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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 2
1. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .......................................................... 5
1.1. Noções gerais ....................................................................................................... 5
1.2. Órgãos .................................................................................................................. 8
1.3. Entidades ............................................................................................................ 13
1.3.1. Autarquias ................................................................................................... 16
1.3.2. Fundações Públicas ..................................................................................... 24
1.3.3. Sociedade de Economia Mista e Empresa Pública ...................................... 33
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Direito Administrativo I
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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
INTRODUÇÃO
Professor: Valter Shuenquener. Juiz Federal. Professor Adjunto da UERJ. Tem
mestrado e doutorado na área de direito público e direito administrativo. Atualmente está
trabalhando como Conselheiro Nacional do Ministério Público, ocupando a vaga de
indicação pelo Supremo Tribunal Federal. Trabalhou como Juiz auxiliar do Ministro Luiz Fux
por quatro anos e, depois trabalhou como juiz auxiliar no TSE.
Os temas da parte direito administrativo I são variados e o professor tecerá linhas
sobre: regime jurídico administrativo, princípios, organização da administração pública e
poderes da administração.
Serão três encontros e o professor procurará dividir o tema mais ou menos da
seguinte forma:
Primeiro encontro ele fala sobre a organização da administração pública; Segundo
encontro, ele fala sobre os poderes administrativos; no terceiro encontro ele fala sobre os
princípios da administração. É claro que ele tenta fazer essa divisão de modo que cada aula
se encaixe nesses temas. Mas, por exemplo, em relação à organização da administração
pública, provavelmente ele precisará usar um pouco do tempo do segundo encontro.
Sempre num primeiro encontro o professor tece considerações sobre bibliografia e
métodos de preparação para os concursos da Magistratura Federal e MPF.
Bibliografia
Hoje em dia a escolha do livro “A”, “B” ou “C” não é tão determinante como era no
passado para a aprovação no concurso. Hoje em dia as provas têm se preocupado muito
mais com a análise das decisões dos tribunais superiores, em especial, do STF e do STJ. Além
disso, há também uma preocupação com o texto da lei e texto de súmulas e súmulas
vinculantes.
Sendo assim, o professor tem recomendado apenas um manual de direito
administrativos dentre cinco que ele reputa suficientes para a aprovação. Estes cinco não
são os únicos, mas o professor prefere usar nomes que são mais clássicos:
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Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Também é uma autora muito citada e, por vezes, citam
trechos do livro desta autora.
José dos Santos Carvalho Filho. Conhecido carinhosamente no Rio de Janeiro por
Carvalhinho. Esse autor costuma colocar em nota de rodapé as posições mais doutrinárias
mais variadas. Isso facilita demais a vida de quem está fazendo concurso, já que permite ao
leitor verificar quais são as matérias controvertidas.
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trabalhando e estudando para concurso acaba encontrando mais tempo de estudo do que
quem está dedicado exclusivamente para aprovação no concurso.
É muito mais eficiente adotar um único livro do que estudar vários livros da mesma
matéria. Até mesmo porque, estudar vários livros de uma mesma matéria faz do estudioso
um exímio conhecedor do direito administrativo, mas talvez o tempo gasto com isso o torne
deficiente em outras matérias.
Em sede de concurso público, é necessário um bom conhecimento de todas as
matérias. Não é necessário aprofundar, verticalizar tanto quanto se exige em mestrado ou
doutorado, mas basta um conhecimento mediano (mais que superficial) sobre todas as
matérias.
Além do mais, ler textos de lei é imprescindível. Um tempo do estudo deve ser
voltado para a memorização de artigo de lei, artigos da constituição. O professor trabalha na
preparação para concursos há mais de 15 anos e nunca viu uma prova de concurso de MPF e
Magistratura Federal que tenha deixado de cobrar o teor literal do artigo 37 da CRFB. É um
dispositivo carro-chefe do direito administrativo. Não é o único artigo, pode-se dizer que
entre os artigos 37 a 41, da CRFB, a memorização é obrigatória.
Ler também leis importantes para o direito administrativos. Por exemplo,
recentemente foi aprovada a lei 13.303/2016 (Estatuto das estatais). Isso certamente cairá
em prova e, por isso, um tempo de dedicação para ela é importante.
Quando se pergunta sobre licitações e contratos administrativos da lei 8666/93, tais
perguntas versam geralmente sobre o texto legal. O mesmo ocorre com a lei 10.520 (lei do
Pregão), com a lei 9784/99 (lei do processo administrativo), com a lei 11.079 (lei das PPPs),
com a lei 11.107 (lei dos consórcios públicos), com a lei 13.019 (lei do novo marco
regulatório do terceiro setor), com a lei 9637/98 (lei das OS), com a lei 9790/99 (lei das
OSCIPS).
Ao longo dos encontros o professor trabalha com algumas destas leis e ele irá
destacar qual vale a pena memorizar.
Além da memorização de leis, em igual importância é a memorização de súmulas,
sobretudo as vinculantes. Às vezes perguntam sobre a súmula vinculante nº 13 (súmula
antinepotismo) e todos sabem que é proibido contratar parentes. Contudo, a falta de uma
leitura atenta da súmula faz com que o estudante não se recorde se a proibição alcança os
parentes de 2º grau, 3º grau ou 4º grau.
Outro dica importantíssima é o estudo dos informativos do STF e do STJ. Se o aluno
não estuda tais informativos não está se preparando para concurso. Pode até estudar por
amor aos estudos, por diletantismo, mas preparação para um concurso da Magistratura
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Federal e do MPF exige tal conhecimento. Se sobrar um tempo vale a leitura de súmulas e
informativos do TCU, mas isso não é imprescindível.
Por fim, outra estratégia que não pode ficar de fora da preparação é a resolução de
provas anteriores do concurso para o qual se prepara. Fazer provas anteriores mostra como
os temas são cobrados. Não adianta estudar, por exemplo, bens públicos, saber tudo sobre
isso e, na hora de resolver a prova, não consegue um bom resultado, justamente em função
de não ter estudado aquilo que poderia cair.
