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ANÁLISE
Naquela manhã, eu vira um novo livro na vitrina de uma livraria, trazendo o título O
Gênero Ciclâmen - evidentemente uma monografia sobre essa planta.
Os ciclâmens, refleti, eram as flores prediletas de minha mulher e me repreendi por
lembrar-me tão raramente de levar flores para ela, que era o que lhe agradava. - A questão de
“levar flores” lembrou-me um episódio que eu repetira recentemente para um círculo de amigos e
que havia usado como prova em favor de minha teoria de que o esquecimento é, com muita
freqüência, determinado por um objetivo inconsciente, e que sempre permite que se deduzam as
intenções secretas da pessoa que esquece. Uma jovem estava habituada a receber um buquê de
flores do marido em seu aniversário. Certo ano, esse símbolo da afeição dele deixou de se
manifestar e ela irrompeu em pranto. O marido chegou em casa e não teve nenhuma idéia da
razão por que ela estava chorando, até que ela lhe disse que era o dia de seu aniversário. Ele
levou a mão à cabeça e exclamou: “Sinto muito, mas eu havia esquecido por completo! Vou sair
agora mesmo para buscar suas flores”. Mas não houve meio de consolá-la, pois ela reconheceu
que o esquecimento do marido era uma prova de que ela já não ocupava o mesmo lugar de antes
em seus pensamentos. - Essa senhora, Sra. L., encontrara minha mulher dois dias antes de eu ter
o sonho, dissera-lhe que estava se sentindo muito bem e perguntara por mim. Alguns anos antes,
ela me procurara para tratamento.
Comecei então outra vez. Certa feita, recordei-me, eu realmente havia escrito algo da
natureza de uma monografia sobre uma planta, a saber, uma dissertação sobre a planta da coca