar.

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5. Família Cephalotaxaceae
Compreende atualmente um único gênero e seis espécies originarias do Leste da
Ásia.
O gênero agrupa espécies dióico-díclinas, com flores masculinas reunidas em
amentilhos globosos e com numerosos estames rodeados por brácteas em sua base.
Os estróbilos femininos compreendem várias escamas bi-ovuladas, das quais
normalmente se desenvolve apenas um óvulo, produzindo uma semente carnosa e drupácea.
A espécie mais conhecida no Rio Grande do Sul é:

Cephalotaxus harringtonia (Forbes) K.Koch.


Árvore pequena ou em forma de arbusto. No Rio Grande do Sul é cultivada como
ornamental.
Copa pequena, estendida horizontalmente. Folhas lineares, verde-escuras na face
superior e com numerosas faixas estomáticas esbranquiçadas na face inferior, medem 5cm
de comprimento.
Estróbilos masculinos globosos, pequenos (10mm), reúnem brácteas escamiformes
em sua base e 2 a 5 flores, compostas por estames.
A semente, carnosa, verde-escura, situa-se na extremidade de um curto pedúnculo e
mede cerca de 15 mm.

6. Família Araucariaceae
Compreende dois gêneros e cerca de 32 espécies, originarias da Oceania e América
do Sul. Algumas têm grande interesse madeireiro e outras são ornamentais.
As folhas podem ser escamiformes (Araucaria heterophylla), lanceoladas (A.
angustifolia), ou ovado-elípticas (Agathis robusta), com disposição espiralada.
Algumas são monóicas e outras dióicas. Os amentilhos reúnem numerosas escamas
imbricadas, dispostas em espiral, com seis ou mais sacos polínicos. Os cones femininos,
grandes quando maduros (pinhas), produzem uma semente por escama.

Agathis robusta (C.Moore) F.M.Bailey ‘Kauri’


Originária da Austrália e da Nova Guiné. Os adultos alcançam 45m de altura e
300cm de D.A.P., com ramos delgados inseridos perpendicularmente.
Casca cor canela característica, desprende-se em lâminas.
Folhas juvenis ovado-elípticas, sub-sésseis, geralmente opostas. Folhas adultas
elípticas com 5 a 11cm de comprimento e 1,5 a 3cm de largura. Não são pontiagudas nem
dispostas imbricadamente.
Estróbilos masculinos cilíndricos, castanho-ferrugíneos, com 5 a 10cm de
comprimento. Cones femininos globosos, de 8 a 13cm de comprimento por 6 a 12cm de
largura. Sementes livres, não soldadas às escamas.
Conhecida no Rio Grande do Sul como ‘kauri’ ou ‘kauri australiano’. É muito
valorizada na sua região de origem, produzindo após 50 ou 60 anos madeira de alta
qualidade, indicada para usos interiores, móveis, embarcações, instrumentos de desenho ou
música e industria de compensados.

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Araucaria angustifolia (Bert.) O.Ktze.
Único representante na flora brasileira, conhecida como ‘pinheiro-brasileiro’ ou
‘pinheiro-do-Paraná’.
É uma árvore dióica, de copa caliciforme em indivíduos adultos, ramos organizados
em verticilos. Toda a árvore tem a forma de uma gigantesca umbela.
Folhas lanceoladas, sésseis e pungentes, de tamanho variável entre 2 a 6 cm de
comprimento por 4 a 10 mm de largura.

38
Casca espessa, acinzentada, áspera e profundamente fendilhada, descama-se em
placas retangulares.
Estróbilos masculinos com formato cilíndrico, de 10 a 17cm de comprimento por 3
a 4cm de diâmetro, dispostos solitariamente ou aos pares nos brotos terminais. Cones
femininos globosos de 10 a 12 cm (pinhas), têm período de maturação entre 20 a 22 meses.
As sementes são intimamente soldadas às escamas, de cor castanho-avermelhado,
medem de 3 a 8cm de comprimento por 1 a 2cm de diâmetro. Sua produção concentra-se
nos meses de abril a julho, perdendo rapidamente o poder germinativo (15 a 20 dias).
A madeira é indicada para tabuados, compensados, caixotaria, palitos, instrumentos
musicais, carpintaria e marcenaria.

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Araucaria araucana (Mol.)K.Koch.
Árvore de grande porte (até 50m), originaria do Sul do Chile e da Província de
Neuquén, onde forma povoamentos densos e puros. Conhecido como ‘pehuén’.
Tronco reto, de até 150cm de diâmetro, com casca muito espessa e rugosa de cor
castanho-acinzentada-escura. Copa piramidal quando jovem, passa a caliciforme quando
adulta.
Folhas ovado-lanceoladas. Largas (15 a 25mm) e muito imbricadas, no que se
distingue facilmente da espécie brasileira.
Cones masculinos terminais e cilíndricos, permanecem na planta por muitos meses.
Cones femininos com até 20 cm de diâmetro e suas escamas têm um longo apêndice.
Sementes grandes (2x4cm) de cor castanha, comestíveis.
Para um bom desenvolvimento, exige uma micorriza específica, o que dificulta seu
estabelecimento fora do habitat natural.
A distribuição dos ramos em verticilos regulares e a disposição imbricada das folhas
conferem à espécie um efeito ornamental muito valorizado em parques e jardins nos países
de clima temperado. Tem crescimento lento, desestimulando as plantações comerciais. A
madeira é de excelente qualidade para os mais diversos fins.

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Araucaria bidwillii Hook.
Árvore de grande porte, originária da Austrália. Muito cultivada como ornamental
em muitas partes do mundo, por ter rusticidade e porte piramidal simétrico.
No Sul do Brasil apresenta rápido crescimento produzindo plantas de excelente
forma florestal. Os troncos são mais robustos e longos que na espécie brasileira. A casca é
áspera e escamosa.
Folhas verde-escuras, pontiagudas, medem de 2 a 3,5cm de comprimento, dispostas
em dois planos divergentes.
Cones masculinos longos, cilíndricos, esverdeados. Cones femininos ovóides, de 25
a 30 cm de diâmetro, escamas com um pequeno apêndice recurvo. Sementes grandes, de 5 a
6 cm de comprimento por 2,5cm de largura, piriformes e comestíveis.
Conhecida como ‘bunia-bunia’, requer clima subtropical, com abundantes
precipitações e altas temperaturas. Pouco exigente quanto ao solo e resistente a geadas.
Deveria ter uma maior difusão no Rio Grande do Sul em programas de
reflorestamento.

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Araucaria columnaris (Forst.) Hooker
Originária da Nova Caledônia, tem no nome específico uma referência à forma e à
cor escura de sua copa, que lembra colunas de basalto quando as árvores são observadas
desde a costa, no seu local de origem.
A árvore tem porte elegante, de até 50m, tronco geralmente inclinado.
As folhas jovens são lanceoladas, agudas e pungentes (1,2cm de comprimento). As
adultas são marcadamente ovadas (5 a 6 mm de comprimento por 3 mm de largura).
Cones femininos elípticos (15x11cm), escamas aladas e com apêndices de 0,8cm,
voltadas para o ápice do cone. A espécie frutifica abundantemente na zona litorânea de
Santa Catarina.
Uma das espécies mais utilizadas nos jardins no Sul do Brasil assemelha-se a
Araucaria heterophylla, da qual difere por ter folhas adultas e ramos mais curtos.

Araucaria heterophylla (Salib.) Franco


Originaria de Oceania, foi introduzida na África do Sul e outros países tropicais
para produção de madeira. Seu maior interesse deve-se ao efeito plástico que resulta da
ramificação em verticilos regulares, de grande valor ornamental para parques e jardins.
Seu porte é gigantesco (até 65m e 2m de diâmetro).
Como indica seu nome, é heterofilia, as folhas jovens são lanceoladas, fortemente
assoveladas e incurvas, e quando adultas são densamente sobrepostas, curvas e
pontiagudas, medindo de 8 a 12 mm de comprimento. São nitidamente maiores que as de
A. columnaris.
Cones masculinos oblongos, 4cm de comprimento. Cones femininos globosos, 10 a
15cm de diâmetro. Com escamas providas de apêndice triangular, achatado e pontiagudo
em direção ao ápice da pinha.

7. Família Taxaceae
Compreende apenas cinco gêneros com 20 espécies vivas, exóticas à flora brasileira.
Distingue-se das coníferas pela presença de óvulos terminais solitários, que
produzem uma única semente, rodeada por arilo carnoso, semelhante a uma drupa.

Taxus baccata L.
Árvore pequena (até 20m) ou arbusto, perenifólio, muito ramoso, copa piramidal.
Conhecida como ‘teixo’.
Folhas lineares, agudas, coriáceas e curtamente pecioladas, com arranjo dístico. Cor
verde-escura na face superior e mais clara na inferior, até 4cm de comprimento x 3mm de
largura.
Estróbilos masculinos globosos, se agrupam no lado inferior dos raminhos do ano
anterior, de cor amarelada. Inflorescências femininas isoladas, e as sementes rodeadas por
um arilo carnoso, avermelhado.
De crescimento lento. A madeira é muito procurada para esculturas e peças
torneadas.

42
8. Família Ephedraceae
Quarenta espécies de arbustos e lianas, pertencentes a um único gênero: Ephedra.
É um grupo de plantas que mostra maior afinidade com as angiospermas do que
qualquer outra gimnosperma. Esta posição intermediaria é comprovada por diversos
aspectos morfológicos, incluindo a anatomia da madeira. À semelhança das angiospermas,
o xilema secundário apresenta elementos vasculares verdadeiros, em vez de traqueóides.
A única efedrácea da flora sul-brasileira é uma trepadeira lenhosa.

Ephedra tweediana C.A. Meyer


Arbusto trepador, dióico, com até 6m de altura, folhas caducas de 5mm de
comprimento.
Estróbilos masculinos globosos (6mm). Estróbilos femininos pedunculados, cor
avermelhada, carnosos, de 8 a 10mm. Produzem 2 sementes.
Espécie originária do Sul do Brasil, Uruguai e Argentina.

43
DIVISÃO MAGNOLIOPHYTA (ANGIOSPERMAE)

CARACTERÍSTICAS GERAIS:

As angiospermas diferem das gimnospermas por possuírem frutos, isto é, suas


sementes são protegidas e inclusas nos carpelos. Assim, as angiospermas são plantas que
possuem as sementes protegidas por uma folha carpelar fechada, que após sofrer
modificações, origina o carpelo. Após ocorrer ou não a fecundação, o ovário formará o
fruto. Os grãos-de-pólen atingem o óvulo através do estígma.
Há uma regressão muito considerável dos gametófitos, o tubo polínico
(microprótalo) não forma anterozóides; o saco embrionário (macroprótalo) fica reduzido a
poucas células, sendo uma delas a oosfera e outra o mesocisto (núcleos polares), que
originarão, respectivamente, o embrião (2n) e o endosperma (3n).
As angiospermas têm as mais variadas formas de hábito - desde enormes árvores
(Eucalyptus) até minúsculas ervas aquáticas (Lemna e Wolffia); flores simples, até
inflorescências bastante complicadas.
A estrutura das flores pode apresentar-se, a partir do receptáculo, sobre o qual se
inserem os diferentes órgãos florais tais como: sépalas, tépalas, pétalas, estames (androceu)
e carpelos (gineceu), de maneira helicoidal (flores acíclicas), verticilada (flores cíclicas) ou
ambas (flores hemicíclicas). Nas angiospermas predomina a disposição cíclica. O número
de cada verticilo é variável e conforme a relação de simetria deles, distinguimos flores
radiais ou actinomorfas, flores bilaterais ou zigomorfas e flores assimétricas. Cada verticilo
tem estrutura e função bem determinados: flor sem verticilo de proteção - flor aclamídea
(Salix); flor com apenas um verticilo de proteção - flor monoclamídea (Polygonum) , e
neste caso recebe o nome de perigônio (tépalas); flor com dois verticilos de proteção - flor
diclamídea - o externo é o cálice e o interno é a corola, que por sua vez podem ser livres ou
conatas.
As flores, na sua origem, formam inflorescências, que podem manifestar-se sobre o
caule de forma isolada ou conjugada. Podem ter posição axilar ou terminal.
O androceu apresenta as mais variadas formas e pode ser o único componente
sexual de determinadas flores - flores unissexuais masculinas (Ricinus). Os estames podem
sofrer transformações como nectários, estaminódios e petalóides.
O gineceu é o órgão reprodutor feminino e é formado por um ou mais carpelos. O
carpelo está constituído de estigma, estilete e ovário. Cada carpelo contém um ou vários
primórdios seminais (óvulos); o gineceu também apresenta uma grande diversidade de
formas e estrutura.

GAMETOGÊNESE, FECUNDAÇÃO E EMBRIOGÊNESE

O saco embrionário, uninucleado de início, sofre intenso desenvolvimento, ao


mesmo tempo em que o núcleo haplóide do saco embrionário sofre três divisões
consecutivas, formando oito núcleos. Estes ficam imersos no saco embrionário e, conforme
sua posição e futura função, recebem nomes especiais, tais como sinérgidas, oosfera,
antípodas e núcleos polares. Assim, tem-se uma estrutura com 7 células e 8 núcleos.

44
Na camada subepidermal da parte do óvulo, que dará a nucela, uma célula se
destaca pelo tamanho maior, o tamanho do núcleo e a densidade do protoplasma; é a célula-
mãe do macrósporo. Esta se divide duas vezes e forma quatro células, uma grande e três
pequenas. A primeira divisão é redutora. A célula grande e bem desenvolvida é o
macrósporo; as três pequenas são macrósporos abortivos que logo perecem. Neste estado
começa a formação dos integumentos que nascem da base da nucela. O núcleo do
macrósporo sofre várias divisões. Primeiramente dá dois núcleos, depois quatro e,
finalmente, oito. Ao mesmo tempo, o macrósporo aumenta em tamanho, até alcançar a
extensão definitiva do saco embrionário. Nesta expansão destrói e absorve parte da nucela e
os três macrósporos abortivos. Seus oito núcleos se distribuem nas sete células definitivas
do saco embrionário, formando paredes separadoras entre si. Na extremidade próxima à
micrópila, formam-se três células; cada uma com um núcleo haplóide. Uma é a oosfera, as
outras duas chamam-se sinérgidas. No centro há uma célula grande com vacúolos grandes e
dois núcleos haplóides: o polar superior e o inferior. Perto da chalaza ficam mais três
células pequenas, cada uma com um núcleo haplóide, chamadas antípodas.
O tubo polínico (gametófito masculino) surge ao germinar o grão-de-pólen sobre o
estigma. Antes da abertura da antera, o núcleo de cada grão-de-pólen divide-se, formando
uma grande célula vegetativa (célula do tubo polínico) e uma célula menor generativa
(anteridial). Esta célula generativa divide-se, no tubo polínico em crescimento, ou mesmo
antes, em duas células espermáticas (fecundantes), de maneira que os grãos-de-pólen ao
tempo da polinização têm 2 ou 3 células.
Nas angiospermas ocorrem duas fecundações: a oosfera é fecundada por um núcleo
das células espermáticas formando o embrião (2n) e o mesocisto (núcleos polares – 2n) é
fecundado pela segunda célula espermática formando o endosperma secundário (3n). O
embrião amadurece e conta com radícula, caulículo, gêmula e cotilédone (s). Mesmo antes
do pró-embrião (zigoto) dividir-se pela primeira vez, o núcleo do endosperma (3n) começa
a desenvolver-se intensamente, formando o tecido de endosperma que poderá servir de
alimento ao embrião e extinguir-se em seguida, ou constituir-se num tecido de reserva da
semente que somente mais tarde, quando aquela germinar, será consumido pelo embrião.
Quando a semente está madura cessam todos os processos fisiológicos da embriogênese.
Pode haver embriogênese sem ocorrer fecundação. Este caso chama-se de
“apomixia”, isto é, o fenômeno pelo qual se produz um embrião sem haver a fecundação
prévia. Há dois tipos de apomixia: partenogênese e apogamia.
- Partenogênese: é o fenômeno de formação de um embrião a partir de uma oosfera
não fecundada.
- Apogamia: é a produção de um embrião a partir de uma célula qualquer do
gametófito distinta da oosfera como, por exemplo, as sinérgidas, as antípodas ou mesmo as
células da nucela.
- Embrionia adventícia: é qualquer embrião não proveniente da oosfera.
- Poliembrionia: é o fenômeno em virtude do qual se formam vários embriões numa
mesma semente. Ex. Citrus.
O fruto é um órgão que atinge a grande diversificação nas angiospermas. É o
produto do desenvolvimento do ovário fecundado ou não.

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Figura: Macrosporogênese.

46
CLASSIFICAÇÃO DAS MAGNOLIOPHYTA
As angiospermas que vivem hoje representam mais de 200 mil espécies, as quais
estão agrupadas em mais de 10 mil gêneros e aproximadamente 300 famílias.
A classificação das angiospermas, segundo o sistema Melchior (uma adaptação do
sistema de Engler), divide este grupo em duas classes: Dicotyledoneae e
Monocotyledoneae. A primeira classe compreende duas subclasses, Archichlamideae
(flores aclamídeas; monoclamídeas e diclamídeas, dialipétalas) e Metachlamideae (flores
diclamídeas, gamopétalas).
No Sistema de Cronquist (1988), a divisão Magnoliophyta abrange duas classes:
Magnoliopsida (dicotiledôneas) e Liliopsida (monocotiledôneas). A primeira classe é
subdividida em seis subclasses, enquanto a segunda inclui cinco subclasses (Quadro I).

ENGLER CRONQUIST
(1964) (1988)
DIVISÃO Angiospermas Magnoliophyta
CLASSE Dicotyledoneae Magnoliopsida
SUBCLASSES Archichlamydeae Magnoliidae
Metachlamydeae Hamamelidae
Caryophylidae
Dilleniidae
Rosidae
Asteridae
CLASSE Monocotyledoneae Liliopsida
SUBCLASSES Alismatidae
Arecidae
Commelinidae
Zingiberidae
Liliidae

Quadro I – Comparação entre os Sistemas de Classificação de Engler e de Cronquist.

A tabela abaixo relaciona as diferenças entre as classes Magnoliopsida e Liliopsida.

Características Magnoliopsida Liliopsida

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Cotilédones 2 1
Nervação da folhas reticulada paralela
Câmbio presente ausente
Feixes do caule organizados espalhados
Raiz pivotante fasciculada
Flor 2-4 ou 5-meras trímeras
Pólen 3 aberturas 1 abertura

Tabela – Comparação entre as Classes Magnoliopsida e Liliopsida.

A seguir serão apresentadas as principais famílias de interesse agronômico,


posicionando-as na subclasse e ordem correspondentes, de acordo com o Sistema de
Cronquist.

SUBCLASSE I MAGNOLIIDAE
Esta subclasse é caracterizada pelo grande número de características arcaicas e
diversidade de formas das quais poder-se-iam desenvolver as angiospermas mais evoluídas.

1. Ordem Magnoliales

A Ordem Magnoliales compreende 19 familias com cerca de 5.600 espécies. No


Brasil, é representada pelas famílias Winteraceae, Magnoliaceae, Annonaceae, Canellaceae,
Myristicaceae, Monimiaceae, Hernandiaceae e Lauraceae.
São plantas lenhosas, com exceção das do gênero Cassytha da família Lauraceae.
As folhas são simples, de modo geral alternas, opostas em Monimiaceae e em algumas
espécies de Lauraceae e Hernandiaceae, com ou sem estípulas.
Há presença de células oleíferas nos órgãos vegetativos.
Sementes, em geral, com endosperma e embrião basal, de tamanho reduzido.
Somente as sementes das Lauraceae e algumas Hernandiaceae não têm endosperma, e o
embrião é bem desenvolvido, com cotilédones foliáceos.
As características primitivas mais freqüentemente encontradas são: xilema formado
por traqueídes com pontuação escalariforme, ovário apocárpico, numerosos estames, eixo
floral alongado e polinização cantarófila.

1. Família Winteraceae Lindl.


Com oito gêneros e cerca de 70 espécies, mais concentradas na Nova Guiné, a
família é representada no Brasil pela espécie Drymis brasiliensis Miers., com quatro

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variedades, conhecidas popularmente como ‘cataia’, ‘casca-de-anta’, ‘paratudo’, ‘canela-
amargosa’, capororoca’, etc., encontradas no Centro Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.
São pequenas árvores de folhas alternas, sem estípulas, com lenho formado por
traqueídes com pontuação escalariforme; flores de bi a unissexuadas, heteroclamídeas, com
26 sépalas valvares e pétalas imbricadas, dispostas em duas séries. Eixo floral um tanto
alongado, com 4-6 carpelos livres apicais e cerca de 15-20 estames livres, em disposição
espiralada; carpelos com 7-9 óvulos dispostos em placentação circular subapical; estames
com lóculos da antera apicais; pólen em tétrade. Infloresecência cimoso-umbeliforme,
terminal. Frutos apocárpicos, constituídos de 4-6 bagas dispostas radialmente.
A espécie ocorre principalmente em áreas alagadas e em florestas de altitude do
Sudeste e Sul, principalmente na mata dos pinhais.
O fato das Winteraceae não possuírem elementos de vaso, associado à disposição
espiralada das partes florais (à semelhança das gimnospermas), estames pouco
diferenciados em filetes e anteras e gineceu apocárpico, fez com que diversos autores
considerassem esta família entre as angiospermas mais ‘primitivas’ (próximas em
parentesco às gimnospermas).
A madeira presta-se para construção civil, carpintaria, caixotaria e para lenha e
carvão, as plantas são utilizadas para arborização urbana.
Emprega-se o chá de cataia como poderoso estimulante físico e mental, também
contra retenção de urina e nas dissenterias. O uso mais comum é no tratamento das
hemorróideas. Na medicina animal, é indicada contra garrotilho em eqüinos.

2. Família Magnoliaceae Juss.


Possui cerca de 12 gêneros e 210 espécies ocorrentes na Ásia, América do Norte,
Antilhas, América Central e América do Sul.
São árvores de folhas alternas, estipuladas.
Flores vistosas, periantadas, com receptáculo alongado, sobre o qual se inserem
numerosos estames de estrutura laminar, com lóculos da antera lineares, alongados,
paralelos entre si e carpelos livres entre si, densamente dispostos sobre o eixo floral.
Fruto apocárpico, estrobiliforme, constituído por numerosos carpídios ordenados
sobre o eixo alongado. Na maturação, as paredes do aglomerado estrobiliforme rompem-se
irregularmente e cada carpídio libera sua semente por um orifício circular, basal, as quais
ficam pendentes, pressas a funículos longos.
As Magnoliaceae foram consideradas por Cronquist (1988) como sendo a família
não fóssil que reuniria as características mais semelhantes às das primeiras angiospermas.
No Brasil ocorrem quatro espécies de Magnolia, com ocorrência principalmente em
florestas alagáveis; Magnolia ovata, conhecida popularmente como baguaçu ou pinheiro-
do-brejo, é a mais comum. Diversas espécies da família são cultivadas como ornamentais e
na arborização urbana, a magnólia (Magnolia grandiflora), a magnólia-roxa (Magnolia
liliflora), a magnólia-amarela (Magnolia champaca) e a tulipeira (Liriodendron tulipifera).
*Gênero nativo: Magnólia (=Michelia, Talauma)
*Gênero introduzido: Liriodendron

3. Família Annonaceae Juss.

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Dos 130 gêneros e cerca de 2.300 espécies desta família, distribuídos nos trópicos e
subtropicos de todo o mundo, foram registrados no Brasil, 29 gêneros com
aproximadamente 260 espécies.
Plantas arbustivas ou arbóreas. Folhas simples, grandes, alternas dísticas, mais ou
menos coriáceas e em geral aromáticas.
Flores usualmente grandes e vistosas, em geral bissexuadas, isoladas e axilares.
Perianto amarelo, esverdeado ou purpúreo, diferenciado em cálice e corola, geralmente
trímero (exceção entre as dicotiledôneas), com pétalas muito espessas. Estames numerosos,
dispostos em espiral num receptáculo alongado. Ovário súpero, com carpelos numerosos,
livres entre si, uniu a pluriovulados.
A estrutura floral parece revelar certa proteção à voracidade dos coleópteros
visitadores. Quando as flores se tornam receptivas, as pétalas mantem-se entreabertas,
impedindo a entrada de bezouros grandes e nocivos, enquanto que os mais delicados podem
entrar, realizando a polinização. As pétalas carnosas funcionam como atrativo, podendo
alimentar o inseto. Exalam adores característicos semelhantes ao de frutos passados ou
esterco, que atraem os coleópteros.
Fruto isolado tipo baga, muitas vezes comestível. Em geral esses fruticulos se
reúnem em um mesmo receptáculo desenvolvido, formando um agregado, denominado
‘esquisocarpo’.
Semente com embrião basal muito reduzido e com período de germinação muito
curto.
As Annonaceae ocorrem em praticamente todas as formações do Brasil, com
destaque para Xylopia aromatica (pimenta-de-macaco) e Annona crassiflora (marolo), nos
cerrados, esta última com grandes frutos com aroma muito forte, que servem como fonte de
renda para populações locais.
Xylopia brasiliensis e Xylopia emarginata são conhecidas como ‘pindaíba’ e são
freqüentes em florestas inundáveis.
Guateria nigrescens (pindaíba-preta) e Rollinia sylvatica (araticum-do-mato) são
espécies comuns em diversas formações florestais.
A ‘ata’ ou ‘fruta-do-conde’ (Annona squamosa) e a graviola (Annona muricata) são
espécies originarias da América Central, cultivadas no Brasil com frutos que são
consumidos in natura ou em sucos.

4. Família Canellaceae
Com 5 gêneros e cerca de 9 espécies; distribuem-se nas regiões tropicais da África
Oriental, Madagascar e América. No Brasil ocorre apenas o gênero Cinnamodendron, com
três espécies, C. axillare, C. sampaioanum e C. dinisii. As duas primeras na Amazônia e a
última (pimenteira) é encontrada desde Minas Geris até o Rio Grande do Sul.
Cinnamodendron dinisii é uma árvore geralmente robusta, de porte médio (10 a
20m), com troco claro e lenticelado, e casca e folhas com sabor picante, característica que
inspirou o nome do gênero (Cinnamodendron= Capsicodendron= árvore de canela).
Folhas simples, inteiras, opostas, desprovidas de estípulas e de venaçao pinada.
As flores são pequenas, vermelho-escuras, diclamídeas, com 3 sépalas e 4 a 12
pétalas, sustentadas por um pedúnculo de 0,4 a 0,8cm, agrupam-se em inflorescências
terminais ou axilares. Os frutos são bagas avermelhadas elípticas com 2 a 4 sementes.

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A madeira exibe uma estrutura bastante primitiva, incluindo elementos vasculares
muito longos e placas de perfuração escalarifome com 10 a mais barras.
Habita preferencialmente os capões e o interior dos pinhais.
Seu maior interesse é como árvore ornamental. A utilização da madeira é limitada
pela pequena dimensão dos troncos

5. Família Myristicaceae
Árvores ou raramente arbustos, freqüentemente com látex avermelhado. Folhas
alternas, geralmente dísticas, simples, sem estípulas, de margem inteira, freqüentemente
aromáticas.
Inflorescência cimosa, racemosa ou paniculada. Flores pouco vistosas, unissexuadas
(plantas dióicas).
Fruto folículo ou baga carnosa ou sublenhosa, com semente envolvida em arilo
carnoso.
No Brasil ocorrem 6 gêneros e 60 espécies, a grande maioria na região amazônica.
O gênero com maior número de espécies é Virola.
Pertence a esta família a noz-moscada (Myristica fragans) cuja parte utilizada é o
pericarpo aromático, apreciado na culinária de todo o mundo.

6. Família Lauraceae
Ao redor de 2.500 espécies distribuídas em 50 gêneros; 350 espécies sul-americanas
e de classificação, a campo, muito difícil. No Brasil é representada por 25 gêneros e cerca
de 400 espécies. São originárias de regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo,
especialmente nas florestas da América Central, América do Sul, África e parte da Ásia.
São árvores (maioria) e arbustos. Folhas simples, alternas, membranáceas ou
coriáceas, dotadas de cheiro característico proveniente de células cheias de óleos e
essências aromáticas voláteis. O Sassafras apresenta folhas lobadas.
Flores pequenas, cíclicas, homoclamídeas, actinomorfas, trímeras, geralmente
hermafroditas e às vezes unissexuais por aborto, plantas monóicas ou dióicas, apresentam
perigônio, androceu polistêmone com 3 a 5 verticilos de 3 estames cada um, possuem
estaminódio, anteras de deiscência valvar, ovário súpero de 1 a 3 carpelos concrescidos,
unilocular e uniovular, fruto baga ou drupa, possuem a base mais ou menos envolta por
uma cúpula carnosa, ou então reduzida a um disco plano.
Para a identificação das Lauraceae não basta o exame do caracteres tradicionais
como folhas e casca dos troncos. Mais importantes são o número e a posição dos lóculos
das anteras, bem como a presença, tamanho e forma da cúpula na base dos frutos.
Esta é uma das mais complexas famílias da flora brasileira, do ponto de vista
taxonômico, pelo grande número de espécies e por serem utilizados caracteres crípticos na
distinção de gêneros e espécies.
As Lauráceas representam uma das famílias de maior destaque na composição
floristica de grande parte dos ecossistemas florestais do país, em especial da Mata Atlântica
e em florestas da região Sul. Nestes ecossistemas é uma das famílias mais representadas,
tanto em número de espécies quanto de indivíduos.
Entre as Lauráceas estão algumas das principais espécies consideradas como
produtoras de madeira de lei.

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EXEMPLOS:

- Sassafras officinales: sassafrás. Árvore de 15 a 25m de altura, caducifólio fornece


a “essência de sassafrás” colhida no outono e que é empregada para aromatizante de
sabões, fumos, dentifrício, goma de mascar, perfumes, etc. Originária da América do Norte,
multiplica-se por sementes.
- Laurus nobilis: louro, loureiro. Árvore ou arbusto perenifólio de 10 a 20 m de
altura, floresce em fins de inverno à primavera. É uma planta ornamental, aromática e
medicinal, usada como símbolo da vitória. Reproduz-se por estacas com folhas, perfilhos,
sementes e alporquia. No Brasil não frutifica. As folhas são usadas como condimento no
mundo todo; os frutos maduros e prensados são usados no preparo de licores; o óleo
essencial dos frutos e folhas é empregado em perfumaria e produtos farmacêuticos. Os
princípios ativos do louro são a laurina, o ácido laurínico, o geranol e estearina. O chá das
folhas é usado como excitante, digestivo e para gases do estômago e intestino, é emenagogo
e carminativo.
- Cinnamomum camphora: canforeira. Árvore de grande porte, pode atingir até 25
metros de altura, originária da China e Japão e encontra-se espalhada no mundo em regiões
tropicais e temperadas como planta ornamental, medicinal e industrial. Fornece óleo de
cânfora e madeira; usada na fabricação da nitrocelulose e celulóide; multiplica-se por
sementes, floresce na primavera, apresenta um crescimento lento.
- Cinnamomum zeylanicum: canela-de-cheiro, canela-do-ceilão. Naturalmente é uma
planta de pequeno porte (10m de altura), arbusto em cultivo comercial. Natural do Ceilão;
empregada na culinária, medicina e perfumaria devido as suas propriedades tônicas,
aromáticas e estimulantes; tem 65% de aldeído cinâmico. Derivados da canela: cânfora,
cera de canela, eugenol, essência de canela e canela em rama. Exploração comercial a partir
do 3ro ano até quinze anos. Multiplica-se por sementes (é necessário retirar a polpa que
envolve a semente), alporquia e estaquia (estacas de cerca de 30 cm retiradas de ramos
novos de plantas adultas).
O gênero Persea tem mais ou menos 50 espécies, sendo o maior número delas
originárias do Mexico e América Central.
- Persea americana var. americana: abacateiro. É considerado como “legume” na
maioria dos países, sendo consumido sob forma de conserva, saladas e sopas. O fruto,
popularmente, é tido como afrodisíaco, tem grande valor alimentício em função dos ácidos
graxos, proteínas, vitaminas A, B, C, D e E. O óleo do fruto tem grande aplicação na
cosmetologia; as cascas são vermífugas; a semente é usada contra o reumatismo em
medicamentos caseiros; folhas e brotos são diuréticos, estomáquicos, carminativo e
emenagogo (usados depois de seco) e são considerados também antidiarréicos. Brasil
consome variedades com baixo teor de óleo. O nome deriva do termo asteca “ahuacati”.
Distinguem-se 3 raças de abacateiro cultivadas: Mexicana, Guatemalense e
Antilhana. Todas as variações morfológicas entre as raças tendem a desaparecer pela
hibridação. As características da casca do fruto e forma do pedúnculo são usadas para
diferenciar as três:
Raça Mexicana: casca fina e pedúnculo cilíndrico;
Raça Guatemalense: casca espessa e rugosa e pedúnculo com expansão junto ao
fruto.
Raça Antilhana: casca intermediária e pedúnculo em forma de cone truncado.

52
É uma árvore de grande porte em ambiente natural e arbustos ou pequena árvore
quando em cultivo. Apresenta um grande número de flores por panícula e é na flor que
reside todo o mistério de produção ou não de frutos. Cada flor hermafrodita abre duas
vezes, isto é, tem dois estágios de maturação: 1ra. abertura ocorre quando o gineceu
(estigma) está apto (maduro) para receber o pólen e a 2da. abertura quando o androceu está
maduro, liberando o pólen; estas aberturas ocorrem em períodos diferentes dentro de
plantas de uma mesma raça como em plantas de raças diferentes.

Entre as lauráceas nativas devemos mencionar algumas espécies pertencentes aos


gêneros Ocotea, Nectandra, Cryptocaria e Aiouea, os quais encerram a maioria das canelas
ou imbuias, antes bastante comuns em nossas formações florestais. Todas multiplicam-se
por sementes e são perenifólias.
- Ocotea puberula: canela guaicá, guacá.
- Ocotea porosa: imbuia, embuia.
- Ocotea odorifera: canela sassafrás, sassafrás.
- Ocotea pulchella: canela lageana, canela miúda.
- Ocotea diospyrifolia: canela louro, canela lora.
- Nectandra saligna: canela preta, canela bosta, louro negro, canela louro.
- Nectandra megapotamica: canela ferrugem, canela preta, canela louro.
- Nectandra rigida: canela amarela.
- Nectandra lanceolata: canela amarela, canela-do-brejo.
- Cryptocaria mandiocana: canela lageana.
- Aiouea saligna: canela anuíba, canela amarela, canela-do-Rio Grande.
- Phoebe stenophylla: canela crespa.
- Persea venosa: massaranduba.
- Aniba roseodora: pau-rosa.
O cipó-chumbo (Cassytha filiformes) é uma holoparasita relativamente comum,
principalmente nas áreas abertas, destacando-se na paisagem pela presença de ramos áfilos
amarelo-esverdeados.