As aulas do curso ajudam muito na escolhas dos temas que caem, porque e a
apresentação da matéria no curso ênfase é um apresentação que pretende alcançar o
sucesso. O professor não falará sobre Cícero em Roma, nem falará sobre o Estado no
período do Estado Romano. Muito simples, porque isso não cai e não tem caído em provas.
Vale a pena ver no tema na doutrina e, em seguida, ver como ele caiu nas provas
anteriores.
Aspecto objetivo/material/funcional
Nesse aspecto a expressão Administração Pública significa uma atividade, uma
atividade que é realizada por uma pessoa que integra a estrutura estatal. Administração
público no aspecto subjetivo é um aparato que integra a estrutura do Estado. Porém,
com relação ao aspecto material, a preocupação é com as atividades que este aparato
estatal vai realizar.
Quando a Maria Sylvia Zanella Di Pietro escreve sobre Administração Pública em seu
sentido material/funcional/objetivo, ela destaca que a Administração compreende a prática
de:
1) Atividade de fomento
É o apoio, o incentivo à iniciativa privada. Nem tudo que o Estado realiza é serviço
público, ele também pode fomentar o particular a realizar um atividade em regime de
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colaboração com a administração. Isso fica muito evidente no caso do terceiro setor com as
OS, OSCIPS, com os Serviços sociais autônomos, com as organizações da sociedade civil, as
quais foram mencionadas na lei 13.019/2014.
3) Polícia administrativa
A administração pública atua para delimitar a liberdade e a propriedade, visando à
satisfação do interesse da coletividade. O exercício do poder de polícia também representa
uma atividade da administração.
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empresa privada, cujo objeto social deve estar relacionado ao da investidora, nos termos
do inciso XX do art. 37 da Constituição Federal.
§ 3o A autorização para participação em empresa privada prevista no § 2o não se aplica
a operações de tesouraria, adjudicação de ações em garantia e participações
autorizadas pelo Conselho de Administração em linha com o plano de negócios da
empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas respectivas subsidiárias.
Em continuação, é importante destacar isso porque não se cogita criar uma autarquia
para explorar atividade econômica. Em Minas Gerais já se criou um banco estatal com
natureza de autarquia.
Essa intervenção do Estado por intermédio de Empresas Públicas e Sociedades de
economia mista e suas subsidiárias não é uma intervenção influenciada pelo regime jurídico
de direito público. É uma intervenção com natureza predominantemente privada.
O Estado quando explora uma atividade econômica em regime de concorrência, ele
atua em pé de igualdade com os particulares. Por conta disso, a Maria Sylvia Zanella Di
Pietro não inclui a intervenção do Estado no domínio econômico por meio de estatais como
uma atividade da administração (não inserindo dentro do aspecto objetivo da Administração
Pública).
Exemplo: Município criando regras que determinam o horário de funcionamento dos
estabelecimentos comerciais.
Súmula 645
É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento
comercial.
1.2. Órgãos
Órgão público é uma unidade administrativa despersonalizada, ocupado por um
agente público, e que tem um feixe de atribuições.
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Como o órgão público não possui personalidade jurídica própria, ele não pode
demandar, nem pode ser demandado. Quem demanda e é demandado é a pessoa
jurídica.
Exemplo: uma Câmara municipal é um órgão público da estrutura do Município. É
até um órgão independente, mas que pertence à estrutura do Município. Dessa forma,
se um motorista da Câmara bater com o carro da Câmara em um outro carro, quem vai
responder não é Câmara, mas o Município.
Isso decorre da teoria do órgão, do princípio da imputação volitiva. O Brasil não
adota a teoria do mantado ou da representação, mas adota a teoria do órgão.
De acordo com a teoria do órgão, os atos praticados pelos agentes públicos
materializam a vontade do Estado, já que o agente público ‘presenta’ o Estado. O agente
público não age em nome do Estado, nem recebe um mandato, mas ele presenta do
Estado.
Sendo assim, a vontade manifestada por um agente público que ocupa um órgão
público será imputada à pessoa jurídica que aquele órgão integra. Município é quem
responde pelos atos da Câmara Municipal.
Regra possui exceções. Daí resta indagar: um órgão público pode demandar em
juízo? R: em regra não. Mas o STF tem permitido que órgãos independentes impetrem
mandado de segurança para assegurar suas prerrogativas constitucionais. O caso mais
famoso, é o caso o TCU, o qual pode impetrar mandado de segurança para assegurar
suas prerrogativas institucionais previstas, por exemplo, no artigo 71 da CRFB.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante
parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de
Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil,
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Se o TCU não pudesse fazer isso, como o Tribunal de contas poderia preservar
suas atribuições? Essa é a razão pela qual o STF lhe confere personalidade judiciária
(possibilidade de demandar em juízo), apesar de não possuir personalidade jurídica.
O que o professor vê na prática, até mesmo atuando como Conselheiro do CNMP,
é mandado de segurança impetrado por Tribunal de Justiça, mandado se segurança
impetrado por uma Procuradoria Geral de Justiça contra ato do CNMP. Os TJs têm feito a
mesma coisa com relação ao CNJ.
Já que o professor tratou de órgãos independentes, não custa nada lembrar que na obra
de Hely Lopes Meirelles consta uma classificação famosa dos órgãos públicos, separando-os
em:
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Órgãos Independentes: são aqueles órgãos públicos ocupados pelos membros dos
poderes do Estado e pelos membros do Ministério Público e pelos membros do Tribunal de
Contas. Seus agentes públicos atuam com independência funcional, atuam sem qualquer
relação de subordinação hierárquica com outros órgãos públicos. Portanto, uma vara
federal, uma promotoria de justiça, uma procuradora são exemplos de órgãos
independentes. Eles podem até tem uma subordinação administrativa, mas em sua área de
atuação, não há hierarquia. São também exemplo: Presidência da República, Governadoria
do Estado.
Órgãos Superiores: São órgãos situados na cúpula da administração pública, mas que
não possuem autonomia administrativa. Exemplo: Departamento de Polícia Federal está
subordinado ao Ministério da Justiça (órgão autônomo). A DPF é um órgão de cúpula, mas
não tem a mesma autonomia que os Ministérios.
Desconcentração
Quando se cria um órgão público, e essa criação depende de lei, a opção do
administrador é pela DESCONCENTRAÇÃO.
