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EXEMPLO DE APELAÇÃO –
EXAME DA OAB – PROVA
ANULADA
PROF. FLÁVIO MARTINS
www.professorflaviomartins.net.br

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Criminal da Circunscrição


Judiciária1 de Brazlândia.

NOME DO CONDENADO, já qualificado nos autos do processo n. ___,


por seu advogado que esta subscreve, inconformado com a respeitável decisão que o
condenou às penas de ___ anos de reclusão, __ dias-multa e indenização no valor de R$
30.000,00, respeitosamente se faz presente ante Vossa Excelência para interpor o presente
recurso de
APELAÇÃO,
com fulcro no artigo 593, I, do Código de Processo Penal.
Requer seja o presente recurso recebido e processado, com as inclusas
razões, a serem endereçadas ao Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

Nesses termos,
pede deferimento.

Brazlândia, 27 de março de 20092.

1
Segundo a lei de organização judiciária do Distrito Federal, Brazlândia é uma “circunscrição judiciária”. Não obstante, o candidato
poderia escrever: “Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Criminal de Brazlândia”. Obs.: nunca deveria
endereçar para o juiz substituto.
2
Como a intimação se deu no dia 20 de março, sexta-feira, e os prazos processuais começam a contar no próximo dia útil, o prazo
final (que deve ser colocado na interposição e nas razões) é 27 de março.

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RAZÕES DE APELAÇÃO
APELANTE: _____
APELADA: A JUSTIÇA PÚBLICA

Egrégio Tribunal de Justiça,


Colenda Câmara,
Douta Procuradoria.

Em que pese o indiscutível saber jurídico do douto magistrado a quo,


merece ser reformada sua decisão, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I – DOS FATOS

O apelante foi processado criminalmente por furto duplamente qualificado


(art. 155, § 4º, I e IV, do Código Penal), sendo ao final condenado às penas de __ anos de
reclusão, __ dias-multa e a indenização no valor de R$ 30.000,00.

Segundo consta dos autos, o apelante foi processado porque (NESSE


MOMENTO, O CANDIDATO DEVE NARRAR OS FATOS, DE ACORDO COM O
ENUNCIADO DO PROBLEMA).

II – DO DIREITO

I.I - PRELIMINAR3

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Muitos candidatos alegaram preliminar de nulidade por ausência de exame pericial (rompimento de obstáculo). No meu entender,
não se trata de nulidade do processo pois a ausência dessa prova não elimina o crime de furto, mas apenas impossibilita o
reconhecimento da qualificadora do rompimento de obstáculo. Diferente seria se não houvesse a prova pericial na lesão corporal, no
homicídio ou aborto. Nesses casos, sem o exame pericial, não há prova do crime e o processo é nulo. Não obstante, entendo que a
alegação dessa nulidade não implicaria reprovação do candidato, porque tal tese embora (no meu entender) incorreta, seria
defensável.

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Preliminarmente, o processo é nulo ab initio. Isso porque a denúncia


oferecida pelo órgão do Ministério Público é inepta.
Ora, os fatos narrados na inicial são lacônicos, impossibilitando a defesa do
ora apelante. É sabido e consabido por todos que a denúncia deve conter “a exposição do fato
criminoso, com todas as suas circunstâncias”, nos termos do artigo 41, do Código de Processo
Penal.
No momento em que a denúncia não narra corretamente os fatos, deixando-
os de forma vaga e imprecisa, dificulta o exercício do direito de defesa, vergastando, pois, o
artigo 5º, LV, da Constituição Federal, que assegura ao réu o direito à ampla defesa.
Outrossim, é o que diz o Pacto de San Jose da Costa Rica, em seu artigo 8º,
item 2, alínea b:

Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade,


às seguintes garantias mínimas:

(...)

b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação


formulada;

Diante desse cenário, a nulidade do processo ab initio é incontestável, pois


o dever do magistrado seria rejeitar a denúncia, nos termos do artigo 395, I, do Código de
Processo Penal (“A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I – for manifestamente inepta”).
Assim não agindo, todo o processo está contaminado, motivo pelo qual a declaração da
nulidade é medida que se afigura como a mais adequada.

Outrossim, se não bastasse, a decisão condenatória também é nula. Isso


porque prolatada por juiz substituto, contrariando frontalmente o artigo 399, § 2º do Código de
Processo Penal:
O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.