7. Família Monimiaceae
Compreende 32 gêneros e cerca de 350 espécies distribuídas pelas regiões tropicais
e subtropicais do Mundo. São particularmente numerosas na América do Sul e Nova
Zelândia.
Da flora brasileira, participam apenas 4 gêneros dos quais apenas dois estão no Rio
Grande do Sul, Hennecartia e Mollinedia.
São árvores ou arbustos de folhas opostas, inteiras, desprovidas de estipulas, com
margem dentada ou serrada e freqüentemente aromáticas.
As flores são pequenas, actinomorfas, geralmente monoclamídeas e hermafroditas
ou unissexuais.
A Monimiaceae mais conhecida é o boldo (Peumus boldus Mol.), originário do
centro do Chile.
Hennecartia é um gênero monotípico e sua única espécie Hennecartia
omophalandra, é nativa do Rio Grande do Sul.
O gênero Mollinedia, tem pelo menos 5 espécies arbustivas que participam na
composição do sub-bosque de pinhais e Floresta Atlântica Sulriograndense.

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2. Ordem Piperales

Como as Magnoliales, as Piperales têm células oleíferas, e todas as características


divergentes das Magnoliales representam avanços evoluivos.
Na grande maioria são plantas herbáceas, tropicais. No Brasil, estão representadas
por espécies das famílias Piperaceae e Chlorantaceae.

1. Família Piperaceae
As flores são pequenas, geralmente hermafroditas, protegidas apenas por uma ou
duas brácteas. Estames de 1 a 10; ovário com 2 a 5 carpelos concrescidos formando um
lóculo só, no qual se desenvolve um só óvulo. Inflorescências tipo amentilhos. São
geralmente ervas, subarbustos, trepadeiras e arbustos.

- Piper nigrum: ‘pimenta-do-reino’, é uma trepadeira de origem asiática. Caule


lignificado na parte inferior. Folhas alternas, inteiras, opstas às inflorescências.
É cultivada no Norte do Brasil, porém pode ser introduzida em regiões livres de
geadas. É uma cultura intensiva de alto rendimento. O produto comercial pimenta preta, são
os frutos imaturos não descascados, e a pimenta branca, são frutos maduros, descascados.
- Peperômia obtusifolia: plantas ornamentais, cultivadas em virtude da folhagem
bela e variada. Algumas espécies deste gênero ocorrem no Brasil espontaneamente nas
matas úmidas.

3. Ordem Aristolochiales

A ordem é representada apenas pela família Aristolochiaceae A.L.Juss. A família


compreende 7 gêneros distribuídos nos trópicos e subtropicos. No Brasil ocorrem 62
espécies do gênero Aristolochia L.
São ervas baixas, anuais, ramificadas desde a base, com raízes tuberosas;
trepadeiras. Folhas simples, inteiras e alternas.
Flores isoladas em forma de sifão, zigomorfas, hermafroditas, monoclamídeas.
Ovário ínfero, multilocular, multiovulado. Estames pressos à parte superior do gineceu.
Fruto cápsula, sementes aladas.
Espécies importantes: conhecidas popularmente como jarrinha, papo-de-peru,
orelha-de-elefante, cipó-mil-homens, mil-homens-do-rio-grande, jarrinha-concha, cacau,
etc.: Aristolochia longa, A. rotunda, A. clematis, A. sepentina, A. sipho, A. triangularis.
As raízes e caules de varias espécies são medicinais, usados nos ataques de histeria;
o suco obtido por maceração é usado como antiofídico. Todas as espécies têm papel
importante na farmacopea.

4. Ordem Nympheales

Compreende as famílias Nymphaeaceae, Nebumbonacea, Cabombaceae e


Ceratophyllaceae. São plantas de regiões tropicais, principalmente da América do Sul. São

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ervas perenes, aquáticas, com rizoma carnoso e raiz principal caduca ou ausente; raízes
adventícias longas, formadas sob as folhas ou no rizoma. No Brasil, ocorem 6 espécies do
gênero Nymphaea, 2 do gênero Victoria e 3 espécies do gênero Cabomba.

5. Ordem Ranunculales

A ordem Ranunculales consta de 8 famílias, com cerca de 3.200 espécies. Na flora


do Brasil ocorrem representantes de apenas três dessas famílias: Ranunculaceae,
Berberidaceae e Menispermaceae.
As Ranunulales são os equivalentes herbáceos das Magnoliales e dividem com elas
um grande número de caracteres primitivos. As principais características divergentes das
Magnoliales consistem no aparecimento de pétalas nectíferas, na predominância de lianas,
na presença de folhas compostas em muitos membros e na ausência de células oleíferas.

1. Família Ranunculaceae
Os representantes desta família estão distribuídos nas zonas temperadas do
Hemisfério Norte, achando-se muitos deles em cultura como ornamentais no Brasil. A
maioria é herbácea (exceção: Clematis – trepadeira lenhosa).
Folhas freqüentemente compostas ou seccionadas em disposição helicoidal,
raramente simples, com estípulas.
Flores hermafroditas, diclamídeas, geralmente vistosas e de coloridos ricos.
Elementos florais livres entre si. Estames numerosos. Carpelos também numerosos,
apocárpicos ou concrescidos parcialmente; com um ou muitos óvulos. Fruticulos com
deiscência septicida.
Algumas espécies possuem rizoma ou bulbos. Há espécies tóxicas e de uso
medicinal.

- Aquileria vulgaris: ‘luvas-de-Nossa-Senhora’, erva anual com cerca de 80-100cm


de altura. Ornamental.
- Nigella damascena: ‘dama-entre-verde’, erva anual.
- Nigella sativa e Nigella arvensis: ocorrem nas culturas como plantas daninhas. As
sementes são usadas como condimento.
- Aconitum napellus: ‘acônito’, herbácea de cerca de 1m de altura, parte aérea anual
e raízes perenes, muito ornamental, porém pouco aconselhável para cultura nos jardins por
ser altamente tóxica. O alcalóide aconitina já na antiguidade era usado tanto para
farmacopéia como para fins criminosos.
- Delphinium ajacis ‘esporinha’, planta anual, ornamental.
- Delphinium staphisagria: planta daninha originária do Mediterrâneo, introduzida
no Brasil involuntariamente. As duas espécies têm propriedades inseticidas.
- Anemone coronaria ‘anêmona’: cultivada no Brasil como ornamental.
-Clematis hilarii ‘barba-branca’: trepadeira de caule lenhoso ocorre
espontaneamente no Sul do Brasil.

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6. Ordem Papaverales

Representada pelas famílias Papaveraceae e Fumariaceae. No Brasil, as famílias da


Ordem Papaverales não têm representantes indígenas.
São plantas herbáceas, com flores andróginas ou unissexuadas, dímeras ou trimeras,
com muitos ou poucos estames, com ovário unilocular, placentação parietal com muitos
óvulos; sementes com endosperma rico em reservas oleaginosas e embrião reduzido.
Apresentam tipos avançados de alcalóides benzilsiloquinona.
As Papaveraceae têm flores actinomorfas, com muitos estames e sistema laticífero
bem desenvolvido, enquanto as Fumariaceae apresentam-nas calcaradas, com 4-6 estames,
e sistema laticifero ausente.

1. Família Papaveraceae
Folhas fortemente incisas, alternas, às vezes opostas ou dispostas em rosetas.

- Argemone mexicana L., com flores amarelas, vistosas e folhas muito recortadas, é
encontrada como planta rudental em todas as regiões do Brasil, especialmente no Nordeste,
sendo também cultivada como espécie de uso medicinal. Alcança aproximadamente 1m de
altura. Folhas e caule espinhecentes. No México e Sul dos Estados Unidos é uma planta
daninha.
- Papaver sonniferum, é largamente cultivada principalmente na Ásia para obtenção
do látex da cápsula imatura. Este látex é matéria prima para fabricação de ópio, morfina,
codeína, papaverina e outras drogas. Freqüentemente cultivada no Brasil.
- Papaver rhoeas, planta daninha.

2. Família Fumariaceae
- Fumaria spp., de flores violáceas, pequenas, zigomorfas, só aparece como
subespontânea na Região Sul do Brasil.

SUBCLASSE II HAMAMELIDAE
É uma das menores subclasses das Magnoliopsida. Compreende cerca de 9 Ordens,
23 familias e mais ou menos 3.400 espécies. A essas famílias estão subordinados alguns
dos gêneros mais importantes de árvores caducifólias das regiões temperadas do
Hemisfério Norte como Carya, Quercus, Fagus, Castanea, Juglans, Platanus e Ulmus.
Fazem parte da Subclasse Hamamelidae, de Cronquist, as seguintes Ordens:
Trochodentales, Hamamelidales, Eucommiales, Urticales, Leitneriales, Juglandales,
Myricales, Fagales e Casuarinales.
Em geral, são árvores ou arbustos e, só raramente ervas, com folhas alternas ou
opostas.
Flores polígamas, monóicas ou dióicas, monoclamídeas, com cálice regular ou
zigomorfo, com 2-5 segmentos, ou flores nuas, com ou sem bractéolas. Fruto sâmara,
aquênio ou drupa, sementes com cotilédones carnosos.

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Os autores, de modo geral, descrevem as Hamamelidae como plantas anemófilas e
procuram explicar a anemofilia como conseqüência da redução floral.
Nas espécies de Moraceae da flora brasileira, numa grande maioria dióicas, com
flores dispostas em inflorescências curtas e sésseis, é mais provável que ocorram formas
particulares de polinização entomófila. É bem conhecida a polinização do gênero Fícus por
vespas do gênero Blastofaga que depositam seus ovos no ovário das flores femininas. Nos
sicônios, encontram-se flores femininas longistilas e braquistilas. Nestas, em geral, já não
se formam papilas estigmáticas, uma vez que estão adaptadas a sua função de ‘chocadeira’.
É portanto, no ovário dessas flores braquistilas que as vespas depositam seus ovos (flores-
gálias); as de estilete longo, são as flores de semente. Os três tipos de flores, feminina
longistila, feminina braquistila e masculina, reúnem-se no mesmo sicônio.
Das Hamamelidales, apenas a Ordem Urticales tem representantes indígenas; da
Ordem Casuarinales, o gênero Casuarina tem espécies que são cultivadas no Brasil.

2. Ordem Hamamelidales

1. Família Hamamelidaceae
Compreende 25 gêneros e cerca de 110 espécies distribuídas no Hemisfério Norte.
Sob o ponto de vista dendrológico, destaca-se o gênero Liquidambar L., na América do
Norte e Ásia.
A família reúne árvores e arbustos de folhas simples, alternas, peninervias ou
palminervias.
As flores, dispostas em fascículos, capítulos ou espigas, apresentam grande variação
quanto à presença e número de peças florais. Flores hermafroditas. Frutos capsulares,
compõem-se de infrutescências globosas em certas espécies. As sementes geralmente são
aladas.
O gênero Liquidambar L., com 4 espécies originarias da América do Norte e Ásia,
deve seu nome à concentração de dois nomes latinos: liquidus e âmbar, em alusão à resina
perfumada que estas plantas exsudam.
Dentre as espécies cultivadas no Brasil, salienta-se a árvore norte-americana:

-Liquidambar styraciflua L.: é uma árvore de grande porte (até 25m), com porte reto
e densa folhagem caduca. A copa, inialmente estreita e cônica, torna-se volumosa com a
idade. A casca é de cor cinzenta.
As folhas são alternas, lobadas, longamente pecioladas (6 a 12cm) e com limbo de
10 a 18cm de diâmetro, são palminervias, tendo 5 a 7 lóbulos lanceolados, com
pubescência na axila das nervuras.
As flores são unissexuadas e agrupam-se em iflorescências distintas. As masculinas
formam racemos de pequenos capítulos e as femininas compõem capítulos solitários,
dispostos na extremidade de um longo pedúnculo pendente.
Os frutos capsulares e marrons, reúnem-se em conjuntos globosos.
De valor ornamental, principalmente pelo tom avermelhado de suas folhas no
outono. A árvore é heliófila e muito resistente ao frio.
Forne uma das madeiras mais valiosas para compensados. Produz uma resina
aromática utilizada antigamente para gomas de mascar.

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2. Família Platanaceae
Compreende apenas o gênero Platanus L. com 8 espécies. São originárias da
América do Norte, sudoeste da Europa, Ásia Menor, Irã, Afeganistão e noroeste da Índia.
São árvores caducifólias de grande porte, com brotos e folhas revestidas por pêlos
multicelulares muito característicos, em forma de candelabro.
Folhas alternas, palmadas e profundamente lobadas, com venaçao palminervia,
bordes dentados ou serrulados e um longo pecíolo dilatado na base, envolvendo a gema
foliar do ano seguinte.
Flores diclamídeas, de simetria radial, reunidas em densos capítulos unissexuais,
globosos, dispostos em um longo pedúnculo pendente. Fruto seco, apocárpico e do tipo
aquênio.
As espécies de plátanos são muito semelhantes entre si, distinguindo-se
principalmente pelo número de infrutescências globosas por pedúnculo, pela forma dos
lóbulos foliares, pela deiscência da casca, pela abundancia de pêlos na face inferior da folha
e pela forma do aquênio.

- Platanus X acerifolia (Ait.) Willd.: árvore de grande porte, copa elíptico-globosa e


densa folhagem caducifólia verde-amarelada.
A casca do tronco, de cor clara, apresenta manchas em grandes placas,
correspondentes a diferentes épocas de deiscência.
Folhas grandes (10 a 25cm) de base truncada, são profundamente recortadas por 3 a
7 lobulos acuminados, de borde grosseiramente dentado que alcançam até quase a metade
do limbo. Quando jovens, são pilosas na face inferior, tornando-se glabras com o passar do
tempo. O pecíolo de 3 a 10cm, possui base dilatada.
Fig.: folha e base do pecíolo

Infrutescências globosas e em número de dois por pedúnculo.

Fig.: flor masculina e fruto


Muito utilizada para arborização de ruas. Destaca-se pelo crescimento rápido,
resistência à seca e notável rusticidade, suportando muito bem a poluição urbana.
A facilidade de sua propagação vegetativa por estacas facilitou sua rápida difusão,
em praticamente todos os países do mundo.

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4. Ordem Urticales

Consta de cinco familias: Ulmaceae, Borbeyaceae, Moraceae, Urticaceae e


Cannabaceae.
São plantas lenhosas ou herbáceas, com folhas inteiras, lobadas ou digitissectas,
com ou sem estipulas; indumento de pêlos simples ou ramificados.
Células com conteúdo tanifero ou mucilaginoso.
Inflorescência cimosa ou racemosa, de tipos variados; flores com gineceu de ovário
súpero, formado por dois carpelos com um só lóculo do ovário fértil e um só óvulo basal,
apical ou lateral. Fruto drupa, aquênio ou cápsula.

1. Família Ulmaceae
A família tem cerca de 16 gêneros e mais ou menos 50 espécies distribuídas na
Região Norte temperada. No Brasil ocorrem 4 gêneros com cerca de 15 espécies.
São árvores ou arbustos com folhas alternas e estípulas caducas.
Flores dispostas em cimeiras axilares ou as femininas isoladas ou aos pares, e as
masculinas com rudimentos de ovário; perigonio membranáceo. Fruto sâmara ou drupa,
semente sem endosperma, com cotilédones membranosos bem desenvolvidos.
O gênero Ulmus L. é o de maior interesse dendrológico, com 26 espécies
distribuídas na região Holoártica, é exótico à flora brasileira e raramente cultivado no país.
Na Argentina e Uruguai, ao contrario, são bastante freqüentes em arborização de ruas e
praças.
O gênero Celtis L. é o mais numerosos da família (70 espécies). Apesar de sua
menor importância madeireira, apresenta uma distribuição geográfica mais ampla,
incluindo diversas árvores e arbustos nativos do Rio Grande do Sul.
O gênero Trema Lour., conta com uma única espécie nativa do Sul do Brasil.

2. Família Moraceae

O nome deriva de “morus” = amoreira. Importante pelo número de espécies


(1550) e pela participação econômica das espécies.
Clima tropical (Artocarpus), temperado ou frio. Encontram-se nas Américas
Central e Sul, Bacia do Mediterrâneo, África e Ásia.
A maioria são árvores de grande porte (figueira-do-mato); arbustos (figueira
comum), ervas (figueirilha), às vezes, epífitos. Em geral latescentes, podendo apresentar
cistólitos.
Folhas alternas, raramente opostas, simples, geralmente pecioladas, com estípulas
intrapeciolares, caducas.
Flores unissexuais, pequeníssimas, monóicas ou dióicas, nuas ou monoclamídeas
dispostas em inflorescências características, visíveis. Flores masculinas isostêmones e
femininas com ovário súpero, bicarpelar, unilocular, uniovular. Fruto do tipo aquênio ou

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drupas. Às vezes este tipo está concrescido num receptáculo carnoso em forma de urna -
sicônio - (Ficus)- ou aberto (Dorstenia).
Multiplicação das espécies: sementes, ramos, estaquia ou enxertia.
As espécies estam distribuídas em duas subfamílias: Moroideae e Artocarpoideae.

Subfamília Moroideae:

Gênero Morus:
A chave abaixo identifica as espécies e variedades do gênero Morus mais
cultivadas:
A - Face inferior da folha glabra ou sub - glabra; lâmina inteira ou profundamente lobada;
perigônio e estígmas glabros:
B - ramos não pêndulos.
C - folhas pequenas ou medianas, planas, tronco sem nodosidades.
D - folhas medianas até 10 cm de comprimento.
E - fruto branco, claro ou vermelho ..................................... Morus alba var. alba
EE – fruto preto..................................................................... Morus alba f. nigro bacca
DD – folhas pequenas, menos de 8 cm.............................. Morus alba f. tatarica
CC – folhas muito grandes
D - folhas planas, de 15 - 25 cm de comprimento............ Morus alba f. macrophylla
DD – folhas abauladas.......................................................... Morus alba f. multicaulis
BB – ramos pêndulos............................................................ Morus alba f. pendula
AA- Face inferior da folha mais ou menos densamente
pubescente; lâmina raramente lobada; perigônio e estígmas
densamente pilosos.............................................. Morus nigra.

Figura: flores masculina, femenina longistila e femenina brevistila de Ficus carica

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- Morus nigra: amoreira preta. Ásia Menor e Irã. Tem frutos enegrecidos, folhas
pubescentes na face inferior e limbo raramente lobado; drupas organizadas num fruto
composto (coletivo)- infrutescência.
- Morus alba: amoreira branca. É a espécie que serve de alimento para o bicho da
seda (sirgárias) e em menor escala forragem para ovinos e caprinos; serve também para
quebra-ventos, sombras, etc. China; frutos amarelo âmbar; folhas glabras e, normalmente,
lobadas; planta caducifólia; multiplica-se por sementes (pássaros), estacas de ramos,
enxerto, divisão da touceira (perfilhos). Fruto drupa, forma infrutescência.
As duas espécies acima citadas têm lenho duro, podendo ser usado como madeira
em obras de marcenaria e carpintaria; as folhas são adstringentes e são antifebris, usa-se
externamente em gargarejos: aftas, inflamações da garganta, das amídalas, faringite; o
xarope de amoras teria estes mesmos empregos; a geléia tem ação refrescante sobre os
intestinos; chá da casca é purgativo. Plantas sagradas; afastam os maus espíritos; Cristo
expulsou os vendilhões do templo com um ramo de amoreira preta.

Subfamília Artocarpoideae:

Gênero Ficus
O nome vem do latim que significa “figueira”. É um gênero com cerca de 1000
espécies originárias de regiões tropicais e sub-tropicais; são árvores ou arbustos latescentes,
eretos ou trepadeiras; às vezes hemi-epífitas de folhas persistentes ou caducas. Além de
Ficus carica – figueira comum - a outra única espécie cultivada pelos seus frutos é Ficus
sycomorus - o sicômoro das escrituras sagradas que cresce no Egito e Israel. A polinização
das espécies de Ficus é feita por vespas do gênero Blastofaga, formadoras de galhas que
fazem a postura no ovário das flores femininas. No sicônio encontram-se flores de 3 tipos:
flores femininas longistilas e brevistilas (braquistilas) e masculinas. Nas brevistilas
normalmente não se formam papilas estigmáticas e estão adaptadas a sua função de
participar na reprodução do inseto. São nessas que o inseto deposita os ovos e por isso são
chamadas “galícolas”. As flores longistilas são as produtoras de aquênios. Em algumas
espécies de Ficus, os três tipos de flores se reúnem num mesmo sicônio; em outras espécies
as flores brevistilas e as masculinas ficam num receptáculo e as longistilas em outro.

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- Ficus carica: O sul da Arábia é o centro de origem e a ela pertencem todas as
variedades de figos comestíveis. Todas as espécies de Ficus têm os frutos alojados em
sicônios, que é considerado, botanicamente, um pseudofruto.
A polinização é entomófila e a fecundação poderá resultar em fruto ou não. É uma
frutífera de grande longevidade - 30 a 100 anos; arbusto que quando não podado pode
atingir 6m de altura; na base do pecíolo poderá ter 2 gemas e é esta característica que
permite três produções de figos: a primeira em meados da primavera, a segunda e a terceira
no outono. Estas duas últimas em ramos do ano. Fruto aquênio no interior do sicônio,
que ,popularmente, também é considerado fruto. No interior do sicônio existem três tipos
de flores:masculinas que se agrupam ao redor do ostíolo, preferencialmente; femininas de
estilete longo (longistilas) em número aproximado de 1600, podendo produzir aquênios;
femininas de estilete curto (brevistilas), denominadas “galícolas”.
Tipos de figos:
1) Caprifigos: não são comestíveis e são os mais primitivos dentro da espécie.
2) Smirra ou smyrra: sicônios amadurecem se houver polinização; sem estímulo da
polinização os sicônios caem com 2 cm de tamanho.
3) Comum: é o tipo mais freqüente entre as variedades e cultivares usadas em
fruticultura. É o tipo em que o figo pode formar-se partenocarpicamente, porém, se
polinizados, produzem sementes e amadurecem normalmente.
A figueira comum multiplica-se por estacas, enxertia e sementes. Exige poda para
produzir comercialmente; frutifica a partir do primeiro ano e após o quinto ano sua
produção é rentável. Preparam-se licores, vinhos e xaropes de figo; seu valor nutricional é
comparável às tâmaras, que está entre as mais valiosas frutas para a saúde humana;
emolientes, peitorais e laxativos; afecções respiratórias (gripe, bronquite, tosse, etc,); látex
cáustico usado no tratamento de verrugas e calos.
- Ficus pumila: falsa hera, hera miúda. Trepadeira volúvel, muito ramificada,
firmando-se em muros ou paredes pela emissão de raízes adventícias; alporquia, ramos e
estacas; China, mas difundida em todo o mundo como planta ornamental.
- Ficus benjamina: figueira benjamim, ficus benjamina. Árvore compacta, escura e
ramos com inúmeras raízes adventícias pendentes. Frutos (sicônios) de 1cm de diâmetro,

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cor purpura, geminados e sésseis; galhos e estacas; Índia. Sombra, ótimo abrigo para
pássaros e quebra vento. Muito usada como ornamental.
- Ficus organensis: figueira da praia, gameleira, mata pau, figueira do mato. Nativa
no litoral do RS, e sedimentos quaternários (região da Lagoa dos Patos e Mirim); sementes
(pássaros); ramos e estacas (mais difícil).
- Ficus enormis: figueira miúda; figueira-do-mato, figueira, mata pau. É uma planta
que, normalmente, começa a crescer sobre outras árvores ou outros substratos. Nativa do
RS e SC.
- Ficus luschnathiana: figueira, figueira-do-mato. Nativa do RS. Servem para
arborização de grandes espaços; estacas ou alporquia e sementes (pássaros); sombra e
madeira.
- Ficus elastica: figueira -da -índia, seringueira, falsa seringueira. Norte da Índia e
Malásia; galhos ou ramos, porém de difícil pega ou alporquia aérea (mais eficiente);
crescimento rápido, grande desenvolvimento vegetativo, o que a recomenda como
ornamental para grandes áreas; fornece a borracha de Assam de qualidade inferior a de
Hevea.
- Ficus religiosa: figueira-dos-pagodes. Folhas pecioladas e longamente
acuminadas; grande porte, ornamental; Índia onde é considerada árvore sagrada;
multiplicação através de alporquia, estacas; crescimento médio.

Gênero Dorstenia
O gênero Dorstenia inclui as espécies conhecidas pelo nome de “figueirilha” ou
“carapiá”. São ervas rasteiras com roseta basilar, apresentando um receptáculo semelhante
a um figo aberto. O xilopódio encerra propriedades medicinais; a folha substitui a folha de
Ficus carica em xaropes caseiros. Espécie mais encontradas no RS é D. montevidensis em
áreas de campo.

63
SUBCLASSE IV DILLENIDAE
ORDEM VIOLALES
Família Cucurbitaceae
Deriva do latim “cucurbita”= a aboboreira.
Família com cerca de 1280 espécies e 130 gêneros originários de regiões tropicais;
no Brasil encontramos 30 gêneros com aproximadamente 200 espécies.
São plantas herbáceas, trepadeiras ou rastejantes, com ou sem gavinhas. Os caules
apresentam vasos bicolaterais (característica anatômica marcante na família) e quando
rastejantes, emitem raízes adventícias em cada nó. Apresentam indumento de cerdas rígidas
que as tornam, normalmente, ásperas.
Folhas alternas, simples, inteiras ou profundamente lobadas e até fendidas, às vezes,
de pecíolo oco.
Flores unissexuais, geralmente brancas ou amarelas; plantas monóicas ou dióicas;
geralmente grandes e vistosas ou pequenas e reunidas em inflorescências axilares. A flor
masculina possui 5 estames iguais, livres, as anteras são grandes e sigmóides. A flor
feminina tem ovário ínfero, grande, tricarpelar, unilocular, às vezes com grande
desenvolvimento da placenta carnosa e com muitos óvulos. A polinização é realizada por
abelhas ou vespas.
Fruto típico carnoso, indeiscente denominado pepônio (Cucurbita). Podem ainda ser
do tipo cápsula fibrosa, operculada (Luffa), baga (Sechium) ou carnoso deiscente
(Momordica). As sementes são numerosas por frutos com exceção do chuchuzeiro.
Propagação por sementes, fruto ou divisão de raízes.
Importância econômica principal são os frutos comestíveis.
O gênero Cucurbita inclui plantas herbáceas, anuais ou perenes, trepadeiras ou
decumbentes, providas de gavinhas, caules rugosos e ásperos, folhas grandes e
suborbiculares, flores amarelas comumente solitárias, fruto pepônio com alto conteúdo de
carboidratos e vitaminas. Suas sementes são ricas em óleo, proteína e com propriedades
vermífugas. Ao redor de 26 espécies originárias da América tropical. O centro de Vavilov
do gênero é a fronteira do México e Guatemala. As espécies mais cultivadas são Cucurbita
pepo, C. maxima e C. moschata podendo haver híbridos entre elas. As diferenças entre as
espécies estão no quadro I.

64
O uso das aboboreiras como plantas medicinais não considera a individualidade das
espécies. De um modo gera,l todas têm o mesmo emprego. Folhas e flores friccionadas
sobre a pele combatem a erisipela; as folhas amassadas são usadas em queimaduras leves; a
polpa crua ou cozida em cataplasmas é antiinflamatória; as sementes frescas ingeridas em
jejum combatem vermes intestinais, inclusive a tênia; a raiz é febrífuga e para lavar feridas;
o suco da polpa para prisão de ventre; sementes trituradas contra inflamações das vias
urinárias

C. moschata C. pepo C. máxima

Nomes Abóbora-menina, abóbora- abobrinha-italiana Moranga


populares de-pescoço
Hábito Herbáceo rastejante Herbáceo ereto Herbáceo rastejante
Folhas Cordiformes ou reniformes; Cordiformes; com Cordiformes; sem
com manchas prateadas manchas prateadas manchas prateadas
Pedicelo 5 ângulos bem marcados. 5 ângulos profundos. Cilíndrico, suberoso e
Disco basal com 5 lóbulos Disco basal com lóbulos estriado; sem ângulos e
dilatados na inserção com o pouco dilatados na sem disco basal
fruto inserção com o fruto
Frutos Formato alongado Cilíndrico, estreitando-se Depende da cultivar:
(pescoço) com uma das em ambas as a)achatados com gomos
extremidades globular, onde extremidades. De cor pronunciados, vermelho-
se alojam as sementes, de verde-clara com estrias coral; b)achatados, com
cor alaranjada verde-escuras gomos pouco
pronunciados, cinza-claro
Colheita dos 120-150 dias 45-80 dias 90-150 dias
frutos

Quadro II – Comparação entre as espécies de Cucurbita.

- Cucumis melo: melão. Originária da Ásia e Africa; já conhecido dos egípcios e


romanos, chegando à Europa no século XVII e, hoje, é cultivado no mundo inteiro; pepônio
polimorfo, pubescente ou glabro, liso, canaliculado ou reticulado, perfumado ou quase
inodoro. As folhas são usadas contra doenças da bexiga; o fruto é rico em sódio, potássio,
cálcio, magnésio, ferro, vit. A e C. É cultura de verão apresentando as seguintes variedades:

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- Cucumis melo var. inodorus: melão-valenciano, melão-espanhol. A cultivar
Valenciano-amarelo é produzida no Brasil principalmente em São Paulo, vale do São
Francisco e sul do Pará. Os frutos têm casca amarelo-canário, fina, porém resistente; a
polpa é esverdeada a branca, sem odor. Colheita em 80-90 dias após a semeadura. A
cultivar Valenciano-verde é pouco produzida no Brasil. Frutos com casca verde, mesmo
quando maduros, espessa e enrugada.
- Cucumis melo var. reticulatus: melão-cantalupo. (Americano). De cultivo
limitado, são menos resistentes ao transporte e armazenamento. Frutos cor de palha, com
casca coberta por uma rede branca, polpa salmão, perfumada.
- Cucumis melo var. odoratus; melão-gaúcho. Fruto com polpa perfumada, rosada e
casca lisa, em gomos.
- Cucumis sativus: pepino. Origem indiana; planta trepadeira ou não, anual;
cultivada a mais de 4 mil anos entre os hebreus, egípcios e gregos; frutos variados de
acordo com a cultivar, com casca clara, utilizados para saladas e para picles, quando
colhidos novos, com casca verde-escura para saladas, e para picles semelhantes aos com
casca clara, porém bem menores. Os frutos têm alto teor d’água (+ ou - 96%), baixo
conteúdo vitamínico e protéico; propagação por sementes. É diurético (ácido úrico), usado
como cosméticos ajuda no tratamento da pressão alta ou baixa, rodelas de pepino contra
sarna, coceira e inflamações dos olhos.
- Cucumis anguria: maxixe. De origem africana, não é cultivado no sul do Brasil, no
nordeste e Mato Grosso os frutos são utilizados cozidos ou para picles, após a raspagem dos
espinhos macios, é menos indigesto comparado com o pepino. É anti- helmítico, emoliente
e catártico.
- Citrullus lanatus: melancia. Originária da África tropical. Planta herbácea,
rastejante, anual, muito ramificada, com folhas profundamente recortadas. Frutos com
polpa vermelha, rica em água e açúcares. As cultivares americanas produzem frutos
alongados, com casca verde-clara com finas riscas verde-escura, enquanto que as japonesas
tem a mesma coloração, porém os frutos globulares, menores. Os pepônios, que podem
atingir até 25 kg, têm cálcio, fósforo, ferro, proteínas, vit. A, B1, B2, B5 e C. São
diuréticas, usadas para afecções renais em geral, levemente laxante (bem madura); combate
reumatismo, artritismo, dispepsia e acidez estomacal; as sementes são diuréticas e

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vermífugas. Citrullus lanatus var. citroides: melancia-de-porco. Tem casca verde-escura
com manchas mais claras, polpa branca e insípida usada para doces.
. - Sechium edule: chuchu. Originária da América tropical. Trepadeira perene, com
gavinhas, muito sensível ao frio ; era um dos principais frutos dos Astecas e Maias e outros
povos da América Central e Sul do México. Sistema subterrâneo tuberoso. Propagação
através do fruto, que contém uma única semente. Usada para diversos fins: frutos,
forragem, verdura (folhas), brotos substituem o aspargo, palha para cestos, chapéus e papel.
Os frutos são fonte de vitamina A, B e C, sais minerais e aminoácidos, especial para
pessoas que precisam de dietas, devido a distúrbios estomacais, circulatórios e hipertensão.
As folhas são diuréticas e abaixam a pressão.
- Luffa cylindrica: esfregão, bucha. Originária da África tropical e subtropical.
Herbácea anual, escandente; os frutos maduros são cápsulas operculadas que contém um
tecido esclerenquimático muito resistente, com muitas sementes, podendo alcançar 60 cm
de comprimento. Propagação por sementes. Os frutos novos são comestíveis e os maduros
fornecem a “espoja vegetal”, as sementes em infusão são laxantes e vermífugas.
- Lagenaria siceraria: porongo, cabaça, cuia. Origem duvidosa, regiões tropicais da
América ou da África, não são conhecidas populações silvestres. Herbácea escandente,
anual. O fruto é um clamidocarpo lenhoso, impermeável, utilizado como recipiente.
Propagação por sementes. É planta ornamental na Europa e Extremo Oriente. A polpa do
fruto maduro é fortemente purgativa, podendo ser tóxica.
- Momordica charantia: melão-de-são-caetano, melão japonês. Originária da África
e naturalizada no Brasil. Herbácea, anual, muito ramificada. As bagas são deiscentes, de cor
abóbora, verrugosas, com polpa amarela, de 5- 15 cm de comprimento, e as sementes
apresentam arilo vermelho. Propagação por sementes. Ornamental, medicinal e tóxica. Os
frutos são usados como condimento. O caule e folhas trituradas, enquanto verdes, servem
para clarear e tirar manchas das roupas, o caule seco tem fibras macias com vários usos no
meio rural (Brasil Central e Norte). É purgativo, febrífugo e anti-helmintico. A polpa do
fruto maduro é usada contra furúnculo. Na homeopatia, para diarréias, reumatismo articular
e dismenorréias. Os brotos novos cozidos substituem o espinafre. Os frutos são usados
como picles e as sementes são componentes do “Curry”.