Desconcentração significa a diluição de competências no âmbito de uma mesma
pessoa jurídica e que resulta da criação de órgãos públicos.
O administrador, para viabilizar o funcionamento da administração pública, pode
criar uma pessoa jurídica ou criar um órgão público. Isso é uma opção política.
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Quando ele opta pela criação de um órgão público, ele está optando pela
desconcentração.
Cabe novamente advertir que a criação de órgão público deve ser feita por meio de
lei, tal como dispõe o artigo 84, VI, “a”, da CRFB.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 32, de 2001)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
O decreto só será utilizado quando não implicar aumento de despesa, nem a criação
ou extinção de órgão. Decreto não cria, nem extingue órgão, mas somente a lei.
Quando o ato de criação ou extinção disser respeito a órgão da estrutura do Poder
Executivo, a lei terá de ser de iniciativa do Chefe do Executivo. Exemplo: A criação de uma
Secretaria Estadual de Habitação. Essa criação depende da edição de uma lei, a qual deve ser
iniciada pelo chefe do Executivo. Deputado Estadual não pode ter essa iniciativa. A mesma
regra vale para o caso de extinção.
Quando ocorre a desconcentração, há uma proliferação de órgãos públicos e este
órgãos passam a se relacionar de duas formas distintas:
1) em regime de coordenação. Exemplo: Ministério do trabalho e Ministério do meio
ambiente. Um não é hierarquicamente superior ao outro;
2) em relação de subordinação. Quando isso acontece, um órgão público passa a
controlar os atos que emanam do outro órgão público que está numa posição
hierarquicamente inferior. Esse controle de um órgão em relação ao outro órgão recebe o
nome de controle hierárquico/por subordinação/autotutela.
São três expressões equivalentes, significando o controle que um órgão exerce em
relação a outro órgão público quando há essa relação de subordinação. Trata-se de um
controle amplo, permanente e automático. Ele abrange os aspectos de legalidade, mas
também os aspectos de mérito administrativo.
Quando se fala em autotutela, a ideia é que o administrador pode rever os seus
próprios atos e os atos praticados pelos seus subordinados no que diz respeito à
LEGALIDADE E AO MÉRITO ADMINISTRATIVO.
Mérito administrativo nada mais é que a valoração feita pelo administrador público
quando à conveniência e oportunidade dos elementos MOTIVO e OBJETO do ato
administrativo.
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1.3. Entidades
Descentralização é a transferência de competências a uma outra pessoa física ou
jurídica. Ela ocorre, por exemplo, quando se cria uma entidade da administração pública
indireta.
A descentralização administrativa se subdivide em:
Descentralização Territorial
É aquela que ocorre quando se cria um território federal. Território não é ente da
federação, território tem natureza autárquica. Quando se transfere competência para um
território, tem-se descentralização territorial.
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DELEGAÇÃO OUTORGA
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Esse §8º do artigo 37 trata do contrato de gestão, que nada mais é que um
documento que possibilita a ampliação da autonomia de entidades da administração
indireta. Ele amplia a autonomia de um lado e permite que a administração exerça um
controle voltada para a eficiência daquelas entidades, para o desempenho daquelas
entidades.
Perceba-se que, desde 1998, o controle por vinculação também pode ser modificado,
para mais ou para menos, por meio de contrato e não só por meio de uma lei.
Hoje em dia a intensidade do controle por vinculação resulta não apenas por uma lei,
mas também por um contrato de gestão. O contrato de gestão pode interferir nessa relação
entre administração direta e indireta, ampliando ou reduzindo a intensidade do controle em
relação à entidade fruto de uma descentralização.
Existem quatro entidades da administração indireta: Autarquias, Empresas Públicas,
Sociedades de economia mista, Fundações Públicas. Essas são as quatro.
Mas é importante lembrar que outras pessoas jurídicas fazem algo no interesse da
administração pública, colaboram com a administração, realizam atividades que a
administração poderia realizar, a exemplo, dos serviços sociais autônomos, das OS, das
OSCISP. No entanto elas não integram a administração pública. As que integram, são apenas
as quatro anteriores.
Hoje em dia está na moda falar de empresa semiestatal ou empresa público-privada.
Elas nada mais são que pessoas jurídicas privadas que contam com uma participação do
poder público no seu capital social.
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1.3.1. Autarquias
Autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno. São pessoas criadas por
lei. A lei cria e, pelo princípio do paralelismo das formas, a lei também será necessária para
extinguir as autarquias.
A lei é de iniciativa do chefe do Poder Executivo. Não se pode ter lei iniciada por
parlamentar para a criação de uma autarquia na estrutura interna do Poder Executivo.
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E exigência de lei para a criação de autarquia está contida no artigo 37, XIX, da CRFB e
tal exigência se repete no decreto-lei 200/67, em especial, no artigo 5º, I.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
Autarquias são criadas para uma finalidade específica. Fala-se até de princípio da
finalidade especializada ou específica, o que é algo muito simples. Quando se cria uma
autarquia, tal criação é para que ela desempenhe uma função específica.
Não faz sentido criar autarquia para que ela faça tudo que a Administração Pública
faz. A Administração cria, por exemplo, o IBAMA para a preservação do meio ambiente, cria
o Instituto Chico Mendes para repressão de ilícitos ambientais, cria o INSS para a criação de
aposentadorias. A única exceção a essa ideia é em relação ao território, porque território
tem natureza autárquica e não se submente ao princípio da finalidade especializada.
Como as autarquias são pessoas de direito público, elas sofrem influência
predominante do regime jurídico do direito administrativo.
Exemplo: seus bens são bens públicos e gozam de imunidade tributária; sua criação
independe de registro em qualquer registro superveniente, já que quando a lei entra em
vigor ela já passa a existir;
Qual o regime jurídico dos agentes públicos que trabalham nas autarquias?
R: essa pergunta não é tão simples e exige uma análise mais detida. Isso porque a
CRFB/88 previu na sua redação original do artigo 39, caput, a obrigatoriedade do regime
jurídico único.