Ora, trata-se do princípio da identidade física do juiz, trazido para o


processo penal pela lei 11.719/08, que modernizou o procedimento penal. Nada mais justo do
que ser julgado pelo magistrado que colheu todas as provas, ouviu o réu e conhece de perto os
fatos. Provavelmente, por não conhecer bem os fatos, o magistrado optou pela errônea
sentença condenatória.

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Diante desses fatos, além de ser nulo todo o processo, a sentença


condenatória possui essa outra mácula, que não pode ser olvidada.

I.II – NO MÉRITO

O ora apelante deve ser absolvido. Isso porque não há provas conclusivas
de que ele praticou os fatos elencados na inicial acusatória. (AQUI O CANDIDATO DEVE
LEMBRAR AS PROVAS FRÁGEIS MENCIONADAS NO ENUNCIADO DA QUESTÃO).
Assim, não há qualquer prova de ter o ora apelante concorrido para a
infração penal, motivo pelo qual sua absolvição é medida que se impõe.
Outrossim, ainda que reconhecido o crime de furto (o que nos parece
impossível), jamais poderiam ser aplicadas as duas qualificadoras que constam na sentença
condenatória.
Isso porque não há qualquer prova da co-autoria, tendo em vista que o
único relato mencionado é a visão da sombra de uma outra pessoa. Além disso, não houve a
prova do rompimento de obstáculo.
Ora, em casos que tais, quando o crime deixa vestígios, o Código de
Processo Penal exige o exame de corpo de delito, sendo que nenhuma outra prova pode suprir
sua ausência. É o que diz o artigo 158 desse codex:

Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame


de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a
confissão do acusado.

Portanto, não sendo caso de absolvição, a desclassificação para furto


simples é medida imperiosa, com a consequente aplicação da pena mínima, haja vista que o
ora apelante tem direito à circunstância agravante prevista no artigo 65, I, do Código Penal,
pois era menor de 21 anos na data do fato.
Nesse caso, com o reconhecimento da pena mínima (1 ano), verifica-se que
o ora apelante tinha direito à suspensão condicional do processo, prevista no artigo 89 da Lei
9.099/95. O não oferecimento pelo órgão do Ministério Público de tal instituto no momento
oportuno, implica a anulação do processo desde o início.
Diante desse cenário, reconhecendo-se a prática de furto simples, é
imperiosa a anulação do processo, com a respectiva remessa dos autos ao Ministério Público,
para que faça a proposta de suspensão condicional do processo (sursis processual). Em se
recusando a fazer, é imperiosa a remessa dos autos ao chefe do Ministério Público

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(Procurador-Geral de Justiça) para que o faça, por analogia ao artigo 28, do Código de
Processo Penal.
Outrossim, irrazoável o valor fixado para a reparação do dano. Consta dos
autos que o prejuízo causado à vítima foi de R$ 1.500,00 reais. A fixação do valor de R$
30.000,00 é absolutamente ilegal, máxime porque fere o disposto no artigo 387, IV, do Código
de Processo Penal:
fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido.

III – DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, requer seja o processo anulado ab initio por


inépcia da inicial (art. 395, I, CPP), bem como anulada a sentença condenatória, por lesão ao
princípio da identidade física do juiz (art. 399, § 2º, CPP). Não sendo esse o entendimento,
requer seja o apelante absolvido, nos termos do artigo 386, V, do Código de Processo Penal.
Não sendo esse o entendimento, requer seja a infração penal
desclassificada para furto simples, afastando-se as duas qualificadoras, fixando-se a pena
mínima (1 ano), em razão do reconhecimento da circunstância atenuante prevista no artigo 65,
I, do Código Penal, fixando-se o regime inicial aberto e substituindo-se essa pena privativa de
liberdade pela restritiva de direitos, já que presentes os requisitos do artigo 44, do Código
Penal.
Outrossim, caso o Egrégio Tribunal entenda pela desclassificação, requer
seja anulado o processo, remetendo-o ao Ministério Público para oferecimento da proposta de
suspensão condicional do processo e, caso ele recuse, seja remetido os autos ao Procurador-
Geral de Justiça par que o faça, por analogia ao artigo 28 do Código de Processo Penal.
Por fim, em se mantendo a condenação, requer seja reduzido o valor da
indenização fixada na sentença (R$ 30.000,00) para o valor de R$ 1.500,00, tendo em vista
que este foi o prejuízo causado à vítima em razão dos fatos elencados na inicial.

Brazlândia, 27 de março de 2009.

Advogado
OAB

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