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SUB CLASSE DILLENIIDAE
ORDEM CAPPARALES
Família Brassicaceae (Cruciferae)

Possui cerca de 350 gêneros e 4000 espécies, originárias do hemisfério norte


temperado e distribuídas nas zonas temperadas de todo o mundo. Poucos representantes no
Brasil, em geral plantas ruderais, encontradas em terrenos baldios.
São plantas herbáceas de grande importância agrícola, ornamental, ruderais e/ou
invasoras.
Folhas alternas, as basais rosuladas, inteiras a fortemente recortadas.
Flores tetrâmeras, perfeitas, brancas, amarelas ou róseo-violáceas. As pétalas estão
dispostas em cruz alternadamente com as sépalas, daí o nome alternativo da família.
Androceu tetradínamo (às vezes reduzido a 2 ou 4 estames). Apresentam nectários;
polinização entomófila; pode ocorrer auto-fecundação.

FÓRMULA FLORAL: K4 C4 A2+4 G (2) ↑ *

Fruto síliqua, às vezes lomento (Raphanus). Sementes sem endosperma e com alto
teor de óleo, outras têm glicosídeos que se hidrolizam por ações enzimáticas, dando um
forte cheiro e sabor de compostos sulfurados (mostarda). Tais sementes são tóxicas para o
gado.

ESPÉCIES ALIMENTÍCIAS:
O gênero mais importante sob o ponto de vista agrícola é Brassica. Apresenta
plantas anuais, bianuais ou perenes; silíqua cilíndrica, flores amarelas, raíz polimorfa, todas
as espécies do gênero Brassica são alógamas e todas as variedades ou formas que
pertencem a uma dada espécie se intercruzam perfeitamente; além deste cruzamento rápido
podem surgir cruzamentos entre espécies diferentes com uma freqüência, que é necessário
praticar o isolamento quando se cultivam estas espécies para a produção de sementes. Umas
40 espécies da Europa e Ásia das quais as mais cultivadas são:

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- Brassica napus var. oleifera (= var. arvensis f. annua): colza, canola. É matéria
prima para margarina e maionese; a torta e o farelo são ótimos para rações. Há variedades
que contém ácido erúcico (provoca lesões no coração) e glucosinato (ataca a tireóide). É
uma planta de inverno, as sementes perdidas conferem caráter invasor a esta planta.
Originária da Europa, anual, melífera, sementes contém 22% de proteína e 45 % de óleo
que pode ser usado na alimentação, lubrificações e sabões, multiplica-se por sementes.
- Brassica rapa (=B. napus var. napobrassica): nabo branco, nabo. É bienal; as
partes comestíveis são o hipocótilo e a raiz, engrossados e carnosos; ricos em vitaminas A,
C e cálcio, o chá e o caldo das raízes é sudirífico, antifebril e combate problemas renais e
geniturinários.
- Brassica alba: mostarda branca ou amarela. Sementes brancas ou amarelas claras,
3mm de diâmetro em síliquas de 2cm, flores auto-estéreis. Nativa da Bacia do
Mediterrâneo e é a mais cultivada no Brasil. Forrageira e adubação verde.
- Brassica nigra: mostarda preta ou alemã. Sementes marrom-escuras (pretas), 1,5
mm de diâmetro em síliquas de 2cm de comprimento; flores auto-estéreis. Nativa da
Eurásia. Contém 28% de óleo e 1% de óleo volátil.
- Brassica juncea: mostarda da China ou mostarda parda. Sementes marrom escuras,
2mm de diâmetro em síliquas de até 8 cm de comprimento, flores auto-férteis.
Possivelmente nativa da África e naturalizada na Ásia. É a mais picante (maior grau de
pungência) das três espécies, contém 35% de óleo comestível, é pouco cultivada no Brasil.
As três espécies de mostarda são anuais de 1 m de altura, pubescentes e contém óleo
que é extraído das sementes. As sementes moídas fornecem o condimento mostarda em
forma de pó. São melíferas e as folhas são ricas em vitaminas A e C e para comê-las basta
passar água quente a fim de diminuir o gosto amargo pronunciado que apresenta.
Cataplasma de mostarda branca e preta são usadas como anti-inflamatórios (crises de
bronquite, dores reumáticas, entorses); As sementes das mostardas têm longo período de
vida latente, e por isso, às vezes, tornam-se plantas invasoras.
- Brassica campestris: nabo selvagem, colza poloneza, possui flores amarelas,
invasoras de inverno, melífera. A raíz é fortificante e indicada para infecções da bexiga,
originária da Europa.

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- Brassica campestris var. chinensis (=B. chinensis): couve-da-china. Erva anual,
pode atingir até 1,20 m de altura, bastante precoce (aos 70 dias produz sementes), possui
propriedades nutritivas superiores ao repolho. É a couve mais cultivada na China e é pouco
cultivada no Brasil; as folhas formam uma cabeça alongada.
- Brassica oleracea e suas variedades: é ignorado o lugar e a época em que as
variedades começaram a ser cultivadas, há mais de 2000 anos, algumas formas já eram
cultivadas nas costas do Mediterrâneo, e quase todas são bianuais. As variedades são
determinadas conforme a parte da planta que se desenvolve e levando-se em conta o
crescimento vegetativo e o grau de suculência das partes comestíveis; as diferentes
variedades representam a modificação de alguma parte da planta; todas as variedades são
muito semelhantes na flor, fruto, estádio plantular e no aspecto das sementes, sendo
impossível, muitas vezes, diferenciá-las nesses estádios. As mais importantes são:
- B. oleracea var. capitata: repolho. Bianual, caule curto e grosso, folhas verdes ou
arroxeadas, côncavas, imbricadas, densamente apertadas entre si, formando uma cabeça
compacta esférica, oval ou alongada, que pode atingir 50 cm de diâmetro. As subvariedades
são divididas conforme a forma e a coloração das cabeças, originário da Europa e Ásia
Ocidental, são ótimas fontes de vitaminas C, B1 e B2, ferro e cálcio.
- B. oleracea var. acephala: couve. Não forma “cabeça”. Pode crescer durante 4
anos consecutivos. Caule grosso e cilíndrico até 3m de altura com um capitel de folhas
(parte comercial) brancas, verdes ou roxas. Pertencem a esta variedade as couves comuns
(tipo manteiga) e as couves forrageiras. Propaga-se facilmente por galhos, método mais
comum, e por sementes. Contém as vitaminas U e K, protetoras das mucosas e anti-
hemorrágicas, nos casos de úlceras, sendo comidas cruas.
- B. oleracea var. gongylodes: couve-rábano. O caule (hipocótilo) forma um bulbo
arredondado ou fusiforme, contendo medula desenvolvida, utilizada em pequena escala
como hortaliça e forrageira, anual ou bianual.
- B. oleracea var. italica (=B. oleracea var. botrytis subvar. cymosa): brócolis. As
partes comestíveis são os botões florais e os pedúnculos das inflorescências, excelentes
fontes de vitamina A e cálcio.
- B. oleracea var. botrytis (= B. oleracea var. botrytis subvar. cauliflor): couve-flor.
Anual, existem numerosas cultivares que podem ser cultivadas em diferentes épocas do

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ano. A parte comercializada é a inflorescência ramificadas com pedúnculos crassos e
abreviados, com flores atrofiadas. Apresenta um razoável teor de proteínas, rico em
vitamina A, B1 e C, mineralizante e que combate a acidez estomacal.
- B. oleracea var. gemmifera: couve-de-bruxelas. Erva anual de até 80 cm de altura,
que produz pequenos repolhos ao longo do caule a partir de gemas nas axilas das folhas.
Apresenta vitaminas A, B1, B2 e C. É derivada de uma couve selvagem da Europa que
depois de séculos de seleção assumiu uma forma bastante interessante. Multiplica-se por
sementes.
- Raphanus sativus var. radicula: rabanete. É a hortaliça mais precoce, em apenas
30 dias proporciona colheita; originária da Ásia Central e Oriental; anual ou bianual; a parte
comestível são as raízes tuberosas vermelha e branca; multiplica-se por sementes; as raízes
e as folhas tem alto teor de vitaminas A, C, cálcio e fósforo. Combate o escorbuto, doenças
do aparelho urinário, expectorante, as folhas estimulam o apetite e as funções digestivas em
geral; é usado no tratamento de artrite, tranqüilizante e tônico muscular; as sementes são
usadas contra vermes.
- Eruca sativa: rúcula, pinchão. Anual ou bianual, originário do Mediterrâneo, as
folhas são acres e picantes. São ricas em vitamina A e C, e iodo; as sementes são colhidas
aos 35 a 40 dias. Melífera, diurética, as folhas e sementes são usadas como condimentos,
proporciona vários cortes (colheitas).
- Nasturtium officinale: agrião, agrião-d´água. Planta aquática ou palustre
(higrófila), perene, originária da Europa, mas naturalizada em todo o mundo, é reputada
como ótima fonte de vitaminas e excelentes propriedades medicinais, multiplica-se por
sementes e ramos. É anti-anêmica, anti-escorbútica, diurética, mineralizante, pois contém
vitamina A, C, iodo e ferro, é tônica, estimulante, expectorante, baixa o teor de açúcar no
sangue. Seu uso excessivo pode provocar cistite e irritações no estômago, é laxativo,
vermífugo, julga-se abortivo.
- Lepidium sativum: mastruço, mentruz, agrião-da-terra. Anual, rosulada, originária
do Irã, Egito e Oriente; possui sabor picante e agradável, multiplica-se por sementes, é
cultivado na Europa há muito tempo para salada.
- Lepidium ruderale: agrião-do-seco, mestruz, agrião bravo. Erva anual de até 50 cm
de altura, ruderal e invasora, originária da América do Sul, usada em infusão contra febre,

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uso externo no tratamento de hemorróidas, cataplasma em luxações, suco das folhas é
usada contra doenças do estômago e vermes, usado também no tratamento de doenças do
aparelho respiratório. Multiplica-se por sementes.
- Armoracia rusticana (=A. lapathifolia): crem, raiz-forte, crem alemão. Erva
perene com raíz geminífera profunda, grossa e cilíndrica pouco ramificada de sabor
picante; como geralmente não produz semente, multiplica-se por estacas de raíz. Originário
do Sudeste da Europa. A raíz fresca ralada é um excelente condimento para vários pratos,
indústria de linguíça e salsichas, usa-se também o pó das raízes (USA), o aroma e a
pungência são devidos a sanigrina, é rico em vitamina C e por isso usada contra o
escorbuto.

ESPÉCIES INVASORAS DE CULTIVOS:


- Raphanus raphanistrum: nabiça, nabo selvagem. Anual, invasora e forrageira,
multiplica-se por sementes.
- Capsella bursa-pastoris : bolsa-de-pastor.

ESPÉCIES ORNAMENTAIS:
- Iberis umbellata e I. sempervirens: flor de neve, assembléia, flor de mel. Erva
anual e perene, respectivamante, ornamental para tapetes, bordadura ou flor de corte,
originária da Europa, multiplica-se por sementes no lugar definitivo.
- Mathiola incana e M. bicornis: goivos. Ervas anuais e bianuais com flores rosa,
branca, laranja, púrpura, azul, violeta, alfazema e amarela, originária de orla e ilhas do
Mediterrrâneo, multiplica-se por sementes, são ornamentais para terraços, pátios em
corbelhas, etc.

SUBCLASSE ROSIDAE
ORDEM ROSALES
Família Rosaceae

O nome provém de "rosa" (latim) = a rosa ou do grego "Rous" = vermelho.

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Esta família é importante porque encerra várias espécies frutíferas, ornamentais e
florestais.
Compreende 124 gêneros e 3.500 spp. distribuídas, principalmente nas regiões
temperadas do hemisfério norte. No Brasil temos três gêneros - Prunus, Rubus e Quillaja.
Plantas de hábito muito variado - ervas, subarbustos, trepadeiras e árvores; caule
com ou sem acúleos. Folhas com estípulas, alternas, simples ou compostas.
Flores completas, pentâmeras, hermafroditas, em geral vistosas. Androceu iso, poli
e diplostêmone, apresentam desdobramento (Rosa e Spiraea); receptáculo bem
desenvolvido, elevado (Rubus) ou afundado em relação aos demais verticílios (Rosa,
Pyrus); cálice persistente; ovário com 1 a muitos carpelos (Prunus e Fragaria). Têm
disposição variável em relação ao receptáculo: pode estar no fundo (Rosa), na face interna
(Malus) ou sobre ele (Fragaria). As sementes carecem de endosperma.
Inflorescências variadas e espécies que não formam inflorescências.
Fruto: drupa, aquênios, folículos, pseudofrutos (pomo), frutos múltiplos (cinorrodo)
e baga.
Propagação por sementes, estacas, enxertia.

Observação - segundo a forma do receptáculo floral, posição do ovário, número e


soldadura dos carpelos a família divide-se em quatro subfamílias:

Subfamília Spiraeoideae

K5 C5 An G5 ↑ * ou G5 → *
Ovário súpero ou semi-ínfero, constituído de cinco carpelos livres em receptáculo
plano ou levemente côncavo, frutos do tipo folículo. Folhas simples.

O gênero Spiraea encerra cerca de 60 spp. do hemisfério norte (China e Japão);


normalmente usadas como ornamentais de flores brancas, rosadas, simples ou dobradas;
multiplicam-se por galhos ou divisão da touceira (perfilhos).
- Spiraea spp. - Grinalda-de-noiva, flor-de-noiva.

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- Quillaja brasiliensis: Saboeiro, Sabão-de-soldado. Árvore perenifolia, nativa do
RS, Argentina e Uruguai. Usada para madeira, lenha, medicinal: cicatrizante (tintura) e
diurética (casca). Apresenta grandes quantidades de saponina usada para lavar tecidos
finos. Multiplicação por sementes.
- Quillaja saponaria: árvore chilena usada na fabricação de bebidas e dentifrícios.

Subfamília Rosoideae

K5 C5 An Gn ↑ * ou Gn → *
Arbustos, subarbustos e ervas, aculeados ou não, folhas compostas.
A) Receptáculo côncavo: em forma de urna, encerrando vários carpelos livres
(gineceu apocárpico). O fruto múltiplo (agregado) é denominado cinorrodo (urna côncava e
seca, cujas paredes se tornam coloridas com o amadurecimento dos frutos). Os frutos
verdadeiros são pequenos aquênios.

Gênero Rosa: encerra arbustos erguidos, sarmentosos ou volúveis, dotados de


acúleos e flores grandes e vistosas (normalmente dobradas). Inclui todas as espécies de
roseiras cultivadas. Fruto múltiplo (agregado) denominado “cinorrodo”.
As espécies do gênero Rosa são consideradas as mais antigas plantas em cultivo. Existem
cerca de 250 espécies originárias do hemisfério norte e provavelmente milhares de
variedades e híbridos cultivados como ornamentais. Algumas espécies são importantes na
indústria de cosméticos, por serem fonte de água-de-rosas e do óleo-de-rosa-mosqueta, por
exemplo. As roseiras são usadas também na alimentação (pétalas e infrutescências) como
doces, conservas, saladas; as pétalas são usadas em licores e vinhos. São ricas em vitamina
C, B, E, K, taninos, sendo empregadas no tratamento dos rins em geral, diarréias e
infecções intestinais; água de rosas utilizadas como colírio e contra inflamações dos olhos;
são antissépticas e digestivas; combatem a prisão de ventre e inflamações da boca; úlceras.
A multiplicação ocorre por estaquia, alporquia, enxertia e sementes. A maioria das
espécies realiza “o desdobramento” dos estames em pétalas, originando as inúmeras
espécies e variedades de flores dobradas.

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As principais espécies são: R. canina, R. damascena, R. gallica, R. centifolia, R.
sempervirens, R. chinensis, R. odorata, R. gigantea, R. villosa e R. spinosissima.
- Rosa canina: roseira primitiva; corola simples; infrutescências para conservas;
porta enxerto.
- R. chinensis: roseira-da-china.
- R. gallica: roseira francesa, roseira vermelha; é muito resistente é das espécies de
rosa, a mais apropriada para fins terapêuticos.
- R. multiflora: roseira miúda, usada em conservas.

B) Receptáculo convexo: com consistência carnosa, suportando vários carpelos livres


(gineceu apocárpico) que depois de maduros transformam-se em pequenas drupas
concrescidas entre si apenas na base (Rubus) ou em aquênios (Fragaria). Os pseudofrutos
são compostos (múltiplos).

Gênero Rubus: encerra as framboesas, as amoreiras selvagens ou salsamorras,


amoras do campo. Os caules morrem após o ciclo anual, rebrotando de rizomas ou
xilopódios na primavera seguinte. Folhas compostas. Fruto negro ou avermelhado,
composto procedente de muitos ovários inseridos num receptáculo elevado. Exemplos:
- Rubus idaeus: framboesa, framboesa européia. Arbusto decumbente apresenta
rizomas; fruto vermelho intenso; espécie extremamente resistente ao frio (cultivada na
Sibéria, no Alaska e no Canadá); galhos ou pedaços de rizoma; Europa e Ásia; frutos
comestíveis, combatem a febre, o escorbuto, icterícia, prisão de ventre.
- Rubus occidentalis: framboesa. Arbusto sarmentoso, infrutescências pretas, região
oriental da América do Norte; multiplicação como a espécie anterior.
- Rubus hassleri: amoreira preta. Ocorre desde MG até o RS formando maciços
densos em lugares de culturas abandonadas, capoeira, etc. Os frutos são pretos ou escuros;
maduros a partir de outubro até fevereiro; caducifólio e resiste; multiplica-se por sementes,
galhos, estacas, perfilhos e estacas de raíz.
- Rubus brasiliensis: amoreira-do-mato, amoreira branca. Semelhante a anterior,
porém de frutos branco/creme; ocorre desde MG até o RS.

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- Rubus rosaefolius: amora vermelha, framboesa; amora-do-mato; Originária do
Japão, China e Índia. Naturalizada no sul do Brasil. É a espécie mais cosmopolita;
multiplica-se por galhos, estacas de caule e de raíz, perfilhos e sementes.
Estas três espécies de Rubus são usadas como antidiarréicos poderosos, empregando-se
folhas e /ou brotos; entram na elaboração de licores, geléias, tortas e xaropes.

Gênero Fragaria: encerra plantas herbáceas, perenes, rastejantes (rizomatosas ou


estoloníferas); com folhas longopecioladas, trifolioladas, com flores brancas. Fruto
composto (múltiplos) com receptáculo carnoso muito desenvolvido e numerosos aquênios
periféricos, superficiais ou em pequenas escavações. Multiplicam-se por perfilhos ou
divisão da muda matriz, estolões ou estolhos.
- Fragaria vesca: moranguinho, morango (morangos mais saborosos). Silvestre na
Eurásia. Os aquênios não se encontram em pequenas escavações do receptáculo.
- Fragaria chiloensis: moranguinho, morango. Originário do Chile.
- Fragaria virginiana: morango. Originária da América do Norte. Estas duas
últimas espécies diferem da F. vesca por estarem os aquênios dispostos em pequenas
escavações do receptáculo.
- Fragaria x ananassa: moranguinho. Híbrido mais cultivado no mundo; os aquênios
inseridos em pequenas cavidades do receptáculo; frutos grandes, suculentos, embora menos
aromáticos.

Uso das espécies de morango: essência na cosmetologia, aromatização de medicamentos e


alimentos; os frutos são úteis na digestão, estimulantes das funções hepáticas e do apetite;
os rizomas e as folhas possuem taninos com propriedades adstringentes, diuréticos,
hemostáticos e vulnerários; combatem, também, o ácido úrico.

Subfamília Maloideae (Pomoideae)

K5 C5 An G(2-5) ↓ *

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Ovário ínfero, com 2-5 carpelos concrescidos entre si e unidos ao receptáculo
côncavo. Ao amadurecer, o receptáculo torna-se carnoso, envolvendo os carpelos e
formando um pseudofruto chamado pomo. Árvores ou arbustos de folhas simples, estípulas
caducas.
- Malus domestica: macieira. Árvore de copa arredondada, folhas verde-escuras,
caducas e denteadas, aparecem na primavera com as flores. Flores branco-rosadas, reunidas
em umbelas simples. Originária do hemisfério Norte – Europa e Ásia. A macieira cultivada
é de origem híbrida, provavelmente derivada de Malus sylvestris (=Pyrus malus) com
outras espécies de Malus. O número de cultivares em todo o mundo é muito grande. Além
do fruto, fornece óleo, essências aromáticas e medicinal. Outros usos: bebidas (cidra e
conhaques), vinagres, concentrados, xaropes, doces, pó de maçã, passas, etc. Flores
melíferas. Multiplica-se por enxertia (começa a produzir após 3 anos de plantio) e
sementes.
- Pyrus communis: pereira. Florestas mistas da Europa Central e Oeste da Ásia.
Árvore de copa vertical, caducifólia. Folhas de cor verde vivo, coriáceas, caediças, glabras,
de bordo fracamente serrilhado, aparecendo na primavera junto com as flores. Flores
brancas, solitárias ou em fascículos.Os carpelos no pseudofruto maduro são rodeados por
uma camada de células pétreas. Fruto mais suculento e mais doce que a maçã, porém
menos resistente ao armazenamento. Floresce na primavera e frutifica no verão e/ou no
outono conforme a var. e a cv. O número de cultivares em todo o mundo é muito grande.
No RS cultiva-se P. pyrifolia, que apresenta polpa dura e arenosa. Multiplica-se por
enxerto, estacas e sementes.
- Cydonia oblonga: marmeleiro comum. Arbusto caducifólio, nativo do Oeste da
Ásia. O fruto "in natura" não é consumido normalmente. Multiplica-se por sementes,
estacas, enxertia e mergulhia. O marmeleiro precisa de polinização cruzada para frutificar.
Usos: Ornamental, xarope adstringente e peitoral; fruto para diarréia e prisão de ventre;
melífera e porta enxerto para a pereira. Há três formas cultivadas:f. pyriformes, f.
maliformis e f. lusitanica.
- Eriobotrya japonica: nespereira, ameixeira-do-Japão. Arbusto perenifólio ou
arvoreta; floresce de maio a julho e frutifica em meados do inverno e ínicio da primavera;
Usos: fruto de mesa e frutos contra prisão de ventre. Multiplica-se por sementes e enxertos.

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- Chaenomeles sinensis: marmeleiro-do-Japão, marmeleiro-da-China. Árvore ou
arbusto muito ramificado, caducifólio; ornamental e frutífera; frutos pesam ao redor de 1
Kg; sementes, enxertia, galhos e alporquia; planta rústica.
- Chaenomeles lagenaria e C. japonicum: marmeleiro-de-jardim. Arbusto
caducifólio; ornamental pelo grande número de flores rosas ou vermelhas, que surgem
antes das folhas em meados do inverno e início da primavera, pelo período de floração
muito grande e a grande quantidade de ramos floríferos; estacas, sementes e perfilhos;
rústica.

Subfamília Prunoideae

K5 C5 An G1 ↑ * ou G1 → *
Árvore e arbusto de folhas simples e estípulas caducas.
Óvário súpero ou semi-ínfero, constituído de um só carpelo, um só lóculo e um
rudimento seminal; receptáculo côncavo. Fruto drupa, monosperma, com mesocarpo
carnoso e endocarpo endurecido (lenhoso).

Gênero Prunus: apresenta árvores e arbustos perenifólios e caducifólios. Folhas simples e


flores solitárias ou em fascículos ou cachos. Polistêmone com os estames inseridos num
receptáculo em forma de cúpula; fruto drupa. Multiplicam-se por sementes, enxerto,
estaquia ou alporquia.
- Prunus persica: pessegueiro comum. Arbusto muito ramificado com os ramos
arroxeados ou cinzentos; folhas lanceoladas, serrilhadas, sem pêlos, com os pecíolos
glandulares; flores rosadas dispostas, solitariamente ou duplas ao longo do ramo de ano
(aparecem antes que as folhas, porque as gemas floríferas exigem menor número de horas
de baixas temperaturas que as gemas vegetativas); fruto pilosos; endocarpo lenhoso e
sulcado aderente ou não ao pericarpo; floresce em fins do inverno - início da primavera e a
colheita pode ir de outubro a abril; originário da China e introduzido no Brasil em 1523 em
São Vicente (SP) por Martim A. de Souza. Esta espécie apresenta três variedades mais
cultivadas, além de outras ornamentais: Prunus persica var. typica que encerra as cv. de
maior valor econômico e consumo “in natura” e os frutos têm a polpa aderida ao caroço;

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Prunus persica var. nectarina (ou var. nucipersica) - nectarina, pêssego pelado, pêssego
ameixa (fruto sem pêlos com casca fina e lisa, vermelha, com polpa amarela) e Prunus
persica var. aganopersica, pessegueiro molar. Há dois tipos genéricos de pêssego: o “de
mesa”, que tem polpa fundente (caroço aderente) e o “de conserva” que tem a polpa não
fundente (caroço solto). O CNPFT produziu variedades que poderão ser comercializadas
para consumo “in natura” como utilizadas para conservas; o mesmo centro produz
pessegueiros ornamentais (20 a 25 pétalas por flor) e o pessegueiro anão que quando adulto
tem cerca de 40 cm de altura e produz poucos frutos por ano (mais ou menos 20 frutos).
Planta melífera e ornamental. O chá das folhas é empregado contra perturbações do
estômago.
- Prunus domestica: ameixeira comum, ameixeira européia. Oeste da Ásia e Europa
(Eurásia); arbusto caducifólio; flores solitárias ou geminadas; fruto globoso, purpúreo,
violáceo, vermelho ou amarelo (mais comum) e doce (suculento); caroço liso, comprimido
e emarginado; o fruto tem propriedades laxativas e para acalmar a tosse; madeira
compacta, dura e grã-fina; enxertia.
- Prunus insititia: ameixeira. Originária da Eurásia. Arbusto ou árvore de até 6
metros, com os ramos novos, densamente pubescentes; flores brancas; fruto pêndulo,
enegrecido e polpa doce. - P. insititia var. syriaca: ameixeira mirabela. Frutos amarelos; P.
insititia var. italica: ameixeira Rainha Claudia; fruto globoso, parcialmente tingido de
púrpura ou completamente purpúreo.
- Prunus cerasifera: mirabolão. Arbusto ou arvoreta originária da Ásia; flores
brancas, solitárias; fruto de 2 a 3 cm de diâmetro, polpa amarela e o endocarpo aderido à
polpa; cor do fruto varia de rosa a amarelo e sem sutura lateral; rústica; porta enxerto de
outras espécies de ameixeiras; indicada como planta ornamental.
- Prunus amygdalus var. sativa: amendoeira doce, amêndoa. Desta espécie se
aproveita a semente- amêndoa que é doce; floresce em pleno inverno; é a primeira espécie
do gênero a florescer; usos: óleo das amendoas em farmácia e cosmética como emoliente e
rejuvenecedor.
- P. amygdalus var. amara : amendoeira amarga. Cianogênica (amigdalina).
- Prunus avium: cerejeira, cereja. Árvore de grande porte, caducifolia, Originária da
Eurásia, cultivada em regiões de clima frio e temperado; flores brancas em densos

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fascículos umbeliformes; fruto de 1,5 - 2,5 cm de diâmetro de cor vermelha ou purpúrea,
polpa aderente ao endocarpo. Cultivada para a indústria de licores e para a confeitaria.
Madeira dura, compacta, fibra fina e reta (ótima madeira). Há 4 formas cultivadas como
ornamentais: f. plena, f. juliana, f. duracina e f. pendula.
- Prunus sellowii : pessegueiro-do-mato. Árvore nativa das matas sul brasileiras;
ótima madeira com diversos empregos dada sua consistência, padrão de fibra e
durabilidade; tóxica para o gado; as folhas têm forte cheiro de amêndoas, apresentando a
maioria das vezes duas glândulas basais; sementes são de fácil difusão pelos pássaros;
crescimento rápido é indicada para florestamento de margens de rios e barragens, pois
adapta-se a diversos tipos de solo.
Obs. Existem dois gêneros pertencentes a duas famílias distintas, com espécies
nativas ou cultivadas no Brasil, que são popularmente conhecidas como amora ou amoreira
do mato. No quadro abaixo estão descritas as principais diferenças.
Rubus spp. Morus spp.

Família Rosaceae Moraceae

Hábito Arbustiva apoiante (trepadeira) Arbórea


herbácea
Folhas Geralmente compostas Simples
Flores Brancas ou rosadas Verdes estaminadas ou
K5 C5 An Gn ↑ * pistiladas
Perfeitas Masculinas: K4 A4 *
Femininas: K4 G(2) * ↑

Inflorescências Panículas Masc.: Amentilhos


Fem.: Glomérulos
frutos Múltiplos Infrutescências
Presença de acúleos Presentes, inclusive na face dorsal Ausentes
das folhas
Quadro III - Diferenças entre espécies de Rubus e Morus.
SUBCLASSE ROSIDAE
ORDEM FABALES
Família Fabaceae (Leguminosae)

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Para BENTHAM (1865) o grupo pertence à ordem Rosales e é tratado como
família Leguminosae, com três subfamílias: Mimosoideae, Caesalpinioideae e
Papilionoideae.
HUTCHINSON (1964) e TAKHTAJAN (1973) consideram três famílias
independentes, Mimosaceae, Caesalpiniaceae e Fabaceae ou Papilionaceae.
Segundo POLHILL & RAVEN (1981) há um consenso entre os
leguminólogos, que consideram a família Leguminosae (ou Fabaceae) dentro da ordem
Leguminales, subdividida em três subfamílias: Mimosoideae, Caesalpinioideae e
Papilionoideae ou Faboideae. Segundo CRONQUIST (1988) este grupo de plantas pertence
à ordem Fabales e está dividido em três famílias independentes: Mimosaceae,
Caesalpiniaceae e Fabaceae.
Apesar da Classificação de CRONQUIST (1988), trataremos este grupo conforme
POLHILL & RAVEN (1981).
A família Leguminosae (Fabaceae) possui cerca de 700 gêneros e 18.000 espécies,
com ampla distribuição mundial (cosmopolitas).
O hábito é bastante variável, desde minúsculas ervas, arbustos, trepadeiras até
gigantescas árvores. Vegetam em diferentes ambientes: campos, matas, desertos, neves,
brejos, etc.
O sistema radicular embrionário adquire, geralmente, grande desenvolvimento;
predomina uma raíz pivotante que pode penetrar vários metros de profundidade no solo
(alfafa). Raízes adventícias predominam nas espécies herbáceas; há raízes geminíferas
(espinilho, pata-de-vaca).
As raízes de quase todas as leguminosas possuem nodosidades, apresentando
simbiose com bactérias dos gêneros Bradirhizobium e Rhizobium, que têm a capacidade de,
por quimiossíntese, fixar o nitrogênio atmosférico. Este nitrogênio será utilizado na
formação de moléculas proteicas, as quais serão aproveitadas também pela leguminosa. Em
contrapartida, as bactérias utilizam açúcares produzidos durante a fotossíntese pela
leguminosa, para a sua nutrição. Vivendo em simbiose ambos os organismos se
multiplicam abundantemente, mesmo em solos com baixa fertilidade ou em solos muito
pobres em nitrogênio e em matéria orgânica, a tal ponto que outros vegetais mal podem
competir com eles. Separadamente, cada um levaria uma vida precária e/ou sucumbiria. As

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nodosidades são mais freqüentes nas leguminosas da subfamília Papilionoideae
(Faboideae).
O caule é, também, extremamente variado. As folhas são alternas espiraladas,
compostas, às vezes, unifoliolada, apresentam pulvino, pulvínulo, estípulas, estipelas,
pecíolo, pecíolulo, raquiz, raquílula; podem apresentar nectários ou glândulas e gavinhas;
algumas espécies apresentam filódios (acácia mimosa). O tipo de folha auxilia a
caracterização das subfamílias.
As flores são hermafroditas, completas, 4-5, vistosas, reunidas em inflorescências; a
corola é diali ou gamopétala, actino ou zigomorfa; o androceu é diali ou gamostêmone,
podendo ser oligo(raro), diplo ou polistêmone, podem ocorrer estaminódios; o gineceu
unicarpelar, súpero é característico de toda família.
O fruto característico é uma vagem ou legume, podendo ocorrer outros tipos:
folículo (Trifolium repens), lomento (Desmodium incanum), sâmara (Tipuana tipu) e
aquênio (Stylozanthes).
Predomina a multiplicação por sementes; a vegetativa não é uma forma muito
comum entre as leguminosas.
Dentro deste grupo existem espécies extremamente úteis: alimentícias (feijão,
lentilha, ervilha); forrageiras (trevos, ervilhacas, alfafa); utilizadas para adubo verde
(tremoços, guandú); melíferas (trevo-de-cheiro, maricá); tânicas (acácia-negra); oleaginosas
(soja, amendoim); medicinais (pata-de-vaca, giesta); ornamentais (flamboyant, chuva-de-
ouro, corticeira); produtoras de celulose (bracatinga), etc.
As três subfamílias são: Mimosoideae, Caesalpinioideae e Papilionoideae. As três
têm em comum: ovário súpero, unicarpelar, legume e a capacidade de apresentar
nodosidades nas raízes.