Grande verdade é que nunca ficou muito claro o real significado desse tal “regime
jurídico único”. Será que tal regime único é o regime estatutário? Ou será que esse regime
único também poderia ser o regime celetista? Será que é um regime único na administração
direta e um outro regime, também único, na administração indireta?
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Mas vale frisar que empresas públicas e sociedades de economia mista nunca se
submeteram ao regime jurídico único. Isso porque o regime delas é o regime
predominantemente privado, porque sofre em alguma medida influência do regime público,
mas predomina o regime privado e, com isso, elas sempre contrataram pelo regime da CLT.
Apesar dessas dúvidas, o que prevaleceu, na prática, foi a compreensão de que o
regime jurídico único é o regime estatutário. Esse foi o regime que a União adotou. No Rio
de Janeiro, foi o regime que tal Estado adotou. Enfim, na maioria dos entes da federação a
interpretação da expressão “regime jurídico único obrigatório” se deu no sentido de que as
pessoas jurídicas de direito público da administração direta e indireta seria o regime previsto
em uma lei específica para servidores públicos. A lei 8.112/90 é fruto desta compreensão,
pois instituiu o regime jurídico único obrigatório para os servidores federais.
O tempo passa e a EC nº 19/98 alterou o artigo 39, caput, abolindo a previsão da
obrigatoriedade do regime jurídico único. Inclusive, hoje quando se lê o dispositivo em
referência, é possível encontrar o seguinte:
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de
política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores
designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4)
Quer dizer, não ser falou mais nada em “regime jurídico único”. Portanto, a partir da
EC nº 19/98, cristalizou-se o entendimento de que não se deveria falar mais em regime
jurídico único, de modo que os Estados e também as autarquias passaram a poder contratar
celetistas (contratar empregados públicos). Então se poderia ter uma autarquia com
servidores e com celetistas, uma vez que o regime jurídico único deixou de ser obrigatório.
Abre-se um parêntese para lembrar que na ADI 2310 o STF declarou a
inconstitucionalidade do artigo 1º da lei 9.986/2000 que permitia a contratação de celetistas
no âmbito das agências reguladoras federais. Isso vale para o geral, pois como o STF não
permitiu na esfera federal, o que dirá nas demais esferas.
O fundamento da declaração de institucionalidade foi a ideia de que agência
reguladora exerce atividade típica de Estado, de modo que seus agentes não poderia ser
celetistas, mas deveriam ser estatutários.
Portanto, agências reguladoras são autarquias, autarquias de regime especial, e elas
nunca puderam ter agentes públicos pelo regime celetista.
Cabe frisar que essa regra só valeu para as agências reguladoras, visto que as demais
autarquias passaram a poder ter celetistas. Inclusive, a lei 9.962/2000 previu isso
expressamente. Essa lei vale exclusivamente para o âmbito federal. Vale para os celetistas
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(ADI 2135 MC, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ELLEN
GRACIE (ART.38,IV,b, do RISTF), Tribunal Pleno, julgado em 02/08/2007, DJe-041 DIVULG
06-03-2008 PUBLIC 07-03-2008 EMENT VOL-02310-01 PP-00081 RTJ VOL-00204-03 PP-
01029)
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Com relação à OAB a situação é diferente, porque na ADI 3026 o STF reconheceu que
a OAB não integra a Administração Indireta federal. Reconheceu que a OAB não pode
receber o mesmo tratamento que aquele dispensado aos demais Conselhos de Fiscalização
Profissional.
Por mais que a OAB seja uma entidade de classe, uma entidade coorporativa, a OAB
tem características muito próprios. Exemplo: a OAB é a única entidade de classe que tem
legitimidade para a propositura de uma ação direta de inconstitucionalidade.
Ainda segundo o STF, a OAB não precisa realizar concurso público, a OAB não se
submete ao controle do Tribunal de Contas da União. Além disso, a OAB não precisa seguir a
legislação federal em matéria de licitações, em especial, a lei 8666/93.
Hoje o professor está convencido de que essa decisão do STF tenha sido a melhor
saída, porque muitas vezes a OAB compra determinadas brigas ou faz determinados
discursos contrários ao governo. Isso aconteceu, por exemplo, recentemente nessa questão
do impeachment. Seria muito ruim se o Estado pudesse ter algum tipo de ingerência no
funcionamento da OAB. Por exemplo, uma fiscalização do TCU sobre a OAB poderia, na
longa caminhada, dificultar a liberdade de pensamento e de manifestação que é tão
importante nessa entidade.
É preciso que a sociedade tenha como verbalizar as suas ideias e a OAB é um canal
muito bom para esse tipo de manifestação. Portanto, hoje o professor concorda com a de
decisão do Supremo.
O controle poderia gerar algum tipo de represália pelo ocupante do poder. É bom
que a OAB funcione de forma autônoma. E mais, caso haja problema, os advogados tem
maturidade institucional para resolver os seus problemas.
Se houver um desvio de recursos haverá uma lesão ao patrimônio dos próprios
associados. É bom que seja assim, pois evitar também o excesso de paternalismo estatal.
ADI 3026
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO ARTIGO 79 DA LEI N.
8.906, 2ª PARTE. "SERVIDORES" DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. PRECEITO
QUE POSSIBILITA A OPÇÃO PELO REGIME CELESTISTA. COMPENSAÇÃO PELA ESCOLHA
DO REGIME JURÍDICO NO MOMENTO DA APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSIÇÃO
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Bem, é o que foi visto em linhas anteriores. Agora o professor passa a análise das
fundações e, para tanto, invoca do inciso IV do mesmo dispositivo do decreto-lei 200/67.
(...)
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,
sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento
de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de
direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. (Incluído
pela Lei nº 7.596, de 1987)
Esse inciso IV não existia quando do advento do decreto-lei 200/67, de modo que ele
só apareceu na década de 80 e às vésperas da promulgação da CRFB/88.
O professor registra essa informação porque é isso que justifica a menção em
algumas passagens em texto de lei e, até mesmo da constituição, da expressão
“administração, direta, indireta e fundacional”.
Seria possível cogitar o seguinte: já que a fundação integra a administração pública,
por qual motivo diferenciar administração indireta e fundacional? R: é porque antigamente
as fundações públicas não eram mencionadas pelo artigo 5º do decreto-lei 200/67. Daí para
que uma determinada regra tivesse alcance a elas o legislador e o constituinte se valia da
expressão “administração direta, indireta e fundacional”.
