Aula 3.

Vigotsky

A questão de Vigotsky é apreender a diferença do psiquismo humano, separando-a da botânica

(psicologias do desenvolvimento, idealismo) e da zoologia (comportamentalismo, empirismo,
positivismo).

Um pouco de história.

1. Metodologia.

a) Vigotsky introduz o materialismo histórico-dialético de Marx na problemática que paralisava a

psicologia, colocando-a no impasse entre o inato (psicologias evolutivas) e o adquirido
(comportamentalismo).

a.1. Psicologias evolutivas ou do desenvolvimento:

As “funções superiores” (linguagem e intelecto) são resultados da evolução biológica, logo, são
herdadas geneticamente.

O homem semelhante a uma planta.

a.2. Comportamentalismo.

Não conseguem explicar as “funções superiores”, só conseguem explicar as “funções inferiores”

(comportamento, reflexo, hábito, sensação, percepção), por meio de relações causais, mecânicas,
Estímulo-Resposta.

O homem é semelhante aos animais.

b) Isso no seguinte sentido: O cérebro como “sistema aberto”, coextensivo ao processo de produção
sócio-histórico. Ou seja, o cérebro (produto da evolução biológica) se modifica numa relação
dialética com a cultura (produto da História humana), gerando um complexo natureza-cultura.

c) Materialismo, o cérebro em coextensão com as máquinas sociais: utensílios (equipamentos

técnicos) e a linguagem. A linguagem é igualmente um maquinário tal como as ferramentas e
equipamentos técnicos. Os dois são meios de produção social e de autoprodução. Logo, são meios
de se relacionar com a coletividade e com o mundo, são portanto, “mediações” das interações
sociais. Os humanos não se relacionam de modo imediato, mas por meio dessas máquinas, meios.

d) A consciência como resultado das interações produtivas entre a Evolução e a História (cultura
local).

2. Estabelecer a diferença do psiquismo humano: descrever e explicar as “funções superiores”.

a) Animais, sistema fechado, determinado pela biologia, pelo inato.

- Experienciada espécie (inatas); experiência imediata individual (adquirida)

b) Humano, sistema aberto, se constitui em interação com a cultura (máquinas sociais, ferramentas
e linguagem).

- Experiência da interação do acúmulo da História humana, autoprodução.

- “Necessidades inventadas”, não determinadas pela biologia.

- Não somos determinados pela natureza, pela biologia, mas nos constituímos em interação com os
elementos histórico-culturais.

Conexão da cultura (sociogenético) com o indivíduo (ontogenético), formando um circuito de

produção.

2. Como é o desenvolvimento e a aprendizagem do humano?

a) observação experimental da infância – como surgem as “funções superiores”, manipulação das

ferramentas e da linguagem, produção e autoprodução.

b) interação entre a evolução biológica e a História e a Cultura.

2. 1. Três aspectos produtivos da linguagem.

- Presentificar objetos ausentes.

- Manobrar o mundo externo, integrar, categorizar, designar, classificar…

- Comunicar o acúmulo cultural produzido pela humanidade.

2. 2. O desenvolvimento se dá mais no modo revolução do que no modo evolução.

Tomada dos meios, expressividade, rupturas, do que uma espera pela maturação ou de
desenvolvimento cognitivo.

Não há maturação pura, a maturação se dá em relação interativa com a cultura regional.

3. Críticas à epistemologia de Piaget.

Egocentrismo infantil, fala egocêntrica.

- Nada demonstra o egocentrismo infantil, é um pressuposto puramente metafísico. Não há fala

egocêntrica, a fala das crianças é um modo de organizar e regular a própria atividade. “Função
planejadora da fala”.

Desenvolvimento das estruturas cognitivas como condição da aprendizagem.

A aprendizagem é que produz o desenvolvimento, como autoprodução resultante da interação com

os elementos da cultura, símbolos.

Interação com o outro mediado pelos símbolos da cultura. Daí a dificuldade de se relacionar com
alguém de outra cultura.

Dois níveis de desenvolvimento. O atual, já consolidado, circuitos já estabelecidos, sabe fazer

sozinho como evidência.
O virtual, por fazer, que pode ser atualizado com a presença do outro. Zona de Desenvolvimento
Potencial.

É onde o educador atua.