Subfamília Mimosoideae
É a menor dentre as leguminosas: 50-60 gêneros e 2800 espécies. Apresenta folhas
bipinadas; flores actinomorfas com corola diminuta, diplostêmones ou polistêmones, filetes

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compridos e coloridos constituindo o atrativo das flores; inflorescência capituliforme
(predominante) ou espiciforme.
- Inga spp.: ingazeiros. Árvores ou arbustos de folhas penadas, raquiz alada e com
glândulas entre folíolos; várias espécies nativas no RS; ótimas plantas para florestamento
de áreas úmidas; crescimento rápido; melíferas; pouco estudadas sob o aspecto medicinal; a
casca é usada para curar feridas crônicas e diarréia. A polpa abundante e adocicada que
envolve as sementes é comestível; podem ter madeira dura para obras rurais ou carvão.
Algumas espécies do RS.
- Inga marginata: ingá-feijão. É o mais comum no RS.
- Inga uruguensis: ingá-banana, ingá-do-brejo
- Inga sessilis: ingá-macaco, ingá-ferradura.
- Calliandra tweediei: topete-de-cardeal, caliandra. Arbusto ornamental nativo do
RS, capítulos vermelhos, semelhantes a um pincel, folhas de 3 a 5 jugas, legumes pilosos;
sementes.
- Calliandra brevipes: caliandra, quebra-foice, cabelo-de-anjo. Semelhante ao
anterior do qual se diferencia pelos estames cor de rosa no ápice e brancos na base, folhas
unijugas, legumes glabros; ornamental e cercas vivas; Sul do Brasil; sementes.
- Acacia spp. Encerra em torno de 1200 espécies, distribuídas pela Austrália, África
e América tropical e subtropical. São cultivadas por sua madeira, lenha, tanino, gomas,
perfumes, flores, ornamentais, fixação de dunas, cercas-vivas, melíferas, etc. No
vocabulário hortícula ou popular, se designam como acácias várias outras leguminosas que
não pertencem a este gênero; algumas espécies cultivadas e/ou nativas. Na Austrália tem-se
manifestado um extraordinário endemismo e uma variação evolutiva intensa de espécies
com filódios.
- Acacia mearnsii: acácia-negra. Árvore Australiana; ornamental pela forma da copa
e flores brancas perfumadas em vistosas inflorescências. Casca produz tanino usado na
curtição de couros; tronco para lenha ou celulose; crescimento rápido, porém de pouca
longevidade; quebra ventos temporários; sementes.
- Acacia podalyriaefolia: acácia-mimosa. Arvoreta ornamental graças aos seus
filódios cinza e suas inflorescências em densos cachos de capítulos de flores amarelas;
sementes; Austrália; flores de inverno; os filódios e os brotos pubescentes.

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- Acacia longifolia: acácia trinervis, acácia da Tasmânia; filódios alongados com
três nervuras proeminentes; ornamental, lenha, sombra e na Austrália tanino; excelente
espécie para fixação de dunas, resistindo ao vento do mar; Austrália; sementes.
- Acacia bonariensis e Acacia tucumanensis: unha de gato, nhapindá; ambas as
espécies tem flores brancas ou creme; são arbustos ou arbustos lianosos; cercas vivas;
lenha; sementes; nativos do Cone Sul.
- Acacia caven: espinilho, aromita. Nativo do Cone Sul; flores amarelo-douradas em
capítulos globosos, muito aromáticas; ótima lenha, melífera e madeira dura; na fronteira
oeste do RS está a maior concentração. A raíz é purgativa, emética e diurética; a casca da
raíz é usada para cicatrizar feridas, úlceras e escoriações; folhas são cicatrizantes; sementes
são digestivas; arbusto invasor; semente e raízes superficiais.
- Mimosa spp. Encerra ervas, arbustos e árvores. Legume lomentóide, denominado
craspédio, desarticulando-se entre as sementes, porém, deixando uma moldura. Espécies
mais comuns no RS:
- Mimosa bimucronata: maricá, americá. Arbusto abundante nas várzeas, ao longo
dos rios, banhados, lagoas, etc., formando agrupamentos que conferem um caráter típico na
fitofisionomia da vegetação secundária; também em encostas rochosas. Panículas de flores
brancas e perfumadas durante o verão (janeiro e fevereiro); frutos maduros em abril; lenha,
cercas vivas, melífera, madeira de cerne avermelhado e dura. A infusão de brotos combate
a asma, a bronquite asmática e as febres intermitentes; as folhas são mucilaginosas e
emolientes; introduzido como planta cultivada em Singapura e norte da China; sementes.
- Mimosa scabrella: bracatinga. Árvore característica da “zona da Araucária”
formando, por vezes, densos agrupamentos; espécie florestal de rápido crescimento produz
madeira branca para laminados e celulose, lenha e carvão; floresce no inverno e às vezes no
verão; flores de estames amarelo ouro; sementes.
- Mimosa pudica: sensitiva, dorme-dorme, malícia-de-mulher. Cosmopolita nos
trópicos úmidos da América do Sul, África e Ásia; é provável que seja originária da
América do Sul devido à existência de espécies afins. Erva perene, prostrada de folhas
muito sensíveis ao toque; a casca é vermífuga; as raízes são irritantes, purgativas e eméticas
(tóxicas em doses altas); seiva reputada como veneno violento; as folhas, embora
suspeitadas venenosas, são usadas em banhos contra tumores e a leucorréia; diz-se que

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causam a hematuria em animais que as pastam, sua infusão em pequenas doses é tônica,
purgativa e anti-gonorréica; a sensibilidade de suas folhas é que a tornaram mundialmente
conhecidas, sendo cultivadas em muitos países; sementes; invasora, uma planta que produz
até 700 sementes e que podem ter dormência de até 15 anos.
- Leucena leucocephala: leucena, acácia bela rosa. Arbusto nativo da América
Central e Antilhas; rápido crescimento; usos: adubação verde, proteção de solos erodidos,
folhas e vagens como forragens, sementes comestíveis, lenha, etc.; há mais de 100
variedades cultivadas com estas finalidades. Pode produzir aré 20 T/Ha de matéria seca;
folhas com 25,9% de proteínas; tem principio tóxico “a mimosina”, que causa perda de
pêlos, salivação e perda de peso; fixa até 500 Kg/Ha/ano de nitrogênio.
- Parapiptadenia rigida: angico vermelho, angico verdadeiro, paricá. Árvore com
até 35 m de altura com fuste de 5 a 15 m de comprimento; casca com fissuras em placas
que ficam aderidas pela parte superior; madeira de grande valor, de multiplas aplicações e
de grande durabilidade às intempéries; a casca é tônica e depurativa; a tintura é usada
contra contusões, golpes e dores musculares (uso externo); a resina (goma) é emoliente e
peitoral para quase todos os problemas do aparelho respiratório: tosse, bronquite, asma,
expectorante,etc.; entra na composição de xaropes com estas finalidades; também a flor é
medicinal e melífera; sementes achatadas com bordo alado papiráceo e sem endosperma;
propagação por sementes; é nativa do Brasil austral, Paraguai, Argentina e Uruguai.
- Enterolobium contortisiliquum: timbaúva, orelha-de-macaco, orelha-de-negro.
Floresce de novembro a fevereiro; frutos maduros no inverno; madeira leve e suave; casca e
frutos têm saponinas podendo ser tóxicas; árvore de grande copa para sombra (caducifolia);
propagação por sementes; é encontrado desde o Ceará até o RS, Bolívia, Paraguai, Uruguai
e Argentina.

Subfamília Caesalpinioideae
Predominam árvores e arbustos, cipós, raramente ervas; transição entre
Mimosoideae e Papilionoideae; folhas pinadas ou bipinadas. Flores em geral grandes,
zigomorfas, diplostêmones; dialistêmones; abrangem em torno de 2800 espécies quase
todas tropicais ou subtropicais distribuídas em cerca de 150 gêneros.

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Gêneros com folhas pinadas:
Gênero Senna: flores amarelas, vistosas, com anteras em geral mais longas que os filetes,
presença de estaminódios.
- Senna corymbosa: fedegoso. Arbusto de 1,50 a 3 m de altura; nativo do Sul do
Brasil, nordeste da Argentina e Uruguai; ornamental pelo longo período de floração (fim do
verão até o inicio de outono); sementes; flores amarelas em densas inflorescências; casca da
raíz e folhas são purgativas; as folhas em cataplasmas como emolientes; glândulas raqueais,
legume cilíndrico.
- Senna occidentalis: fedegoso, café bravo. Erva anual ou perene até 1,50 m de
altura; rústica e produzindo muitas sementes, tornou-se adventícia e ruderal em vários
locais; invasora de verão; América do Sul, África e Ásia; glândula peciolar basal; vagem
linear pouco comprimida e reta ou pouco curva; usos: folhas são purgativas e emenagogas,
raízes são usadas contra vermes, são diuréticas, abortivas; as sementes são tóxicas
(emodina).
- Senna macranthera: manduirana, chuva-de-ouro. Arbusto ou árvore do nordeste
brasileiro; ornamental; floração no outono; sementes; inflorescência panícula amarela;
vagem cilíndrica de 1,5 cm de diâmetro.
- Senna multijuga: aleluia, chuva-de-ouro, multijuga. Nordeste brasileiro;
ornamental de rápido crescimento e fácil multiplicação por sementes; pouco resistentes ao
frio; floresce no outono.
- Senna alata: acácia imperial. Arbusto de até 2,50 m de altura com grandes
inflorescências amarelas nas extremidades dos ramos; o fruto é uma vagem linear com duas
asas ao longo do mesmo; Ásia tropical; ornamental, anual ou perene de curta duração;
floresce no outono.
- Parkinsonia aculeata: cina-cina. Árvore ou arbusto espinhoso que ocorre desde o
México até o Sul da América do Sul; tem folhas muito pequenas, caducas em ramos
flexuosos; cercas vivas, ornamental, lenha, fibra têxtil e celulose, melífera; usada na
medicina popular, folhas e flores contra a febre e sudorífico, os brotos são emenagogos;
folhas abortivas; sementes e brotos de raíz.

Gênero Bauhinia: folhas com dois folíolos soldados, assemelhando-se a uma pata-de-vaca.

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- Bauhinia forficata: pata-de-vaca. É uma arvoreta ou arbusto espinhoso com folhas
unijugadas em forma de casco de bovino; flores brancas que surgem no verão; lenha e
carvão, entretanto seu maior valor é medicinal, é hipoglicemiante, hipocolesteremiante e
diurética, denominada “insulina vegetal”, sementes e raízes geminíferas; pode ser
ornamental; nativa da América do Sul.
- Bauhinia variegata: pata-de-vaca. Semelhante a anterior, de flores rosa ou
brancas, folhas acinzentadas, coriáceas. É a espécie mais cultivada como ornamental;
originária da Ásia.

Gêneros com folhas bipinadas:

Gênero Caesalpinia: Arbustos, árvores e lianas inermes ou aculeados, filetes mais longos
que as anteras. Tem cerca de 100 espécies pantropicais.
- Caesalpinia leiostachya: (= C. ferrea) pau-ferro. Árvore ornamental, copa pouco
densa e tronco com grandes manchas claras; ocorre do PI a SP; apresenta madeira dura,
vermelha ou castanha de grande resistência; as cascas e as sementes têm propriedades
adstringentes, anti-hemorrágicas e antidiabéticas; as cascas das raízes são febrifúgas e
antidiarréicas; sementes; é encontrada no Brasil.
- Caesalpinia echinata: pau-brasil. Árvore histórica do Brasil, naturalmente ocorre
desde o RN até o RJ na floresta litorânea; seu principal produto era a tinta extraida da
madeira para tingir tecidos e fabricar tinta de escrever; atualmente é apenas planta
ornamental de lento crescimento; madeira dura, compacta, pesada e resistente têm várias
aplicações; o lenho é adstringente, as cascas são usadas para combater diarréias e
desinterias; multiplicação por sementes.
- Caesalpinia spinosa: falso pau-brasil. Arbusto ornamental com florescimento
precoce; originário da Bolívia à Venezuela na Cordilheira dos Andes até 3000 a 4000 m de
altitude; vagens maduras de cor vermelha; multiplicação por sementes.
- Peltophorum dubium: canafístula, ibirapuitã. Árvore caducifólia de 20 a 35 cm de
altura, muito frequênte na bacia do rio Paraná; ocorre desde a Bahia até a Argentina e
Paraguai; no RS na Bacia do Médio e Alto Uruguai; ornamental, devido a intensa floração,

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esbelta, produz boa sombra, longo tempo de florada; madeira de multiplas aplicações;
multiplicação por sementes.
- Delonix regia: flamboiã, flamboiant, flamboião. Originário da Ilha de Madagascar.
Árvore de copa plana e estendida; requer lugares quentes e úmidos para manifestar toda a
beleza de sua florada; flores vermelhas; multiplicação por sementes.
- Holocalyx balansae: alecrim. Árvore perenifolia de folhagem verde escuro, de 15
a 20 m de altura, nativa dos matos do Médio e Alto Vale do Rio Uruguai, Depressão
Central e Paraguai; espécie cianogênica de madeira dura e pesada, ornamental;
multiplicação por sementes que não resistem ao armazenamento muito prolongado,
levando até dois meses para germinarem.
- Schizolobium parahyba: guapuruvú. Árvore gigante, de crescimento rápido e
aspecto característico da mata Atlântica brasileira; madeira branca, leve, para celulose e
outras utilidades; ornamental e florestal; ramifica a grandes alturas; macia para palitos,
brinquedos, aeromodelos, caixas, forros, etc; casca serve para curtume ; multiplicação por
sementes.

Subfamília Papilionoideae (Faboideae)


São árvores, arbustos, ervas anuais ou perenes, trepadeiras; folhas
predominantemente trifolioladas, pinadas, digitadas ou raramente unifolioladas. Flores
fortemente zigomorfas, 5-mera com estandarte ou vexilo, asas ou alas e quilha ou carena;
estames 10 do tipo monadelfos ou diadelfos. Estão representadas por 482 gêneros e 12000
ssp. que habitam todas as regiões da terra.
- Tipuana tipu: tipuana, tipa. Nordeste da Argentina e Paraguai. Árvore de grande
porte; fruto sâmara; multiplicação por sementes; usos: ornamental e florestal, a resina é
cicatrizante e infecções do útero.
O gênero Erythrina encerra mais ou menos 100 espécies nas regiões tropicais da
América do Norte e Sul, Austrália, África e Ásia.
- Erythrina falcata: ceibo, corticeira-do-seco, corticeira da serra. Árvore de grande
porte com flores vermelho-coral em grande número, nativa do cone sul, comum nas matas
de Santa Maria, floresce no início da primavera; ornamental para grandes áreas;
crescimento rápido; madeira leve; multiplicação por sementes e estacas.

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- Erythrina crista-galli: corticeira-do-banhado, sananduva. Prefere as margens dos
rios e lagoas, lugares pantanosos; nativa do cone sul, é a flor símbolo do Uruguai e da
Argentina. Tem usos ornamental, madeira, sombra e fixação de locais sujeitos a erosão,
celulose, a casca e as sementes têm alcalóides tóxicos de efeitos semelhantes aos do curare,
sendo usados como anti-helmíntica e hipnótica; no uso externo a casca é cicatrizante; das
flores se prepara um chá emoliente indicado para resfriados, tosses, etc.; multiplicação por
sementes e estacas.

O gênero Trifolium encerra ervas tenras, delicadas ou robustas, anuais ou perenes,


apresenta ao redor de 300 espécies distribuídas pela Ásia, África, Europa e Américas, em
regiões temperadas e frias; são os trevos verdadeiros. São todas plantas forrageiras e
melíferas.
- Trifolium pratense: trevo vermelho. Espécie européia, bianual; multiplicação por
sementes.
- Trifolium repens: trevo branco. Nativo da Europa, é o mais importante e cultivado,
perene; multiplicação por sementes.
- Trifolium subterraneum: trevo subterrâneo. Oriundo do Sul da Europa, muito
cultivado para pastoreio de ovinos, anual, muito rústico, tem esse nome porque enterra as
sementes, o que proporciona ótima ressemeadura natural.
- Trifolium hybridum: trevo híbrido. Perene, mas no RS é anual, resistindo muito
bem no inverno e morrendo no verão.

O gênero Glycine constitui-se de ervas eretas ou trpadeiras, pilosas e vagens


hirsutas, encontradas em regiões tropicais e subtropicais da África e da Ásia; tem
aproximadamente 15 espécies.
- Glycine max: soja. Ásia oriental onde é cultivada a mais de 5000 anos. É
considerado o mais importante legume cultivado na China e um dos 5 produtos sagrados
essenciais à existência da civilização chinesa; há muitas cultivares adaptadas para as mais
diferentes condições de cultivo no mundo inteiro. A planta fornece mais de 200 produtos
entre eles a “carne vegetal”; multiplicação por sementes.

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- Glycine wightii: soja perene. Ásia oriental; espécie anual, volúvel, empregada
principalmente como forrageira e adubação verde; controla inços; multiplicação por
sementes. O gênero Phaseolus é formado por ervas volúveis, prostradas, suberetas,
lianas, anuais ou perenes (xilopódio); encontrado na América troical desde USA até a
Argentina e Uruguai; ao redor de 180 espécies, outro centro de dispersão situa-se na Ásia
tropical.
- Phaseolus vulgaris: feijoeiro, feijão. Sulamericano, andino-tropical e subtropical
(desde o Peru ao noroeste da Argentina) onde ainda se encontra a forma silvestre - P.
vulgaris ssp. aborigeneus - sementes reniformes ou variantes desta forma, cores muito
variáveis: vermelho, preto, esverdeado, branco, manchado, marron e cinza; etc.; cultivada a
muitos anos pelos índios americanos ( desde USA até a Argentina) e a partir do século XVI
pelos europeus, causando o surgimento de muitas variedades em escala crescente na Europa
e outras regiões subtropicais do mundo inteiro. É um dos vegetais mais ricos em ácido
pantotênico; útil na desintoxicação do organismo e benéfico no metabolismo das proteínas
e gorduras; o caldo das sementes ou a infusão de vagens maduras combatem a hidropsia de
diversas origens, as doenças reumáticas e a diabete.
- Arachis hypogaea: amendoim. Provavelmente originário da Bolívia oriental; erva
anual de baixo porte; apresenta geocarpia, que é obtida pelo desenvolvimento exagerado do
ginóforo; usos: culinária, industrial de conservas, produtos farmacêuticos, tintas e corantes,
velas, sabões, óleo, manteiga, penicilina, industria de borracha, forrageira, as sementes são
tônicas e estimulantes; multiplicação por sementes.
- Arachis prostata: amendoim-do-campo. Nativo em formações campestres do RS.

O gênero Lupinus é composto por ervas e subarbustos perenes ou anuais, folhas


digitadas de 5 folíolos, pubescentes. São em geral plantas calcífugas, várias espécies se
cultivam em jardim pela sua floração, outras são agrícolas (forrageiras e adubo verde) e
outras com sementes comestíveis após prévia preparação; existem lupinos doces,
selecionados, livres de alcalóides. Aos tremoços são atribuídas propriedades vermífugas,
antiparasitárias e hipoglicemiantes; externamente são usados contra sarnas, manchas na
pele, acne e caspa. Também são tóxicos, e usados como cataplasmas contra abcessos. As
espécies mais comuns:

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- Lupinus luteus: tremoço amarelo. Anual, forrageira ou adubação verde.
- Lupinus albus: tremoço branco. De uso alimentício desde a antiguidade no Egito,
Grécia e Roma; anual.
- Lupinus angustifolius: tremoço azul. Anual, originou-se no Mediterrâneo, é usado
como adubação verde e as var. selecionadas (livres de alcalóides) como forragem.
- Lupinus varius e L. pilosus: tremoços ornamentais. Existem espécies nativas do
RS.
- Medicago sativa: alfafa. Perene, cespitosa, de grande vitalidade; não se presta para
o pastoreio direto no primeiro ano de desenvolvimento, a partir do segundo ano pode ser
feito, mas muito controladamente, por isso a alfafa é uma forrageira, fundamentalmente,
para corte, silagem ou fenação; originou-se nas regiões próximas ao Mar Cáspio, os árabes
introduziram-na na Espanha e de lá para a América do Sul. É antiescorbútica, usada contra
o raquitismo. Pode causar fotossensibilização no gado; incorpora até 200 kg/Ha/ano de
nitrogênio no solo; a raíz pode atingir até 6m de profundidade.

O gênero Vicia apresenta ervas anuais ou perenes, trepadeiras através de gavinhas


foliares, raro eretas, têm aproximadamente 150 espécies nas regiões temperadas e frias da
Europa, Ásia e Américas.
- Vicia faba: fava. Erva anual, ereta, caule vigoroso e quadrado, ligeiramente alado,
originou-se na Ásia ocidental e norte da África, há dois tipos principais: para alimentação
humana (olerícola), forragem (não utilizado entre nós) e adubação verde, tem alto valor
nutritivo, sementes apresentam viabilidade por mais de 5 anos. As folhas e flores são
diuréticas e usadas no tratamento de cálculos renais, as folhas são emolientes, a farinha é
excelente contra queimaduras.
- Vicia sativa: vícia, vica. Anual, trepadeira, sementes pequenas manchadas,
cultivada como forrageira de inverno (gado leiteiro); alto valor proteíco; rústica; pode fixar
90 kg/Ha/ano de nitrogênio;multiplicação por sementes.
- Lathyrus sativus: chichá, chirca. Erva anual, cultura de inverno como forrageira de
alto valor proteíco e cobertura do solo e adubação verde; origem no Mediterrâneo e Ásia;
multiplicação por sementes maduras.

91
- Lathyrus odoratus: ervilha-de-cheiro. Ornamental, flores até 3 cm, perfumadas,
multicores, nativa do sul da Europa.
- Pisum sativum: ervilha. Trepadeira anual; originária da Ásia. Autógama, vagens
lisas com poucas sementes que variam de cor conforme a variedade, existe a var. arvense
que é forrageira no Canadá e USA, tem alto valor nutritivo.
- Vigna sinensis: feijão miúdo, “cowpea” ou caupí. Usos: forrageira, adubação
verde, alimentação humana; de fácil cultivo, existindo muitas variedades que se distinguem
pela coloração da semente, porte da planta, precocidade, etc. Pode ser considerada invasora,
- Lens culinaris: lentilha. Tem origem no Mediterrâneo oriental; erva delicada,
anual, vagens com uma ou duas sementes, utilizada na culinária e como forragem, há duas
subespécies:macrosperma (sementes de 6 a 9 mm de diâmetro) e microsperma (sementes de
3 a 5 mm de diâmetro); excelente alimento em ferro, cálcio e fósforo; é cultivado desde a
antiguidade.

O gênero Desmodium é tropical e sub-tropical com cerca de 200 espécies, é


encontrado desde o Canadá até o centro da Argentina e Uruguai. Há também algumas
espécies asiáticas; quase todas são boas forrageiras naturais por serem muito apreciadas
pelo gado. No Brasil há cerca de 20 espécies, muitas são chamadas de “alfafas tropicais”.
- Desmodium spp.: pega-pega. Ervas anuais ou perenes, na maioria comuns nas
formações campestres da América do Sul. A espécie mais comum é D. incanum.
- Lotus corniculatus: cornichão. Herbácea, perene, originária da Europa,
profundamente enraizada, flores em umbelas amarelas; sementes pequenas; substitui a
alfafa na formação de pastagens em solos fracos, feno; cultura de inverno; pode produzir 20
a 30 T/Ha/ano de massa verde; propagação por sementes.

O gênero Aeschynomene encerra mais ou menos 150 espécies tropicais e sub-


tropicais na América do Sul e África, são ervas e arbustos de poucas aplicações; a maioria
vive em terrenos úmidos e banhados; os entre nós levam o nome de “angiquinho”.
- Aeschynomene rudis: angiquinho. São invasoras nas culturas de arroz; anual,
herbáceo ou lenhoso; multiplica-se por sementes.

92
- Wisteria sinensis: glicínia, wistéria. Liana ornamental, devido as suas enormes
panículas de flores azul-violáceas, pendentes, surgem antes das folhas e permanencem um
longo tempo floridas, fins do inverno e início da primavera; suporta podas violentas,
originária da China; existe a var. alba com flores brancas, menos difundida, var. flore-
pleno de flores dobradas; var. variegata de folhas prateadas e var. macrobotrys de cachos
maiores; melífera; se reproduz por estacas lenhosas e sementes
- Spartium junceum: giesta. Arbusto de 3 a 4 m de altura, subáfilos, flores amarelo-
ouro de 2,5 cm de comprimento reunidas em cachos axilares e terminais durante a
primavera; origem: sul da Europa; pode fornecer fibra têxtil; na França cultiva-se para
substituir a juta; ornamental (cercas vivas, mosaicos ou isolada) e medicinal (esparteína)
cardiotônico, pode ser tóxica para o gado, por ter citisina e escoparoside; a ingestão de
qualquer parte da planta pode provocar intoxicação; planta medicinal (usá-la com cuidado);
propagação por sementes.
- Cicer arietinum: grão-de-bico. Erva anual, glandulosa-pilosa; originária da Ásia
Menor, é cultivada a milênios no Oriente médio. Sua cultura é viável apenas no sul do
Brasil, pois é uma cultura de inverno; seu valor alimentício é comparado à soja e ao feijão
comum; é a leguminosa mais plantada no mundo; apresenta 17% de proteína, aproveita-se o
grão, folha e palha.
- Cajanus cajan: guandú, ervilha-de-árvore. Arbusto semi-perene até 3m de altura e
grande intensidade de crescimento; 3 a 4 cortes no ano e rebrota com vigor; originária da
África e a muito tempo cultivada na India; fornece cerca de 36 a 48 T/Ha/ano de massa
verde com 14 a 20% de proteína bruta na matéria seca; pode fixar 280 kg de N/Ha/ano e as
folhas mortas no solo corresponde a 2,5 T/Ha/ano; as folhas cozidas são usadas para o
tratamento de feridas e úlceras; as flores são usadas contra doenças respiratórias; a planta é
antihemorrágica e anti-blenorrágica; os grãos verdes substituem a ervilha na alimentação.
- Ulex europaeus: tojo. Arbusto espinhoso. Natural da Europa Ocidental, é
ornamental pela profusão de flores amarelas por longo período em cercas vivas; é invasora;
é melífera e forrageira na Europa; reproduz-se por sementes e pedaços de raízes que ficam
no solo.

SUBCLASSE ROSIDAE

93
ORDEM MYRTALES
Família Myrtaceae

A etimologia da família tem duas versões: do latim “myrtus” = a murta e do grego


“myrtós” = perfume em referência ao aroma característico de muitas de suas espécies.
Cerca de 100 gêneros e ao redor de 3.500 espécies tropicais e subtropicais, com dois
centros de distribuição: América e Austrália. Os climas temperados têm poucas mirtáceas
nativas. Além desses dois centros de origem, há Mirtáceas nativas da Europa, Índia, Ceilão
e África.
São plantas lenhosas desde subarbustos até os gigantescos eucalíptos; muitas
perdem o retidoma anualmente e não formam casca grossa.
Possuem glândulas esquizógenas produtoras de óleo essencial e aromático em todos
os órgãos, o que caracteriza muito a família.
Folhas simples; peninérveas, com nervura periférica ou marginal; opostas ou
alternas.
As flores em geral brancas; efêmeras; andróginas; androceu polistêmones com os
filetes relativamente compridos, brancos, que exercem atração sobre insetos polinizadores e
lhes dão um aspecto parecido com as Mimosoideae; gineceu de ovário ínfero ou semi-
ínfero; cálice em geral persistente; pétalas e sépalas podem ser livres ou concrescidas.
FÓRMULA FLORAL: K (4-5) C(4-5) An G(2-5) ↓ *
Inflorescências variadas: flores isoladas axilares (Psidium), caulifloria (Myrciaria) e
cachos, umbelas, panículas, etc. Os frutos podem ser do tipo baga, cápsula, drupa.
Duas subfamílias: Myrtoideae e Leptospermoideae.
Subfamília Myrtoideae Subfamília Leptospermoideae
Filotaxia Folhas opostas Folhas geralmente alternas
Tipo de fruto Baga ou drupa (carnoso) Cápsula ou pixídio (seco)
Tamanho das sementes Geralmente grandes Pequenas
Distribuição geográfica América Austrália

Subfamília Myrtoideae
Representantes nativos:

94
- Psidium cattleyanum: araçá-vermelho, araçá-do-campo, araçá-amarelo. Nativo da
mata pluvial da encosta atlântica; também encontra-se em matas ciliares, campos sujos e
arbustivos do Planalto Meridional. Tronco liso, brilhante, casca marrom clara com manchas
verde-amareladas; folhas de coloração verde-escuro-brilhante; frutos do tipo baga, com
casca amarela ou vermelha, polpa doce, branca ou vermelha; propagação por sementes;
floresce de setembro a janeiro e frutos maduros a partir de janeiro.
- Eugenia uniflora: pitangueira. Nativa do Cone Sul (desde MG até a Mesopotâmia
Argentina); folhas sob forma de chá é antidiarréica, diurética, adstringente, antifebril,
antireumática e estimulante; menor uso como hipocolesteremiante e hipoglicemiante;
madeira dura, homogênea e de vários usos; ótima lenha; propagação por sementes, as quais
perdem rapidamente o poder germinativo; floresce desde agosto-dezembro (às vezes maio).
- Eugenia rostrifolia: batinga, batinga-vermelha. Nativa da Encosta da Serra Geral,
por vezes forma agrupamentos puros. Árvore de 15 a 20m de altura, de tronco reto, casca
grossa e rugosa; madeira vermelha, dura, pesada, para construção; ótima lenha; frutos
comestíveis.
- Eugenia involucrata: cerejeira, cerejeira-do-rio-grande; cerejeira-do-mato. Árvore
mediana de 10-15m de altura, semidecidual; tronco liso esverdeado-amarelado com
manchas características; fruto vermelho quando maduro de até 25mm de comprimento;
difícil regeneração natural, as sementes germinam em 40 dias e a planta começa a produzir
frutos a partir do sexto/sétimo ano; frutos excelentes; madeira branca resistente e elástica;
pela sua estética é árvore ornamental.
- Eugenia pyriformis: uvaia, uvaieira. Árvore mediana até 15m de altura, tronco
reto, característica da “zona dos Pinhais” e mata branca do Rio Uruguai; floresce de
novembro a janeiro e frutos maduros a partir de janeiro com 2cm de diâmetro, casca e
polpa amarelas; ótima lenha.
- Acca sellowiana: goiabeira-da-serra, goiabeira-do-campo. Arvoreta de mais ou
menos 4m de altura; folhas ovadas, discolores, verde-escuras, quase glabras na face ventral
e branca na face dorsal; Pétalas carnosas e comestíveis, brancas por fora e, internamente,
rosadas com base púrpura. Estames vermelhos; floresce de setembro a dezembro e frutifica
de março a maio (junho); sementes; ornamental; frutos de 3cm de diâmetro comestíveis;
planta frutífera nos EEUU e França.

95
- Plinia trunciflora (Myrciaria trunciflora): jaboticabeira, jaboticaba. Árvore
perenifólia de até 15m de altura nas matas de planícies ou encostas úmidas na região
costeira, Planalto e Alto Uruguai; cultivada por causa dos frutos; bagas globosas de até 3cm
de diâmetro, casca dura, preta ou roxo-escura; polpa viscosa branca; frutifica várias vezes
no ano dependendo do regime das chuvas - quanto mais chuva, mais vezes frutifica; semear
logo após a maturação do fruto (colheita) e a emergência ocorre aos 40 - 45 dias; Muito
cultivada, de crescimento lento, produzindo as primeiras flores aos 10 anos; casca e
entrecasca contra diarréias e desinterias.
- Myrciaria jaboticaba: jaboticabeira. Nativa de São Paulo e hoje espalhada por
todo o Brasil.
As jaboticabeiras multiplicam-se; também, por via vegetativa, enxertia, galhos de
um ano (1cm de diâmetro) ou estacas.
- Myrciaria tenella: cambuim; nativa do sul do Brasil; sementes; lenha e madeira.
- Myrcianthes pungens: guabijú. Árvore perenifolia; folhas com um acúleo na
ponta; frutos são bagas globosas negro-violáceos, frutificação em fevereiro-março;
sementes; crescimento médio; nativo dos matos sulbrasileiros; madeira e excelente lenha.
- Campomanesia xanthocarpa: guabirobeira-do-mato. Árvore semi-caducifólia
nativa do Cone Sul; pela harmonia da copa, a coloração das folhas no início da primavera e
a densidade da folhagem, recomenda-se como árvore ornamental; frutos amarelos e
comestíveis; sementes; Casca e folhas contra diarréias; folhas diuréticas, no controle do
colesterol e triglicerídios; chá aromático; calmante; melífera; madeira branca muito
resistente; lenha que ao queimar exala aroma agradável; fruto amarelo de 1-2 cm de
diâmetro; muito procurado por pássaros e roedores; sementes germinam em 35 a 40 dias ;
floresce de setembro a novembro e frutos a partir de dezembro.
- Britoa guazumaefolia: sete capotes, sete capas, capoteira. Árvore mediana; desde
Minas Gerais até a Mesopotâmia Argentina; fruto amarelado e comestível, com alto teor de
vitaminas; floresce na primavera e frutifica no verão; sementes até 3 meses após a colheita;;
folhas para gripe; madeira, lenha e carvão; ótima para reflorestar margens de reservatórios
(açudes, barragens) por suportar solos úmidos.
- Hexachlamis edulis: pessegueiro-do-mato. Nativo nos capões e matas ciliares da
zona de campos (RS); fruto globoso amarelo ou amarelo-alaranjado de 3-6 cm de diâmetro

96
e pruinoso; floresce na primavera e frutifica no verão; frutos comestíveis, porém ácidos;
sementes.

Representantes não nativos, cultivados em países de clima quente, inclusive no


Brasil:
- Psidium guajava: goiabeira, goiaba. América tropical, México, América Central,
Colômbia e Perú, hoje cultivada em vários países do mundo dada as excelentes qualidades
de seus frutos; os frutos podem ser esféricos ou piriformes, sendo este caráter considerado
para fim de separar as variedades; propagação por sementes ou enxertia; Frutífera com boa
fonte de vitaminas A, B e C. Todas as partes da planta têm aplicações contra diarréias por
conterem elevado teor de taninos (brotos, principalmente); inflamações da garganta e
úlceras estomacais; plantas velhas (baixa produção) fornecem excelente madeira dura, grã-
fina, homogênea que serve em várias situações no meio rural.
- Syzygium aromaticum: cravo-da-índia. Ilhas Molucas; árvore de grande porte que
fornece os cravos aromáticos encontrados no comércio, para confeitaria e óleo para
perfumaria; tem propriedades caloríficas e estimulantes; óleo usado para estimular a
digestão e com propriedades antissépticas e antiespasmódicas; os ramos novos também são
usados; é tônico, estomáquico, carminativo e emenagogo; o óleo contém eugenol (78 a
98%) responsável pelo aroma característico; a cada ano aumenta o uso do cravo como
matéria de produtos farmacêuticos e de perfumaria; propagação por sementes; começa a
produzir ao quinto/sexto ano e aos 15 anos estabiliza para produzir 5 a 10 kg de botões por
ano e pode produzir durante dezenas de anos. Cravo seco de 2 a 4 kg/árvore/ano; 10 a 15
mil cravos secos pesam 1kg. É conhecido na China a mais de 2000 anos; no Irã e na China
é usado como afrodisíaco;
- Syzygium cumini e S. jambos: jambolão, jamelão, joão-bolão . Árvores indianas
cultivadas para sombra devido a copa grande e densa folhagem; propagação por sementes;
frutos comestíveis; são plantas ornamentais; usada contra desinterias, perturbações
estomacais, gases intestinais; seu maior emprego é contra diabetes (folhas, frutos e
sementes); folhas também são forrageiras; madeira para obras internas; meliferas; quebra
ventos. A diferença vegetativa entre ambas: S. cumini - nervura marginal muito próxima ao
bordo da folha e S. jambos - nervura marginal a uns 4 mm do bordo.