No entanto hoje essa ideia não tem mais sentido porque, quando se fala em
administração indireta, já se está incluindo as fundações públicas.
Vale a leitura do inciso IV supracitado e, em seguida, o §3º do artigo 5º do mesmo
decreto-lei, já que tal parágrafo complementa a sua redação. Do inciso IV é possível extrair o
seguinte:
Pessoa jurídica de direito privado
Não ter fins lucrativos
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Fundação não pode ter finalidade lucrativa. Assim, se o Estado quiser realizar
uma atividade com o objetivo de obter lucros, que ele crie uma empresa pública, uma
sociedade de economia mista, mas não uma fundação pública.
Criada em razão de autorização legislativa
A lei cria a autarquia. Mas no caso específico da fundação pública, a lei não cria, a lei
apenas autoriza a sua criação. Ela nasce a partir do registro dos seus atos constitutivo no
registro civil de pessoas jurídicas.
Portanto, a sua data de nascimento não coincide com a data da entrada em vigor da
lei autorizativa da fundação. Ela nasce a partir do registro dos seus atos constitutivos no
RCPJ.
Mais do que isso, o artigo 37, XIX, da CRFB também exige a edição de uma lei
complementar para definir as suas áreas de atuação. Infelizmente essa lei complementar
ainda não existe. Essa futura lei vai definir em que áreas as fundações públicas podem atuar.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
A razão de um projeto de lei nesse sentido ainda não ter sido aprovado é que há uma
resistência de algumas categorias profissionais quanto à proliferação de fundações públicas.
Por exemplo, na área de saúde, os médicos, dentistas e enfermeiros não querem que
os hospitais públicos funcionem como fundações públicas, porque eles têm o receito de que
isso vai fazer com que haja um aumento do número de empregos públicos de médicos,
dentistas e enfermeiros no lugar do cargo de servidor.
Se o hospital for um órgão público ou for uma autarquia, ele terá de contratar
servidores públicos e que são estáveis. Por outro lado, se for uma fundação pública, é
defensável que o regime seja o regime celetista.
Então é isso que tem travado a criação da lei complementar.
Como funciona então a criação de uma fundação pública? R: a lei autoriza a criação e,
em seguida, uma lei complementar deverá prever que áreas as fundações públicas poderão
atuar.
Para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou
entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio
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Cuidado! O código civil trata das fundações, mas trata das fundações privadas, as
quais são estudadas pelo direito civil. Para as fundações privadas existe todo um regime
jurídico disciplinado pelo código civil.
A fundações públicas são integrantes da administração indireta e são criadas
mediante autorização legislativa e que são controladas pela administração direta são
estudadas pelo direito administrativo.
Fundação privada não se confunde com a pública especialmente porque:
Nas fundações privadas, há uma completa separação/desvinculação da pessoa que a
instituiu em relação à fundação. Exemplo: pessoa expressa em testamento que vai dispor os
seus bens para a criação de uma fundação voltada para a proteção do meio ambiente.
Perceba-se que há um elemento patrimonial muito importante, mais importante que
o elemento subjetivo/elemento associativo. Nela há um patrimônio de afetação que terá um
papel específico, no exemplo, o papel de proteção ao meio ambiente.
Como instituidor não terá mais relação direta ou indireta com a fundação privada,
existirá a necessidade da atuação do Ministério Público. O MP estadual e, no DF, o MPDF vai
exercer o controle finalístico da fundação privada.
O Ministério Público terá o papel de aferir se a fundação privada está cumprindo o
seu papel.
Cuidado! No caso da fundação pública, aquela estudada no direito administrativo,
mesmo após a criação da fundação, não há uma desvinculação da fundação pública com a
administração que a criou. Elas estão vinculadas à administração direta. O cordão umbilical
não é cortado. As fundações continuam recebendo recursos orçamentários e o controle
sobre elas é feito pela administração direta.
Isso que torna desnecessário o controle finalístico pelo Ministério Público. Atenção!
Ministério Público não exerce controle finalístico sobre fundação pública, ele exerce sobre
fundação privada. Isso porque, nas fundações públicas, há quem exerça esse controle e, no
caso, é a administração direta.
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2ª Corrente: é a corrente defendida, por exemplo, por Marcos Juruena Villela Souto
(saudoso), o qual sustentava que as fundações pública são pessoas de direito privado por
diversas razões, entre as quais:
A lei disse expressamente isso. O inciso IV do decreto-lei 200/67 menciona
expressamente que as fundações são pessoas de direito privado, o que é corroborado pelo
§3º do mesmo dispositivo, na parte que destaca que elas nascem a partir do registro dos
seus atos constitutivos no registro civil de pessoas jurídicas.
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,
sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento
de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de
direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. (Incluído
pela Lei nº 7.596, de 1987)
Um outro argumento é que o artigo 37, XIX, da CRFB destaca que a lei autoriza a
criação de uma fundação. Ora, se a lei autoriza a criação de uma fundação pública, ela não
pode ser uma pessoa jurídica de direito público, porque, se fosse, a lei criaria a fundação.
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Artigo 37, XIX, CRFB - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
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Essa terceira corrente é predominante em razão de estar alinhada com uma decisão
do STF (antiga), mas que é até hoje citada e considerada como a posição do STF. Nesse
ponto o professor se refere ao RE 101.126, Relatoria de Moreira Alves, julgado em 1984.