97
Subfamília Leptospermoideae
Gênero Eucalyptus: do grego “eu” = bem e “calyptein” = cobrir, aludindo a maneira
como o opérculo cobre os estames e os carpelos.
Compreende em torno de 600 espécies e 150 variedades, originárias da Austrália;
dentre as árvores cultivadas no mundo inteiro as espécies deste gênero ocupam lugar de
destaque pelo menos nos países tropicais e subtropicais; a sistemática do gênero baseia-se
no tipo de inflorescência, tamanho e forma do fruto e dos botões florais, disposição e forma
das folhas jovens e adultas, tipo de casca e natureza dos óleos essenciais. Porte arbóreo
(maioria) ou arbustivas; flores hermafroditas; pétalas e sépalas soldadas entre si formando
um opérculo cônico (capuz) que cobre completamente a parte superior da flor e que se
desprende por uma fenda transversal; fruto cápsula deiscente por valvas apicais;
propagação por sementes e estaquia (fitohormônios), as sementes abortam em grande
percentagem, distinguindo-se, facilmente, as férteis das estéreis: as férteis são maiores,
rugosas e escuras contendo endosperma e as estéreis são pequenas, alongadas de cor
castanho avermelhado (marrom claro). Quase todos os eucaliptos cultivados no RS têm
aplicação como planta medicinal entre a população. Entretanto dois deles se destacam:
- E. citriodora: eucalípto cidró, eucalipto limão. Contém 0,8 a 1 % de óleo nas
folhas cujo componente principal é o citronelol (90%); tem aplicações tópicas e inteiras
como balsâmico, expectorante, sudorífero, antiasmático, etc. É sensível à geada.
- E. globulus: é a mais indicada para uso terapêutico, farmacêutico e desinfectantes
aromáticos; das folhas extrai-se óleo que contém de 60 a 70% de eucaliptol empregado na
fabricação de balas, xaropes, tinturas, etc. que se usam para combater gripes, tosses,
rouquidão e estados catarrais em geral; topicamente para combater reumatismo, contusões,
dores musculares; aromatizante do lar; é tônico, febrífugo e adstringente; produz de 1,5 a
1,8kg de óleo/100 kg de folhas verdes com 65-70% de cineol. Na Austrália para estas
mesmas finalidades se emprega o E. fruticetorum e E. radiata que têm rendimento maior.
- E. robusta: melífera para evitar a mortandade de outono;
- E. saligna; E. viminalis; E. tereticornis; E. cinerea; E. siderofloia, chamada de
eucalipto ferrrinho e E. ficifolia de flores vermelhas, excelente como planta ornamental,
porém é muito sensível ao frio.

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- Callistemon lanceolatus: bucha, escova-de-garrafa, calistemon. Arbusto
australiano, ornamental; apresenta caulifloria no ápice dos ramos novos (do ano), com
estames vermelho-forte; cápsulas persistentes no tronco; sementes; madeira muito dura.

SUBCLASSE ROSIDAE
ORDEM EUPHORBIALES
Família Euphorbiaceae

A família inclui, aproximadamente, 290 gêneros e 7500 espécies cosmopolitas, a


maioria tropicais. Os maiores centros de dispersão são as Américas e África. No Brasil, 72
gêneros e em torno de 1100 spp.
Apresentam hábito diversificado - árvores, arbustos, ervas e trepadeiras. Há espécies
carnosas de hábito cactáceo próprio de regiões desérticas (folhas transformadas em
espinhos). Uma característica marcante da família é a presença de látex distribuído em todo
vegetal (caule, folhas e flores), na maioria das espécies; o gênero Phyllanthus não apresenta
látex.
As folhas são geralmente, alternas, raro opostas ou verticiladas, inteiras ou partidas.
As flores são sempre unissexuais, aclamídeas ou monoclamídeas, pouco vistosas;
plantas monóicas ou dióicas. Na flor feminina encontram-se os principais caracteres para
reconhecimento da família: ovário súpero, formado por 3 carpelos sincárpicos, salientes em
forma de " cocos" .
As inflorescências são variadas: racemos, espigas e panículas. A mais complexa é a
denominada ciátio, característica do gênero Euphorbia. Os ciátios dão a impressão de uma
flor individual, pois normalmente, estão rodeados por brácteas coloridas, petalóides. Este
tipo de inflorescência está composto de uma única flor central feminina, nua, rodeada de
flores masculinas também nuas, com um único estame cada, reunidas de 2-12, em cicínios.
As brácteas podem ser livres ou soldadas entre si e apresentam nectários (glândulas) verdes,
vermelhos ou amarelos (glândulas).
O fruto tipo cápsula separa-se em três cocos (tricoca), os quais se abrem
posteriormente. Sementes ricas em endosperma, muitas vezes oleaginosas, com carúncula e
podem ser lançadas longe da planta matriz.

99
A importância econômica da família deve-se à produção de óleos, substâncias
medicinais, borracha, alimentos, espécies ornamentais e invasoras.
O gênero Manihot inclui árvores e arbustos com madeira mole, de folhas
palmatipartida, longipecioladas, distribuídas em 160 espécies originais da América tropical.
As duas espécies mais cultivadas sâo Manihot dulcis: aipim, mandioca mansa, mandioca
doce, apresenta cápsula áptera e M. esculenta: mandioca brava, mandioca amarga que
apresenta cápsula alada.
Ambas as espécies apresentam um sistema radicular fasciculado superficial
constituído de poucas raízes e das quais algumas se entumescem, transformando-se em
tuberosas. Estas são amargas ou doces, conforme o teor de ácido cianídrico, derivado do
glicosídeo cianogênico linamarina, que varia conforme a variedade e/ou cultivar (as mansas
até 10%, e as bravas até 30%) e também com as condições ambientais. Em solos férteis são
mais amargas. A secagem, fenação, cocção ou lavagem eliminam os princípios tóxicos.
A multiplicação é vegetativa através de pedaços de caule, as ramas ou manivas
(caule após a queda das folhas) contendo 2-3 gemas; sementes só para melhoramento.
É de grande importãncia econômica na alimentação como energético, com aplicação
na elaboração de farinhas, féculas, polvilho doce ou azedo, tapioca e sagu; na indústria,
dextrinas, colas, indústria de papel, tecidos, álcool, celulose, glicose e acetona; alimento
para animais: bovinos, suinos, caprinos e aves. Para o consumo humano de 8-15 meses e
indústrial de 18-24 meses. Na medicina popular a farinha é empregada contra desinterias e
diarréias. Uma colher de farinha diluída num copo de água e em jejum controla o
colesterol. Em forma de cataplasma aplica-se como emoliente e em inflamações.
- M. multifida e M. flabelifolia: mandioca brava, mandioca-do-mato. Arbustos
freqüentes na mata da Serra Geral do RS; não formam raízes tuberosas.
- Aleurites fordii: tungue. Árvore originária da China, caducifolia, com flores
branco-rosadas; os frutos produzem 3 sementes grandes carnosas, com alto teor de óleo; a
multiplicação é por sementes e estacas; usado na indústria de tintas, vernizes, encerados e
linóleos em substituição ao óleo de linhaça, porque seca mais rapidamente e é mais
resistente à água; lubrificantes, isolamento de fios telefônicos, motores e dínamos; as
sementes são tóxicas, podendo causar desinteria e vômitos; ornamental e as tortas são
fertilizantes.

100
- A. moluccana: nogueira brasileira, nogueira-da-Índia; nogueira-de-iguapé. Árvore
de grande porte, perenifólia, originária do arquipélago Indomalaio; as folhas apresentam
nervuras e pecíolos cobertos de pêlos estrelados e vermelhos; multiplica-se por sementes e
estacas; o óleo das sementes, industrial e purgativo, possui as mesmas aplicações da espécie
anterior; das amêndoas extraem-se 60% de óleo graxo, considerado excelente lubrificante e
combustível, usado também na calafetação de embarcações; a madeira é branca de boa
qualidade podendo ser usada em marcenaria e carpintaria; a casca (tronco) tem emprego em
curtume, os vapores do óleo pode provocar lesões cutâneas de certa gravidade. É tóxica.
- Ricinus communis: mamona, carrapateira. Arbusto de até 2m, originária da África,
e frequentemente, encontrada no Brasil como ruderal. Não apresentam látex, há variedades
semiperenes e anuais; folhas alternas, digitado-lobadas, palminérveas; inflorescências com
flores monoclamídeas, pistiladas na metade superior e flores estaminadas na metade
inferior; fruto tricoca espinescente, com sementes contendo 35-55% de óleo; multiplicação
por sementes. Os caules fornecem celulose; o éleo de rícino tem múltiplas aplicações:
purgante; impermeabilizante de fitas isolantes, armas, revestimento de tecidos e couro;
lubrificantes para motores de avião; fabricação de vernizes, corantes, anilina e tintas;
fabricação de espumas e plásticos, cosméticos, nylon, aderentes, cola, desinfetantes,
germicidas e sabão; na medicina, como laxante. A torta é utilizada como adubo orgânico ou
ração.
- Hevea brasiliensis: seringueira, árvore-da-borracha. Nativa da Amazônia, onde
também é cultivada. Árvore de até 45 m altura; folhas trifolioladas, caducas; pode durar
200 anos; ocorre nas margens de rios e nas áreas inundáveis de terra firme. Multiplicação
por sementes, enxerto e estaquia. Espécie que fornece a borracha de melhor qualidade, mas
com menor produção. O látex é extraído do tronco de árvores adultas, após incisões no
córtex, é recolhido dos recipientes, sofrendo um processo de coagulação, por defumação.
As bolotas assim obtidas são comercializadas. As sementes possuem 45-49% de óleo
secante e o tronco fornece madeira branca para obras leves.
- Simmondsia chinensis: jojoba. Arbusto nativo do México, perene que fornece óleo
(50 a 60% do peso da semente) usado para cosméticos, lubrificantes, produtos
farmacêuticos, plásticos, velas, etc. O óleo substitui o óleo de baleia..

101
O gênero Euphorbia apresenta inflorescência típica, o ciátio, protegida ou não por
brácteas; apresenta ao redor de 2300 espécies, distribuídas nas regiões tropicais e
temperadas do mundo inteiro, dentre as quais destacam-se:
- Euphorbia tirucalli: eufórbia, avelós, dedo-de-cão. Arborescente, dióico, áfila,
apresenta ramificação oposta ou verticilada; multiplica-se por ramos com extrema
facilidade; tem uso ornamental ou para cercas vivas; a madeira é usada para moirões,
esteios e manufatura de brinquedos; tem látex muito cáustico e supõe-se que possa
provocar cegueira, também tem propriedades purgativas, antisifilíticas e serve para
eliminação de verrugas e para combater tumores cancerosos.
- Euphorbia pulcherrima: flor-de-papagaio, poinsétia, flor-de-páscoa, flor-de-nata.
Arbusto originário da América Central, caducifólio; flor protegida por grandes brácteas
vermelhas, brancas ou amarelas (mais raro); multiplicação por estacas; muito ornamental, o
látex é irritante para os olhos.
- Euphorbia heterophylla: leiteira, amendoin bravo, adeus Brasil, vinte e um, café-
do-diabo. Originária da América tropical, erva anual, invasora de verão, em potreiros e em
cultivos, de difícil controle; multiplica-se por sementes.
- Euphorbia cotinifolia: eufórbia, sangue de boi. Originária da América tropical;
arbusto ou arvoreta de folhas vermelho-escuro, bordô; multiplicação por ramos e sementes;
ornamental, tóxica.
- Euphorbia serpens e E. prostrata: quebra-pedra. Ervas anuais ou bianuais,
desenvolve-se entre as pedras do calçamento, hortas e jardins (ruderal); de coloração verde,
cinza ou arroxeadas; a segunda apresenta-se pubescente e as folhas tem bordo disperso-
serrilhado; multiplicam-se por sementes, são usadas erroneamente como plantas
medicinais.
- Euphorbia milii: coroa-de-cristo. Arbusto de até 1,20 m altura, originária de
Madagascar; caule de coloração acinzentada, com espinhos agudos; folhas pequenas
verdes; ciátio com brácteas vermelho-vivo; multiplicação por estacas de 10 cm; ornamental,
látex cáustico e irritante. Apresenta duas variedades: E. milii var. milii, mais ramificada e
com ramos finos e E. milii var. breoni, mais robusta, com caules mais grossos.

102
- Codiaeum variegatum: croton, códio. Arbusto ornamental com folhas variegadas
de amarelo, vermelho, rosa, verde, branco, etc, de fácíl multiplicação por galhos e
sementes; mais de 200 variedades.
- Sebastiania commersoniana: branquilho, branquinho. Árvore de grande porte;
tronco reto com manchas brancas estriadas; espinescentes, nativas do Cone Sul; multiplica-
se por sementes; comumente se apresenta sob forma de arbusto, devido à intensa
exploração para lenha e madeira.
- S. schottiana: sarandi. Arbusto comum à beira de rios, sangas e lagoas no RS.
- Acalypha wilkesiana (acalifa), A. multicaulis (rabo-de-gato) e A. hispida (acalifa,
crista-de-peru): são ornamentais, pelas folhas variegadas, coloridas, e/ou flores.
- Breynia nivosa: felicidade, mil cores. Arbusto de folhas ovadas, manchadas de
branco, creme, vermelho e rosa; fácil multiplicação por sementes, galhos e raízes, o que a
torna comum em jardins; originária da Ásia requer pleno sol, sensível a geadas.
- Alchornea triplinervea: tanheiro, iricurana, folha-de-bolo, amora-do-mato. Árvore
nativa do RS e SC, de até 25 m de altura; perenifolia, copa ampla, folhas com três nervuras
proeminentes que saem da base da folha e, às vezes, com pontos semelhantes a pingo de
lacre na face ventral, madeira de qualidade inferior pouco resistente à umidade; nativa do
RS e SC; multiplica-se por sementes.
- Gymnanthes concolor: laranjeira do mato, pau rainha. Normalmente arvoreta,
podendo tornar-se árvore de grande porte; comum nas matas da América do Sul;
multiplica-se por sementes; ótima madeira para interiores e cabo de ferramenta.
- Phyllanthus niruri e P. tenellus: Quebra-pedras, erva-pombinha. Subarbustos
sulamericanos, perenes de folhas miúdas; multiplicação por sementes e estacas; invasoras,
na medicina popular utilizadas como diurético, cólicas renais e ácido úrico.

SUBCLASSE ROSIDAE
ORDEM SAPINDALES

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Família Meliaceae

Compreende 51 gêneros e cerca de 1400 espécies, distrubuídas em ambos os


hemisférios, em áreas de clima tropical e subtropical
Árvores de grande porte, raramente arbustos.
Folhas compostas pinadas, bipinadas ou unifolioladas.
As flores são geralmente pequenas, porém reunidas numa panícula vistosa.
Fruto baga, drupa ou cápsula.
Caracterizam a família: tubo estaminal, estígmas discóides e sementes aladas.

EXEMPLOS:
- Cedrela fissilis: cedro, cedro vermelho, cedro branco. É a espécie encontrada no
RS; madeira, ornamental e sombra; árvore decidual de 25 a 35 m de altura; folíolos com
domácias; floresce durante os meses de setembro até dezembro; os frutos amadurecem
depois da queda das folhas (julho a agosto); é uma das árvores de mais ampla dispersão no
sul do Brasil; espécie heliofita e, sobretudo, pioneira, grande adaptação e agressividade;
crescimento rápido em solos úmidos e profundos; multiplica-se por estacas de raíz e
sementes; tem excelente capacidade de pega se comparadas à outras espécies nativas; a
destilação da madeira produz óleo de cheiro desagradável com dois princípios: um
aromático e o outro medicinal; madeira uniforme, lisa, lustrosa, aromática de fácil manejo,
contendo substância que atua como inseticida natural; a casca do tronco é adstringente e
externamente é usada no combate a úlceras e feridas.
- Cabralea canjerana: canjerana, canharana. Árvore de grande porte e frutos
vermelhos com cerca de 4 cm de diâmetro; madeira de excelentes qualidades; crescimento
médio; sementes; apresenta duas épocas de floração: a principal (setembro e novembro) e
uma menos intensa (fevereiro a março); frutos maduros a partir de julho; germinação
excelente entre 13 a 15 dias após semeadura; esta deve ser feita logo após a colheita; mudas
muito pequenas são sensíveis ao frio; trata-se de uma das madeiras mais duráveis quando
expostas às intempéries e a constante umidade; madeira pesada e dura, fácil de trabalhar e
de aspecto agradável; por tudo isso é considerada uma das madeiras mais valiosas do sul do

104
Brasil; o emprego do cozimento das cascas combate a prisão de ventre, febres, dispepsias,
diarréias, feridas e doenças da pele, “cuidado no uso do chá”.
Estudos efetuados por Pennington & Styles ressaltam que há duas subespécies para
esta espécie: C. canjerana ssp. canjerana com distribuição mais expressiva na América
Latina (no RS só ocorre esta) e C. canjerana ssp. polytrichia restrita aos cerrados e campos
acima de 800 e 1300 m do Brasil Central.
- Swietenia macrophylla: mogno. Amazônia e América Central; árvore de valiosa
madeira; em vias de extinção no Brasil.
- Melia azedarach: cinamomo, paraiso, jasmim-de-soldado. Árvore de grande porte
e copa globosa, caducifólia, com as drupas persistindo por um tempo na árvore; floresce na
primavera, juntamente com o aparecimento das folhas; sementes e estaquia; Himalaia;
ornamental, sombra e madeira; flores ornamentais e melíferas; madeira flexivel, resistente
de grã fina, fácil de trabalhar e lustrar própria para diversos usos em marcenaria e
carpintaria; os frutos são vermífugos e purgativos (maduros), eméticos e na India são
comidos em época de escassez de alimentos; whisky nos USA e vinho na China; caroço é
amuleto e contas de rosário; a casca da raíz é considerada catártica, vomitiva, tônica,
antihelmíntica, estimulante e febrífuga; a casca do tronco cozida combate doenças de pele e
para lavar feridas; os frutos são abortivos, também; as folhas são estomáquicas, febrífugas,
eméticas, antidiarréicas, antissifilíticas, emenagogas, insetífugas (por causa da
azedaractina) para pulgas, traças, moscas, caruncho do milho.
- Melia azedarach var. gigantea: cinamomo gigante. Árvore de maior porte do que a
var. típica e frutos maiores.
- Trichilia triphyllaria: catiguá. Nativo nas matas sul brasileiras.
- Trichilia elegans: pau-de-ervilha.

SUBCLASSE V ROSIDAE

105
ORDEM SAPINDALES
Família Rutaceae

O nome deriva de “ruta” = arruda. Ruta: gênero tipo. Cerca de 150 gêneros e 1600
espécies distribuídas nas regiões tropicais e subtropicais de ambos os hemisférios. No
Brasil, 29 gêneros e 182 espécies.
Plantas arbóreas, arbustivas, subarbustivs e herbáceas; espinhosas ou inermes. A
família é caraterizada principalmente pela presença de glândulas toleíferas com essências
aromáticas nas folhas, nas flores (sépalas e pétalas) e nos frutos (epicarpo).
Folhas simples (Citrus). Compostas trifolioladas (Poncirus) ou compostas pinadas
(Ruta); filotaxia em geral alternas, sem estípulas.
Flores hermafroditas, actinomorfas, solitárias ou em inflorescências diversas, de
coloração branca (Citrus, Poncirus, Fortunella), raramente rosadas (Citrus medica),
amarelas (Ruta graveolens), purpúreas (Pilocarpos pennatifolius) ou esverdeadas
(Zanthoxylum rhoifolium). As sépalas e pétalas podem ser livres ou soldadas. Os estames
são livres ou irregularmente poliadelfos. Ovário súpero com um disco nectarífero
proeminente na base.

FÓRMULA FLORAL : k 4-5 C 4-5 A (8-n) G (4-10) ↑ * 4 – 15 locular, com n óvulos.

Frutos secos capsular (Ruta) ou baga (heperídeo) nos gêneros (Citrus, Poncirus e
Fortunella).
Propagação ocorre através de sementes, enxertia ou borbulhia.
O gênero Citrus é, economicamente, o mais importante. A baga (hesperídeo) pode
ser globosa, sub-globosa, deprimido-globosa, achatada, piriforme, etc. Com ou sem
umbigo; pericarpo amarelo, alaranjado, rugoso ou liso, contendo numerosas glândulas com
óleo essencial; mesocarpo branco e esponjoso; endocarpo formado por uma polpa
suculenta, doce ou ácida, constituída por numerosas células papiliformes que invadem o
lóculo envolvendo a semente. Árvores ou arbustos espinhosos ou não. Folhas alternas,
simples, pecíolo alado ou áptero e articulado com o limbo. Flores solitárias ou em racemos
corimbiformes curtos. Todas as espécies florescem na primavera; algumas variedades

106
cultivadas no verão. As laranjas constituem 75% da produção das espécies deste gênero. As
espécies são originadas provavelmente nos trópicos e subtrópicos da Ásia. Cultivadas nos
pomares da Babilônia e da Palestina (Oriente Médio) e daí para a Europa muito antes do
descobrimento do Brasil; foram os portugueses que trouxeram para cá em 1540 (Cananéia-
SP) e 1549 (litoral da Bahia), onde nos arredores de Salvador, provavelmente por mutação
da laranja-seleta, surgiu, antes de 1800 a laranja de umbigo (laranja baiana) e daí foi levada
para a Califórnia onde recebeu o nome de “Whashington Navel”, espalhando-se pelo
mundo inteiro. Os citros podem ser multiplicados através de sementes, mergulhia
(alporquia), enxertia e estaquia; o método mais utilizado é a enxertia. Do gênero Citrus
muitas espécies são classificadas entre as melhores e mais apreciadas frutas do mundo.
Conforme a espécie, utiliza-se a fruta fresca ou cristalizada, bem como em sucos, doce e
geléias; das folhas, brotos, flores e casca do fruto retira-se uma série de óleos aromáticos,
de alto valor na farmacopéia, em perfumaria e na indústria de cosméticos; algumas espécies
são usadas como porta-enxertos (Poncirus trifoliata).
Todas as espécies de Citrus são perenifólias; a taxonomia de Citrus é confusa
devido às hibridizações, mutações e produções de formas com diferentes níveis de ploidia
que habitualmente ocorrem neste gênero. Swingle (1967) estabeleceu 16 espécies enquanto
Tanaca (1954) propôs 145 espécies e mais tarde 157; Hdgson (1961) 36 espécies.
- Citrus sinensis: laranjeira-doce, laranjeira comum. Árvore de pequeno porte ou
arbusto; As folhas apresentam pecíolos com alas medianamente estreitas. As laranjas mais
comuns pertencem a esta espécie, incluídas entre as cultivares Pera, Valência, Baianinha,
Imperial, Thompson Navel, Rubi, Natal, Laranja lima (= Laranja-do-céu), Baía (laranja-de-
umbigo), etc.; as folhas, flores, brotos e casca dos frutos fornecem óleos essênciais e
aromáticos para medicamentos e perfumaria; popularmente flor e folha sob a forma de chá
são sedativos e anti espasmódico; o fruto maduro, quando a planta está também com flor é
empregado contra a prisão-de-ventre; o mel da flor da laranjeira é reputado como de
excelentes virtudes; a sementes fornecem óleos; casca do fruto seca queimada lentamente
retira o mau cheiro da casa e repele mosquitos; o suco de laranjeira combate a papeira,
gengivite e o artritismo.
- Citrus aurantium: laranjeira azeda, laranjeira amarga. Árvore de porte mediano e
com espinhos; folhas com pecíolo pronunciadamente alado. O fruto é amargo e ácido, com

107
casca grossa, lisa ou rugosa, de cor laranja-avermelhada e polpa amarelada. Das flores
extrai-se o óleo de nerolí, muito usado em perfumaria; das sementes e dos frutos imaturos
prepara-se o “petit-grain”, também usado em perfumaria; a flor desta espécie é a que
apresenta melhores resultados terapêuticos. Usada também como porta enxerto.
- Citrus limon: limoeiro, limão-siciliano. Arbustos com brotos novos avermelhados;
botões florais de cor purpúrea; folhas com pecíolo apenas marginado pelo limbo, sem alas.
O fruto apresenta um mamilo típico na região apical, é ácido com a polpa amarelo-pálida e
a casca grossa, levemente áspera e amarela quando o fruto está maduro. Terapeuticamente é
insubstituível e uma das frutas mais importantes, na prática caseira; o ácido cítrico, a
pectina, a limonina, o pineno, a filandrina, etc. são os princípios ativos que fazem deste
fruto um ótimo remédio contra: escorbuto, hemorragias, distúrbios estomacais e intestinais,
ácido úrico, arteriosclerose, nevralgias, hipertensão, obesidade, metabolismo basal alterado,
etc. O suco é anti-séptico e cicatrizante, afecções da boca e da garganta e é excelente para
lavar, limpar ferida provocada por mordida de cachorro; a forma de usá-lo depende da
finalidade da cura.
- Citrus latifolia: limão Taiti. O fruto é ácido com a polpa amarelo-esverdeada e
casca fina, de cor amarela, quando está maduro. Em geral, sem sementes.
- Citrus limonia: limão cravo, limão bergamota. O fruto é ácido e com muito suco;
polpa laranja-forte e casca fina de cor alaranjada quando maduro. Folhas e frutos produzem
os princípios ativos: citral, citronelal, felandreno, d-limoneno, vitaminas B1, C e óleos
essenciais.
- Citrus aurantifolia: limão-galego. Folhas apresentam pecíolo com alas estreitas.
Os botões florais e as flores já abertas são brancos, como os de C. latifolia e C. limonia. O
fruto é pequeno, com muito suco e ácido, com polpa esverdeada e casca fina, amarelo-
esverdeada quando maduro.
- Citrus deliciosa: bergamota, mexerica. Fruto de forma globosa-achatada, com a
casca livre, de espessura fina, com rede de fibras. É a segunda espécie de Citrus mais
cultivada no mundo; Japão 90%; as variedades são classificadas pela cor e aderência da
casca, textura da casca, teor de açúcar, etc.; da casca do fruto se extrai óleo essencial
empregado em perfumes, balas, bebidas, licores e para eliminar manchas de pele.

108
- Citrus reticulata: tangerina-poncã. Folhas com pecíolos só marginados pelo limbo
ou muito estreitamente alados. O fruto é globoso, achatado, com a casca livre, facilmente
destacável, de espessura média, apresentando uma rede irregular de fibras brancas.
- Citrus limettioides: lima. Arbusto de copa sub-globosa, aberta, ramos com
pequenos espinhos; folhas finamente crenadas; fruto com cor de um limão, polpa doce e
casca lisa; folhas, flores e casca dos frutos da limeira produzem óleos essenciais de
aplicação na farmácia e perfumaria.
- Citrus paradise: pomelo, grape-fruits. Árvore de porte mediano; tem pouca
aceitação no Brasil; frutos de 10-15 cm de diâmetro, casaca cor amarelo-limão.
- Citrus maxima: toronja, pomelo (EEUU). Sem muito valor comercial; pericarpo
extremamente rugoso.
- Citrus medica: cidra. Árvore ou arbusto espinhoso com frutos de 10-15 cm de
diâmetro, geralmente rugosos, mamelonados, piriformes e casca amarelo-limão; há var. de
polpa doce (Corsa) e polpa ácida (Diamante); utiliza-se a casca para doces, água de cidra,
medicamentos, etc.; foi a primeira fruta cítrica a ser conhecida pela civilização ocidental.
Há variedades que surgiram do cruzamento de bergamoteira X laranjeira comum e
encontradas no comércio com os nomes de murgote (murcote), temple, tangerona, kara e
king.
- Fortunella margarita e F. japonica: kunkuate, chin-chin, laranjeira-de-jardim,
laranjeira japonesa. Pequenos arbustos de copa globosa, inermes, folhas simples e verde-
escuro; fruto ovóide, globoso ou elipsóide de 2, 5-3, 5 cm de comprimento, alaranjado e de
polpa ácida; sudeste da China; enxerto; ornamental ou frutífera.
- Poncirus trifoliata: laranjeira trevo, citranja, poncirus. Arbusto espinescente,
muito ramificado, caducifólio; folhas com 3 foliolos; flores solitárias ou geminadas; fruto
até 5cm de diâmetro e densamente pubérulo de cor amarela; nordeste da China; muito
utilizada para porta-enxerto; sementes; muito resistente ao frio; utiliza-se para cercas vivas;
floresce na primavera.
- Murraya paniculata: murta. Árvore ou arbusto perenifólio, copa muito densa e
escura, o que lhe confere propriedades para cercas vivas de porte alto ou nidificação de
várias espécies de pássaros; Oceania e Ásia; sementes e de fácil multiplicação.

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- Ruta chalepensis: arruda. Arbusto de 1-1,5m de altura, muito ramificado; folhas
verde claro (cinza); flores amarelo-esverdeadas com pétalas laciniadas na margem; Bacia
do Mediterrâneo; possui um forte cheiro e peculiar que a torna inconfundível; sementes e
galhos; ornamental, medicinal, aromática e mística. Chamada de “arruda macho”.
Estimulante, emenagoga, combate verminoses, reumatismo, paralisias, gases intestinais;
chá das folhas combate piolho; para uso interno o emprego da arruda deve ser muito
cauteloso por se tratar de planta muito energética em seus efeitos; ramos frescos em locais
de ratos, afugenta-os.
- Ruta graveolens: arruda, arruda fêmea. Arbusto menor, distinguindo da anterior
porque apresenta o bordo das pétalas inteiro ou denteado. Mesmas finalidades da espécie
anterior.
- Balfourodendron riedelianum: guatambú, pau-marfim. Árvore de grande porte,
tronco reto, ótima madeira de lei; cápsula com 4 asas bem características; sementes;
floresce em fins da primavera e frutifica em maio-junho; crescimento lento; nativo no
RS;vindo desde MG; sementes germinam ao redor de 40 dias da semeadura.
- Helietta apiculata: canela-de-veado. Árvore de crescimento lento, até 20 m em
capoeirões ou matas secundárias; folhas opostas e trifoliadas; madeira branca com várias
utilidades no meio rural; sementes; fruto é uma sâmara tetra-alada; ornamental; sul do
Brasil, Paraguai e Missiones (Argentina); floresce na primavera e frutos no verão e outono.
O gênero Zanthoxylum possui em torno de 200 espécies nas regiões tropicais e
subtropicais, normalmente denominadas de “mamica-de-cadela” devido à presença de
acúleos no caule. No RS, ao redor de oito espécies, sendo as mais comuns:
- Zanthoxylum hiemale: coentrilho, tembetarú. Árvore comum nos matos do RS,
com forte cheiro de percevejo, madeira amarela e dura; sementes; quando isolada em lugar
aberto forma um arbusto de copa globosa.
- Z. rhoifolia: mamica-de-cadela, mamica-de-porca. Árvore de grande porte, acúleos
retos e robustos no caule; nervuras centrais com espinhos retos e amarelos; sementes;
crescimento médio; nativa das matas sul-brasileiras; madeira e lenha; casca das raízes e
caule uso interno como adstringente, estimulante, anti-febril, tônica, carminativa,
antiespasmódica e em dor de dente.

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- Pilocarpus pennatifolius: jaborandi, cutia. Árvore perenifólia; encontrada nas
matas do Alto Uruguai e Depressão Central; multiplicação por sementes; a casca do tronco
possui “pilocarpina” de larga aplicação médica; popularmente é diurética, diaforética,
sialogoga e tem ação sudorífera; ornamental para jardins e praças por causa das folhas e
vistosas inflorescências; floresce ao longo do ano (não tem época definida).

SUBCLASSE ROSIDAE
ORDEM APIALES
Família Apiaceae (Umbelliferae)

O nome alternativo da família deriva de umbela que é a inflorescência predominante


nas espécies.
Encerra em torno de 400 gêneros e 3000 espécies de regiões temperadas e frias do
hemisfério norte. O Brasil tem poucos representantes.
Muitas espécies contêm substâncias aromáticas e condutos excretores esquizógenos
cheios de essências que lhes conferem um cheiro característico.
São plantas predominantemente herbáceas anuais ou perenes, que não atingem
grande porte.
Caules são ôcos ou maciços, com óleo e essências voláteis conforme a espécie.
As raízes são pivotantes, maciças ou fistulosas; às vezes tornam-se grossas e
suculentas pelo acúmulo de reservas.
As folhas são simples ou compostas e dotadas de ócrea, alternas e com grande
quantidade de substâncias aromáticas.
As flores são pequenas, mas em inflorescências conspícuas - Umbela simples ou
composta ou em glomérulos densos (Eryngium).
Fruto seco do tipo diaquênio, esquizocárpico, ficando os mericarpos sustentados, ou
não, pelo carpóforo. A estrutura dos frutos é importante para o reconhecimento das espécies
a fim de se saber quais são as verdadeiras e diferenciá-las daquelas utilizadas para falsificá-
las.