EMENTA: - ACUMULAÇÃO DE CARGO, FUNÇÃO OU EMPREGO. FUNDAÇÃO INSTITUÍDA
PELO PODER PÚBLICO. -NEM TODA FUNDAÇÃO INSTITUÍDA PELO PODER PÚBLICO E
FUNDAÇÃO DE DIREITO PRIVADO. - ÀS FUNDAÇÕES, INSTITUÍDAS PELO PODER PÚBLICO,
QUE ASSUMEM A GESTÃO DE SERVIÇO ESTATAL E SE SUBMETEM A REGIME
ADMINISTRATIVO PREVISTO, NOS ESTADOS-MEMBROS, POR LEIS ESTADUAIS SÃO
FUNDAÇÕES DE DIREITO PÚBLICO, E, PORTANTO, PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO
PÚBLICO. - TAIS FUNDAÇÕES SÃO ESPÉCIE DO GÊNERO AUTARQUIA, APLICANDO-SE A
ELAS A VEDAÇÃO A QUE ALUDE O PARÁGRAFO. 2. DO ART. 99 DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. - SÃO, PORTANTO, CONSTITUCIONAIS O ART. 2º, PARÁGRAFO 3º DA LEI 410,
DE 12 DE MARCO DE 1981, E O ART. 1º. DO DECRETO 4086, DE 11 DE MAIO DE 1981,
AMBOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E
PROVIDO.
(RE 101126, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 24/10/1984,
DJ 01-03-1985 PP-02098 EMENT VOL-01368-02 PP-00188 RTJ VOL-00113-01 PP-00314)
Pela ementa do julgado, não existem apenas fundações públicas de direito privado, já
que elas também podem ser de direito público. Isso será determinado pelos seus atos
constitutivos.
Essa é a posição do STF, qual seja, a posição de que as fundações públicas podem ser
tanto de direito público como de direito privado.
Exemplo: se um município criar uma fundação por lei e tal lei assegurar à fundação
imunidade tributária, previu bens público e previu que quem trabalha nela são servidores
público, em verdade, a lei criou uma fundação que é verdadeiramente uma autarquia –
tendo, pois, regime de direito público.
Por outro lado, se o Município editou uma lei autorizando a criação de uma fundação
e, em seguida, seus atos constitutivos foram levados a registro. Verdadeiramente isso é a
criação de uma fundação pública de direito privado.
O professor quando foi procurador do INSS, ele trabalhou com execução fiscal neste
órgão (época em que o INSS executava, trabalho que é hoje da Procuradoria Fazenda
Nacional), ele se lembra de ter manuseado diversos autos de execução que tinham
fundações municipais como executadas para saber qual providência ele ia requerer.
Se fosse uma fundação de direito público, a sistemática de execução será a mesma
aplicável às autarquias. Logo, não é possível pedir a penhora de bens, mas sim a citação para
embargar e, se não embargar, efetuar o pagamento via precatório ou RPV.
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Agora, se for uma fundação pública de direito privado, é possível pedir a penhora. Daí
o professor ficava pesquisando os atos constitutivos de tais entidades para saber: como foi
criada, como era o regime de bens, como era o regime de pessoal etc.
Exemplo: O STF está para julgar o RE 716.378, Relatoria do Dias Toffoli. O caso é o
seguinte:
Um funcionário da fundação Padre Anchieta da administração indireta do Estado de
São Paulo foi demitido sem justa causa. Na sequência ele, sob o argumento de ser estável,
pediu a sua reintegração judicialmente.
Ele alegava ter sido beneficiado com a regra do artigo 19 do ADCT, o qual assegura a
estabilidade para aqueles que trabalhavam há mais de cinco anos para a administração
pública quando do advento da CRFB/88, mas que não foram aprovados em concurso
público.
Essas pessoas estabilizadas não ocupam cargo efetivo, pois a efetividade depende da
aprovação em concurso, mas elas são estáveis.
No entanto o STF tem uma posição muito firme no sentido de que a estabilidade do
artigo 19 da ADCT não alcança o celetista, não alcança os empregados públicos.
Ora, se o STF considerar a fundação Padre Anchieta uma fundação de direito público,
o sujeito que foi demitido realmente tem a estabilidade do artigo 19 da ADCT e, portanto,
terá de ser reintegrado. Contudo, se a fundação for considerada uma pessoa de direito
privado (foi o que o Relator considerou), o funcionário não terá direito de ser reintegrado,
posto não haver estabilidade para o celetista.
Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício
na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que
não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são
considerados estáveis no serviço público.
§ 1º O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado como título
quando se submeterem a concurso para fins de efetivação, na forma da lei.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos
de confiança ou em comissão, nem aos que a lei declare de livre exoneração, cujo tempo
de serviço não será computado para os fins do "caput" deste artigo, exceto se se tratar
de servidor.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível superior, nos termos
da lei.
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O Ministro Dias Toffoli aduziu que a efetividade seria atributo do cargo, enquanto a
estabilidade seria a aderência no serviço público quando houvesse o preenchimento de
determinadas condições fixadas em lei. Destacou que, na aplicação do art. 19 do ADCT, o
servidor público, quando preenchidas as condições fixadas no dispositivo, seria estável,
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mas não efetivo, ou seja, teria o direito de permanecer no serviço público, no cargo em
que fora admitido, mas não seria incorporado à carreira, não teria direito à progressão
funcional nem tampouco aos mesmos benefícios dos integrantes da carreira. Consignou
que, em relação às empresas públicas e às sociedades de economia mista, o STF teria
afastado a possibilidade de reconhecimento da estabilidade especial. Enfatizou que a
estabilidade especial do art. 19 do ADCT não se harmonizaria com os direitos e deveres
previstos na legislação trabalhista, em especial, com o regime de proteção definido pelo
FGTS, consagrado no art. 7º, III, da CF. Reputou que o art. 19 do ADCT só se aplicaria aos
servidores públicos, isto é, servidores de pessoas jurídicas de direito público. Essa
dedução seria corroborada pelo fato de não haver uma única menção nos autos de que a
fundação recorrente tivesse, após a Constituição, realizado a transformação dos
empregos em cargos públicos, ocupados automaticamente pelos antigos servidores
celetistas, até porque essa mutação seria imprescindível para a devida adequação do
quadro de pessoal da fundação ao disposto no art. 39 da CF. Concluiu que, como o
recorrido não se beneficiara dessa estabilidade, seria possível sua demissão sem justa
causa, sem incorrer em afronta ao art. 7º, I, da CF. Em seguida, pediu vista a Ministra
Rosa Weber.
RE 716378/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 1º.10.2014. (RE-716378)
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Por sua vez, o inciso XX do mesmo artigo 37 da CRFB menciona que a criação de
subsidiárias de entidades da administração indireta, dentre as quais, empresas públicas e
sociedades de economia mista, é algo que depende de autorização legislativa, bem como a
participação dessas entidades no capital privado. Vale a leitura:
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das
entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas
em empresa privada;
Cuidado! O texto fala em autorização legislativa “em cada caso”. O STF já teve a
oportunidade de analisar esse dispositivo e, segundo a Corte, não há necessidade de que
essa autorização legislativa se dê toda vez que a entidade pretender criar uma subsidiária ou
participar do capital privado. A expressão “em cada caso” exige que cada entidade tenha a
sua autorização legislativa para criar subsidiária, ou mesmo, para participar do capital de
uma empresa privada.
Exemplo: a Petrobrás tem a sua autorização legislativa contida na lei do petróleo (lei
9478/97) e isso basta para que ela possa, de acordo com sua vontade, constituir subsidiárias
ou participar do capital privado.
2) No que diz respeito aos bens das empresas públicas e das sociedades de
economia mista, seus bens são privados. Hely Lopes Meirelles até defende que eles são
bens públicos com destinação especial. Porém a posição de clássico autor neste ponto é
minoritária.
Em provas em mais prudente sustentar que os bens das empresas públicas e das
sociedades de economia mista são bens privados. Isso em regra.
Se excepcionalmente o bem de uma empresa pública ou de uma sociedade de
economia mista estiver afetado, ele será considerado bem público.
Portanto, a afetação/a destinação pública de um bem de uma empresa pública ou de
uma sociedade de economia mista faz com que ele seja considerado para a maioria dos
autores, a exemplo de Celso Antônio Bandeira de Mello, um bem público.
3) Empresas públicas e sociedades de economia mista são controladas pelo Tribunal
de Contas. Sendo entidade federal, o controle é pelo TCU.
4) No que diz respeito ao teto de remuneração, o §9º do artigo 37 da CRFB só exige
a observância do teto remuneratório em relação às estatais que sejam dependentes.
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia
mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em
geral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
A contrario sensu, se tais entidades forem independentes, elas não precisarão
observar o teto de remuneração.
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5) O artigo 52, III, “f”, prevê que uma lei pode exigir que o provimento de cargos
específicos dependa de aprovação em uma sabatina.
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
(...)
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:
(...)
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
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1
Isso serve para evitar a nomeação de pessoas que acabaram de sair da faculdade.
2
Quem for ficha suja não pode ser administrador de estatal.
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O artigo 173, caput, denota que a intervenção do Estado no domínio econômico por
meio de empresas públicas e sociedades de economia mista é medida subsidiária. Ou seja, é
algo excepcional e que só tem cabimento em hipóteses muito residuais e não pode ser
vulgarizado.
§ 1º A lei3 estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção
ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos
direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os
princípios da administração pública; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
O que se dizia antes da lei 13.303/2016 era: até que surja essa indigitada lei, as
entidades que exploram atividade econômica em regime de concorrência podem seguir
apenas os princípios constitucionais em matéria de licitação. Entretanto essa tese não
vingou. Prevaleceu a ideia de que: até que advenha a indigitada lei, deve-se seguir a lei
8666/93. Esse era o posicionamento do TCU, por exemplo.
Com isso as estatais (exemplo: Banco do Brasil) seguiam a lei 8666/93, porque senão
o TCU glosava aquelas despesas. Dava problema.
O caso da Petrobrás sempre foi tratado de modo singular. A Petrobrás, por força da
lei do petróleo (lei 9478), ela tem um procedimento simplificado por meio do decreto
2745/98, o qual já deu muita dor de cabeça, pois já se demonstrou que ele dá problema.
A Petrobrás sempre quis adotar esse decreto, pois supostamente era melhora para
ela, mas o TCU não deixava, o STJ às vezes julgada contra a Petrobrás, daí o STF suspendia os
efeitos da decisão do STJ. O STF tem decisões legitimando o decreto 2745/98, mas não é
decisão do plenário. Que isso fique claro. O STF terá de decidir essa matéria no RE 441280.
Decreto 2745
Este Regulamento, editado nos termos da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, e
do art. 173, § 1º, da Constituição, com a redação dada pela Emenda nº 19, de 4 de
junho de 1998, disciplina o procedimento licitatório a ser realizado pela PETROBRÁS,
para contratação de obras, serviços, compras e alienações.
3
No caso agora é a lei 13.303/2016.
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No mérito, o Min. Menezes Direito, relator, negou provimento ao recurso, no que foi
acompanhado pelo Min. Ricardo Lewandowski. Salientou que, ao tempo dos fatos,
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vigorava o art. 173 da CF, na sua redação original, o qual estabelecia que empresa
pública, sociedade de economia mista e outras entidades que explorassem atividade
econômica, sujeitar-se-iam ao regime jurídico próprio das empresas privadas. Contudo,
com o advento da EC 19/98, esse preceito ganhou nova redação para determinar que a
lei estabeleceria o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista
e de suas subsidiárias que explorassem atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços, elencando a disciplina que deveria
constar desse estatuto jurídico. Dessa forma, esclareceu que o constituinte visou, nesses
dois momentos, proteger a atividade dessas sociedades exploradoras de atividade
econômica, pondo-as sob o regime das empresas privadas, para garantir que
mantivessem o mesmo desempenho das demais empresas que atuam no mercado, de
modo a afastar qualquer mecanismo de proteção ou de privilégios. Nesse sentido, aduziu
que a submissão legal da Petrobrás a um regime diferenciado de licitação estaria
justificado pelo fato de que, com a relativização do monopólio do petróleo trazida pela
EC 9/95, a empresa passou a exercer a atividade econômica de exploração do petróleo
em regime de livre competição com as empresas privadas concessionárias da atividade,
as quais, frise-se, não estão submetidas às regras rígidas de licitação e contratação da
Lei 8.666/93. Em conseqüência, reputou não ser possível conciliar o regime previsto
nessa lei com a agilidade própria do mercado de afretamento. Daí observar que a
interpretação que afasta a aplicação do art. 1º, parágrafo único, do aludido diploma ser
uma conseqüência direta da própria natureza constitucional da sociedade de economia
mista, tal como declarado pelo constituinte originário e reiterado pelo constituinte
derivado.