111
- Daucus carota: cenoura. São ervas bianuais, mas podem amadurecer num ciclo
continuo, as folhas pinadas formam roseta na primeira estação de crescimento e o caule
aparece na 2 estação (fase) de onde parte o escapo floral, que tem ao redor de 90 cm de
altura, e é portador de várias umbelas compostas que são planas ou convexas na floração e
profundamante côncavas na frutificação. Originárias da Euroásia, as espécies são cultivadas
a mais de 2000 anos; a colheita é feita em 70 a 120 dias após a semeadura e 35 a 40 T/Ha
de produtividade; multiplica-se por sementes; a raíz suculenta é rica em vitamina A, além
de magnésio, ferro, cálcio, potássio e fósforo; da raiz é extraido óleo pela alta dosagem de
carotenos para bronzeadores, cremes, cicatrizantes e emolientes; é uma planta melífera, e
um excelente alimento para animais aumentando-lhes a lactação e a resistência.
- Petroselinum crispum: salsa. Originária de regiões rochosas da bacia do
Mediterrâneo; multiplica-se por sementes; hortaliça folhosa condimentar muito apreciada,
as variedades mais cultivadas são a Lisa Preferida e a Graúda Portuguesa, ambas de folhas
lisas, de cor verde brilhante; produz de 500 a 1000 kg/Ha; 6kg de salsa fresca produz 500g
de salsa desidratada; ótima fonte de vitamina C; a raíz é diurética; as folhas têm
propriedades anti-hemorrágicas, antianêmicas, antigalactagogas, anti-escorbéticas, anti-
reumáticas, carminativas, para tratamentos pulmonares e de pele (acne, edemas, absessos,
picada de insetos), e inflamações dos olhos; as sementes tem 3-6 % de óleo conhecido
como “apiol verde” ou “cânfora de salsa”, por conter apiol e pineno , sendo muito tóxica e
portanto de uso muito criterioso. Apresentam as seguintes variedades - P. crispum var.
vulgare: salsa lisa comum; P. crispum var. latifolium: salsa de Napoles; P.crispum var.
filicinum: salsa norteamericana; P. crispum var. tuberosum: salsa de raíz e P. crispum var.
crispum: salsa crespa, salsa francesa.
- Foeniculum vulgare: funcho. Originário do Mediterrâneo, já era conhecido como
especiaria pelos egípicios, chineses e indus; planta perene com caule meduloso ou fistuloso;
folhas finamente pinadas; flores amarelas em densas umbelas compostas; sementes
oblongas; multiplica-se por sementes e rizomas. Existem três variedades - F. vulgare var.
capillacum: funcho (caules medulosos); e F. vulgare var. dulce: funcho, funcho da axônia
(caules fistulosos), estas fornecem frutos ricos em óleos voláteis de multiplas aplicações em
perfumaria, farmácia, confeitaria, licores, etc; F. vulgare var. azoricum: funcho de horta
(caules fistulosos) desta se consome a base carnosa das folhas sob a forma de saladas.

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Todas são de florescimento estival, secando-se até o nível do solo no inverno; no final do
inverno e início da primavera rebrotam de rizomas. O funcho, independente da variedade.
Tem as seguintes aplicações: sementes-condimento, panificaçãp, digestivas, estomáquicas,
estimulantes, carminativas, vômito e diarréia, as raízes são diuréticas e contra afecções das
vias urinárias, contém 50 a 60 % de anetol.
- Apium leptophyllum: aipo bravo, aipo-do-campo, aipo do Rio Grande. Erva anual
de 20 a 80 cm de altura; folhas filiformes, semelhantes ao funcho; espontânea desde o Rio
de Janeiro até o RS; multiplica-se por sementes; as sementes são usadas como
aromatizantes; o chá da planta inteira e seca estimula a digestão, é diurética; quando cozida
é empregada para lavar feridas, não deve ser usada no estado verde por suspeitar-se tóxica.
- Apium graveolens var. dulce : aipo. Originário da Europa, Norte da África e Ásia
Menor; em estado silvestre é uma planta exuberante que produz um suco acre e venenoso;
pode comportar-se como anual ou bianual; a raíz é carnosa e folhas compostas, os pecíolos
são grossos e suculentos (é a parte comercial); multiplica-se por sementes; contém alto teor
de vitamina ; as sementes fornecem aromatizantes; é diurético, carminativo, depurativo,
recomendado como alimento àqueles que sofrem de artrite, reumatismo ou ácido úrico e
problemas do fígado; as raízes são tônicas. É pouco consumida pelos brasileiros
- Pimpinella anisum: erva doce, anis. É uma das primeiras plantas aromáticas
mencionadas em documentos escritos, muito conhecida dos hebreus, gregos e romanos,
sendo muito estimadas na idade média em virtude de suas propriedades medicinais.
Originária do nordeste da África e Ásia Menor; erva anual, apresenta ao redor de 60 cm de
altura, com acentuada heterofilia: folhas basais inteiras, as medianas trilobuladas e as
superiores trífidas; flores brancas; sementes ovóide-oblongas; muito cultivada na Europa,
India e México, multiplica-se por sementes; é medicinal e produz o anisete, confundida
com o funcho; é aromático e marcadamente doce; produz de 600 a 1000 kg de sementes
secas/Ha; o óleo de anis (essência) é usado em confeitaria, licoreria e aromatizante de
medicamentos; as sementes são estimulantes da digestão e da lactação, tem propriedades
antiespasmódicas, carminativas, diuréticas e expectorantes.
- Cuminum cyminum: cominho. Erva anual de 10 a 40 cm de altura, para alguns,
originária do alto Egito e Etiópia e, para outros, do Turquestão, no sul da Rússia; frutos
dotados de 4 costelas longitudinais com numerosos espinhos divergentes; multiplica-se por

113
sementes; planta aromática, medicinal e industrial; as sementes com 2 a 4% de óleo
essencial são utilizadas com finalidades aromáticas, na fabricação de licores, queijos, pães,
preparo de carnes e salsichas, tem propriedades emenagogas, carminativas e contra males
estomacais.
- Coriandrum sativum: coentro. Erva anual, originária da Europa Meridional e da
Ásia; as sementes contém de 0,5 a 1% de óleo essencial amarelado, pode produzir 1 a 2
T/Ha de sementes; multiplica-se por sementes. É cultivada em todas as regiões de clima
temperado para as seguintes finalidades: folhas tenras para temperar sopas e saladas, as
sementes moidas em pães, tortas, assados, etc.; condimento importante da culinária
brasileira, na industria de perfumes, licores, cervejas e em medicamentos; é usado na
medicina popular como carminativo, estomáquico e estimulante das funções gástricas e
intestinais.
O gênero Eryngium encerra muitas espécies de ervas campestres conhecidas
vulgarmente pelo nome de “caraguatá” ou “gravatá”, lembram, no seu aspecto vagetativo,
as Bromeliáceas; possuem em torno de 200 spp, são cosmopolitas nas regiões mais quentes
do mundo, exceto na Ásia e África tropical, mais de 100 spp são indígenas no Hemisfério
ocidental, com uma maior concentração no Brasil Central e Sul, Paraguai, Argentina
Central e do Norte; são perenes; multiplicam-se por sementes ou xilopódios; são invasoras
e algumas espécies tem potencial ornamental. As espécies mais comuns são - Eryngium
horridum, frequente nos campos secos, E. ciliatum, E. pandanifolium, em banhados, E.
bonariensis (margaridão do banhado), E. paniculatum e E. nudicaule.
- Hydrocotyle bonarienseis: erva-capitão. Nativa do Cone Sul, Bolívia, Peru até o
Sul dos EUA; planta herbácea, rasteira, folhas peltadas, arredondadas, de ampla amplitude
ecológica; multiplica-se por sementes e rizomas; é invasora, a raíz é diurética e
desobstruente do fígado, porém é emética em doses fortes, a infusão das folhas combate
sardas e outras manchas da pele.
- H. leucocephala: erva-capitão. Nativa, muito semelhante à espécie anterior, difere
pelo habitat, lugares sombrios, interior de mata, e pelas folhas não peltadas.
- Centella asiatica: centela, cairuçu-asiático. Originária de Madagáscar; erva
rasteira, perene; folhas fasciculadas nos nós; cosmopolita e ruderal, tem asiaticosídeo que

114
age como cicatrizante; principalmente das folhas obtem-se cremes e pomadas para a pele,
combatem a celulite e estimulam o metabolismo das gorduras.

SUBCLASSE ASTERIDAE
ORDEM SOLANALES
Família Solanacaeae

O nome deriva do tipo Solanum, que vem de “solare” = aliviar, pela presença de
inúmeros alcalóides empregados pela medicina.
Apresenta aproximadamente 90 gêneros e ao redor de 3000 espécies distribuídas
em todo o mundo, sendo abundantes na Américas, os maiores centros de dispersão estão na
Austrália, América Central e Sul, são amplamente distribuídas nas regiões tropicais e
subtropicais e, menos frequentes nas regiões temperadas.
Plantas de hábito, predominantemente, herbáceo e arbustivo, poucas árvores e cipós;
apresentam-se espinhosas ou inermes, com ramificações extra-axilares.
As folhas são alternas, simples, inteiras ou partidas muito variáveis quanto à forma;
com ou sem estípulas
Flores completas, relativamente grandes, vistosas ou pequenas, geralmente,
pentâmeras para perianto e androceu. Os estames podem ser inclusos na corola ou exsertos,
anteras livres ou coniventes, poricidas (Solanum) ou rimosas. Disco nectarífero presente na
base do ovário, que se apresenta geralmente bicarpelar, bilocular e multiovulado.

FÓRMULA FLORAL : K (4-6) C (4-6) A 4-6 G (2) ↑ *


Fruto tipo baga ou cápsula sempre com muitas sementes.
Sua importância econômica varia entre alimentícia (tubérculos: batata-inglesa,
frutos: tomate, beringela, jiló); medicinal e/ou tóxica, pela presença de inúmeros alcalóides
(solanina, solasodina em Solanum spp., capsina em Capsicum spp., nicotina em Nicotiana
tabacum, atropina,hiosciamina e escopolamina em Atropa belladona); invasoras (joá, mata-
cavalo, maria-pretinha e ornamentais (petúnias, manacá).

115
O gênero Solanum apresenta anteras grandes, coniventes, amarelas e poricidas, com
filetes curtos; com ou sem espinhos; frutos imaturos tóxicos, cuja toxidez diminui com a
maturação dos mesmos. De hábito variado, ramificaçãoi extra-axilar, principalmente
americanas. Não se sabe quando o processo de domesticação das espécies menos tóxicas
começou. Destacam-se as espécies:
- Solanum tuberosum: batata, batatinha. Erva perene, anual somente sob cultivo,
originária da região andina (Peru, Bolívia, Chile e Colômbia). Foi introduzida na Europa
em torno de 1580, e constitui-se na base alimentar de vários países europeus. Apresenta
folhas simples, pinatissectas, flores brancas, amarelas ou violáceas. Os rizomas são
engrossados, originando os tubérculos, que podem apresentar coloração branca, amarela ou
rosada. Na sua composição encontra-se 78% de água, 18% de açúcares e amido e 2% de
proteínas; multiplicação por sementes somente para cruzamentos e no cultivo por ¨batata
semente¨, planta autógama. O solo para cultivo não deve ter texturas extremas, arenosas ou
argilosas. A batata para consumo deve ser colhida quando a parte aérea estiver totalmente
seca.
Os tubérculos, quando expostos ao sol, realizam fotossíntese tornando-se
esverdeados e aumentando o teor do alcalóide solanina, tóxico ao homem. É alimento de
fácil digestão, na medicina popular os tubérculos são empregados para curar leucorréia,
queimaduras, eritemas solares, tosse, inflamação das vias urinárias, úlcera estomacal,
gastrite, é detergente, colírio.
- Solanum melongena: beringela. Erva anual ou perene de curta duração, sub-
lenhosa, de 40 a 90 cm de altura; rica em antocianinas, as quais conferem ao fruto a
coloração púrpura-escuro, podendo também ser branco, amarelo ou estriado.
Floresce e frutifica no verão e outono, a multiplicação faz-se por sementes. É
sensível ao frio e às geadas.
Os cultivares podem ser diferenciados pela forma dos frutos, esféricos ou
alongados, pela precocidade e pelo vigor da planta.
Na Índia, local de origem, é um importante produto da dieta e consumida numa
enorme variabilidade de modos e também usada como planta medicinal, tido como
diurética, o fruto é pouco nutritivo, o consumo exagerado desta hortaliça poderá provocar
afecções na laringe

116
- Solanum gilo: jiló. Seus frutos são menores que os da beringela, são
comercializados verdes tem sabor amargo, internamente semelhantes ao desta espécie,
quando maduros são vermelhos, manchados de escuro.
- Solanum sysimbrifolium: joá, mata-cavalo. Arbusto espinescente nos ramos e
folhas, estas muito recortadas; flores brancas; frutos maduros vermelhos; é nativa, invasora
de cultivos; a raiz, folhas e brotes são empregadas nas infecções hepáticas e urinárias, as
folhas são emolientes e sedativas, folhas cozidas combatem metrites, vaginites e doenças de
pele; multiplica-se por sementes.
- Solanum americanum: erva moura, maria preta, maria pretinha. Erva anual até 1m
de altura com inflorescências em umbela e extra-axilares; frutos verdes são tóxicos, frutos
maduros comestíveis (pimenta-de-passariho); invasora podendo uma só planta produzir 178
mil sementes, que germinam logo após a maturação ou pode permanecer durante 8 anos no
solo; é planta medicinal sob forma de macerado, cataplasma ou decoto contra furúnculos,
eczemas, queimaduras, sedativa, afrodisíaca, expectorante, depurativa e para o fígado;
nativa das Américas, multiplica-se por sementes.
- Solanum paniculatum: jurubeba, jurubeba verdadeira. Arbusto até 3m de altura,
dotado de espinhos robustos (base larga) e curvos para baixo, caule e folhas revestidos por
pêlos curtos e densos; fortemente bicolores, grandes, inteiras ou lobadas (5 a 7 lóbulos), às
vezes, com espinhos retos sobre a nervura, encontra-se desde o Ceará até o RS; muito
conhecida como planta medicinal para doenças do fígado em geral (afecções hepáticas,
ictiricía, cólicas hepáticas, inflamações do baço, etc), colagoga e colerética, as raízes são
amargas (aumenta o apetite), tônicas e contra a hepatite; usam-se folhas, raízes e frutos, tida
como antifebril e antianêmica, as folhas são cicatrizantes de feridas. Esta espécie se
confunde com S. fastigiatum que ocorre mais freqüentemente em nosso estado; diferença
prática: em S. fastigiatum os espinhos são finos e retos.
- Solanum viarum; mata-cavalo. Nativa, frutos maduros amarelos. Na Rússia e Índia
é cultivada para obtenção de glicoalcalóides esteroidais, fonte de hormônios.
- Solanum auriculatum: fumo-bravo. Arbusto alto de folhas grandes, acinzentadas,
com aurículas desenvolvidas; nativa.
- Nicotiana tabacum: fumo, tabaco. Erva anual sob cultivo, de até 1,5 m de altura,
cultivada em várias regiões tropicais e subtropicais do mundo; provavelmente, originária

117
das regiões baixas dos Andes; as folhas são inteiras e amplexicaules, glandulosas; as flores
são branco-rosadas; o fruto capsular contém inúmeras sementes diminutas (1 grama tem em
média 10 mil sementes); fornece o fumo comercial e o charuto, a planta fornece nicotina,
celulose, ácido cítrico e as sementes óleo secante.
As espécies de Nicotiana foram encontradas nas Américas, Austrália e algumas
ilhas do Pacífico Sul. Por causa de seus efeitos intoxicantes (nicotina), cerca de 10 espécies
eram empregadas pelos aborígenes com propósitos ritualísticos, medicinais e, talvez,
hedonísticos.
- N. rustica. É semelhante à espécie anterior, da qual difere pelas folhas pecioladas;
utilizada para fabricação de fumo (de menor qualidade), produção de nicotina e ácido
cítrico; origem provável: Andes.
- Lycopersicon esculentum: tomateiro. Todas as espécies de Lycopersicon, desde o
México até o norte do Chile, já eram cultivadas e bastante homogêneas quando a
descoberta na América; o tomateiro é uma das 8 a 10 espécies do gênero intimamente
relacionadas, todas estas espécies são nativas do oeste da América do Sul, da Bolívia e do
Peru, teriam passado até o México, sede provável de sua adaptação, evolução e
domesticação; o nome tomate deriva de “tomatl” palavra náuatle falada pelos astecas do sul
do México.
É uma erva ereta ou prostrada, comportando-se como anual em cultivo; ramos com
pêlos glandulares; as folhas são simples, pinatissectas; flores amarelas, voltadas para baixo,
em cimeiras; os cinco estames se dispõem de tal forma (anteras soldadas no ápice), que
favorece a autogamia e dificulta a polinização cruzada; fruto baga tem 2-10 lóculos e
podem ter sementes ou não (frutos/variedades “apirenas”), é rico em vitaminas e sais
minerais, contendo 95% de água. A multiplicação é feita através de sementes.
A seleção de cultivares visa, além de plantas adaptadas e produtivas, frutos com
formas que facilitem o transporte, resistentes ao manuseio e armazenamento, e finalidade,
se para mesa, ou industrialização. As cultivares estão reunidas em grupos: Santa Cruz, que
inclui tomates do tipo paulista ( com 2 lóculos), e grupo salada, que inclui tomates do tipo
gaúcho (com numerosos lóculos). As variedades mais cultivadas sâo: - L. esculentum var.
cerasiforme: tomate cereja. É o tipo cultivado mais antigo. Frutos 2-3 cm de diâmetro,
reunidos em inflorescências plurifloras, que no final da maturaçãoformam “pencas”

118
vermelho-vivo; - L. esculentum var. validum (typica): frutos grandes, deprimidos e sulcos
proeminentes; - L. esculentum var. commune: frutos subglobosos de 7 a 9 cm de diâmetro e
desprovidos de sulcos ou marcas laterais; plantas fortes e lignificadas; L. esculentum var.
grandifolium: folhas grandes e planas; são as maiores folhas comparadas com as folhas das
demais variedades e com até 5 folíolos inteiros; - L. esculentum var. pyriforme pertencem
as cvs. denominadas “tomate paulista” ou “tomate pera”, com frutos piriformes de cor
vermelha-escarlate e de 3 a 4 cm de diâmetro.
O gênero Capsicum encerra aproximadamente 25 espécies nativas das Américas
(Central e Sul). Os espanhóis e portugueses imaginavam em encontrar aqui, Piper nigrum,
a pimenta preta, e encontraram nossas pimentas que são mais ardidas do que aquela. Em
1542 já se cultivavam espécies de pimentas do gênero Capsicum na Índia, levadas da
América do Sul. São aceitos como caracteres típicos do gênero: filete glabro e tenro, fruto
brilhante e com ardume, corola rotada e sub-rotada. O ardume, tão importante no comércio
como na taxonomia, é resultante da ação dos alcalóides capsaicina e capsina, contido na
placenta dos frutos e liberada quando se cortam estes. As espécies do gênero são plantas
herbáceas, anuais em climas temperados e perenes em climas mais quentes. Apresentam
frutos ricos em vitamina C, nas espécies doces e A nas espécies pungentes; além de serem
usadas na alimentação são ainda empregadas na medicina e algumas tem valor ornamental.
Multiplicam-se por sementes. Cinco espécies são aceitas como cultivadas:
- Capsicum annuum: pimentões. É a espécie mais cultivada do gênero, tendo como
centro de diversidade o México e América Central; usos: pó de pimentão verde é
flavorizante, pó de pimentão maduro contém capsantina, capsorubina e criptocapsina que
são os principais pigmentos para a industrialização da “páprica”; o fruto combate a prisão
de ventre, dispepsias, descongestionante nas hemorróides; na homeopatia é usado contra o
reumatismo, nevralgias, otites médias e faringite. As principais variedades são: C. annuum
var. grossum tem frutos largos e C. annuum var. longum tem frutos alongados; os frutos
tem baixo teor de capsina e são de coloração verde, amarela ou vermelha; multiplicação por
sementes. C. annuum var conoides é a pimenta–de-jardim, com frutos eretos, pequenos e
vermelhos, ornamental.
- Capsicum frutescens: pimenta malagueta, incluindo as malaguetinhas e os
malaguetões Os frutos de coloração vermelha possuem altos teores de capsina; originária da

119
América do Sul (Peru); é a espécie que apresenta a menor variabilidade daquelas cultivadas
no Brasil; planta vigorosa, bastante ramificada, frutos de coloração vermelha de 1,5 a 3,5
cm de comprimento e 0,3 a 0,5 cm de diâmetro; são muito picantes, são usadas na
alimentação, processamento de conservas e embutidos; não toleram frio.
- Capsicum baccatum: pimenta dedo-de-moça, chifre-de-veado; originária da
Bolívia e Peru; são pimentas mais suaves e o processo de murchamento dos frutos pós-
colheita é menos intenso que a malagueta (C. frutecens).
O maior valor e a importância de pimentas e pimentões baseia-se nas propriedades
melhoradoras de sabor, aroma e cor de vários alimentos, tais como propriedades
flavorizantes (aromáticas e pungência), corantes, preservativas e antimicrobianas. Quase
todas as pimentas têm propriedades carminativas, estimulantes e digestivas, atuam contra
hidropsia, diarréia, gota e dores de dente.
- Brugmansia candida (=Datura arborea): cartucheira, floripôndio, trombeteira,
dama-da-noite. Arbusto de ampla copa, folhas inteiras, vilosas e fétidas, solitárias, de 20 a
30 cm de comprimento, cálice fendido lateralmente, corola branca com dentes de 30 mm de
comprimento e anteras livres de 22 a 23 mm, nativa do Peru, multiplica-se por galhos,
estacas e sementes.
- Brugmansia suaveolens (=Datura suaveolens): cartucheira, floripôndio,
trombeteira, dama-da-noite. Arbusto com as mesmas características vegetativas da anterior
e da qual se diferencia por cálice inteiro pentalobulado, corola branca ou rosada, dentes da
corola de 10 a 15 mm de comprimento, anteras coniventes de 25 a35 mm de comprimento e
frutifica mais raramente do que a espécie anterior. Nativa da América do Sul, no Brasil
aparece desde MG até o RS, em várzeas, beira de córregos, terrenos baldios, orla de matas,
valas, proximidades de habitações, multiplica-se por galhos, estacas e sementes, ambas as
espécies são cultivadas como plantas ornamentais e empregadas na medicina popular como
calmante, são plantas muito venenosas, não se aconselha usá-las como medicinal.
As espécies do gênero Datura contêm atropina, hiociamina, escopolamina e outros
alcalóides correlacionados. Estes são encontrados em várias partes da planta, as folhas são
fumadas para reduzir a dor, a aflição e a angústia, as sementes em alguns locais são
empregadas em métodos convencionais e tradicionais de crimes por ervas venenosas, a
dose obtida apenas de uma semente ou uma simples baforada de fumaça pode produzir

120
reações violentas, a dose letal é muito pequena, o viciado em Datura deve ter o mesmo
tratamento que aqueles viciados em outras drogas.
- Datura stramonium: estramônio, figueira-do-inferno, erva-do-diabo. Erva anual,
cápsula espinescente, originária da Ásia e multiplica-se por sementes.
- Brunfelsia uniflora: primavera, manacá, jasmim-do-paraguai, cravo-de-negro.
Arbusto ou arvoreta muito ramificada e copa densa arredondada; flores solitárias, mas em
grande número na extremidade dos ramos, perfumada de coloração violeta e depois
brancas; nativa desde o Pará até o RS, Argentina e Paraguai; multiplica-se por sementes e
ramos (com certa dificuldade); as raízes são medicinais contra o reumatismo, diuréticas,
purgativas e emenagogas, aconselha-se o uso externo desta planta por ser venenosa em
doses altas.
- Cyphomandra betacea: tomateiro francês, tomateiro arbóreo, bago-de-veado,
orelha-de-tigre. Arbusto de folhas grandes pilosas e base cordada; fruto elipóide do
tamanho de um ovo de galinha, pendente, roxo-avermelhado, perfumado e comestível, sua
possível origem na Colômbia, mas também na Amazônia; multiplica-se por sementes; as
folhas aquecidas são usadas como cataplasma em dores musculares.
O gênero Cestrum é composto por 150 a 250 espécies arbustivas e arbóreas na
América tropical, folhas nauseabundas ao macerá-las, algumas espécies são ornamentais,
outras são tóxicas ou sem uso determinado.
- Cestrum nocturnum: dama-da-noite. Arbusto ornamental e tóxico (ataca o sistema
nervoso), suas flores são muito perfumadas e abrem a noite.
O gênero Petunia encerra cerca de 30 espécies originárias da América do Sul e são
muito usadas como plantas ornamentais, destacando-se Petunia hybrida que compreende
uma série de variedades de flores de diversas cores e corolas até 10 cm de diâmetro, de
flores simples ou dobradas ou corolas de mais de uma cor. P. violacea é a espécie nativa
mais comum no estado, apresenta flores de lilás a roxo, muito ornamental.
- Atropa belladonna: beladona. A planta toda, mas, principalmente os frutos contêm
os alcalóides atropina, hiosciamina e escopolamina usados na medicina para dilatar a
pupila, conjuntivites e sedativo, porém são muito tóxicas e a dose terapêutica e letal são
muito próximas.

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Algumas espécies do gênero Nierenbergia são tóxicas e levam o nome vulgar de
linho-do-mato, Nierenbergia wigthii é, comprovadamente, tóxica em nossa região.

SUBCLASSE ASTERIDAE
ORDEM RUBIALES
Família Rubiaceae

O nome provém de “rubia” = a ruiva, planta que fornecia tinta para tingir.
Apresenta um número aproximado de 450 gêneros e ao redor de 7000 espécies, a
maioria de distribuição tropical e subtropical, outras de zonas temperadas.
Plantas de hábito muito variado, árvores, arbustos e ervas, glabras, pubescentes ou
tomentosas.
Folhas opostas, decussadas, verticiladas, sempre com estípulas interpeciolares, às
vezes as estípulas são concrescidas com o caule ou são soldadas entre si.
Flores hermafroditas, actinomorfas, 4,5,6 meras, ovário ínfero, 1 a 2 carpelos,
bilocular com 1, 2 ou muitos óvulos por lóculo, fruto cápsula ou drupa.

FÓRMULA FLORAL: K (4,5,6) C (4,5,6) A G (2) ↓ *

As espécies distribuem-se em duas subfamílias: Cinchonoideae e Rubioideae.

Subfamília Cinchonoideae: apresenta muitos óvulos por lóculo.

- Cinchona calisaya: quina amarela, quina. Árvore perenifólia da América do Sul


que fornece quinino para controle de febre amarela; a droga é retirada da raiz e do tronco
(casca); multiplica-se por sementes.
- Randia armata: limoeiro-do-mato, jasmim-do-mato. Arvoreta encontrada nas
matas tropicais e subtropicais da América; nativa no sul do Brasil. Flores brancas muito
perfumadas e espinhos curtos opostos na axila das folhas; fruto amarelo, ovalado de 4 a 5
cm de comprimento que, apesar de ser do tipo baga, tem um epicarpo duro; frutos

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provocam distúrbios nervosos; folhas e raízes são usados contra a blenorragia; multiplicam-
se por sementes que germinam em 45 a 50 dias.
- Cephalanthus glabratus: sarandi, sarandi-vermelho. Arbusto nativo à beira de rios
e riachos sul brasileiros, Paraguai, Argentina e Uruguai; possui capítulos brancos e
esféricos; folhas verticiladas em número de 3 a 4 por nó, tem saponinas, taninos e oxidases;
as folhas são indicadas para combater o diabetes, é um ótimo diurético; multiplica-se por
sementes, estacas ou por divisão da touceira.
- Gardenia angusta: jasmim, jasmim-do-cabo. Arbusto ornamental de flores brancas
enormes e perfume forte no fim de inverno e primavera; folhas verdes brilhantes; planta
rústica; multiplica-se por sementes, ramos ou mergulhia.
- Genipa americana: genipapo. Árvore do Brasil tropical, estendendo-se da
Venezuela até o Nordeste da Argentina; a raiz é purgativa; as folhas são antidiarréicas e
adstringentes; o fruto imaturo é antisifilítico; o fruto maduro é comestível, refrescante,
usado para licores e doces; multiplica-se por sementes.

Subfamília Rubioideae: apresenta apenas um óvulo por carpelo.

- Cephaelis ipecacuanha: ipecacuanha. Erva rastejante de raízes grossas que é a


parte medicinal desta espécie; espontânea em diversos estados do Brasil, especialmente em
Mato Grosso, Rondônia e Bahia; as raízes encerram emetina e cefelina; é emética e
expectorante em doses fracas; multiplica-se por sementes, pedaços de raízes e folhas (solo
úmido).
As espécies dos gêneros Borreria, Diodia e Richardia encerram várias plantas
conhecidas como poáia, sabugueiro, sabugueirinho.
- Borreria verticilata: poáia, poáia preta, poáia miuda. Erva perene ou ereta de
pequeno porte, originárias da América do Sul e Central; a raiz é emética; as folhas são
antidiarréicas; multiplica-se por sementes e pedaços com raiz; eventual invasora.
- Borreria centranthoides: sabugueirinho-do-campo. Erva perene originária dos
campos do sul do Brasil e, possivelmente do Uruguai e Argentina; com xilopódio; a parte
aérea morre no inverno; popularmente usada para doenças nos rins.

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- Borreria fastigiata e B. equisetoides: baicurú, guaicuru, sabugueirinho-do-campo.
Erva campestre e perene, encontrada nos campos secos do sul do Brasil; com grande
xilopódio avermelhado; a parte aérea morre anualmente; empregado para doenças do
aparelho genital feminino principalmente ovários.
- Richardia brasiliensis: poáia branca,mata pasto, poáia graúda. Natural da América
do Sul; planta prostrada, perene, com grande vigor vegetativo; em lavouras comporta-se
como planta anual; a raiz é emética, multiplica-se por sementes.
- Ixora coccinea: hortência japonesa, ixora. Arbusto ornamental, natural do sudeste
da Ásia; flores alaranjadas ou vermelhas em corimbos vistosos; floresce quase todo o ano;
multiplica-se por ramos.
- Guettarda uruguensis: veludinho, veludeiro, jasmim-do-uruguai. Nativa do sul do
Brasil, Uruguai e Argentina; arbusto ou arvoreta com pubescência nas folhas e frutos;
frutos de coloração preta comestíveis e muito procurados pelos pássaros.
- Coffea arabica: cafeeiro, cafezeiro. Arbusto perenifólio de até 5m de altura; folhas
opostas, brilhantes, bordo ondulado, verde escuras; flores em cimeiras compactas axilares
brancas ou róseas; fruto de 1,5 cm de diâmetro, originária das regiões tropicais da Ásia e da
África. A Etiópia é ainda o “centro primário” de diversidade da cultura. As folhas eram
mastigadas para aliviar a dor, dissipar o cansaço e a fome; o hábito de beber café foi
desenvolvido na Arábia no século XV. Em 1706, chega uma planta ao Jardim Botânico de
Amsterdam; algumas sementes desta planta foram levadas de Paris para a Martinica e daí
para a América do Sul (Brasil, 1723). Outra introdução foi material francês levado para o
Caribe e, daí para a América do Sul; quando o fruto está completamente maduro recebe o
nome de “cereja” e a semente de “coco”; é a bebida estimulante - cafeína - para os nervos,
músculos, cérebro, rins e coração; os frutos maduros e crus combatem o diabetes e a gota;
tem fraca ação diurética; as folhas sob a forma de banho combatem os resfriados e o
reumatismo, a bebida favorece a digestão e acelera a circulação; as sementes submetidas à
torrefação desenvolvem ácido empireumático de cor parda que lhes confere o aroma
peculiar e o paladar, os quais provêm da decomposição do clorogenato de potássio e de
parte da cafeína; é o óleo essencial “cafeona” o princípio excitante do sistema nervoso e de
suas propriedades antissépticas; o café combate febres intermitentes, a tifóide, hemorragia
cerebral, a embriaguês, asma, diarréia crônica, etc. É excelente antídoto da morfina e o ópio

124
assim como todos os demais alcalóides; o pó é usado como cicatrizante e adubo;
ornamental e melífera, fornecendo grande quantidade de néctar; multiplica-se por sementes
e por enxertia.

SUBCLASSE ASTERIDAE
ORDEM ASTERALES
Família Asteraceae (=Compositae)

É uma das maiores famílias entre as Magnoliophyta, com cerca de 1.400 gêneros e
ao redor de 25.000 espécies distribuídas em todo o mundo; no Brasil, mais ou menos 180
gêneros; é mais conhecida como Compositae. O nome Compositae é devido às
inflorescências compostas de muitas flores sobre um receptáculo comum, denominado
capítulo.
Apresenta todos os hábitos vegetativos, mas predomina o hábito herbáceo e, raramente, o
arbóreo; suas espécies invadiram, com sucesso, todos os tipos de habitats, sendo muito
abundantes nas regiões áridas.
Sistema radicular variado: fasciculado, rizomatoso, xilopódio, bulbos, pivotante.
Folhas na grande maioria são alternas ou rosuladas (radiais), raros casos verticiladas
ou opostas, às vezes expandidas na base em bainha ou aurícula (Trixis, Senecio, etc.).
A inflorescência é sempre do tipo capítulo de uma ou muitas flores assentadas sobre
um receptáculo comum que pode ser plano, convexo ou côncavo e rodeado de brácteas
involucrais (filárias), dispostas em uma ou mais séries. Biologicamente, o capítulo funciona
como uma flor simples o que sempre confunde o leigo; as flores podem ser andróginas ou
unissexuais.
O cálice é pouco desenvolvido, sendo aderente ao tubo corolínico; é pouco aparente
durante a ântese e, muitas vezes, desenvolve-se depois da fecundação e persiste na maioria
das vezes no ápice do fruto sob a forma de pêlos, cerdas, espinhos ou escamas, variáveis
por seu número, forma e tamanho conforme a espécie; este tipo de cálice denomina-se de
“papus”; às vezes pode não existir. A corola é gamopétala, pentâmera com os seguintes
tipos: tubulosa, filiforme, bilabiada e ligulada (característica das flores unissexuais
femininas ou neutras e das flores hermafroditas). Os estames são epipétalos e sinânteros,

125
em número de cinco; as anteras são introrsas. O gineceu é formado por dois carpelos
unidos, unilocular, uniovular e ovário ínfero, o estígma é bífido e a superfície fértil está na
parte interna ou lateral da bifurcação.
As compostas são em sua grande maioria protândricas; a polinização predominante
é a entomófila; poucas são anemófilas (Xanthium) e ornitófila; poliploidia e hibridização
são freqüentes em muitos gêneros; a maioria é autoestéril; apomixia em 16 gêneros e
gêneros de dispersão muito ampla (Taraxacum, Erigeron, Artemisia) têm espécies
apomíticas.
O fruto é do tipo aquênio.

Incluem espécies importantes economicamente:


Hortaliças: alface, chicória, radite, alcachofra, etc.
Medicinais: marcela, guaco, camomila, carquejas, estévia, infalivina, língua-de-vaca,
losna, alcachofra, etc.
Ornamentais: gérbera, margarida, crisântemo, dálias, cravo-de-defunto, etc.
Oleífera: girassol
Inseticidas: piretro, losna
Tóxicas e invasoras: alecrim-do-campo, mata-pasto, mio-mio, maria-mole, picão preto,
roseta, carrapicho, etc.
Apícolas: erva-lanceta, maria-mole, girassol, carquejas, cambará-do-mato

As espécies estão agrupadas em duas subfamílias: Cichorioideae (Lactucoideae)


e Asteroideae.

Subfamília Cichorioideae: Espécies geralmente com látex e o capítulo constituído apenas


de flores liguladas (capítulos isomorfos).
- Lactuca sativa: alface. Este é um gênero com mais ou menos 100 spp.
Euroasiática. Tem dois estádios de desenvolvimento: 1- formação de folhas (cabeça); 2-
formação da inflorescência. É latescente, de flores azuis. É a hortaliça mais popular; boa
fonte de vitamina A e regular de B1 e C; indicada para pessoas excessivamente nervosas,
usada contra insônia, reumatismo, vertigens; também é ótima forrageira; multiplica-se por

126
sementes; colheita 70-90 dias após a semeadura. Quando inicia o florescimento o teor de
látex aumenta, causando um sabor amargo.
- Cichorium intybus: almeirão, radiche, chicória amarga. Erva anual, bianual ou
perene consumida como salada; folhas rosuladas basilares de onde parte o caule que
originará a inflorescência de capítulos azuis; em horticultura há duas formas cultivadas:
uma para produção de raízes que se consomem depois de cozidas ou para torrar e fazer o
“café de chicória” (USA, Espanha e França), e a outra que se consomem as folhas; as folhas
e raízes têm propriedades laxantes, digestivas, tônicas e depurativas; multiplica-se por
sementes; a produção inicia-se 50-80 dias após a semeadura.
- Cichorium endivia: chicória, chicória doce, endivia, escarola. Erva européia, anual
ou bianual; são numerosas as var. hortículas, mas apenas duas se sobressaem: C. endivia
var. crispa, com folhas crespas e recortadas, e a C. endivia var. latifolia com folhas lisas,
denteadas e onduladas, sendo esta a de maior aceitação comercial; multiplicam-se por
sementes e a colheita ocorre após 70-90 dias após a semeadura.
- Taraxacum officinale: dente-de-leão. Erva perene, raíz pivotante, folhas rosuladas,
capítulos com flores amarelo-ouro que surgem no inverno; invasora, ruderal, medicinal e
apículaz; folhas, raiz e flores são medicinais, antiescorbútica, depurativa, estimulante da
digestão, laxante, tônica e contra doenças de pele; multiplica-se por sementes.
- Sonchus oleraceus: serralha, serralha lisa. Erva anual, pode atingir até 1,50 m de
altura, glabra, verde-acizentada, latescente; capítulos de flores amarelas que surgem a partir
do inverno; invasora (sementes tem poder germinativo de 9 a10 anos); ruderal e medicinal;
as folhas são comestíveis sob forma de salada; na forma de chá são estimulantes das
funções hepáticas, diuréticas, depurativa, digestiva; o látex é usado contra a “tinha”
(micose); originário da Bacia do Mediterrâneo, hoje naturalizada em vários países.
- Sonchus asper: serralha crespa. Erva semelhante à espécie anterior, da qual se
difere por apresentar as folhas com os bordos fortemente denteados espinescentes e
ramifica-se excepcionalmente.
- Hieracium commersonii: radiche-do-mato, radiche bravo. Erva perene com folhas
rosuladas e talo de até 80 cm de altura; capítulos em número pequeno e flores amarelas que
surgem no inverno; folhas usadas em saladas; multiplica-se por sementes e raízes; natural
da América do Sul.

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Subfamília Asteroideae: Espécies raramente com látex. Apresentam capítulos com
flores iguais ou diferentes (capítulos heteromorfos): flores do disco com corola tubulosa
(nunca liguladas) e as do raio com corola ligulada ou flores do disco bilabiadas e flores do
raio filiformes e liguladas. Os capítulos também podem ser isomorfos (flores iguais entre
si) apresentando apenas flores tubulosas ou bilabiadas.
- Cynara scolymus: alcachofra. Erva perene de coloração cinza, de até 1,50 m de
altura, folhas rosuladas grandes e folhas caulinares menores; hortaliça da qual se ocupam os
capítulos imaturos ou os pecíolos; há quem a considere “rainha das flores comestíveis”
porque a parte comestível são as brácteas e os botões florais carnosos e consistentes,
sobrepostos parcialmente, aderidas ao receptáculo, também carnoso. Os capítulos são
colhidos semanas antes da maturação das flores. As folhas são empregadas como diuréticas,
doenças do fígado e para aumentar a ação antitóxica do organismo. Originária da Bacia do
Mediterrâneo e das Ilhas Canárias e introduzida nas Américas pelos colonizadores
franceses e espanhóis; multiplica-se por sementes (não é aconselhável), e por perfilhos com
algumas raízes que nascem na base e em torno da planta matriz.
- Hellianthus annuus: girasol. Erva anual, caule pouco ramificado, terminando em
enorme inflorescência amarela, a semente é usada, diretamente, na alimentação do homem
e animais domésticos; seu principal uso é na extração de óleos e o resíduo para torta; as
sementes dão 40% de farelo e 20% de casca que pode servir de combustível, cama de aves
e indústrias de compensado; cultura de verão com ciclo de 100 a 120 dias, as sementes
torradas substituem o café; os ramos mais tenros, as folhas e as sementes são usadas contra
distúrbios nervosos, doenças do estômago e chagas ulcerosas; originária da América do
Norte; multiplica-se por sementes.
- Chrysanthemum cinerariaefolium: piretro, piretro-da-dalmácia. Erva perene,
utilizada para a produção de inseticidas biodegradáveis e inócuos para homens e animais
superiores; é a espécie mais tóxica do gênero; cultura de verão, preferindo climas secos,
quentes e grande luminosidade; o teor de piretrina aumenta à medida que as inflorescências
crescem até a plena polinização e, este alcalóide, tem ação tóxica por 6 dias; originária da

128
Península dos Balcãs – Costa do Mar Adriático e Yugoslávia; multiplica-se por sementes e
mudas obtidas pela divisão da touceira.
- Chrysanthemum leucanthemum: margarida, mal-me-quer.
- Achyrocline satureioides: macela, marcela. Erva perene com capítulos amarelo-
dourado; o extrato das flores apresenta atividade antibacteriana, antiespasmódica,
antinflamatória, analgésica e sedativa. Popularmente é usada como digestiva, carminativa,
colagoga, emenagoga, baixa o colesterol, no uso externo é antinflamatória e antisséptica;
usa-se travesseiros de macela para controle de cefaléias, não usar chá muito forte. Nativo da
região sudeste subtropical e temperada da América do Sul. Multiplica-se por sementes.
- Matricaria chamomila: camomila, maçanilha. Erva anual de até 50 cm de altura,
folhas pinadas, capítulos amarelos; é considerada a planta medicinal mais comum com
grande consumo no mundo; nativa da Europa e adventícia no Brasil; colhe-se quando as
inflorescências estão totalmente abertas e são usadas como sedativo, antinflamatória,
antialérgica, analgésica, cólicas estomacais e intestinais, contra assaduras, emenagoga,
externamente é usada na forma de compressas, banhos e pomadas contra doenças de pele,
cicatrizante e queimaduras; na cosmetologia para shampoos, loções, sabonetes, etc.;
multiplica-se por sementes.
- Arthemisia absinthium: losna, absinto, erva-dos-vermes. Subarbusto prateado com
folhas pinatissectas; colerética, colagoga, emenagoga, diurética, vermífuga, febrífuga e
carminativa; usada no preparo de bebidas amargas e na indústria de alimentos como
flavorizante (neste caso o óleo não pode ter tujona), usado na preparação do “licor de
absinto”, condenado em vários países; seus efeitos seriam similares aos da maconha;
crianças, gestantes e lactantes não devem usá-las; seu uso prolongado ou em altas doses
deve ser evitado por causa da tujona. Nativo da Eurásia, multiplica-se por sementes, galhos,
estacas e divisão da touceira.
- Artemisia vulgaris: artemisia, erva-de-são joão, absinto selvagem. Erva perene,
aromática, caules purpúreos, de até 1,50 m de altura, folhas verde escuro na face superior e
prateada na inferior; folhas e flores são usadas como tônicas, calmante, digestiva,
antiespasmódica, vermífuga; floresce no verão. Nativo do Mediterrâneo; multiplica-se por
divisão da touceira, deve-se ter cuidado com o uso desta planta.

129
- Artemisia verlotorum: infalivina, olina, erva-de-são-vicente. Erva perene
rizomatosa de até 1 m de altura, capítulos rosados e corola sem glândulas e folhas basais
pinatissectas e as superiores inteiras; medicinal e invasora; multiplica-se por sementes,
rizomas e perfilhos; nativo da Ásia.
- Achillea millefolium: mil-folhas, mil-ramas. Erva perene, rizomatosa, estolonífera
de até 60 cm de altura, folhas profundamente pinatissectas; as extremidades floríferas são
usadas como estimulante, carminativas, febrífuga, antiespasmódica, antinflamatória,
diurética, hemostática; externamente usada em queimaduras, úlceras, feridas, hemorróides,
gastrites crônicas, reumatismo e celulite. Em altas doses podem provocar dores de cabeça e
vertigens. Nativa da Europa; multiplica-se por sementes e rizomas.
- Pluchea sagittalis: lucera, erva-da-lucera, falso quitoco. Erva perene de caule
alado, folhas lanceoladas glandulosas pubescentes com forte cheiro devido aos princípios
amargos e aromáticos; é usada em problemas estomacais e hepáticos. Nativo da América do
Sul; multiplicam-se por sementes e divisão da touceira.
- Mikania laevigata: guaco. Trepadeira volúvel, perene, folhas brilhantes e de base
obtusa, pode atingir até 15cm de comprimento e 7 cm de largura, carnoso-coriáceas, as
folhas são usadas como expectorante, antiasmático, antigripal febrífugo, sudorífico,
antireumático e contra picadas de inseto; esta é a espécie mais conhecida e mais abundante
no RS ; melífera; multiplica-se por galhos e estacas.
- Vernonia brevifolia e V. nudiflora: alecrim-do-campo. Ervas perenes, cespitosas,
com xilopódio, capítulos cor de vinho tinto, folhas estreitas semelhantes às de Rosmarinus
officinale; invasora; encontra-se nas formações campestres do sul do Brasil, Uruguai e
Paraguai; multiplica-se por sementes e xilopódio.
- Vernonia polyanthes: assa-peixe, cambará branco, mata-campo. Arbusto de até 3
m de altura, caule pubescente, acizentado, é uma planta daninha em pastagens com grande
capacidade de infestação, cresce também à beira de estradas, caminhos, terrenos baldios,
etc. As folhas têm ação balsâmica, expectorante e hemostática, também são diuréticas; é
encontrado desde a Bahia até o RS; pasto melífero; multiplica-se por sementes e rizomas.
- Vernonia discolor: vassourão preto, pau-toucinho. Árvore de até 15 m de altura e
50 cm de diâmetro que floresce na primavera; o tronco apresenta casca cinza-escuro que
quando cortada oxida e torna-se preta; é encontrada en zona de Araucária; a madeira é

130
usada na fabricação de caixas, aglomerados, tamancos, etc. Propicia ambiente para
crescimento de essências mais nobres; multiplica-se por sementes.
- Baccharis articulata: carquejinha, carqueja doce, carqueja branca. Erva com caule
verde claro e bialado.
- Baccharis trimera: carqueja, carqueja amarga, carqueja-de-coruja. Erva com caule
verde forte e trialado.
Ambas as espécies são subarbustos nativos do sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e
Argentina; são plantas que apresentam os caules alados muito característico, sem folhas na
fase adulta. A parte aérea é usada como digestivo, diurético, tônico, antifebril, estimulante
do sistema hepático, no Paraguai é usada contra hipertensão, multiplica-se por divisão da
touceira e por sementes.
- Baccharis coridifolia: mio-mio. Erva perene com raízes muito fibrosas e
abundantes o que confere resistência à planta ao calor e à seca; é mais tóxica quando
finaliza a frutificação (março/maio); mantêm-se sempre verde; a planta em floração é 4
vezes mais tóxica, possui alcalóides: roridina A e E, aparentemente produzidas por um
fungo do gênero Myrothecium, mais uma resina, bacarina e óleo essencial; toxidade: cavalo
300g, ovino 40g; é encontrada no sul do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina; multiplica-
se por sementes e divisão da touceira.
- Baccharis dracunculifolia: vassoura, vassourão. Subarbustos que formam extensos
vassourais após a quebra da estrutura primária da vegetação em diversas regiões do RS;
multiplica-se por sementes.
- Senecio brasiliensis: maria mole, flor das almas. Erva perene; floresce no inverno
ou primavera; comum em vários ambientes (exceção os palustres); planta tóxica e melífera;
encontrada no sul e leste do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
- Elephantopus mollis: suçuaiá, erva-grossa, língua-de-vaca, fumo-do-mato. Erva
perene de folhas rosuladas, grandes, ásperas e inflorescência de até 90 cm de altura;
daninha ou ruderal, encontrada em clareiras ou caminhos de mata. As folhas e raízes são
usadas como tônicas, antifebris e sudoríferas, o suco das folhas é usado contra cálculos
renais, elimina catarro pulmonar e elefantíase. Nativa de Cuba, Baixa Califórnia, América
tropical até o sul do Brasil e Norte da Argentina. Multiplica-se por sementes.

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- Orthopappus angustifolius: língua-de-vaca, suçuaiá-açú. Encontrado desde Cuba,
México, América Central, Antilhas até o Norte da Argentina e Sul do Brasil; ruderal;
multiplica-se por sementes.
- Chaptalia nutans: língua-de-vaca, arnica-do-mato, costa-branca. Erva perene,
acaule, folhas rosuladas; comum na vegetação secundária, em áreas alteradas, beira de
caminhos, gramados, roças, etc; encontrada desde o México até o Rio Prata; as folhas
aquecidas são usadas sobre tumores, nas têmporas contra dores de cabeça e enxaquecas e
para provocar o sono; decoto para lavar feridas, úlceras e tumores; internamente é tônica; a
raiz é usada contra febre, tosse, bronquite, doenças de pele.
- Stevia rebaudiana: erva-doce, estévia. Erva perene; produz um açúcar
(esteviosídeo) 300 vezes mais potente que o açúcar de cana; é um produto que não possui
calorias, não provoca cáries, obesidade, doenças do coração; ela satisfaz a necessidade
psicológica do açúcar; aproveitam-se as folhas; é uma planta cultivada no Paraná, nativa do
Paraguai. Multiplica-se por sementes e divisão da touceira.
- Bidens pilosa: picão, picão-preto. Erva anual; é uma das mais problemáticas
invasoras de cultivos; é também planta medicinal: as folhas são usadas como estimulante e
nos males do fígado, as raízes são cicatrizantes e bactericidas. As sementes permanecem
viáveis no solo por 5 a 6 anos. Nativa da América Tropical, hoje é encontrada em cerca de
45 países; multiplica-se por sementes.
- Galinsoga parviflora: picão-branco, fazendeiro. Ervas anuais, encontradas em
culturas e beira de caminhos; as folhas são usadas para lavar feridas e é antiescorbútica.
Nativa da América do Sul, porém hoje é encontrada em vários países subtropicais.
- Xanthium cavanillesii: carrapicho grande, abrojo. Erva anual invasora, as plantulas
contém glicosídeo tóxico para equinos, suínos, ovinos e bovinos. As folhas são
adstringentes, resolutivas, amargas, usadas para lavar feridas e tumores; nativa da América
do Sul; multiplica-se por sementes.
- Xanthium spinosum: carrapicho-de-carneiro, carrapicho-de-santa helena. Erva
anual, ereta, toda espinhenta de até 1m de altura; invasora de pastagens cultivadas, próximo
a casas, currais, potreiros, raro em lavouras anuais. As folhas são diuréticas, emolientes,
sudoríficas. As raízes são usadas para lavar feridas; é uma planta tóxica, devido as

132
saponinas e um alcalóide, que atuam sobre o sistema nervoso; é cosmopolita; multiplica-se
por sementes.
- Pterocaulon polystachium: quitoco, doce-amargo. Erva perene com até 1 m de
altura, fortemente aromática; as folhas são usadas contra intoxicação hepática, estomáquica
(eupéptica), bactericida e para lavar feridas. Nativa da América do Sul. Multiplica-se por
sementes e xilopódios.
- Stenachaenium campestres: arnica, arnica-do-campo. Erva perene rizomatosa com
folhas rosuladas, aromáticas; as folhas são usadas para lavar feridas, em compressas para
batidas ou luxações, dores musculares, ação analgésica. Encontrada nos campos do sul do
Brasil, Uruguai e Argentina.
- Soliva pterosperma: roseta. Erva anual, capítulos sésseis, frutos espinescentes,
tornando-se indesejáveis em gramados e campos esportivos. Surgem no inverno e finalizam
o ciclo em fins da primavera; nativo da América do Sul; multiplica-se por sementes.
- Solidago chilensis: erva lanceta, arnica silvestre, rabo-de-foguete. Erva perene,
rizomatosa, capítulos em cimeiras paniculóide de flores amarelo forte; invasora, ruderal,
pasto melífero e medicinal para uso externo como cicatrizante e distúrbios gastrointestinais,
tem sido usada como ornamental , deve-se ter cuidado com o uso desta planta. Pode ser
encontrada no Centro Sul do Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile; multiplica-se por
sementes e rizomas.
- Tanacetum vulgare: catinga-de-mulata, erva lombrigueira. Erva perene
rizomatosa, aromática; é uma planta tônica e amarga; chá das folhas e inflorescências
contra vermes; externamente a infusão no álcool é empregada para dores nas articulações e
músculos; nativa da Europa; multiplica-se por sementes, divisão da touceira e rizomas.
- Aster squamatus: erva pelada, zé-da-silva. Erva perene com até 1,50 m de altura,
glabra, densamente folhosa, porém áfila no final do ciclo vegetativo e caule de coloração
arroxeada; antidiarréica; nativa da América do Sul.
- Tagetes minuta: cravo-de-defunto, cinchila. Erva anual com até 2 m de altura,
folhas palmatipartidas com glândulas oleíferas em todo o corpo vegetativo, conferindo-lhe
um cheiro forte e característico; invasora e ruderal; as folhas são usadas como anti-
elmíntica, aperiente, laxativa, em tosses, reumatismo articular, etc.; afugenta insetos; as

133
raízes liberam polietilenos que matam os nematóides. Nativa do México; multiplica-se por
sementes.
- Tagetes erecta: cravo-de-defunto. Erva semelhante a anterior, inclusiva nos usos.
Nativa do México; multiplica-se por sementes.

CLASSE LILIOPSIDA (MONOCOTYLEDONEAE)

CARACTERÍSTICAS GERAIS:

São incluídas aqui as Angiospermas que desenvolvem apenas uma folha cotiledonar
no embrião da semente e que é de origem terminal. Esta folha não emerge do solo no
momento da germinação, mas permanece dentro da semente, transferindo a energia do
endosperma para a nova planta. A raíz embrionária é efêmera e logo após a germinação é
substituída por um feixe de raízes fasciculadas permanentes. O gênero Zea é uma exceção
no qual permanece a raíz primária (embrionária). O caule possui vários vasos líbero-
lenhosos independentes (irregulares) e mais ou menos numerosos não só no princípio do
seu crescimento, mas, também, durante toda sua vida. O caule não aumenta de diâmetro
pois, a ausência de câmbio impossibilita o crescimento secundário em diâmetro como nas
dicotiledôneas. Predominam caules herbáceos; as palmáceas, as agaváceas, as bambusáceas
têm caules lenhosos. O caule pode ser cilíndrico ou trígono, às vezes articulado em nós
sólidos e entrenós ocos. As folhas são simples, inteiras, raras compostas e a nervação é
paralelinérvea; geralmente não têm articulações e nem estípulas; várias gramíneas e
palmáceas oferecem exceções. As flores são tipicamente trímeras embora às vezes o
número de estames se reduza para menos de 3; comumente há perigônio de 2 verticilos; as
peças do perigônio podem faltar por aborto ou por redução.

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SUBCLASSE COMMELINIDAE
ORDEM CYPERALES
Família Poaceae (=Gramineae)

Deriva de "gramen" - plantas semelhantes à grama. Família de distribuição


cosmopolita, encerrando ao redor de 600 gêneros e cerca de 10.000 espécies. No RS
ocorrem 110 gêneros com mais ou menos 500 espécies. Os indivíduos apresentam-se, quase
sempre, em massas compactas o que, em muitos lugares, confere uma característica própria
à fisionomia da paisagem, a qual recebe o nome conforme o país. Assim tem-se "campos"
no Brasil, "praderas" nos países latinos de fala espanhola, "prairie" nos EUA; "velvet" na
África, etc.
Tanto a estrutura floral quanto a vegetativa são altamente especializadas, tornando
fácil seu reconhecimento.
Com exceção das Bambuseae, todos os demais representantes têm caule herbáceo,
articulados em nós e entre-nós bem característicos. O caule é do tipo colmo com estrutura
variável conforme a espécie; eretos, decumbentes, rasteiros ou subterrâneos, que conferem
às espécies, hábitos cespitoso, prostrado, estolonífero ou rizomatoso; comumente
apresentam o fenômeno de "perfilhamento" muito importante na multiplicação das espécies
e de grande interesse agrícola. O perfilhamento pode ser intravaginal quando o ramo
desenvolve-se no interior da bainha, emergindo pelo colo da mesma ou extravaginal
quando o ramo perfura a bainha emergindo pela fenda formada na base da bainha.
Folhas com limbo, lígula e bainha e pode haver formação de aurículas na parte
superior da bainha.
A flor apresenta um perigônio formado por 3 verticilos de 2 peças que se reúnem
em 1º grau para formar a inflorescência denominada “espigueta". Esta pode estar formada
por 1 a 50 flores, algumas das quais podem não ser funcionais. Constituição da espigueta:
ráquila, 2 glumas e flor em número variado conforme a espécie, que pode ser unissexual,
hermafrodita ou neutra. A flor está formada de "lodículas", "androceu" e "gineceu".
Apresentam brácteas: a “lema” e a “pálea”, que protegem o androceu e o gineceu, podem
ser férteis ou estéreis. A lema é a mais externa, monoquilhada, pode apresentar "arista"

135
(espigueta aristada), e quando não a tem denomina-se espigueta "mútica", passando este
termo a integrar ou classificar a cultivar ou variedade; a pálea é biquilhada e cobre total ou
parcialmente a pálea; o conjunto formado por lema e pálea denomina-se de "antécio" que
pode estar ou não protegido pelas 2 brácteas da espigueta, denominadas “glumas I e II”; o
androceu é formado por 3 estames na maioria das espécies, com filetes longos e tênues, o
que facilita a anemofilia; excepcionalmente podem ocorrer 1,2,6 ou mais estames.
O fruto é do tipo cariopse, podendo as brácteas, lema e pálea, ficarem aderidas ou não a ele,
conforme a espécie.
As gramíneas constituem um dos principais grupos de plantas utilizadas como
forrageiras e inúmeras espécies de aplicação industrial e, ainda, algumas poucas medicinais.
A sistemática desta família prende-se a quatro peculiaridades básicas:
1 - Tipo e constituição da inflorescência;
2 - Constituição da espigueta: no de flores, tamanho das peças do perigônio e nervura
destas peças, presença ou não de aristas, etc.;
3 - Modalidade de perfilhamento: extravaginal ou intravaginal;
4 - Ponto de articulação (ponto de quebra) do antécio: acima ou abaixo das glumas I e II.

Gênero Oryza
Este gênero apresenta panícula contraída ou laxa formada por espiguetas unifloras; flor
hermafrodita com 6 estames, plantas herbáceas anuais ou perenes, palustres ou não, de
climas tropicais e subtropicais.
- Oryza sativa ssp. japonica var. sativa: a esta espécie pertencem todas as
variedades e cultivares utilizadas no mundo inteiro. O arroz é o cereal de maior área de
cultivo no mundo, e o número de suas variedades excede ao de todos os outros cereais
reunidos. A sua importância se deve ao papel que desempenha como alimento básico de
uma grande parte da população mundo, especialmente na Ásia. A origem é, até agora, uma
questão muito discutida. Sabe-se que é uma cultura antiquíssima e os documentos revelam
a sua existência há mais de 5000 anos na China. Em quase todos os países da Ásia
encontra-se referência ao arroz desde épocas remotíssimas, quer na lenda, quer na religião.
É uma planta herbácea, com raízes cotiledonares efêmeras; após a germinação e o
aparecimento das primeiras folhas começa a formar-se o sistema radicular definitivo que é

136
o do tipo fascicular, podendo apresentar raízes adventícias nos nós da base do colmo. As
raízes não alcançam grandes profundidades, limitando-se a crescer nas camadas do solo de
melhor estrutura. O caule do arroz é reto, ôco, cilíndrico, com nós maciços. O comprimento
depende da variedade estando entre 0,60 a 1,80 m (fator determinado pelo solo, clima, N,
etc.). Há uma tendência das variedades precoces perfilharem menos que as tardias. O
número de perfilhos poderá ser de até 80, como no grupo IR-8.
As folhas de arroz são invaginantes, lineares, de filotaxia alterna e o número
corresponde ao número de nós do colmo. Possuem limbo, bainha e lígula. As cultivares
de grãos curtos (agulhinha) têm folhas mais estreitas e as de grãos longos mais largas.
A flor é composta de pálea, duas lodículas, seis estames com dois verticilos de 3
estames cada um e por um ovário súpero com dois estigmas plumosos e estilete único. A
lema não está presente na flor do arroz. Ocorrem normalmente 99,5% de autofecundação,
que se realiza dentro da cavidade formada pelas páleas. Após a maturação do fruto, as
páleas aderem-se ao fruto, formando a casca que, no arroz polido, é eliminada com o
beneficiamento. A espigueta do arroz possui uma única flor, podendo ter o pedicelo ou
ráquila mais ou menos solidificado, o que vai tornar mais ou menos resistente ao degrane
natural. Nas variedades selvagens, os frutos caem devido à existência de uma articulação na
ráquila, por onde se desprendem facilmente. Nas variedades cultivadas, a articulação está
solidificada e daí a diferença que se nota no grau de degrane das mesmas. A polinização se
verifica num período que vai de 2 a 8 dias, iniciando pela extremidade da panícula.
Realizada a polinização, as flores abrem-se deixando saírem as anteras. A abertura é
determinada por vários fatores, mas aqueles que mais influenciam nesse fenômeno são
temperatura e grau de umidade do ar. Portanto na época da floração do arroz, as flores
podem iniciar sua abertura a partir das 8 horas e ir até as 17 horas, começando no 4  ou
5 dias após o aparecimento da panícula; a ocasião em que apresentam maior índice de
abertura é das 10 às 14 horas. As flores permanecem abertas durante duas horas e fecham
após por contração deixando as anteras externamente. Após a polinização ocorre a
fecundação que demora de 5 a 7 dias para toda a panícula e principia o desenvolvimento do
ovário até encher completamente toda a cavidade floral. O tempo decorrido desde a
floração até o amadurecimento muda com o clima e com a cultivar; para o nosso estado
oscila entre 30 e 40 dias. O número de grãos por panícula vai de poucos até 300, mas

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também é característica variável e varietal. A inflorescência do arroz é uma panícula de
espiguetas unifloras. O comprimento varia de 20 a 40 cm. Fruto tipo cariopse.
- Oryza sativa ssp. japonica var. fatua: arroz vermelho. Muito semelhante a
anterior, porém, é uma planta mais alta e vigorosa; panículas grandes e laxas e a cariopse
desarticula-se com extrema facilidade; anual; multiplica-se por sementes; é a pior invasora
da lavoura de arroz.
- Oryza sativa ssp. japonica var. subulata: arroz preto. As cariopses são de cor preta
ou marrom-escura.
- Oryza caudata: arroz selvagem. Nativa do Pantanal Matogrossense. Fácil degrane
e panícula laxa.
- Oryza glaberrima: arroz selvagem, arroz-de-guiné. Nativo da África. É cultivado
naquele continente como arroz da montanha.

Gênero Zea
Apresenta três espécies com destaque para a Agronomia: Zea mays, Z. mexicana e Z.
diploperenis.
- Zea mays: milho. Cultivada para obtenção do grão de milho; existem numerosas
variedades e cultivares. A origem do milho é ainda uma questão envolta em dúvidas, nas
suas caracteristicas de domesticação afastou-se bastante das gramíneas selvagens, de
maneira que se torna impossível precisar uma dessas gramíneas como seu ancestral
selvagem. O gênero Tripsacum e Zea mexicana são os mais próximos do milho comum,
porém divergem bastante desses na proteção aos grãos, septação do mesmo na ráquis, na
extrema separação das flores masculinas e femininas em inflorescências diferentes. Não há
ainda concordância sobre o local e época de origem do milho. Grãos de pólen com 60000
anos foram encontrados no México; espigas de 6600 anos foram tiradas de escavações no
sudoeste do México. Na América do Sul, os fósseis mais antigos até hoje encontrados
datam de 2700 anos (Peru). Portanto com bases nesses dados, o lugar mais provável de
origem é a América do Norte (México). Pelas características fisiológicas e morfológicas, o
milho pode não ter sido uma planta de floresta, porque ele exige grande quantidade de luz
para o seu desenvolvimento, também não pode ser das regiões pantanosas e nem de grandes
altitudes. A intolerância às baixas temperaturas exclui não só as altitudes, mas também as

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latitudes extra-tropicais. A amplitude de adaptação climática, por outro lado, exclui a
possibilidade de tratar-se de uma planta realmente tropical. Sua boa viabilidade genética
permitiu, entretanto, a criação de um grande número de variedades adaptadas às mais
diferentes condições de clima e em virtude do que o milho é cultivado hoje em regiões
compreendidas entre 58 graus de latitude norte e 40 graus de latitude sul. Regiões de clima
subtropical e intermediário e, nos trópicos, altitude até 3600m são utilizadas atualmente
para cultura de milho.
O milho é uma planta herbácea, anual, monóica, cuja altura varia ao redor de 2 a 3
m. Na formação de seu sistema radicular distinguem-se 3 tipos de raízes:
a) primária, que em via de regra desaparece antes da planta atingir seu pleno de
desenvolvimento;
b) as nascidas em nós de embrião em número limitado de 2 a 4 e se ramificam
posteriormente;
c) adventícias, aéreas, grossas e cilíndricas que partem dos primeiros nós. Todos esses tipos
de raízes formam em conjunto um sistema radicular fasciculado de profundidade variável e
muito abundante.
Os colmos são eretos, geralmente não ramificados; internamente são de natureza
esponjosa e mais ou menos adocicada. O sistema de ramificação do milho é interessante;
das axilas das folhas podem nascer ramificações secundárias - perfilhos. Na região mediana
do caule observa-se outro tipo de ramificação que termina numa inflorescência (espiga).
Num nó imediatamente superior surge nova ramificação que termina em outra espiga. As
folhas são alternas de disposição dísticas e inseridas nos nós. Constam de uma bainha
invaginante, pilosa, verde-clara e de uma lâmina verde-escura, estreita lanceolada. Entre a
bainha e a lâmina existe uma língula estreita e membranácea.
As flores são dispostas em inflorescências unissexuais: as masculinas terminais do
tipo panículas, conhecida comumente como “flexa” ou “pendão”. Excepcionalmente flores
masculinas podem aparecer nas espigas assim como flores femininas nas panículas. A
panícula apresenta um eixo principal ou raque, cilíndrico e longo, de cerca de 50 cm,
nascendo no último nó. Uma espigueta bifloral consta de duas glumas grosseiras,
envolvendo duas flores, cada uma destas consta de duas glumelas delicadas, envolvendo
três estames, um estigma rudimentar e duas lodículas carnosas. A inflorescência feminina é

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formada por um eixo (sabugo) ao longo do qual estão dispostas reentrâncias ou alvéolos, e
nesses desenvolvem-se as espiguetas sempre aos pares. Estão geralmente situadas na
porção mediana do colmo para baixo; apenas se desenvolvem uma, duas, três e raramente
mais. Consta a espiga de uma raque portadora de flores femininas, que está presa no colmo
por um rudimento de ramo, de cujos nós partem as brácteas, conhecidas comumente como
“palha”, que envolve completamente as espigas. As flores femininas também estão
dispostas aos pares ao longo da raque, determinando, assim, na espiga desenvolvida, um
número par de carreiras de grãos que varia de 8 até 28; uma espigueta consta de duas
glumas curtas e delicadas, envolvendo duas flores: uma abortada e a outra fértil. Esta última
tem as glumelas protegendo um ovário arredondado unilocular, com um estilete e um
estigma piloso, de comprimento variável e que se expõe no ápice da espiga. O conjunto
estilo-estigma constitui a barba, a boneca ou ainda o cabelo do milho. A flor fértil apresenta
ainda três estames atrofiados, enquanto que a abortada apenas órgãos rudimentares.
O fruto do milho é do tipo cariopse e está disposto, geralmente, em número par de
carreira ao longo da espiga. Os frutos correspondem a 70% do peso das espigas; os
restantes 30% representam o sabugo e as palhas. O milho é de polinização anemófila.
Diferindo do que acontece em muitas outras espécies anemófilas, os grãos de pólen do
milho são relativamente grandes e pesados, de modo que ao serem impulsionados pelo
vento, eles tendem a cair, e assim podem atingir as barbas que estão num plano mais abaixo
do que as “flechas”, de onde eles partem. Devido as correntes aéreas, têm uma trajetória
obliqua em relação à planta, de maneira que ao caírem das flechas, eles se afastam da
planta.
O milho é uma planta alógama por excelência, devido à dificuldade de
autofecundação. Para o funcionamento da polinização é necessário que a soltura do pólen
pelas flechas e a receptividade das barbas, coincidam em tempo. Isto em geral ocorre nas
populações naturais. Concorre para esta coincidência o fato de sempre existir uma certa
variação de florescimento de planta para planta, de maneira a compensar as diferenças
dentro da mesma planta. Além disto, as barbas ficam receptivas durante vários dias até que
todos os estames de uma flecha soltem todo o seu pólen. A duração do grão de pólen do
milho não ultrapassa de 12 a 18 horas. O número de grãos de pólen produzidos por antera é
em torno de 400, de maneira que o pólen de uma única antera é suficiente para polinizar

140
toda uma espiga. As barbas da espiga, isto é, os estiletes com os estigmas crescem em
comprimento e em conseqüência, quando a espiga está formada, aparecem entre as palhas,
na extremidade livre da espiga, formando um pincel amplo. Esse crescimento ocorre
principalmente perto de sua base mais ao meio, porém nunca na ponta. Desta forma as
pontas do estilete-estigma são sempre empurrados para fora das palhas. Durante a
fecundação, o tubo polínico tem que percorrer uma distância relativamente muito grande; o
crescimento do tubo, apesar disto é muito rápido, e atingem os óvulos dentro do ovário em
cerca de 36 horas após a polinização. Em ultimo lugar, algumas referências devem ser
feitas à coloração dos grãos, que difere nas três camadas: no pericarpo, na aleurona e nas
camadas internas do endosperma, estes dois últimos podem ser brancos ou amarelos,
dependendo ou não da presença de carotenóides. A camada externa do endosperma ou
aleurona pode ser incolor, ou pode conter antocianinas ou flavonóides.
Da emergência à polinização, passam 70 dias, mas ciclos de 40 a 80 dias são
comuns. A inflorescência masculina fica visível alguns dias antes das femininas e com o
aparecimento destas, cessa o crescimento do milho. O aparecimento da inflorescência
masculina sempre antecede de 4 a 2 dias à exposição do estilete-estigma, mas normalmente,
cerca de 10 a 12 dias depois da flecha estar visível, 75% das espigas já estão com os
cabelos expostos. Uma vez realizada a polinização, o crescimento se localiza
principalmente na espiga e nos grãos de milho. Este aumento se dá em grande parte devido
à redistribuição, principalmente, de carboidratos do colmo para a espiga. Por esta razão o
crescimento da espiga se faz independente da fotossíntese neste período.
Segundo PARODI existem nove variedades de Zea mays cultivadas, das quais
citam-se as mais encontradas no cultivo:
- Zea mays var. amylacea: milho amiláceo; planta de até 4m de altura.
- Zea mays var. indurata: milho cateto ou catete, catetão.
- Zea mays var. minima: milho pipoca.
- Zea mays var. oryzacea: milho pipoca.
- Zea mays var. identata: milho dente-de-cavalo.
- Zea mays var. rugosa: milho doce.