RE 441280/RS, rel. Min. Menezes Direito, 30.9.2008. (RE-441280)
Art. 1º, Parágrafo Único, da Lei 8.666/93 e Petrobrás - 3
A Min. Cármen Lúcia abriu divergência e proveu o recurso extraordinário por considerar
que os princípios constantes do art. 3º da Lei 8.666/93 e as regras, genéricas, que
estruturam o instituto da licitação, aplicam-se indistintamente a todos os entes
integrantes da Administração Pública, seja direta ou indireta. Não vislumbrou, em
conseqüência, obstáculo para que a recorrida adotasse o processo licitatório. No ponto,
realçou que o processo seria um meio, enquanto o procedimento, um modo e que este
diferenciar-se-ia para empresas prestadoras de serviço público e para empresas que
intervêm na atividade econômica. Não conheceu do extraordinário, todavia, no que se
refere à indenização, porquanto implicaria o revolvimento de matéria probatória. Em
adição, o Min. Carlos Britto enfatizou que a Lei 9.478/97 - que dispõe sobre as atividades
relativas ao monopólio do petróleo entre outras providências - remeteu ao Decreto
2.745/98 o tema relativo aos contratos celebrados pela Petrobrás (art. 67), sem observar
a imposição de reserva legal para tratamento do tema. Em decorrência disso, registrou
que, enquanto prevalecer essa anomia, incidiria, in totum, a Lei 8.666/93. Verificado o
empate na votação, pediu vista dos autos o Min. Marco Aurélio.
RE 441280/RS, rel. Min. Menezes Direito, 30.9.2008. (RE-441280)
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
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O Min. Dias Toffoli, relator, desproveu o recurso, para afastar a aplicabilidade do art. 1º,
parágrafo único, da Lei 8.666/93, à recorrida. Inicialmente, destacou que, à época dos
fatos em discussão, vigorava o art. 173, § 1º, da CF, em sua redação original. Considerou
que se preconizava, então, que a sociedade de economia mista, a empresa pública e
outras entidades que viessem a explorar atividade econômica deveriam sujeitar-se a
regime jurídico próprio de empresas privadas, inclusive quanto a obrigações trabalhistas
e tributárias. Afirmou que a EC 19/98, ao alterar o referido dispositivo, determinara que
o estatuto jurídico da sociedade de economia mista e da empresa pública, de produção
ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, deveria ser estabelecido por lei.
Aduziu, entretanto, que, em ambos os momentos em que redigidas essas normas
constitucionais, desejara-se proteger a atividade dessas sociedades, impondo-lhes,
sempre, o regime de empresas privadas. Asseverou que esse aspecto revelaria a
preocupação de assegurar que o desempenho das sociedades de economia mista
pudesse se equivaler ao das demais empresas no mercado, de maneira a afastar
qualquer mecanismo de proteção ou de privilégios. Assinalou que, em observância à
disciplina constitucional trazida pela EC 9/95, que relativizara o monopólio do petróleo,
outrora exclusivo da União, a empresa recorrida passara a se submeter a regime
diferenciado de licitação — nos termos da Lei 9.748/97 e do Decreto 2.745/98 —, uma
vez que sua atividade econômica vinculara-se a um regime de livre competição.
Consignou não se poder exigir que a recorrida se subordinasse aos rígidos limites da
licitação destinada aos serviços públicos — prevista na Lei 8.666/93 —, sob pena de se
criar grave obstáculo ao normal desempenho de suas atividades comerciais. Destacou
que a interpretação no sentido de que empresas como essa se sujeitam a regime jurídico
de direito privado seria até mesmo anterior às referidas emendas constitucionais e que
as exigências mercadológicas em contratos de afretamento, como no caso, seriam
incompatíveis com a Lei 8.666/93, tendo em vista se tratar de modelos contratuais
padronizados internacionalmente. Reputou, ademais, que a globalização da economia
exigiria que se descentralizasse a produção de bens e serviços, considerados os preços e
as condições de fornecimento, razão pela qual o Estado moderno deveria se adequar a
essas exigências competitivas, sob o risco de derrocada econômica. Concluiu que
empresas de economia mista que disputam livremente o mercado, sob o regime de
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No entanto, a grande verdade é que com esse cenário da lei 13.303/2016 as coisas se
simplificaram. Isso porque, em linhas iniciais da lei 13.303/2016, o seu artigo 1º menciona
que as regras contidas nela vale para todas as empresas públicas e todas as sociedades de
economia mista.
Em relação aos tema previstos na lei das estatais, acabou aquela divisão em razão da
atividade, em que se colocava de um lado aquelas estatais que exploravam atividade
econômica em regime de concorrência e, de outro, aquelas que atuam em regime de
monopólio ou prestando um serviço público em regime não concorrencial.
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condições ofertadas por estes, desde que o respectivo valor seja igual ou inferior ao
orçamento estimado para a contratação, inclusive quanto aos preços atualizados nos
termos do instrumento convocatório.
§ 2o A contratação direta com base no inciso XV do caput não dispensará a
responsabilização de quem, por ação ou omissão, tenha dado causa ao motivo ali
descrito, inclusive no tocante ao disposto na Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992.
§ 3o Os valores estabelecidos nos incisos I e II do caput podem ser alterados, para
refletir a variação de custos, por deliberação do Conselho de Administração da empresa
pública ou sociedade de economia mista, admitindo-se valores diferenciados para cada
sociedade.
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Fase interna
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Fase externa. Perceba-se que a lei não diz nada sobre publicação de edital, mas fala somente em
divulgação.
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Da mesma forma que no RDC. Pode haver disputa aberta ou disputa fechada.
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Diz respeito à aceitabilidade das propostas. Isso evita propostas inexequíveis.
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É uma tendência. É uma negociação para melhorar as condições do futuro contrato que a
administração vai celebrar.
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A lei seguiu a tendência de colocar a habilitação APÓS o julgamento. Diferente da lei 8666/93, a qual
coloca a fase de habilitação após a publicação do edital.
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É concentração de recursos no final da licitação. Repetição da lógica do pregão.
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Repetição da lógica do pregão.
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