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Gênero Triticum
Ao longo da domesticação do trigo ele perdeu a capacidade de disseminar suas
sementes e multiplicar-se naturalmente sem a interferência do homem. Estima-se em
17.000 variedades existentes entre as espécies cultivadas do gênero Triticum. Além de seu
alto valor nutritivo, o baixo conteúdo em água, a facilidade de transporte e processamento e
as boas qualidades para armazenamento tem feito desta cultura o mais importante artigo
alimentar de cerca de 35% da população mundial.
- Triticum aestivum: é a espécie mais cultivada no mundo e provavelmente seja
originado da Síria, Irã e Iraque. Foi introduzido nas Américas em 1529 quando os
espanhóis chegaram ao México; no Brasil foi introduzido por Martim Afonso de Souza na
Capitania de São Vicente em 1534 e em 1880 já era considerado o principal produto
agrícola do RS. Com a criação das estações experimentais no RS, a partir de 1914
dedicadas a pesquisa do trigo, fortaleceu-se e fomentou-se a cultura deste cereal. Encerra
todas as variedades de trigo cultivadas no RS e em todo o mundo.
Durante o perfilhamento não é visível o caule, vê-se apenas folhas e bainhas formando
pequena touceira. Após o perfilhamento, a planta cresce rapidamente com a elongação dos
entrenós e das bainhas das folhas que os cobrem. Duas a três semanas após a emergência
aparecem as raízes adventícias e os perfilhos a partir do primeiro nó acima do solo; o
aparecimento do primeiro nó na base da planta indica o inicio do crescimento do colmo; o
colmo, normalmente oco, tem em geral seis entrenós e uma folha cada por nó. A última
folha recebe o nome de “folha bandeira”; as folhas possuem aurículas que abraçam o caule
e lígula membranosa, incolor, de bordo irregular e piloso.
Quando a espiga começa a se desenvolver, desloca-se pelo interior do colmo,
atingindo a bainha da folha bandeira. Aí a espiga se desenvolve mais, distendendo-a,
caracterizando o estádio de “emborrachamento”. A emergência da espiga caracteriza o
“espigamento”. Poucos dias após o espigamento começa a abertura (ântese) das flores. As
espiguetas, 18 a 22 por espiga, estão formadas por 2 a 9 flores; cada flor consta de duas
glumas (G1 e G2), lema que pode ser aristada ou mútica e pálea, a qual envolve os estames
em número de três, o estígma e as lodículas; a polinização na grande maioria das flores
ocorre antes da abertura destas, promovendo como regra a autofecundação (95%);
Realizada a fecundação, 3 semanas após, o grão está em estádio de “grão leitoso” e mais ou

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menos 32 dias após a polinização o grão já está no ponto de colheita, quando pressionado
pela unha apenas fica marcado. O número de grãos por espigueta varia de 1 a 3 e
excepcionalmente 4 ou mais. Multiplicação por sementes. Considerado um dos cereais mais
úteis à humanidade, o trigo tem amplo emprego industrial, tanto na obtenção da farinha de
trigo como para o aproveitamento do farelo, quireras e outros subprodutos resultantes de
seu beneficiamento. O gérmen de trigo (embrião) constitui fonte natural de vitaminas B, E e
K e pró-vitaminas A e E, aminoácidos e sais minerais, sendo ótimo para o desenvolvimento
infantil e de efeito benéfico no tratamento de diabetes, prisão de ventre crônica,
debilidades, depressão psíquica e várias outras enfermidades óssea, esterilidade.

Gênero Avena
Gênero com cerca de 10 espécies; constituem cultura de inverno para forragem ou grãos;
plantas anuais de 0,50 a 1,50m de altura, espiguetas de 2 a 6 flores, panículas laxas ou
contraídas; o primeiro registro da aveia aparece a 1000 a.C na Europa Central.
São cultivadas no mundo inteiro para alimentação humana e animal; a farinha é
alimento diário em diversos países; a farinha tem ação emoliente e é usada para manter a
pele umedecida (cremes); internamente protege as mucosas intestinais; os grãos entram na
fabricação de uísque e cerveja. A palha é utilizada como forragem. Todas são plantas
cespitosas que se multiplicam por sementes.
Espécies mais cultivadas:
- Avena sativa: aveia comum. Norte da Europa; grãos e forragem.
- Avena fatua: aveia guacha, aveia moura. É planta agressiva e pode se tornar
invasora e por isso pouco cultivada em algumas regiões; Mediterrâneo e Ásia Ocidental,
porém naturalizada no mundo inteiro.
- Avena byzantina: aveia amarela. Muito preferida em virtude de sua rusticidade,
resistência à seca, ao pisoteio e as doenças; pastoreio no inverno e, depois, deixa-se
sementar; é a espécie mais cultivada como forragem de inverno; Mediterrâneo.
- Avena strigosa: aveia brasileira. Pouco usada para grãos ou forragem;
A aveia pode ser uma forragem tóxica para o gado quando administrada verde no
cocho ou pastoreio à razão de mais de 8/kg/animal/dia. Cada espécie citada tem muitas

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cultivares e variedades utilizadas conforme a finalidade desejada, tipo de solo, época do
pastoreio, região, etc..

Gênero Saccharum
O gênero encerra 10 a 12 espécies originárias das Índias Orientais e sudeste da Ásia;
plantas perenes ou semiperenes quando em cultivo; robustas; caule cheio com 10 a 40 nós,
de 2 a 6 metros de altura e 2 a 6 cm de diâmetro, medula suculenta e açucarada; têm três
tipos de raízes: raízes temporárias que duram menos de 30 dias; raízes permanentes que
nascem abaixo do colo e raízes adventícias.
Espécies mais cultivadas:
- Saccharum officinarum: cana-de-açúcar. É uma espécie muito polimorfa e, talvez
de origem híbrida entre S. spontaneum e S. robustum, que lhe são as espécies mais afins; S.
officinarum teria migrado para o sudeste da Ásia onde hibridizou com S. spontaneum e
produziu S. sinensis. Nos livros hindus escritos em 5000 a.C. já havia referências da cana-
de-açúcar. Foi trazida da Ilha da Madeira em 1502 e cultivada quase simultaneamente em
Pernambuco e São Paulo. É utilizado na produção de álcool, é um reconstituinte energético,
tonificando o músculo cardíaco e serve para combater tosses, bronquites e cólicas renais.

Gênero Sorghum
Este gênero apresenta cerca de 50 espécies anuais e perenes, cespitosas ou rizomatosas, de
porte mediano até alguns metros de altura, contendo em seus órgãos herbáceos, pelo menos
durante seu primeiro período vegetativo, uma certa dosagem de um glucosídeo, gerador de
ácido cianídrico, cuja quantidade varia conforme a idade da planta, as espécies e as
condições ecológicas.
- Sorghum vulgare: sorgo. Planta anual até 3m de altura, pouco perfilhamento, é o
quinto cereal mais cultivado no mundo por causa da farinha que é muito utilizada na
alimentação dos povos africanos e asiáticos; o valor alimentício é comparável ao do milho;
é uma cultura de verão, natural da Etiópia e Sudão; multiplica-se por sementes.
- Sorghum technicum: sorgo-de-vassoura, vassoura, milho-de-guiné. Planta anual
até 3m de altura com panículas muito ramificadas e laxas; produz grãos para aves e a palha
para a industria de vassouras, multiplica-se por sementes.

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- Sorghum halepense: sorgo-de-alepo, pasto russo, capim massambará. Planta
perene, estolonífera, atinge até 1,50 m de altura, às vezes é cultivado para forragem ou
fixação de solos; é considerada invasora em lugares úmidos ou em lavouras de arroz em
mais de 50 países; quando jovem é bastante tóxica.
- Sorghum sudanense: pasto-do-sudão, pasto sudan. Anual, cespitosa, de 1 a 3 m de
altura, ótima forrageira para clima subtropical; natural da África; multiplica-se por
sementes.

Gênero Hordeum
Encerra de 25 a 30 espécies de plantas anuais ou perenes que atingem até 1,50 m de altura,
tendo como centro de origem as regiões temperadas de todo o mundo; no Brasil são
adventícias. Apresenta propriedades medicinais, refrescantes, digestivas, diuréticas,
depurativas e reconstituintes; externamente como cataplasma, atua contra qualquer tipo de
inflamação; multiplicam-se por sementes.
- Hordeum distichum: cevada cervejeira, cevada-de-duas-carreiras. Das três flores
por espigueta, apenas a central é fértil; é a espécie mais cultivada para malte no Brasil,
serve também como forragem e se os grãos tiverem acima de 17% de proteínas, são
utilizados em rações; cultura de inverno; originário da Ásia.
- Hordeum vulgare: cevada forrageira, cevada-de-seis-carreiras. As três flores das
espiguetas são férteis e podem produzir grãos; originária da África e Ásia.

Gênero Secale
-Secale cereale: centeio. Erva anual ou bianual, geralmente pubescente abaixo da
espiga, rústica, recomendada para regiões áridas; o grão é utilizado para alimentação
humana e produção de álcool (vodka) e forragem; a farinha possui alto valor medicinal,
sendo recomendada para regimes dietéticos e de diabéticos. Sua palha serve para fabricação
de chapéus, capas para garrafas, amarração em usos agrícolas, as sementes fervidas em
água produzem um líquido que tem propriedade anti-hemorrágica e laxativa; é originário da
Ásia e se reproduz através de sementes.
- Tritico secale : triticale. Híbrido entre S. cereale e T. aestivum; espécie herbácea,
cespitosa, espigas amarelo palha, aristadas, mediamente laxa e grãos arredondados;

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diferencia-se do trigo por apresentar abundante pubescência na extremidade do caule, logo
abaixo da espiga, como no centeio, pode ser usada para grão ou forragem, sementes.

Gênero Lolium
- Lolium temulentum: joio. Planta anual, espiga robusta com 10 a 30 cm de
comprimento, gluma maior que a espigueta, planta invasora, considerada tóxica para o
gado, devido a presença de alcalóide narcótico que atua sobre o sistema nervoso; natural da
Europa; multiplica-se por sementes.
- Lolium multiflorum: azevém, azevém anual. Espécie cespitosa, espiga comprida, a
gluma é menor que a espigueta, e a prefoliação é convoluta; forrageira de inverno;
originária do Mediterrâneo; multiplica-se por sementes.
- Lolium perene: azevém perene. Espiguetas normalmente múticas e prefoliação
conduplicada; cultivado na Inglaterra como forrageira e para gramados; natural da Europa;
multiplica-se por sementes.

Gênero Brachiaria
Possui excelentes espécies forrageiras nas regiões tropicais da África, Austrália e América
do Sul, devido às seguintes características: alta produção de matéria seca; as principais
espécies são estoloníferas, adaptam-se a diversos tipos de solo, não apresentam problemas
de doenças, seu crescimento é bem distribuído durante o ano. O gênero encerra 80 espécies,
principalmente, africanas; 16 se encontram relacionadas com o Brasil.
- Brachiaria brizantha: braquiária -do-morro, capim marandu.
- Brachiaria decumbens: braquiária. Forrageira e séria planta daninha.
- Brachiaria humidicola: capim agulha, kikuio-da-amazônia.
- Brachiaria plantaginea: papauã, capim marmelada. Anual, até 0,80m de altura, é
uma das ervas daninhas mais freqüentes em lavouras de verão da região Centro Sul do
Brasil, planta agressiva; excelente forrageira, com 13% de proteína bruta, podendo ser
fenada ou fornecida verde; multiplica-se por sementes.

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Outros Gêneros:

- Eragrostis plana: capim anoni 2, capim chorão. Perene, nativa da África e


possivelmente introduzida no RS como sementes de “capim-de-rhodes”, na década de
1950. É uma planta invasora, baixa a qualidade da pastagem; grande capacidade de
disseminação; rusticidade e de difícil eliminação; multiplica-se por sementes, uma planta
apresenta até 500.000 sementes.
- Eragrostis curvula: capim-chorão. Perene, cespitoso e decumbente; ornamental,
natural do sul da África; multiplica-se por sementes e perfilhos.
- Pennisetum typhoideum: milheto, pasto italiano, capim charuto. Espécie africana,
anual, 3m de altura, cultura de verão, resiste à seca, tolera solos arenosos e pobres,
forrageira com 2% de proteína bruta e 8% de matéria seca, multiplica-se por sementes.
- Pennisetum purpureum: capim elefante. Espécie africana, perene, 3m de altura,
podendo atingir até 5m, rizomatosa, cespitosa; excelente forrageira com alta produção de
massa verde com 1,5% de proteína na matéria verde e 9% de proteína na matéria seca. O
colmo lignifica até 4cm de diâmetro; pode ser tóxica pela acumulação de nitratos; invasora;
multiplica-se por estacas e por sementes.
- Cortaderia selloana (C. dioica): capim penacho, capim dos pampas. Touceiras
perenes com abundantes inflorescências; floresce no fim do verão até outono; reproduz-se
por sementes e perfilhos; é uma planta tóxica devido à presença de glucosídeo, que libera
ácido cianídrico.
- Cymbopogon citratus: erva cidreira, capim santo, capim limão. Erva perene de até
1,50 m de altura, não floresce no Brasil; tem uso medicinal e industrial, as folhas contêm
0,3% de óleo essencial (citral+tanino) usado na indústria farmacêutica, perfumaria e de
alimentos; é digestivo, anti-reumático, calmante, sudorífero e febrífugo, combate dores
musculares e gases intestinais. Natural da Índia; multiplica-se por perfilhos.
- Paspalum notatum: grama forquilha. Espécie americana, perene, estolonífera,
rústica, resistente ao frio, pisoteio e fogo; excelente forrageira e também utilizada para
gramados e proteção contra a erosão; multiplica-se por rizomas, estolões e sementes.
- Paspalum guenoarum: capim ramirez. Perene, adaptado ao clima tropical e
subtropical, resistente à seca e ao frio, natural do Cone Sul; reproduz-se por sementes.

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- Paspalum dilatatum: grama comprida. Perene, atinge até 1 m de altura, resistente
ao pisoteio, seca e frio; vive em campos, caminhos, povoações, etc. Originário do Uruguai
e Argentina; reproduz-se por sementes e perfilhos.
- Paspalum urvillei: capim-das-roças, capim-dos-pomares. Perene, cespitosa, até
1,30 m de altura, com espigurtas pilosas dispostas junto ao eixo principal, encontra-se em
lugares pouco procurados pelo gado, beira de caminhos, chácaras, etc. Cultivado em
regiões quentes das Américas, África, Ásia, para feno ou pastoreio direto; Originário da
América do Sul; multiplica-se por sementes e perfilhos.
- Paspalum prionites: capim santa fé. Perene, cespitosa, até 2m de altura, rizomas
fortes e profundos, floresce de novembro a março; ocorre em baixadas e banhados e é mais
freqüente na metade sul do Estado; não é forrageira e sua grande utilidade é para cobertura,
formando um teto duradouro, fresco no verão e impenetrável às chuvas; é nativa do RS,
Uruguai, Argentina e Paraguai; multiplica-se por perfilhos.
- Panicum maximum: colonião, capim guiné. Espécie perene que apresenta diversas
cultivares originárias da África e da Índia e todas de excepcionais qualidades forrageiras
nas regiões tropicais e subtropicais; multiplicam-se por sementes e perfilhos.
- Cynodon dactylon: grama paulista, grama seda, capim bermuda. É uma espécie
polimorfa. Perene, estolonífera e rizomatosa; é uma espécie que se desenvolve em qualquer
condição, excetuando-se a sombra e lugares úmidos; forrageira dando diversos cortes ao
ano, gramados, coberturas de solo, é uma das piores invasoras em cerca de 100 países; o
pólen é alergogênico, gramínea cianogenética, gerando HCN sob certas condições; natural
da Índia e Eurásia; multiplica-se por rizomas, estolões e sementes.
- Cynodon plectostachyus: estrela africana. Perene, razoável forrageira, proteção do
solo; invasora de dificil controle e erradicação, natural da África Oriental, multiplicação
predominantemente vegetativa.
- Echinochloa crus-galli: capim arroz, crista-de-galo. Anual, folha sem lígula e
espiguetas aristadas, dentro desta espécie existem 4 var. conforme o tamanho da arista e o
tipo de panícula, multiplicam-se por sementes.
- Echinochloa colonum: capim arroz, crista-de-galo. Anual, folha sem lígula e
espiguetas múticas, multiplicam-se por sementes. Segundo Elizabeth M. Pfitscher, as

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plantas classificadas como E. cruspavonis passam a ser consideradas como var.
cruspavonis dentro da espécie E. crus-galli.
Este gênero é importante por apresentar invasoras em lavouras de arroz no RS e em
outros países que trabalham com esta cultura. São espécies de fácil cruzamento natural, o
que tem dificultado muito a caracterização. A ausência de lígula nestas duas espécies
facilita a diferenciação com as plantas de arroz num estágio inicial de desenvolvimento.
Estas duas espécies e suas variedades são forrageiras quando em vegetação expontânea; as
plantas acumulam nitratos, hospedeiras da bruzone e do mosaico de arroz e outros vírus
causadores de doenças em outras culturas, são originárias da Índia.
- Echinochloa polystachya: canarana verdadeira. Perene, nativa da Amazônia, pode
atingir até 2 m de altura e é usada como forrageira.
- Cenchrus echinatus: capim amoroso, cadilho, capim carrapicho. Anual, ereta, pode
atingir até 70 cm de altura; é invasora de grande importância porque aceita todos os tipos de
solos, desenvolvendo grande capacidade de competição, antes da frutificação é boa
forrageira, natural da America tropical, sul dos USA até a Argentina, multiplica-se por
sementes.
- Cenchrus ciliaris: capim buffel. Forrageira com grande capacidade para resistir à
seca; perene, podendo atingir até 1,20 m de altura, muito cultivada no Nordeste do Brasil,
se reproduz por sementes.
- Coix lacryma-jobi: capim-das-contas, trigo-de-verão, lágrima-de-nossa senhora.
Planta ereta até 1,80 m de altura, cespitosa, porém muito ramificada; é ornamental, fornece
farinha panificável de excelentes qualidades alimentícias, o grão contém 50% mais proteína
que os grãos de trigo, e valor nutritivo superior ao do milho, arroz e aveia; o farelo e as
folhas são usados como forragem; os frutos maduros são usados para fabricar rosários e
para diversos fins místicos; multiplica-se por sementes e divisão da touceira; é natural da
Índia.
- Eleusine indica: capim-pé-de-galinha. Anual, ereta, pode atingir até 60 cm de
altura com abundante sistema radicular, desenvolve-se bem em solos fracos e degradados,
controlando a erosão. Na Ásia os grãos são moídos para obtenção de farinha, é feita
fenação e silagem na África e Ásia, planta invasora em alguns países, hospedeira de agentes

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patogênicos, tais como fungos, vírus e nematóides. É usada como adstringente, tônica e
antiabortiva. É adventícia nas Américas; multiplica-se por sementes.
- Eleusine tristachya: capim-pé-de-galinha. Perene, ereta, pode atingir até 40cm de
altura, é menos freqüente que a anterior como invasora, a diferença entre ambas se faz pela
inflorescência: E. indica - espigas umbeliformes em número de 2 a 8 por pedúnculo e cada
uma pode atingir 12 cm de comprimento; E. tristachya - espigas em número de 2 a 3 na
extremidade do pedúnculo e cada uma pode atingir 6 cm de comprimento.
- Axonopus compressus e A. affinis: grama tapete, grama missioneira, grama sempre
verde, grama argentina. Ambas são plantas perenes rizomatosas e estoloníferas que formam
densa cobertura do solo, daí seu grande uso em gramados. São forrageiras e invasoras de
culturas perenes em vários países. A. compressus - folhas de 3 a 11mm de largura, bainhas
e folhas com pêlos marginais. A. affinis - folhas até 4mm de largura, bainha de folhas
glabras.
- Stenotaphrum secundatum: grama T, grama-de-jardim, grama inglesa. Perene,
estolonífera, forrageira de campos úmidos; em gramados, porém pouco densa, natural do
sul dos USA até Argentina.
- Stenotaphrum secundatum var. variegatum: grama rajada, semelhante a anterior,
porém de folhas listradas de verde e branco.
- Phalaris canariensis: alpiste. Anual, cespitosa, pode atingir até 1 m de altura,
apresenta panícula contraida, ovalada de 5 cm de comprimento e 2 cm de diâmetro;
granífera, natural do Mediterrâneo; multiplica-se por sementes.
- Phalaris angusta: alpiste crioulo. Nativo de campos sul brasileiros, anual e
multiplica-se por sementes.
- Phalaris arundinacea e P. tuberosa: falaris. Excelentes forrageiras de inverno,
perenes; multiplica-se por sementes e perfilhos.

As espécies conhecidas por taquaras, bambus, taquaris, criciúmas, etc. são


gramíneas lenhosas ou sublenhosas, perenes, rizomas definidos que originam touceiras ou
indefinidos alastrando-se no terreno; espiguetas de uma a muitas flores e androceu de 3 a 6
estames; plantas tropicais, subtropicais e de climas temperados; a maioria tem um longo
período vegetativo e a floração acontece em períodos de muitos anos, ao redor de 20 anos;

150
seu cultivo é recomendado em função de seus múltiplos usos no meio rural como cercas,
tutores, ripas, coberturas, fixação de terrenos, quebra-ventos; forragem, lenha, móveis,
álcool, papel, etc. Multiplicam-se por perfilhamento e segmentos de caule contendo pelo
menos uma gema.
- Bambusa tuldoides: taquara. Caules até 5 cm de diâmetro, originário da China.
- Bambusa vulgaris: bambu amarelo. Caules de 8 a 10 cm de diâmetro e até 10
metros de altura, bainhas caducas muito grandes, glabras e lustrosas por dentro.
- Bambusa vulgaris var. vittata: bambu imperial. Semelhante ao anterior, mas os
caules apresentam estrias verdes o que lhe confere o valor ornamental. Esta espécie é a B.
vulgaris dos viveiristas.
- Guadua trinii: taquaruçu, taquara lixa, taquara brava. Epiderme do caule áspera e
nós com espinhos; floresce na primavera com intervalos de vários anos e seca totalmente
após a frutificação, habita beira de rios, lugares úmidos e atinge de 10 a 15m de altura.
- Chusquea ramosissima: criciúma, taquarí, taquarembó. Semitrepadeira com
entrenós sólidos.
- Dendrocalamus giganteus: bambu gigante, bambu-balde. Planta de 20 a 30 m de
altura, colmos de 18 a 25 cm de diâmetro perto da base e paredes de 25 a 28 mm de
espessura, planta ornamental, é a maior das Bambusea orientais, natural do sudeste da Ásia.

SUBCLASSE LILIIDAE
ORDEM LILIALES
Família Liliaceae

O nome deriva de “Lilium” = o lírio.


Possui 3500 espécies e 220 gêneros, sendo pouco representativa na nossa flora,
possuindo ao redor de 12 gêneros e 46 espécies. Habitam desde as zonas quentes até as
zonas temperadas de todo o mundo. A maioria são plantas herbáceas, anuais ou em maior
número perenes. O caule pode ser do tipo rizoma, bulbo ou caules aéreos - trepadeiras até
troncos. O gênero Dracaena apresenta caules arborescentes ramificados ou não. As folhas
são simples, lineares, lanceoladas, ovais e poucas vezes com pecíolo, alternas ou então

151
ausentes (cladódios) ou reduzidas a escamas (Asparagus). As flores são hermafroditas,
actinomorfas, completas ou monoclamídeas; perigônio corolínico formado de 2 verticilos
de 3 tépalas cada um; as tépalas muitas vezes são grandes e coloridas conferindo às
espécies, o caráter de planta ornamental. Polinização entomófila em sua maioria e outras
espécies com polinização ornitófila (Aloe, Kniphofia, Phormium, etc.). O fruto é do tipo
cápsula na maioria das espécies; baga em Asparagus, Reineckia e Smilax.

O gênero Allium é formado por plantas herbáceas, bulbosas de folhas lineares,


planas ou cilindricas, basais ou caulinares e flores pequenas dispostas em umbelas
protegidas por 2 a 3 brácteas livres ou conatas; escapo floral cilíndrico ou anguloso, as
vezes entumecido parcialmente; ao redorde 600 espécies distribuidas, preferencialmente,
nas zonas temperadas do hemisfério norte; as espécies domésticas deste gênero são
originadas do Oriente Próximo ou do centro e leste da Ásia; multiplicam-se por sementes e
bulbos; é o gênero mais importante sob o ponto de vista agrícola como por exemplo:
- Allium cepa: cebola.Erva dotada de bulbo tunicado que se comporta como bianual;
o caule é um disco comprimido na parte inferior do bulbo, de onde partem as folhas e
raízes; a coloração do bulbo e das películas secas externas varia conforme a variedade;
polinização entomófila e fecundação alógama; o número de inflorescências por pé depende
do tamanho do bulbo, da cultivar e das condições ambientais, podendo ir de 1 a 20
inflorescências; é cultivada a mais de 4000 anos; deriva de espécies afins da Ásia Central;
Vavilov cita a India e todo Afeganistão como o lugar de origem da cebola cultivada e um
centro secundário seria o Oriente Próximo; multiplica-se por sementes na primeira fase
(1 ciclo) e por bulbos na segunda fc2 ciclo); possui inúmeras var. e cv., a cebola, o
alho e alho porro são usados na alimentação, na medicina e rituais religiosos; os indianos já
usavam a cebola e o alho na medicina há 600 a.C.; possui baixo teor proteico e baixo teor
de aminoácidos, utilizada sobretudo como espécie condimentar, os compostos orgânicos
sulforados conferem propriedades terapêuticas, tais como ação inibidora de alguns
microorganismos, protegendo o aparelho digestivo de algumas infecções; ação
hipoglicêmica através de óleo de cebola; contra a arteriosclerose, diurética, expectorante,
antielmíntica, estimula a circulação do sangue, diminui a pressão, estimula o apetite e a

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memória e reforça os nervos, o coração e as glândulas; foi introduzida no RS pelos
açorianos e ibéricos no sul do estado.
- Allium sativum: alho, alho comum. Herbácea, anual, bulbo comosto formado de
bulbilhos (dentes) envoltos por membrana branca ou rósea, flores brancas ou rosadas
entremeadas com minúsculas gemas e reunidas em umbelas na extremidade de um escapo
de mais ou menos 60 cm de altura, fruto cápsula; usado como condimento, na medicina
popular os dentes são empregados como estomáquicos, vermífugos, anti-sépticos das vias
respiratórias e digestivas, diminui o colesterol e a glicose; julga-se hipotensor, para todo o
tipo de gripe, corizas, resfriados, tosses, afecções catarrais, rouquidão, bronquite crônica.
Vegetativa: bulbilhos.
- Allium ampeloprasum: alho macho. Erva de bulbilhos graudos e amarelos, floresce
profusamente, mas produz pouca ou nenhuma semente; multiplica-se por seus grandes
bulbos ou por bulbilhos de origem subterrânea.
- Allium porrum: alho porro. Bulbo simples branco, redondo ou oblongo; hortaliça.
- Allium fistulosum: cebolinha-de-todo-ano, cebola verde, cebolinha-de-verão.
Bulbos fasciculados ou solitários mais dilatados e revestidos de túnicas de cor rosada;
flores amarelo-claras e as inflorescências em escapos de até 70 cm de comprimento;
hortaliça condimentar; China central e oeste; sementes ou divisão da touceira; var.
cultivadas: var. sterilis: anual, folhas verdes, bulbos piriformes verdes na base e violeta no
ápice e não produz escapos;
var. fertilis: anual, de folhas esbranquiçadas, bulbos globosos e cor violeta;
var. condensum: vivaz, folhas verdes e base da planta envolvidas por túnicas
acobreadas.
- Allium schaenoprasum: cebolinha capim. Erva vivaz, pouco crescimento, bulbos
pouco desenvolvidos, fasciculados, folhas cilíndricas e lineares formando um tufo denso até
25cm de altura e de sabor mais ameno do que a cebola, folhas verde-escuro de até 5mm de
diâmetro; flores de cor rósea-arroxeada; reproduzem-se por sementes e divisão da touceira;
Europa e Ásia.
- Asparagus officinalis: aspargo. Erva perene ereta, rizomatosa, de parte aérea anual,
cladódios filiformes, solitários ou em fascículos, planta dióica; hortaliça cultivada para
aproveitamento dos “turiões”; cultivada há vários séculos; pode reaparecer onde foi

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cultivada; usa-se as raízes como diurético, tônico cardíaco, aperiente e sedativo, pessoas
diabéticas, tensas, reumáticas e com problemas renais não devem usar o aspargo como
planta medicinal; originou-se na Europa, Ásia e talvez África; sementes ou rizomas.
O gênero Smilax encerra espécies de plantas trepadeiras ou decumbentes, com
folhas basais escamiformes, as superiores de limbo cordiforme, sagitadas e pecíolos com
duas gavinhas; possui ao redor de 300 espécies originárias de ambos os hemisférios;
encerram as populares “japecangas” e “salsaparrilhas”.
- Smilax campestris: japecanga. Trepadeira sublenhosa com acúleos na base do
caule; flores avermelhadas em umbelas axilares; floresce de setembro a janeiro; tida como
purificadora do sangue e anti-sifilítica, todas as espécies de Smilax, popularmente, são
reputadas como medicinais, reproduz-se por sementes e rizomas.
- Smilax officinalis: salsaparrilha. Originária do México e Jamaica.
- Colchicum autumnale: cólchico, cólquico. Erva bulbífera, perene, das sementes e
dos bulbos é retirado a “colchicina” ou “colquicina” usada para induzir a poliploidia;
originária da Europa e norte da África.
- Tulipa gesneriana: tulipa. Principal espécie da floricultura holandesa.
O gênero Aloe encerra plantas crassas, acaules ou caulescentes de folhas rosuladas,
normalmente espinosas-denteadas e flores vistosas; possui aproximadamente 180 espécies
originárias das regiões tropicais da África.
- Aloe arborescens: babosa, aloe. Planta perene, de até 1,50 m de altura, folhas
carnosas, lanceoladas até 50 cm de comprimento com dentes grossos em todo o perímetro,
heliófita, ornamental e medicinal, o suco das folhas é usado como laxante, emenagogo,
antifebril, abortivo, externamente é usado como emoliente, revulsivo, cicatrizante, em
queimaduras, cuidado com o uso interno desta planta por causa de seus compostos
antraquinônicos; florsce no inverno; reproduz-se por perfilhos e ramos.
- Aloe vera: babosa. Folhas carnosas grossas de bordo espinescente e base mais
larga que a A. arborescens, usa-se o suco das folhas contra a prisão de ventre, tônico
estomacal e capilar, estimula a menstruação, emoliente, adstringente e promove a
regeneração da pele, também se deve ter cuidado com o uso interno.
- Lilium candidum: açucena-branca, lírio-branco, copo-de-leite. Herbácea, parte
aérea anual e bulbos escamosos perenes, até 1m de altura, flores brancas, campanuladas,

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perfumadas, até 10 cm de comprimento que surgem na primavera/verão, comercialmente é
flor de corte, os bulbos têm profundidades emolientes e refrescantes, a tintura das flores é
usada contra calosidades, desinfetante e cicatrizante, originária da Ásia, multiplica-se por
bulbos e escamas dos bulbos.
- Lilium longiflorum: semelhante a anterior porém de flores de 15 a 20 cm de
comprimento, é originária do Japão.
- Ophiopogon japonicus: grama preta, grama inglesa, grama-pelo-de-urso. Erva
perene graminiforme de folhas verde escuras e densas em pequenas touceiras e com raízes
estoloníferas, ornamental, indicada para lugares sombreados, originária do Japão, reproduz-
se por divisão da touceira.
- Hemerocallis flava: açucena-amarela, flor-de-um-dia, lírio-do-dia. Herbácea, até
60 cm de altura, perene, rizomatosa, folhas lineares e flores amarelas que duram apenas um
dia; a floração ocorre na primavera/outono, em climas mais quentes a floração ocorre o ano
inteiro; é originário da Ásia, reproduz-se por divisão da touceira no fim do inverno.
- Kniphofia uvaria: tritoma, kinifófia, papo-de-peru. Herbácea, perene, cespitosa,
folhas lineares,denticuladas, flores cilindricas em espigas de 20 cm de comprimento, sendo
as flores apicais de cor coral e as basais amarelas; ornamental para forração, maciços;
originária da África do Sul, reproduz-se por divisão da touceira ou por brotação (rebentos).
- Agapanthus africanus: agapanto. Herbácea, perene, cespitosa, folhas lineares, até
40 cm de comprimento, flores azuis ou brancas em umbelas densas sustentadas por um
escapo de até 1m de altura; ornamental para canteiros ou para corte.

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